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RESUMO - Clara dos Anjos

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Clara dos Anjos
	Clara dos Anjos é uma obra enquadrada como livro de transição, pois antecipa em várias direções o Modernismo. Os principais traços modernos do autor são: linguagem popular, gosto por personagens marginalizados e retrato dos subúrbios cariocas.
	É um relato em 3ª pessoa, com um narrador onisciente. A obra faz uma denúncia ácida ao preconceito social e racial, tendo como pano de fundo o subúrbio carioca, tudo isso vivenciado por uma jovem mulher negra.
	Com nítidas influências do Realismo e do Naturalismo, a obra é carregada de determinismo, justificando as ações humanas pela influência do meio social a que estão inseridas. 
	Com um registro impecável da realidade, respeitando o senso de contemporaneidade dos Realistas, Lima Barreto traz em Clara dos Anjos, uma descrição ímpar da realidade de sua época, mostrando o que há de mais repugnante e grotesco na sociedade em que viveu.
	O autor expõe temas como o preconceito social e racial, a fome, a miséria, a desigualdade e a injustiça, através das características de suas personagens e ambientação social.
	O autor assume um tom jornalístico e documental, expondo as ruas do Rio de Janeiro no início do século XX e suas transformações.
	Em Clara dos Anjos somos apresentados a história de uma pobre mulher negra, de origem humilde, filha de um carteiro e que apesar de todo o cuidado exagerado da família, é seduzida por um rapaz de condição social e étnica diferente da sua. 
	Lima Barreto tenta discutir a realidade áspera de tantas mulheres na mesma condição de Clara, a protagonista, resumindo a fatalidade de vida de criaturas vulneráveis e ingênuas. Representando assim, o destino de tantas moças do início do século XX.
	Clara é vive no subúrbio com seus pais, a caseira Engrácia e o carteiro que gostava de música, Joaquim. Clara é seduzida por Cassi, um rapaz branco e de má índole, que tinha o costume de desonrar mulheres. 
Apesar dos avisos, Clara se entrega ao rapaz, engravidando e sendo abandonada. Como solução para não ficar exposta, Clara tenta fazer um aborto, mas não consegue. Decide contar a verdade para sua mãe. O rapaz humilha Clara por sua condição étnica, fazendo com que a personagem principal reconheça a sua condição. Como podemos verificar no trecho abaixo:
“Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de todos.”
	 Estando alinhado com o princípio Realista da verossimilhança, o romance se desenvolve no subúrbio carioca. Lima Barreto se mostra fino detalhista na descrição de casas e barracões, becos e vielas, além do estilo de vida das pessoas que vivem na região. 
	O autor expõe críticas severas às novas seitas cristãs estrangeiras que ocupavam as periferias cariocas, isso expõe um acentuado o nacionalismo do autor, já encontrável em outras obras como Triste Fim de Policarpo Quaresma e revelam a repulsa do mesmo à influência americana no Brasil. 
	O final do romance é marcado por uma reflexão da personagem sobre sua condição na sociedade. Verifique no trecho abaixo: 
“O que era preciso, tanto a ela como às suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil Dona Margarida, para se defender de Cassi e semelhantes”
O reflexão final do livro encara outra característica de obras Realistas, o pessimismo que acompanha a trajetória fatal dos personagens. E Clara termina falando: 
“— Nós não somos nada nesta vida.”
Caracterização das personagens: 
 
Clara: Protagonista, moça humilde, negra e da periferia. 
Cassi, o corruptor: Antagonista, pretendente de Clara, mesquinho e preconceituoso.
Joaquim dos Anjos: Carteiro e pai de Clara.
Dona Engrácia: Caseira, católica e mãe de Clara.
Mr. Shays: Chefe religioso.
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