Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
METROSUL IV – IV Congresso Latino-Americano de Metrologia “A METROLOGIA E A COMPETITIVIDADE NO MERCADO GLOBALIZADO” 09 a 12 de Novembro, 2004, Foz do Iguaçu, Paraná – BRASIL Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios NOVA METODOLOGIA PARA CALIBRAÇÃO DE VISCOSÍMETROS DO TIPO COPO FORD A.P. Barbosa1 , C .R.C. Rodrigues1 1 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, Divisão de Metrologia Mecânica, Av. Nossa Senhora das Graças, 50 – Xerém, Duque de Caxias, RJ, CEP 25250-020, Brasil, e-mail laflu@inmetro.gov.br Resumo: Com o aumento da demanda de serviço de calibração de viscosímetro do tipo copo, observa-se que pequenos erros nas dimensões do instrumento ocasionam resultados que, de acordo com as normas NBR 5849 [1] e ASTM D1200 [2], podem reprovar o instrumento, já que ultrapassam em 10% o valor esperado. Para minimizar esse efeito, determina-se uma equação específica para cada instrumento, normalizado ou não. Assim, obtém-se maior confiabilidade dos resultados, aumentando-se a vida útil do instrumento. Este trabalho apresenta a comparação entre os resultados obtidos na calibração de dois viscosímetros copo Ford número 4, utilizando óleo padrão de referência, pois, conforme as dimensões do copo, isso pode levar a um erro sistemático relevante em relação ao valor obtido na calibração devido à variação do volume escoado. Palavras chave: calibração, viscosímetro, copo Ford. 1. INTRODUÇÃO No mercado existem vários tipos de instrumentos para medir viscosidade cinemática de produtos com propriedades newtonianas. Um desses instrumentos é o viscosímetro do tipo copo Ford, figura 1, sendo de fácil manuseio e utilização. Figura 1. Viscosímetro copo Ford. O viscosímetro do tipo copo Ford é um tradicional instrumento, freqüentemente utilizado no controle de viscosidade cinemática de fluidos, tais como tintas, vernizes, resinas, etc. Ele é fabricado normalmente em alumínio polido e possui um orifício, por onde escoa o fluido, feito em aço inoxidável e polido por dentro, com nível ou não, e pés niveladores que asseguram leveza e exatidão durante as medições. Nas medições para calibração de copos Ford do mesmo tamanho e utilizando os mesmos óleos, os tempos de escoamento encontrados foram diferentes, embora as condições tenham sido as mesmas. Essa variação geralmente ocorre quando as dimensões internas dos viscosímetros são diferentes. A utilização dos Copos Ford é extremamente simples e permite ao usuário efetuar medições em qualquer local, desde que estejam de acordo com as condições das normas existentes. De acordo com a norma NBR 5849, o viscosímetro do tipo copo Ford deve ser calibrado utilizando-se, no mínimo, três óleos de viscosidade cinemática conhecida, de tal modo que seja abrangida a faixa de medição do viscosímetro, de 20s a 100s. Devem ser determinados e comparados os desvios dos valores, obtidos dos três óleos em relação aos valores de um gráfico ou equação padrão definida pela norma .Para desvios de até 3%, o viscosímetro será utilizado sem correção; para desvios de 3% a 10 %, deverão ser corrigidos através da curva de calibração e para desvios acima de 10%, recomenda-se a troca do orifício e a recalibração do viscosímetro. 2. PROCEDIMENTO Devido à experiência em calibração de viscosímetros do tipo copo Ford, foi detectado que os tempos de escoamento entre copos fabricados de acordo com as normas apresentam considerável diferença. Sendo assim, foi elaborado o experimento a seguir. Foram utilizados dois viscosímetros dos tipo copo Ford número 4 calibrados na temperatura de 25,0 ºC ± 0,2 ºC. mailto:laflu@inmetro.gov.br Na calibração utilizaram-se quatro óleos padrão com a viscosidade cinemática determinada com viscosímetros padrão do tipo Ubbelohde calibrados. As temperaturas dos fluidos foram monitoradas com auxílio de um banho termostático e termômetros calibrados, com valor de uma divisão de 0,01 ºC. Os tempos de escoamento foram medidos com cronômetros calibrados, com valor de uma divisão de 0,01 s. Foram feitas seis medições de tempo para cada óleo em cada viscosímetro. A média dos tempos de escoamento dos viscosímetros e a viscosidade dos óleos estão descritas na tabela 1. Para efeito de estudos, foram realizadas medições fora da faixa de medição do instrumento. Tabela 1. Viscosidades e tempos medidos. Óleo Viscosidade medida (mm²/s) tempo do viscosímetro A (s) tempo do viscosímetro B (s) 30R2 26,30 15,53 15,20 70R 52,21 21,39 21,05 200R1 203,26 68,02 66,49 300R2 313,2 91,54 90,04 Convertendo a viscosidade cinemática medida com o viscosímetro padrão do tipo Ubbelohde em tempo de escoamento, utilizando-se a equação 1 definida pelas normas NBR 5849 e ASTM D1200 para o viscosímetro copo Ford 4, conforme tabela 2. 846.3 3.17t +ν= (1) Tabela 2. Tempos de escoamentos Óleo tempo obtido pela equação 1 (s) tempo do viscosímetro A (s) tempo do viscosímetro B (s) 30R2 11,34 15,53 15,20 70R 18,07 21,39 21,05 200R1 57,35 68,02 66,49 300R2 85,93 91,54 90,04 Com os valores dos tempos de escoamento medido, determina-se os erros relativos em relação aos valores dos tempos de escoamento obtidos pela equação 1, conforme tabela 3 Tabela 3. Erros relativos Óleo viscosímetro A viscosímetro B 30R2 27 % 25 % 70R 16 % 14 % 200R1 16 % 14 % 300R2 6 % 5 % Conforme as normas, se o erro relativo for maior que 3%, deve-se corrigir ou trocar o orifício. Com o objetivo de aumentar o tempo de uso do instrumento, deve-se elaborar uma curva ou equação específica para o instrumento, utilizando os tempos de escoamento medidos e a viscosidade cinemática padrão medida com o viscosímetro Ubbelohde. Para o viscosímetro A foi elaborada a equação 2, e para o viscosímetro B foi elaborada a equação 3. Sendo essas duas equações os resultados da calibração dos dois instrumentos. Com valores de coeficiente de determinação (R²) iguais a 0,9988 para o viscosímetro A e 0,9989 para o viscosímetro B, sendo assim, essas equações representam com boa exatidão as medições. 0451,3t9551,1t0163,0 2 −⋅+⋅=ν (2) 9084,4t122,2t0156,0 2 −⋅+⋅=ν (3) A figura 2 representa as dimensões normalizadas para fabricação do viscosímetro tipo copo ford. Figura 2. Representação esquemática do Copo Ford e seus orifícios. Como os instrumentos seguem a norma de fabricação NBR 5849, de acordo com as dimensões definidas na figura acima, o volume contido dos viscosímetros deveria ser de aproximadamente 103 cm3. Na calibração, verificou-se uma variação dos tempos de escoamento que chega a 1,5 s entre os viscosímetros para o mesmo óleo. Normalmente isso ocorre quando as dimensões do instrumento são diferentes. Foram determinados por gravimetria, conforme a normas ISO/TR 20461 [3] e MB 3119 [4], os volumes dos dois viscosímetros do tipo copo Ford número 4 na temperatura de 20 ºC, para verificar se os volumes eram idênticos, conforme a tabela 4. Tabela 4. Volume contido dos viscosímetros. Viscosímetro copo Ford 4 Volume mL Incerteza Expandida mL A 107 1 B 100 1 Como podemos observar na tabela acima, o viscosímetro A tem um volume aproximadamente 7% maior que o viscosímetro B, motivo pelo qual os tempos de escoamento dos óleos não foram semelhantes. 3. CONCLUSÃO Pela experiência em calibrações de viscosímetros do tipo copo Ford, pode-se constatar que a maioria deles apresentam desvios maiores do que os 3% que a norma estipula. Como é mais oneroso trocar o orifício e nem sempre a troca do mesmo garante que o viscosímetro ficará dentro do erro aceitável pela norma, é aconselhável que se faça uma curva ou equação de calibração específica para cada instrumento. Assim, a qualidade do resultado será garantida com o uso da equação específica para cada instrumento, sem a necessidade de se utilizar a equação da norma e sem o uso de correções. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos técnicos Dalni Malta do Espírito Santo Filho, Leandro Santos Lima e Estela Cristina Cavalcante de Farias, do Laboratório de Fluidos do Inmetro, pelo auxílio nas medições e elaboração deste trabalho. REFERÊNCIAS [1] NBR 5849Tintas – Determinação de Viscosidade pelo Copo Ford – Método de Ensaio - 1986. [2] ASTM D1200 Standard Test Method for Viscosity by Ford Viscosity Cup - 1994. [3] ISO/TR 20461 Determination of Uncertainty for Volume Measurements Made Using the Gravimetric Method – First Edition 2000-11-01. [4] MB 3119 Vidraria Volumétrica de Laboratório – Métodos de Aferição da Capacidade e de Utilização - 1989. Autores: B. Sc. Alex Pablo Ferreira Barbosa, Inmetro (Diretoria de Metrologia Científica e Industrial / Divisão de Metrologia Mecânica / Laboratório de Fluidos), Av. Nossa Senhora das Graças, 50, CEP 252550-020, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil, Tel. 55 (21)2679-9040, afbarbosa@inmetro.gov.br B. Sc. Cláudio Roberto da Costa Rodrigues, Inmetro (Diretoria de Metrologia Científica e Industrial / Divisão de Metrologia Mecânica / Laboratório de Fluidos), Av. Nossa Senhora das Graças, 50, CEP 252550-020, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil, Tel. 55 (21)2679-9041, crrodrigues@inmetro.gov.br
Compartilhar