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DIREITO RECURSOS NO PROCESSO CIVIL TEMA: Toda matéria relativa aos Tribunais, sistema recursal e os recursos no processo civil. OBJETIVO: Conhecimento das principais características dos recursos bem como de suas características e procedimentos previstos no CPC e na Legislação extravagante. METODOLOGIA: Aula expositiva e dialogada, com a participação dos discentes na resolução de questões em sala de aula, além da analise de julgados, textos jurídicos e peças processuais. INTRODUÇÃO O CPC dedica o Livro III da Parte Especial aos processos nos tribunais e aos meios de impugnação das decisões judiciais. Nos Livros I e II da Parte Especial, são abordados os dois tipos de processo, o de conhecimento e o de execução. O Livro III trata dos processos nos tribunais, sejam aqueles de sua competência originária, sejam aqueles que, iniciados em primeiro grau de jurisdição, encontram-se em fase de recurso. O livro contém dois títulos. O primeiro cuida da ordem dos processos no tribunal e de alguns processos de competência originária; e o segundo, dos recursos. O Título I inicia-se com um capítulo que contém disposições gerais sobre jurisprudência, a necessidade de que seja mantida estável, íntegra e coerente e sobre a eficácia vinculante dos precedentes (art. 927). - Artigos a serem estudados (926 à 1.044 do CPC) COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS Os Tribunais, os órgãos colegiados do segundo grau de jurisdição, exercem sua competência, portanto, em três situações distintas: (i) em grau de recurso; (ii) em reexame no duplo grau de jurisdição necessário (remessa necessária); (iii) em processos de competência originária. Particularmente, o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário nacional, decide em matéria recursal tanto a título ordinário como extraordinário (CF, art. 102, II e III). São ordinários os recursos de agravo e apelação interpostos pelo vencido em decisão de juiz de primeiro grau para obter reexame da matéria decidida em seu prejuízo. O pressuposto objetivo de admissibilidade do recurso ordinário, seja entre o primeiro e o segundo grau de jurisdição, seja naquelas hipóteses em que o apelo se endereça aos tribunais superiores, é a inconformação do vencido com a decisão. Diz-se extraordinário o recurso interposto com base em permissivo constitucional, das decisões dos Tribunais para o Supremo Tribunal Federal, visando apenas e tão somente à apreciação da tese de direito federal aplicada no julgamento do órgão judiciário local. É extraordinário porque não cabe na generalidade dos casos decididos por tribunais, mas apenas nas situações específicas previstas na Carta Magna da República. O fim dessa especial modalidade de recurso é essencialmente político e se prende à tutela que a Federação exerce para manter o respeito à Constituição e preservar a unidade das leis federais (art. 102, III, da CF). Da mesma natureza e objetivo é o recurso especial, previsto pela Constituição Federal de 1988, interponível para o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, III). A diferença está em que o recurso extraordinário, manejável perante o Supremo Tribunal Federal, cuida de solucionar questão federal no terreno das normas constitucionais, enquanto o especial, endereçado ao Superior Tribunal de Justiça, versa sobre questões travadas em torno da legislação federal infraconstitucional. FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS No sistema processual civil brasileiro, os juízes de primeiro grau são singulares e os órgãos de segundo grau são coletivos. O modo de julgar, portanto, pela própria natureza de cada espécie de juízo, há de ser muito diverso: enquanto no primeiro caso será a manifestação de vontade unipessoal do juiz singular, no segundo será a conjugação das opiniões dos vários membros do Tribunal. Daí a denominação de “acórdão” (derivado do verbo acordar) que se aplica às decisões dos colegiados de grau superior de jurisdição. Os tribunais nem sempre decidem pela totalidade de seus membros. Na prática, há uma divisão de trabalho e função entre seus integrantes, que se agrupam em Câmaras Cíveis e Câmaras Criminais. Referidas Câmaras poderão, conforme a natureza das decisões a proferir, funcionar como Câmaras isoladas ou como Câmaras Reunidas. Quando atua o tribunal como um todo, tem-se o Tribunal Pleno. A Lei de Organização Judiciária fixa a competência do Pleno, das Câmaras isoladas e das Câmaras Reunidas. O Regimento Interno, por sua vez, determina o sistema de processamento e julgamento dos feitos perante cada órgão do tribunal. Cada um desses órgãos “não representa um juiz colegiado diverso do Tribunal, mas é o mesmo Tribunal de Justiça. A divisão em órgãos não quebra a unidade do organismo”. É sempre o Tribunal que decide, seja pelo Pleno, seja apenas por uma Câmara isolada. Tanto é assim que os recursos são endereçados ao Tribunal e não às Câmaras. O presidente é que, após o recebimento, o distribui ao órgão competente para conhecer da medida pleiteada, de conformidade com o Regimento. Em alguns casos, o Código atribui ao relator competência para decidir, singularmente, questões incidentais durante a tramitação do feito no tribunal, e até mesmo para admitir, inadmitir e julgar recursos (NCPC, art. 932). Mas, quando isso acontece, a decisão é sempre passível de agravo interno, que permite ao colegiado reanalisar, em caráter definitivo, o julgamento (art. 1.021). Também no conflito de competência é permitido o julgamento singular do relator quando sobre a questão suscitada já houver pronunciamento da jurisprudência dominante do Tribunal (art. 955, parágrafo único), sempre, porém, desafiando agravo interno. O SISTEMA DE JULGAMENTO DOS TRIBUNAIS Tanto o Pleno como cada uma das Câmaras em que se subdivide o Tribunal têm o seu presidente, que é o magistrado que dirige os trabalhos da sessão de julgamento do órgão colegiado. Durante a tramitação do processo há um membro do colegiado que assume posição de relevo, por caber-lhe a direção do feito, inclusive no que toca à coleta das provas. Trata-se do relator, que é escolhido por sorteio (distribuição) entre os componentes do órgão julgador. Compete ao relator, em caráter principal: (i) ordenar as intimações; (ii) receber contestação; (iii) despachar os requerimentos das partes; (iv) delegar competência a juiz de primeiro grau para ouvida de testemunhas ou realização de perícia; (v) fazer o relatório geral do processo (NCPC, arts. 931 e 932, I). Essa função é de grande importância para o julgamento da causa. Na verdade, não são todos os membros do órgão colegiado que examinam os autos antes do julgamento. Esse minucioso exame é feito apenas pelo relator, que faz o histórico do caso sub judice perante os demais julgadores. No regime do Código anterior, em hipótese de maior relevância, funcionava um revisor que fiscalizava o trabalho do relator, o que não foi mantido pela legislação atual. Agora, concluído o relatório, o processo será encaminhado ao presidente, para designação de dia para o julgamento, ordenando a publicação da pauta no órgão oficial (art. 934). A VALORIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA E O SISTEMA DE SÚMULAS Num país tradicionalmente estruturado no regime do civil law, como é o nosso, a jurisprudência dos tribunais não funciona como fonte primária ou originária do direito. Na interpretação e aplicação da lei, no entanto, cabe-lhe importantíssimo papel, quer no preenchimento das lacunas da lei, quer na uniformização da inteligência dos enunciados das normas (regras e princípios) que formam o ordenamento jurídico (direito positivo). Com esse sistema o direito processual prestigia, acima de tudo, a segurança jurídica, um dos pilares sobre que assenta, constitucionalmente, o Estado Democrático de Direito. Para que essa função seja bem desempenhada, vem sendo implantado, de longa data, o critério de sumular, principalmente, nos tribunais superiores, os entendimentosque, pela reiteração e uniformidade, assumem a capacidade de retratar a jurisprudência consolidada a respeito de determinados temas. Inicialmente, as súmulas jurisprudenciais foram adotadas sem força vinculativa, mas com evidente autoridade para revelar os posicionamentos das instancias superiores. Com o passar do tempo, o fenômeno ingressou, mais profundamente, no ordenamento jurídico, atingindo nível de verdadeira fonte normativa complementar, já que a Constituição, por meio da Emenda nº 45, de 2004, criou a chamada súmula vinculante, com o fito de submeter todos os tribunais e juízes, bem como a administração pública, às decisões reiteradas do STF sobre matéria constitucional. Passaram, assim, a coexistir duas modalidades de súmula: as vinculantes e as não vinculantes. As primeiras, com força de lei, e as segundas, como indicativas da jurisprudência dominante no STF, no STJ e nos demais Tribunais do país. SISTEMA RECURSAL NO PROCESSO CIVIL Conceito de recurso Em linguagem jurídica a palavra recurso é usualmente empregada num sentido lato para denominar “todo meio empregado pela parte litigante a fim de defender o seu direito”, como, por exemplo, a ação, a contestação, a reconvenção, as tutelas provisórias. Nesse sentido diz- se que a parte deve recorrer às vias ordinárias, ou deve recorrer às tutelas de urgência e da evidência, ou deve recorrer à ação reivindicatória etc. Mas, além do sentido lato, recurso em direito processual tem uma acepção técnica e restrita, podendo ser definido como o meio ou remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a reforma, invalidação, esclarecimento ou integração. Não se deve, porém, confundir o recurso com outros meios autônomos de impugnação da decisão judicial, como a ação rescisória e o mandado de segurança. Caracteriza-se o recurso como o meio idôneo a ensejar o reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi proferida, antes da formação da coisa julgada. Quais são as finalidades dos recursos: Reformar decisões judiciais; Invalidar decisões judiciais; Esclarecer determinados pontos de uma decisão judicial; Integrar a decisão judicial; EXISTEM DOIS JUÍZOS PARA ANALISAR O RECURSO: Juízo prévio (admissibilidade): nesta primeira fase verifica-se se a parte recorrente cumpriu os requisitos para que o recurso interposto seja admitido. 1- Cabimento: se o recurso interposto é o meio correto de atacar a decisão, conforme previsão expressa da nossa legislação; 2- Legitimidade e interesse para recorrer: o recorrente deve ter sido sucumbente, por exemplo; 3- Tempestividade: verificar se o recurso foi interposto no prazo correto (até o último dia do prazo previsto para a sua interposição). Até pouco tempo os Tribunais Superiores consideravam que a interposição do respectivo recurso antes da publicação da decisão também era considerado intempestivo, contudo, com o novo CPC essa tese não é mais aplicada; 4- Fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer: por exemplo, a pessoa que paga (cumpre a obrigação) e depois de cumprir quer recorrer. Neste caso o juiz constata o impedimento por preclusão lógica. 5- Preparo para a interposição dos recursos: conforme determinação expressa de nossos tribunais. Consultar o site do TJ/SP: http://www.tjsp.jus.br/IndicesTaxasJudiciarias/DespesasProcessuais/TaxaJudiciaria Cumpridos estes requisitos considera-se que a parte passou pelo juízo de admissibilidade. Isso não quer dizer que a parte venceu, quer dizer apenas que o Tribunal vai verificar o mérito do recurso. Juízo de mérito: nesta fase, analisa-se o mérito dos recursos (a parte jurídica alegada pela parte). Sinteticamente, a parte pode alegar que o juízo que proferiu a decisão recorrida cometeu erros, sendo eles: Error in judicando: verifica-se que o juiz errou no mérito de uma causa. O juiz pode aplicar uma lei ou outra e sobre este caso a parte pode recorrer e discutir o mérito da decisão. Error in procedendo: tem relação com um vício formal na decisão. Por exemplo, uma sentença que não contém fundamentação completa conforme 489, § 1º do CPC. Esse tipo de erro acarreta a nulidade da decisão. PRINCÍPIOS: 1- Correspondência: deve haver uma correspondência entre a decisão e o recurso, conforme disposição expressa de lei. Por exemplo, a apelação é o recurso correspondente para atacar a sentença; 2- Taxatividade: é a legislação federal quem vai dizer quais os recursos cabíveis para cada espécie de decisão judicial; 3- Unicidade: haverá somente um recurso aplicável para cada decisão judicial. Há uma exceção quando tratamos de recursos para o STF e o STJ, pois na mesma decisão pode caber recurso para os dois tribunais, já que os dois são competentes para conhecer matérias diferentes; 4- Fungibilidade: a possibilidade de um recurso ser admitido como se fosse outro. Esse recurso não é aplicado à erros grosseiros. Existem duas regras: não pode haver má-fé da parte e não pode haver erro grosseiro. Deve-se haver dúvida razoável sobre qual recurso deveria ser interposto contra a decisão. 5- Proibição da reformatio in pejus: o juízo recursal não pode reformar uma decisão em desfavor daquela parte que recorreu. O tribunal pode apenas manter a decisão ou dar provimento ao recurso da parte que recorreu. Se ambas as partes recorreram o juízo poderá acatar um dos dois recursos aí então este poderia reformar de forma ampla. 6- Duplo grau de jurisdição: princípio que afirma que a parte litigante sempre tem direito de buscar uma segunda instância. EFEITOS DA PROPOSITURA DOS RECURSOS 1- Obstar a preclusão e a formação da coisa julgada: se a parte recorre ele prorroga a discussão sobre a matéria e assim a coisa julgada não se formará até que a parte deixe transcorrer o prazo recursal sem interpor o recurso correspondente. 2- Devolutivo: toda a matéria objeto do recurso é levada à segunda instância para a discussão. 3- Suspensivo: alguns recursos tem o efeito de suspender a eficácia da decisão recorrida; Desistência recursal (998 CPC): A parte pode desistir do recurso sem a anuência do recorrido. Renuncia ao direito de recorrer (999 CPC): é quando a parte se manifesta antes de interpor qualquer recurso e afirma que não deseja recorrer. DIREITO RECURSOS NO PROCESSO CIVIL TEMA: Recursos em espécie: Agravo de instrumento, embargos declaratórios, apelação e agravo interno. OBJETIVO: Conhecimento da teoria sobre os principais recursos utilizados no processo civil. METODOLOGIA: Aula expositiva e dialogada, com a participação dos discentes na resolução de questões em sala de aula, além da analise de julgados, textos jurídicos e peças processuais. AGRAVO DE INSTRUMENTO (ARTIGOS 1.015 A 1.020 DO CPC): NOÇÕES GERAIS Agravo de instrumento é o recurso cabível contra algumas decisões interlocutórias (NCPC, art. 1.015, caput),ou seja, contra os pronunciamentos judiciais de natureza decisória que não se enquadrem no conceito de sentença (art. 203, § 2º). No regime implementado pelo antigo código o que caracterizava a decisão interlocutória é haver ela resolvido, no curso do processo, uma questão incidente. Exemplos: ato que indeferisse requerimento de prova; que excluísse um litisconsorte do processo por ilegitimidade ativa; que indeferisse pedido de assistência judiciária formulado no bojo dos autos e que não recebesse apelação. Antes da reformulação do sistema recursal pelo legislador do novo CPC, cogitava-se no anteprojeto a aprovação de texto que impedisse a recorribilidade das decisões interlocutórias, tal como se passa nos procedimentos na Justiça do Trabalho. Verificou-se, contudo, que, em face da diversidade e complexidade das questões submetidas ao juízo cível, não era possívelsimplesmente escorraçar a recorribilidade de tais decisões. Em certos casos, como na liquidação, no cumprimento de sentença e na execução, as questões ditas incidentais é que ordinariamente impelem a fase procedimental. É o caso, por exemplo, das decisões sobre a penhora. Por tal razão, na aprovação da redação final, o legislador optou por reunir as principais situações nas quais a decisão interlocutória é capaz de gerar prejuízo para uma das partes. Nesses casos e em outros expressamente previstos em lei, pode a parte interpor agravo de instrumento. Tratando-se de liquidação e cumprimento de sentença, de processo de execução e procedimento de inventário, todas as interlocutórias podem ser impugnadas por essa espécie recursal. No regime do CPC/1973, com relação ao agravo de instrumento, a taxatividade estava prevista apenas para os casos de inadmissão da apelação e para os relativos aos efeitos em que a apelação era recebida. Fora disso, para cabimento da forma instrumental do agravo, era preciso demonstrar que a decisão recorrida era suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação. Não admitida a forma instrumental para impugnar a decisão, dever-se-ia manejar o agravo retido. No novo CPC essa diferenciação não mais existe. A modalidade retida, que era a principal forma de interposição desse recurso no sistema do sistema do CPC/1973, simplesmente desapareceu. Agora, de duas uma: ou a decisão interlocutória é recorrível ou não é. Somente será recorrível se a hipótese estiver expressamente prevista no rol do art. 1.015 ou em outros casos expressamente previstos no Código ou em legislação especial (princípio da taxatividade). Se recorrível, o recurso adequado é o agravo de instrumento, salvo a hipótese de agravo interno contra decisão de relator. A decisão interlocutória que não comporta agravo de instrumento – porque não consta da relação do art. 1.015 – não fica coberta pela preclusão e pode ser suscitada em preliminar de apelação, ou nas contrarrazões (art. 1.009, § 1º). Sendo a decisão suscetível de causar à parte lesão grave antes do julgamento da apelação, pode-se manejar mandado de segurança, consoante interpretação, a contrario sensu, da Súmula nº 267 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”. O art. 1.015 lista onze espécies de decisões interlocutórias que podem ser impugnadas por agravo de instrumento, além de, no inciso XIII, prever uma abertura para “outros casos expressamente referidos em lei”. O inciso XII foi vetado. Vejamos, então, o rol taxativo das decisões que admitem a interposição de agravo de instrumento: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I – tutelas provisórias: Tanto para tutela de urgência quanto para tutela da evidência; II – mérito do processo: Nas hipóteses dos artigos Art. 356 do CPC, que se refere ao julgamento parcial de mérito). Também artigo 550, § 5 º CPC, por exemplo; III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem: somente no caso de rejeição a decisão será interlocutória, caso o juízo aceite a alegação ele proferirá sentença de extinção do feito, determinando a remessa dos autos ao juízo arbitral; IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica: é cabível o agravo de instrumento da decisão que acolher ou não o pedido de desconsideração; V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação: atentemo-nos a possibilidade de deferimento do benefício, quando a parte terá que impugnar referida decisão nos termos do artigo 100 do CPC. Se a questão for resolvida na sentença caberá apelação. VI – exibição ou posse de documento ou coisa: hipótese do artigo 403, por exemplo, quando um documento está em posse de terceiros; VII – exclusão de litisconsorte: trata-se de matéria impugnável ante a nítida situação de prejuízo suportado pela parte do processo caso a decisão fosse revista somente na sentença, principalmente em relação ao tempo; VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio: igual ao VII; IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros: igual aos itens VII e VIII; X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução: lembremos que o efeitos suspensivo mencionado seria a suspensão de atos próprios da execução, como a penhora de bens, por exemplo; XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º: as regras de distribuição do ônus da prova trazem certa segurança e caso o juízo entenda pela exceção à regra, referida decisão comportará recurso imediato; XII – (VETADO); XIII – outros casos expressamente referidos em lei: Art. 354, parágrafo único. Se as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 487, II e III, forem apenas parciais, será cabível agravo de instrumento. Exemplos: (i) o juiz verifica a decadência do direito do autor em relação a um dos pedidos; (ii) o juiz homologa acordo em relação à indenização por dano material, mas o processo segue para fixação do dano moral, que não foi objeto de transação; (iii) o juiz indefere parcialmente a petição inicial ou a reconvenção (a parte é manifestamente ilegítima para um dos pedidos, por exemplo). Se a decisão tiver relação com o mérito, pode perfeitamente se enquadrar na hipótese do art. 1.015, II; •Art. 356, § 5º. Se o juiz decidir parcialmente o mérito em relação um dos pedidos formulados ou parcela deles, será cabível agravo de instrumento. Como se trata se hipótese de decisão que envolve o mérito, também é possível enquadrá-la no art. 1.015, II; •Art. 1.037, § 13, I. No julgamento de recursos especial e extraordinário repetitivos, demonstrada a distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo (art. 1.037, § 9º). Da decisão que resolver esse requerimento caberá agravo de instrumento caso o processo ainda esteja em primeiro grau. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. DESPESAS E CUSTAS Havendo custas e despesas de porte de retorno, será obrigatória a instrução da petição de agravo, também, com o comprovante do respectivo preparo, conforme tabela publicada pelos tribunais (art. 1.017, § 1º). PROCEDIMENTO PRAZO E FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO O agravo de instrumento constitui exceção ao sistema recursal. Isso porque os demais recursos são interpostos perante o juízo que proferiu a decisão recorrida. O agravo de instrumento, entretanto, é dirigido diretamente ao tribunal competente, no prazo de quinze dias, por meio de petição com os seguintes requisitos (art. 1.016): (i) o nome das partes (não há necessidade de qualificação, exceto se interposto por terceiro); (ii) a exposição do fato e do direito; (iii) as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e do próprio pedido; (iv) o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. O instrumento, além da petição, deve ser formado pelas peças indicadas no art. 1.017. O novo CPC, em relação ao CPC/1973, ampliou o rol das peças consideradas obrigatórias, mas, por outro lado, seguindo a evolução jurisprudencial, apresentou alternativas aos documentos necessários para conhecimento de agravo de instrumento: CPC/2015, art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I – obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II – com declaração de inexistência dequalquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. COMUNICAÇÃO AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU O art. 1.018 estabelece que “o agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da decisão da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso”. Não obstante a utilização do verbete “poderá” (caput do art. 1.018), permanece o caráter obrigatório da petição de juntada do agravo de instrumento interposto em segunda instância aos autos originais do processo, para fins de retratação do juízo singular e ciência do agravado sobre o ajuizamento do recurso e de seu conteúdo. A não informação ao juízo singular, no prazo de 3 dias a contar da interposição, implica inadmissibilidade do recurso, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 1.018. No caso de autos eletrônicos, por óbvio, dispensa-se a comunicação. Por certo nos sistemas informatizados haverá um aviso alertando o juiz sobre a interposição do agravo de instrumento, a fim de oportunizar ao magistrado o juízo de retratação. Nos termos do § 1º do art. 1.018, se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. O art. 1.019 estabelece o procedimento do agravo de instrumento no tribunal. Vejamos a sua redação: Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; II – ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; III – determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. Da leitura desse dispositivo exsurgem os poderes do relator do agravo de instrumento, que são, em síntese, os seguintes: •Julgamento monocrático. O permissivo apresentado no inciso I garante ao relator a possibilidade de julgar monocraticamente o agravo de instrumento em prol da celeridade e em respeito aos precedentes judiciais. Sobre o tema, conferir o item 2.2, Capítulo II, desta Parte. Contra a decisão do relator caberá agravo interno (art. 1.021); •Atribuição de efeito suspensivo ou antecipação da tutela recursal. O agravo, ao contrário da apelação, normalmente não tem efeito suspensivo. Entretanto, poderá o relator, a requerimento do agravante, atribuir efeito suspensivo ao recurso. Poderá também conceder o denominado efeito ativo ao recurso, ou seja, conceder, antes do julgamento pelo órgão colegiado, a pretensão recursal almejada pelo recorrente (tutela antecipatória recursal). •Requisição de informações. Apesar de o novo CPC não reproduzir a redação do inciso IV do art. 527 (“Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: IV – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias”), ainda é possível a prestação de informações pelo juízo de origem. Tal pedido se insere de maneira geral no capítulo referente à cooperação jurisdicional (art. 69, III). Em geral, as informações são requisitadas, mas não se trata de providência obrigatória. A necessidade das informações irá depender do grau de convencimento formado pelo relator a partir das peças que instruíram o agravo; • Intimação do agravado. A intimação para responder ao recurso pode ser feita pessoalmente ao agravado, por carta com aviso de recebimento, quando este não tiver procurador constituído. Se já existir advogado habilitado, a intimação será dirigida ao patrono do agravado, por carta com aviso de recebimento ou por meio do Diário da Justiça. O agravado tem prazo de 15 (quinze) dias para responder ao recurso, podendo trazer aos autos a documentação que entender conveniente, não estando limitado às peças constantes no processo. Se forem juntados documentos inéditos, o juiz deverá oportunizar o contraditório (arts. 9º e 10). Ressalte-se que a intimação da parte agravada para responder ao recurso deve ser dispensada quando o relator julgar monocraticamente o agravo, na forma do art. 932, III e IV, pois essa decisão beneficiará o agravado; •Intimação do Ministério Público. Ultimadas as providências anteriores, o órgão do Ministério Público que oficia perante o tribunal será ouvido para se manifestar sobre o recurso no prazo de quinze dias, desde que o caso enseje a atuação ministerial (art. 178). A intimação do membro do Ministério Público será feita, preferencialmente, por meio eletrônico. JULGAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RELAÇÃO AO RECURSO DE APELAÇÃO Há a possibilidade de interposição de apelação sem que o julgamento do agravo de instrumento tenha ocorrido. Neste caso o agravo de instrumento deverá ser julgado em primeiro lugar, conforme artigo 946 do Código de Processo Civil. Fluxograma Agravo de instrumento (arts. 1.015 a 1.020) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTS. 1.022 A 1.026) CONCEITO E CABIMENTO Em sede doutrinária, ainda persiste a controvérsia acerca da natureza dos embargos de declaração. Para alguns doutrinadores, tais embargos não constituem recurso, mas sim meio de correção e integração da sentença. Tanto para o CPC/1973 quanto para o CPC/2015, no entanto, não há dúvida quanto à natureza recursal dos embargos de declaração, tanto que nas duas legislações eles foram colocados nos títulos relativos aos recursos (arts. 535 a 538 do CPC/1973; arts. 1.022 a 1.026 do CPC/2015). Os embargos de declaração podem ser conceituados como o recurso que visa ao esclarecimento ou à integração de uma decisão judicial. No CPC/1973 o art. 535 dispunha que os embargos seriam cabíveis contra sentença ou acórdão. No novo CPC a redação do caput do art. 1.022 deixa claro que os embargos podem ser opostos contra qualquer decisão judicial e não apenas contra sentença ou acórdão. Esse entendimento já possuía respaldo em nossos tribunais. Em suma, não importa a natureza da decisão. Seja interlocutória, sentença ou acórdão, se a decisão for obscura, omissa, contraditória ou contiver erro material, pode vir a ser sanada por meio dos embargos de declaração. Nada impede que os embargos também sejam opostos contra despachos. É que, apesar de estes pronunciamentos serem desprovidos de conteúdo decisório, é inconcebível que um despacho “viciado” fique sem remédio, de modo a comprometer até a possibilidade prática de cumpri-lo. Vejamos, então, as hipóteses de cabimento dessa espécie recursal. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II – incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. Da interpretação desse dispositivo é possível concluir que os embargos são espécie de recurso de fundamentação vinculada, isto é, restrita a situações previstas em lei. Não servem os embargos, por exemplo, como sucedâneo de pedido de reconsideração de uma sentençaou acórdão. De acordo com a doutrina e jurisprudência: Há obscuridade quando a redação da decisão não é suficientemente clara, dificultando sua compreensão ou interpretação. Ocorre contradição quando o julgado apresenta proposições inconciliáveis, tornando incerto o provimento jurisdicional. Há omissão nos casos em que determinada questão ou ponto controvertido deveria ser apreciado pelo órgão julgador, mas não o foi. Por fim, o novo CPC admite o cabimento dos embargos de declaração para corrigir erro material. Essa hipótese, já reconhecida pela jurisprudência, encontra respaldo no art. 494, inciso I, que permite ao juiz, após a publicação da sentença, corrigir inexatidões materiais ou erros de cálculos e pedido da parte ou mesmo de ofício. Os demais pontos ou questões sobre os quais o magistrado deva se manifestar, inclusive de ofício, a exemplo das matérias de ordem pública, inserem na omissão a que se refere o art. 1.022, II. Cabe ressalvar que não haverá preclusão, se não houver oposição de embargos de declaração para a correção de erro material, porquanto poderá o juiz o tribunal poderá corrigi-lo a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição. PREQUESTIONAMENTO Conceito: A definição mais objetiva, a meu ver, é aquela atribuída a NELSON NERY JUNIOR: “diz se prequestionada determinada matéria quando o órgão julgador haja adotado entendimento explicito a respeito” Porém, existem outras duas correntes: uma defendendo que o prequestionamento decorre da parte haver sustentado, previamente, uma questão, ou seja, informando, noticiando, declinando expressamente na inicial, em contestação, ou em grau recursal, o dispositivo legal ou constitucional, que poderá, eventualmente ser violando, na decisão final. Atualmente o prequestionamento é um requisito imprescindível para o conhecimento do recurso especial e extraordinário, já que evitam que as decisões do Poder Judiciário violem preceitos legais federais ou constitucionais. O novo Código superou o drama frequentemente enfrentado pela parte que tem de atender a exigência de prequestionamento como requisito de admissibilidade do recurso especial e do recurso extraordinário, e encontra resistência do tribunal a quo a pronunciar-se sobre os embargos de declaração, havidos como necessários pela jurisprudência do STF e do STJ. Para não deixar desamparado o recorrente, dispôs o art. 1.025 “consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”. Vale lembrar que os Tribunais Superiores analisam teses e não os casos concretos, daí a importância do prequestionamento. EMBARGOS COM EFEITOS MODIFICATIVOS (INFRINGENTES) Em princípio, são incabíveis embargos declaratórios para rever decisão anterior; para reexaminar ponto sobre o qual já houve pronunciamento, com inversão, por consequência, do resultado final do julgamento. Todavia, sobretudo na hipótese de suprimento de omissão, pode ocorrer – excepcionalmente – de a integração do julgado mudar sua decisão final. É o que a doutrina denomina de embargos de declaração com efeitos modificativos ou infringentes. Exemplo: numa ação de cobrança, o juiz omite sobre a prescrição arguida na peça contestatória e condena o réu a pagar a importância pedida na inicial. Interpostos os embargos declaratórios com vistas ao suprimento da omissão, o juiz reconhece a prescrição e, em razão disso, julga improcedente o pedido. Conquanto a integração de decisão omissa consista na hipótese mais comum de atribuição de efeitos infringentes aos embargos declaratórios, a modificação do julgado por essa via recursal também pode ocorrer em outros casos – como na correção de erro material –, desde que seja decorrência lógica do vício que se pretende sanar. Nesse sentido, exemplifica Cândido Rangel Dinamarco que “a jurisprudência dos tribunais admite os embargos declaratórios com objetivo infringente em casos teratológicos, como (a) o erro manifesto na contagem de prazo, tendo por consequência o não conhecimento de um recurso, (b) a não inclusão do nome do advogado da parte na publicação da pauta de julgamento, (c) o julgamento de um recurso como se outro houvesse sido interposto, (d) os erros materiais de toda ordem etc.”. EFEITOS DOS EMBARGOS Os embargos declaratórios não possuem o efeito suspensivo, em outras palavras, não suspendem a eficácia da decisão embargada, salvo no caso previsto no § 1º do artigo 1.026: § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Conforme artigo 1.026 do CPC os embargos declaratórios possuem o chamado “efeito interruptivo”, pois interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes. EMBARGOS MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS Por interromper o prazo para interposição de outros recursos, cuidou o legislador de impor sanção ao embargante de má-fé que opõe embargos declaratórios com o exclusivo intuito de procrastinar o andamento do feito. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa (art. 1.026, § 2º). Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito prévio do valor respectivo (art. 1.026, § 3º). Quanto ao depósito da multa como requisito para interposição de outros recursos, a parte final do § 3º do art. 1.026 excepciona o pagamento prévio quando o recorrente for Fazenda Pública ou beneficiário de gratuidade da justiça. A segunda hipótese é justificável pelo princípio do acesso à justiça. A primeira decorre do vezo de que é dotado o legislador e a justiça brasileira de injustificadamente desigualar a Fazenda Pública. Finalmente, o legislador, alinhando-se ao entendimento do STF exteriorizado em vários julgados, dispõe que “não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios” (art. 1.026, § 4º). Nessa hipótese, ainda que a parte insista na interposição de novos embargos, estes não terão qualquer efeito. Fluxograma Embargos de declaração no primeiro grau de jurisdição (arts. 1.022 a 1.026) APELAÇÃO (ARTIGOS 1.009 A 1.014 DO CPC): Sentenças: são sentenças finais ou simplesmente “sentenças” são pronunciamentos judiciais que encerram a fase cognitiva do procedimento comum, bem como extinguem a execução. Distingue a doutrina entre sentença definitiva e sentença terminativa, conforme o encerramento da relação processual se dê com ou sem julgamento do mérito da causa. A apelação é o recurso comum cabível contra a sentença, com vistas a obter, por meio do reexame pelo órgão de segundo grau, a reforma ou invalidação do julgado anterior. É o recurso competente para atacar sentenças terminativas ou definitivas. Existem algumas decisões que, apesar de constituírem sentença na acepção verdadeira do termo, não são recorríveis via apelação, por expressa disposição legal, como a sentença proferida no JEC, por exemplo, que é recorrível por meio de recurso inominado (art. 41, da lei 9.099/95). APELAÇÃO ADESIVA O recurso adesivo é facultado à parte que não recorreu no devido tempo da decisão que provocara sucumbência recíproca. Com esse remédio processual, restaura-se o direito de recorrer, mas, exclusivamente, no caso de sucumbência recíproca (art. 997). EXTINÇÃO DO AGRAVO RETIDO E APELAÇÃO NO NOVO CPC: Além deatacar a sentença, a apelação também presta a discutir decisões interlocutórias não submetidas a agravo de instrumento. Os parágrafos do art. 1.009 inauguram a sistemática que substituirá o agravo retido. De acordo com o § 1º, “as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interpostas contra a decisão final, ou nas contrarrazões”. Todas as questões incidentais resolvidas ao longo do processo de conhecimento, desde que não tenham desafiado agravo de instrumento – rol taxativo do art. 1.015 –, poderão ser impugnadas na apelação. Isso quer dizer que: a) Se contra a decisão interlocutória for possível a interposição de agravo de instrumento, a parte prejudicada não poderá deixar para questionar a decisão somente na apelação. Exemplo: havendo desconsideração da personalidade jurídica na forma do art. 133, o sócio poderá recorrer da decisão mediante agravo de instrumento (art. 1.015, IV). Caso não o faça, a matéria estará preclusa; b) Se a decisão interlocutória não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do art. 1.015, a parte que se sentir prejudicada poderá impugnar a questão já decidida em preliminar de apelação ou nas contrarrazões. Exemplo: juiz indefere pedido de prova pericial. A parte que pleiteou a prova terá, nessa hipótese, duas opções: (i) impetrar mandado de segurança, eis que não há disposição no novo CPC permitindo interposição de agravo de instrumento para esse caso; (ii) aguardar a sentença e, se for o caso, arguir, em preliminar da apelação, eventual ofensa à ampla defesa em razão do indeferimento da prova pleiteada. Saliente-se que a escolha por essa última opção independe de protesto no momento da prolação da decisão interlocutória. Se as questões que não desafiaram agravo de instrumento forem suscitadas nas contrarrazões, o recorrente será intimado para se manifestar, no prazo de 15 dias, exclusivamente a respeito delas (art. 1.009, § 2º). A ideia do legislador é promover o contraditório, harmonizando a nova sistemática aos anseios do texto constitucional e às normas fundamentais do processo civil (arts. 9º e 10).1 EFEITOS DA APELAÇÃO Efeitos devolutivo e suspensivo: Em geral, a apelação é recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo. Afora esses dois, parte da doutrina aponta um terceiro efeito presente em todos os recursos, consistente no impedimento da formação da coisa julgada, ou efeito obstativo. Obs: No sistema processual brasileiro, a regra é que os recursos sejam recebidos somente no efeito devolutivo. A apelação não segue a regra do sistema. Como já afirmado, não dispondo a lei de forma diversa, prevalece a duplicidade dos efeitos da apelação. Apenas quando há disposição expressa de lei é que não incide a suspensividade do recurso. O art. 1.012 dispõe sobre os efeitos da apelação. O caput prevê a regra aplicável à apelação, isto é, o efeito suspensivo, nessa modalidade de recurso, é automático. O parágrafo 1º, por outro lado, prevê as exceções, ou seja, os casos em que a apelação é dotada somente do efeito devolutivo. (ação que condena a pagar alimentos, por exemplo). Há leis extravagantes, como a Lei nº 8.245/1991 (art. 58, V), que contemplam somente o efeito devolutivo para as apelações nas ações ali mencionadas (ação de despejo). A regra mencionada – efeito suspensivo automático – vale somente para a apelação. Para todos os demais recursos, não há previsão de efeito suspensivo automático. EFEITO SUBSTITUTIVO A par dos efeitos devolutivo e suspensivo, um outro efeito – o substitutivo – é atribuído pelo art. 1.008 do NCPC263 aos recursos em geral. Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de substituir, para todos os efeitos, a decisão recorrida, nos limites da impugnação. Trata-se de um derivativo do efeito devolutivo. Se ao órgão ad quem é dado reexaminar e decidir novamente a matéria cogitada no decisório impugnado, torna-se necessário que somente um julgamento a seu respeito prevaleça no processo. A última decisão, portanto, i.e., a do recurso, é que prevalecerá. 1 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil, 20ª edição. Atlas, 01/2017. VitalBook file. EFEITO TRANSLATIVO Por força do efeito devolutivo, em regra o recurso transfere o conhecimento da causa para o juízo recursal nos limites da impugnação formulada pelo recorrente, uma vez que se admite o ataque à decisão “no todo ou em parte” (NCPC, art. 1.002), e que o julgamento do tribunal deva substituir a decisão impugnada “no que tiver sido objeto do recurso” (art. 1.008). Reconhece-se que o recurso, como desdobramento do direito de ação, rege-se pelo princípio dispositivo. Daí que cabe à parte definir o objeto da impugnação, limitando a devolução de conhecimento da causa ao tribunal àquilo que o recorrente lhe haja transferido por meio do efeito devolutivo. Além, contudo, da transferência compreendida nos termos do recurso, existem matérias de que o tribunal ad quem poderá conhecer, independentemente da devolução operada pela vontade impugnante do recorrente. Trata-se das questões de ordem pública, como aquelas ligadas às condições da ação e aos pressupostos processuais, e outras que, por força de lei, os tribunais têm de apreciar e resolver ex officio, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição (art. 485, § 3º). Temos como exemplo que o juiz poderá reconhecer a coisa julgada independentemente das alegações do recorrente. APLICAÇÃO DA TEORIA DA CAUSA MADURA Nas hipóteses previstas no § 3º do art. 1.013, o tribunal pode – ou melhor, deve – julgar desde logo o recurso, se a causa estiver em condições de imediato julgamento. Trata-se da aplicação da chamada teoria da causa madura, que já contava com previsão do CPC/1973, mas relacionada apenas aos casos de extinção sem resolução do mérito. Assim dispõe o CPC de 2015: art. 1.013, § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 485; (extinção do feito sem resolução do mérito) II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá- lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. O § 3º do art. 1.013 do novo CPC alargou consideravelmente a possibilidade de julgamento do mérito com supressão de instância. Nem se diga que não há supressão de um grau de jurisdição pelo fato de haver autorização na lei. Há, sim. O que ocorre é que, firme no entendimento de que o duplo grau de jurisdição não tem sede constitucional, permite-se que a lei estabeleça os casos em que o tribunal pode conhecer e julgar originariamente um pedido. Os únicos pressupostos são que (i) haja interposição da apelação; (ii) que esta seja conhecida; e (iii) que a causa esteja em condições de imediato julgamento. Exceto a hipótese do inciso I, pelo menos do ponto de vista legal, trata-se de novidade instituída pelo CPC/2015. Os incisos II e IV, por sua vez, versam sobre aquelas hipóteses em que o tribunal, no julgamento da apelação, decreta a nulidade da sentença por falta de congruência com os pedidos e fundamentos suscitados pelas partes (sentença extra petita) ou em decorrência da falta de fundamentação (art. 489, § 1º), respectivamente. Em casos tais, estando a causa em condições de imediato julgamento, isto é, não havendo necessidade de mais provas, o tribunal deve decidir o mérito e não devolver o processo ao primeiro grau de jurisdição. O inciso III trata da sentença citra petita – o julgador de primeiro grau se omite com relação ao exame de um dos pedidos. Embora também essa sentença contenha vício,uma vez que infringe o princípio da congruência, preferiu o legislador destacá-la do inciso II, reservando este para a sentença extra petita. A razão do destaque se deve ao fato de que a sentença citra petita não enseja anulação, mas tão somente complemento. Nesse caso, por não se tratar de nulidade, o tribunal somente pode complementar o ato decisório à presença de requerimento do recorrente. Havendo requerimento, deverá – e não “poderá” – o tribunal integrar a sentença. Essa translação dispensa as partes de interposição de embargos declaratórios com efeitos integrativos. A estratégia adotada pelo advogado é que, em última instância, ditará a necessidade. EFEITO SUSPENSIVO No que tange ao efeito suspensivo, a regra geral é no sentido de que a apelação o tem. Assim, interposta apelação, geralmente fica suspensa a eficácia da sentença. Tal regra, entretanto, comporta exceções, que são as elencadas no § 1º do art. 1.012: Art. 1.012. […] § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I – homologa divisão ou demarcação de terras; II – condena a pagar alimentos; III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI – decreta a interdição. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DA APELAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS CONTRARRAZÕES O prazo legal é de quinze dias, tanto para apelar como para contra-arrazoar a apelação (art. 1.003, § 5º, do NCPC).343 Em verdade, o NCPC estabeleceu prazo único para todos os recursos, excetuados, apenas, os embargos de declaração. CONTRARRAZÕES É a resposta ofertada pela parte contrária àquela que interpôs recurso. Visa combater as alegações invocadas pela outra parte, com apresentação de novos argumentos que fundamentem sua defesa. Fundamentação: Artigo 1.010; §1º, do Código de Processo Civil. Caso a apelação tenha sido interposta na pendência de julgamento de embargos declaratórios a parte recorrente não será prejudicada, sendo desnecessária qualquer ratificação de recurso, nos termos do artigo 1,024, § 5º do CPC. No entanto, se a decisão que julgou os embargos declaratórios alterar a sentença a parte terá o direito complementar ou alterar as suas razões recursais, nos limites da modificação e no prazo de 15 dias, conforme 1,024, § 4º do CPC. AGRAVO INTERNO (ART. 1.021) Conforme alterações advindas com o CPC de 2015, não existe mais decisão monocrática irrecorrível prolatada pelo relator. Nos termos do art. 1.021, caput, “contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado”. Isso porque mostra-se inconstitucional qualquer barreira regimental imaginada para impedir o reexame dos decisuns singulares do relator pelo colegiado competente para a apreciação do recurso primitivo. O agravo interno, destarte, preserva o princípio da colegialidade, garantindo que decisões singulares sejam revistas pelo órgão colegiado a quem toca o recurso. Afinal, os recursos e as causas de competência originária são endereçados ao tribunal e não ao relator, de sorte que suas decisões singulares, embora autorizadas, não suprimem a competência principal do colegiado. PROCEDIMENTO Esse recurso é disciplinado pelo art. 1.021 do NCPC, mas o seu processamento será regulado pelos regimentos internos dos tribunais, como determinado pela parte final do caput do referido dispositivo. Eis, em linhas gerais, o procedimento básico do agravo interno: (a) Ao interpor o recurso, o recorrente deverá impugnar, especificadamente, os fundamentos da decisão agravada (art. 1.021, § 1º). Não se admite, destarte, impugnações genéricas, que dificultem a defesa ou a decisão pelo tribunal; (b) O agravo será dirigido ao relator que, tão logo receba a petição, intimará o agravado para manifestar-se no prazo de quinze dias, a fim de cumprir o contraditório (art. 1.021, § 2º); (c) Após a resposta do recorrido, ao relator é dado retratar-se. Não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, incluindo o recurso em pauta (art. 1.021, § 2º, in fine); (d) O julgamento do agravo interno, pelo colegiado, dependerá da prévia inclusão do recurso em pauta (art. 934 c/c art. 1.021, § 2º), com intimação das partes na pessoa de seus advogados, por meio do Diário da Justiça, observada a antecedência mínima de cinco dias úteis (art. 212 c/c art. 935); (e) Tratando-se de recurso contra decisão do relator, o agravo interno não pode ser julgado, no mérito, pelo seu próprio prolator. Aliás, o § 2º do art. 1.021 deixa claro que, não sendo o caso de retratação, “o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado”. Portanto, apenas em caso de manifesto descabimento do recurso, como se passa com a intempestividade, é que o relator estará em condições de inadmiti-lo. O § 3º do art. 1.021, que veda ao relator julgar improcedente o agravo interno limitando-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada, aplica-se ao voto condutor do julgamento do colegiado. Não corresponde, portanto, a uma autorização a que o relator julgue monocraticamente o recurso procedente ou improcedente. (f) Quando, em votação unânime, o órgão colegiado declarar o agravo interno manifestamente inadmissível ou improcedente, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. A decisão deverá ser fundamentada (art. 1.021, § 4º); (g) Fixada a multa, a interposição pela parte de qualquer outro recurso estará condicionada ao depósito prévio do valor estipulado pelo órgão colegiado. Entretanto, estão dispensados do pagamento prévio a Fazenda Pública e o beneficiário de gratuidade da justiça, cujo pagamento será feito somente ao final (art. 1.021, § 5º). EFEITOS DO AGRAVO INTERNO A regra geral é de que, salvo a apelação, os recursos não tenham efeito suspensivo, permitindo, pois, a imediata execução do decisório impugnado (NCPC, art. 995, caput). Aplicada ao agravo interno, poder-se-ia pensar que seu efeito seria sempre o de não impedir o cumprimento da decisão monocrática recorrida. No entanto, há um aspecto particular a ser ponderado: o agravo interno, no comum dos casos, incide sobre o julgamento de outro recurso, que se poderia considerar o principal. Se este suspendeu a eficácia do julgado primitivamente impugnado, não poderia o incidente do agravo interno gerar efeito diverso. Assim, “se o recurso julgado pelo relator já detinha efeito suspensivo da eficácia da decisão recorrida, o agravo apenas prolongará esse efeito na sua pendência; diversamente, se não detinha esse efeito, não será o agravo interno que o conferirá”. Se convier à parte suspender os efeitos que o recurso principal não afetou, nem o agravo interno o fez, deverá manejar pedido cautelar para obtê-lo. SUSTENTAÇÃO ORAL Na sessão de julgamento colegiado do agravo interno, em regra, não se admite a sustentação oral dos advogados e do membro do Ministério Público, nos casos de sua intervenção (NCPC, art. 937). Quando, porém, o recurso for interposto contra decisão singular do relator que extinga a ação rescisória, o mandado de segurança ou a reclamação, o NCPC permite, excepcionalmente, a sustentação oral (art. 937, § 3º) FUNGIBILIDADE O novo CPC previu mais um caso de fungibilidade recursal, agora especificamente entre os embargos de declaração e o agravo interno (art. 1.024, § 3º).417Assim, caso o órgão julgador entenda que os embargos de declaração opostos pela parte não são o meio impugnativo adequado, poderá conhecê-los como agravo interno. Nesse caso, deverá determinar previamente a intimação do recorrente para que, no prazo de cinco dias, complemente as razões recursais, a fim de que adequá-las ao art. 1.021, §1º, ou seja, para que impugne especificadamente os argumentos da decisão recorrida. Fluxograma – Agravo interno (art. 1.021) DIREITO RECURSOS PARA OS TRIBUNAIS SUPERIORES TEMA: Recursos: Ordinário, Especial, Extraordinário, Agravo em Recurso Especial e Extraordinário e Embargos de Divergência. OBJETIVO: Conhecimento da teoria sobre os principais recursos utilizados no processo civil. METODOLOGIA: Aula expositiva e dialogada, com a participação dos discentes na resolução de questões em sala de aula, além da análise de julgados, textos jurídicos e peças processuais. NOÇÕES GERAIS Além da dualidade de instâncias ordinárias, entre os juízes de primeiro grau e os Tribunais de segundo grau, existe, também, no sistema processual brasileiro, a possibilidade de recursos extremos ou excepcionais, para dois órgãos superiores que formam a cúpula do Poder Judiciário nacional, ou seja, para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça. O primeiro deles se encarrega da matéria constitucional e o segundo, dos temas infraconstitucionais de direito federal. Cabe-lhes, porém, em princípio, o exame não dos fatos controvertidos, nem tampouco das provas existentes no processo, nem mesmo da justiça ou injustiça do julgado recorrido, mas apenas e tão somente da revisão das teses jurídicas federais envolvidas no julgamento impugnado. A par dessa revisão puramente jurídica das questões debatidas, há na Constituição Federal previsão de alguns casos em que se admitem recursos ordinários também para os dois mais elevados Tribunais do País. RECURSO ORDINÁRIO (ART. 1.027) Conceito Denomina-se recurso ordinário o meio de impugnação de decisão judicial (sentença ou acórdão e decisão interlocutória) proferida nas causas elencadas no art. 1.027. Apesar de se dirigir a Tribunais Superiores – característica dos recursos extraordinários, essa espécie de recurso comporta discussão sobre questões de fato. Assim, por ter objeto mais próximo dos recursos comuns, ele recebeu a denominação de ordinário. O adjetivo “constitucional” se deve ao fato de eles terem previsão na Constituição da República. O recurso ordinário serve, em regra, para que o interessado possa obter o reexame das decisões que são de competência originária dos tribunais. Contra os julgamentos de primeira instância, cabe apelação; se o processo é de competência originária dos tribunais, a apelação não será cabível, mas a CF prevê o recurso ordinário, no qual o STJ e o STF poderão reexaminar o que ficou decidido, não como instâncias extraordinárias, mas como uma espécie de “segunda instância”. Cabimento O recurso ordinário pode ser dirigido para o STF ou para o STJ. São dirigidos ao STF os referentes a “habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão” e os “crimes políticos” (art. 102, II, da CF). São dirigidos ao STJ os relacionados aos “habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória”; “os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”; “as causas em que forem partes estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país” (CF, art. 105, II). Feitas essas considerações iniciais, verifiquemos as hipóteses de cabimento do recurso ordinário em matéria cível, as quais estão elencadas no art. 1.027, que, por sua vez, reproduz os arts. 102, II, e 105, II, da CF/1988, excluindo-se a matéria de natureza penal. Processamento Deve ser interposto no prazo de quinze dias perante o relator do acórdão recorrido. De acordo com o art. 1.028 do CPC, a ele se aplicam, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as regras da apelação, observando-se ainda os regimentos internos do STF e do STJ. Apresentado o recurso, o recorrido será intimado para, no prazo de 15 dias, oferecer contrarrazões e, em seguida, o recurso será remetido ao respectivo tribunal superior, independentemente de prévio juízo de admissibilidade. O recurso ordinário não exige prequestionamento. Contra o acórdão proferido no seu julgamento podem caber embargos infringentes, desde que preenchidos os demais requisitos desse recurso. Fluxograma do recurso ordinário: RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL Introdução Os recursos podem ser distinguidos em duas categorias: ordinários e extraordinários lato sensu. São ordinários os recursos que têm por finalidade permitir ao tribunal que reexamine a decisão, porque o recorrente não está conformado com a que foi proferida (ou, no caso dos embargos de declaração, para que seja sanado algum vício). Esse tipo de recurso serve para discutir a correção ou a justiça da decisão. Já os recursos extraordinários lato sensu têm outra finalidade: impedir que as decisões judiciais contrariem a Constituição Federal ou as leis federais, mantendo a uniformidade de interpretação, em todo país, de uma e outras. Os recursos extraordinários lato sensu são: o extraordinário, o especial e os embargos de divergência, sempre julgados pelo STF ou pelo STJ. Esses Tribunais julgam também recursos ordinários stricto sensu, nas hipóteses dos arts. 102, II, e 105, II, da CF. Requisitos que são comuns aos recursos extraordinários e aos ordinários Tempestividade O recurso especial e o extraordinário devem ser apresentados no prazo de quinze dias, sendo aplicáveis as regras dos arts. 180, 183, 186 e 229 do CPC. Preparo Ambos os recursos — o extraordinário e o especial — exigem preparo e porte de remessa e retorno. O Regimento Interno do STF sempre previu a necessidade de preparo, mas o do STJ não: até há algum tempo, bastava o recolhimento do porte. Mas a Lei n. 11.636/2007, regulamentada pela Resolução 01/2008 da Presidência do Superior Tribunal de Justiça, passou a exigir o preparo também para o recurso especial. Outros requisitos de admissibilidade Os demais requisitos de admissibilidade de todos os recursos são comuns também ao RE e ao REsp. Exige-se, portanto, que haja legitimidade, interesse, regularidade formal e inexistência de fato impeditivo ou extintivo. Requisitos que são comuns ao RE e ao REsp, mas que não são exigidos nos recursos comuns Enquanto houver a possibilidade de interposição de algum recurso ordinário, não serão admissíveis o RE e o REsp. Que não visem rediscutir matéria de fato Os recursos extraordinários são de fundamentação vinculada: só cabem nas hipóteses das alíneas dos arts. 102, III, e 105, III, da CF. Em todas elas, há a preocupação em preservar e uniformizar a interpretação da CF e das leis federais. Eles não se prestam a corrigir injustiça da decisão, decorrente da má apreciação dos fatos e das provas. Causas decididas — O prequestionamento Tanto o art. 102, III, quanto o 105, III, da Constituição Federal restringem o cabimento do RE e do REsp às causas decididas. Disso advêm duas consequências importantes: ■ tais recursos só são cabíveis contra decisões judiciais (“causas”), nunca contra as administrativas; ■ é preciso que a questão — constitucional ou federal — a ser discutida no recurso tenha sido ventilada nas instâncias ordinárias, isto é, suscitada e decidida anteriormente. Não cabe RE nem REsp sobre questões não previamente discutidas e decididas nas vias ordinárias. A essa exigência, dá-se o nome de prequestionamento,comum a ambos os recursos. PROCEDIMENTO As regras sobre interposição são comuns ao RE e ao REsp e vêm tratadas a partir do art. 1.029 do CPC. Eles serão interpostos no prazo de quinze dias, perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal a quo. A interposição, pelo mesmo litigante, de ambos, quando pretender discutir questão constitucional e federal, deve ser simultânea, sob pena de haver preclusão consumativa, mas em petições diferentes. RECURSO ESPECIAL Hipóteses de cabimento Estão previstas nas alíneas a, b e c do art. 105, III, da CF. De acordo com esse dispositivo, caberá ao Superior Tribunal de Justiça “julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida”: Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal Der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal RECURSO EXTRAORDINÁRIO Hipóteses de cabimento Estão previstas na Constituição Federal, art. 102, III, alíneas a, b, c e d. De acordo com o dispositivo constitucional, compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida”: Contrariar dispositivo desta Constituição Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO É um tipo de agravo que cabe contra a decisão do presidente ou vice-presidente do tribunal de origem que, em juízo prévio de admissibilidade, indeferir o processamento do recurso extraordinário ou especial. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO Esse recurso foi introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n. 8.950/94. Suas hipóteses de cabimento vêm previstas no art. 1.043 do CPC: “É embargável o acórdão de órgão fracionário que: I — em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; (...) III — em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia”. As hipóteses dos incisos II e IV do art. 1.043 foram revogadas ainda na vacatio legis do novo CPC. Sua finalidade é evitar divergências, tanto de natureza material quanto processual, no âmbito do STF e do STJ, uniformizando a jurisprudência. Pressupõe, no âmbito do STF, que haja divergência de entendimento entre uma e outra Turma, ou entre uma Turma e o Plenário; e, no âmbito do STJ, divergência entre uma Turma e outra, ou entre Turma e Seção, ou ainda entre a Turma e o Órgão Especial. Não basta que ela se manifeste entre ministros da mesma Turma, a menos que a sua composição tenha sido alterada em mais da metade de seus membros (art. 1.043, § 3º). É preciso, normalmente, que se estabeleça entre dois órgãos fracionários distintos desses Tribunais, ou entre um deles e o plenário. É preciso que a divergência seja atual, não cabendo mais os embargos se a jurisprudência do Tribunal já se uniformizou em determinado sentido. É regulado pelos regimentos internos do STF e do STJ. O prazo para interposição é de quinze dias da publicação da decisão embargada. A petição de interposição deve vir acompanhada com a prova da divergência, sendo necessário que indique, de forma analítica, em que a divergência consiste.
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