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Literatura brasileira

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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste
Polo de Guaraniaçu
Componente Curricular: Literatura Brasileira
Atividade avaliativa 3
Tema: Literatura Brasileira – Realismo/Naturalismo
Literatura escrita e o cinema o que podemos observar
 Analisando a obra de Machado de Assis “As Memórias Póstumas de Brás Cubas” de 1899 e revendo o filme da mesma obra em 2001. Tanto em texto quanto em filme pude observar que trata-se de um romance como ele próprio diz com algumas rabugens de pessimismo, junto com um sentimento amargo e áspero, retratado por um defunto autor dentro de um quarto viajando na roda da sua vida. 
 Claro que entre a literatura escrita e o cinema sempre há algumas diferenças, e semelhanças também, vemos aqui a mesma obra narrada das duas maneiras, Já de início podemos ver uma das principais diferenças, no filme existe todo um cenário montado conforme a época, as roupas que eram usadas, as cidades com suas paisagens encantadoras, os meios de transporte, a bela trilha sonora para cada cena, a linguagem verbal e o rosto de cada personagem, que se é dado pelos atores que fazem a trama, porém entra também a linguagem não verbal que é tudo o que já está descrito, ou seja as imagens e sons que podemos ver. Percebemos então que o filme torna-se visual e sonoro, pois cada um assiste e vê uma realidade, que provavelmente terá a mesma interpretação por todos os telespectadores.
 Já no livro somos nós leitores que imaginamos como tudo se passa, ou seja o cenário será por conta da nossa imaginação, o rosto de cada um suas vestes, o quarto no qual é narrado a história, a trilha sonora que é regida pelo silêncio, ou à música que passa dentro da mente de cada um. O interessante é que a história terá versões diferentes conforme a interpretação de cada leitor.
 Outra diferença muito evidente é a diferença da linguagem, o livro usa uma linguagem da época, já o filme uma linguagem mais moderna, alguns exemplos já bem no início onde o ator defunto começa narrar a história na fala “o escrito ficaria assim mais galante e mais novo”, que no filme se fala “a história fica renovada e moderna”, a palavra “livro” é trocada pela palavra “história”, “pentateuco” por “bíblia”, “rijos e prósperos” por “bem vividos”, e assim o texto inteiro trará palavras diferentes mas com o mesmo sentido.
 Ainda no início do filme pude observar que nenhum nem outro retrata a história exatamente igual, pois alguns detalhes que tem no filme não tem na obra, e outras que tem na obra não observamos no filme. Por exemplo onde o autor fala sobre sua partida no filme é retratado que ele estava acompanhado pelo médico da família, o amigo, uma piedosa vizinha e a tal senhora, já no texto fala apenas que o acompanhavam umas nove ou dez pessoas, ente elas três senhoras, que seriam sua irmã com a filha e a tal senhora que é retratado detalhadamente o seu desespero, onde no filme não mostra essa parte, mas sim já logo conta o seu nome que era Virgilía e que eles haviam se amado muito a vinte anos atrás, “ e que ela teria sido seu grande pecado’. Conta também os delírios que sentiu a beira da sua morte, e que teria cavalgado um hipopótamo que o levou até uma personagem chamada natureza. Coisas que no texto é retratado em uma outra parte mais a frente contando inclusive inúmeros outros delírios que ele tivera bem mais detalhadamente. O filme já vai logo contando a história da causa de sua morte que seria o “emplastro de cubas”, onde ele sonhava em realiza-lo e se tornar famoso por isso, já o texto explica muitas outras coisas e detalhes de sua vida e sua família, partes que são deixadas de lado no filme. 
 Uma das coisas que se assemelharam é que nem na obra, nem no filme ele conta como foi o tempo de escola que deve ter sido turbulento assim como a sua infância marcada como “o menino diabo”. Daí em diante pulam direto para suas aventuras amorosas que começou com uma prostituta chamada Marcela que lhe custou um bom dinheiro, porém seu pai logo o manda para estudar, vejo ai também algumas cenas passadas no navio que no filme não foi retratada. Estudando na Europa ele até consegue se formar dentre tantas aventuras amorosas, porém tende voltar pois sua mãe estava à beira da morte, vejo ai uma característica positiva de Brás, apesar de sua vida toda desregrada, de nunca querer nada com nada, mas o amor a sua mãe era imprescindível tanto que sua morte lhe tirou o chão e levou-o ao abismo. Até que seu pai resolve escolher um destino para ele, ai vemos também o porquê ele sempre foi tão sem juízo porque o pai sempre lhe mimou e lhe deu de tudo, inclusive agora onde decide o que o filho deve fazer que é ter um cargo político e uma esposa. Ele até aceita porém fracassada sua ideia, pois não consegue nem o cargo nem a esposa e os perde para Lobo Neves o que acaba levando seu pai a morte também. Essa parte da obra é bem narrada tanto no texto quanto no filme, mais uma de suas semelhanças.
 E assim segue a vida de Brás que acaba se tornando amante de Virgília, mas apesar de ama-lo muito permanece ao lado do marido até sua morte. Enfim depois de tantas aventuras e nada de concluído em sua vida ele acaba por morrer tentando criar o “emplastro de Cubas”, que não chega a sua conclusão, mas ele ainda acaba dizendo ter tido um pequeno saldo, o de não ter tido filhos, e não ter passado seu legado de miséria a nenhuma criatura.
 Contudo então depois de ter lido a obra de Machado de Assis e assistir sua reprodução em cinema por André Klotzel, pude chegar à conclusão que o filme é bem mais curto que o livro, pois não conta a história detalhadamente, conta apenas as partes principais desde o seu nascimento até a sua morte, porem a meu ver consegui compreender bem mais fácil, talvez pela linguagem mais moderna, e porque o visual me chama muito mais atenção que a linguagem escrita.
Referências: ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/category/23-romance. Acesso em 31 mar.2020.
KLOTZEL, André. Memórias póstumas de Brás Cubas, 2001. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PoAlwJAJQZs&list=PLwpfc5evd5tTmLxLCQAmyRD9ajhdakpEF&index=5&t=0s. Acesso em 31 mar.2020.
PELLEGRINI, Tânia. Moda importada: introdução do Realismo no Brasil. Itinerários, Araraquara, n. 39, p. 117-138, jul./dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/viewFile/7592/5286. Acesso em 01 abr. 2020.

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