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AS ARTES VISUAIS COMO MEDIADORA DO ENSINO/APRENDIZAGEM 
DE PESSOAS SURDAS OU DEFICIENTES AUDITIVOS
 CRUZ , Lucélia Silva da
. 
RESUMO
Este trabalho aborda a metodologia do ensino-aprendizagem de alunos com deficiência auditiva e/ou surdez, e sobre o uso das artes visuais para a mediação da prática pedagógica. Questionou-se se os professores estão preparados para os atendimentos educacionais desses alunos. Com objetivos de analisar a educação especial e discutir conceitos de educação inclusiva, analisar referenciais teórico-metodológicos; refletir sobre o papel do professor e considerar adequação de atendimento à pessoa com necessidades especiais educacionais. A metodologia de trabalho se enquadrou numa abordagem qualitativa de pesquisa e análise bibliográfica
Palavras-chave: Educação especial, LIBRAS, Artes Visuais; Mediação.
Abstract
This work deals with the teaching-learning methodology of students with hearing loss and / or deafness, and on the use of the visual arts to mediate pedagogical practice. It was questioned whether teachers are prepared for the educational attendance of these students. With the objective of analyzing special education and discuss concepts of inclusive education, analyze theoretical and methodological references; reflect on the role of the teacher and consider adequacy of care to the person with special educational needs. The work methodology was framed in a qualitative approach of research and bibliographic analysis
Keywords: Special Education, LIBRAS, Visual Arts; Mediation.
INTRODUÇÃO
Após inúmeras pesquisas, sabendo-se que a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais é desenvolvida no espaço do corpo, ela é viso – espacial ou gestual – visual, com movimentos e expressões corporais, a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos, o que diferencia da Língua Portuguesa que é uma língua oral auditiva que utiliza sons articulados e percebidos pelos ouvidos.
O que me fez acreditar que ao usar desenhos ou figuras, a aprendizagem ficaria de forma mais compreensível, resolvi pesquisar como eu poderia usar as artes visuais, e juntamente com LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais mediar o ensino/aprendizagem dos alunos deficientes auditivos e/ou surdas, podendo assim desenvolver atividades com desenhos, organizando um planejamento diferenciado e possibilitar o acompanhamento, a assimilação, e acomodação de forma mais eficiente e prazerosa.
DESENVOLVIMENTO
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948, p. 01) "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade". 
Assim, a Declaração dos Direitos Humanos (1948) traz implícito conceito e valores morais, filosóficos, religiosos, de igualdade e dignidade humana e passou entender o deficiente como um cidadão com os mesmos direitos e está contido o preceito de que toda pessoa tem direito a educação. 
A Constituição Federal (1988, p.09) em consonância com essa visão determina no seu artigo 5º, parágrafo 1º que:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade... (A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p.09)
Dessa forma, o direito a educação é um direito humano fundamental e deve atingir a todos independentemente de cor, sexo, religião ou deficiência. A Constituição (1988) estabelece, portanto que a educação é um direito fundamental e uma premissa para a igualdade e cidadania, pois é fundamental como forma de garantir à formação igualitária dos indivíduos. 
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO ESPECIAL
Santos (2001, p.17) afirma: 
É indispensável dominarmos bem os conceitos inclusivistas se é que desejamos serem participantes ativos na construção de uma sociedade justa, que aceite e acolha todas as pessoas, independentemente de sua cor, idade, gênero, opção sexual, tipo de necessidade especial e qualquer outro atributo pessoal (SANTOS, 2001, p.17).
Diante desse fato, de acordo com Aranha (2000) a inclusão é um principio filosófico que reconhece e aceita a diferença nas sociedades, pois estas são constituintes da formação humana. Karagiannis (1999, p.21) completa:
Em um sentido mais amplo, o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas (KARAGIANNIS, 1999, p.21).
A LDBEN (1996) define a Educação Especial como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Entretanto, conforme Paulon, Freitas e Pinho (2005, p.19-20): 
O surgimento da educação especial está vinculado ao discurso social posto em circulação na modernidade para dar conta das crianças que não se adaptavam aos contornos da escola. Foi a partir deste lugar de "criança não escolarizável" que as deficiências foram organizadas sem um amplo espectro de diagnósticos, recortadas e classificadas com o apoio do saber médico. A partir daí a educação especial baseou-se em uma concepção de reeducação através de métodos comportamentais, supondo que bastariam técnicas de estimulação especiais para as crianças alcançarem um nível "normal" de desenvolvimento (PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p. 19-20).
Em se tratando de Educação Especial, Majón, Gil e Garrido (1997), afirmam que não se pode entendê-la como uma modalidade educativa, mas sendo um conjunto de recursos e medidas colocados a disposição dos deficientes para auxiliar o seu aprendizado e o seu desenvolvimento.
De acordo com o documento especial de Política Nacional de Educação Especial (2008, p.18): 
A Educação Especial é definida, a partir da LDBEN 9394/96, como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino. Esta definição permite desvincular “educação especial” de “escola especial”. Permite também, tomar a educação especial como um recurso que beneficia a todos os educandos e que 13 atravessa o trabalho do professor com toda a diversidade que constitui o seu grupo de alunos. Podemos dizer que se faz necessário propor alternativas inclusivas para a educação e não apenas para a escola. A escola integra o sistema educacional (conselhos, serviços de apoio e outros), que se efetiva promotora de relações de ensino e aprendizagem, através de diferentes metodologias, todas elas alicerçadas nas diretrizes de ensino nacionais (POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - 2008, p.18)
Portanto, o termo Educação especial é entendido atualmente, conforme colocaram Majón, Gil e Garrido (1997) como um elemento integrador para a garantia da aquisição dos conteúdos curriculares.
DEFICIENCIA AUDITIVA
 Antes de conceituar e compreender a surdez é importante saber como as pessoas ouvem, qualquer problema em uma das partes do ouvido, conforme Redondo e Carvalho (2000), pode prejudicar a audição em maior ou menor grau. 
A Deficiência Auditiva é entendida, segundo o documento de ajudas técnicas 15 para educação (BRASIL, 2004), como sendo "a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz". 
Conforme os documentos da Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2006) pode-se classificar a surdez de acordo com o comprometimento auditivo em: 
1. Parcialmente surdo: possui dois níveis: surdez leve (até 40 decibéis) que causa dificuldade na compreensão dos fonemas e não conseguem ouvir uma voz baixa ou distante, aparentam serem indivíduos desatentos. São capazes de aquisição da linguagem oral; surdez moderada (entre 40 e 70 decibéis) está no limite da percepção da palavra, precisa que se fale alto para ouvirem. Pode gerar atraso no desenvolvimento da linguagem e dificuldades de pronúncia. Ambientes barulhentos dificultam a sua percepção auditiva. A compreensão verbal está ligada à sua aptidão para a percepção visual. 
2. Surdo:também possui dois níveis: surdez severa (entre 70 e 90 decibéis). È capaz de identificar ruídos familiares e perceber a voz forte, grande atraso na aquisição da linguagem, mas com apoio é capaz de adquirir a linguagem oral. A compreensão verbal depende principalmente da aptidão para utilizar a percepção visual; surdez profunda (superior a 90 decibéis) incapacidade de perceber e identificar a voz humana é muito difícil a aquisição espontânea da linguagem oral como instrumento de comunicação, utilizando uma linguagem gestual por meio da língua de sinais.
De acordo com Skliar (1998, p.11):
A surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência. Definir a surdez como um fato concreto chama nossa atenção, em repensar a formação do sujeito como um todo. A perda auditiva implica em várias mudanças desde psicológica quanto social e educacional. (SKLIAR, 1998, p.11)
De acordo com a Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2006) por ser uma língua visual-espacial, a Língua de Sinais é adquirida sem dificuldades, na interação com usuários fluentes. Uma vez adquirida, ela vai possibilitar ampliação de conhecimento de mundo e de língua, com base nos quais os alunos surdos poderão aprender de fornia mais eficiente a Língua Portuguesa. 
Redondo e Carvalho (2000, p.14-15) lembram:
Para que a sociedade possa melhor conhecer as pessoas que têm perda de audição, é importante pensarem cada indivíduo como um ser único, repleto de possibilidades.... Se o surdo não pode ficar esperando que a sociedade faça tudo por ele, também não pode lutar sozinho e competir com os ouvintes, como se fosse ouvinte. (REDONDO E CARVALHO, 2000, p.14-15).
Desenvolvimento da pessoa com Deficiência Auditiva 
De acordo com Barroco (2007), a linguagem de sinais é forma genuína de expressão e comunicação e, portanto, complexa e rica, com sintaxe própria, capaz de expressar conceitos pensativos diferentes, ideias, ditados entre muitos outros. É uma forma de pensar e exteriorizar esses pensamentos. 
Portanto, a escolarização deve se fundamentar na premissa de que as aprendizagens dessas pessoas precisam contar com órgãos e apoios mediadores, no restante o método de ensino-aprendizagem dos deficientes auditivos e/ou surdos são os mesmos que para as outras crianças. 
Barroco (2007), lembra que não é necessário que se ensine, na escola, a articular as palavras, mas a apropriação do conhecimento para garantir sua compreensão e participação na realidade social. Redondo e Carvalho (2000, p.15) afirmam:
Seja qual for o tipo de educação recebida, especial ou não, o surdo não precisa apenas de escola. É indispensável que lhe seja oferecido atendimento nos aspectos médicos relacionados com a surdez, bem como orientação familiar e suporte emocional, procurando facilitar o desenvolvimento de suas potencialidades, levando-o a fazer escolhas e responsabilizar-se por elas e oferecendo-lhe as mesmas oportunidades disponíveis para as pessoas que não são portadoras de deficiência. (REDONDO E CARVALHO, 2000, p.15).
Um pouco do histórico do ensino de Artes 
A arte sempre esteve presente, desde antigamente, onde o homem deixava seus registros na parede da caverna. No Brasil começamos a pensar no ensino das artes a partir do séc. XIX, o estudo da arte nesse período ainda era muito classificatório, isto é, apenas filhos da elite dos nobres tinham o privilégio de estudar artes, Segundo Santos (2006), 
No séc. XX o professor era detentor da verdade, ele é quem tinha o conhecimento a ser trabalhado e os alunos eram apenas os receptores. Nessa época as artes tinham a finalidade de treinar o desenho, tentando ao máximo chegar à perfeição, enfatizando o desenho geométrico com base em datas comemorativas e animações de comemorações patrióticas. Ainda no mesmo século, a arte desenvolveu-se na questão de ensino, brotando assim as tendências pedagógicas. 
Este método de ensino de arte está vinculado a um entendimento de uma pedagogia Tradicional onde:
O ensino e a aprendizagem de arte concentram-se apenas na transmissão` de conteúdos reprodutivistas, desvinculando-se da realidade social e das diferenças individuais. O conhecimento continua centrado no professor, que procura desenvolver em seus alunos também habilidades manuais e hábitos de precisão, organização e limpeza. (FERRAZ E FUSARI, 1993, p.31.)
Em 1971 com a LDB 5652/71 a educação artística incide a incluir-se no currículo escolar como atividade educativa, tendo o foco em técnicas e capacidades. Em 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), prevê que as artes se tornem obrigatórias na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio).
Segundo os PCN’S:
O mundo atual caracteriza-se entre outros aspectos pelo contato com imagens, cores e luzes em quantidades inigualáveis na história. A criação e a exposição às múltiplas manifestações visuais geram a necessidade de uma educação para saber ver e perceber, distinguindo sentimentos, sensações, ideias e qualidades contidas nas formas e nos ambientes. Por isso é importante que essas reflexões estejam incorporadas na escola, nas aulas de Arte e, principalmente, nas de Artes Visuais. 
A aprendizagem de Artes Visuais que parte desses princípios pode favorecer compreensões mais amplas sobre conceitos acerca do mundo e de posicionamentos críticos. As artes visuais, além das formas tradicionais — pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, objetos, cerâmica, cestaria, entalhe —, incluem outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e transformações estéticas do século XX: fotografia, moda, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação, arte em computador. Cada uma dessas modalidades artísticas tem a sua particularidade e é utilizada em várias possibilidades de combinações entre elas, por intermédio das quais os alunos podem expressar-se e comunicar-se entre si e com outras pessoas de diferentes maneiras. No mundo contemporâneo as linguagens visuais ampliam-se, fazendo novas combinações e criam novas modalidades, junção do som, imagem e dados, as telecomunicações, gera o fenômeno multimídia em uma plataforma única, modificando os três setores e possibilitando novas formas de se produzir e vincular a informação, as chamadas NTIC’S – novas tecnologias.
A educação de artes visuais requer entendimento sobre os conteúdos, materiais e técnicas com os quais se cogita, assim como o entendimento destes em diferentes períodos da história da arte, inclusive a arte contemporânea. Para isso, a escola, especialmente nos cursos de Arte, necessita ajudar os alunos a acontecer por um vasto conjugado de experiências de instruir-se e criar, articulando esperteza, pensamento, sensibilidade, conhecimento e cultura artística pessoal e social.
Incluir em cenário as esperanças e as atitudes pelos quais os alunos transformam suas ideias de arte, ou seja, o modo como aprendem, criam, desenvolvem e transformam suas questões do ponto de vista de arte.
Ao desenhar o educando expressar o que quer, cabe ao professor perceber e aproveitar para propor novas aprendizagens, onde o educando com várias possibilidades possa aprender os sinais, ou seja a Língua de Sinais, seja ela em datilologia, sinais ou mostrado, utilizando-se assim a arte visual para ase chagar a um consenso.
O deslocamento concretiza-se pela linguagem, mais designadamente, pelos sinais que o educando surdo e/ou com deficiência auditiva possa fazer e apreender. Neste movimento, a criança pode expressar algo que conhece (a partir de sua memorização e inteligência), mas que ainda não poderia expressar, pela ressalva de não conhecer a língua. 
A constituição do desenhar encontra-se nas condições sociais e históricas em que os sujeitos estão inscritos e nas transformações que a imaginação permite efetuar. Por isso, a atividade do desenho permite o nascimento de configurações de objeto, de informaçõesque não estão necessariamente presentes no real, mas encontram-se conformados pela linguagem, através das probabilidades criativas. 
Dessa forma, Santos (2006) coloca que devemos analisar, raciocinar, compreender e interpretar a partir dos conhecimentos artísticos que interpretamos. 
Diante da dificuldade que submerge os objetivos pedagógicos, a falta de referências visual no seu cotidiano, a comunicação através da língua de sinais e a percepção do mundo pelo sentido da visão, confirmar a importância da comunicação visual, que liga as mensagens para eles de forma decidida e interativa desde sua concordância até os aparências metodológicas que invadem o seu ensino/aprendizagem, a emprego das Artes visuais propõe uma nova forma do educando se divulgar, informar-se e conferir sentido às percepções, pensamentos e emoções, como contribuição da aprendizagem de vários conteúdos.
 O Interlocutor de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Guarinello et al. (2006) comenta que a inclusão de surdos significa mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais. Para que realmente aconteça a inclusão da criança com deficiência auditiva é necessário que a escola e a sociedade sejam inclusivas, assegurando igualdade de oportunidades a todos os alunos e contando com professores capacitados e compromissados com a educação de todos.
O interlocutor de LIBRAS deverá interpretar tudo o que os professores estão falando em suas aulas. Mas, também, tem que pensar no aluno, porque de nada adianta o interlocutor interpretar tudo e ao final da aula ele não entender nada. O interlocutor tem que ensinar primeiramente os sinais que não é do conhecimento do aluno, só depois desses conhecimentos é que o aluno terá como começar a aprender, e os demais conteúdos curriculares serão consequências. 
Como mediar a aprendizagem dos surdos através das Artes Visuais?
A Língua Brasileira de Sinais – mais conhecida pela sigla LIBRAS – é o sistema gestual desenvolvido e adotado pelo Brasil que facilita a comunicação entre pessoas surdas e/ou deficientes auditivas, também qualquer outra pessoa interessada em se relacionar com a comunidade surda. Como qualquer outra língua, esta é composta de todas as informações indispensáveis para que seja considerada uma ferramenta linguística de eficácia e domínio, exigindo-se muito estudo prático para que se alcance um completo aprendizado.
Adotado pela maioria dos surdos e reconhecidos através da Lei de número 10.436, o alfabeto em libras surgiu no Brasil Império. No entanto, a mesma só foi oficializada, de fato, um século e meio depois, em abril de 2002.
Os sinais surgem da soma de padrões de mão, e em alguns casos, de pontos de articulação e de movimentos – partes do próprio corpo ou no espaço em que são executados. 
Para as pessoas começarem a aprender a língua de sinais, primeiramente é ensinado o Alfabeto Manual ou Datilologia em LIBRAS, que é produzido por diferentes formatos das mãos que representam as letras do alfabeto escrito e é utilizado para escrever/soletrar próximo ao corpo, em espaço neutro, o nome de pessoas, lugares e outras palavras que ainda não possuem sinal.
É através do alfabeto que iniciamos a aprendizagem dos surdos ou deficientes auditivos, e para facilitar a aprendizagem nos utilizamos de exemplos, que envolve as artes visuais, tais como: a pintura, escultura, desenho, gravuras, desenho industrial, arte gráficas, cinema, fotografia, televisão, vídeo, computação, que resultam dos avanços tecnológicos.
Para ensinar é preciso perceber a maneira de cada indivíduo e grupo se relacionar com o conhecimento e com o ato criativo. O conhecimento é uma junção de arte, de técnicas e de vivências. O professor organiza os conhecimentos a partir da sua visualidade. Seus objetivos, como o aluno se envolve no processo pedagógico, e a mediação dos significados exigem uma criatividade no planejamento de uma pedagogia visual que serão determinantes para a competência do processo do ensino/aprendizagem dos educandos surdos. Segundo Pacheco et al (2007): 
Um sistema educacional que fornece inclusão total baseia-se nas seguintes crenças e princípios: todas as crianças conseguem aprender; todas as crianças frequentam classes regulares adequadas à sua idade em escolas locais, [...] recebem programas educativos adequados, [...] recebem um currículo relevante às suas necessidades, [...] participam de atividades co-curriculares e extracurriculares, [e] beneficiam-se da cooperação e da colaboração entre seus lares, sua escola e sua comunidade. (PACHECO ET AL, 2007, p.14).
Para que haja uma possível aprendizagem utilizamos os conteúdos e conhecimentos que estejam relacionados com seu dia a dia, associado à da Artes Visuais, exemplificando com imagens que temos no nosso tempo atual, e dessa forma ela utiliza do ensino da arte para articular esses conteúdos ao dia a dia dos alunos como linguagem e na sua relação dialógica.
No início é mediada o conhecimento com o alfabeto, os objetos descritos, para em seguida ser demonstrado o sinal, será assim até que o aluno aprenda os sinais, porque o ensino/aprendizagem também é realizado em português.
Se o aluno é surdo primeiramente em Língua de Sinais e depois em língua portuguesa, se for deficiente auditivo, primeiramente em língua portuguesa e consequentemente em Língua de Sinais. Porque o aluno precisa saber ler, nomes de ônibus, placas informativas, cardápios, livros, provas etc. Constantemente é utilizado sinais de verbos, para demonstrar ação.
O educando pede para ir ao banheiro, comer, beber, brincar, jogar, conversar, falar, abraçar etc. Assim, ao estabilizar os seus significados, pelo sinal, a criança surda atribui sentido à ação gráfica. A criança também vai compondo os significados de seu desenho e trabalhando, diretamente ou não, com seu interlocutor. 
O desenho pode apresentar uma variedade de sentidos e o desenhar vai sendo, então, constituído pelos signos, pelas diversas possibilidades de interpretação que suscita que coloca o sujeito surdo em uma abastada situação dialógica, permitindo e marcando a entrada desse sujeito no mundo da linguagem. Cada gesto, cada sinal, cada marca deixada no papel, fundamenta o desenvolvimento do desenho e o consequente desenvolvimento da assimilação e interpretação da linguagem. 
Após um tempo o aluno usará somente os sinais classificadores, ou o alfabeto para palavras que não tem sinais, ficando mais fácil a comunicação entre o interlocutor e com a comunidade surda.
Para o aluno surdo, e os demais alunos com necessidades educativas especiais, o acompanhamento pedagógico especializado em turno inverso é necessário e também servirá para auxiliar os professores que não estão preparados para atender este alunado. Pois, em classes mistas, há necessidade de respeitar o ritmo dos alunos surdos que, em comparação aos demais colegas, possuem um ritmo mais lento no desenvolvimento de suas tarefas, uma vez que necessitam entender a explicação dos professores por meio da intérprete, e somente depois de concluída, copiam as anotações do quadro.
CONCLUSÃO
Trabalhar, em unidades escolares, com alunos com deficiência auditiva não é uma tarefa fácil, pois estamos cada vez mais nos deparando com a falta de subsídios por parte do Estado, porém esse desafio não torna menos prazeroso, o trabalho com esses educandos, é muito gratificante, ver os resultados aparecendo. Como os subsídios não são suficientes, o professor de LIBRAS, busca cada vez mais ferramentas diversas, as vezes não muito comum, para fazer com que seu trabalho flua com esses alunos. Percebemos também que o processo de ensino/aprendizagem dos alunos que possuem essa deficiência, não é diferente de qualquer outra pessoa, porém é necessário refletir sobre a inclusão destes no processo de desenvolvimento e aquisição de conhecimentos.
Neste trabalho foi abordado um projeto de alfabetização, com imagens, ou seja, utilizou – se da Arte visual, para colocar em prática meios ilustrativos, desenhos que são colados diante do aluno, para que este saiba que aqueleobjetivo tenha determinado nome – função. Utilizou-se também imagens de produtos, de várias linhas, como alimentos, objetos escolares, que tinham nome, como por exemplo, um tubo de cola, um pacote de arroz, que tinham o nome desses objetos em letras destacadas.
Para o sucesso do processo de aprendizagem há necessidade de existir motivação entre colegas, professores, direção da escola e as demais pessoas que fazem parte do convívio do aluno surdo. Aos educadores cabe a interação e o conhecimento sobre como contribuir para a diversidade e o desenvolvimento de habilidades intelectuais e do pensamento crítico e reflexivo, tornando os cidadãos mais aptos a conviver em uma sociedade cada vez mais exigente, garantindo direito de igualdade a todos, sem discriminação. Para que a inclusão realmente aconteça na escola e na sala de aula, é importante que o professor e os demais colegas ouvintes conheçam mais sobre a cultura surda e busquem formas de estabelecer uma comunicação com os colegas surdos, seja através da Libras ou outros meios de comunicação. Entende-se que há necessidade de desenvolver uma metodologia diferenciada dos demais como, por exemplo, a utilização de recursos visuais sempre que possível em suas aulas, propiciando o aprendizado, o processo de desenvolvimento e a aquisição de conhecimentos, pesquisando constantemente sobre situações inovadoras, favorecendo uma atividade prazerosa, criativa e diversificada, não se esquecendo do campo gesto – visual do aluno, sabendo que eles aprendem os mesmos conteúdos, mas de forma diferenciada.
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 atenção do leitor com uma ótima citação do documento ou use este espaço para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta arrastá-la.]
����������������������������������������Pós graduanda do curso de LIBRAS – Lingua Brasileira de Sinais,- UNIPEC – Universidade de Educação e Cultura - São Paulo/SP – � HYPERLINK "mailto:lucelinhacruz@gmail.com" �lucelinhacruz@gmail.com��

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