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Dentro da classe dos inibidores da síntese de parede celular existem dois tipos: β-lactâmicos: inibem a síntese de parede celular através da proteína ligadora de penicilina e pela inibição da transpeptidase. Glicopeptideos: inibem a síntese da parede celular por meio d diminuição da agregação do peptideoglicano presente na parede celular. São mecanismos de ação diferentes mas que causam o mesmo efeito. Os dois são bactericidas. Quando essa proteína está alterada temos no caso do S. aureus o MARSA, e tem bactérias que produzem as β-lactamases como mecanismo de resistência. Os medicamentos vão se ligar a PLP e vão enfraquecer a parede celular pela inibição da transpeptidase gerando lise bacteriana, tanto nas gram positivas quanto na gram negativas. ANTIBIOTICOTERAPIA INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR Penicilinas, Cefalosporinas, Carbapenêmicos e Monobactâmicos Mecanismo de ação: β-LACTÂMICOS: A parede celular das gram positivas e negativas são diferentes, as gram positivas tem uma estrutura mais espessa do que as gram negativas. Os β-lactâmicos atravessam a parede celular e vão se ligar a proteína ligadora de penicilinas (PLPs) São antibióticos, produzidas pelo fungo Penicillium, que foi descoberto por Fleming em 1922. A estrutura da penicilina é composta por um anel β-lactâmico - uma ligação com dupla O e Nitrogênio. Esse anel é responsável pela ligação com a PLP. 1) PENICILINAS: No anel tiazolídinico algumas estruturas de penicilina (as naturais principalmente) tem um grupamento carboxílico, que pode se tornar um sal de sódio - Penicilina Sódica; ou um sal de potássio - Penicilina Potássica. A cadeia lateral tem uma tendência de aumentar a lipossolubilidade da penicilina. Então se colocar um anel aromático ligado a essa cadeia essa penicilina vira Benzilpenicilina. Classificação das Penicilinas: Penicilinas Naturais. Aminopenicilinas. Penicilinas Resistentes às Penicilinases. Penicilinas de Amplo Espectro As três primeiras são administradas por via intramuscular, sendo que a cristalina é administrada também por via endovenosa. A Penicilina V é a única natural que é administrada por via oral (não é muito usada). O que difere uma das outras é o tempo de meia vida: Cristalina: adm de 4/4 horas - concentração muito alta que decai muito rápido. Procaína: adm a cada 12 horas Benzatina: adm a cada 3 dias porque ela forma depósitos intramusculares, se distribuindo pouco, não atingindo concentrações plasmáticas muito altas. Penicilinas Naturais: Penicilina G cristalina Penicilina G procaína Penicilina G benzatina Fenoximetil - Penicilina V Do ponto de vista farmacocinético as penicilinas não são muito bem absorvidas por via oral. Mas por serem hidrossolúveis elas possuem uma grande distribuição por fluídos e tem uma dificuldade de penetração no LCR (5-10% consegue chegar se a barreira hematoencefálica estiver desconstruída), próstata e Olhos. Não consegue chegar também aos alvéolos pulmonares, então não são usadas para tratar pneumonias comunitárias. Não sofrem metabolismo hepático e sofrem eliminação renal. www.michelandvenice.com Ex: para tratar a Sífilis não é necessário uma concentração muito alta, então é usada a penicilina Benzatina. Já para tratar um Pneumococo é preciso de uma concentração maior então usa a Cristalina. Atividade antimicrobiana (espectro de ação): Indicações clínicas da penicilina G benzatina: Tem um espectro de ação estreito, não pega as bactérias produtoras de β- lactamase e MARSA. Atividade maior para gram positivos, uma gram negativa e espiroquetas. Quase não são usadas para anaeróbios. Espectro de ação: Gram positivos: Streptococcus faecalis, pyogenes e pneumoniae (principal agente causal da pneumonia comunitária) Gram negativos: Escherichia coli, Shigella, Klebsiella e Haemophilus Resistência à beta-lactamase (E. coli, Pausterella sp, Staphylococcus). Diante dessas bactérias produtoras de beta-lactamase tem os Inibdores de beta-lactamase que podem ser usados associados aos antibióticos beta- lactâmicos: todos conseguem inibir as ESBL Ácido clavulânico Sulbactam Tazobactam As associações são: Amoxicilina + clavulanato Ampicilina + Sulbactam Tiparcilina + Clavulanato Piperacilina + Tazobactam Ampicilina --> Shigela Amoxicilina associada a outros antimicrobianos pode ter ação sobre a Salmonella e Helicobacter pylori. Gráfico de biodisponibilidade por via oral: Aminopenicilinas: Ampicilina Amoxicilina Bacampicilina (não temos no Brasil) Tratamento da sífilis: em todos tem uma droga alternativa em caso de falha do tratamento ou alergia. Não é usada nos casos de Erisipela mesmo sendo causada por um MO sensível porque tem baixa penetrabilidade para chegar no edema da erisipela porque atinge baixas concentrações plasmáticas. Assim como nas pneumonias e gonorreia. Indicações clínicas das Penicilinas G Procaína e Cristalina: O impetigo é caracterizado pela presença de edema local, adenopatia regional, febre e bacteremia. Como elas atingem uma maior concentração podem ser usadas na erisipela, algumas pneumonias e a Cristalina pode ser usada em infecções do SNC. A amoxicilina tem uma maior disponibilidade VO (pode ser usada EV em ambiente hospitalar), reduz na presença de alimentos. E a Ampicilina é usada sempre EV porque tem baixa biodisponibilidade VO. Espectro de ação: Cocos e bacilos gram positivos (S. aureus) Aeróbios e anaerobios Não pegam MARSA e ORSA (alterantiva é usar Vancomicina) Indicações clínicas: Estafilococicas graves: Impetigo bolhoso Celulite flegmosa Síndrome da pele escaldada Furunculose generalizada Broncopneumonia (são mais graves) Osteomielite Abscesso Endocardite Septicemia púrpura (DIC) Choque séptico Dose: 100 mg/kg/dia a 200 mg/kg/dia A oxacilina é a única penicilina que sofre metabolismo hepática, então prestar atenção a isso. Espectro de ação: pega todas as bactérias já faladas, aumentando o espectro para gram negativas (hospitalares): Serratia, Providência, Klebsiella e aumenta o espectro para outra gram negativa muito perigosa, a Pseudomonas aeruginosa Penicilinas resistentes às Penicilinases: Meticilina (que forma o MRSA) Oxacilina (temos no Brasil. Tem também o ORSA) - forma sódica injetável, tem boa penetrabilidade (serve para infecções graves, pulmonares, osteoarticulares, doenças pélvicas) Cloxacilina Dicloxacilina Nafcilina Penicilinas de Amplo Espectro: Piperacilina (+Tazobactam) - EV, boa penetrabilidade (dificuldade de chegar ao SNC). Carbenicilina Ticarcilina (+Clavulanato) Indicadas para infecções respiratórias e urinárias graves, infecções intra abdominais (anaeróbios), infecções de pele e tecidos graves, sepse bacterianas, infecções osteoarticulares e infecções mistas. Toxicidade dos beta-lactâmicos: são drogas consideradas seguras mas podem causar: Alergia, anafilaxia, hipersalivação, urticária, febre, eosinofilia, neutropenia agranulocitose, trombocitopenia, anemia em animais sensibilizados Toxicidade renal baixa Toxicidade hematológica baixa Neurotoxicidade (já foi vista em alguns casos) Síndrome de Stevens-Johnson - alterações na pele e mucosas. São antibióticos produzidos pelo fungo Cephalosporium. Também são beta-lactâmicos. 2) CEFALOSPORINAS: Apresentam hipersensibilidade cruzada com as penicilinas e não podem ser opção para alérgicos à penicilina. Espectro de ação: divisão em gerações, que não significam que são mais fracos ou mais fortes, mas tem relação com o espectro de ação. 1ª geração: gram positivas e pouquíssimas gram negativas 2ª geração: alguma atividade contra Enterobactérias, gram negativas e H. influenza. Possui anéis de enxofre e dois radicais que fazem com que aumentem as resistência às beta-lactamases, o tempo de ação e a penetrabilidade nos tecidos Características principais: Drogas bactericidas β-lactâmicos semi-sintéticos Mais resistentes às β-lactamases, embora sejam destruídas pelas ESBL. Propriedades farmacológicas: Baixa concentração intracelular Boa penetração SNC (Cefalosporinasde 3ª e 4ª) Excreção renal, exceto Ceftriaxone (biliar) Absorção: Hidrossolúveis (apresentação oral e parenteral) Oral: estável em meio ácido (ésteres que facilitam absorção axetil, pivoxil, proxetil) Efeitos colaterais: Gastrointestinal Trombloflebite Hipersensibilidade – 5 a16% e 1 a 2,5% Hematológicas/ Nefrotoxicidade (comum nas de 3ª geração) Neurológicas (raros) Uso parenteral: Cefalotina (IV) Cefazolina (IV/IM profilático para implantes) Uso oral: Cefadroxila Cefalexina (pega bem infecções por Staphylococos e são seguras para gestantes - infecção urinária, dose de 500g) Tem um tempo de meia vida um pouco menor (adm a cada 6 horas) Usadas para Infecções por Estafilococos e Estreptococos de pele e tecidos moles (faringoamigdalite), não são usadas na pneumonia adquirida na comunidade. Doses: Cefalosporinas de 1ª geração:3ª geração: mais ativas contra gram negativas e menos ativas para gram positivas. 4ª geração: mais resistente à ação das beta lactamases, atividade contra Pseudomonas. 5ª geração: tem um espectro elevado para gram positiva e espectro para MRSA. Mais usada por pediatras Uso parenteral: Cefuroxima (IV/IM) Cefoxitina (IV) - ação boa para Bacterióides fragilis (anaeróbio) que causam infecções abdominais, pélvicas e na profilaxia de cirurgias Uso oral: Cefaclor Cefprozila (Cefzil) Axetil Cefuroxima - usado na pediatria para amigdalites, otites, sinusites, bronquites. Pouca atividade contra cepas resistentes a penicilinas e não agem contra Pseudomonas. Cefalosporinas de 2ª geração: Maior espectro contra gram negativas e contra Pseudomonas. Sem ação contra Enterococos. Maior penetração no SNC - usada na Neisseria meningitidis Uso parenteral (IM/IV): Cefotaxima Ceftriaxona (Rocephin) - infecções do SNC Ceftazidima (P. aeruginosa) Uso oral: Cefixima Doses: Cefalosporinas de 3ª geração: Cefepima (IV) Maior espectro das 5 gerações: Gram (–) e (+), Pseudomonas. Mais resistentes à degradação por β- lactamase. Cefepima não age contra Enterococos. Infecções hospitalares graves Pneumonias, ITU e Meningites causadas por bacilos Gram - sensíveis, sem etiologia determinada Antimicrobiano inicial no paciente neutropênico febril Cefalosporinas de 4ª geração: A medida que aumenta a geração diminui o espectro para gram positivas e aumenta para gram negativas. Ceftaroline (IV) - Zinforo (muito caro) Ação contra: MRSA (Estafilococus resistentes à meticilina) VRSA (Staphylococcus aureus resistentes à vancomicina) VISA (Staphylococcus aureus com resistência intermediária à vancomicina) Pouca atividade contra enterococos e sem ação contra Pseudomonas Tratamento de infecções de pele e tecidos moles, pneumonia adquirida na comunidade. Usada em casos bem graves. Cefalosporinas de 5ª geração: KPC - Klebsiella produtora de carbapenemase Disponíveis no Brasil: Imipenem Meropenem Ertapenem Doripenem Todos são beta-lactâmicos, sendo passíveis a algum tipo de betalactamase (produzida pela KPC) Efeito bactericida com o mesmo mecanismo de ação dos outros beta-lactâmicos. 3) CARBAPENÊMICOS: www.michelandvenice.com São os betalactâmicos com maior espectro de atividade da classe Resistentes às betalactamases Originados da Tienamicina (composto produzido pelo Streptomyces cattleya) Não tem efeito sobre MARSA e ORSA Espectro de ação: Cocos gram +: Streptococcus spp., Staphylococcus spp. Enterococcus spp (exceto o ertapenem) Bacilos gram - fermentadores: E. coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp.,, Citrobacter spp., Proteus spp., Serratia spp., Morganella morgani, Salmonella spp. Bacilos gram - não fermentadores: Acinetobacter spp., Pseudomonas aeruginosa (exceto o ertapenem) Anaeróbios: B. fragilis, Clostridium spp. Mecanismo de resistência: Os mecanismos de resistência são os mesmos que aos demais betalactâmicos, mas acontece com menor frequência pelo mecanismo de betalactamases que é a carbapenemase. Propriedades farmacológicas: Pouco absorvidas por VO/ Adm IM/EV Associação Imipenem+cislatatina (aumentar meia vida) Meropenem não são degradados pela peptidases renais Baixa ligação com as proteínas plasmáticas Boa penetração: abdome, respiratório, bile, TU, liquor(meropenem)e órgãos genitais Os carbapenes não devem ser utilizados como primeira escolha no tratamento empírico de infecções comunitárias ou hospitalares. Indicações: Suspeita de microbiota aeróbica e anaeróbica Infecções por multirresistentes Pacientes graves (IOT, sepse, UTI) Infecção Abdominal Infecção no SNC Pneumonia Pele e partes moles ITU-complicada Infecção ginecológica O ertapenem é uma alternativa para o tratamento de infecção por Klebsiella pneumoniae produtoras de betalactmases de espectro estendidos e para continuidade de tratamento no domicilio por sua apresentação IM e dose única diaria, é uma droga de alto custo. Efeitos colaterais: Imipenem-cislastatina: convulsão Aumento das transaminases 5% Trombocitoses e eosinofilia Náuseas e vômito 3,8% Pode haver reações cruzadas de alergia a penicilina 1,2% Posologia: Imipeném + Cilastatina: Adultos: 250 a 500 mg de cada IV a cada 6 a 8 horas Crianças > 3 meses: 60-100 mg/kg/dia IV 6/6 horas Meropeném: Adultos: 1 g IV a cada 8 horas Crianças > 3 anos: 60 mg/kg/dia IV 8/8 horas (Meningite: dose dobrada) Ertapeném: 1 g IV ou IM 1x ao dia (não usar em crianças) Descobertas em 1981 Bactericidas e atuam como as penicilinas e cefalosporinas 4) MONOBACTÂMICOS No Brasil: Aztreonam (muito caro) Propriedades farmacológicas: Pouca absorção VO Ligação ptn plasmática 50a 60% Boa penentrabilidade: tecidos moles e líquidos, osso, próstata, pulmão, secreção traqueal SNC e TGI Enterobacterias são sensíveis ao Aztreonam. Indicações clínicas ITU grave. Bacteremias. Infecções pélvicas. Peritonites. Infecções Respiratórias. Mantém-se ativo em ambientes ácido - opção no tratamento de abscessos. É uma alternativa útil aos aminoglicosideos por não ser nefro ou ototóxico, assim como as penicilinas e cefalosporinas , nos pacientes alérgicos. www.michelandvenice.com Usados em ambiente hospitalar.
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