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Câmbio nominal e o efeito competitividade-preço Prof.a Dr.a Roseli Silva Objetivos desta aula: Entender o efeito de mudanças da taxa de câmbio nominal sobre a competividade-preço e desta para o lado real da economia. Vimos que o comportamento da taxa de câmbio no curto prazo, tudo mais constante, depende do retorno relativos dos ativos domésticos e internacionais, medidos na mesma moeda. Uma elevação (queda) na taxa de juros doméstica, por exemplo, produz um fluxo de entrada (saída) de capitais que leva a um excesso de oferta (demanda) de dólares no mercado cambial e portanto a uma queda (elevação) no preço do dólar, ou seja, apreciação (depreciação) da moeda doméstica. Essa movimentação da taxa nominal de câmbio afeta a produção de bens e serviços no lado real da economia, por meio das exportações líquidas, como vimos no segundo módulo. As exportações líquidas são guiadas, basicamente, pelo comportamento da renda doméstica, da renda do resto do mundo e pela taxa de câmbio real. A taxa de câmbio real é a medida da competitividade relativa entre os países, e = EP ∗ P , conforme vimos anteriormente. No curto prazo, quando há variações na taxa de câmbio no- minal (E), que afetam a percepção dessa competitividade pelos agentes que estão comprando e vendendo bens e serviços no comércio internacional. Não é um efeito de ganho ou perda de competitividade em termos reais, é um efeito preço e por isso normalmente na literatura chama- mos esse efeito de competitividade-preço, para ficar bem claro que não se trata efetivamente de incorporar mais ou menos tecnologia, de aumentar a produtividade do capital ou do trabalho, ou, ainda, melhorar as características institucionais e políticas de uma economia que produzem um efeito de ganhos de competitividade e avanço tecnológico. É, simplesmente, o efeito preço que significa que, quando a taxa nominal se aprecia, até que essa apreciação se reflita em ou- tras variáveis nominais da economia e afete o nível geral de preços (P), leva tempo e enquanto ocorre esta dinâmica de ajuste, há uma percepção de mudança na relação de trocas do ponto de vista real entre os países, que é o efeito da competitividade-preço - a apreciação nominal, no curto prazo, produz apreciação real, desestimulando exportações e estimulando importações. Não é um efeito que vai durar para sempre, é um reflexo que aparece apenas enquanto os efeitos dinâmicos estão ocorrendo na economia, enquanto as decisões estão sendo tomadas 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE MACROECONÔMICA 2 ao longo do tempo, produzindo a possibilidade de que uma mudança no câmbio nominal seja percebida como uma como um ganho ou perda de competitividade. Neste caso, chamamos competitividade-preço, para ficar bem claro que relação com a competitividade expressa no longo prazo pela Paridade do Poder de Compra, mas que pode levar a uma uma resposta tanto do ponto de vista das importações quanto das exportações. Figura 1 – Efeito competitividade-preço: o canal do câmbio na transmissão da política monetária Quando assumimos que essa resposta seja relevante, estamos assumindo que o efeito competitividade-preço seja mais importante para decisão de importar e exportar do que a própria renda doméstica ou a renda do resto do mundo. Essa é uma hipótese relativamente forte, ou seja, que requereria evidências empíricas para que avaliássemos a sua plausibilidade para a economia em análise. Assim, quando há uma apreciação (depreciação) da moeda doméstica, há uma perda (ganho) de competitividade-preço ou seja uma queda (elevação) da taxa real de câmbio em termos desta mudança de câmbio nominal. Essa mudança produz um incentivo para que houvesse mais importações e menos exportações. Os produtos domésticos ficariam mais caros no resto do mundo e os produtos importados ficaram mais baratos domesticamente, diminuindo o saldo de exportações líquidas, que é um dos componentes do dispêndio doméstico no mercado de bens e serviços. Portanto a conexão entre taxa de juros doméstica e câmbio nominal e entre câmbio nominal e câmbio real, que é o efeito competitividade-preço, produz a seguinte conexão ló- gica: quando há uma elevação na taxa de juros doméstica, há uma apreciação da taxa nominal de câmbio que se reflete, momentaneamente, como uma apreciação da taxa real de câmbio, ENTENDENDO A DEMANDA AGREGADA 3 que produz o efeito de diminuir o saldo de transações correntes, ou seja, diminuir o dispêndio doméstico, diminuir a renda da economia, diminuir em consequência o consumo das famílias, disparando o multiplicador keynesiano, que potencializa a queda das exportações líquidas ini- cial. Em conjunto com a diminuição do investimento e do consumo - resultado da elevação da taxa de juros - um efeito ainda maior de diminuição, ou seja, acentua o efeito restritivo da política de elevação da taxa de juros, de uma política monetária restritiva. Esses efeitos se combinariam, o efeito via câmbio, que é o canal de transmissão do câmbio da política monetária e o efeito restritivo sobre a demanda agregada no contexto dos mercados de bens e serviços.