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Canal Carreiras Policiais – Instituto de Ensino das Carreiras Policiais Ltda. Todos os direitos reservados. www.canalcarreiraspoliciais.com.br DIREITO TRIBUTÁRIO 1 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | ORIENTAÇÕES PRELIMINARES 1. Este material foi desenvolvido pelo editorial do Instituto de Ensino das Carreiras Policiais e é protegido por Direitos Autorais, sendo completamente vedada a reprodução parcial ou integral sem que haja a devida autorização, sob pena de responsabilização cível e criminal. 2. Nosso material é de uso exclusivo e interno aos nossos alunos/coachees, sendo atualizado semanalmente por nossa coordenação de materiais didáticos. 3. Nossos materiais possuem a profundidade específica para o concurso-meta de cada aluno, com o foco para o que efetivamente é exigido pela banca examinadora do certame. 4. Havendo dúvidas sobre o conteúdo ou dificuldade de assimilação, o aluno deve se utilizar do livro para potencializar a compreensão e informar ao coach através do relatório semanal. 5. Faremos a revisão continuada dos temas. Não se preocupe em absorver todo o conteúdo na primeira leitura. Nosso site: www.canalcarreiraspoliciais.com.br E-mail: coach@canalcarreiraspoliciais.com.br Instagram: @canalcarreiraspoliciais “A vida vai testar você. A vida vai testar a sua força de vontade e você terá que mostrar a ela que é isso mesmo o que você quer e que você merecedor disso! Levante a cabeça, aceito os desafios e mostre que você merece conquistar os seus sonhos!” “Para chegar aonde poucos chegam é preciso fazer o que poucos fazem.” http://www.canalcarreiraspoliciais.com.br/ 2 DIREITO TRIBUTÁRIO ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 1. Impostos; 2. Taxas; 3. Contribuição de Melhoria; 4. Contribuição; * 5. Empréstimo Compulsório. * * Estas espécies têm previsão apenas na Constituição Federal. Art. 145, CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 148, CF - A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios. Art. 149, CF - Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou 3 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS NO BRASIL: Tributo pessoal – Aquele que leva em consideração os atributos da pessoa. Ex. IR Tributo real – Leva em consideração os atributos da coisa. Ex. IPTU e IPVA. Tributo vinculado – É o tributo com contraprestação pré-determinada pela norma, situação em que o contribuinte, ao pagá-lo, sabe qual será contraprestação do estado. Ex. taxas, contribuições de melhoria. Veja maiores explanações abaixo. Tributo não-vinculado – É aquele que não há contraprestação estatal determinada pela norma, mas se dá apenas pela ocorrência do fato gerador. Ex. impostos. Tributos Diretos – É aquele que entre a ocorrência entre o fato gerador e o dever de pagar o tributo não há intercalação de sujeitos. Ex. IPTU e IPVA. Tributos Indiretos - É aquele que entre a ocorrência entre o fato gerador e o dever de pagar o tributo há intercalação de sujeitos. Nesses casos, há a possibilidade de repasse do encargo financeiro ao próximo da cadeia. Ex. IPI e ICMS. Tributos Fiscais – É aquele que tem por finalidade precípua a arrecadação a fim de suprir as necessidade públicas. Ex. IR, IPTU, IPVA, ITBI, ITCMD. Tributos Extrafiscais – Visa estimular ou desestimular condutas do sujeito, não sendo o objetivo precípuo a arrecadação. Em síntese, extrafiscalidade não é sanção de ato ilícito. É o desestímulo de condutas lícitas, porém indesejáveis. Ex. II, IE, IOF, IPI, ICMS. Tributo Parafiscal – É aquele em que a competência tributária está com uma pessoa e a capacidade ativa tributária encontra-se com outra pessoa. Tributo destinado a entidades paraestatais que atuam em atividades de interesse do Estado. Ex. Contribuições de interesse de categoria profissional e econômica. Nesse caso, a competência tributária é da União, mas a capacidade tributária é dos CRM, CRC... ficando com 100% da arrecadação para si. O professor Ricardo Lobo Torres critica essa nomenclatura, pois dizer que o tributo é parafiscal significa que o mesmo está à margem dos próprios tributos. 4 ATENÇÃO: Segundo a doutrina, o tributo pode ser ao mesmo tempo fiscal e extrafiscal, porém possui uma preponderância essencial a ser um ou outro. Ex. IPTU é tributo precipuamente fiscal, mas tem um viés extrafiscal quando analisado sobre o prisma da progressividade. Ex. IPVA é precipuamente fiscal, mas tem o caráter extrafiscal quando permite uma tributação menor face à utilização de combustível menos danoso ao meio ambiente. 1. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: A competência tributária para criação do empréstimo compulsório é privativa da União, exigindo-se a criação e majoração por meio de LC. Isso impede que o referido tributo seja instituído por MP, mesmo em caso de guerra. (ART. 148,CF). O empréstimo compulsório exigem alguns pressupostos fáticos, somente podendo ser criado: a) Em caso de guerra externa ou sua iminência; b) Em caso de calamidade pública; c) Para investimento público de caráter urgente e de relevância nacional. d) Para despesa extraordinária: é aquela absolutamente necessária, após esgotados os fundos públicos, inclusive os de contingência (Sacha Calmon). Diferentemente do que ocorre com os impostos, em que a Constituição elenca as situações ensejadoras da sua incidência, o art. 148 não faz qualquer referência ao fato gerador do empréstimo compulsório. Este será descrito abstratamente na lei complementar criadora do tributo, desde que presente um dos pressupostos fáticos previstos na norma constitucional. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Para instituir IR, por exemplo, não é necessária a verificação de alguma situação especial. A competência é exercida de maneira ordinária, ou seja, mediante atividade rotineira. Já o empréstimo compulsório é tributo de competência extraordinária. Princípio da Anterioridade: Destaque-se que, quando o empréstimo compulsório é instituído em caso de guerra ou calamidade pública, não é preciso a observância da anterioridade para o exercício e nem a nonagesimal. Assim, quando instituído para investimento público de caráter 5 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | urgente e de relevância nacional, o empréstimo compulsório deverá observa ambos os princípios da anterioridade. Nos empréstimos compulsórios, o critério utilizado para conceder competência tributária à União foi o critério da finalidade, ou seja, estabeleceu-se que, em determinadas situações excepcionais, o tributo possa ser instituído para fazer frente a objetivos específicos. Nesse sentido, pode-se afirmar que o empréstimo compulsório é um tributo finalístico. Assim, quando criado o empréstimo compulsório, a arrecadaçãodo valor objeto do empréstimo deve ser destinado INTEGRALMENTE ao motivo que o justificou. Assim, se criado em virtude de guerra externa, não posso dispor de qualquer percentual para investimento público urgente e relevante. Importante ressaltar que o que caracteriza o empréstimo compulsório é a situação fática que enseja sua instituição e a destinação do produto da sua arrecadação. O que nos permite concluir que o fato gerador é irrelevante para a definição da sua natureza jurídica. Só os impostos, taxas e contribuições de melhoria são definidos pelos seus fatos geradores. Então, não há que se falar em bitributação se o empréstimo compulsório vier com fato gerador próprio de imposto. É possível a instituição de um empréstimo compulsório sobre situações compreendidas na competência dos estados (art. 154) e dos municípios (art. 155)? Ex: poderia a União, numa situação de guerra externa, instituir empréstimo compulsório com fato gerador idêntico ao do IPTU? Sim, contudo há dois posicionamentos sobre as fundamentações: 1. Apenas a situação de guerra externa ou sua iminência autorizariam a bitributação, com fulcro no art. 154, II, da CF; 2. É possível em qualquer caso, pois a repartição de competências dos arts. 153, 155 e 156 só se aplica para os impostos. Como se dá a restituição do empréstimo compulsório? A devolução do empréstimo deve ser feita em dinheiro. Segundo STF, não pode o Estado restituir com fundo de participação, cotas de desenvolvimento e etc. (RE 121.336/ CE) RESUMO DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: ✓ Competência tributária privativa da União; ✓ A instituição deve se dar por lei complementar (enquanto os tributos em geral podem ser instituídos por lei ordinária). Isso impede inclusive a utilização de Medidas Provisórias, mesmo em caso de guerra; ✓ É um tributo cuja instituição depende da verificação de determinados pressupostos fáticos. 6 2. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: A competência tributária é concorrente a todos os entes da federação, podendo ser criado por Lei Ordinária. A contribuição de melhoria possui dois critérios para fins de instituição: realização de obra pública e valorização imobiliária. Ressalte-se que obra pública e serviço público não se confundem. Na obra pública ocorre o desempenho de uma atividade estatal que, em tese, deve terminar (com a entrega do bem à população). (ART. 145,III, CF e Art. 81 a 82 do CTN e DL 195). Art. 145, CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 81, CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Base de Cálculo: É o quantum de valorização experimentada pelo imóvel. A base de cálculo não tem nada a ver com o custo da obra, nem com o valor da obra. Nota-se, portanto, que não se pode cobrar o mesmo valor de todos os beneficiários. - Para ser criada a contribuição de melhoria o ente deve respeitar, simultaneamente, dois limites: A) Limite Global: corresponde ao gasto efetivo com a obra; B) Limite Individual: corresponde a valorização imobiliária para cada contribuinte. Assim, pode acontecer de, em uma mesma vizinhança, um contribuinte pagar mais contribuição de melhoria do que o outro, pois um contribuinte pode ter auferido maior valorização individual. Ademais, o ente nunca poderá cobrar valores superiores ao gasto efetivo com a obra, observando o limite global. Por fim, em razão desses parâmetros, a contribuição de melhoria somente pode ser cobrada após a finalização da obra a fim de possibilitar a mensuração do limite global. Muitos municípios instituem taxas para remunerar obras, sendo a mais comum a chamada taxa de remuneração asfáltica. Há inconstitucionalidade, pois não se trata de serviço público, e sim de obra. Ex. Em uma obra fora gasto R$ 50.000,00 que gerou valorização individual exata para 15 moradores no valor de R$ 5.000,00. Nesse caso, o Poder Público 7 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | não poderá cobrar a contribuição de melhoria no valor de R$ 5.000,00 de cada morador, visto que superaria o valor gasto efetivamente com a obra (valor global). Assim, como a valorização foi equânime, o correto seria dividir o valor do gasto pelo total de moradores beneficiados pela valorização imobiliária. A respeito do limite total, Geraldo Ataliba, seguido por Roque Carrazza (citado por Carlos Velloso em julgado do STF), diz que na obra pública há casos em que o valor da valorização supera o custo total com a obra. Outros casos há em que a valorização não serve para custeio integral da obra. Nesse sentido, questiona-se a possibilidade de cobrança do tributo sem a valorização imobiliária. Pelo entendimento do STF, não é possível: em havendo desvalorização do imóvel em decorrência da obra, há inclusive responsabilidade civil do Estado pelo ato, que embora lícito, gera dano injusto para o indivíduo. (RE 115863/ SP) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: Pelo fato de a contribuição de melhoria se mostrar como regra à anterioridade tributária (anual e nonagesimal), o tributo terá que respeitar tais esperas. É importante notar que o pagamento deverá pressupor uma obra pública finda e naturalmente provocadora de valorização. Sobre isso, o art. 9º, Dec-lei 195/67, trata de obra composta por etapas, ao término das quais o tributo seria exigido. 3. CONTRIBUIÇÕES: As contribuições, em regra, são de competência da União. Porém, a contribuição social previdenciária do servidor público será de competência do ente a qual pertencer o servidor- (art. 149,1º). Ademais, a COSIP será instituída apenas pelos Municípios e DF. Ademais, em regra, as contribuições podem ser criadas por meio de lei ordinária, ressalvada a Contribuição Social Residual, que exige criação por LC. As contribuições adstringem-se à solidariedade em relação aos integrantes de um grupo social ou econômico, na busca de uma dada finalidade. É a circunstância de as contribuições terem destinação específica que as diferencia dos impostos, enquadrando-as, pois, como tributos afetados à execução de uma atividade estatal ou paraestatal específica, que pode aproveitar ou não ao contribuinte. O que define a Natureza Jurídica de uma contribuição não é o seu fato gerador, mas sua finalidade, ou seja, a destinação do produto da 8 arrecadação. A contribuição, portanto, diferente dos impostos, taxas e contribuições de melhorias, é tributo finalístico. As contribuições correspondem a um gênero, dentro do qual existem 4 espécies: A) Contribuições sociais; (art. 149 e 195 da CF) – Competência privativa da União, ressalvada a contribuição social previdenciária do servidor público será de competência do ente a qual pertencer o servidor- (art. 149,1º). As contribuições destinadas à seguridade social são utilizadas como instrumento para financiar saúde, assistência ou previdência social. Em regra, pode ser criada por lei ordinária, ressalvada a contribuição social residual. A lei instituidora da contribuição é a lei ordinária, como regra. Mas a contribuição social previdenciária residual é tributo que deve ser instituído por lei complementar. O nome “contribuições”, genericamente posto, é recomendável (Leandro Paulsen). No máximo, pode-se aceitar o termo “contribuições especiais”. Mas, cuidado com o qualificativo “sociais”, pois designa espécie, e não gênero. Isso é um problema, de modo que não é recomendável se falarem “contribuições sociais”. STF - RE 396266 →As contribuições devidas a terceiros, como as do SESI, SESC e SENAI, são contribuições sociais. Porém, a contribuição para o SEBRAE tem natureza de CIDE, e não de contribuição social. Além das contribuições sociais destinadas à seguridade social, a doutrina e jurisprudência afirma que existem as contribuições sociais gerais. Segundo o STF, são contribuições sociais gerais aquelas destinadas a financiar uma atuação da União na ordem social não atinente à seguridade social (saúde, assistência e previdência). Ex. Contribuições com finalidade de educação básica pública. A contribuição residual é aquela que não tem previsão na constituição, podendo ser criada respeitando os limites previstos:(art. 195,4º) 1. Somente pela união; 2. Tem que ser por lei complementar; 3. Não pode ter fato gerador e base de cálculo de contribuição já prevista; 4. Não-cumulativo. Segundo a jurisprudência do STF, as novas contribuições para a seguridade social (contribuições residuais), apesar de só poderem ser criadas mediante 9 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | lei complementar, poderão ter base de cálculo e fato gerador próprios de impostos, mas não das contribuições existentes. (RE 228.321-RS). Ex: a contribuição residual criada por uma lei pode incidir sobre prestação de serviços, não obstante já haver imposto municipal incidente sobre tal situação, a saber, o ISS. O princípio da solidariedade torna irrelevante a existência de contrapartida ou benefício direto decorrente da atuação da União. Conforme se depreende da leitura dos incisos do art. 195, CF, os sujeitos passivos dessa contribuição (empregador, empregado, lotéricas e importadores) pagam o tributo não porque recebem algo em troca, mas em decorrência da aplicação do princípio da solidariedade. OBS: O STF entendeu que, mesmo não tendo empregados, as pessoas jurídicas devem contribuir sobre o faturamento e sobre o lucro (RE 249841 AgR/PR). Observação: na contribuição social paga pelo empregado, este de fato tem a expectativa de receber algo em troca – o seguro obrigatório vinculado à Previdência. Para a doutrina, seria o único caso em que há uma contrapartida direta ao contribuinte em decorrência do pagamento. No mais, os fatos geradores do dever de pagar são semelhantes aos dos impostos, pois se referem a fatos do contribuinte, e não ao serviço prestado pelo Estado. A única diferença entre essas espécies tributárias, nesse sentido, é a finalidade específica das contribuições especiais. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA: As contribuições sociais apresentam imunidade especifica, no que tange às contribuições de assistência social sem fins lucrativos, hipótese em que estas entidades não pagam impostos e nem contribuições sociais (art. 195,7º). ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA: Todas as contribuições (v.g., CIDEs, Contribuições Corporativas, Contribuições Sociais Gerais e outras) devem respeitar os princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal (art. 150, III, “b” e “c”, CF, respectivamente). Há, todavia, duas ressalvas importantes: (I) CIDE-Combustível, que foge à regra da anterioridade anual (art. 177, § 4°, I, “b”, CF), no concernente à redução e ao restabelecimento de alíquotas, e (II) as contribuições da seguridade social, que devem respeitar um período especial de noventa dias (anterioridade mitigada ou noventena), consoante o art. 195, § 6º, da CF. Como visto, essa regra específica só é aplicável para as contribuições destinadas a financiar a seguridade social, não se aplicando para as contribuições sociais gerais nem para outras contribuições. 10 INTRODUÇÃO: As contribuições sociais presentes na constituição (aquelas não precisam de lei complementar para serem instituídas) tem como base de cálculo a folha salário, faturamento de uma empresa, receita, lucro e receitas de prognósticos. As receitas de prognósticos são aquelas pagas na realização de concursos lotéricos e apostas de qualquer natureza. Hoje, incidente sobre a folha salário, o CSSS. Sobre o faturamento e receita temos o PIS/COFINS e PASEP. Sobre o lucro temos o CSLL. Essa contribuições sociais, como estão previstas na Constituição Federal, podem ser instituídas por meio de lei ordinária. Dado de extrema importância é que, de acordo com a EC nº 33/01, contribuições sociais e contribuições de intervenção no domínio econômico não podem incidir sobre as RECEITAS provenientes da exportação. A interpretação do termo “receita” foi feita de forma restritiva pelo STF. Exemplos: não podem incidir PIS e COFINS sobre as receitas provenientes da exportação, mas pode incidir contribuição social sobre o LUCRO (CSLL) obtido em razão da exploração da atividade de exportação. Por outro lado, tais tributos incidirão também na importação. O art. 149, §2º, traz a ideia de que deve haver estímulo à exportação e oneração da importação. As contribuições sociais apresentam alíquotas ad valorem e alíquotas específicas. As alíquotas ad valorem variam de acordo com a receita e faturamento da pessoa jurídica. A título de curiosidade, alíquota específica é aquela que estabelece valor em Real (e não em percentual) variável conforme uma unidade de medida (quilo, m²). DESVINCULAÇÃO DE RECEITA DA UNIÃO: A desvinculação da receita da união (DRU) – art. 76 do ADCT – que permite que até 12/2015 pegue 20% da arrecadação da contribuição social e utilize para o que bem entender, desvinculando o caráter desse tributo. B) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: Competência exclusiva da União. Tributo que pode ser criado por lei ordinária. (art. 149,CF) Essas contribuições muito se parecem com as contribuições sociais, hipótese em que há também imunidade de cobrança desta contribuição diante ante a receitas advindas do exterior. Mas, como a regra, incide na receita de importação. Ademais, também apresentam alíquotas ad valorem e alíquotas específicas. Também há a DRU às CIDE’s. Há diversas CIDE’s em nosso ordenamento, mas a CF/88 prevê apenas a CIDE COMBUSTÍVEL. Veja algumas particularidades desta CIDE: 11 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | As CIDEs são tributos criados com base no elemento teleológico, uma vez que seus objetivos devem ser compatíveis com as disposições constitucionais, em especial as que digam respeito à ordem econômico-financeira. A CIDE é um tributo criado para determinado fim. Como regra, o fato gerador da CIDE não veio disciplinado pelo texto constitucional, com uma única exceção: a CIDE- combustíveis, incluída pela EC nº 33/01 no art. 177, §4º. Nos demais casos, a lei estabelece as situações autorizadoras de sua incidência. A destinação do tributo é o que garante sua natureza específica. Se houver dúvida sobre a destinação, a CIDE será considerada inconstitucional. A CIDE COMBUSTÍVEL pode ser reduzida e restabelecida por ato do Chefe do Executivo (infralegal), apresentando-se como uma excepcionalidade ao princípio da legalidade. Ademais, ela não precisa respeitar a anterioridade para o exercício tão somente a nonagesimal. Quando diante de majoração da CIDE COMBUSTÍVEL exige-se lei ordinária e respeito a ambas as anterioridades. C) Contribuições de Interesse da Categoria Profissional ou Econômica: A competência tributária é exclusiva da União, instituída por lei ordinária. Ex. Contribuições Sindicais. Essas contribuições incidem independente da filiação ao sindicato, pois se trata de um tributo a ser recolhido por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal. Não confunda contribuição sindical com contribuição confederativa, visto que esta é contratual e somente devida àqueles filiados ao sindicato. Vide: STF Súmula nº 666 - A contribuição confederativa de que tratao art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Destaca-se que a contribuição paga para a OAB não tem natureza tributária. Segundo o entendimento do STF, é uma entidade de personalidade suis generis, pois a OAB foi criada para visar o interesse da coletividade, não havendo que se falar em tributo. RE 612015/PR A doutrina ainda diverge a respeito da natureza das contribuições para o “Sistema S”. Alguns autores entendem que seriam contribuições da seguridade social, outros, que seriam contribuições sociais gerais, e, para terceira corrente, tratar-se-iam de contribuições no interesse de categoria social ou econômica. Para fins de concurso, segundo a regra geral e o posicionamento do STF, deve-se afirmar que são contribuições sociais gerais. 12 Isso porque a atuação do Estado nessas áreas é vinculada à área social, embora não à seguridade social. No que tange ao fato gerador, tanto as contribuições previdenciárias quanto as sociais do art. 240 da CRFB incidem sobre a folha de salários. No entanto, a finalidade dos tributos é distinta: enquanto o primeiro viabiliza a previdência social, as contribuições sociais gerais objetivam viabilizar os serviços sociais autônomos. Há de se destacar que existe serviço social autônomo que não atue na área social – ex.: SEBRAE. Para o STF, a contribuição destinada ao SEBRAE não é contribuição social, mas sim CIDE. (RE-396266) ➔As contribuições destinadas ao FGTS têm natureza tributária? As contribuições depositadas na conta vinculada do empregado (8% e 40%), para o STF, não têm natureza tributária, tendo em vista que os valores são destinados ao empregado, ainda que administrados pelo poder público. D) Contribuição de Custeio de Serviços de Iluminação Pública. (art. 149-A – EC/33) Segundo STF, trata-se de uma contribuição sui generis e deve ser instituída pelos Municípios ou DF. Ademais, pode ser cobrada em conjunto com a fatura de energia elétrica, em razão de previsão na própria constituição federal. A exigência da COSIP (Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública) feita apenas aos consumidores de energia elétrica não viola o princípio da isonomia e sua progressividade não viola o princípio da capacidade contributiva – STF RE 573.675. 4. TAXAS: Trata-se de tributo de competência comum, instituído por lei ordinária. (art. 145,II,CF e arts. 77 a 80 do CTN). Representam o primeiro tributo vinculado a uma atuação estatal (1.exercício do poder de polícia ou 2.prestação de serviço público). CTN, Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 13 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | a) Exercício regular de Poder de Polícia (art. 78); Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Poder de polícia, nesse contexto, é a atuação do Estado em prol do bem comum. Dessa sorte, as taxas engendradas partir do poder de polícia dirão respeito às atividades de fiscalização do Estado. Exemplos: taxa para expedição de alvará; taxa de fiscalização de anúncios; taxa de fiscalização da CVM; taxa de controle e fiscalização ambiental; taxa de fiscalização de obras. A Constituição, no artigo 145, II, CRFB, exige o “exercício do poder de polícia”. Ante essa redação, surgiram indagações na doutrina se haveria a necessidade do efetivo exercício, demandando uma fiscalização pontual dos órgãos sujeitos ao pagamento das taxas. Nesse sentido, o STF posicionou-se no sentido de que a cobrança de uma taxa de polícia não pressupõe fiscalização in loco. Basta a existência de um órgão estruturado e em funcionamento (informativo 397, STF). Aliás, o STF entendeu que a existência do órgão não seria condição para o reconhecimento da constitucionalidade da taxa, mas constituiria um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente (informativo 591). b) Utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível. b.1. Serviço Público específico e divisível: O serviço público especifico é aquele identificável; Ser divisível é a possibilidade de mensuração de utilização individual por parte do contribuinte. Em outubro de 2003, publicou- se a Súmula n. 670 do STF, segundo a qual “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”. É fácil perceber que o serviço de iluminação pública exterioriza, por si só, uma dificuldade na identificação do sujeito passivo. Atualmente, o que pagamos é a COSIP, espécie de Contribuição. Ao revés, a taxa de coleta de lixo individual tem natureza jurídica de tributo (SV 19), visto que se caracteriza como um serviço público específico e divisível. Não confunda essa taxa com a limpeza pública, pois aqui não há serviço público divisível. 14 Destaque-se que o STF afirmou em recente análise que as taxas, custas e emolumentos judiciais têm natureza de tributo, sendo inadmissível que parte da arrecadação obtida com essas espécies seja destinada a instituições privadas, entidades de classe e caixas de assistência dos advogados. (ADIN 1378 e ADI 1.145). 1. específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas; 2. divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. b.2. Utilização potencial ou efetiva: Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I – utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; Assim, independente da efetiva utilização do serviço público colocado à disposição, se ele está à disposição do contribuinte, sendo de utilização compulsória, é devida a cobrança de taxa. Ex. Eu pago a taxa de coleta de lixo individual e, meu vizinho, mesmo que opte por realizar, per si, a coleta de lixo, também estará obrigado a pagar a taxa, visto que se está diante de um serviço público específico, divisível e potencial à utilização do contribuinte, mesmo que não esteja efetivamente o utilizando. O STF possuía precedentes antigos asseverando o efetivo exercício do poder de polícia. Para fazer jus à taxa, os órgãos deveriam, in loco, exercer a fiscalização das atividades. Posteriormente, o STF posicionou-se no sentido de que a cobrança de uma taxa de polícia não pressupõe fiscalização in loco. Basta a existência de um órgão estruturado e em funcionamento (informativo 397, STF). Aliás, o STF entendeu que a existência do órgão não seria condição para o reconhecimento da constitucionalidade da taxa. Antes, constituiria um dos elementos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia (informativo 591). BASE DE CÁCULO: Segundo a Constituição Federal, as taxas não podem ter base de cálculo idêntica ao dos impostos (art. 145,2º). As taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos, porque nas taxas o valor a ser pago deve guardar uma razoável proporçãocom a intensidade e a extensão da atuação estatal, com o custo da atividade para o Estado (Informativo 270, 15 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | STF). Apesar da base de cálculo não poder ser idêntica a dos impostos, ela pode ter um ou alguns elementos da base de cálculo dos impostos, conforme entendimento do STF. Veja: S.V 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. A doutrina mais tradicional, encabeçada por Geraldo Ataliba, dizia que as taxas devem levar em consideração a intensidade e a extensão da atividade prestada pelo Estado, e jamais dados relativos ao contribuinte. Contudo, se reconhece nos dias atuais que a intensidade e extensão podem variar conforme as características do contribuinte, sendo razoável que tais dados sejam utilizados para a aferição do valor. Ex: taxa de fiscalização da CVM varia em função do patrimônio líquido da empresa, levando em consideração que o contribuinte de maior porte econômico demanda uma fiscalização mais refinada e custosa. Assim, é inconstitucional a fixação de uma alíquota ad valorem (um percentual) do patrimônio ou dos rendimentos do contribuinte, o que não impede, porém, que se leve em consideração o patrimônio líquido, por exemplo, para fins de averiguação da intensidade e extensão da atuação estatal, ou seja, do custo da fiscalização a ser exercida pelo Estado, desde que em virtude desse patrimônio líquido (maior ou menor), seja também maior ou menor o custo da atividade para o Estado. Capacidade contributiva e a Taxas: Doutrinadores clássicos apoiam-se na literalidade do art. 145, §1º da CRFB para aduzir que não cabe a observância do princípio da capacidade contributiva em relação às taxas. Tal entendimento se dá em virtude da própria natureza das taxas, em que o enfoque é a atuação estatal, e não o contribuinte em si. Não obstante o entendimento da doutrina tradicional, o STF entende que as taxas podem variar em virtude da capacidade contributiva, nos seguintes aspectos: a) Pela isenção da cobrança de taxas em relação aos contribuintes hipossuficientes; b) Pelo princípio da Retribuição ou Remuneração: cada contribuinte remunera o custo da quantidade de serviço consumida; c) Desde que o critério utilizado seja adequado, é possível cobrar mais de quem tem maior capacidade contributiva, principalmente nas taxas cujo fato gerador é o poder de polícia. É o aspecto mais polêmico, com o qual não concordam alguns doutrinadores. Foi o critério utilizado pelo Supremo na decisão referente à taxa de fiscalização da CVM. (Inf. 146, STF) 16 Destinação do Produto da Arrecadação: A Constituição Federal não proíbe e nem obriga que o montante arrecadado com as taxas seja necessariamente destinado à correspondente atividade estatal que deu causa à sua criação, havendo vozes na doutrina em diferentes sentidos. A única hipótese expressa em que existe essa obrigatoriedade se verifica no art. 98, §2º da CRFB – a respeito da taxa judiciária: “As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça”. DIFERENÇA ENTRE TAXA E TARIFA (PARA FIXAÇÃO): → taxa tem natureza tributária, de prestação compulsória, visa cobrar o preço do serviço público prestado em regime jurídico de direito público. Ademais, a taxa é receita derivada pois recaem sobre bens pertencentes ao patrimônio dos particulares, impostas coercitivamente aos cidadãos e decorre de lei. → Já a tarifa é preço público, com natureza contratual e facultativa, diante da prestação de um serviço público por pessoa jurídica de direito privado, visando lucro e se caracteriza como receita originária, visto que são auferidas pelo Estado em decorrência da exploração do seu próprio patrimônio. SÚMULA VINCULANTE N.º 12 DO STF: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal. IMPORTANTE: Os serviços gerais prestados por órgãos de Segurança Pública não podem ser sustentados por taxas. Essa atividade pública, por sua natureza, deve ser retribuída, genericamente, por impostos. (ADI 1.942-MC) São constitucionais: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis. (Súmula Vinculante nº 19) A taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários. (Súmula nº 665 do STF) Taxa de incêndio, em razão da prevenção de incêndios. (AI 677.891) Taxa Judiciária - é possível que tome por base de cálculo o valor da causa ou da condenação. (ADI 948) São inconstitucionais: A taxa de serviço de iluminação pública - serviço inespecífico, não mensurável, indivisível e insuscetível de ser referido a determinado contribuinte, a ser custeado por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais. (RE 233.332) 17 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | Taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos - serviço indivisível. (RE 576.321) A taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa – viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição (Súmula nº 667 do STF) 5. IMPOSTOS (ART. 145, I, CF E ART. 16, DO CTN) Os impostos são tributos que incidem sobre manifestações de riqueza do contribuinte. Art. 145. [...]§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Esse comando normativo estatui o princípio da capacidade contributiva. Por excelência, é aplicável aos impostos (tributos não vinculados). A gradação do imposto levará em consideração o volume do patrimônio, rendimentos e atividades econômicas do contribuinte. É dizer, quanto maior esse volume, maior será a incidência do imposto. Está intimamente ligado à ideia de isonomia e convive com outros princípios. Ex: ITR. Relativamente a esse imposto, a capacidade contributiva cede visivelmente a outro princípio, qual seja, o da função social da propriedade rural. O imposto é um tributo duplamente não-vinculado: (1) Para que possa incidir, não é necessária uma atuação do Estado (art. 16); (2) A aplicação dos recursos, de regra, não pode ser vinculada a órgão, fundo ou despesa, salvo nos casos expressamente contemplados na Constituição. Imposto é tributo não vinculado à ação estatal. Trata-se de um tributo unilateral, que tem por finalidade o custeio DIFUSO de serviços públicos gerais. Existe um princípio que rege o imposto, pelo qual não pode haver afetação da receita de imposto a órgão, fundo ou despesa. Trata-se do princípio da não afetação (ou não vinculação) dos impostos (art. 167, IV, CF), segundo o qual a receita de imposto não pode estar atrelada a órgão, fundo ou despesa. Ex. Não poderia um tributo (ICMS) ter sua alíquota aumentada de 17% para 18 18%, sendo esse aumento de 1% dedicado à construção de moradias populares, pois ele estaria violando o princípio da não vinculação. A Constituição da República não criou impostos. Apenas atribuiu a competência para os entes políticos fazê-lo, por meio de lei. É a lei ordinária que cria imposto no Brasil. Mas, excepcionalmente, dois impostos dependem de Lei complementar: imposto sobre grandes fortunas e impostos residuais. ATENÇÃO: Dispositivos com menção a IMPOSTOS só se referem a IMPOSTOS. EX. Imunidades (art. 150, VI, CF); princípio da capacidade contributiva(art. 145, §1º, CF). Parece óbvio, mas muita gente não se atenta e erra isso! Podem criar imposto no Brasil é da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. O poder de criar tributo é a chamada competência tributária. Competência tributária é, então, o poder político de criação tributário. A competência tributária no âmbito do imposto é dividida através de campos competenciais privativos, de modo que um ente não pode invadir a competência do outro. Impostos Federais (9): IPI, IE,IR,II,ITR,IOF,IGF,Impostos Residuais e IEG. A) ITR - IMPOSTO PELA PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL: (art. 156,VI CF e art. 29 a 31 do CTN, L. 9393/96 e Decreto 4382/02). Critério material: Ser proprietário de imóvel territorial rural. (art. 1228 do CC) O critério utilizado pelo CTN para determinar o imóvel como rural ou urbano é o da LOCALIZAÇÃO. O art. 32 do CTN diz que cabe a lei municipal estabelecer o perímetro urbano e o rural. Porém, não basta apenas a lei mencionar, o próprio art. 32, que deve haver no mínimo 2 melhoramentos dos 5 previsto no art. 32,1º do CTN: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel. Segundo o STJ, incide o imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), e não o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU), sobre imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas por legislação municipal. (REsp 1.112.646/SP) 19 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | Critério Temporal: O fato gerador considera-se praticado no 1º primeiro de janeiro de todo ano. Critério Espacial: Como se trata de um imposto federal, é considerado o território nacional. Critério Quantitativo: A base de cálculo é o valor da terra nua (não inclui as construções). A alíquota do ITR pode variar de acordo com o cumprimento da função social – ser progressivo-, podendo chegar a até 20%. O ITR apresenta uma imunidade específica, visto que não incidirá sobre pequenas glebas quando quem as explore não tenha outro imóvel. (art. 153,4º,II) Sujeito Ativo: União. Contudo, a União pode transferir a capacidade tributária ao Município, hipótese em que 100% da arrecadação será do próprio Município. Sujeito Passivo: Proprietário de imóvel territorial rural. B) IR- IMPOSTO DE RENDA: (art. 153,III,CF art. 43 a 45 do CTN e Dec. 3000/39) Critério material: “Auferir renda ou proventos de qualquer natureza”, sendo necessário o acréscimo patrimonial. De acordo com o art. 43 do CTN: O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Se não houver acréscimo patrimonial, não há fato gerador do IR. Por isso, as indenizações não são fato gerador do IR, visto que não há acréscimo patrimonial, mas sim uma compensação em razão de um prejuízo sofrido. Súmula 498 do STJ: Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. Súmula nº 584 o STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. Diante de uma relação trabalhista somente incide IR diante das verbas remuneratórias (horas extras), não incidindo ante às verbas indenizatórias (venda do período de férias). 20 SÚMULAS IMPORTANTE SOBRE O TEMA: STJ Súmula nº 386 - São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional. STJ Súmula nº 215 - A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda. STJ Súmula nº 136 - O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda. STJ Súmula nº 125 -O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda. STJ Súmula nº 463 - Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo. O imposto de renda segue o Principio da Progressividade, ou seja, quanto maior a base de cálculo maior será a alíquota. Ademais, segue o Princípio da Generalidade, significando que toda pessoa que auferir renda deverá pagar IR. Já o Princípio da Universalidade está relacionado ao fato de que toda a renda é passível de tributação. Critério espacial: Obedece ao princípio da extraterritorialidade, pois pode ser tributada renda auferida em outros países. Critério temporal: O fato gerador, para o IRPF se dá no dia 31 de dezembro de todo ano. A pessoa física hoje tem 5 faixas tributárias. O IRPJ pode ser trimestral ou anual. Se for anual, o fato gerador também ocorre no dia 31 de dezembro; se semestral, o fato gerador ocorre ao fim de cada trimestre. Critério quantitativo: No IRPF, a base de cálculo é a renda auferida, e as alíquotas vão da faixa de isenção, 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, a depender da base de cálculo. No IRPJ pessoa física também se trata de um imposto progressivo, situação em que quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. A base de cálculo do IRPJ pode ser verificada com base no LUCRO REAL, LUCRO PRESUMIDO E LUCRO ARBITRADO, sob alíquota fixa em 15%. Sujeito Ativo: União. Sujeito Passivo: Contribuinte que aufira renda, desde que domiciliado no Brasil por mais de 180 dias. C) IPI – IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS: (art. 153,IV e arts. 46 a 51 do CTN e L. 4502/64 e Dec. 7212/20) 21 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | Critério Material: Realizar operações de produtos industrializados e importar produtos industrializados. (art. 153,IV) Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Esse dispositivo é muito criticado pela doutrina, visto que, aparentemente, trata-se de critério temporal e não critério material como denomina o CTN. Destaque-se que o fato gerador ocorre a cada operação de industrialização. Sujeito Ativo: Uniao. Sujeito Passivo: O importador, quando do desembaraço aduaneiro. O industrial, quando da saída do produto que industrializar. O estabelecimento equiparado a industrial quando os produtos dele saírem. Critério Quantitativo: A base de cálculo se refere ao preço. Na importação, ao preço do produto, para fins de base de cálculo, acrescenta-se: a) o imposto sobre a importação; b) as taxas exigidas para entrada do produto no País; c) os encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; Diante da saída do produto do estabelecimento comercial, o preço do produto é o da operação que decorrer da saída da mercadoria. Na falta do valor, adota-se o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente. As alíquotas variam de acordo com a essencialidade (Princípio da Seletividade) do produto, visto que o IPI se caracteriza como um tributo obrigatoriamente seletivo. O ICMS PODE ser seletivo, o IPIDEVE ser seletivo. Além disso, o IPI segue o Princípio da Não-Cumulatividade (art. 150,3º,II), uma vez que é possível compensar o que se pagou na cadeia anterior com a cadeia posterior. Se na cadeia anterior eu paguei 10 e na cadeia posterior teria que pagar trinta, nessa segunda cadeia, pago somente 20. Nesse sentido, atualmente, o STF aduziu que o IPI com alíquota “0” (isento) na importação de produtos não gera direito de crédito. Imagine que o primeiro da cadeia faça a industrialização e queira vender o produto a R$ 100,00. Nesse caso, há incidência de 10% do IPI.. Assim, ao embutir o valor do 22 tributo no preço, venderá por R$ 110,00. Quando o segundo vê que o custo foi de R$ 100,00 e que R$ 10,00 foi de IPI. Assim, se ele quiser vender o produto por R$ 150,00, o valor do IPI seria de R$ 15,00, mas já foi recolhido pela cadeia anterior R$ 10,00, devendo abrir a conta crédito e depositar o montante de R$ 10,00 para compensar o anterior e pagar somente R$ 5,00 referente ao IPI, que é a diferença entre as duas operações. Isso é ser não cumulativo, a possibilidade de compensar com a cadeia anterior. Agora, se o produto é isento ao primeiro da cadeia, segundo STF, não há qualquer possibilidade de crédito, visto que não houve qualquer tributação na primeira cadeia. Agora, quando a saída do tributo é isenta, pode haver a restituição com a cadeia anterior. Recentemente, o STF concluiu que a PF, quando importa um produto para uso próprio, NÃO DEVE RECOLHER O IPI, visto que ela não poderá valer-se de uma cadeia posterior para aplicar o Princípio da não-cumulatividade. O IPI incide na importação, porém, em razão de imunidade específica, ele não incide na exportação de produtos industrializados. A) II – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO: (art. 153,I da CF, arts., 19 a 22 do CTN e Dec. 33/66 e Dec. 6759/09) Critério Material: Importar produtos estrangeiros. Como se percebe, deve ser pago II e IPI na importação. Contudo, sob a importação há também a incidência do ICMS na importação, hipótese de exceção à vedação de bitributação. Critério Temporal: O fato gerador ocorre no momento da data do registro da declaração de importação. Esse também é o entendimento do STJ. (RESP 1220979) A necessidade de saber a ocorrência do fato gerador é saber qual alíquota deve ser aplicada à importação, em obediência ao princípio da irretroatividade. Sujeito passivo: Importador, destinatário da remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente. O adquirente de mercadoria entrepostada. Critério Quantitativo: As alíquotas do imposto de importação podem ser específicas ou ad valorem. A base de cálculo está disciplinada no art. 20 do CTN: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições 23 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. É ilícita a exigência de nova certidão negativa de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da concessão do benefício inerente às operações pelo regime de drawback. (REsp 1041237) E) IE – IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO: (art. 153,II CF. Art. 26 a 28 do CTN. DL 1578/77 e DEC. 6759/09) Critério Material: exportar produtos nacionais ou nacionalizados para o exterior. Decreto-Lei 288/67Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. Critério temporal: Considera-se praticado o fato gerador na data de registro da declaração de exportação no SISCOMEX. Sujeito Passivo: exportador ou quem a lei a ele equiparar. Critério quantitativo: É o preço normal que a mercadoria ou sua similar alcançaria ao tempo da exportação. A alíquota do imposto é de 30%, facultado ao poder executivo reduzi-la ou aumentá-la de acordo com a política de comercio exterior. F) IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS: (arts. 63 a 66 do CTN – DEC 6306/07) Critério Material: art. 2 do DEC. 6306/07. O IOF incide sobre: I - operações de crédito realizadas: a) por instituições financeiras b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física 24 II - operações de câmbio III - operações de seguro realizadas por seguradoras IV - operações relativas a títulos ou valores mobiliários V - operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial • Exclui-se da incidência do IOF referido no inciso I a operação de crédito externo, sem prejuízo da incidência definida no inciso II • O ouro, enquanto commoditie, incide IOF. Já o ouro, em seu aspecto material, incide ICMS. Critério Quantitativo: A base de cálculo, no termos do art. 64 do CTN: I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate, o preço. - Quanto à alíquota: Nas operações de crédito e relativas a título e valores mobiliários: será a máxima de 1,5%, conforme art. 6 e 29 do Dec. 6306/07; Nas operações de câmbio e seguro: a alíquota máxima será de 25%, conforme art. 15 e 22 do Dec. 6306/07. Nas operações de ouro, enquanto ativo financeiro: a alíquota será de 1%. - INCIDE IOF SOBRE: A alienação de bens salvados de sinistro (ADI 1.648) – constitui operação de seguros; não incide ICMS. Operações de factoring. (ADI 1763) - é um negócio relativo a títulos e valores mobiliários. O resultado de mútuo. (REsp 522294) - NÃO INCIDE IOF SOBRE: Saques efetuados em caderneta de poupança. (Súmula nº 664 STF) Depósitos judiciais (Súmula nº 185 do STJ) 25 D IR E IT O T R IB U TÁ R IO | G) IGF – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS: Trata-se de imposto ainda não instituído pela União, porém de sua competência. Exige a criação por lei complementar. H) IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO GUERRA: Somente instituído em caso de guerra externa ou sua iminência. Somente pode ser cobrado até 5 anos após finalizada a guerra. → Existem 3 critérios para definir a competência tributária, critério da base econômica (prevalece para os impostos), critério da atividade estatal (prevalece para as taxas e contribuição de melhoria) e critério da finalidade (empréstimo compulsório e contribuições sociais).
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