Buscar

Direito Aplicado II - Legislação Tributária

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito aplicado ii – legislação tributária
Aula 01 – Introdução ao Direito Tributário	1
1 – Definição de Conceitos: Direito Tributário e suas Funções	1
2 – Definição de Tributo	1
3 – Espécies de Tributo	1
Aula 02 – Princípios Constitucionais Tributários	1
1 – Conceito: O que são Princípios	1
2 – Os Princípios do Direito Tributário	1
3 – Princípios Específicos de Impostos	1
Aula 03 – Competência Tributária	1
1 – Conceituação e Atributos de Competência Tributária	1
2 – Classificação Doutrinária – Competências Tributárias Constritucionais	1
3 – Legislação Tributária: A Lei e suas Fontes	1
Aula 04 – Impostos em Espécie	1
1 – Impostos Federais	1
2 – Impostos Estaduais	1
3 – Impostos Municipais	1
Aula 05 – Imunidades	1
1 – Conceitos	1
2 – Regras e Sujeitos	1
3 – Principais Espécies	1
Aula 06 – Relação Tributária	1
1 – Obrigação Tributária – O.T.	1
2 – Fato Gerador da Obrigação Tributária – Definição e Conceito	1
3 – Sujeitos, Crédito Tributário e Lançamento	1
Aula 07 – Responsabilidade Tributária	1
1 – Conceito e Espécies	1
2 – Responsabilidade dos Sucessores	1
3 – Responsabilidade de Terceiros	1
Aula 08 – Suspensão, Exclusão e Extinção do Crédito Tributário	1
1 – Suspensão do Crédito Tributário	1
2 – Exclusão do Crédito Tributário	1
3 – Extinção do Crédito Tributário	1
Aula 01 – Introdução ao Direito Tributário
1 – Definição de Conceitos: Direito Tributário e suas Funções
Vamos começar pelo conceito de direito, para depois chegarmos ao conceito de direito tributário:
O direito é uma ciência que tem por finalidade regular, através de normas criadas pelo Estado, a vida em sociedade, para tornar o mais harmônico possível o convívio entre os seres.
Estas normas são divididas em Direito Privado e Direito Público. O primeiro é basicamente, inerente às normas, regulando as relações entre os particulares; enquanto no segundo, o Estado também faz parte em um dos polos da relação jurídica.
Tanto o Direito Privado, quanto o Direito Público, possui várias ramificações, ou seja, são compostos por vários ramos de estudos. Assim, o Direito Tributário é um dos ramos do Direito Público.
Você sabe para que serve estas divisões ou, como chamamos, ramificações?
Servem para facilitar o estudo do direito.
Por exemplo, compete ao Direito Civil o estudo das relações entre as pessoas comuns na fruição de seus bens e direitos.
Ao Direito Penal, compete o estudo das relações de caráter punitivo que se instauram entre o Estado e a pessoa que comete determinado delito.
Desta forma, podemos dizer que compete ao Direito Tributário o estudo das relações jurídicas entre Estado e o contribuinte, relativas à instituição, fiscalização e arrecadação de tributos.
Podemos, também, conceituar o Direito Tributário com outras palavras, sendo o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie; é a Disciplina Jurídica dos Tributos.
Instituir significa criar o tributo. Mais à frente veremos que deve ser feito através de lei, estudando o tributo desde a origem.
Fiscalizar compreende uma gama de atividades desenvolvidas pela Administração Pública no sentido de vigiar o contribuinte, para fazer com que ele cumpra com suas obrigações tributárias.
Arrecadação são os atos praticados pelo Estado para receber os recursos vindos dos contribuintes, ou seja, é o momento do pagamento, quando o dinheiro sai do bolso do contribuinte e vai para os cofres públicos.
Aqui neste ponto se encerram as funções do direito tributário, sendo que, a gestão feita para frente já faz parte de outro ramo, o Direito Financeiro.
2 – Definição de Tributo
Agora que já sabemos o que é direito tributário, vamos ver o que é tributo.
A definição de tributo advém da própria lei. O Código Tributário Nacional (CTN) define em seu artigo 3º o seguinte conceito:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (CTN, art. 3º).
Vamos dividir este conceito em partes e explicar cada uma delas para ficar mais fácil de entender?
1ª parte: é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir. Esta expressão “em moeda” significa que a prestação devida pelo contribuinte deve ser satisfeita através do pagamento em dinheiro, em moeda corrente. Pois assim como as pessoas tem necessidades que são satisfeitas com o uso de moeda corrente, o Estado precisa dela para satisfazer as suas necessidades. Apesar desta regra, temos uma exceção, a Lei Complementar 104/2001, que alterou o CTN, descreve em seu art. 156, inciso XI, que a dívida tributária pode ser extinta mediante dação em pagamento em imóveis.
Ou seja, o tributo é pagável em dinheiro, mas também em bens imóveis.
Uma leitura desatenta da expressão “...ou cujo valor nela possa se exprimir” poderia levar a um entendimento errôneo, que o pagamento poderia ser feito em dinheiro ou em qualquer coisa que pudesse ser revertido nele, porém, esta não é a intenção da lei. O dispositivo, não autoriza o pagamento do tributo em mercadorias, e sim, autoriza que o tributo seja expresso em algo que não diferente de moeda, como nos casos das unidades fiscais usadas, como: Ufir, BTN, OTN, etc. Aqui há o uso de expressos para representar o valor do tributo, contudo, na hora do pagamento o mesmo é convertido em dinheiro. Exemplo:
Se eu tenho um tributo X, que será fixado em 10 Ufir, e esta unidade fiscal estivesse no valor de R$ 6,00 (seis reais) cada, teríamos um obrigação de R$ 60,00 (sessenta reais).
2ª parte: é prestação compulsória. O dever de pagar não surge de um acordo feito entre Estado e contribuinte, e sim, de uma imposição regulada por lei.
Tá vendo, compulsória é porque existe a obrigatoriedade! O estado pode obrigar você a pagar.
3ª parte: é instituído em lei. Somente através de lei, pode- se criar um tributo. Pois, se ninguém é obrigado a fazer nada senão em virtude de lei, e se o tributo é compulsório, logo, este deverá ser feito por lei.
A lei que nos referimos aqui é o ato normativo emanado do Poder que representa o povo – Poder Legislativo.
Se for leis federais a responsabilidade é do Congresso; Se for estaduais é da Assembléia Legislativa do Estado; e Se for municipal é da Câmara Municipal.
Aí vem uma pergunta: Se deve advir de lei, e esta é feita pelo Poder Legislativo, pode o Poder Executivo (Presidente da República) criar tributo, existe alguma exceção?
Neste caso a resposta é sim, pois segundo a nossa Constituição Federal existem algumas exceções que podem ser criadas através de medida provisória, pois durante sua validade ela tem força de lei.
4ª parte: não é sansão de ato ilícito. Este elemento determina que o tributo não significa punição por infração cometida. O dever de pagar tributo não é decorrente de transgressão a nenhuma norma, não tem caráter punitivo, é diferente de multa, esta sim tem este caráter.
O dever de pagar tributo decorre de um fato gerador. A lei define que tal fato, toda vez que acontece, gera para o contribuinte a obrigação de pagar. Exemplo:
· O fato gerador do IPVA é ser proprietário de veículo automotor em cada ano-calendário.
5ª parte: é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada à lei. Significa dizer que a lei não outorga às autoridades administrativas, incumbidas da cobrança, nenhuma margem de opção, no sentido de exigir ou não o tributo, ou ainda, no sentido de escolher de quem ou quando exigir.
Ou seja, a autoridade competente do Fisco é obrigada pela lei a fazer a cobrança de quem é previsto, na forma prevista e no valor previsto.
3 – Espécies de Tributo
Como foi visto anteriormente, os tributos se originam de um certo fato gerador (que estudaremos com maior profundidade à frente), este fato deve ser previsto por lei, e fará surgir o dever do sujeito passivo de pagar (pessoa devedora).
No entanto, existem diversos motivos que aludem em fatos geradores, são exatamente estas característicasdos respectivos fatos geradores que distinguem as espécies de tributos.
Hum! Então as espécies de tributos se diferenciam pela finalidade de que cada uma vai ter, ou seja, depende de onde será gasto o dinheiro.
Assim, a Constituição Federal em seu artigo 145 e o Código Tributário Nacional no artigo 5º, adotaram a teoria tripartite onde existem três espécies de tributos:
I. Impostos; 
II. Taxas;
III. A Contribuição de melhoria.
· Imposto: é tributo de caráter genérico que independe de qualquer atividade ou serviço do poder público em relação ao contribuinte (CTN, art. 16).
É um tributo não vinculado a atividade estatal. Vale dizer que o contribuinte “age” e, consequentemente, paga o imposto.
“Eu Ajo; Eu Pago” (Tributo unilateral)
O imposto tem uma finalidade: custear os serviços gerais ou universais. Ex: segurança pública, educação, saúde etc.
Os impostos estão discriminados na CF, em listas taxativas ou exaustivas (listas “numerus clausus”). Tal separação avoca a temática da “competência tributária privativa no campo dos impostos”.
Entidades impositoras que detêm a competência tributária privativa para impostos:
	Base Legal
	Imposto
	Competência
	Art. 153 – CF
	Federais
	UNIÃO
	Art. 155 – CF
	Estaduais
	ESTADOS E DF
	Art. 156 – CF
	Municipais
	MUNICÍPIOS E DF
· Taxa: é um tributo relacionado com o exercício regular do poder de polícia, ou, com a prestação de algum serviço público para um beneficiário identificado ou identificável (art. 77 do CTN).
A taxa é um tributo vinculado à atividade estatal. Assim, o Estado “age”, e o contribuinte paga a taxa.
“O Estado Age; Eu Pago” (Tributo bilateral, contraprestacional ou sinalagmático).
No campo das taxas, a competência tributária não será privativa, pois inexistem “listas” exclusivas de taxas federais, estaduais e municipais. Sua competência tributária será comum (ou “numerus apertus”).
O Fato Gerador da taxa será um serviço público (taxa de utilização ou taxa de serviço) ou poder de polícia (taxa de polícia ou de fiscalização).
· Taxa de polícia: trata-se de taxa de fiscalização. O conceito de poder de polícia está no art. 78 do CTN.
Ex: taxa de fiscalização ambiental; taxa de alvará.
Atenção: não se admite a taxa de polícia exigida em razão de um fictício policiamento administrativo. Este deve ser concretamente realizado.
· Taxa de serviço público: serviço específico e divisível que enseja essa taxa. Serviço público específico ou singular, ou “ut singuli”: é aquele prestado em unidades autônomas de utilização. Serviço público divisível: é aquele passível de quantificação.
Ex: água e esgoto; luz; gás etc.
Todo serviço público que for geral, universal não poderá ensejar taxa devendo ser custeado por meio dos impostos.
Ex: segurança pública.
Agora chegamos à última espécie de tributos prevista no código tributário nacional (CTN).
· Contribuição de melhoria: é um tributo cuja obrigação tem como fato gerador a valorização de imóveis decorrente de obra pública.
Ex: o Estado constrói uma rodoviária e por este motivo os imóveis que estão perto sofrem uma valorização.
O valor cobrado pela Administração deve guardar estrita correspondência com a valorização dos imóveis considerados, na forma da projeção previamente feita, constante do próprio texto legal que instituiu o tributo, podendo ser impugnada pelos interessados (art. 82 do CTN).
Esse valor cobrado tem dois limites: um individual, correspondente à valorização do imóvel do contribuinte, e outro total, não podendo ser arrecadado um valor global superior ao custo da obra.
E aquelas cobranças que chamam de tarifa, igual à de ônibus, também são tributos?
Importante se faz destacar que as chamadas “tarifas” não são espécies de tributos.
· Tarifas: assim como as taxas, as tarifas servem para remunerar serviços prestados pela Administração. Mas as tarifas não são tributos. São preços públicos que remuneram serviços de utilização facultativa (não compulsória), não se submetendo aos princípios da legalidade e anterioridade, entre outros.
Exemplos: tarifa postal, tarifa para emissão de certidão etc.
Podemos observar que tanto a taxa como a tarifa podem ser exigidas em face de um serviço público específico e divisível, sendo que boa parte da doutrina entende que o diferencial entre uma e outra cobrança esta na compulsoriedade da utilização de tais serviços. Se a utilização não é facultativa, o contribuinte pode ser protegido pelo princípio da legalidade, pois somente a lei tributária poderá impor a prestação pecuniária correspondente que se revestirá da forma de taxa.
A compulsoriedade, como diferencial da taxa e do preço público, é referida pela Súmula 545 do STF:
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação a lei que as instituiu.
	Taxa
	Preço público (tarifa)
	É tributo
	Não é tributo
	Decorre de lei
	Decorre de contrato
	Obrigação ex lege
	Obrigação ex voluntate
	Compulsória
	Voluntária
	Obedece	aos	princípios constitucionais tributários
	Não obedece aos princípios
	Receita derivada*
	Receita originária**
	Ex: taxa de fiscalização ambiental
	Ex: tarifa de ônibus
* É chamada de receita derivada, pois o dinheiro para pagar o tributo deriva do patrimônio do particular.
** O dinheiro deriva do patrimônio do Estado, que a ele retorna.
Você sabia que existe outra espécie de tributo?
É, mas este, tratamos em separado porque ele não está previsto no ctn, é chamado de contribuição social.
· Contribuição Social: este é um tipo de tributo, que apesar de não estar previsto no CTN sua cobrança é autorizada pela CF.
Podemos conceituá-lo como a espécie de tributo cuja cobrança é autorizada pela CF, quando necessária a intervenção do Estado no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação em suas áreas, e que não se subordinam às normas legais relativas ao orçamento.
Ostenta nítida função parafiscal.
O que é Função Parafiscal?
Destinam-se a suprir de recursos financeiros entidades do poder público, com atribuições específicas, desvinculadas do tesouro nacional, no sentido de que dispõem de orçamento próprio.
Podem ser de três espécies: intervenção no domínio econômico, de interesses de categorias profissionais ou econômicas e de seguridade social.
Assim, temos pela teoria tripartite três espécies de tributos: Impostos, Taxas e Contribuição de melhoria, além das cobranças autorizadas pela CF em forma de Tarifas e Contribuições Sociais.
Aula 02 – Princípios Constitucionais Tributários
1 – Conceito: O que são Princípios
Os princípios, de modo geral, são as vigas mestras, os parâmetros que servem para nortear, são a base de algo.
Porém, em Direito Tributário ele tem uma finalidade um pouco diferente, que é a de limitar o Poder de Tributar do Estado.
Veja como isto é importante para todos nós!
O tributo passa por uma invasão patrimonial calcado na compulsoriedade e obrigatoriedade. Ou seja, através dos tributos o Estado invade o seu patrimônio.
A Constituição Federal, porém, impõe limites a esse poder de tributar, ou seja, limites ao poder de invadir o patrimônio do contribuinte, para isto ele utiliza os Princípios.
Olha que legal, os princípios funcionam como um muro de contenção que limita o Poder do Estado de lhe Tributar, de invadir seu patrimônio.
Já pensou se não tivesse este muro, esta limitação! Você já sabe onde se encontram?
Os princípios tributários estão previstos na Constituição Federal nos artigos 150, 151 e 152.
2 – Os Princípios do Direito Tributário
Princípio da Legalidade
Como já vimos anteriormente, os Princípios servem para limitar o Poder de Tributar do Estado. O Princípio da Legalidade é considerado um dos mais importantes. Sabe por quê?
Os entes tributantes só podem criar e aumentar um tributo por meio de lei.
Se não fosse desta forma, ficaria muito fácil para os Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores, Prefeitos), representando o Estado,invadirem o seu patrimônio. Poderiam fazer isto sem lei, apenas com portarias ou decretos. Já pensou?
Agora através de lei é você quem decide o quanto o Estado pode invadir seu patrimônio.
Como Assim?
As Leis são feitas pelos membros do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados, Senadores) que são os representantes do povo, são a voz do povo!
Desta forma, a lei é produto da vontade popular, logo seria “o povo tributando a si mesmo”.
Está vendo como é importante escolher bem seus representantes?
Outra coisa importante que você precisa saber: não é qualquer lei que cria qualquer tributo. A lei hábil a criar tributos é a Lei Ordinária, em regra. Ex: IPTU é criado por meio de lei ordinária municipal.
Todavia, há algumas hipóteses em que o tributo será criado por Lei Complementar, são os casos:
1. Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF)
2. Empréstimo compulsório (art. 148, CF).
3. Impostos residuais (art. 154, I, CF)
4. Contribuições previdenciárias residuais (art. 195, parágrafo 4º da CF)
Qual a diferença de lei ordinária e lei complementar?
A Lei Complementar diferencia-se da Lei Ordinária, desde o quorum para sua formação. A Lei Ordinária exige apenas maioria simples de votos para ser aceita, já a Lei Complementar exige maioria absoluta. A Lei Complementar, como o próprio nome diz, tem o propósito de complementar, explicar ou adicionar algo à constituição, e tem seu âmbito material predeterminado pelo constituinte; já no que se refere a Lei Ordinária, o seu campo material é alcançado por exclusão, se a constituição não exige a elaboração de lei complementar então a lei competente para tratar daquela matéria é a lei ordinária.
Ou seja, a Lei Complementar tem um procedimento mais complexo, não é mesmo!? Então ela cria o tribuno em casos especiais, apenas nestes quatro casos elencados acima, nos demais os tributos são criados por leis ordinárias.
Assim fica confirmado o que vimos, no início da aula, que os Princípios limitam o poder de tributar do Estado, que só pode criá-los ou aumentá-los através de lei. Veja o artigo da Constituição Federal que fala isso:
CF – Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Como podemos observar o artigo acima vem confirmar outro artigo da Constituição Federal, art. 5º, II, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
E se acontecer algum caso de emergência, urgência e o Estado precisar de dinheiro, mesmo assim tem que esperar todo o trâmite da lei?
É, neste caso, o artigo 62, § 2º, permite que o Presidente da República crie ou aumente tributos por meio de Medida Provisória com força de lei. Contudo, esta medida tem que ser submetida imediatamente para aprovação do Congresso Nacional.
A medida provisória, apesar de ser ato do Executivo, tem força de lei, é equiparada com a lei, mas em sentido strictu não é lei.
Mas o que é Medida Provisória?
São “providências (como o próprio nome diz, provisórias) que o Presidente da República poderá expedir, com ressalva de certas matérias nas quais não são admitidas, em caso de relevância e urgência, e que terão força de lei, cuja eficácia, entretanto, será eliminada desde o início se o Congresso Nacional, a quem serão imediatamente submetidas, não as converter em lei dentro do prazo - que não correrá durante o recesso parlamentar - de 120 dias contados a partir de sua publicação”.
Já vimos que, em regra, os tributos só podem ser criados ou aumentados por lei; que dependendo do tributo pode ser Lei Ordinária ou Lei Complementar; que isto serve para limitar o poder do Estado e; que excepcionalmente poderá ser feito através de medida provisória.
Mas o que deve constar na lei tributária?
Há alguns itens que são obrigatórios na lei tributária. Estes itens compõem a chamada reserva legal ou estrita legalidade, ou ainda tipicidade fechada.
E quais são estes itens obrigatórios?
· Fato gerador
· Base de cálculo
· Alíquota
· Sujeito passivo
· Multa
E qual o de cada um?
Seus conceitos serão abordados mais a fundo em outra aula, porém, para podermos assimilar este conteúdo falarei de forma sucinta o que cada um significa:
· Fato Gerador (FG): é o fato capaz de gerar a obrigação de pagar o tributo.
Ex: Zé é proprietário de um imóvel na zona urbana. Ser proprietário de imóvel em zona urbana é o FG do IPTU, logo Zé é responsável por ter que pagar o IPTU.
· Base de cálculo: é de onde o Estado vai se basear para fazer o cálculo do tributo.
Continuando no exemplo do IPTU, a base de cálculo é o Valor do imóvel.
· Alíquota: é a percentagem que será aplicada sobre a base de cálculo para se obter o valor do tributo.
Ainda no exemplo do IPTU: Imóvel vale R$ 100 mil, alíquota de 1%, valor do tributo igual a R$ 1 mil.
Ainda bem que isto tudo tem a obrigação de estar previsto na lei que cria o tributo. Já pensou se os Chefes dos Poderes Executivo pudessem ficar alterando isto sem lei?
Nós, contribuintes, iríamos virar churrasco! Mas ainda, não acabou!
· Sujeito Passivo: é a definição de quem vai pagar o tributo. No caso do IPTU: o proprietário.
· Multa: é a sansão para o contribuinte que não cumprir a obrigação. Também tem que estar prevista na lei, pois senão o fisco pode utilizar-se da multa de forma abusiva.
RESUMINDO: A lei deve disciplinar sobre todos esses elementos. Apenas a Lei pode disciplinar matéria tributária.
ATENÇÃO!!! O que não for parte da Reserva Legal pode ser alterado ou criado por ato infralegal. Por exemplo, o “prazo para pagamento do tributo” não necessita de previsão estritamente legal.
Que quase toda regra tem exceção, é o caso abaixo! Exceções ao princípio da legalidade tributária.
Há 4 impostos federais que podem ter suas ALÍQUOTAS majoradas por ato do poder executivo federal (via de regra por meio de decretos). São eles:
· Imposto de Importação (II);
· Imposto de Exportação (IE);
· Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI); 
· Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
A Emenda Constitucional nº 33/2001 trouxe mais duas exceções à legalidade:
CIDE combustível; ICMS combustível
Por que isso é permitido?
Estes impostos, além da função de arrecadar dinheiro para o Estado, servem também como reguladores da economia. Desta forma, se o Estado precisa aumentar o consumo interno, ele pode, por exemplo, aumentar o valor do Imposto de Importação, assim o consumidor para de exportar e compra mercadoria nossa.
Mas, para isto funcionar não dá para esperar iniciar todo o processo de criação da lei, pois o mercado é volátil!
Assim temos 5 tributos federais e 1 tributo estadual (ICMS), que fogem à regra da legalidade.
Princípio da Anterioridade
Este princípio também é muito importante para todos nós contribuintes!
Ele tem duas regrinhas, vamos ver a primeira.
Pela anterioridade, nenhum tributo será cobrado no mesmo exercício financeiro da lei que o instituiu ou aumentou tenha sido publicada, ou seja, a CF veda expressamente a cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
Veja o artigo que está escrito isso:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
Isso significa que se um tributo for criado janeiro, março ou junho de 2009, ele só poderá ser exigido à partir do dia 1º janeiro de 2010?
É isso mesmo! Só pode ser exigido no próximo exercício financeiro.
Esta é a primeira regra chamada de anterioridade anual.
Somente terá eficácia no ano seguinte da publicação da norma que institui ou aumenta tributo.
Este princípio deriva do princípio da segurança jurídica, garantindo inicialmente que o contribuinte não seja surpreendido por uma nova exigência tributária.
Lembra que nós falamos anteriormente que quase toda regra tem sua exceção? Pois é, esta regra tambémtem. Ela não é aplicada para todos aqueles tributos que também fogem à regra da legalidade:
II, IE, IPI, IOF, CIDE Combustível e ICMS Combustível.
Também, existem mais dois tributos que fogem a anterioridade anual:
Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) e
Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou Guerra.
E a segunda regra ligada ao Princípio da Anterioridade, qual é?
A segunda regra ligada a este Princípio é chamada de anterioridade nonagesimal, ou ainda de qualificada ou privilegiada.
Mas o que esta regra fala?
Essa regra diz que nenhum tributo pode ser exigido antes de completar 90 dias da data que ela foi publicada.
Esta regra já era debatida, mas foi reforçada através da EC-42/2003 e começou a ser exigida em janeiro de 2004.
Veja bem! Esta regra é basicamente para aqueles tributos que são criados ou aumentados nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro.
Pois já pensou se tivesse apenas a primeira regra, era criado um tributo em 31 de Dezembro e já poderia ser exigido no outro dia, pois dia 1º de Janeiro já seria outro exercício financeiro.
Agora com esta regra, no caso citado, só poderia ser exigido a partir de 1º de Abril.
Contudo, existem também tributos que são exceções a esta regra, Vamos vê-los abaixo:
Exceções à anterioridade nonagesimal (art.150, parágrafo 1º, “parte final”, da CF).
II, IE, IR, IOF, IEG e ICCPG.
Além dos acima, temos ainda as alterações na BASE DE CÁLCULO do IPTU e do IPVA.
Eita, se cada regra tem uma exceção, como fazer para facilitar o aprendizado? Vamos tentar resumir estas exceções
	Nomes que estão nas duas listas de exceção à anterioridade (Podem ser exigidos imediatamente)
	Nomes que estão na 1ª lista mas não estão na 2ª (Se majorados a exigência será depois de 90 dias)
	Nomes que estão na 1ª lista mas não estão na 2ª (Pagamento no primeiro dia do exercício financeiro)
	II
	IPI
	IR
	IE IOF
	CIDE combustível ICMS combustível
	Alterações na Base de Cálculo IPVA e IPTU
	IEG
	
	
	ICCPG
	
	
Princípio da Igualdade ou Isonomia
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Este princípio está determinado no caput do art. 5º. da CF e reafirmado no sistema tributário no artigo acima.
Vejam, neste princípio diz que não pode, os contribuintes em igual situação, serem tratados de forma desigual. Mas se estão em diferente situação não há ofensa tratá-los de forma diferente, isto é chamado de isonomia.
Vamos imaginar que existem três contribuintes: Um é advogado, outro é lavrador e outro vende jornais na rua.
Se ambos, lavrador e vendedor de jornais, tiveram renda de 50 mil no ano, pagarão o mesmo valor de Imposto de Renda (IR). Pois estão em situação semelhante.
Agora, se o primeiro aufere uma renda de R$ 15 mil, o segundo de R$ 30 mil e o último de R$ 100 mil, a alíquota que incidirá sobre eles será diferente, isto é uma forma de isonomia. Aqui eles são tratados diferentes, pois a capacidade econômica é diferente.
Não se pode então, tratar diferentemente dois contribuintes em situação equivalente.
Tal regra impõe não somente ao aplicador da lei, mas também ao próprio legislador, que não pode criar lei discriminatória.
Lembrando que tal princípio não afasta a pessoalidade e a graduação, segundo a capacidade econômica do contribuinte que deve ser perseguidas pelos tributos. Art. 145 §1º da CF.
Princípio da Capacidade Contributiva
Conforme vimos no exemplo do Princípio Anterior, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal, se graduando segundo a capacidade econômica de cada um. Isto não afronta a isonomia, pelo contrário, busca promovê-la.
Aqui se onera mais gravosamente, aquele que tem maior capacidade contributiva.
“Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”
Ex: Voltando a falar sobre Imposto de Renda, ele tem várias faixas de alíquotas, variando de acordo com a renda, onde a percentagem é maior para quem ganha mais.
Vejamos o exemplo como ficaria:
No exemplo sua renda anual foi de R$ 15 mil, o que lhe deixaria na faixa de isentos, assim o advogado nada pagaria de IR.
Já o lavrador teve renda de R$ 30 mil, o que lhe deixaria na faixa de 15%, assim o lavrador teria que pagar R$ 4,5 mil.
O vendedor de jornal teve renda de R$ 100 mil, o que lhe deixaria na faixa de 27,5%, sendo este obrigado a pagar R$ 27,5 mil de IR.
Princípio da Irretroatividade
Este Princípio é o mais fácil!
De acordo com este princípio a lei tributária só vale em relação a fatos geradores ocorridos depois do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentados;
Significa dizer que a Lei Tributária somente atinge eventos ocorridos após o início de sua vigência. Ou seja, não atinge fatos passados.
Ex: João compra um imóvel na zona urbana no mês de março, para transferi-lo ele tem que pagar o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que hipoteticamente seria fixado em 2%. Ele realiza todos os atos necessários, pagamentos e efetua a transferência em abril. Se em maio entrar em vigor uma alteração na lei, dizendo que o ITBI passa a ser de 3%, esta nova lei não voltará para trás para atingir a transferência dele, esta lei só atingirá às transferências futuras.
Por isto diz que a lei tributária é irretroativa.
Confirmando o acima aduzido, temos o inciso XXXVI do art. 5º. Da CF, que determina que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
· Direito adquirido: é quando o sujeito preenche todos os requisitos para exercer um direito, porém, por liberalidade, ainda não exerceu. 
· Ato Jurídico Perfeito: é aquele que foi concretizado de forma perfeita, sem nenhum erro ou vício, conforme a lei.
· Coisa Julgada: é o assunto já discutido e julgado pelo Poder Judiciário, com sentença que transitou em julgado.
Este princípio não comporta exceções, ou seja, aplica- se para a instituição e majoração de tributos, além de novas obrigações acessórias.
Atenção!!!
No caso de normas meramente interpretativas e aquelas que excluem ou atenuam penalidades, conforme o art. 106 do CTN, podem ter efeitos retroativos. (ver artigo 144 §1º. Do CTN)
Princípio do Não confisco
Segundo este princípio o tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV – utilizar tributo com efeito de confisco;
Não se pode utilizar o tributo para tomar a propriedade do contribuinte, a tributação tem que ser razoável.
Veja que a afirmação acima pode trazer confusão à cabeça de pessoas leigas no assunto.
Manoel compra um imóvel na Zona Urbana e fica durante 10 anos sem pagar o IPTU.
Pode a Prefeitura exigir o imóvel para si judicialmente e leiloá-lo para saldar a dívida com estes impostos?
A resposta é sim.
O que não é permitido é que o valor do imposto seja exorbitante a ponto de caracterizar praticamente um confisco. Ex: a alíquota do IPTU ser de 50% do valor venal do imóvel.
Princípio da Liberdade de tráfego de pessoas e bens
Este princípio prega que não pode a lei tributária limitar o tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas e bens, salvo o pedágio de via conservada pelo Poder Público.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
V – estabelecer limitações ao tráfegode pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvado a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
Não é admissível que o tributo seja utilizado para limitar a liberdade de pessoas no ir e vir, não impedindo as tributações previstas na CF, no caso da circulação de mercadorias e serviços entre Estados (ICMS), de acordo com a lei.
No caso do pedágio, mesmo prevendo a Constituição tal possibilidade, a doutrina e a jurisprudência discutem sobre a natureza tributária ou tarifária.
Princípio da Uniformidade Territorial ou Geográfica
O tributo da União deve ser igual em todo território nacional, sem distinção entre os Estados.
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio- econômico entre as diferentes regiões do País.
Neste caso, fica impedida a União de instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional, ou que implique distinção ou preferência em relação ao Estado, ao DF ou ao Município. Significa dizer que a União deve tratar igualmente as unidades da federação, não impedindo que para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento sócio econômico entre as diferentes regiões do país, possa haver diferenciações, as quais são as únicas, no caso como dito, voltadas ao desenvolvimento.
Observem que a lei está falando dos impostos instituídos pela União! Assim, os impostos instituídos pelos próprios Estados ou pelos Municípios poderão ter variações.
3 – Princípios Específicos de Impostos
Além dos princípios que se obrigam todos os tributos, alguns ainda se submetem a princípios próprios.
Isso significa que todos os Princípios vistos acima devem ser respeitados por todos os tipos de tributos. Além disso, há tributos que ainda tem que respeitar outros princípios!
1 – O IR – Imposto de Renda é regido por três critérios: Generalidade, Universalidade e Progressividade (art. 153, §2º..,I).
· Generalidade – significa dizer que tudo que caracteriza renda ou provento, autoriza a incidência de impostos, independente da origem – Princípio do non olet (dinheiro não tem cheiro);
Isso significa, que se uma pessoa ganha R$ 200 mil como vendedor, enquanto outra ganha a mesma quantia em outra profissão, para o Estado não importa a origem, ambos irão pagar a mesma coisa de IR.
· Universalidade – toda e qualquer pessoa que aufere renda ou proventos está sujeita ao tributo.
· Progressividade – permite a elevação da alíquota à medida que sobe o montante da base de cálculo;
2 – O IPI – Imposto sobre Produto Industrializado, deve ser seletivo em função da essencialidade do produto. (art. 153, §3º.,I); Assim, o IPI de um produto essencial como uma geladeira será diferente de outra não tão importante, como um perfume.
3 – O ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e serviços, pode ser seletivo (art. 155, §2º., III); Pelo mesmo motivo do IPI.
Tanto o ICMS, quanto o IPI e os impostos de competência residual da União devem ser não cumulativos.
Preenchidos alguns requisitos, que estudaremos na aula 3, a União poderá instituir ou alterar impostos e contribuições sociais. A este tipo de situação chamamos de competência residual da União.
Tanto nos casos acima, quanto o ICMS e o IPI não devem ser cumulativos, ou seja, não podem ter mais de um ente competente.
4 – O ITR – Imposto Territorial Rural, será progressivo, deverá desestimular a propriedade improdutiva e desonerar o pequeno proprietário (art. 153, §4º.)
A progressividade neste caso se dá pelo tamanho da propriedade rural. Quanto menor a propriedade, menor também a alíquota do imposto.
É uma tentativa de desestimular os grandes latifúndios improdutivos e estimular os pequenos proprietários.
O IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano poderá ser progressivo (art. 156, §1º.).
Aqui a finalidade, igualmente a do ITR, tem cunho social. Assim, pode existir várias formas, tributando com alíquotas diferenciadas em locais onde não há construções, em áreas mais nobres, em áreas comerciais, etc.
Aula 03 – Competência Tributária
1 – Conceituação e Atributos de Competência Tributária
Competência é a capacidade jurídica para realização de algo, neste caso, estamos falando de capacidade dentro da ordem tributária. Para isto, teremos que analisar vários conceitos.
O primeiro éo próprio conceito de competência tributária: é a repartição do poder de tributar, constitucionalmente atribuído aos diversos entes públicos, de modo que cada um tenha o poder de instituir e arrecadar os tributos de sua exclusiva responsabilidade; envolve o poder de fiscalizar e cobrar tributos, e o de legislar a respeito, não tem competência o ente público desprovido de poder de legislar.
Entes Públicos: são os órgãos do Estado que possuem alguma função tributária, ou seja, alguma competência tributária. O Estado é o ente que detém todos os poderes.
Assim podemos dizer que Poder de Tributar: é a atribuição legalmente conferida ao Estado, em caráter de exclusividade, para criar, aumentar, diminuir ou extinguir tributos, de forma a arrecadar recursos para a consecução de suas finalidades.
Os Atributos da competência tributária: são a exclusividade (ou competência legislativa plena), a indelegabilidade e a intransferibilidade de competência pelo não exercício.
Competência legislativa plena: consiste no poder exclusivo da pessoa jurídica de direito público conforme indicada pela CF, de criar e arrecadar tributos, de acordo com o que dispõe o CTN, art. 6º.
Tá vendo só! entes do estado podem criar ou aumentar tributos!
Indelegabilidade: consiste na vedação a que seja transferida a competência para instituir e exigir tributos, de um ente público indicado pela CF para fazê-lo, para outro ente tributante, conforme dispõe o CTN, art. 7º, que consagra o princípio da indelegabilidade da competência tributária.
Aqui a lei proíbe que um órgão definido pela CF delegue sua função a outro.
* Uma vez que a competência tributária é indelegável (art. 7º do CTN), apenas determinadas funções são transferíveis, como as de arrecadação ou de fiscalização, que passam de um órgão público para outro.
Intransferibilidade de competência pelo não exercício: consiste na vedação à transferência, de um ente tributante a outro, de competência para instituir e exigir tributos, no caso do primeiro não exercer seu poder de criar ou exigir tributos de sua própria competência, conforme dispõe o CTN, art. 8º. “Art. 8º. O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.”
Enquanto a indelegabilidade proíbe que o órgão competente passe sua função para outro, a instransferibilidade proíbe que o órgão não competente assuma a função daquele.
Competência tributária, capacidade tributária e sujeição ativa
Uma coisa é a competência tributária (aptidão para instituir o tributo) e outra é a capacidade tributária (aptidão para ser titular do pólo ativo da obrigação, vale dizer, para figurar como credor na relação jurídica tributária). A sujeição ativa é a transferência da capacidade tributária a outro órgão.
Pode ocorrer coincidência entre o criador e o credor do tributo, em geral, com impostos.
Assim, por exemplo, a União tem competência tributária, em cujo exercício institui o imposto de renda, e é ela, União, quem figura como sujeito ativo nas obrigações tributárias atinentes a esse imposto; do mesmo modo, o Município, no uso de sua competência tributária, institui o imposto sobre a propriedade urbana e ele é o sujeito ativo das obrigações pertinentes a esse tributo.
Porém, não é obrigado que o sujeito competente para tributar seja também, aquele que tem capacidade tributária ativa.
Ex: A União pode criar um tributo e delegar a cobrança aos municípios. Ou seja, a competência tributária, como foivisto anteriormente é indelegável, entretanto, a capacidade tributária pode ser delegada.
O sujeito ativo é o credor da obrigação tributária. Sua identificação deve ser buscada no liame jurídico em que a obrigação se traduz, e não na titularidade da competência para instituir o tributo. Suponha-se a contribuição devida pelos advogados à Ordem dos Advogados do Brasil. É correto dizer que sua instituição cabe à União. Mas não se pode dizer que ela seja o sujeito ativo da obrigação tributária. Sujeito ativo da obrigação (bem como o sujeito passivo) há de ser alguém que esteja presente na relação jurídica obrigacional.
O art. 119 do Código Tributário Nacional ficou perdido no tema. Ao dizer que “sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público...”, parece querer reservar a designação para os entes políticos, mas ter- mina por dizer: “... titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Ora, quem exige o cumprimento da obrigação é o credor, que nem sempre é o ente político que instituiu o tributo.
As pessoas que a lei põe na condição de credores de obrigações tributárias nas situações comentadas, embora não tenham competência tributária (isto é, não possuam a aptidão constitucional de criar tributos), detêm capacidade tributária ativa, isto é, são habilitadas a figurar no polo ativo de obrigações tributárias. Nesse sentido é que deve ser entendido o art. 119 do Código Tributário Nacional, ao falar de competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária.
Em suma, sujeito ativo é, na relação jurídica obrigacional tributária, o titular do polo credor, a que se contrapõe o sujeito passivo, no polo devedor.
Parafiscalidade e Sujeição ativa auxiliar
Na parafiscalidade, terceira pessoa arrecada o tributo para si. É o fenômeno pelo qual a pessoa política tributante delega a capacidade tributária ativa, por meio de lei a terceira pessoa, a qual por vontade dessa mesma lei passa a dispor do produto da arrecadação.
A diferença é que na sujeição ativa auxiliar o órgão que delega a capacidade tributária recebe o valor arrecadado de volta, já na parafiscalidade, aquele que foi incumbido de cobrar fica com os valores.
Ex1: a União faz sujeição passiva auxiliar ao Município. Aqui o Município cobra, mas devolve o dinheiro para a União. 
Ex2: Parafiscalidade; O Município cobra e fica com o dinheiro.
Parafiscalidade não se confunde com extrafiscalidade, que é o emprego dos meios tributários para fins não fiscais, induzindo os possíveis contribuintes a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
Ex: Elevação das alíquotas dos impostos de menor essencialidade; Zona Franca e etc.
Podem ser beneficiadas com a parafiscalidade:
· Pessoas Políticas;
· Autarquias. Ex: INSS em relação às contribuições sociais para a Seguridade social;
· Fundações Públicas (Fundações constituídas e mantidas pelo Poder Público);
· Paraestatais: São pessoas jurídicas de direito privado que caminham paralelamente ao Estado na busca do bem comum. Ex: SESI; SENAI; SEBRAI; SESC; SENAC; Sindicatos; OAB;
· Pessoas Físicas que desempenham funções públicas. Ex: Tabelião é a pessoa física que pratica atos notariais, remunerando-se por meio de custas e emolumentos.
Não podem ser alvo da parafiscalidade:
Empresas comerciais e indústrias: Não podem ser alvos da parafiscalidade, pois perseguem o lucro e tal delegação ofenderia o princípio da igualdade, pois as pessoas que estão na mesma situação econômica devem ser tratadas igualmente; e da destinação do dinheiro público, pois o produto arrecadado seria utilizado para fins privados e não para a coletividade.
· Empresas públicas e Sociedades de economia mista: Não podem ser alvo da parafiscalidade, pois se sujeitam ao regime das empresas privadas.
2 – Classificação Doutrinária – Competências Tributárias Constritucionais
Atenção!!!
Vamos ver agora as espécies de competências e qual(is) dela(s) cada ente possui.
1 – Competência privativa: É a competência para instituir privativamente certos tributos. A CF descrimina as competências de cada ente federado.
Os impostos descriminados são os seguintes:
	União
(CF, art. 153)
	Estados e DF (CF, art. 155)
	Municípios (CF, art. 156)
	II
	ICMS
	ISS
	IE
	IPVA
	IPTU
	IPI
	ITDC
	ITBI
	IOF
	
	
	ITR
	
	
	IGF
	
	
Você sabia o significado de cada sigla na tabela que representa os impostos? Não! Então vamos aprender:
II – Imposto Importação
IE – Imposto Exportação
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados 
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras 
ITR – Imposto Territorial Rural
IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias
IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores
ITDC – Imposto sobre Transmissão por Doação ou “Causa Mortis”
ISS – Imposto Sobre Serviço
IPTU – Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana
ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis
2 – Competência comum: É a competência para instituir tributos comuns a todos os entes federados, ocorre nos casos das taxas e contribuições de melhoria.
Ex: Todos os entes políticos podem instituir contribuições de melhoria, pois todos são competentes para tal, desde que realizem as obras que acarretem a valorização imobiliária.
3 – Competência cumulativa: Quando o ente federado acumula sua competência com a de outro ente.
Atenção! Só existem três casos, conforme preceitua o art. 147 da CF:
Art. 147 - Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.
Ou seja:
1º Caso – Quando houver Território Federal, onde este está dividido em Municípios:
· A UNIÃO detém a competência para os seus impostos + impostos estaduais.
· Obs: O território não tem personalidade jurídica, e constitui UMA DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. Os municípios dos territórios não perdem sua competência tributária;
2º Caso – Quando houver Território Federal que não for dividido em Municípios:
· A UNIÃO detém a competência para os seus impostos + impostos estaduais + impostos municipais.
3º Caso – Para o Distrito Federal:
· DISTRITO FEDERAL detém a competência para os seus impostos + impostos municipais.
· Obs: O Distrito Federal por expressa determinação constitucional ( art 32, caput), não pode ser divido em município. O DF acumula a função e as atribuições estaduais e municipais.
Só há 3 casos de competência cumulativa, em dois deles a união figura, no outro é o DF.
1 – Competência residual: É a competência que a União tem para instituir ou alterar impostos ( art 154,I) e contribuições sociais ( art 195,§ 4º), seguindo os seguintes requisitos:
1) Lei complementar;
2) Fato gerador e base de cálculo novos em cada espécie tributária;
3) Não cumulatividade;
4) Respeito a todas as regras constitucionais.
2 – Competência extraordinária: compete a União instituir imposto em caso de guerra externa ou sua iminência, ou seja, exige circunstância especial para seu uso. Deve ser suprimido gradativamente, cessadas as causas. O art 76 do CTN estabelece o prazo de 5 anos da celebração da paz para cessar sua cobrança.
3 – Legislação Tributária: A Lei e suas Fontes
1) Lei em sentido formal: é o ato jurídico produzido pelo Poder competente para o exercício da função legislativa, nos termos estabelecidos pela Constituição; em sentido material lei é o ato jurídico normativo, é uma prescrição jurídica hipotética, que não se reporta a um fato individualizado no tempo e no espaço, mas a um modelo, um tipo; é uma norma. Lei em sentido amplo é qualquer ato jurídico que se compreenda no conceito de lei em sentido formal ou em sentido material; em sentido estrito só é lei aquela que o seja tanto em sentido material como em sentido formal.
2) Legislação: como utilizada no CTN, significa lei em sentido amplo, abrangendo, além das leis em sentido estrito, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a elespertinentes (art. 96 CTN).
Fontes do Direito Tributário
Fontes são de onde nasce alguma coisa.
O Direito Tributário possui duas fontes: Materiais e Formais.
Vejam abaixo.
1) Materiais: são os atos e situações que dão origem à obrigação tributária.
2) Formais: são o conjunto de normas que incidem sobre atos e situações, classificam-se em:
a) formais principais: são as leis, em sentido amplo, nas suas várias formas legislativas; compreendem a Constituição Federal, as Emendas, leis complementares e ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções e tratados.
b) fontes formais secundárias: são os atos administrativos normativos, como decretos, regulamentos, atos, instruções, circulares, portarias, ordens de serviço, etc.; incluem-se ainda, os costumes administrativos e os convênios entre órgãos estatais (CTN art. 100).
c) fontes formais indiretas: são a doutrina e a jurisprudência.
3) Vigência: é a aptidão para incidir, para dar significado jurídico aos fatos; se não há disposição em contrário, a regra é a do LICC: 45 dias após sua publicação oficial.
Lei Vigente: lei pronta e acabada.
No caso da vigência da lei, estes 45 dias é o período compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor.
A regra é 45, assim se não estiver nada expresso é este o período chamado de vacatio legis.
Porém, poder ser menor ou maior o período, para isso tem que haver a previsão expressa no próprio texto da lei.
4) Aplicabilidade: refere-se à possibilidade de aplicação da lei vigente a um caso concreto.
Lei Aplicável: lei, que além de estar em vigor, não tem impedimento para ser aplicada ao caso concreto.
Aplicação imediata: a legislação tributária, uma vez vigente, tem aplicação imediata.
Aplicação retroativa: a lei só pode retroagir quando for meramente interpretativa, ou cominar pena menos severa, ou for mais benéfica, de algum modo (art. 106 CTN).
5) Interpretação: em sentido amplo, é a atividade de conhecimento do sistema jurídico, desenvolvida com o objetivo de resolver o caso concreto, seja pela aplicação de uma norma específica, seja pela aplicação de uma norma mais geral, seja pelo uso de um dos meios de integração; em sentido estrito, é a busca do significado de uma norma.
Vejam que há várias formas de interpretar a lei.
6) Meios de Interpretação:
a) Gramatical: é investigado antes de tudo o significado gramatical das palavras usadas no texto legal em exame;
b) Histórica: o sentido da norma é buscado com o exame da situação a que a mesma se refere através dos tempos; investiga-se o direito anterior;
c) Sistemático: é procurado o sentido da regra jurídica, verificando a posição em que a mesma se encarta no diploma legal e as relações desta com as demais regras no mesmo contidas;
d) Teleológico: é emprestada maior relevância ao elemento finalístico, busca o sentido da regra jurídica, tendo em vista o fim para o qual foi ela elaborada. Pode ser ainda: autêntica, doutrinária, jurisprudencial, lógica, de direito comparado, extensiva e restritiva.
· A interpretação deve ser literal ou gramatical nos casos de suspensão ou exclusão de crédito tributário, outorga de isenção ou dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias (CTN, art. 111).
· A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se de maneira mais favorável ao acusado (CTN, art. 112).
7) Fontes de interpretação: autêntica (feita pelo próprio legislador, mediante elaboração de outra lei), jurisprudencial (feita pelos órgãos do Judiciário, a propósito de resolver questões aos mesmos submetidas) e doutrinária (feita pelos estudiosos da Ciência jurídica, em seus trabalhos doutrinários). 
Não basta Interpretar, depois tem que saber integrar!
8) Integração: é a identificação de uma norma que, não tendo sido elaborada para casos do tipo daquele que se tem a resolver, a ele se ajusta, em face de um critério autorizado pelo legislador.
9) Meios de Integração (art. 108 do CTN): analogia (é a aplicação, a um caso não previsto, de regra que rege hipótese semelhante), os princípios gerais do Direito Tributário (são os critérios que se estendem por todos os assuntos do direito tributário, como a legalidade, a anterioridade, etc.), os princípios gerais do Direito Público (são critérios maiores que se estendem por todos os ramos do direito público, como os princípios da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, etc.) e a equidade (é a adaptação razoável da lei ao caso concreto, bom senso).
Aula 04 – Impostos em Espécie
Como já foi visto em aulas anteriores, o CTN adotou a teoria tripartite, onde prevê que há três espécies de tributos: impostos, taxas e contribuição por melhoria.
Além destas espécies de tributos, temos outras cobranças autorizadas pela CF que são as tarifas e as contribuições sociais.
Vamos agora estudar cada uma das espécies de impostos existentes e vermos alguns detalhes das demais obrigações.
1 – Impostos Federais
Imposto de Importação – II
1) Competência: é da competência da União e assim se justifica que seja porque, em se tratanto de imposto com implicações no relacionamento do país com o exterior, seu trato deve caber na verdade à União, responsável por esse relacionamento, que há de ser uniforme (art. 153, I, da CF).
2) Função: o imposto de importação é importante instrumento de política econômica, atuando na proteção à industria brasileira, permitindo-lhe competir, no mercado interno, em condições de igualdade ou de vantagem com produtos do exterior, aspecto que sobrepuja sua relevância como fonte de arrecadação para o tesouro; predomina portanto, sua função extrafiscal.
3) Fato gerador: o imposto de importação tem como fato gerador a entrada de produtos estrangeiros no território nacional (CTN, art. 19).
4) Alíquota: pode ser específica, tendo em vista o modo de medir o produto, ou ad valorem, tendo em vista apenas o valor do bem (CTN, art. 20); as alíquotas podem ser alteradas pelo Executivo (153, § 1º, da CF, art. 21 do CTN).
5) Base de cálculo: será expressa na unidade de medida adotada pela lei tributária, quando se tratar de alíquota específica, o preço normal de venda que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo de importação, em condições de livre concorrência, para entrega no lugar de entrada no País ou o preço de arrematação, no caso de produto levado à leilão, por motivo de apreensão ou abandono.
6) Contribuinte: é o importador ou quem a ele a lei equiparar (CTN, art. 22, I); em se tratando de produtos apreendidos ou abandonados, o contribuinte será o arrematante destes (II).
7) Lançamento: é feito por homologação, pois o contribuinte efetua o pagamento do tributo antes de qualquer providência da fiscalização.
Drawback: incentivo fiscal que pode ser dado na importação de produtos ou matérias com vistas à sua posterior exportação, depois de beneficiamento ou agregação a outros produtos; facilita-se a importação de certos itens, para incrementar a exportação de outros, por meio de restituição, suspensão ou isenção de tributos.
Impostos de Exportação – IE
1) Competência: compete à União instituir e cobrar o imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (CF, art. 153, II).
2) Função: é instrumento de política econômica, disciplinando os efeitos monetários decorrentes da variação de preços no exterior, e atuando na proteção ao mercado brasileiro; tem função predominantemente extrafiscal; é de caráter exclusivamente monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar os efeitos monetários decorrentes da variação de preços no exterior e preservar as receitas de exportação.
3) Fato gerador: o imposto sobre a exportação tem como fato gerador a saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional (CTN, art. 23).
4) Alíquotas: pode ser específica ou ad valorem.
5) Base de cálculo: em se tratando de produto sujeito a alíquota específica, a unidade de medida adotada pela lei, e, em se tratando de produto sujeito a alíquota ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria,ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência (CTN, art. 24).
6) Contribuinte: é o exportador ou quem a lei a ele equiparar (CTN, art. 27).
7) Lançamento: é feito mediante declaração do exportador, mas pode ser feito de ofício, no caso de o fisco não concordar com o valor.
Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza – IR
1) Competência: o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, ou simplesmente imposto de renda, como é geralmente conhecido, pertence à competência da União (CF, art. 153, III, e CTN, art. 43).
2) Função: o IR tem, predominantemente, função fiscal, consistindo, hoje em dia, na principal fonte de receita tributária da União; como, no entanto, presta-se também como instrumento de redistribuição de riquezas, em razão de pessoas e lugares, mediante concessão dos chamados incentivos fiscais à regiões geográficas de interesse, desempenha, igualmente, importante função extrafiscal.
3) Fato gerador: éa aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos; e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda (CTN, art. 43).
4) Diferença entre disponibilidade econômica e. disponibilidade jurídica: por disponibilidade econômica entende-se o efetivo recebimento de valores patrimoniais; por disponibilidade jurídica, entende-se o crédito a esses valores, sem que tenha ocorrido seu efetivo recebimento.
5) Alíquotas: A partir de 2012 as alíquotas do imposto de renda foram alteradas. Hoje temos a seguinte:
	Valor da Renda para Pessoa Física
	Alíquota de incidência
	Até R$ 1637,11
	Isento
	De R$ 1637,12 até R$ 2453,50
	7,5%
	De R$ 2453,51 até R$ 3271,38
	15%
	De R$ 3271,39 até R$ 4087,65
	22,5%
	Acima de R$ 4087,66
	27,5%
Estes valores sempre se alteram, por isto, é necessário estar sempre consultando a legislação para verificar as alterações.
Já, nos casos de Pessoa Jurídica, a alíquota depende da renda e do ramo de atividade, em regra é de 15%.
6) Base de cálculo: é o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributáveis (CTN, art. 44).
7) Lucro real: constitui a base de cálculo do IR das pessoas jurídicas em geral, pode ser entendido como o acréscimo real do patrimônio da empresa, em determinado período; é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária.
8) Lucro presumido: é o montante tributável, determinado pela aplicação de coeficientes legalmente definidos, sobre a receita bruta anual, conforme a natureza da atividade; a definição do coeficiente não pode ser feita pelo fisco discricionariamente.
9) Lucro arbitrado: será uma porcentagem da receita bruta, se esta, obviamente, for conhecida; compete ao Ministério da Fazenda fixar tal porcentagem, levando em conta a natureza da atividade econômica do contribuinte; não sendo conhecida, a autoridade poderá arbitrar o lucro com base no valor do ativo, do capital social, do patrimônio líquido, da folha de pagamento dos empregados, das compras, do aluguel das instalações ou do lucro líquido auferido pelo contribuinte em períodos anteriores.
10) Contribuinte: é o titular da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou de proventos de qualquer natureza e o possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos bens tributáveis, desde que a lei lhe atribua essa condição.
11) Lançamento: se trata de lançamento mediante declaração; se o lançamento foi errado ou incompleto, será feito pela Receita Federal, de ofício; quando houver imposto a pagar, sujeito a fiscalização posterior do fisco, o lançamento será por homologação.
Impostos sobre produtos industrializados – IPI
1) Competência: o IPI pertence à competência tributária da União (CF, art. 153, IV, e art. 46 do CTN).
2) Função: o IPI tem predominantemente função fiscal, mas, como é imposto seletivo, em função da essencialidade do produto, conforme previsto no § 3º, IV, do art. 153 da CF, e no art. 48 do CTN, desempenha, também, importante função extrafiscal.
3) Fato gerador: é o desembaraço aduaneiro do produto, quando de procedência estrangeira, a saída do produto do estabelecimento do importador, do industrial, do comerciante ou do arrematante ou a arrematação, quando o produto industrializado apreendido ou abandonado é levado a leilão.
Mas você sabe o que são produtos industrializados?
4) Produto industrializado: conforme o CTN, considera-se o produto industrializado, para fins do IPI, aquele submetido a qualquer operação que modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo; o Decreto 87.981/82 amplia o conceito de industrialização do CTN, incluindo qualquer operação, ainda que incompleta, parcial ou intermediária, que modifique a natureza, o funcionamento, a utilização, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo.
5) Alíquotas: constam da Tabela do Imposto sobre Produto Industrializado (TIPI), em que vêm estabelecidas para cada classe se produtos, variando de zero até mais de 300%; a razão pela qual elas são muito variadas é o caráter seletivo do imposto, em função das classes de produtos sobre os quais incide.
6) Base de cálculo: no caso de importação, seu preço normal, acrescido do imposto de importação, das taxas exigidas pela entrada do produto no País e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; no caso de produto nacional, será o preço de venda à saída do estabelecimento industrial ou comercial, ou, na falta deste, o valor do produto no mercado atacadista da praça do remetente; no caso de leilão, o preço da arrematação.
7) Não cumulatividade: por força de dispositivo constitucional (CF, art. 153, § 3º, II), o IPI “será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”; nos termos do CTN, “o imposto não é cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente a produtos nele entrados (art. 49).
8) Contribuinte: é o importador ou quem a lei a ele equiparar, o industrial ou quem a lei a ele equiparar, o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça ao importador ou ao industrial e o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados levados a leilão.
9) Lançamento: o IPI é objeto de lançamento por homologação, nos termos do art. 150 do CTN.
Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários ou Imposto sobre operações financeiras – IOF
1) Competência: o IOF é de competência privativa da União (art. 153, V, da CF, e art. 63 do CTN).
2) Função: o IOF tem função predominantemente extrafiscal, permitindo ao Governo a condução de políticas mais ou menos restritivas sobre os mercados de crédito, câmbio, seguros, e de títulos e valores mobiliários.
3) Fato gerador: em operações de crédito, é a efetivação da operação, pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposiçãodointeressado; em operaçõesdecâmbio,éaefetivação da operação, pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente a moeda nacional ou estrangeira entregue ou posta à disposição deste; em operações de seguro é a efetivação da operação, pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; em operações relativas a títulos e valores mobiliários é a emissão, transmissão, pagamento ou resgate, na forma da lei aplicável.
4) Alíquotas: são diferenciadas por tipo de operação em em função dos dias de aplicação, além de outros fatores, podem ser alteradas por ato do Executivo, podendo ser o imposto ser cobrado no mesmo exercício emque foi instituído.
5) Base da cálculo: nas operações de crédito: o montante das obrigações, compreendendo o principal e os juros; nas de câmbio: o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; nas de seguro: o montante do prêmio; nas relativas a títulos e valores mobiliários: o valor nominal mais o agio, se houver, na emissão; o preço, o valor nominal ou o preço em Bolsa, como determinar a lei, na transmissão; o preço, no pagamento ou resgate.
6) Contribuinte: nos termos do CTN, é qualquer das partes na operação tributada, conforme dispuser a lei.
7) Lançamento: é feito por homologação, nos termos do art. 150 do CTN.
Imposto sobre a propriedade territorial rural – ITR
1) Competência: o ITR é da competência da União (CF, art. 153, VI, e CTN, art. 29).
2) Função: O ITR tem função extrafiscal, servindo como instrumento de política agrária do Governo, onerando mais pesadamente os latifúndios improdutivos, e permitindo melhor aproveitamento e ocupação da terra.
3) Fato Gerador: é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29).
4) Alíquotas: são progressivas, aumentando em função do tamanho da propriedade e à medida que diminui a proporção entre área utilizada e área total, variando de 0.03 até 20%.
5) Base de cálculo: é o valor fundiário do imóvel (CTN, art. 29), isto é, o valor da terra nua, sem incluir qualquer benfeitoria, calculado como a diferença entre o valor total do imóvel e seu valor venal.
6) Contribuinte: é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (CTN, art. 31).
7) Lançamento: é feito mediante declaração do contribuinte; essa declaração, entretanto, só é necessária para o primeiro lançamento; anualmente, novo lançamento é feito de ofício.
2 – Impostos Estaduais
Impostos sobre transmissão “causa mortis” e doação de quaisquer bens e direitos – ITCD
1) Competência: sua instituição é de competência dos Estados e do Distrito Federal (art. 155, I, CF).
2) Função: é eminentemente fiscal, funcionando como importante fonte de recursos para os Estados e para o Distrito Federal.
3) Fato gerador: é a transmissão causa mortis, ou a doação de propriedade ou domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia e as servidões prediais e as de ações, créditos, quotas, títulos e valores, ou outros bens móveis de qualquer natureza, e os direitos a eles relativos.
4) Alíquotas: o imposto sobre heranças e doações terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal (CF, art. 153, § 1º, IV); salvo essa limitação, prevalece a liberdade dos Estados e DF para o estabelecimento de tais alíquotas.
5) Base de cálculo: há de ser fixada pela lei da entidade competente para instituir o tributo; deve ser, em princípio, o valor de mercado do bem objeto da transmissão.
6) Contribuinte: na herança, o herdeiro ou legatário; na doação, tanto o doador quanto o donatário, conforme determinar a lei do Estado tributante.
Convênio interestaduais: a CF, diz que caberá a lei complementar, regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do DF, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados (art. 155, § 2º, XII, g).
7) Lançamento: em princípio, é feito por declaração; o contribuinte oferece ao fisco os elementos necessários ao respectivo cálculo.
Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços – ICMS
1) Competência: competente para a cobrança o ICMS é o Estado em que se verifica a sua hipótese de incidência.
2) Função: O ICMS é tributo de função predominantemente fiscal.
3) Fato gerador: é qualquer operação relativa a circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares, a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores, as prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios e o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao ISS, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.
4) Alíquotas: variam conforme a operação seja interestadual ou efetuada dentro de um mesmo Estado; costumam ser mais baixas, ou até mesmo zero, nas operações de exportação; são mais elevadas (25%) em operações internas, interestaduais e de importação para alguns produtos e serviços, como armas, bebidas alcoólicas e serviços de comunicação.
5) Contribuinte: é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize operação de circulação de mercadorias ou prestação de serviços descrita como fato gerador desse imposto; deverá ser determinado por lei complementar , segundo o art. 155. § 2º, XII, a, da CF.
6) Lançamento: é por declaração do contribuinte, podendo ser efetuado de ofício, quando ocorrer o fato gerador e não for pago o imposto correspondente.
Imposto sobre propriedade de veículos automotores – IPVA
1) Competência: é atribuída aos Estados e ao DF.
2) Função: o IPVA tem função predominantemente fiscal; tem, todavia, função extrafiscal, quando discrimina, por exemplo, em função do combustível utilizado.
3) Fato gerador: é a propriedade do veículo automotor. 
4) Alíquota: é fixa; não é indicada em porcentagem, pelo menos em alguns Estados, mas em valor determinado, em referência ao ano de fabricação.
5) Base de cálculo: é o valor do veículo, ao qual se chega indiretamente, pelo ano de fabricação, marca e modelo do veículo.
6) Contribuinte: é o proprietário do veículo, presumindo-se como tal a pessoa em cujo o nome o veículo esteja licenciado pela repartição competente.
7) Lançamento: é feito por homologação.
3 – Impostos Municipais
Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU
1) Competência: o IPTU é de competência dos Municípios (CF, art. 156, I, e CTN, art. 32).
2) Função: a função do IPTU é tipicamente fiscal; seu objetivo primordial é a obtenção de recursos financeiros para os Municípios.
3) Fato gerador: é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município (CTN, art. 32).
4) Alíquotas: são fixadas pelos Municípios, sem que a CF nem o CTN imponham qualquer limitação.
5) Base de cálculo: é o valor venal do imóvel (CTN, art. 33)
6) Contribuinte: é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título (CTN, art. 34).
7) Lançamento: é feito de ofício.
Imposto sobre a transmissão “inter vivos” de bens imóveis e direitos a ele relativos – ITBI
1) Competência: é dos Municípios (CF, art. 156, II).
2) Função: é predominantemente fiscal.
3) Fato gerador: é a transmissão, inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou por acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição.
4) Alíquotas: são fixadas pelo Município, mediante lei ordinária, inexistindo limitação constitucional aos percentuais.
5) Base de cálculo: é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos (CTN, art. 38).
6) Contribuinte: é qualquer das partes na operação tributária, conforme dispuser a lei (CTN, art. 42).
7) Lançamento: é feito mediante declaração do contribuinte, podendo também ser executado de ofício.
Imposto sobre serviços de qualquer natureza – ISS
1) Competência: é da competência dos Municípios (CF, art. 24, II).
2) Função: o ISS tem função predominantemente fiscal.
3) Fato gerador: é a prestação de serviços de qualquer natureza, de caráter profissional, elencado em lei ordinária, prestados em caráter oneroso, por empresa ou por profissional autônomo, tendo ou não estabelecimento fixo, desde que não seja de competênciatributária dos Estados.
4) Alíquotas: são estabelecidas pelos próprios Municípios, obedecidos os valores máximos fixados pela União, em lei complementar, segundo o disposto na CF, art. 156, § 3º, I; podem ser proporcionais ou fixas, conforme a qualidade pessoal do prestador.
5) Base de cálculo: é o preço do serviço prestado; se o serviço envolve, também, o fornecimento de mercadorias, sujeitas ao ICMS, a base de cálculo será o valor do serviço menos o preço das mercadorias que serviu de base de cálculo para o ICMS.
6) Contribuinte: é o trabalhador autônomo ou a pessoa jurídica que prestou o serviço elencado na lei ordinária.
7) Lançamento: é feito por homologação, podendo ser efetuado de ofício.
· Taxas
Os impostos já acabaram, mas ainda faltam duas espécies de Tributos: as Taxas e as Contribuições por Melhoria.
1) Conceito: é uma espécie de tributo vinculado ao exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, de caráter administrativo, efetivamente prestado ou posto à disposição do contribuinte pelo Estado, cobrado compulsoriamente, em virtude de lei.
2) Fato gerador: é sempre um atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
3) Espécies: podem ser fixas, quando seu valor for igual para todos os contribuintes, ou variáveis, quando seu valor se alterar conforme a base de cálculo.
4) Base de cálculo: é o valor diretamente relacionado à prestação da atividade, pelo Estado, devendo possibilitar o ressarcimento dos custos, e não um excedente de arrecadação.
5) Competência: competente para instituir e cobrar taxa é a pessoa jurídica de Direito Público que seja competente para a realização da atividade à qual se vincule o fato gerador respectivo.
6) Lançamento: pode ser por declaração do contribuinte, sujeito à homologação do fisco, e pode ser de ofício, quando o fisco remete ao contribuinte um aviso de cobrança.
· Contribuição de Melhoria
Toda vez que o Governo faz uma obra e em decorrência desta o particular acaba se beneficiando com a valorização de seu imóvel, este pagará a Contribuição por melhoria.
1) Conceito: é a espécie de tributo vinculado à valorização de imóvel do contribuinte, em virtude de execução de obra pública, com o objetivo de compensar, total ou parcialmente, o Estado, pelo gasto com a execução da obra.
2) Função: é tipicamente fiscal.
3) Fato gerador: é a valorização do imóvel do qual o contribuinte é proprietário, ou enfiteuta, desde que essa valorização seja decorrente de obra pública.
4) Cálculo: é determinada tomando a parcela do custo da obra, cujo custeio deva ser feito pelos contribuintes, e fazendo- se o rateio desta pelos imóveis situados na zona beneficiada, em função dos respectivos fatores individuais de valorização (CTN, art. 82, § 1º).
5) Lançamento: é feito de ofício.
· Tarifas
Se não bastasse esta chuva de Tributos, ainda tem as Tarifas!
Assim como as taxas, as tarifas servem para remunerar serviços prestados pela Administração. Mas as tarifas não são tributos. São preços públicos que remuneram serviços de utilização facultativa (não compulsória), não se submetendo aos princípios da legalidade e anterioridade, entre outros.
Podemos observar que tanto a taxa como a tarifa podem ser exigidas em face de um serviço público específico e divisível, sendo que, boa parte da doutrina entende que o diferencial entre uma e outra cobrança está na compulsoriedade na utilização de tais serviços. Se a utilização não é facultativa, o contribuinte pode ser protegido pelo princípio da legalidade, pois somente a lei tributária poderá impor a prestação pecuniária correspondente que se revestirá da forma de taxa.
A compulsoriedade, como diferencial da taxa e do preço público, é referida pela Súmula 545 do STF.
· Contribuições Sociais
1) Conceito: é a espécie de tributo cuja cobrança é autorizada pela CF, quando necessária a intervenção do Estado no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação em suas áreas, e que não se subordinam às normas legais relativas ao orçamento.
2) Função: ostenta nítida função parafiscal; destinam-se a suprir de recursos financeiros entidades do Poder Público, com atribuições específicas, desvinculadas do Tesouro Nacional, no sentido de que dispõem de orçamento próprio.
3) Espécies: podem ser de intervenção no domínio econômico, de interesses de categorias profissionais ou econômicas e de seguridade social.
4) Competência: nos termos do art. 149 da CF, compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais.
5) Contribuintes: depende do exame da hipótese de incidência de cada uma delas, especificamente consideradas; nos termos do art. 195, I a III, da CF, podem ser contribuintes os empregadores, os trabalhadores e os administradores de concursos de prognósticos.
6) Alíquotas: são de 10%, calculados sobre o lucro no exercício, e de 2% relativamente ao Cofins.
7) Base de cálculo: para pessoas jurídicas é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o IR e o faturamento das empresas.
8) Lançamento: é por homologação, podendo ser efetuado de ofício.
Aula 05 – Imunidades
1 – Conceitos
As imunidades tributárias são regras de não incidência constitucionalmente qualificadas.
“Imunidades” é um tipo de competência negativa. Isto se deve ao fato que a Constituição Federal determinar, fixar, competência tributária de maneira positiva, prevendo os tributos que cada ente federado poderá instituir e, de maneira negativa, afastando a possibilidade de estes mesmos entes tributarem em determinadas situações.
Não podemos confundir imunidade que é uma regra constitucional, com isenção, que é um benefício fiscal dado pelo próprio ente tributante, por meio sempre de lei. Assim, a imunidade encontra morada na CF, enquanto as demais dispensas: isenção, anistia e remissão dependem como regra, de lei.
Note que as Imunidades e os Princípios são limitações constitucionais ao poder de tributar, ganhando ambos o status de cláusulas pétrias, segundo o STF.
2 – Regras e Sujeitos
As regras imunizantes demarcam “campos”, na CF, dentro dos quais não poderá haver a incidência de tributos. São áreas de intributabilidade.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
“§ 2º A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às leis decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.”
3 – Principais Espécies
Imunidade recíproca: de acordo com o art. 150, VI, a, da CF a imunidade prevista veda a tributação entre pessoas políticas, e é conhecida como imunidade recíproca, decorrente do princípio federativo da não interferência entre os entes federados que são autônomos.
Imunidade recíproca: alínea “a”. União, Estados, Municípios e Distrito Federal não poderão cobrar impostos uns dos outros.
Imunidade Recíproca

Outros materiais