Buscar

Monografia Jaqueline FINAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
CÂMPUS DE SANTO ÂNGELO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
JAQUELINE DINAT SOARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO DO CONSUMIDOR E O COMÉRCIO ELETRÔNICO INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTO ÂNGELO – RS 
2020 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
JAQUELINE DINAT SOARES 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO DO CONSUMIDOR E O COMÉRCIO ELETRÔNICO INTERNACIONAL 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
elaborado e apresentado na disciplina 
de Monografia II, Curso de Graduação 
em Direito, Departamento de Ciências 
Sociais Aplicadas da Universidade 
Regional Integrada do Alto Uruguai e 
das Missões – Câmpus de Santo 
Ângelo. 
 
Orientador(a): Ms. Fabiano Prado de 
Brum 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTO ÂNGELO – RS 
2020 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 RESUMO 
 
O presente estudo tem como objetivo estudar o ramo do Direito do Consumidor em 
várias esferas, começando pela sua historicidade no Brasil e no mundo, relatando os 
pontos mais importantes que trilharam o caminho para chegar ao que temos hoje em 
nossa legislação, bem como, dissertar sobre a importância que a intermediação do 
Estado teve nas relações de consumo. O estudo trará informações de grande 
relevância sobre a evolução que a internet trouxe para o mundo das relações 
comerciais, adentrado, nesta perspectiva, em como a internet mudou a forma que 
ela trouxe nas relações de consumo. O tema central abordado será o comércio 
eletrônico, em especial a relação formalizada com consumidores e fornecedores de 
países distintos, tratando de como a legislação brasileira se portaria diante de 
eventuais aborrecimentos oriundos desta relação. Seguindo a pesquisa, será 
apresentada uma abordagem jurídica dos meios de proteção existentes para que, 
talvez, possam proteger o consumidor que opta por adquirir produtos on-line de 
outro território nacional. Neste sentido, se vê a importância de uma abordagem mais 
aprofundada sobre o direito do consumidor na perspectiva internacional. No estudo, 
foi realizada pesquisa bibliográfica, tais como em livros, revistas, artigos científicos. 
 
 
Palavras-chave: Direito do Consumidor. Comércio. Internet. Internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5 
2. SOCIEDADE DE CONSUMO ........................................................................................ 7 
2.1 Evolução histórica do Direito do Consumidor no mundo ................................... 7 
2.2 Das relações de consumo no Mercosul ............................................................. 11 
2.3 Evolução Histórica do Direito do Consumidor no Brasil .................................. 15 
3 DEFESA DO CONSUMIDOR NAS PRÁTICAS COMERCIAIS E A LEGISLAÇÃO 
VIGENTE ................................................................................................................................. 18 
3.1 O Código de Defesa do Consumidor ....................................................................... 18 
3.2 O Marco Civil da Internet ............................................................................................ 21 
3.3 O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC .................................... 23 
4 O COMÉRCIO ELETRONICO INTERNACIONAL ....................................................... 27 
4.1 O e-commerce ................................................................................................................ 27 
4.2 A lei brasileira sobre a jurisdição competente nas relações de consumo 
trans-fronteiriças ................................................................................................................. 32 
4.3 A jurisdição brasileira para as relações comerciais internacionais: 
manutenção do que já existe e a esperança de aperfeiçoamento ......................... 35 
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37 
REFERENCIAS...................................................................................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O consumo esta intimamente relacionado ao ser humano desde muito tempo. 
Essa afirmação pode ser facilmente confirmada pelo mero fato das pessoas 
possuírem vontades e necessidades, ou seja, o consumo pode ir da carência, até 
simples luxo e capricho. 
Independente dos motivos que levam as pessoas a consumirem existem, 
lateralmente, as práticas comerciais, que fazem parte de qualquer um desses 
processos. As práticas comerciais tiveram grandes evoluções, e isso se dá pelo fato 
do consumidor ocupar uma posição de vulnerabilidade diante do fornecedor, pois 
quem fornece o produto, geralmente, dita as regras de como o item chegará ao 
consumidor, o que acabou resultando na necessidade da intervenção do Estado 
nesta relação. 
Desta maneira, o presente trabalho tem como tema o Direito do consumidor, 
delimitando-se principalmente no que diz respeito ao comércio internacional on-line. 
Além da importância de conhecer a historicidade deste tema, é relevante ter a 
ideia de até onde ele pode chegar. Sabe-se que as relações de consumo 
ultrapassam fronteiras, mas o direito pertence somente a um território? Sendo assim, 
o principal questionamento da pesquisa é como a legislação brasileira se porta 
diante de possíveis aborrecimentos que podem ocorrer nestas relações de consumo. 
Os principais objetivos deste estudo são fazer um resgate histórico apontando 
os principais acontecimentos que, em conjunto, chegaram ao que temos em nossa 
legislação atualmente. Também objetiva trazer os principais meios de proteção ao 
consumidor que o Brasil conta hoje em dia, bem como, pesquisar como o nosso país 
está amparado juridicamente para as relações comerciais que podem restar 
conflituosas com partes de países distintos. 
Sendo assim, serão abordadas as medidas que podem ser aplicáveis em 
eventos baseados em aborrecimentos que venham ocorrer nas possibilidades 
citadas anteriormente, e o trazido no ordenamento jurídico brasileiro diante destas 
questões. 
Para tanto, em um primeiro capítulo, abordaremos a evolução histórica dos 
elementos que integram a relação consumerista que conhecemos hoje e dos meios 
de proteção ao consumidor existentes, bem ainda uma análise sobre as relações de 
6 
 
 
 
consumo no Mercosul e da sua consolidação no Brasil. 
Posteriormente, em um segundo capítulo, traçaremos as princiais diretrizes do 
Código de Defesa do Consumidor acerca do comércio eletrônico em diálogo de 
fontes com o Marco Civil da Internet, para posteriormente, em terceiro e último 
capítulo, abordar as principais linhas sobre o e-commerce e a legislação brasileira 
correlata ao assunto, tendo como principal enfoque as relações de consumo trans-
fronteiriças, de modo a buscar melhor compreender o tema e responder aos anseios 
que inicialmente justificaram a construção do presente trabalho monográfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
2. SOCIEDADE DE CONSUMO 
 
O presente capítulo traz, de uma forma geral, a evolução do que faz parte da 
relação consumerista que conhecemos hoje, como os primeiros meios de proteção 
ao consumidor existentes. 
Neste momento, também será realizado uma análise sobre as relações de 
consumo no Mercosul e a legislação que os países que fazem parte do mesmo 
seguem no que se refere as práticas comerciais. 
Ademais, para encerramento do capítulo, será feito um resgate histórico de como 
a proteção do consumidor chegou no Brasil, e de que forma o mesmo se consolidou 
e modicou até chegar aosdias atuais. 
 
 
2.1 Evolução histórica do Direito do Consumidor no mundo 
 
Práticas comerciais são hábitos comuns ligados aos seres humanos, pois 
engloba desde o consumo do básico para a sobrevivência, até a mera vontade de 
suprir um capricho. Esse contexto une humanos com as mais diversas 
características físicas, diferentes crenças e distintas classes sociais. 
O consumo tem se modificado a cada dia, e é notável que por vezes o 
consumidor se encontra em uma situação vulnerável, pois o fornecedor ocupa uma 
posição de força, e por muitas vezes acaba ditando as regras das relações 
consumeristas. 
Desta maneira, há a necessidade de remontar a origem do Direito do 
Consumidor, uma vez que se torna imprescindível para a compreensão do que 
temos hoje, levando a conhecer, entrar em conflito e ceder lugar para novas ideias. 
Sendo os EUA o primeiro país a dominar o capitalismo, foi atribuído a ele a 
origem do consumismo, sofrendo a consequência do marketing agressivo da 
produção, da comercialização e do consumo em massa. Encontra-se na doutrina, 
que os primeiros movimentos consumeristas de que se tem notícia ocorreram no 
séc. XIX. (ALMEIDA, 2011) 
Desta maneira, acredita-se que há três fases no que diz respeito a evolução 
da proteção do consumidor no mundo, e são elas as seguintes: 
8 
 
 
 
Na primeira delas, ocorrida após a 2ª Grande Guerra, de caráter 
incipiente, na qual ainda não se distinguiam os interesses dos 
fornecedores e consumidores, havendo apenas uma preocupação 
com o preço, a informação e a rotulação adequada dos produtos. Na 
segunda fase, já se questionava com firmeza a atitude de menoscabo 
que as grandes empresas e as multinacionais tinham em relação aos 
consumidores, sobressaindo-se, na época a figura do advogado 
americano Ralph Nader. Finalmente, na terceira fase, correspondente 
aos dias atuais, de mais amplo espectro filosófico - marcada por 
consciência ética mais clara da ecologia e da cidadania – interroga-se 
sobre o destino da humanidade, conduzido pelo torvelinho de uma 
tecnologia absolutamente triunfante e pelo consumismo exagerado, 
desastrado e trêfego, que põe em risco a própria morada do homem. 
De maneira geral, costuma ser apontado, como marco inicial da 
tendência à proteção aos consumidores no mundo, a famosa 
mensagem do então Presidente da República norte americana, John 
Kennedy, em 15 de março de 1962, dirigida ao Parlamento, 
consagrando determinados direitos fundamentais do consumidor, 
quais sejam: o direito à segurança, à informação, à escolha e a ser 
ouvido, seguindo-se, a partir daí, um amplo movimento mundial em 
favor da defesa do consumidor. (LUCCA, 2008, p. 47 e 48) 
 
Como citado acima, a partir de 1962, então, foi consagrado quais seriam os 
direitos fundamentais do consumidor. Direitos fundamentais não são destinados a 
um grupo ou comunidade específicas, portando, eles são considerados universais, 
ou seja, abrange todas as pessoas que venham a consumir serviços ou produtos. 
Aprofundando-se um pouco mais, existem resquícios de que a proteção do 
consumidor, de certa forma, é aplicada desde a Lei das Doze Tábuas. Lá, o 
comprador podia exigir do vendedor uma declaração solene, definindo todas as 
qualidades essenciais da coisa que estava sendo vendida. Essa declaração tinha o 
objetivo de responsabilizar o vendedor, caso o mesmo realizasse, por exemplo, 
publicidade enganosa. Pode-se perceber, então, que nesta época o vendedor já 
tinha a obrigação de agir com verdade e transparência. (SANTOS, s.p, 1987.) 
Destaca-se também o Código de Hamurabi, que já tinha uma preocupação 
em proteger o consumidor no que se refere ao lucro abusivo do vendedor sobre o 
consumidor. De acordo a lei , o art 235 do Código de Hamurabi “Se um bateleiro 
constrói para alguém um barco e não o faz solidamente, se no mesmo ano o barco é 
expedido e sofre avaria, o bateleiro deverá desfazer o barco e refazê-lo solidamente 
à sua custa; o barco sólido ele deverá dá-lo ao proprietário” (SANTOS, 1987, s.p.), 
9 
 
 
 
ou seja, o construtor de barcos era obrigado a refazê-lo, em caso de algum defeito 
na sua estrutura, no prazo de até um ano. 
Outro fato importante sobre a evolução das relações de consumo, é que as 
duas grandes guerras mundiais tiveram uma forte contribuição para o surgimento do 
que temos hoje na sociedade de consumo, pois foram a partir desses momentos que 
o desenvolvimento industrial teve um avanço ainda maior, necessitando de 
consumidores cada vez mais. Assim, o capitalismo avançava, liderada pela potência 
dos EUA. Esse novo contexto influenciou diretamente os contratos. Os contratos 
paritários, frutos de acordos de vontade, discutidos cláusula a cláusula, tornaram-se 
menos frequentes, e chegavam com toda força na sociedade massificada, os 
contratos por adesão, formulados pelas empresas e impostos aos consumidores, 
continham conteúdo padrão, não dando alternativas, se não em comungar com o 
que lhe foi imposto (ALMEIDA, 2011, s.p.). 
Seguindo essa linha, é possível trazer o fordismo como um exemplo para a 
afirmação acima. Seu modelo de produção em grandes escalas trouxe consigo a 
contratação em massa, ou seja, a empresa produzindo muitos produtos iria 
reproduzi-lo diversas vezes, e o mesmo seria feito com os contratos. Ainda, de 
acordo com Almeida, não fazia sentido, por exemplo, fazer um automóvel, reproduzi-
lo vinte mil vezes, e depois de tudo isso, fazer vinte mil contratos diferentes, um para 
cada comprador. Então, reproduzia-se o contrato também, todavia, o conteúdo do 
mesmo sempre trazia mais vantagens à parte proponente, e assim, instalou-se a 
desigualdade entre as partes contratuais. Com essa realidade diante da sociedade, 
além da massificação da sociedade de consumo, deu-se a necessidade de o Estado 
intervir nas relações privadas, com o objetivo de evitar desigualdades. 
A Revolução Industrial teve como principais resultados o êxodo rural e o 
crescimento da população urbana, contribuindo assim, para o aumento do consumo. 
Como as relações de consumo se tornaram massificadas, houve, então, a 
necessidade de o Estado interferir e regular essas relações. Foi no final do século 
XIX e início do XX, que foram criadas as primeiras leis protetivas aos direitos dos 
consumidores, nos EUA. A preocupação do Estado em controlar as relações de 
10 
 
 
 
consumo, se dava pelo desequilíbrio no poder econômico entre fornecedores e 
consumidores. (MATOS, 2007, s.p.) 
Sobre a proteção dos consumidores, Talavera afirma: 
A proteção dos consumidores pertence ao que atualmente 
classificamos de terceira geração dos direitos do homem. 
Diferentemente da primeira geração, que tratava apenas dos direitos 
do indivíduo e da segunda, que tratava dos direitos sociais, esta 
terceira geração tem como função a proteção dos interesses difusos e 
coletivos. O direito do consumidor está intimamente relacionado com 
o regime democrático, pois esse direito e o regime autoritário não se 
coadunam, em razão de interesses que excluem a participação da 
população consumidora na formulação da legislação desse regime 
ditatorial. (2001, p. 152 e 153.) 
 
O marco para o reconhecimento do consumidor como um sujeito de direito, 
ocorreu em 1962, quando o então presidente norte-americano, John Kennedy, 
elencou direitos para o consumidor e os tornou um desafio para o mercado. É 
possível dizer que a partir disso passou-se a ter uma reflexão maior sobre o tema, 
pois o presidente afirmou que os bens e serviços deviam ser seguros para o uso, e 
vendidos por preços justos, deixando o consumidor numa posição justa diante ao 
fornecedor, que como já dito, estaria numa posição de vulnerabilidade pois quem 
ditava as regras da transação, era o fornecedor. 
Foi então, que em 15 de março de 1962, Kennedy anunciou quatro direitos 
fundamentais ao consumidor, os quais tiveram alcance mundial. São eles os 
seguintes: 
1 – DIREITO À SAÚDE E À SEGURANÇA: relacionadoà 
comercialização de produtos perigosos à saúde e à vida; 2 – 
DIREITO À INFORMAÇAO, compreendido à propaganda e à 
necessidade de o consumidor ter informações sobre o produto para 
garantir uma boa compra; 3 – DIREITO À ESCOLHA, referindo-se 
aos monopólios e às leis antitrustes, incentivando a concorrência e a 
competitividade entre os fornecedores; 4 – DIREITO A SER OUVIDO, 
visando que o interesse dos consumidores fosse considerado no 
momento de elaboração das políticas governamentais. (LUCCA, 
2008, s.p.) 
A partir disso, e da importância deste fato, o Congresso Americano definiu 
como 15 de março o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor. 
11 
 
 
 
 Após este episódio, no ano de 1973, a Comissão de Direitos Humanos da 
ONU, em sua 29° Sessão em Genebra, passou a reconhecer os direitos 
fundamentais do consumidor, e, além disso, que o direito do consumidor seria a 
partir daquele momento um direito humano de nova geração, um direito social 
econômico, direito de igualdade material, do cidadão civil nas suas relações privadas 
diante aos fornecedores de produtos e serviços. 
 Mais adiante, em 1985, foi editada uma resolução, em que reconhece e 
positivou a vulnerabilidade do consumidor, e assim, oito áreas em que o Estado 
deveria atuar para a promoção da proteção ao consumidor. 
 Almeida traz, especificamente, as áreas citadas acima em que o Estado 
deveria passar a atuar, são as seguintes: 
As diretrizes constituíam um modelo abrangente, descrevendo oito 
áreas de atuação para os Estados, a fim de prover proteção ao 
consumidor. Entre elas: a) proteção dos consumidores diante dos 
riscos para sua saúde e segurança, b) promoção e proteção dos 
interesses econômicos dos consumidores, c) acesso dos 
consumidores à informação adequada, d) educação do consumidor, 
e) possibilidade de compensação em caso de danos, f) liberdade de 
formar grupos e outras organizações de consumidores e a 
oportunidade de apresentar suas visões nos processos decisórios 
que as afetem. Estas diretrizes forneceram importante conjunto de 
objetivos internacionalmente reconhecidos, destinados aos países em 
desenvolvimento, a fim de ajudá-los a estruturar e fortalecer suas 
políticas de proteção ao consumidor (2011, s.p.). 
 
 A partir disso, foi que diversos países passaram a trazer a questão da 
proteção do consumidor para seus debates sobre suas jurisdições internas, de forma 
que adaptavam ou elaboravam sua própria legislação. Em consequência disso, 
países foram levados a produzir produtos com mais qualidade, protegendo o 
mercado de produtos não preparados para esta nova realidade. 
2.2 Das relações de consumo no Mercosul 
 
Buscando afunilar o tema abordado na presente pesquisa, e aproximar mais 
da nossa realidade, começaremos aqui a abordar a questão do consumo e seu 
ordenamento em meio ao Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). 
12 
 
 
 
Criado em 1991, o Mercosul é a iniciativa mais abrangente de integração 
regional da América Latina, surgiu em meio a redemocratização e reaproximação 
entre os países da região ao final da década de 80. Os membros fundadores do 
Mercosul são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de 
Assunção. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, s.a, s.p.) 
Antes do surgimento do Mercosul, era somente o Brasil que já possuía 
legislação específica para o Direito do Consumidor. Como é de conhecimento, no 
dia 11 de setembro de 1990 foi aprovado o Código de Defesa do Consumidor. 
Atualmente, os quatro Estados-membros possuem legislação específica de 
proteção ao consumidor. O Brasil, por meio do Código de Defesa do Consumidor, 
Lei 8.078/90; a Argentina, pela Lei de Defensa del Consumidor, Lei 24.240/93, 
modificada pela Lei 24.999 de 1/07/1998; o Paraguai através de sua lei de proteção 
ao consumidor de dezembro de 1998 e o Uruguai pela Lei 17.189 de setembro de 
1999. As legislações do Brasil e Argentina são consideradas as mais desenvolvidas 
neste sentido, sendo a do Brasil, o parâmetro a ser alcançado pelo bloco. (ABREU, 
2006, s.p.) 
A primeira legislação consumerista da Argentina foi promulgada em 1993. 
Chamada de Lei de Defesa do Consumidor, Lei 24.240, ela é vigente até os dias de 
hoje. Uma curiosidade, é que só após um ano da sanção desta lei, a Constituição 
Argentina, que foi reformada em 1994, passou a ter uma previsão expressa nos arts. 
42 e 43, designadas a firmar um meio específico de proteção do Estado ao 
consumidor (OLIVEIRA, 2013, s.p.). Na legislação argentina, o conceito de 
consumidor está presente no ser art. 1°, onde há uma distinção entre consumidor e 
usuário, sendo o consumidor aquele de fato consome os bens e serviços, e o 
usuário é o sujeito que possui algo por direito proveniente do uso de algo. 
No que se refere ao Paraguai, mesmo com a Constituição Nacional de 1992 
não fazendo referência à defesa do consumidor, em 27 de outubro de 1998, passou 
a ter uma legislação própria, chamada de Lei de Defesa do Consumidor e do 
Usuário, com inspiração nas legislações do Brasil e Argentina e nos dispostos no 
Protocolo de Regulamento Comum Mercosul de Defesa do Consumidor. 
13 
 
 
 
O Uruguai, por sua vez, é o único que não dispõe de normas constitucionais 
no que se refere à defesa do consumidor. Porém, em 20 de setembro de 1999, 
foram aprovadas normas que disciplinavam, em particular, as relações de consumo, 
por intermédio da Lei 17.189. Em razão de vício, a mesma foi substituída pela Lei 
17.250, em 11 de agosto de 2000 – Lei de defesa do Consumidor, que também teve 
como inspiração o Protocolo de Regulamento Comum Mercosul de Defesa do 
Consumidor (JUNIOR e VIEIRA, 2013, s.p.). 
Atualmente, há mais dois países, foram incorporados ao Mercosul como 
estados membros, que são a Bolívia e a Venezuela. Sobre a incorporação destes, 
Junior e Vieira relatam o seguinte: 
O bloco, constituído inicialmente pela Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai como Estados Membros, conta, desde 12.08.2012, com a 
incorporação da Venezuela, 11 na condição de membro pleno. 
Ademais foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao Mercosul, 
que atualmente se encontra em processo de ratificação.. (2013, s.p.) 
É importante destacar que, na verdade, a Bolívia, assim como o Chile, 
Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname são considerados países associados. 
Mas seu protocolo de adesão como Estado Parte foi assinado em 2015, e agora se 
encontra em vias de incorporação pelos congressos dos respectivos Estados. 
Em 1994 com o protocolo de Ouro Preto, foi criado a CCM, que significa 
Comissão de Comércio do Mercosul, complementado também pelo protocolo de 
Santa Maria, em 1996. (CARVALHO, 2005) 
Existe um debate sobre um projeto denominado de Protocolo de Regulamento 
Comum Mercosul de Defesa do Consumidor, que está ligado ao “Comité Técnico 
n.07 de Defensa del Consumidor”. Este debate objetivava unir as legislações dos 
países membros. Sobre este protocolo, o Brasil manifestou-se para barrar a 
assinatura da maneira que este documento se encontrava. Essa manifestação se 
deu pelo fato de que a acolhida deste documento da maneira de que se encontrava, 
implicaria modificações no ordenamento jurídico brasileiro, pois contrariaria 
dispositivos da Lei 8.078/90, atualmente vigente. 
Foi refletido no Protocolo de Santa Maria, a importância do papel do 
consumidor como meio de integração, em que se evidencia o quão fundamental é 
14 
 
 
 
oferecer ao setor privado dos estados-partes uma linha de proteção jurídica. É 
importante ressaltar também que após a recusa do referido protocolo, houve novos 
debates acerca da defesa do consumidor no Comitê Técnico n. 7, e isto leva a um 
seguimento onde terá apenas um protocolo com princípios e direitos básicos do 
consumidor (WIERZCHÓN, e col, 2008). 
O tal regulamento gerado pelo Comitê Técnico n. 7, como já mencionado, vai 
contra o disposto no art. 1° do Tratado de Assunção, pois há como finalidade 
principaltornar único as legislações dos Estados-Partes do Mercosul. Neste 
regulamento, há duas ordens de interesse: 
1° - Introduzir normas protetivas que se encontram fora do sistema 
legal, principalmente em relação a todos os Estados-Partes, 
excetuado o Brasil; e 2° - Proporcionar a todos os consumidores do 
Mercosul, proteção mínima idêntica, indiferente do local da compra do 
bem de consumo. Nesse sentido, o Regulamento vai ser mais um 
instrumento de estabilização do Mercado Comum. (Talavera apud 
Leonir Batisti, s.a, p. 163.) 
 
O autor ainda vai mais adiante, dizendo que: “O Regulamento, porém, não 
exaure toda a matéria pertinente à defesa do consumidor. Será certamente 
fundamental em relação à segurança econômica, incluindo a segurança contratual. 
Em outros aspectos da proteção, notadamente em relação à proteção à saúde, já 
existem medidas tomadas no âmbito do Mercosul”. (TALAVERA, 2001, s.p.) 
Ademais, o Tratado de Assunção não apresenta conteúdo jurídico suficiente 
para harmonizar as legislações de seus estados-membros, mesmo que tivesse este 
compromisso. No entanto, o MERCOSUL recomenda a partir de suas decisões 
possíveis modificações das leis nacionais e normas administrativas. Estas tentativas 
de harmonização de legislações se dão por instrumentos de direito internacional 
público clássico, ou seja, através de tratados, protocolos e acordos, que, no Brasil, 
para entrar no ordenamento jurídico como lei ordinária, devem ser assinados pelo 
executivo, aprovados pelo Congresso Nacional através do decreto legislativo e 
ratificados e promulgados pelo executivo. (ABREU apud MARQUES, 2004) 
Atualmente, o MERCOSUL passa por um fortalecimento de sua economia, 
comércio e instituição. Tem-se a busca do fortalecimento de sua economia através 
15 
 
 
 
da democracia, estabilidade política e respeito aos direitos humanos e liberdades 
fundamentais. 
Em tempo, é cabível ressaltar que a Venezuela aderiu ao MERCOSUL em 
2012, mas encontra-se suspensa desde 2016 por descumprir um protocolo de 
adesão. 
 
2.3 Evolução Histórica do Direito do Consumidor no Brasil 
 
Como dito anteriormente, em 15 de março de 1962, o então presidente dos 
EUA, John Kennedy reconheceu de maneira universal a proteção dos direitos do 
consumidor, entre muitos critérios, dando ênfase a segurança. 
 
 
A mensagem encaminhada pelo presidente John F. Kennedy, 
em 1962, ao Congresso Americano, anunciando que os 
direitos básicos do consumidor eram o direito à proteção e 
segurança, o direito a ser informado, o direito à escolha e o 
direito a ser escutado, serviu como exemplo para a Comissão 
de Direitos Humanos das Nações Unidas, adotá-los como 
princípios e expandir mundialmente a proteção dos 
consumidores. (TALAVERA, 2001, s.p.) 
 
 
Este marco fez com que os direitos a defesa do consumidor ganhassem 
importância mundial. É correto afirmar que o direito do consumidor no Brasil, surge a 
partir das décadas de 1960 e 1970, por efeito da industrialização deste período, 
marcado também por grandes crises, tanto econômicas quanto sociais. E foi nesse 
período que surgiram os primeiros meios de defesa do consumidor, como podemos 
ver abaixo: 
 
 
Mas foi na década de 1970 que surgiram os primeiros órgãos de 
defesa do consumidor. A APC (Associação de Proteção ao 
Consumidor de Porto Alegre), a Associação de Defesa e Orientação 
do consumidor de Curitiba (ADOC) e o Grupo Executivo de Proteção 
ao Consumidor, que é a atual Fundação Procon São Paulo. Já a 
década de 1980 foi marcada pela recessão econômica e 
redemocratização do país, e pelo movimento consumerista, o qual 
objetivava incluir o tema de defesa do consumidor na Assembleia 
16 
 
 
 
Nacional Constituinte A partir do Decreto n°91.469, de 24 de julho de 
1985 foi implantado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor 
onde a associações de consumidores, Ordem dos Advogados do 
Brasil, Procons estaduais, Confederação da Industria, etc. 
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, s.a, s.p). 
 
 
O conselho Nacional de Defesa do Consumidor destacou-se na criação de 
propostas na Assembleia Constituinte e pelo fato de disseminar a real relevância da 
defesa do consumidor no Brasil, o que possibilitou, ainda, o nascimento de uma 
Política Nacional de Defesa do Consumidor. 
No mesmo período, a ONU, a partir Resolução n° 39-248 de 1984, deixou 
estabelecido as Diretrizes para a Proteção do Consumidor, destacando a 
importância dos governos na participação da implantação de políticas de defesa do 
consumidor. Diante disso, em 11 de setembro de 1990, através da Lei n° 8.078/90, 
teve o surgimento do Código de Defesa do Consumidor, que reconhece que o 
consumidor se encontra vulnerável, e estabelecendo a boa-fé como princípio base 
das relações de consumo (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, s.a, s.p.) 
Antes de ser incluída na Constituição Federal de 1988, a defesa do 
consumidor em nosso país teve um grande significado na edição da Lei n° 7.347/85, 
chamada de Lei da Ação Civil Pública, que visava proteção aos interesses da 
sociedade. Neste mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do 
Consumidor. Assim, visando os interesses sociais, a Constituição Federal de 1988 
traz no seu art 170, inciso V o seguinte: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: V- defesa do consumidor. 
 
Ainda, possui laços na Constituição (1988) no Art 5°, inciso XXXII: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado 
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. 
 
17 
 
 
 
 Após isso, em 1990, foi promulgado o Código de Defesa do Consumidor, que 
traz princípios gerais que objetivam alcançar todas as situações as quais envolvem 
consumo, que será tratado no capítulo seguinte. 
Vale ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor é reconhecido em 
esfera internacional como um protótipo no que se refere a proteção do consumidor, 
estabelecendo princípios básicos muito importantes, como o direito de ter uma 
informação clara e adequada, contra propaganda enganosa, tornando as relações 
de consumo justa e equilibrada. 
Contextualizadas tais premissas históricas, vejamos, no capítulo a seguir, os 
principais diplomas legislativos a regular, hoje, no Brasil, o Direito do Consumidor na 
esfera do comércio eletrônico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
3 DEFESA DO CONSUMIDOR NAS PRÁTICAS COMERCIAIS E A LEGISLAÇÃO 
VIGENTE 
 
Neste momento da pesquisa, será estudado os meios de proteção ao 
consumidor conhecidos no Brasil, trazendo ao leitor informações sobre regras 
específicas e importantes, como o Código de Defesa do Consumidor, Marco Civil da 
Internet e o SNDC (Sistema Nacional de Defesa do consumidor). 
 Aqui também será abordado a importância do Estado na intervenção das 
práticas comerciais, bem como, as formas que o consumidor tem de se proteger de 
relações de consumo abusivas e que podem lhe trazer danos. 
 
 
3.1 O Código de Defesa do Consumidor 
 
O Código de Defesa do Consumidor, promulgado em 1990, é uma lei que 
abrange e que trata das relações de consumo em todas as esferas do direito. Ele 
marca o momento do início da redemocratização do país, é um instrumento que traz 
a existência do exercício da cidadania. (BUENO, 2017, s.p.). Logo no início, vale 
dizer que houve certa resistência massificada de empresários, principalmente de 
publicitários, pois, repleto de normas específicas, o CDC trouxe um regramento de 
proteção ao consumidor que ensejou inúmeras dúvidas acerca de sua interpretação. 
Coube ao Estado a responsabilidadede intervir nas relações consumeristas, 
tendo que reduzir espaço para a autonomia da vontade, impondo normas e regras 
com o objetivo de alcançar o equilíbrio e igualdade nas relações entre consumidores 
e fornecedores. (SEIXAS, 2015, s.p.) 
Seixas, ainda traz o seguinte: 
 
Diante dessa desigualdade de forças entre fornecedor e 
consumidor, em que o primeiro impõe as regras e o segundo as 
cumpre, surgiu a necessidade maciça de se elaborar uma legislação 
específica para o consumo. A Constituição Federal, em seu 
artigo 5º, XXXII, reconhece expressamente essa vulnerabilidade, ao 
afirmar que o Estado deve promover a defesa do consumidor e no 
artigo 48 do ADCT, que determina a criação do Código de Defesa 
do Consumidor. (2015, s.p.) 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729785/inciso-xxxii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
19 
 
 
 
A vulnerabilidade é algo que sempre norteou o consumidor, portanto, criar 
uma legislação era algo primordial para reestabelecer a isonomia, dando 
instrumentos jurídicos de direito material e processual, para que o consumidor 
passe a ter dignidade e respeito neste cenário (SEIXAS, s.p, 2015). Com isso, é 
que o Estado de fato coloca em prática suas ações para a diminuição da 
desigualdade, e regular as relações entre fornecedor e consumidor, já que este 
texto estabelece uma função essencial do Estado, que é a defesa do consumidor. 
Como já dito anteriormente, o Código de Defesa do Consumidor (1990) 
trouxe avanços excelentes para o consumidor, protegendo-os de prejuízos como 
os elencados no art. 6°: 
 
Art. 6° São direitos básicos do consumidor: 
I- a proteção da vida, saúde, segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos; II- a educação e divulgação sobre o consumo 
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de 
escolha e a igualdade nas contratações; III- a informação adequada e 
clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação 
correta de quantidade, características, composição, qualidade e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 
 
 
Desta forma, entende-se que essa lei veio para se tornar um meio de defesa 
para a sociedade nas relações de consumo, partindo de um ponto, que até então, 
não eram assegurados. 
Prosseguindo de acordo com o CDC, consumidor é toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza um produto. Sendo assim, a todo o momento 
praticamos atos de consumo, seja adquirir um produto no supermercado, comprar 
uma roupa ou então até pagar um táxi (CHAVES, 2017, s.p.). Desta maneira, o 
Código de Defesa do Consumidor define as partes da relação de consumo da 
seguinte maneira: 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 
17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores 
todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do 
seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas 
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (1990) 
20 
 
 
 
 
Percebe-se, então, que o legislador ao definir quem é o consumidor objetivou 
não deixar dúvidas, visto que trouxe no artigo supra diversas formas de definí-lo, 
inclusive orientando que consumidor não é só aquele que participa da relação, mas 
também quem indiretamente possa intervir, e acabam se expondo ao produto, de 
modo a também firmar o conceito de “consumidor por equiparação”. 
É notório, que o CDC carrega considerações sobre o fornecedor, tanto como 
pessoa física ou jurídica, público ou privado, como também nacional ou estrangeiro, 
bem como, o que se considera produto ou serviço, conforme se infere do artigo 
abaixo: 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação 
de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material 
ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado 
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das 
relações de caráter trabalhista. (CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR, 1990) 
 
Atualmente, é de conhecimento de todos que a legislação da relação entre 
fornecedores e consumidores trouxe maior qualidade de serviços e produtos, e que 
mais informações pertinentes viessem à tona. 
Sendo assim, nota-se que o código traz ao consumidor uma proteção 
bastante abrangente, estipulando que o produto não é só o que o tato pode sentir, e 
que vários podem ser os fornecedores. Isso mostra que a posição que antes o 
consumidor se encontrava, de vulnerabilidade, diante do fornecedor, acaba ficando 
muito menor ao perceber que o CDC prevê as mais diversas situações para 
assegurar o controle e segurança de quem está consumindo. 
21 
 
 
 
 
 
3.2 O Marco Civil da Internet 
 
 Conhecida como regulamentadora do uso da internet, a Lei n° 12.965/14, 
inovou ao trazer princípios e garantias que tornam o uso da rede livre e democrática 
em nosso país. 
Ela entrou em vigor em junho de 2014, assegurando direitos e deveres de 
todos os usuários e de muitas empresas que promovem o acesso a serviços virtuais. 
Antes de virar lei, a proposta foi lançada pela Secretaria de Assuntos Legislativos do 
Ministério da Justiça, em outubro de 2009 (MARTINS, 2018). Todos os temas 
abordados foram desenvolvidos com ajuda da comunidade, através de audiências 
públicas no país inteiro. 
A Lei n° 12.965/14 possui como objetivo estabelecer garantias, direitos e 
deveres para o uso da internet com consciência, em que o acesso é livre para 
qualquer pessoa. Sua implantação é de grande relevância no que se refere a 
regulação das relações digitais, de acordo com os principais pontos da lei, que serão 
aqui expostos. 
O primeiro ponto, e o mais importante, considerado por alguns como a 
espinha dorsal da lei, é a neutralidade da rede. Neutralidade da rede significa dizer 
que é determinado tratamento igualitário de dados por parte das operadoras de 
telecomunicações, sem ter distinção quanto ao seu conteúdo, origem, destino ou 
então aplicativo usado para a troca de informações. (REUTERS, 2015, s.p.) 
Com o intuito de frear ações de abuso que eram práticas comuns das 
empresas de prestação de serviços de internet, o princípio da neutralidade da rede 
foi um dos principais pontos abordados e discutidos para ser abordado na lei. Desta 
forma, temos a seguinte afirmação sobre este princípio: 
 
Um dos pilares dos pilares do projeto, a neutralidade da rede garante 
o tratamento igual para o tráfego de pacotes de dados. Na prática, 
empresas de telecomunicação são impedidas de priorizar conteúdos 
e serviços e realizar cobranças diferenciadas para cada perfil de 
usuário. (O GLOBO, s.a, s.p) 
 
 
22 
 
 
 
Assim sendo, é percebido uma maneira de evitar abusos dos muitos 
intermediários que estão envolvidos nas transmissões de dados pela internet. 
Outro ponto muito importante é sobre as informações contidas na internet. Os 
provedores de internet só serão obrigados a fornecer informações dos usuários por 
meio de ordemjudicial (PEREIRA, s.a). É importante dizer que todas as empresas 
que operam no Brasil, independente de nacionalidade, precisam respeitas a 
legislação, e quando necessário, se solicitado, entregar informações à Justiça. 
Sobre a responsabilidade civil por conteúdo produzido por terceiros, é trazido 
o seguinte: 
 
Pela proposta aprovada, os provedores de conexão não serão 
responsabilizados por danos decorrentes de conteúdo gerado por 
terceiros; já os provedores de aplicações só responderão quando da 
desobediência à ordem judicial para retirada de material ilícito da 
rede. A decisão judicial deve ainda ser clara o suficiente a 
individualizar o material e, quando possível a identificação do autor, 
ele deverá ser informado acerca da supressão para fins de 
contraditório e ampla defesa. (PIERI, BARROSO, FERRAZ e 
FERNANDES, 2014, s.p.) 
 
 
No entanto, há exceção no que se refere a hipótese de publicação de 
conteúdo íntimo, como cenas de sexo ou nudez de caráter privado que tenha sido 
publicado sem autorização do participante. Neste caso, o provedor tornara-se 
responsável subsidiário pelo conteúdo, em caso de omissão em adotar as medidas 
cabíveis para tornar o conteúdo indisponível. 
Com esta lei, o Brasil se posiciona como um mediador internacional sobre o 
que se refere a discussões sobre a rede mundial de computadores. Em tempo, 
somente alguns países da Europa contam com alguma regulação, mas o Brasil é 
pioneiro neste tipo de estabelecimento de regras, em uma ação que permite ao 
judiciário, legislar sobre um território, considerado por muitos, sem lei, como a 
internet (VARGAS, 2014) 
Sendo assim, os enunciados do MCI estão muito bem relacionados, pois traz 
em seu corpo privacidade e segurança, por exemplo, que são mútuos, ou seja, não 
pode existir um sem o outro. Isto dá segurança não só para o governo, mas também 
para o setor empresarial e, principalmente, aos cidadãos. Ainda sobre isso, Arnaudo, 
nos diz o seguinte: 
23 
 
 
 
 
O Brasil desempenhou um papel singular no debate sobre esses 
temas, desenhando um caminho entre o sistema internacional 
europeu fortemente regulado, o sistema americano, orientado por 
prioridades empresariais, e o autoritário mundo online de censura, 
vigilância e controle governamental. Seu modelo é orientado e 
fomentado pela visão multisetorial do Comitê Gestor da Internet, pelo 
MCI, por novos sistemas online democráticos e por uma grande 
quantidade de outras regulações da internet, e se tornou um exemplo 
para o mundo. Resta saber se o governo atual continuará a seguir o 
caminho iniciado pelo anterior – mantendo e promovendo esse 
modelo internamente e internacionalmente – ou se tentará 
desenvolver uma política alternativa, mais afinada com o livre-
mercado. (s.a, s.p) 
 
 
Sendo assim, é notável que o MCI é uma referência legislativa, auxiliando o 
sistema jurídico brasileiro a enfrentar os desafios e as oportunidades que a rede 
mundial de computadores nos oferece. 
 
3.3 O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC 
 
O SNDC (Sistema nacional de Defesa do Consumidor) é regulamentado pelo 
Decreto Presidencial n° 2.181 de 20 de março de 1997. Ele é um mecanismo de 
defesa do consumidor de responsabilidade de órgãos públicos e privados que 
integram este sistema, seu objetivo se resume em garantir o cumprimento dos 
direitos do cidadão, zelando por harmonia, transparência e segurança nas relações 
consumeristas. 
Assim, o Código de Defesa do consumidor (1990) nos traz o seguinte: 
 
Art. 105. Integram o sistema Nacional de Defesa do Consumidor 
(SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e 
municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor. 
 
O SNDC tem como órgãos como o Procon, Ministério Público, Defensoria 
Pública, Delegacias de Defesa do Consumidor, Juizados Especiais Cíveis e 
Organizações Civis de Defesa do Consumidor. Estes órgãos atuam de forma 
conjunta com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), e reúnem-se 
trimestralmente nestas associações que abordaremos a seguir, devendo assegurar 
24 
 
 
 
dignidade, saúde e a segurança do consumidor, além de interesses econômicos. 
(Ministério da Justiça e Segurança Pública, s.a) 
As reuniões trimestrais, já citadas anteriormente, têm por objetivo realizar 
uma análise de forma conjunta dos desafios que o consumidor enfrenta, e assim, 
busca formular ações para uma melhor fiscalização, e a elaboração de políticas 
públicas e mecanismos de proteção e defesa do consumidor. 
A coordenação da política desse sistema cabe ao Ministério da Justiça por 
meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC, que possui, 
como atribuições, segundo Leal e Tassigny o seguinte: 
 
 
1 - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política 
nacional de proteção ao consumidor; 2 - receber, analisar, avaliar e 
encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por 
entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou 
privado; 3 - prestar aos consumidores orientação permanente sobre 
seus direitos e garantias; 4 - informar, conscientizar e motivar o 
consumidor através dos diferentes meios de comunicação; 5 - 
solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a 
apreciação de delito contra os consumidores, nos termos da 
legislação vigente; 6 - representar ao Ministério Público competente 
para fins de adoção de medidas processuais no âmbito de suas 
atribuições; 7 - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as 
infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, 
coletivos, ou individuais dos consumidores; 8 - solicitar o concurso de 
órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e 
Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, 
abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços; 9 - 
incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas 
especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela 
população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais; 10 - 
desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. (s.a, 
s.p) 
 
Mais adiante, o artigo 5º do CDC, nos traz quais as entidades que podem 
realizar esta defesa. 
A primeira entidade são as Defensorias Públicas, que foram criadas por 
determinação da Constituição Federal, e existem atualmente, e por este motivo a 
proteção do consumidor e o acesso à justiça são tidos como direitos e garantias 
fundamentais. 
Há também as Promotorias de Justiça que agem em Defesa do Consumidor, 
que é um órgão integrante do Ministério Público e compete as Promotorias de 
Defesa do Consumidor a defesa dos interesses coletivos dos consumidores. 
25 
 
 
 
Entende-se que interesse coletivo é o que abrange de maneira total e igualitária um 
número expressivo de consumidores, ou seja, as questões individuais não são de 
competência desta entidade. 
Desta maneira, após recebido informações ao que diz respeito a interesses 
coletivos, será instaurado um inquérito civil pela Promotoria, tomando as devidas 
medidas legais que se façam justas para sanar o dano provocado. 
No mesmo ramo que as entidades anteriores, também há o bastante 
conhecido PROCON, que diferente das Promotorias citadas anteriormente, este atua 
em questões individualizadas. É nesta entidade que o consumidor irá se amparar, 
receber respostas rápidas para determinadas queixas, e, formalizando uma 
reclamação, o órgão entrará em contato com o fornecedor do produto ou serviço que 
causou dano ao consumidor. O objetivo é conduzir uma conciliação que seja 
benéfica para ambos. 
Outra entidade de proteção ao consumidor são as Delegacias de Polícias que 
são especializadas em atendimento de consumidores que são vítimas de infrações 
penais nas relações de consumo. Elas objetivam apuração de infrações penais 
contra as relações consumeristas ilegais que estão tipificados no CDC. 
Há também, ao lado de órgãos estatais,entidades civis ou organizações não 
governamentais de defesa do consumidor. Essas associações são privadas e sem 
fins lucrativos, instituem-se pela iniciativa de um grupo de pessoas para a defesa 
individual ou coletiva dos direitos e interesses do consumidor (LEAL e TASSIGYN 
s.a.). Além disso, promove a realização de atividades e pesquisas sobre este ramo 
do direito, ampliando a eficiência dos direitos de proteção e defesa do consumidor 
no país. São exemplos de associações a ABC – Associação Brasileira dos 
consumidores e o IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidores. 
 
 
Conforme Leal e Tassigny apud Leonardo Roscoe Bessa: 
 
A configuração do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e 
respectiva proposta de articulação entre as entidades e órgãos que 
compõem se justificam pela grande dimensão do País. Cuida-se de 
instrumento para viabilizar a Política Nacional das Relações de 
Consumo, ou seja, ‗o atendimento das necessidades dos 
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua 
26 
 
 
 
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo‘ (art. 4.º, caput, do CDC, 1990). 
 
Salienta-se, então, que os órgãos do SNDC atuam de forma conjunta e 
complementam-se para o recebimento de denúncias e apuração de irregularidades, 
bem como, promover a proteção e defesa dos consumidores. Como visto, estas 
entidades possuem muitas atribuições, mas a primordial é a proteção e defesa do 
consumidor. 
Sopesados os principais elementos jurídicos vigentes acerca da defesa do 
consumidor passaremos a cotejá-los no próximo e último capítulo com as nuanças 
advidas do comércio eletrônico internacional no intuito de examinar a sua 
autosuficiência na proteção dos direitos do consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
4 O COMÉRCIO ELETRONICO INTERNACIONAL 
 
O presente capítulo traz em seu conteúdo o tema central do estudo: o 
comércio eletrônico internacional. Neste momento, serão abordadas as mudanças 
que ocorreram na forma de consumir, bem como, o avanço que o e-commerce 
trouxe até chegar aos dias de hoje. Salienta-se, também, a abordagem da 
discussão sobre a legislação apta a julgar possíveis transtornos ocorridos ao 
celebrar uma relação de consumo em algum site internacional, assim como uma 
possível maneira da legislação brasileira estar apta a envolver-se com estes eventos 
jurídicos. 
 
4.1 O e-commerce 
 
O e-commerce se encontra em constante mudança e evolução, mas sua 
definição pode ir muito além do que pode parecer. Segundo Albertin (1999, p 15), “o 
comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de 
negócio em um ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias 
de informação e de comunicação, atendendo aos objetivos de negócio”. 
Já segundo Zwass (apud Tassabehji, 2003, p.4.) “o comércio eletrônico é 
compartilhar informações sobre negócios e a condução das transações através das 
redes de telecomunicações”. Desta maneira, compreende-se que mesmo a visão 
particular de cada autor, não compreende todo leque de definições que o e-
commerce possui. 
Por fim, para Tassabehji (2003), e-commerce significava um processo de 
transações comerciais feitas eletronicamente, utilizando muitas outras tecnologias, 
como o Electronic Data Interchange (EDI) e a Transferência Eletrônica de Fundos 
(EFT). Ambas as tecnologias facilitaram a troca de informações entre usuários, tanto 
financeiras como as de necessidades para obter negócio, além de outros tipos de 
informações também. Essas tecnologias mais capacitadas apareceram no final da 
década de 1970, anteriormente, era possível a troca de informações apenas por 
meio da apresentação de documentação e dados físicos. 
O uso efetivo do e-commerce foi a partir de 1991, quando enfim a internet 
pôde ser aberta para o comércio. A internet está conectada a outras redes presentes 
28 
 
 
 
em todo o planeta, e não tem um dono, e nem é governada por alguma organização, 
mas opera seguindo padrões técnicos que possibilitam ter um alcance global. Com 
isso, entende-se que a internet é regulada indiretamente por organizações que 
desenvolvem estes padrões a quais elas se submetem. Então, isto significa dizer 
que estas organizações terão um passo a frente no que se refere a competitividade 
diante das organizações que não estão ligadas ao processo de padronização do uso 
da internet. 
A internet e toda sua evolução trouxe um crescimento gigantesco ao e-
commerce, que acabou beneficiando não somente o comércio eletrônico, mas todos 
os existentes. Uma pesquisa realizada em 2004 pela The Economist (Economist, 
s.p, 2004) diz que a adoção da direção que o comércio eletrônico tomou irá mudar 
todos os tipos de negócio, tanto online quanto offline. 
Isto significa dizer que o e-commerce engloba muito mais que vendas a 
varejo. Eletrônicos, joias, livros, venda de produtos usados, itens de decoração, ou 
seja, infinitas opções de produtos são vendidos no e-commerce. Sendo assim, o 
consumidor já aprovou o comércio eletrônico e por isso, cada vez mais, irá cobrar 
agilidade e qualidade nas lojas virtuais. (Felipini, 2012) 
A celebração de contratos eletrônicos, como se sabe, é um resultado do 
avanço da globalização, sendo a compra e venda as celebrações mais comuns 
realizadas, e hoje em dia, se tornou essencial para a movimentação do mercado. 
 
De acordo Gertner e Diaz, temos a seguinte informação: 
 
O número de usuários da Web, em 1997, era de 48 milhões. Nos 
Estados Unidos, 51% dos usuários da Web parecem usar a Internet 
diariamente (CyberDialogue, 1997). Atualmente, a Web domina as 
atividades comerciais na Internet (Hoffman,Novak,Chatterjee, 1995). 
Em termos de comércio informatizado, realizado principalmente na 
World Wide Web, cerca de 7,3 bilhões de dólares foram vendidos em 
produtos e serviços em 1997 por 52 empresas online (Media 
Central,1997). As vendas de varejo realizadas na Web foram de 999 
milhões de dólares. Um levantamento realizado por 
CommerceNet/Nielsen (1997) estima o número de compradores na 
Web em 10 milhões de pessoas. Outro levantamento realizado por 
Find/SVP (1997) concluiu que a compra online aumentou de 19% em 
1995 a 27% em 1997. Os gastos em propaganda na Web em 1995 
foram de aproximadamente US$37 milhões (Cyber Atlas, 1996). No 
Brasil, no final de 1998, estimava-se que o total de internautas era 1,5 
milhões de pessoas e o comércio eletrônico crescia a passos 
elevados. (1999, p.132) 
 
29 
 
 
 
 
Na atualidade, com os números crescendo diariamente, as empresas se 
encontram otimistas, pois o comércio on-line acaba se tornando um diferencial, que 
além de trazer comodidade para o consumidor, traz a oportunidade de pesquisas e 
comparações de preços, o acesso a infinidades de lojas, o que torna o contato 
direto do consumidor com qualquer fornecedor do mundo e a qualquer horário, por 
exemplo, trazendo mais competitividade aos fornecedores e aumentando os 
benefícios do consumidor final. 
Um ponto importante, que se torna um obstáculo para empresas, é a 
confiança do consumidor. Ainda existe certa resistência no que se refere as 
informações necessárias para concluir uma compra, tanto informações pessoais 
como financeiras, que na maioria das vezes se tornam indispensáveis. Desta 
maneira: 
 
Ao enviar dados pessoais pela Internet o consumidor fica exposto, 
também, ao comércio desses dados pelas próprias empresas, 
desencadeando, assim, o receio do fim da privacidade, como citado 
por ABENE (apud NUNOMURA, 1998), podendo surgir o risco social, 
em que a privacidade seja invadida sem o devido conhecimento e 
consentimento prévio. (FARIAS e KOVACS, 2004, s.p) 
 
 
Mesmo com algumas estratégias criadas pelo fornecedor, o consumidor 
permanece vulnerável, o que é comum e completamente normal,diante dos temidos 
hackers, por exemplo, que podem cometer atos ilícitos utilizando tais informações. 
Exemplificativamente, no ponto, ao que se colhe de pesquisa realizada no sítio 
eletrônico do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, observe-se: 
 
EMENTA: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO 
INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS. 
BOLETO BANCARIO. FRAUDE DE TERCEIRO NÃO 
COMPROVADA. RISCO DA ATIVIDADE. MEIO DE PAGAMENTO 
DISPONIBILIZADO AOS CONSUMIDORES QUE NÃO OFERECE A 
NECESSÁRIA SEGURANÇA. DEVER DE RESSARCIMENTO DO 
VALOR PAGO. Postula a autora o ressarcimento do valor R$ 289,00 
pago pela compra de um tablet e indenização por danos morais. A 
autora demonstrou o pagamento do boleto bancário emitido pelo site 
da empresa recorrente. A recorrente, por sua vez, apenas se limitou a 
30 
 
 
 
alegar que o boleto foi adulterado ao ser gerado, mediante fraude 
praticada por terceiro (vírus ou hacker), fl. 14. A empresa ora 
recorrente não comprovou ter a consumidora gerado o documento 
com a alegada adulteração, ônus que lhe cabia, a teor do art. 333, II, 
do CPC. Ademais, mesmo houvesse prática de fraude por terceiro, 
deve a demandada suportar o prejuízo decorre do risco da atividade 
de venda pela internet que disponibiliza aos consumidores, com meio 
de pagamento que não oferece a necessária segurança. [...]Assim, 
deve ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos. 
RECURSO IMPROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71005773668, Segunda 
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto 
Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em: 16-12-2015) 
 
EMENTA: CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS 
MATERIAIS. COMPRA PELA INTERNET. PRODUTO NÃO 
ENTREGUE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FRAUDE 
PERPETRADA POR TERCEIRO. VIOLAÇÃO DO SISTEMA DE 
SEGURANÇA DA LOJA. EMISSÃO DE BOLETO COM DADOS 
DIVERSOS DA LOJA RÉ. BOLETO FALSO APTO A ILUDIR O 
HOMEM-MÉDIO. RISCO DA ATIVIDADE QUE DEVE SER 
SUPORTADA PELO FORNECEDOR. DEVIDA A RESTITUIÇÃO DO 
VALOR DO PRODUTO. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS 
FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 
71005626213, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, 
Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em 18/11/2015) 
 
Como já dito anteriormente, a crescente globalização tem grande influência no 
avanço do comércio on-line. Somente em 2013, cerca de 21,2 milhões de brasileiros 
gastaram o equivalente a US$ 2,4 bilhões em sites de comércio internacional, um 
crescimento de 17% se comparado a 2015. Os sites mais acessados são: 
Aliexpress, Amazon, eBay, Deal Extreme e Apple Store, sendo que, a categoria mais 
comprada é a de eletrônicos. "Enquanto o mercado interno cresceu 7,4%, as 
compras nos sites internacionais apresentaram um crescimento de 18%, atingindo 
um volume total de R$ 2,4 bilhões, o que representa 5% do mercado total de e-
commerce" (ECOMMERCE BRASIL, 2013). 
O fator que mais se destaca para justificar tamanho crescimento, é a 
variedade e o custo. Em grandes sites, é muito difícil o consumidor não encontrar o 
31 
 
 
 
que procura por um valor significativamente vantajoso. Uma pesquisa realizada 
recentemente pela PayPal, em maio de 2018, nos traz os seguintes dados: 
 
 
46% dos internautas alegaram buscar sites chineses para descobrir 
novos produtos. O número baixa para 34% quando se trata de 
empresas nos Estados Unidos. China e EUA são dois dos países 
mais relevantes no e-commerce cross-border mundial. A Ásia 
representa 35% das compras cross-border entre os brasileiros, e a 
América do Norte, 21%. Já Europa e Américas do Sul e Central 
representam baixa representatividade entre as compras (o primeiro 
9% e o segundo 5%). Para o executivo, as razões podem estar 
ligadas a pouca variedade de produtos ofertados nesses mercados e 
a menor capacidade competitiva com as demais potências (E-
COMMERCE BRASIL, 2018, s.p). 
 
 
Outra informação pertinente trazida pela mesma pesquisa citada acima, é que 
43% dos clientes, afirmam comprar mais em sites estrangeiros durante a Black 
Friday, e 39% recorrem ao comércio eletrônico internacional para as compras de 
Natal. Mesmo com os atraentes benefícios de comprar em sites internacionais “o 
prazo de entrega é maior desvantagem para 62% dos consumidores; segurança no 
processo de pagamento é fator considerado por 51%. Os entrevistados apontaram 
também as desvantagens em comprar produtos por meio de sites internacionais. O 
prazo na entrega foi considerado a principal delas, mencionado por 62%. Em 
seguida, os internautas citaram a incerteza de que o produto será entregue (50%), o 
risco de apreensão da compra ou cobrança de impostos pela Receita Federal (48%) 
e o pagamento de taxas de importação (40%). Além disso, metade admite receber 
com frequência os itens adquiridos fora do prazo (50%).” (E-COMMERCE BRASIL, 
2018). 
Sendo assim, entende-se que ainda há muito receio nesta modalidade de 
consumo. Mesmo ela sendo mais vantajosa no sentido de facilidade da compra, e no 
quesito financeiro, existem tabus que impedem uma parcela de pessoas a 
conhecerem novos meios de consumir. 
 
32 
 
 
 
 
 
4.2 A lei brasileira sobre a jurisdição competente nas relações de consumo 
trans-fronteiriças 
 
O comércio de produtos e serviços é algo cada vez mais utilizado pelas 
pessoas, e isso se torna mais evidente devido à facilidade de acesso a internet e 
maior conhecimento sobre a existência da possibilidade de compras no exterior. 
No tema central aqui pesquisado, o comércio internacional, a execução ocorre 
de forma direta e indireta. Na forma indireta, os produtos negociados virtualmente 
são entregues ao comprador fisicamente pelos serviços postais. Do outro lado, na 
forma direta, os produtos comprados no meio eletrônico, são entregues também, de 
forma eletrônica, como é o caso de compras de livros virtuais, e-books, músicas etc 
(BARBOSA e CARVALHO, 2017). 
Entretanto, com o aumento do fluxo de compras, aumenta também os 
problemas com a perda e/ou extravio de produtos, juntamente com taxas sobre 
importação, confiabilidade do site, problemas com trocas e reembolso, e demais 
problemas que podem ocorrer. Embora recorrente, a população em geral vem se 
adaptando e aprendendo. Essa aprendizagem se dá pelo amplo acesso a 
informação sobre direitos e deveres atribuídos a cada um. 
No centro de toda essa evolução, os consumidores passaram a buscar um 
feedback sobre a experiência de outros compradores a respeito de tal produto, 
dados essenciais, como o contato dos fornecedores, e o prazo de entrega, tudo isto 
afim de tentar reduzir ao máximo eventuais transtornos que podem ocorrer no 
percurso do produto até seu destinatário final. 
Entretanto, apesar do amparo trazido pelo CDC, as relações de consumo de 
forma virtual tendem, a ser realizada de uma forma em que não se limita a jurisdição 
de um só país, surgindo assim, a necessidade de uma regulamentação de normas 
que possam ser aplicadas por algum outro mecanismo, que seja imparcial. 
Desta maneira, percebe-se que o entendimento é o de que a norma que o 
CDC nos traz deve prevalecer sob a legislação de aplicação estrangeira, mas, 
obviamente, sempre levando em consideração o equilíbrio entre direitos e deveres, e 
33 
 
 
 
nunca deixando faltar a sensibilidade no que se refere a justiça e proteção 
(BARBOSA e CARVALHO, 2017). 
Contudo, a recente mudança no Código de Processo Civil, foi inserido no art 
21, o seguinte: 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar 
as ações em que: 
1. o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver 
domiciliado no Brasil; 
2. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
3. o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se 
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver 
agência, filial ou sucursal. 
 
O presente artigo, deixaclara a competência exclusiva do foro brasileiro para 
atuar em situações de em que seja necessária a intervenção jurídica em relações de 
consumo em que as partes sejam de distintos territórios nacionais. 
Auxiliando ainda mais nessa afirmação, pode-se contar com os seguintes 
artigos: 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e 
julgar as ações: 
 
I - de alimentos, quando: 
 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade 
de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios 
econômicos; 
 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor 
tiver domicílio ou residência no Brasil; - grifei 
 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à 
jurisdição nacional. 
 
 
Este artigo é bastante importante, pois foi um dos primeiros a citar o que se 
refere à jurisdição internacional, encaixando-se no tema central do presente estudo, 
sobre a proteção do consumidor no comércio internacional. 
 O artigo 25 também afasta a competência do juiz estrangeiro, se referindo da 
seguinte forma: 
34 
 
 
 
 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o 
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de 
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, 
arguida pelo réu na contestação. 
 
§ 1° Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência 
internacional exclusiva previstas neste Capítulo. 
 
§ 2° Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1° a 4°. 
 
Em relação ao art. 25, apesar da concordância com o princípio da autonomia 
da vontade, "a vulnerabilidade do consumidor pode ser acentuada diante da 
complexidade das transações trans-fronteiriças" (RAMOS e FERREIRA, 2016). 
Desta maneira, a escolha do foro estrangeiro pelas partes é alvo de 
interpretação no que diz respeito a defesa do consumidor, pois, como já dito, é a 
parte vulnerável da relação de consumo. Partindo disso, a escolha do foro diferente 
do nacional deveria ser possível somente quando fosse mais benéfico ao 
consumidor. 
A possibilidade de escolher a lei aplicável não é bem aceita pela doutrina e 
pela jurisprudência. Como regra geral, então, temos o art 9° da Lei de Introdução as 
Normas do Direito brasileiro. 
 
Art. 9° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país 
em que se constituírem. 
 
§ 1° Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e 
dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as 
peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do 
ato. 
 
§ 2° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar 
em que residir o proponente. 
 
 
De acordo, então, com o caput do artigo acima citado, para os contratos 
celebrados no Brasil, aplica-se o direito brasileiro, os celebrados no estrangeiro, 
estariam sujeitos as normas de outro país. Contudo, quando da sua edição (a LINDB 
foi promulgada em 04/09/1942 e o aludido artigo 9º não foi modificado desde então), 
ainda sequer se cogitava na existência da internet/comércio eletrônico, tampouco na 
existência de um Código de Defesa do Consumidor que, aliás, em seu artigo 30, c/c 
o artigo 435 do Código Civil (Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi 
proposto), estabelece aparente antinomima no ponto: 
35 
 
 
 
 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, 
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a 
produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor 
que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a 
ser celebrado. 
 
Isso porque o CDC trata, neste artigo, proponente e fornecedor como 
sinônimos, autorizando conclusão de que se a compra foi realizada por meio 
eletrônico em território brasileiro mas proposta em território estrangeiro, a lei 
aplicável poderia ser a estrangeira. 
Logo, no ponto, o art 9°, § 2°, da LINDB, aparentemente afastaria a jurisdição 
brasileira. Entretanto, de acordo com a doutrina, o artigo estaria superado, sendo ele 
aplicado, então, somente para contratos comerciais realizados em território 
brasileiro, muito em razão da necessária interpertação histórica a ser sobre ele 
realizada, não ser referindo às atuais relações de consumo internacional. 
Mesmo com tudo isso, conforme visto, a legislação brasileira segue sem 
regras especificas para agir no ramo internacional de comércio eletrônico. Desta 
maneira, ao que restou estudado, acredita-se que na hipótese de conflito 
internacional de jurisdições envolvendo relações de comércio eletrônico melhor seria 
deliberar-se pela incidência da legislação de domicílio do consumidor, ao tempo em 
que, caso seja permitida a aplicação de outra lei, tal se faça tão somente se for esta 
mais favorável ao consumidor, visto sua hipossuficiência em relação ao fornecedor 
ou prestador de serviços, pois de pouco adiantará os inúmeros mecanismos 
protetivos vigentes no nosso CDC se não tivermos, no ponto, condições de zelar 
pela nossa soberania em tais casos. 
 
4.3 A jurisdição brasileira para as relações comerciais internacionais: 
manutenção do que já existe e a esperança de aperfeiçoamento 
 
Como se viu até aqui, o comércio e o consumo são atividades inerentes ao 
ser humano há muito tempo, sendo que o aprimoramento delas, de acordo com o 
crescimento tecnológico, faz com que os mecanismos de defesa existentes até hoje 
necessitem acompanhar tal evolução. 
O comércio eletrônico surge como facilitador das relações de consumo, na 
ampliação de possibilidades de interação com diversos sujeitos, na escolha de 
36 
 
 
 
produtos e serviços de forma cada vez mais amplificada, na obtenção de bens ou 
serviços personalizados e na diminuição do tempo de escolha, e tudo isso sobre o 
prisma de uma alta redução nos custos de transação no intuito de beneficiar o 
consumidor (LORENZETI, 2014, p. 365). 
Sendo assim, após todo o estudo realizado, chegou-se a conclusão que a 
legislação brasileira precisa evoluir. No que se refere ao comércio eletrônico 
nacional, consoante visto, é possível observar que nossa legislação vigente é 
adequada e eficaz para resolver os problemas de consumo caseiros. Contudo, 
quando os celeumas consumeristas versarem sobre comércio eletrônico 
internacional, não se pode olvidar da possível retirada do poder do Estado e do 
avanço da sistemática, pois as fronteiras comerciais na contemporaneidade, 
induvidosamente, estão se tornando cada vez menores. 
O Direito do Consumidor, assim, no plano do comércio eletrônico 
internacional, ainda exige mudanças para fins de aperfeiçoar a proteção do 
consumidor brasileiro em situação de contrato internacional, especialmente por meio 
do fomento de uma legislação específica – de preferência, construída em comum 
acordo pelas nações com características de jurisdição internacional – para que se 
possa abranger todas as peculiaridades dessa modalidade de consumo, visto que o 
Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil, malgrados todas as suas 
qualidades, têm sua eficácia muitas vezes reduzidas em tal cenário, não 
contemplando, ao menos no ponto, todas as ferramentas necessárias para 
assegurar os direitos do consumidor envolvido em tal seara contratual internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
5 CONCLUSÃO 
 
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou conhecer a historicidade 
do Direito do Consumidor, bem como, a sua evolução no Brasil e no mundo, 
afunilou-se também passando pelo Mercosul, e todas as demais fases superadas 
para chegar ao que temos hoje de legislação vigente para a proteção do consumidor 
na atualidade em nosso país. Ainda, foram abordadas as mudanças na forma de 
consumir e as implicações que isso trouxe ao ordenamento jurídico ao questionar a 
capacidade de legislar sobre eventos jurídicos trans-fronteiriços. 
Dentre os objetivos doestudo, além do resgate histórico, que serviu para 
apontar os acontecimentos mais importantes do decorrer da evolução do Direito 
Consumidor, também tinha como objetivo salientar e explicar os meios de proteção 
ao consumidor que o Brasil possui. Neste sentido o ordenamento jurídico brasileiro 
traz com bastante eficiência o Código de Defesa do Consumidor, o Marco Civil da 
internet e o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, que foram abordados no 
segundo capítulo do presente trabalho. 
No terceiro e último capítulo, foram abordados os temas principais deste 
estudo, que são o e-commerce e as relações de consumo trans-fronteiriças. Com a 
abordagem desse conteúdo, foi possível perceber que a nossa legislação, mesmo 
que amparada em alguns artigos, não possui regras especificas para atuar no 
comércio eletrônico internacional. 
Sendo assim, na hipótese de conflito de regras, seria a melhor opção a 
aplicação da lei de domicílio do consumidor (por ser, como já estudado, vulnerável 
diante do fornecedor), mas também, ao tempo que pudesse ser permitida a 
aplicação de outra lei, desde que mais benéfica ao consumidor. 
Sendo assim, o Direito do Consumidor encontra-se bem amparado no que se 
refere as relações comerciais físicas e eletrônicas quando ambos os contraentes são 
brasileiros. Contudo, necessita de mudanças principalmente para essa nova 
modalidade de consumo eletrônico internacional que vem se modificando cada vez 
mais, o que poderia ser feita, inclusive, em comum acordo entre os países, para que 
possa abranger as mais diversas peculiaridades deste modelo de consumo. 
Enfim, a relação de consumidor e fornecedor tem se tornado estreita com a 
criação destes canais facilitados e as fronteiras se tornado cada vez mais 
38 
 
 
 
“invisíveis”, com oportunidades mais atraentes. A melhoria jurídica para este meio é 
necessária, buscando o empoderamento do consumidor, sempre em prol de uma 
visão de um futuro melhor para os consumidores do país, onde seja possível pactuar 
contratos de consumo com a necessária segurança jurídica que se espera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
REFERENCIAS 
 
ABREU, Paula Santos de. A Proteção do Consumidor no Âmbito dos Tratados 
da União Européia, Nafta e Mercosul. 2006. Disponível em: 
<http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/anexos/21977-21978-1-
PB.pdf> Acesso em: 05/02/2019 
 
ARNAUDO, Daniel. O Brasil e o Marco Civil da Internet / O estado da 
governança digital. s.a. Disponível em <https://igarape.org.br/marcocivil/pt/&gt;> 
Acesso em 10/03/2019 
 
BARBOSA, Davi Diaz; CARVALHO, Diego Mendes. Relações de consumo no 
âmbito internacional. 
 
BARROSO, Pedro; FERNANDES, Daniela; FERRAZ, João Inácio; PIERI, João 
Eduardo. Aspectos importantes do marco civil da internet, aprovado pela 
Câmara dos Deputados. Disponível em 
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI198615,3104Aspectos+importantes+do
+marco+civil+da+internet+aprovado+pela+Camara&gt> Acesso em 06/02/2019 
 
BESSA, Leonardo Roscoe. Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. 
Manual de direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. 
 
BRASIL. Código de Processo Civil, 2015. 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
 
CARVALHO, Andréa Benetti. Proteção jurídica ao consumidor no Mercosul. 
Revista do Programa de Mestrado em Direito do UniCEUB, Brasília, v. 2, n. 1, p. 
116-137, jan./jun. 2005 
 
CHAVES, Rogério. Características principais acerca da Lei nº 8078/90 
 
40 
 
 
 
Código de Defesa do Consumidor. 2017. Disponível em 
<https://jus.com.br/artigos/55601/caracteristicas-principais-acerca-da-lei-n-8078-90- 
codigo-de-defesa-do-consumidor&gt> Acesso em março 2019 
 
COSTA, Thabata Filizola. A importância do Marco Civil da Internet. 2016. 
Disponível em &lt; https://thabatafc.jusbrasil.com.br/artigos/313088224/a- 
importancia-do-marco- civil-da-internet&gt; Acesso em março 2019 
 
CRUZ, Thercya Jamily Ribeiro Barroso. Direito do Consumidor: um estudo 
sobre a importância da informação para os agentes da sociedade de 
consumo, no Brasil. 2014. Disponível em 
<https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/3209/direito- consumidor- 
estudo-importancia-informacao-os-agentes-sociedade-consumo-brasil&gt> 
Acesso em 07/02/2019 
 
DE PAULA, Marco Aurélio Borges. O processo integracionista do Mercosul: 
algumas notas sobre o seu sistema de solução de controvérsias entre 
Estados-partes. Disponível em 
<http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/anexos/22333-22335-
1PB.pdf&gt> Acesso em: novembro de 2018. 
 
GUGLINSKI, Vitor. Breve histórico do Direito do Consumidor e origens do 
CDC. 2013. Disponível em 
<https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/112106596/breve-historico-do-direito-do-
consumidor-e-origens-do-cdc> Acesso em março 2019 
 
 
 
JUNIOR, Alberto do Amaral; VIEIRA, Luciane Klein. A proteção internacional 
do consumidor no Mercosul. 2016. Disponível em 
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_ 
biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDCons_n.106.03.PD 
F&gt;> Acesso em: novembro de 2018. 
 
 
 
41 
 
 
 
 
LEAL, Leonardo José Peixoto; TASSIGNY, Mônica Mota. POLITICA 
NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO, SISTEMA NACIONAL DE 
DEFESA E PERFIL DO CONSUMIDOR : consumo, educação e 
conscientização entre jovens consumidores em Fortaleza. Ceará. s.a. 
 
Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa e Proteção do 
Consumidor. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/&gt> Acesso em fev. 
2019 
 
LUCCA, Newton de. Direito do consumidor. São Paulo: Quartier Latin, 2008. 
 
MARTINS, Geiza. O que é o Marco Civil da Internet?. Disponível em < 
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-marco-civil-da-internet> 
Acesso em março 2019 
 
MARQUES, Cláudia Lima. Os Contratos de Crédito na Legislação Brasileira de 
Proteção ao Consumidor. Revista Direito do Consumidor, v. XVII. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, jan./mar. 1996. 
 
Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor - SNDC. Disponível em: 
<https://www.justica.gov.br/seusdireitos/consumidor/a-defesa-do-consumidor- 
no-brasil/anexos/sistemanacional-de-defesa-do-consumidor> Acesso 
em março de 2019 
 
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Mercosul. Disponível 
em:<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/686-
mercosu>. Acesso em: 05/02/2019. 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
O GLOBO. Cinco pontos do Marco Civil da Internet bons para o 
consumidor. Disponível em 
<https://infograficos.oglobo.globo.com/economia/consumidor-cinco- pontos-do- 
marco-civil-da-internet-para-curtir/fora-do-ar-16242.html> Acesso em fev. 2019 
OLIVEIRA, Sylvia Amélia Cantanhede de. A proteção do consumidor no 
ordenamento jurídico argentino e brasileiro. In: Âmbito Jurídico, Rio 
Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&amp;artigo 
Acesso em fev. 2019 
 
PEREIRA, Leonardo. 5 pontos essenciais para entender o Marco Civil da 
Internet. Disponível em <https://olhardigital.com.br/noticia/5-pontos- 
essenciais-para-entender- o-marco-civil-da-internet/41053> Acesso em 
06/02/2019 
 
SANTOS, Altamiro José dos. Direitos do Consumidor. Revista do IAP. 
Curitiba, Instituto dos Advogados do Paraná, n. 10, 1987. 
 
SEIXAS, Juliana. A importância do Código de Defesa do Consumidor no 
direito das obrigações. 2015. Disponível em 
<https://julianaseixas83.jusbrasil.com.br/artigos/178791039/a-importancia-do- 
codigo- de-defesa-do-consumidor-para-o-direito-das-obrigacoes> Acesso em 
fev. 2019 
 
VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo; ALMEIDA, Juliana Evangelista 
de. A historicidade do Direito do Consumidor. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 
XIV, n. 90, jul 2011. Disponível em:

Continue navegando