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1 UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CÂMPUS DE SANTO ÂNGELO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO JAQUELINE DINAT SOARES O DIREITO DO CONSUMIDOR E O COMÉRCIO ELETRÔNICO INTERNACIONAL SANTO ÂNGELO – RS 2020 2 JAQUELINE DINAT SOARES O DIREITO DO CONSUMIDOR E O COMÉRCIO ELETRÔNICO INTERNACIONAL Trabalho de conclusão de curso elaborado e apresentado na disciplina de Monografia II, Curso de Graduação em Direito, Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Santo Ângelo. Orientador(a): Ms. Fabiano Prado de Brum SANTO ÂNGELO – RS 2020 3 RESUMO O presente estudo tem como objetivo estudar o ramo do Direito do Consumidor em várias esferas, começando pela sua historicidade no Brasil e no mundo, relatando os pontos mais importantes que trilharam o caminho para chegar ao que temos hoje em nossa legislação, bem como, dissertar sobre a importância que a intermediação do Estado teve nas relações de consumo. O estudo trará informações de grande relevância sobre a evolução que a internet trouxe para o mundo das relações comerciais, adentrado, nesta perspectiva, em como a internet mudou a forma que ela trouxe nas relações de consumo. O tema central abordado será o comércio eletrônico, em especial a relação formalizada com consumidores e fornecedores de países distintos, tratando de como a legislação brasileira se portaria diante de eventuais aborrecimentos oriundos desta relação. Seguindo a pesquisa, será apresentada uma abordagem jurídica dos meios de proteção existentes para que, talvez, possam proteger o consumidor que opta por adquirir produtos on-line de outro território nacional. Neste sentido, se vê a importância de uma abordagem mais aprofundada sobre o direito do consumidor na perspectiva internacional. No estudo, foi realizada pesquisa bibliográfica, tais como em livros, revistas, artigos científicos. Palavras-chave: Direito do Consumidor. Comércio. Internet. Internacional. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5 2. SOCIEDADE DE CONSUMO ........................................................................................ 7 2.1 Evolução histórica do Direito do Consumidor no mundo ................................... 7 2.2 Das relações de consumo no Mercosul ............................................................. 11 2.3 Evolução Histórica do Direito do Consumidor no Brasil .................................. 15 3 DEFESA DO CONSUMIDOR NAS PRÁTICAS COMERCIAIS E A LEGISLAÇÃO VIGENTE ................................................................................................................................. 18 3.1 O Código de Defesa do Consumidor ....................................................................... 18 3.2 O Marco Civil da Internet ............................................................................................ 21 3.3 O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC .................................... 23 4 O COMÉRCIO ELETRONICO INTERNACIONAL ....................................................... 27 4.1 O e-commerce ................................................................................................................ 27 4.2 A lei brasileira sobre a jurisdição competente nas relações de consumo trans-fronteiriças ................................................................................................................. 32 4.3 A jurisdição brasileira para as relações comerciais internacionais: manutenção do que já existe e a esperança de aperfeiçoamento ......................... 35 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 37 REFERENCIAS...................................................................................................................... 39 5 1 INTRODUÇÃO O consumo esta intimamente relacionado ao ser humano desde muito tempo. Essa afirmação pode ser facilmente confirmada pelo mero fato das pessoas possuírem vontades e necessidades, ou seja, o consumo pode ir da carência, até simples luxo e capricho. Independente dos motivos que levam as pessoas a consumirem existem, lateralmente, as práticas comerciais, que fazem parte de qualquer um desses processos. As práticas comerciais tiveram grandes evoluções, e isso se dá pelo fato do consumidor ocupar uma posição de vulnerabilidade diante do fornecedor, pois quem fornece o produto, geralmente, dita as regras de como o item chegará ao consumidor, o que acabou resultando na necessidade da intervenção do Estado nesta relação. Desta maneira, o presente trabalho tem como tema o Direito do consumidor, delimitando-se principalmente no que diz respeito ao comércio internacional on-line. Além da importância de conhecer a historicidade deste tema, é relevante ter a ideia de até onde ele pode chegar. Sabe-se que as relações de consumo ultrapassam fronteiras, mas o direito pertence somente a um território? Sendo assim, o principal questionamento da pesquisa é como a legislação brasileira se porta diante de possíveis aborrecimentos que podem ocorrer nestas relações de consumo. Os principais objetivos deste estudo são fazer um resgate histórico apontando os principais acontecimentos que, em conjunto, chegaram ao que temos em nossa legislação atualmente. Também objetiva trazer os principais meios de proteção ao consumidor que o Brasil conta hoje em dia, bem como, pesquisar como o nosso país está amparado juridicamente para as relações comerciais que podem restar conflituosas com partes de países distintos. Sendo assim, serão abordadas as medidas que podem ser aplicáveis em eventos baseados em aborrecimentos que venham ocorrer nas possibilidades citadas anteriormente, e o trazido no ordenamento jurídico brasileiro diante destas questões. Para tanto, em um primeiro capítulo, abordaremos a evolução histórica dos elementos que integram a relação consumerista que conhecemos hoje e dos meios de proteção ao consumidor existentes, bem ainda uma análise sobre as relações de 6 consumo no Mercosul e da sua consolidação no Brasil. Posteriormente, em um segundo capítulo, traçaremos as princiais diretrizes do Código de Defesa do Consumidor acerca do comércio eletrônico em diálogo de fontes com o Marco Civil da Internet, para posteriormente, em terceiro e último capítulo, abordar as principais linhas sobre o e-commerce e a legislação brasileira correlata ao assunto, tendo como principal enfoque as relações de consumo trans- fronteiriças, de modo a buscar melhor compreender o tema e responder aos anseios que inicialmente justificaram a construção do presente trabalho monográfico. 7 2. SOCIEDADE DE CONSUMO O presente capítulo traz, de uma forma geral, a evolução do que faz parte da relação consumerista que conhecemos hoje, como os primeiros meios de proteção ao consumidor existentes. Neste momento, também será realizado uma análise sobre as relações de consumo no Mercosul e a legislação que os países que fazem parte do mesmo seguem no que se refere as práticas comerciais. Ademais, para encerramento do capítulo, será feito um resgate histórico de como a proteção do consumidor chegou no Brasil, e de que forma o mesmo se consolidou e modicou até chegar aosdias atuais. 2.1 Evolução histórica do Direito do Consumidor no mundo Práticas comerciais são hábitos comuns ligados aos seres humanos, pois engloba desde o consumo do básico para a sobrevivência, até a mera vontade de suprir um capricho. Esse contexto une humanos com as mais diversas características físicas, diferentes crenças e distintas classes sociais. O consumo tem se modificado a cada dia, e é notável que por vezes o consumidor se encontra em uma situação vulnerável, pois o fornecedor ocupa uma posição de força, e por muitas vezes acaba ditando as regras das relações consumeristas. Desta maneira, há a necessidade de remontar a origem do Direito do Consumidor, uma vez que se torna imprescindível para a compreensão do que temos hoje, levando a conhecer, entrar em conflito e ceder lugar para novas ideias. Sendo os EUA o primeiro país a dominar o capitalismo, foi atribuído a ele a origem do consumismo, sofrendo a consequência do marketing agressivo da produção, da comercialização e do consumo em massa. Encontra-se na doutrina, que os primeiros movimentos consumeristas de que se tem notícia ocorreram no séc. XIX. (ALMEIDA, 2011) Desta maneira, acredita-se que há três fases no que diz respeito a evolução da proteção do consumidor no mundo, e são elas as seguintes: 8 Na primeira delas, ocorrida após a 2ª Grande Guerra, de caráter incipiente, na qual ainda não se distinguiam os interesses dos fornecedores e consumidores, havendo apenas uma preocupação com o preço, a informação e a rotulação adequada dos produtos. Na segunda fase, já se questionava com firmeza a atitude de menoscabo que as grandes empresas e as multinacionais tinham em relação aos consumidores, sobressaindo-se, na época a figura do advogado americano Ralph Nader. Finalmente, na terceira fase, correspondente aos dias atuais, de mais amplo espectro filosófico - marcada por consciência ética mais clara da ecologia e da cidadania – interroga-se sobre o destino da humanidade, conduzido pelo torvelinho de uma tecnologia absolutamente triunfante e pelo consumismo exagerado, desastrado e trêfego, que põe em risco a própria morada do homem. De maneira geral, costuma ser apontado, como marco inicial da tendência à proteção aos consumidores no mundo, a famosa mensagem do então Presidente da República norte americana, John Kennedy, em 15 de março de 1962, dirigida ao Parlamento, consagrando determinados direitos fundamentais do consumidor, quais sejam: o direito à segurança, à informação, à escolha e a ser ouvido, seguindo-se, a partir daí, um amplo movimento mundial em favor da defesa do consumidor. (LUCCA, 2008, p. 47 e 48) Como citado acima, a partir de 1962, então, foi consagrado quais seriam os direitos fundamentais do consumidor. Direitos fundamentais não são destinados a um grupo ou comunidade específicas, portando, eles são considerados universais, ou seja, abrange todas as pessoas que venham a consumir serviços ou produtos. Aprofundando-se um pouco mais, existem resquícios de que a proteção do consumidor, de certa forma, é aplicada desde a Lei das Doze Tábuas. Lá, o comprador podia exigir do vendedor uma declaração solene, definindo todas as qualidades essenciais da coisa que estava sendo vendida. Essa declaração tinha o objetivo de responsabilizar o vendedor, caso o mesmo realizasse, por exemplo, publicidade enganosa. Pode-se perceber, então, que nesta época o vendedor já tinha a obrigação de agir com verdade e transparência. (SANTOS, s.p, 1987.) Destaca-se também o Código de Hamurabi, que já tinha uma preocupação em proteger o consumidor no que se refere ao lucro abusivo do vendedor sobre o consumidor. De acordo a lei , o art 235 do Código de Hamurabi “Se um bateleiro constrói para alguém um barco e não o faz solidamente, se no mesmo ano o barco é expedido e sofre avaria, o bateleiro deverá desfazer o barco e refazê-lo solidamente à sua custa; o barco sólido ele deverá dá-lo ao proprietário” (SANTOS, 1987, s.p.), 9 ou seja, o construtor de barcos era obrigado a refazê-lo, em caso de algum defeito na sua estrutura, no prazo de até um ano. Outro fato importante sobre a evolução das relações de consumo, é que as duas grandes guerras mundiais tiveram uma forte contribuição para o surgimento do que temos hoje na sociedade de consumo, pois foram a partir desses momentos que o desenvolvimento industrial teve um avanço ainda maior, necessitando de consumidores cada vez mais. Assim, o capitalismo avançava, liderada pela potência dos EUA. Esse novo contexto influenciou diretamente os contratos. Os contratos paritários, frutos de acordos de vontade, discutidos cláusula a cláusula, tornaram-se menos frequentes, e chegavam com toda força na sociedade massificada, os contratos por adesão, formulados pelas empresas e impostos aos consumidores, continham conteúdo padrão, não dando alternativas, se não em comungar com o que lhe foi imposto (ALMEIDA, 2011, s.p.). Seguindo essa linha, é possível trazer o fordismo como um exemplo para a afirmação acima. Seu modelo de produção em grandes escalas trouxe consigo a contratação em massa, ou seja, a empresa produzindo muitos produtos iria reproduzi-lo diversas vezes, e o mesmo seria feito com os contratos. Ainda, de acordo com Almeida, não fazia sentido, por exemplo, fazer um automóvel, reproduzi- lo vinte mil vezes, e depois de tudo isso, fazer vinte mil contratos diferentes, um para cada comprador. Então, reproduzia-se o contrato também, todavia, o conteúdo do mesmo sempre trazia mais vantagens à parte proponente, e assim, instalou-se a desigualdade entre as partes contratuais. Com essa realidade diante da sociedade, além da massificação da sociedade de consumo, deu-se a necessidade de o Estado intervir nas relações privadas, com o objetivo de evitar desigualdades. A Revolução Industrial teve como principais resultados o êxodo rural e o crescimento da população urbana, contribuindo assim, para o aumento do consumo. Como as relações de consumo se tornaram massificadas, houve, então, a necessidade de o Estado interferir e regular essas relações. Foi no final do século XIX e início do XX, que foram criadas as primeiras leis protetivas aos direitos dos consumidores, nos EUA. A preocupação do Estado em controlar as relações de 10 consumo, se dava pelo desequilíbrio no poder econômico entre fornecedores e consumidores. (MATOS, 2007, s.p.) Sobre a proteção dos consumidores, Talavera afirma: A proteção dos consumidores pertence ao que atualmente classificamos de terceira geração dos direitos do homem. Diferentemente da primeira geração, que tratava apenas dos direitos do indivíduo e da segunda, que tratava dos direitos sociais, esta terceira geração tem como função a proteção dos interesses difusos e coletivos. O direito do consumidor está intimamente relacionado com o regime democrático, pois esse direito e o regime autoritário não se coadunam, em razão de interesses que excluem a participação da população consumidora na formulação da legislação desse regime ditatorial. (2001, p. 152 e 153.) O marco para o reconhecimento do consumidor como um sujeito de direito, ocorreu em 1962, quando o então presidente norte-americano, John Kennedy, elencou direitos para o consumidor e os tornou um desafio para o mercado. É possível dizer que a partir disso passou-se a ter uma reflexão maior sobre o tema, pois o presidente afirmou que os bens e serviços deviam ser seguros para o uso, e vendidos por preços justos, deixando o consumidor numa posição justa diante ao fornecedor, que como já dito, estaria numa posição de vulnerabilidade pois quem ditava as regras da transação, era o fornecedor. Foi então, que em 15 de março de 1962, Kennedy anunciou quatro direitos fundamentais ao consumidor, os quais tiveram alcance mundial. São eles os seguintes: 1 – DIREITO À SAÚDE E À SEGURANÇA: relacionadoà comercialização de produtos perigosos à saúde e à vida; 2 – DIREITO À INFORMAÇAO, compreendido à propaganda e à necessidade de o consumidor ter informações sobre o produto para garantir uma boa compra; 3 – DIREITO À ESCOLHA, referindo-se aos monopólios e às leis antitrustes, incentivando a concorrência e a competitividade entre os fornecedores; 4 – DIREITO A SER OUVIDO, visando que o interesse dos consumidores fosse considerado no momento de elaboração das políticas governamentais. (LUCCA, 2008, s.p.) A partir disso, e da importância deste fato, o Congresso Americano definiu como 15 de março o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor. 11 Após este episódio, no ano de 1973, a Comissão de Direitos Humanos da ONU, em sua 29° Sessão em Genebra, passou a reconhecer os direitos fundamentais do consumidor, e, além disso, que o direito do consumidor seria a partir daquele momento um direito humano de nova geração, um direito social econômico, direito de igualdade material, do cidadão civil nas suas relações privadas diante aos fornecedores de produtos e serviços. Mais adiante, em 1985, foi editada uma resolução, em que reconhece e positivou a vulnerabilidade do consumidor, e assim, oito áreas em que o Estado deveria atuar para a promoção da proteção ao consumidor. Almeida traz, especificamente, as áreas citadas acima em que o Estado deveria passar a atuar, são as seguintes: As diretrizes constituíam um modelo abrangente, descrevendo oito áreas de atuação para os Estados, a fim de prover proteção ao consumidor. Entre elas: a) proteção dos consumidores diante dos riscos para sua saúde e segurança, b) promoção e proteção dos interesses econômicos dos consumidores, c) acesso dos consumidores à informação adequada, d) educação do consumidor, e) possibilidade de compensação em caso de danos, f) liberdade de formar grupos e outras organizações de consumidores e a oportunidade de apresentar suas visões nos processos decisórios que as afetem. Estas diretrizes forneceram importante conjunto de objetivos internacionalmente reconhecidos, destinados aos países em desenvolvimento, a fim de ajudá-los a estruturar e fortalecer suas políticas de proteção ao consumidor (2011, s.p.). A partir disso, foi que diversos países passaram a trazer a questão da proteção do consumidor para seus debates sobre suas jurisdições internas, de forma que adaptavam ou elaboravam sua própria legislação. Em consequência disso, países foram levados a produzir produtos com mais qualidade, protegendo o mercado de produtos não preparados para esta nova realidade. 2.2 Das relações de consumo no Mercosul Buscando afunilar o tema abordado na presente pesquisa, e aproximar mais da nossa realidade, começaremos aqui a abordar a questão do consumo e seu ordenamento em meio ao Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). 12 Criado em 1991, o Mercosul é a iniciativa mais abrangente de integração regional da América Latina, surgiu em meio a redemocratização e reaproximação entre os países da região ao final da década de 80. Os membros fundadores do Mercosul são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, s.a, s.p.) Antes do surgimento do Mercosul, era somente o Brasil que já possuía legislação específica para o Direito do Consumidor. Como é de conhecimento, no dia 11 de setembro de 1990 foi aprovado o Código de Defesa do Consumidor. Atualmente, os quatro Estados-membros possuem legislação específica de proteção ao consumidor. O Brasil, por meio do Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90; a Argentina, pela Lei de Defensa del Consumidor, Lei 24.240/93, modificada pela Lei 24.999 de 1/07/1998; o Paraguai através de sua lei de proteção ao consumidor de dezembro de 1998 e o Uruguai pela Lei 17.189 de setembro de 1999. As legislações do Brasil e Argentina são consideradas as mais desenvolvidas neste sentido, sendo a do Brasil, o parâmetro a ser alcançado pelo bloco. (ABREU, 2006, s.p.) A primeira legislação consumerista da Argentina foi promulgada em 1993. Chamada de Lei de Defesa do Consumidor, Lei 24.240, ela é vigente até os dias de hoje. Uma curiosidade, é que só após um ano da sanção desta lei, a Constituição Argentina, que foi reformada em 1994, passou a ter uma previsão expressa nos arts. 42 e 43, designadas a firmar um meio específico de proteção do Estado ao consumidor (OLIVEIRA, 2013, s.p.). Na legislação argentina, o conceito de consumidor está presente no ser art. 1°, onde há uma distinção entre consumidor e usuário, sendo o consumidor aquele de fato consome os bens e serviços, e o usuário é o sujeito que possui algo por direito proveniente do uso de algo. No que se refere ao Paraguai, mesmo com a Constituição Nacional de 1992 não fazendo referência à defesa do consumidor, em 27 de outubro de 1998, passou a ter uma legislação própria, chamada de Lei de Defesa do Consumidor e do Usuário, com inspiração nas legislações do Brasil e Argentina e nos dispostos no Protocolo de Regulamento Comum Mercosul de Defesa do Consumidor. 13 O Uruguai, por sua vez, é o único que não dispõe de normas constitucionais no que se refere à defesa do consumidor. Porém, em 20 de setembro de 1999, foram aprovadas normas que disciplinavam, em particular, as relações de consumo, por intermédio da Lei 17.189. Em razão de vício, a mesma foi substituída pela Lei 17.250, em 11 de agosto de 2000 – Lei de defesa do Consumidor, que também teve como inspiração o Protocolo de Regulamento Comum Mercosul de Defesa do Consumidor (JUNIOR e VIEIRA, 2013, s.p.). Atualmente, há mais dois países, foram incorporados ao Mercosul como estados membros, que são a Bolívia e a Venezuela. Sobre a incorporação destes, Junior e Vieira relatam o seguinte: O bloco, constituído inicialmente pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai como Estados Membros, conta, desde 12.08.2012, com a incorporação da Venezuela, 11 na condição de membro pleno. Ademais foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao Mercosul, que atualmente se encontra em processo de ratificação.. (2013, s.p.) É importante destacar que, na verdade, a Bolívia, assim como o Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname são considerados países associados. Mas seu protocolo de adesão como Estado Parte foi assinado em 2015, e agora se encontra em vias de incorporação pelos congressos dos respectivos Estados. Em 1994 com o protocolo de Ouro Preto, foi criado a CCM, que significa Comissão de Comércio do Mercosul, complementado também pelo protocolo de Santa Maria, em 1996. (CARVALHO, 2005) Existe um debate sobre um projeto denominado de Protocolo de Regulamento Comum Mercosul de Defesa do Consumidor, que está ligado ao “Comité Técnico n.07 de Defensa del Consumidor”. Este debate objetivava unir as legislações dos países membros. Sobre este protocolo, o Brasil manifestou-se para barrar a assinatura da maneira que este documento se encontrava. Essa manifestação se deu pelo fato de que a acolhida deste documento da maneira de que se encontrava, implicaria modificações no ordenamento jurídico brasileiro, pois contrariaria dispositivos da Lei 8.078/90, atualmente vigente. Foi refletido no Protocolo de Santa Maria, a importância do papel do consumidor como meio de integração, em que se evidencia o quão fundamental é 14 oferecer ao setor privado dos estados-partes uma linha de proteção jurídica. É importante ressaltar também que após a recusa do referido protocolo, houve novos debates acerca da defesa do consumidor no Comitê Técnico n. 7, e isto leva a um seguimento onde terá apenas um protocolo com princípios e direitos básicos do consumidor (WIERZCHÓN, e col, 2008). O tal regulamento gerado pelo Comitê Técnico n. 7, como já mencionado, vai contra o disposto no art. 1° do Tratado de Assunção, pois há como finalidade principaltornar único as legislações dos Estados-Partes do Mercosul. Neste regulamento, há duas ordens de interesse: 1° - Introduzir normas protetivas que se encontram fora do sistema legal, principalmente em relação a todos os Estados-Partes, excetuado o Brasil; e 2° - Proporcionar a todos os consumidores do Mercosul, proteção mínima idêntica, indiferente do local da compra do bem de consumo. Nesse sentido, o Regulamento vai ser mais um instrumento de estabilização do Mercado Comum. (Talavera apud Leonir Batisti, s.a, p. 163.) O autor ainda vai mais adiante, dizendo que: “O Regulamento, porém, não exaure toda a matéria pertinente à defesa do consumidor. Será certamente fundamental em relação à segurança econômica, incluindo a segurança contratual. Em outros aspectos da proteção, notadamente em relação à proteção à saúde, já existem medidas tomadas no âmbito do Mercosul”. (TALAVERA, 2001, s.p.) Ademais, o Tratado de Assunção não apresenta conteúdo jurídico suficiente para harmonizar as legislações de seus estados-membros, mesmo que tivesse este compromisso. No entanto, o MERCOSUL recomenda a partir de suas decisões possíveis modificações das leis nacionais e normas administrativas. Estas tentativas de harmonização de legislações se dão por instrumentos de direito internacional público clássico, ou seja, através de tratados, protocolos e acordos, que, no Brasil, para entrar no ordenamento jurídico como lei ordinária, devem ser assinados pelo executivo, aprovados pelo Congresso Nacional através do decreto legislativo e ratificados e promulgados pelo executivo. (ABREU apud MARQUES, 2004) Atualmente, o MERCOSUL passa por um fortalecimento de sua economia, comércio e instituição. Tem-se a busca do fortalecimento de sua economia através 15 da democracia, estabilidade política e respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais. Em tempo, é cabível ressaltar que a Venezuela aderiu ao MERCOSUL em 2012, mas encontra-se suspensa desde 2016 por descumprir um protocolo de adesão. 2.3 Evolução Histórica do Direito do Consumidor no Brasil Como dito anteriormente, em 15 de março de 1962, o então presidente dos EUA, John Kennedy reconheceu de maneira universal a proteção dos direitos do consumidor, entre muitos critérios, dando ênfase a segurança. A mensagem encaminhada pelo presidente John F. Kennedy, em 1962, ao Congresso Americano, anunciando que os direitos básicos do consumidor eram o direito à proteção e segurança, o direito a ser informado, o direito à escolha e o direito a ser escutado, serviu como exemplo para a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, adotá-los como princípios e expandir mundialmente a proteção dos consumidores. (TALAVERA, 2001, s.p.) Este marco fez com que os direitos a defesa do consumidor ganhassem importância mundial. É correto afirmar que o direito do consumidor no Brasil, surge a partir das décadas de 1960 e 1970, por efeito da industrialização deste período, marcado também por grandes crises, tanto econômicas quanto sociais. E foi nesse período que surgiram os primeiros meios de defesa do consumidor, como podemos ver abaixo: Mas foi na década de 1970 que surgiram os primeiros órgãos de defesa do consumidor. A APC (Associação de Proteção ao Consumidor de Porto Alegre), a Associação de Defesa e Orientação do consumidor de Curitiba (ADOC) e o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, que é a atual Fundação Procon São Paulo. Já a década de 1980 foi marcada pela recessão econômica e redemocratização do país, e pelo movimento consumerista, o qual objetivava incluir o tema de defesa do consumidor na Assembleia 16 Nacional Constituinte A partir do Decreto n°91.469, de 24 de julho de 1985 foi implantado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor onde a associações de consumidores, Ordem dos Advogados do Brasil, Procons estaduais, Confederação da Industria, etc. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, s.a, s.p). O conselho Nacional de Defesa do Consumidor destacou-se na criação de propostas na Assembleia Constituinte e pelo fato de disseminar a real relevância da defesa do consumidor no Brasil, o que possibilitou, ainda, o nascimento de uma Política Nacional de Defesa do Consumidor. No mesmo período, a ONU, a partir Resolução n° 39-248 de 1984, deixou estabelecido as Diretrizes para a Proteção do Consumidor, destacando a importância dos governos na participação da implantação de políticas de defesa do consumidor. Diante disso, em 11 de setembro de 1990, através da Lei n° 8.078/90, teve o surgimento do Código de Defesa do Consumidor, que reconhece que o consumidor se encontra vulnerável, e estabelecendo a boa-fé como princípio base das relações de consumo (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, s.a, s.p.) Antes de ser incluída na Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor em nosso país teve um grande significado na edição da Lei n° 7.347/85, chamada de Lei da Ação Civil Pública, que visava proteção aos interesses da sociedade. Neste mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor. Assim, visando os interesses sociais, a Constituição Federal de 1988 traz no seu art 170, inciso V o seguinte: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V- defesa do consumidor. Ainda, possui laços na Constituição (1988) no Art 5°, inciso XXXII: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. 17 Após isso, em 1990, foi promulgado o Código de Defesa do Consumidor, que traz princípios gerais que objetivam alcançar todas as situações as quais envolvem consumo, que será tratado no capítulo seguinte. Vale ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor é reconhecido em esfera internacional como um protótipo no que se refere a proteção do consumidor, estabelecendo princípios básicos muito importantes, como o direito de ter uma informação clara e adequada, contra propaganda enganosa, tornando as relações de consumo justa e equilibrada. Contextualizadas tais premissas históricas, vejamos, no capítulo a seguir, os principais diplomas legislativos a regular, hoje, no Brasil, o Direito do Consumidor na esfera do comércio eletrônico. 18 3 DEFESA DO CONSUMIDOR NAS PRÁTICAS COMERCIAIS E A LEGISLAÇÃO VIGENTE Neste momento da pesquisa, será estudado os meios de proteção ao consumidor conhecidos no Brasil, trazendo ao leitor informações sobre regras específicas e importantes, como o Código de Defesa do Consumidor, Marco Civil da Internet e o SNDC (Sistema Nacional de Defesa do consumidor). Aqui também será abordado a importância do Estado na intervenção das práticas comerciais, bem como, as formas que o consumidor tem de se proteger de relações de consumo abusivas e que podem lhe trazer danos. 3.1 O Código de Defesa do Consumidor O Código de Defesa do Consumidor, promulgado em 1990, é uma lei que abrange e que trata das relações de consumo em todas as esferas do direito. Ele marca o momento do início da redemocratização do país, é um instrumento que traz a existência do exercício da cidadania. (BUENO, 2017, s.p.). Logo no início, vale dizer que houve certa resistência massificada de empresários, principalmente de publicitários, pois, repleto de normas específicas, o CDC trouxe um regramento de proteção ao consumidor que ensejou inúmeras dúvidas acerca de sua interpretação. Coube ao Estado a responsabilidadede intervir nas relações consumeristas, tendo que reduzir espaço para a autonomia da vontade, impondo normas e regras com o objetivo de alcançar o equilíbrio e igualdade nas relações entre consumidores e fornecedores. (SEIXAS, 2015, s.p.) Seixas, ainda traz o seguinte: Diante dessa desigualdade de forças entre fornecedor e consumidor, em que o primeiro impõe as regras e o segundo as cumpre, surgiu a necessidade maciça de se elaborar uma legislação específica para o consumo. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, XXXII, reconhece expressamente essa vulnerabilidade, ao afirmar que o Estado deve promover a defesa do consumidor e no artigo 48 do ADCT, que determina a criação do Código de Defesa do Consumidor. (2015, s.p.) http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729785/inciso-xxxii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90 19 A vulnerabilidade é algo que sempre norteou o consumidor, portanto, criar uma legislação era algo primordial para reestabelecer a isonomia, dando instrumentos jurídicos de direito material e processual, para que o consumidor passe a ter dignidade e respeito neste cenário (SEIXAS, s.p, 2015). Com isso, é que o Estado de fato coloca em prática suas ações para a diminuição da desigualdade, e regular as relações entre fornecedor e consumidor, já que este texto estabelece uma função essencial do Estado, que é a defesa do consumidor. Como já dito anteriormente, o Código de Defesa do Consumidor (1990) trouxe avanços excelentes para o consumidor, protegendo-os de prejuízos como os elencados no art. 6°: Art. 6° São direitos básicos do consumidor: I- a proteção da vida, saúde, segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II- a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III- a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Desta forma, entende-se que essa lei veio para se tornar um meio de defesa para a sociedade nas relações de consumo, partindo de um ponto, que até então, não eram assegurados. Prosseguindo de acordo com o CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza um produto. Sendo assim, a todo o momento praticamos atos de consumo, seja adquirir um produto no supermercado, comprar uma roupa ou então até pagar um táxi (CHAVES, 2017, s.p.). Desta maneira, o Código de Defesa do Consumidor define as partes da relação de consumo da seguinte maneira: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (1990) 20 Percebe-se, então, que o legislador ao definir quem é o consumidor objetivou não deixar dúvidas, visto que trouxe no artigo supra diversas formas de definí-lo, inclusive orientando que consumidor não é só aquele que participa da relação, mas também quem indiretamente possa intervir, e acabam se expondo ao produto, de modo a também firmar o conceito de “consumidor por equiparação”. É notório, que o CDC carrega considerações sobre o fornecedor, tanto como pessoa física ou jurídica, público ou privado, como também nacional ou estrangeiro, bem como, o que se considera produto ou serviço, conforme se infere do artigo abaixo: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 1990) Atualmente, é de conhecimento de todos que a legislação da relação entre fornecedores e consumidores trouxe maior qualidade de serviços e produtos, e que mais informações pertinentes viessem à tona. Sendo assim, nota-se que o código traz ao consumidor uma proteção bastante abrangente, estipulando que o produto não é só o que o tato pode sentir, e que vários podem ser os fornecedores. Isso mostra que a posição que antes o consumidor se encontrava, de vulnerabilidade, diante do fornecedor, acaba ficando muito menor ao perceber que o CDC prevê as mais diversas situações para assegurar o controle e segurança de quem está consumindo. 21 3.2 O Marco Civil da Internet Conhecida como regulamentadora do uso da internet, a Lei n° 12.965/14, inovou ao trazer princípios e garantias que tornam o uso da rede livre e democrática em nosso país. Ela entrou em vigor em junho de 2014, assegurando direitos e deveres de todos os usuários e de muitas empresas que promovem o acesso a serviços virtuais. Antes de virar lei, a proposta foi lançada pela Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, em outubro de 2009 (MARTINS, 2018). Todos os temas abordados foram desenvolvidos com ajuda da comunidade, através de audiências públicas no país inteiro. A Lei n° 12.965/14 possui como objetivo estabelecer garantias, direitos e deveres para o uso da internet com consciência, em que o acesso é livre para qualquer pessoa. Sua implantação é de grande relevância no que se refere a regulação das relações digitais, de acordo com os principais pontos da lei, que serão aqui expostos. O primeiro ponto, e o mais importante, considerado por alguns como a espinha dorsal da lei, é a neutralidade da rede. Neutralidade da rede significa dizer que é determinado tratamento igualitário de dados por parte das operadoras de telecomunicações, sem ter distinção quanto ao seu conteúdo, origem, destino ou então aplicativo usado para a troca de informações. (REUTERS, 2015, s.p.) Com o intuito de frear ações de abuso que eram práticas comuns das empresas de prestação de serviços de internet, o princípio da neutralidade da rede foi um dos principais pontos abordados e discutidos para ser abordado na lei. Desta forma, temos a seguinte afirmação sobre este princípio: Um dos pilares dos pilares do projeto, a neutralidade da rede garante o tratamento igual para o tráfego de pacotes de dados. Na prática, empresas de telecomunicação são impedidas de priorizar conteúdos e serviços e realizar cobranças diferenciadas para cada perfil de usuário. (O GLOBO, s.a, s.p) 22 Assim sendo, é percebido uma maneira de evitar abusos dos muitos intermediários que estão envolvidos nas transmissões de dados pela internet. Outro ponto muito importante é sobre as informações contidas na internet. Os provedores de internet só serão obrigados a fornecer informações dos usuários por meio de ordemjudicial (PEREIRA, s.a). É importante dizer que todas as empresas que operam no Brasil, independente de nacionalidade, precisam respeitas a legislação, e quando necessário, se solicitado, entregar informações à Justiça. Sobre a responsabilidade civil por conteúdo produzido por terceiros, é trazido o seguinte: Pela proposta aprovada, os provedores de conexão não serão responsabilizados por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros; já os provedores de aplicações só responderão quando da desobediência à ordem judicial para retirada de material ilícito da rede. A decisão judicial deve ainda ser clara o suficiente a individualizar o material e, quando possível a identificação do autor, ele deverá ser informado acerca da supressão para fins de contraditório e ampla defesa. (PIERI, BARROSO, FERRAZ e FERNANDES, 2014, s.p.) No entanto, há exceção no que se refere a hipótese de publicação de conteúdo íntimo, como cenas de sexo ou nudez de caráter privado que tenha sido publicado sem autorização do participante. Neste caso, o provedor tornara-se responsável subsidiário pelo conteúdo, em caso de omissão em adotar as medidas cabíveis para tornar o conteúdo indisponível. Com esta lei, o Brasil se posiciona como um mediador internacional sobre o que se refere a discussões sobre a rede mundial de computadores. Em tempo, somente alguns países da Europa contam com alguma regulação, mas o Brasil é pioneiro neste tipo de estabelecimento de regras, em uma ação que permite ao judiciário, legislar sobre um território, considerado por muitos, sem lei, como a internet (VARGAS, 2014) Sendo assim, os enunciados do MCI estão muito bem relacionados, pois traz em seu corpo privacidade e segurança, por exemplo, que são mútuos, ou seja, não pode existir um sem o outro. Isto dá segurança não só para o governo, mas também para o setor empresarial e, principalmente, aos cidadãos. Ainda sobre isso, Arnaudo, nos diz o seguinte: 23 O Brasil desempenhou um papel singular no debate sobre esses temas, desenhando um caminho entre o sistema internacional europeu fortemente regulado, o sistema americano, orientado por prioridades empresariais, e o autoritário mundo online de censura, vigilância e controle governamental. Seu modelo é orientado e fomentado pela visão multisetorial do Comitê Gestor da Internet, pelo MCI, por novos sistemas online democráticos e por uma grande quantidade de outras regulações da internet, e se tornou um exemplo para o mundo. Resta saber se o governo atual continuará a seguir o caminho iniciado pelo anterior – mantendo e promovendo esse modelo internamente e internacionalmente – ou se tentará desenvolver uma política alternativa, mais afinada com o livre- mercado. (s.a, s.p) Sendo assim, é notável que o MCI é uma referência legislativa, auxiliando o sistema jurídico brasileiro a enfrentar os desafios e as oportunidades que a rede mundial de computadores nos oferece. 3.3 O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC O SNDC (Sistema nacional de Defesa do Consumidor) é regulamentado pelo Decreto Presidencial n° 2.181 de 20 de março de 1997. Ele é um mecanismo de defesa do consumidor de responsabilidade de órgãos públicos e privados que integram este sistema, seu objetivo se resume em garantir o cumprimento dos direitos do cidadão, zelando por harmonia, transparência e segurança nas relações consumeristas. Assim, o Código de Defesa do consumidor (1990) nos traz o seguinte: Art. 105. Integram o sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor. O SNDC tem como órgãos como o Procon, Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacias de Defesa do Consumidor, Juizados Especiais Cíveis e Organizações Civis de Defesa do Consumidor. Estes órgãos atuam de forma conjunta com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), e reúnem-se trimestralmente nestas associações que abordaremos a seguir, devendo assegurar 24 dignidade, saúde e a segurança do consumidor, além de interesses econômicos. (Ministério da Justiça e Segurança Pública, s.a) As reuniões trimestrais, já citadas anteriormente, têm por objetivo realizar uma análise de forma conjunta dos desafios que o consumidor enfrenta, e assim, busca formular ações para uma melhor fiscalização, e a elaboração de políticas públicas e mecanismos de proteção e defesa do consumidor. A coordenação da política desse sistema cabe ao Ministério da Justiça por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC, que possui, como atribuições, segundo Leal e Tassigny o seguinte: 1 - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor; 2 - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado; 3 - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias; 4 - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de comunicação; 5 - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a apreciação de delito contra os consumidores, nos termos da legislação vigente; 6 - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas processuais no âmbito de suas atribuições; 7 - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores; 8 - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços; 9 - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais; 10 - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. (s.a, s.p) Mais adiante, o artigo 5º do CDC, nos traz quais as entidades que podem realizar esta defesa. A primeira entidade são as Defensorias Públicas, que foram criadas por determinação da Constituição Federal, e existem atualmente, e por este motivo a proteção do consumidor e o acesso à justiça são tidos como direitos e garantias fundamentais. Há também as Promotorias de Justiça que agem em Defesa do Consumidor, que é um órgão integrante do Ministério Público e compete as Promotorias de Defesa do Consumidor a defesa dos interesses coletivos dos consumidores. 25 Entende-se que interesse coletivo é o que abrange de maneira total e igualitária um número expressivo de consumidores, ou seja, as questões individuais não são de competência desta entidade. Desta maneira, após recebido informações ao que diz respeito a interesses coletivos, será instaurado um inquérito civil pela Promotoria, tomando as devidas medidas legais que se façam justas para sanar o dano provocado. No mesmo ramo que as entidades anteriores, também há o bastante conhecido PROCON, que diferente das Promotorias citadas anteriormente, este atua em questões individualizadas. É nesta entidade que o consumidor irá se amparar, receber respostas rápidas para determinadas queixas, e, formalizando uma reclamação, o órgão entrará em contato com o fornecedor do produto ou serviço que causou dano ao consumidor. O objetivo é conduzir uma conciliação que seja benéfica para ambos. Outra entidade de proteção ao consumidor são as Delegacias de Polícias que são especializadas em atendimento de consumidores que são vítimas de infrações penais nas relações de consumo. Elas objetivam apuração de infrações penais contra as relações consumeristas ilegais que estão tipificados no CDC. Há também, ao lado de órgãos estatais,entidades civis ou organizações não governamentais de defesa do consumidor. Essas associações são privadas e sem fins lucrativos, instituem-se pela iniciativa de um grupo de pessoas para a defesa individual ou coletiva dos direitos e interesses do consumidor (LEAL e TASSIGYN s.a.). Além disso, promove a realização de atividades e pesquisas sobre este ramo do direito, ampliando a eficiência dos direitos de proteção e defesa do consumidor no país. São exemplos de associações a ABC – Associação Brasileira dos consumidores e o IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidores. Conforme Leal e Tassigny apud Leonardo Roscoe Bessa: A configuração do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e respectiva proposta de articulação entre as entidades e órgãos que compõem se justificam pela grande dimensão do País. Cuida-se de instrumento para viabilizar a Política Nacional das Relações de Consumo, ou seja, ‗o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua 26 qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo‘ (art. 4.º, caput, do CDC, 1990). Salienta-se, então, que os órgãos do SNDC atuam de forma conjunta e complementam-se para o recebimento de denúncias e apuração de irregularidades, bem como, promover a proteção e defesa dos consumidores. Como visto, estas entidades possuem muitas atribuições, mas a primordial é a proteção e defesa do consumidor. Sopesados os principais elementos jurídicos vigentes acerca da defesa do consumidor passaremos a cotejá-los no próximo e último capítulo com as nuanças advidas do comércio eletrônico internacional no intuito de examinar a sua autosuficiência na proteção dos direitos do consumidor. 27 4 O COMÉRCIO ELETRONICO INTERNACIONAL O presente capítulo traz em seu conteúdo o tema central do estudo: o comércio eletrônico internacional. Neste momento, serão abordadas as mudanças que ocorreram na forma de consumir, bem como, o avanço que o e-commerce trouxe até chegar aos dias de hoje. Salienta-se, também, a abordagem da discussão sobre a legislação apta a julgar possíveis transtornos ocorridos ao celebrar uma relação de consumo em algum site internacional, assim como uma possível maneira da legislação brasileira estar apta a envolver-se com estes eventos jurídicos. 4.1 O e-commerce O e-commerce se encontra em constante mudança e evolução, mas sua definição pode ir muito além do que pode parecer. Segundo Albertin (1999, p 15), “o comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio em um ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de informação e de comunicação, atendendo aos objetivos de negócio”. Já segundo Zwass (apud Tassabehji, 2003, p.4.) “o comércio eletrônico é compartilhar informações sobre negócios e a condução das transações através das redes de telecomunicações”. Desta maneira, compreende-se que mesmo a visão particular de cada autor, não compreende todo leque de definições que o e- commerce possui. Por fim, para Tassabehji (2003), e-commerce significava um processo de transações comerciais feitas eletronicamente, utilizando muitas outras tecnologias, como o Electronic Data Interchange (EDI) e a Transferência Eletrônica de Fundos (EFT). Ambas as tecnologias facilitaram a troca de informações entre usuários, tanto financeiras como as de necessidades para obter negócio, além de outros tipos de informações também. Essas tecnologias mais capacitadas apareceram no final da década de 1970, anteriormente, era possível a troca de informações apenas por meio da apresentação de documentação e dados físicos. O uso efetivo do e-commerce foi a partir de 1991, quando enfim a internet pôde ser aberta para o comércio. A internet está conectada a outras redes presentes 28 em todo o planeta, e não tem um dono, e nem é governada por alguma organização, mas opera seguindo padrões técnicos que possibilitam ter um alcance global. Com isso, entende-se que a internet é regulada indiretamente por organizações que desenvolvem estes padrões a quais elas se submetem. Então, isto significa dizer que estas organizações terão um passo a frente no que se refere a competitividade diante das organizações que não estão ligadas ao processo de padronização do uso da internet. A internet e toda sua evolução trouxe um crescimento gigantesco ao e- commerce, que acabou beneficiando não somente o comércio eletrônico, mas todos os existentes. Uma pesquisa realizada em 2004 pela The Economist (Economist, s.p, 2004) diz que a adoção da direção que o comércio eletrônico tomou irá mudar todos os tipos de negócio, tanto online quanto offline. Isto significa dizer que o e-commerce engloba muito mais que vendas a varejo. Eletrônicos, joias, livros, venda de produtos usados, itens de decoração, ou seja, infinitas opções de produtos são vendidos no e-commerce. Sendo assim, o consumidor já aprovou o comércio eletrônico e por isso, cada vez mais, irá cobrar agilidade e qualidade nas lojas virtuais. (Felipini, 2012) A celebração de contratos eletrônicos, como se sabe, é um resultado do avanço da globalização, sendo a compra e venda as celebrações mais comuns realizadas, e hoje em dia, se tornou essencial para a movimentação do mercado. De acordo Gertner e Diaz, temos a seguinte informação: O número de usuários da Web, em 1997, era de 48 milhões. Nos Estados Unidos, 51% dos usuários da Web parecem usar a Internet diariamente (CyberDialogue, 1997). Atualmente, a Web domina as atividades comerciais na Internet (Hoffman,Novak,Chatterjee, 1995). Em termos de comércio informatizado, realizado principalmente na World Wide Web, cerca de 7,3 bilhões de dólares foram vendidos em produtos e serviços em 1997 por 52 empresas online (Media Central,1997). As vendas de varejo realizadas na Web foram de 999 milhões de dólares. Um levantamento realizado por CommerceNet/Nielsen (1997) estima o número de compradores na Web em 10 milhões de pessoas. Outro levantamento realizado por Find/SVP (1997) concluiu que a compra online aumentou de 19% em 1995 a 27% em 1997. Os gastos em propaganda na Web em 1995 foram de aproximadamente US$37 milhões (Cyber Atlas, 1996). No Brasil, no final de 1998, estimava-se que o total de internautas era 1,5 milhões de pessoas e o comércio eletrônico crescia a passos elevados. (1999, p.132) 29 Na atualidade, com os números crescendo diariamente, as empresas se encontram otimistas, pois o comércio on-line acaba se tornando um diferencial, que além de trazer comodidade para o consumidor, traz a oportunidade de pesquisas e comparações de preços, o acesso a infinidades de lojas, o que torna o contato direto do consumidor com qualquer fornecedor do mundo e a qualquer horário, por exemplo, trazendo mais competitividade aos fornecedores e aumentando os benefícios do consumidor final. Um ponto importante, que se torna um obstáculo para empresas, é a confiança do consumidor. Ainda existe certa resistência no que se refere as informações necessárias para concluir uma compra, tanto informações pessoais como financeiras, que na maioria das vezes se tornam indispensáveis. Desta maneira: Ao enviar dados pessoais pela Internet o consumidor fica exposto, também, ao comércio desses dados pelas próprias empresas, desencadeando, assim, o receio do fim da privacidade, como citado por ABENE (apud NUNOMURA, 1998), podendo surgir o risco social, em que a privacidade seja invadida sem o devido conhecimento e consentimento prévio. (FARIAS e KOVACS, 2004, s.p) Mesmo com algumas estratégias criadas pelo fornecedor, o consumidor permanece vulnerável, o que é comum e completamente normal,diante dos temidos hackers, por exemplo, que podem cometer atos ilícitos utilizando tais informações. Exemplificativamente, no ponto, ao que se colhe de pesquisa realizada no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, observe-se: EMENTA: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS. BOLETO BANCARIO. FRAUDE DE TERCEIRO NÃO COMPROVADA. RISCO DA ATIVIDADE. MEIO DE PAGAMENTO DISPONIBILIZADO AOS CONSUMIDORES QUE NÃO OFERECE A NECESSÁRIA SEGURANÇA. DEVER DE RESSARCIMENTO DO VALOR PAGO. Postula a autora o ressarcimento do valor R$ 289,00 pago pela compra de um tablet e indenização por danos morais. A autora demonstrou o pagamento do boleto bancário emitido pelo site da empresa recorrente. A recorrente, por sua vez, apenas se limitou a 30 alegar que o boleto foi adulterado ao ser gerado, mediante fraude praticada por terceiro (vírus ou hacker), fl. 14. A empresa ora recorrente não comprovou ter a consumidora gerado o documento com a alegada adulteração, ônus que lhe cabia, a teor do art. 333, II, do CPC. Ademais, mesmo houvesse prática de fraude por terceiro, deve a demandada suportar o prejuízo decorre do risco da atividade de venda pela internet que disponibiliza aos consumidores, com meio de pagamento que não oferece a necessária segurança. [...]Assim, deve ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos. RECURSO IMPROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71005773668, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em: 16-12-2015) EMENTA: CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. COMPRA PELA INTERNET. PRODUTO NÃO ENTREGUE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FRAUDE PERPETRADA POR TERCEIRO. VIOLAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA DA LOJA. EMISSÃO DE BOLETO COM DADOS DIVERSOS DA LOJA RÉ. BOLETO FALSO APTO A ILUDIR O HOMEM-MÉDIO. RISCO DA ATIVIDADE QUE DEVE SER SUPORTADA PELO FORNECEDOR. DEVIDA A RESTITUIÇÃO DO VALOR DO PRODUTO. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005626213, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em 18/11/2015) Como já dito anteriormente, a crescente globalização tem grande influência no avanço do comércio on-line. Somente em 2013, cerca de 21,2 milhões de brasileiros gastaram o equivalente a US$ 2,4 bilhões em sites de comércio internacional, um crescimento de 17% se comparado a 2015. Os sites mais acessados são: Aliexpress, Amazon, eBay, Deal Extreme e Apple Store, sendo que, a categoria mais comprada é a de eletrônicos. "Enquanto o mercado interno cresceu 7,4%, as compras nos sites internacionais apresentaram um crescimento de 18%, atingindo um volume total de R$ 2,4 bilhões, o que representa 5% do mercado total de e- commerce" (ECOMMERCE BRASIL, 2013). O fator que mais se destaca para justificar tamanho crescimento, é a variedade e o custo. Em grandes sites, é muito difícil o consumidor não encontrar o 31 que procura por um valor significativamente vantajoso. Uma pesquisa realizada recentemente pela PayPal, em maio de 2018, nos traz os seguintes dados: 46% dos internautas alegaram buscar sites chineses para descobrir novos produtos. O número baixa para 34% quando se trata de empresas nos Estados Unidos. China e EUA são dois dos países mais relevantes no e-commerce cross-border mundial. A Ásia representa 35% das compras cross-border entre os brasileiros, e a América do Norte, 21%. Já Europa e Américas do Sul e Central representam baixa representatividade entre as compras (o primeiro 9% e o segundo 5%). Para o executivo, as razões podem estar ligadas a pouca variedade de produtos ofertados nesses mercados e a menor capacidade competitiva com as demais potências (E- COMMERCE BRASIL, 2018, s.p). Outra informação pertinente trazida pela mesma pesquisa citada acima, é que 43% dos clientes, afirmam comprar mais em sites estrangeiros durante a Black Friday, e 39% recorrem ao comércio eletrônico internacional para as compras de Natal. Mesmo com os atraentes benefícios de comprar em sites internacionais “o prazo de entrega é maior desvantagem para 62% dos consumidores; segurança no processo de pagamento é fator considerado por 51%. Os entrevistados apontaram também as desvantagens em comprar produtos por meio de sites internacionais. O prazo na entrega foi considerado a principal delas, mencionado por 62%. Em seguida, os internautas citaram a incerteza de que o produto será entregue (50%), o risco de apreensão da compra ou cobrança de impostos pela Receita Federal (48%) e o pagamento de taxas de importação (40%). Além disso, metade admite receber com frequência os itens adquiridos fora do prazo (50%).” (E-COMMERCE BRASIL, 2018). Sendo assim, entende-se que ainda há muito receio nesta modalidade de consumo. Mesmo ela sendo mais vantajosa no sentido de facilidade da compra, e no quesito financeiro, existem tabus que impedem uma parcela de pessoas a conhecerem novos meios de consumir. 32 4.2 A lei brasileira sobre a jurisdição competente nas relações de consumo trans-fronteiriças O comércio de produtos e serviços é algo cada vez mais utilizado pelas pessoas, e isso se torna mais evidente devido à facilidade de acesso a internet e maior conhecimento sobre a existência da possibilidade de compras no exterior. No tema central aqui pesquisado, o comércio internacional, a execução ocorre de forma direta e indireta. Na forma indireta, os produtos negociados virtualmente são entregues ao comprador fisicamente pelos serviços postais. Do outro lado, na forma direta, os produtos comprados no meio eletrônico, são entregues também, de forma eletrônica, como é o caso de compras de livros virtuais, e-books, músicas etc (BARBOSA e CARVALHO, 2017). Entretanto, com o aumento do fluxo de compras, aumenta também os problemas com a perda e/ou extravio de produtos, juntamente com taxas sobre importação, confiabilidade do site, problemas com trocas e reembolso, e demais problemas que podem ocorrer. Embora recorrente, a população em geral vem se adaptando e aprendendo. Essa aprendizagem se dá pelo amplo acesso a informação sobre direitos e deveres atribuídos a cada um. No centro de toda essa evolução, os consumidores passaram a buscar um feedback sobre a experiência de outros compradores a respeito de tal produto, dados essenciais, como o contato dos fornecedores, e o prazo de entrega, tudo isto afim de tentar reduzir ao máximo eventuais transtornos que podem ocorrer no percurso do produto até seu destinatário final. Entretanto, apesar do amparo trazido pelo CDC, as relações de consumo de forma virtual tendem, a ser realizada de uma forma em que não se limita a jurisdição de um só país, surgindo assim, a necessidade de uma regulamentação de normas que possam ser aplicadas por algum outro mecanismo, que seja imparcial. Desta maneira, percebe-se que o entendimento é o de que a norma que o CDC nos traz deve prevalecer sob a legislação de aplicação estrangeira, mas, obviamente, sempre levando em consideração o equilíbrio entre direitos e deveres, e 33 nunca deixando faltar a sensibilidade no que se refere a justiça e proteção (BARBOSA e CARVALHO, 2017). Contudo, a recente mudança no Código de Processo Civil, foi inserido no art 21, o seguinte: Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 1. o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 2. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 3. o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. O presente artigo, deixaclara a competência exclusiva do foro brasileiro para atuar em situações de em que seja necessária a intervenção jurídica em relações de consumo em que as partes sejam de distintos territórios nacionais. Auxiliando ainda mais nessa afirmação, pode-se contar com os seguintes artigos: Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; - grifei III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Este artigo é bastante importante, pois foi um dos primeiros a citar o que se refere à jurisdição internacional, encaixando-se no tema central do presente estudo, sobre a proteção do consumidor no comércio internacional. O artigo 25 também afasta a competência do juiz estrangeiro, se referindo da seguinte forma: 34 Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1° Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2° Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1° a 4°. Em relação ao art. 25, apesar da concordância com o princípio da autonomia da vontade, "a vulnerabilidade do consumidor pode ser acentuada diante da complexidade das transações trans-fronteiriças" (RAMOS e FERREIRA, 2016). Desta maneira, a escolha do foro estrangeiro pelas partes é alvo de interpretação no que diz respeito a defesa do consumidor, pois, como já dito, é a parte vulnerável da relação de consumo. Partindo disso, a escolha do foro diferente do nacional deveria ser possível somente quando fosse mais benéfico ao consumidor. A possibilidade de escolher a lei aplicável não é bem aceita pela doutrina e pela jurisprudência. Como regra geral, então, temos o art 9° da Lei de Introdução as Normas do Direito brasileiro. Art. 9° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. § 1° Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. De acordo, então, com o caput do artigo acima citado, para os contratos celebrados no Brasil, aplica-se o direito brasileiro, os celebrados no estrangeiro, estariam sujeitos as normas de outro país. Contudo, quando da sua edição (a LINDB foi promulgada em 04/09/1942 e o aludido artigo 9º não foi modificado desde então), ainda sequer se cogitava na existência da internet/comércio eletrônico, tampouco na existência de um Código de Defesa do Consumidor que, aliás, em seu artigo 30, c/c o artigo 435 do Código Civil (Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto), estabelece aparente antinomima no ponto: 35 Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Isso porque o CDC trata, neste artigo, proponente e fornecedor como sinônimos, autorizando conclusão de que se a compra foi realizada por meio eletrônico em território brasileiro mas proposta em território estrangeiro, a lei aplicável poderia ser a estrangeira. Logo, no ponto, o art 9°, § 2°, da LINDB, aparentemente afastaria a jurisdição brasileira. Entretanto, de acordo com a doutrina, o artigo estaria superado, sendo ele aplicado, então, somente para contratos comerciais realizados em território brasileiro, muito em razão da necessária interpertação histórica a ser sobre ele realizada, não ser referindo às atuais relações de consumo internacional. Mesmo com tudo isso, conforme visto, a legislação brasileira segue sem regras especificas para agir no ramo internacional de comércio eletrônico. Desta maneira, ao que restou estudado, acredita-se que na hipótese de conflito internacional de jurisdições envolvendo relações de comércio eletrônico melhor seria deliberar-se pela incidência da legislação de domicílio do consumidor, ao tempo em que, caso seja permitida a aplicação de outra lei, tal se faça tão somente se for esta mais favorável ao consumidor, visto sua hipossuficiência em relação ao fornecedor ou prestador de serviços, pois de pouco adiantará os inúmeros mecanismos protetivos vigentes no nosso CDC se não tivermos, no ponto, condições de zelar pela nossa soberania em tais casos. 4.3 A jurisdição brasileira para as relações comerciais internacionais: manutenção do que já existe e a esperança de aperfeiçoamento Como se viu até aqui, o comércio e o consumo são atividades inerentes ao ser humano há muito tempo, sendo que o aprimoramento delas, de acordo com o crescimento tecnológico, faz com que os mecanismos de defesa existentes até hoje necessitem acompanhar tal evolução. O comércio eletrônico surge como facilitador das relações de consumo, na ampliação de possibilidades de interação com diversos sujeitos, na escolha de 36 produtos e serviços de forma cada vez mais amplificada, na obtenção de bens ou serviços personalizados e na diminuição do tempo de escolha, e tudo isso sobre o prisma de uma alta redução nos custos de transação no intuito de beneficiar o consumidor (LORENZETI, 2014, p. 365). Sendo assim, após todo o estudo realizado, chegou-se a conclusão que a legislação brasileira precisa evoluir. No que se refere ao comércio eletrônico nacional, consoante visto, é possível observar que nossa legislação vigente é adequada e eficaz para resolver os problemas de consumo caseiros. Contudo, quando os celeumas consumeristas versarem sobre comércio eletrônico internacional, não se pode olvidar da possível retirada do poder do Estado e do avanço da sistemática, pois as fronteiras comerciais na contemporaneidade, induvidosamente, estão se tornando cada vez menores. O Direito do Consumidor, assim, no plano do comércio eletrônico internacional, ainda exige mudanças para fins de aperfeiçoar a proteção do consumidor brasileiro em situação de contrato internacional, especialmente por meio do fomento de uma legislação específica – de preferência, construída em comum acordo pelas nações com características de jurisdição internacional – para que se possa abranger todas as peculiaridades dessa modalidade de consumo, visto que o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil, malgrados todas as suas qualidades, têm sua eficácia muitas vezes reduzidas em tal cenário, não contemplando, ao menos no ponto, todas as ferramentas necessárias para assegurar os direitos do consumidor envolvido em tal seara contratual internacional. 37 5 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou conhecer a historicidade do Direito do Consumidor, bem como, a sua evolução no Brasil e no mundo, afunilou-se também passando pelo Mercosul, e todas as demais fases superadas para chegar ao que temos hoje de legislação vigente para a proteção do consumidor na atualidade em nosso país. Ainda, foram abordadas as mudanças na forma de consumir e as implicações que isso trouxe ao ordenamento jurídico ao questionar a capacidade de legislar sobre eventos jurídicos trans-fronteiriços. Dentre os objetivos doestudo, além do resgate histórico, que serviu para apontar os acontecimentos mais importantes do decorrer da evolução do Direito Consumidor, também tinha como objetivo salientar e explicar os meios de proteção ao consumidor que o Brasil possui. Neste sentido o ordenamento jurídico brasileiro traz com bastante eficiência o Código de Defesa do Consumidor, o Marco Civil da internet e o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, que foram abordados no segundo capítulo do presente trabalho. No terceiro e último capítulo, foram abordados os temas principais deste estudo, que são o e-commerce e as relações de consumo trans-fronteiriças. Com a abordagem desse conteúdo, foi possível perceber que a nossa legislação, mesmo que amparada em alguns artigos, não possui regras especificas para atuar no comércio eletrônico internacional. Sendo assim, na hipótese de conflito de regras, seria a melhor opção a aplicação da lei de domicílio do consumidor (por ser, como já estudado, vulnerável diante do fornecedor), mas também, ao tempo que pudesse ser permitida a aplicação de outra lei, desde que mais benéfica ao consumidor. Sendo assim, o Direito do Consumidor encontra-se bem amparado no que se refere as relações comerciais físicas e eletrônicas quando ambos os contraentes são brasileiros. Contudo, necessita de mudanças principalmente para essa nova modalidade de consumo eletrônico internacional que vem se modificando cada vez mais, o que poderia ser feita, inclusive, em comum acordo entre os países, para que possa abranger as mais diversas peculiaridades deste modelo de consumo. Enfim, a relação de consumidor e fornecedor tem se tornado estreita com a criação destes canais facilitados e as fronteiras se tornado cada vez mais 38 “invisíveis”, com oportunidades mais atraentes. A melhoria jurídica para este meio é necessária, buscando o empoderamento do consumidor, sempre em prol de uma visão de um futuro melhor para os consumidores do país, onde seja possível pactuar contratos de consumo com a necessária segurança jurídica que se espera. 39 REFERENCIAS ABREU, Paula Santos de. A Proteção do Consumidor no Âmbito dos Tratados da União Européia, Nafta e Mercosul. 2006. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/anexos/21977-21978-1- PB.pdf> Acesso em: 05/02/2019 ARNAUDO, Daniel. O Brasil e o Marco Civil da Internet / O estado da governança digital. s.a. Disponível em <https://igarape.org.br/marcocivil/pt/>> Acesso em 10/03/2019 BARBOSA, Davi Diaz; CARVALHO, Diego Mendes. Relações de consumo no âmbito internacional. 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