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2
FACULDADES INTEGRADAS DE RONDONÓPOLIS
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
FERNANDA FRANCO DE QUEIROZ
PROTEÇÃO E DIREITOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Rondonópolis-MT
2020
FERNANDA FRANCO DE QUEIROZ
PROTEÇÃO E DIREITOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, pelo Curso de Direito das Faculdades Integradas de Rondonópolis - FAIR.
Professora Orientadora: Esp. Verginia Chinelato.
Rondonópolis-MT
2020
FERNANDA FRANCO DE QUEIROZ
PROTEÇÃO E DIREITOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, pelo Curso de Direito das Faculdades Integradas de Rondonópolis - FAIR.
Aprovado em: ____/_____/____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Componente da Banca – Verginia Chinelato, Especialista, Faculdades Integradas de Rondonópolis
__________________________________
Componente da Banca – 
__________________________________
Componente da Banca – 
Dedico este projeto e todo esforço desempenhado nele à oportunidade que tive de conhecer e participar da vida da Dona Maria dos Anjos Dias Franco, minha eterna inspiração e avó amada que se já descansa no céu. 
 Esta que me ensinou com a sua trajetória que por mais que qualquer caminho haja espinhos, com dedicação e perseverança regozijaremos ao final. 
AGRADECIMENTOS
Este projeto, toda minha jornada universitária e a que sucederá a partir de aqui se devem agradecimentos à alguns seres muito especiais da minha vida. O coração se enche de gratidão e felicidade ao notar que falta tão pouco para essa etapa terminar. E exalto todo esse processo e empenho empregado nele, por que com toda certeza, os recentes eventos mundiais atribuíram um acréscimo de carga mental, exigindo um esforço maior a mim e por consequência despertando o melhor. 
Agradeço ante tudo à Deus, que é a base de todo a minha vida e existência.
Agradeço com todo o meu ser à minha avó Maria dos Anjos Dias Franco, que sempre foi a minha maior referência, e que mesmo já descansando no céu é o motivo diário da persistência e fé de que tudo pode melhorar. Esta alma bondosa que me ensinou tantas coisas importantes merece toda gratidão do universo, por me criar, por me estimular a ser uma boa pessoa e por ter me amado tanto, assim como amo-a eternamente.
Agradeço a minha mãe, que me proporcionou boas condições de estudo e sempre me estimulou na busca pelo conhecimento. E que desde a infância me implantava o desejo de graduar Direito, mesmo que eu estivesse sempre dizendo que queria ser escritora. Agradeço sua persistência, e o exemplo que mulher que és.
Agradeço também ao meu cachorro Bethoven, este qual foi inspiração para o tema escolhido. Meu companheiro e fiel há 8 anos e merece todo amor possível.
Empenho gratidão à minha esposa Luana D’ Paula da Silva Moreira, que me incentiva, me apoia e torna meus dias ao seu lado repletos de leveza e amor.
Agradeço, por fim, a todos os meus colegas de sala, aos professores, à minha orientadora e todos os mantenedores da instituição. Todos eles são peças fundamentais para a realização do sonho da graduação. 
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. 
Marthin Luther King 
RESUMO
Ao aprofundarmos os estudos, quanto as normas estabelecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, é notável a falta de explicitação de proteção legal aos animais domésticos especificamente. Portanto, o estudo visa projetar e questionar a eficiência que as ferramentas jurídicas podem oferecer à sociedade que se preocupa em proteger e apartar comportamentos de crueldade dos animais em questão. O estudo limita-se parcialmente a analisar a capacidade humana perante as disposições legais e o paradigma moral de algumas situações elencadas quanto à visão e leis do ordenamento jurídico e doutrinadores afins. Desenvolvendo o projeto a partir de pesquisa bibliográfica, através de material publicado em livros, e artigos publicados na internet, detectou-se a urgência de evolução no ordenamento jurídico Brasileiro no aspecto garantidor dos direitos dos animais. Isso porque, é maior a discussão legal acerca da fauna (especialmente dos animais silvestres e exóticos, dentro do direito ambiental) ofuscando a necessidade de proteção à qualidade de vida e propriamente a vida dos animais em geral, envolvendo também aos animais domésticos, e ressaltando apenas o teor patrimonial do Estado sobre a vida desses seres que visa a busca da observância internacional e valorização cultural do País.
Palavras-Chave: Animais. Ambiental. Ordenamento. Proteção. Sociedade.
ABSTRACT
When we deepen the studies regarding the norms established by the Brazilian legal system, the lack of explicit legal protection for domestic animals is notable specifically. Therefore, the study aims to project and question the efficiency that legal tools can offer to society that is concerned with protecting and separating cruelty behaviors of the animals in question. The study is partly limited to analyzing human capacity in view of the legal provisions and the moral paradigm of some situations listed as regards the vision and laws of the legal system and similar indoctrinators. Developing the project based on bibliographic research, through material published in books, and articles published on the internet, it was concluded that the urgency of evolution in the Brazilian legal system is detected in the aspect that guarantees animal rights, since there is greater legal discussion about fauna (especially wild and exotic animals, within environmental law) overshadowing the need to protect the quality of life and properly the life of animals in general, involving also domestic animals, and emphasizing only the patrimonial content of the State about the life of these beings that aims at the search for international observance and cultural appreciation of the country.
Keywords: Animals. Environmental. Planning. Protection. Society.
SUMÁRIO
RESUMO	7
ABSTRACT	8
INTRODUÇÃO	9
CAPÍTULO I – CONCEITUAÇÃO E MENÇÕES À PROTEÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO	12
1.1 Conceitos	12
1.2 A fauna no direito ambiental	13
1.3 Introdução aos direitos dos animais domésticos	14
1.3.1 Competência Legal e Orgãos de Proteção	15
CAPÍTULO II – CRUELDADE E MAUS TRATOS	18
CAPÍTULO III – Vivisecção e experimentos com animais	22
CAPÍTULO IV – Sacrificio de animais	28
4.1 O sacrifício de animais saudáveis em Centros de Controle Zoonozes
	28
4.2 O sacrifício de animais em rituais religiosos	29
CONSIDERAÇÕES FINAIS	33
REFERÊNCIAS	37
INTRODUÇÃO
Desde o início é observada notória participação dos animais na história e vida dos seres humanos. No decurso histórico das gerações e da evolução da raça humana, a conexão com as demais espécies do planeta muda conforme o estado de necessidade correspondente. Nota-se a evolução conforme as circunstâncias globais, desde que o animal era objeto de caça e sobrevivência até o momento em que se percebeu a possibilidade de um convívio estólido e constatação das semelhanças com certas espécies.
No âmbito jurídico, revela-se a base em um exame dos dispositivos legais mais destacados sobre o tema e das principais teorias que amparam a proteção animal. É proposta uma análise acerca do tratamento dos animais pela legislação brasileira e pela sociedade no geral, salientando a necessidade imediata de mudança de padrões em referência a esses seres vivos, com a intenção de que recebam a devida proteção e amparo pelo ordenamento jurídico de forma mais expressiva e segura.
Ainda assim lidamos com as mais diversas atrocidades contra as espécies domésticas e não domésticas. Observando os atos tanto para fins lucrativos, quanto por pura crueldade e ódio. Mesmo com a prova de queo tempo transforma a sociedade conforme sua necessidade.
Diante da breve exposição do desenvolvimento das normas jurídicas acerca da proteção aos direitos dos animais, percebe-se constante alternância e dissimilaridade nas atitudes humanas na atualidade.
O estudo limita-se parcialmente a analisar a capacidade humana perante as disposições legais e o paradigma moral de algumas situações elencadas quanto à visão e leis do ordenamento jurídico e doutrinadores afins.
Considerando que o indivíduo humano é capaz de cometer atos cruéis contra à sua própria espécie, mesmo com as mais diversas sanções legais que ordenamento jurídico traz para que proibir tais práticas, de que estará sujeita as demais espécies que não se amparam de uma eficaz proteção legal? 
A idealização deste projeto tem por finalidade mostrar que os animais domésticos e silvestres são merecedores de proteção sob a perspectiva de direitos fundamentais específicos e que podem ser titulares de dignidade, interpretada como a dignidade pela vida em geral.
A objetivação específica do estudo visa discorrer a respeito da evolução no aspecto jurídico atual em relação aos animais, vislumbrando as transições de padrões éticos que sobrevieram conforme a consciência ecológico-social foi modificando. Para tanto, serão apreciadas as mudanças de valores e noções sociais, que ao longo das gerações, foram alcançando a ordem jurídica em um enfoque não apenas regional, mas universal.
	O presente estudo justifica-se pela necessidade alarmante de atenção e ação na causa protetora e garantidora dos direitos dos animais. Visto que gradativamente ocorrem situações as quais ferem tais direitos, dentre os quais expostos frequentemente através da mídia, redes socias, entre outros meios de comunicação. Tais atos que praticados em decorrência da falta de responsabilidade, crueldade e até mesmo da inexistência de compaixão ou temor das sanções legais conseguintes destes.
Até o momento não se supre a necessidade do cumprimento da ordem, diante das inúmeras atrocidades que se revelam.
Justifica-se também pela importância explorar as normas vigentes acerca dos direitos dos animais e delimitar o que se pode considerar garantia ou permissividade de violação destes. Visto que a legislação brasileira não compõe nenhum dispositivo legal que proteja exclusivamente a proteção e o direito dos animais domésticos. Estes os quais se acolhem pela Declaração Universal dos Direitos Animais, proposta internacionalmente por causas ativistas. 
No teor legislativo, o Direto dos Animais está introduzido na Matéria do Meio Ambiente, especificamente no art. 225, § 1º da Constituição Federal, em que atribui ao poder público e a sociedade na defesa dos animais, a obrigação de atender as necessidades em respeito a vida, e a proteção física desses seres. Esta também proíbe de forma clara os atos que ameacem a utilidade ecológica, acarrete a extinção ou sujeitem à crueldade qualquer animal.
O ordenamento jurídico brasileiro não se destaca em termos de Direitos dos Animais, pois não faz enfoque à proteção aos maus-tratos. Todavia, no Brasil o animal é tratado como “bens”, já países como França e Argentina destacam-se por reconhecer o animal como seres.
Diante disto, é detectada a urgência de evolução no ordenamento jurídico Brasileiro no aspecto garantidor dos direitos dos animais, visto que é maior a discussão legal acerca da fauna (especialmente dos animais silvestres e exóticos, dentro do direito ambiental) ofuscando a necessidade de proteção À qualidade de vida e propriamente a vida dos animais em geral, envolvendo também aos animais domésticos, e ressaltando apenas o teor patrimonial do Estado sobre a vida desses seres que visa a busca da observância internacional e valorização cultural do País. 
O método utilizado para aquisição de dados de natureza conceitual e filosófica se deu a partir de pesquisa bibliográfica, a qual segundo GIL (1991) é caracterizada basicamente por ser elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, de artigos periódicos e de material disponibilizado na internet.
CAPÍTULO I – Conceituação e menções à proteção no ordenamento jurídico brasileiro
1.1 Conceitos
A fauna é um grupo de animais estabelecidos em determinada região. Quando se fala em fauna, deve-se pensar imediatamente em seu hábitat, que por sua vez é o local onde vive o animal, incluídos aí os abrigos, ninhos, criadouros naturais etc. (SINVIRNSKAS, 2010, p. 567)
Ao mencionar fauna Sinvirnskas (2010, p. 572) reduz o conceito explicitado no Art. 1º da Lei n. 5.197/67, ao seu entendimento, somente à fauna silvestre, destituindo a proteção dos animais domésticos ou domesticados. Porém, indica sua evidência nos seguintes dispositivos legais: Art. 64 da LCP; Decreto n. 24.645, de 10 de julho de 1934 e p Art. 29, §3º, da Lei n.9.605/98. Esta lei, apesar do conceito restritivo, tem sido aplicada pelos tribunais também em proteção aos animais domésticos.
É observada de acordo com a legislação de quem nem todos os animais serão protegidos pela lei ambiental. 
Explicita no Art. 29 da Lei n. 9.605/98:
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
Portanto, caracterizam-se espécies nativas as que habitam em estabelecida região ou país. Tais como a Arara-Vermelha, o tatu-canastra, mico-leão-dourado ou a onça-pintada.
Já as espécies migratórias são aquelas que migram de um lugar para o outro, viajando entre países, dentre eles pássaros como a andorinha, cegonha, e peixes como: sardinha, salmão entre outros.
Espécies exóticas são originadas de outros países, como exemplo: leões, zebras, girafas e elefantes.
Os conceitos de espécies aquáticas e terrestres compreendem a generalidade do espaço de vida dos animais, sendo aquáticos aqueles que vivem em lagos, lagoas, rios e mares; e terrestres aqueles que vivem sobre a superfície terrestre.
Domésticos ou domesticados são os animais passíveis de domesticação, preservando, no entanto, seu instinto selvagem.
O conceito de Direitos Animais engloba a ideia de que os animais são aptos de direitos sobre a vida. Ou seja, existem pelo direito de possui-las, e careceriam de direitos morais e básicos que deveriam ser estipulados na legislação. Em uma perspectiva defensiva tais direitos deveriam abandonar o teor materializador, o qual os coloca em posição simples bens capitais ou seres de utilidade benéfica aos humanos. 
1.2 A fauna no direito ambiental
	Fauna é um dos meios ambientais apontados pela lei 6.938/81 que diz acerca da Política Nacional do Meio Ambiente é ‘’toda a vida animal em uma área, um habitat ou um estrato geológico num determinado tempo, com limites espacial e temporal arbitrários’’.
A Constituição Federal ao tratar da fauna, não a conceitua. Assim, é necessário sustentar-se no preceito de fauna previsto no artigo 1º da lei 5.197/67 que diz sobre a proteção a fauna.
De acordo com a Lei 5.197/67, fauna silvestre é:
(...) formada pelo conjunto dos animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais.
São aqueles pertencentes de uma dada região que habitam a natureza, de forma independente, não necessitando do homem para viver, isto é, não vivem em cativeiro. São exemplos as araras, macacos e onças.
A fauna silvestre goza de uma proteção maior em virtude de ser a categoria de animais que mais sofre perigo de entrar em extinção.
1.3 Introdução aos direitos dos animais domésticos
De acordo com Treennepohl (2015, p. 202), a proteção jurídica da fauna envolve a fauna silvestre e a fauna doméstica, que abrange as variedades de animais que, ‘’através dos tempos, por força do manejo ou da convivência tornaram-se próximas do homem, possuindo características comportamentaisde estrita dependência do mesmo’’
Fauna doméstica ou animais domésticos são os que habitam em cativeiro e são totalmente dependentes do ser humano, sendo provável que possuam atributos diferentes de suas espécies antecessoras. Habitam nas regiões urbanas ou até mesmo em lares humanos, possuindo assim relacionamento cotidiano com o ser humano e familiarizados no ambiente doméstico. Entre estes: cachorro, gato e cavalo.
Portanto, animais domesticados são animais selvagens, contudo ao serem adestrados pelo ser humano, convertem-se a harmonização do convívio doméstico, estes os quais não se integrariam ao retorno à natureza e não viveriam de modo autônomo sem um sistema de readaptação.
Em virtude do fato que os animais domésticos não estão ameaçados de extinção, alguns autores assentem que a proteção cedida pela Constituição aos animais silvestres não se estende aos animais domésticos.
Porém, afirma-se o posicionamento de que a tutela da Constituição englobe os mencionados animais, visto que ao identificar que a proteção não engloba os animais domésticos, seria como alegar que estes não estariam suscetíveis a padecer maus-tratos.
Quanto a defesa dos direitos dos animais, Fensterseifer (2008, p. 40) afirma:
O defensor dos direitos dos animais ou da vida em termos gerais é antes de qualquer coisa também um defensor dos direitos humanos, já que as consagrações, respectivas, dos direitos humanos e dos direitos dos animais tratam-se de etapas evolutivas cumulativas de um mesmo caminhar humano rumo a um horizonte moral e cultural em permanente construção.
Vários são os documentos legislativos internacionais e nacionais que abordam a temática sobre a defesa dos animais, sendo que o mais importante é a Declaração Universal dos Direitos dos Animais que prevê:
1- Todos os animais têm o mesmo direito a vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e a proteção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres em seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca
abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais.
 9 - Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e
compreender os animais.
Essa declaração surgiu de um encontro que foi realizado pela ONU em 1970 e faz referência ao trato e cuidados que devem ser aplicados aos animais. Mas infelizmente o Brasil não assinou o acordo, portanto para nós a declaração não tem efeito de lei servindo apenas para efeitos de direito comparado.
1.4 Competência Legal e Órgãos de Proteção
De acordo com Edna Dias:
O animal como sujeito de direitos já é concebido por grande parte de doutrinadores jurídicos de todo o mundo. Um dos argumentos mais comuns para a defesa desta concepção é o de que, assim como as pessoas jurídicas ou morais possuem direitos de personalidade reconhecidos desde o momento em que registram seus atos constitutivos em órgão competente, e podem comparecer em Juízo para pleitear esses direitos, também os animais tornam-se sujeitos de direitos subjetivos por força das leis que os protegem. Embora não tenham capacidade de comparecer em Juízo para pleiteá-los, o Poder Público e a coletividade receberam a incumbência constitucional de sua proteção. O Ministério Público recebeu a competência legal expressa para representá-los em Juízo, quando as leis que os protegem forem violadas. Daí, pode-se concluir com clareza que os animais são sujeitos de direitos, embora esses tenham que ser pleiteados por representatividade, da mesma forma que ocorre com os seres relativamente incapazes ou os incapazes, que, entretanto, são reconhecidos como pessoas. (DIAS, 2005, p. 120)
Então por analogia se compreende que assim como pessoas tidas como incapazes são consideradas sujeitos de direito, os animais que também são incapazes podem ser sujeitos de direito, pois a lei permite que esses direitos sejam defendidos e representados por órgãos como o Ministério Público e as sociedades ambientais.
 Cabe ao Ministério Público, como guardião do ambiente e curador dos animais,
zelar pela fiel aplicação da norma protetora suprema, lutando para que nenhuma lei infraconstitucional legitime a crueldade, que nenhum princípio da ordem econômica justifique a barbárie, que nenhuma pesquisa científica se perfaça sem ética e que nenhum divertimento público ou dogma religioso possam advir de costumes desvirtuados ou de rituais sanguinolentos. Contra a injustiça, a hipocrisia social, as tradições cruentas e os subterfúgios jurídicos que permitem esse autêntico genocídio de seres inocentes, devem os promotores agir. (LEVAI, 2006, p. 180)
Assim, os animais têm seus direitos e garantias favorecidos no processo administrativo e judicial, igualmente aos dos seres humanos e das pessoas jurídicas pois, se os animais fossem considerados juridicamente como “coisas” o Ministério Público não teria legitimidade para representá-los em juízo.
O projeto de lei da Câmara nº 27, de 2018 foi aprovado pelo plenário, e possui como ementa o acréscimo do dispositivo à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, sendo estabelecido regime jurídico especial para os animais de estimação. Sendo assim, consolidou-se que a determinação de que animais não podem ser considerados como objetos, passando eles a ter natureza jurídica sui generis, como sujeitos de direitos despersonificados. 
No Brasil contamos com diversas instituições privadas, as conhecidas ONGs (Organizações não Governamentais), estas quais são elaboradas de forma autônoma e não possuem fins lucrativos, direcionadas à proteção dos animais domésticos. Portanto, tais instituições visam especificamente resgate e adoção à animais de rua, sendo assim não possuem nenhuma competência legal para punir agressores e responsáveis por maus-tratos.
Em 2010 foi lançada a campanha pela criação de Promotorias de Defesa Animal através de diligencia da ONG Olhar Animal, iniciativa que foi tratado como melhor solução para as ocorrências de maus-tratos e crueldade contra os animais.
Pois, embora tenham tido modificações no sistema jurídico, maus tratos sucedem diariamente, colocando em perigo a vida de inúmeros de animais, isso ocorre primordialmente pela falta de idoneidade familiar, a qual influencia fundamentalmente a relação direta com o animal. Esta qual deveria preceituar o respeito pelos animais, junto a idealização de valores que carecem ser propagados tanto nas famílias quanto nas instituições escolares.
Refletindo sobre a defesa dos animais o elemento responsável pela transição processual deles e sua delegação é o Ministério Público, entretanto inexiste um posto de promotor singularizado em Defesa Animal, resultando assim que as ocorrências abrangendo o Direito dos Animais são atribuídos a Promotoria do Meio Ambiente ou a Promotoria Criminal.
 A impertinência da pluralidade das Promotorias de Meio Ambiente para laborar com a demanda, seja pela redundância de obrigações, seja pela perspectiva prevalente dos animais como ‘mecanismos’ ambientais, não como seres capazes de sentir, com diligências inerentes ao que já é conveniente evidencia a indispensabilidade de fundação de uma Promotoria de Defesa Animal.
Com essa fundação resultariam também soluções aos dilemas relativos a insegurança nas deliberações judiciais em vista das penas irrelevantes, a potencialidade de impunidade dos infratores, a isenção das autoridades responsáveis pela apuração desses delitos e o confronto de atribuições emergido envolto as corporações policiais no tocante ao atendimento de casos de animais domésticos vítimas de maus-tratos.
Tencionando a essencialidade de dada Promotoria realizaram-se campanhas com o amparo de inúmeras ONG’s de defesa animal, ambientalistas, e cerca de 13. 000assinantes de petições virtual e física, em favor da campanha “Direitos dos animais, uma questão de justiça”. E através da repercussão e mobilização de uma massa expressiva da população, vários órgãos foram conduzidos especificamente à atribuição para dedicar-se à tal questão. Deste modo, em São Paulo, implementou a criação da “1ª Delegacia de Proteção Animal de São Paulo”, estabelecida na cidade de Campinas, assim como de coordenadorias municipais; no Estado de Minas Gerais, em respeito disso, já existe diligência do Ministério Público no seguimento da formação da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa Animal.
Com toda a movimentação explicitada Fernando Capez, Deputado Estadual de São Paulo, requereu com base nos arts. 2º, inciso VI, e 19, inciso IV, alínea “a”, da Lei Complementar Estadual n. 734/93, o despacho à Assembléia Legislativa Estadual de projeto de lei objetivando a constituição, na capital de situado estado, da inaugural e inédita Promotoria de Defesa Animal. Desse modo, foi acolhida a fundação do Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais e de Parcelamento do Solo Urbano (GECAP), que possuirá entre suas atribuições a “Defesa dos Animais”, especialmente, domésticos ou domesticados, assim como silvestres, nativos ou exóticos.
Portanto, visa-se necessário e relevante que haja impulsionamentos para criação de Promotorias de Justiça de Defesa Animal em todo o território nacional, pois uma vez instituída em lei apropriadamente, será capaz de operar eficazmente e útil no combate aos crimes contra a espécie, sucedendo um trabalho solidário de imensa magnitude social e meritório das tradições do Ministério Público.
CAPÍTULO II – Crueldade e Maus Tratos
2.1 Conceitos
Ao tratarmos especificamente sobre a conceitualização do termo maus-tratos, este determina-se por atos diretos ou indiretos, comissivos ou omissivos, que propositalmente ou por indiligência, imperícia ou imprudência promove dor ou sofrimento indevidos aos animais. A lista de exemplos dos maus-tratos está explicitada no artigo 5º da resolução 1.236, de 26 de outubro de 2018, e engloba a realização de procedimentos sem atenção veterinária, agressão física, desabrigo, superlotação, entre mais.
Na mesma resolução é tratada a conceituação do termo crueldade, que significa atos propositais que promova dor ou sofrimento desnecessários nos animais, como também propositalmente demandar maus tratos continuados aos animais;
E também trata-se da definição de abuso, que é qualquer ato proposital, comissivo ou omissivo, que envolva o uso descabido, indevido, excessivo, demasiado, errado de animais, ocasionando lesões físicas ou psicológicas, como também os atos reconhecidos como abuso sexual.
Os maus tratos em animais residem nas agressões gratuitas e atos de violência desnecessários, que logrem machucar, mutilar, matar, torturar e impor sofrimento aos animais. (BECHARA, 2003, p. 93)
Celso Antonio Pacheco Fiorillo expôs o seguido conceito sobre:
“O termo crueldade é a qualidade do que é cruel, que, por sua vez, segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, significa aquilo que se satisfaz em fazer mal, duro, insensível, desumano, severo, rigoroso, tirano.
[...] Dessa forma, ser cruel significa submeter o animal a um mal além do absolutamente necessário. Compreender de forma diversa, atribuindo a tutela preceituada pela norma ao sentimento de dor do animal com relação a ele mesmo, implica inviabilizar a utilização da fauna pelo homem com bem essencial à sadia qualidade de vida.” (FIORILLO, 2010, p. 263)
O autor generaliza o preceito de crueldade ao sintético e comum, visionando que o homem não possa se utilizar de prazer ao abate do animal quando este lhe proporciona o alimento necessário para qualidade de vida. Sendo assim aceitar a natureza deste e colaborar para que não submeta o animal a mal desnecessário.
Dentre os dominantes casos de maus tratos destaca-se o abandono de animais de estimação. Elga Helena de Paula Almeida destaca as causas para o feito elencando algumas circunstâncias:
 quando o animal, por ser muito novo e ainda não adestrado faz bagunças pela casa, ou brinca o tempo todo, e algumas pessoas não tem paciência e os largam nas ruas; quando se tornam adultos e os donos simplesmente perdem o interesse e o abandonam; ou quando ficam velhos demais e incapacitados para o trabalho forçado a que eram submetidos, e como não servem mais para satisfazer as necessidades de seus donos, são soltos na rua ou nas estradas. (ALMEIDA, 2014, p. 22)
Eventualmente lida-se também com as circunstâncias onde o grupo familiar se promovem a viagens longas, e, assoberbando-se do gasto com o cuidado dos animais como hotéis e cuidadores de animais, acabam deixando-os em abandono na rua. Danielle Tetu Rodrigues afirma: 
“O homem, ser racional e pensante, a quem supostamente caberia a responsabilidade de cuidar do Animal de estimação, acaba por abandoná-los à própria sorte durante as férias ou em situações de dificuldade [...]”. (RODRIGUES, 2003, p. 99).
Elga Helena de Paula Almeida elenca, ainda, outras práticas covardes contra animais domésticos que são:
Manter o animal preso por muito tempo sem comida e contato com seus responsáveis; deixá-lo em lugar impróprio ou anti-higiênico; envenenamento; agressão física exagerada; mutilação; utilizar animais em espetáculo, apresentações ou trabalho que possa lhe causar pânico ou sofrimento; não recorrer à veterinários em caso de doença, dentre diversas formas que os levam a sofrimentos intensos. (ALMEIDA, 2014, p. 22)
Cita-se, também, o envenenamento de animais, que sendo uma das dominantes causas de morte de cães e gatos. A intoxicação ocasionalmente se aplica por indivíduos que exprimem o desejo da eliminação dos animais sejam por abandono ou não, meramente por algum incomodo torpe. Tal ação é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal n.º 9.605/1998).
Na instituição do Decreto 3.688 em 1941, ocorreu o acréscimo do Decreto Federal 24.645/34, onde foi elencada a tipificação de maus-tratos contra animais como uma contravenção penal. Em seu artigo 64, já revogado, mencionou a referida crueldade contra os animais, com o seguinte texto: 
24 Art. 64 – Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo: Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos mil réis. 
§1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo. 
§2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público. 
A partir da instituição do referido artigo, independente do fim a que se destinava, quaisquer realizações de experiências dolorosas e cruéis em animais em lugares públicos se tornaram passíveis de punição. 
Porém, observa-se uma falha na lei, quando se menciona punição ao praticante do ato em público ou exposto, pois o legislador não destacou realização do experimento em lugares privados, inferindo implicitamente que a lei não proibiu a realização da experimentação com animais em lugares restritos ao público. Até esta ocasião, existiam apenas leis que abordavam amplamente a utilização de animais, de forma didática e científica. Logo, em 1979 ocorreu a primeira diligencia para regulamentação da matéria específica de experimentação animal. 
Maria Helena Diniz dissera a respeito:
“Atos de crueldade e maus-tratos contra animais pelo sofrimento que causam, pela violência e pela afronta à dignidade animal geram o dever de proteção jurídica e a necessidade de conscientizar as autoridades e a população de que é preciso respeitar a integridade físico-psíquica dos animais.”(DINIZ, 2018, p. 7)
Atualmente qualifica-se crime ecológico maltratar animais, conforme dispõe o art. 32 da Lei 9.605, de 13 de fevereiro de 1998.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de trêsmeses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Definitivamente maltratar animais é crime, e estão elencados os atos assim eleitos no Decreto Federal 24.645/34, do artigo 3º ao 8º.
CAPÍTULO III – Vivissecção e experimento com animais
A definição de vivissecção aborda amplamente os experimentos científicos realizados em animais vivos, entre eles a dissecação, cortes, aplicações ou intervenções invasivas em um organismo vivo.
Entre os doutrinadores observa-se um grande conflito em torno desta prática A vivissecção se trata de um procedimento de experimentação animal. 
De acordo com Sérgio Greif e Thales Tréz: 
“O termo “vivissecção” literalmente significa “cortar (um animal) vivo”, mas é aplicado genericamente a qualquer forma de experimentação animal que implique em intervenção com vistas a observar um fenômeno, alteração fisiológica ou estudo anatômico.” (GREIF e TRÉZ, 2000, p. 16).
Diomar Ackael Filho diz: 
“vivissecção é o procedimento utilizado para a prática experimental e didática com animais. Esses animais sofrem lesões em nome da pesquisa, ciência e educação”. (ACKEL FILHO, 2001, p. 103)
Geralmente o referido procedimento é permitido no Brasil, contudo, presume-se ser de imensa crueldade sacrificar os animais para isso.
Em 8 de maio de 1979, entrou em vigor a Lei nº 6.638, contendo a regulamentação à utilização de animais em experimentos, penalizando, inclusive, os infratores de acordo com o artigo 64 da Lei das Contravenções Penais. Por consequência, passou a ser conhecida como Lei da vivissecção. 
Contudo, esta Lei não dispõe muitos artigos regulamentando a vivissecção. Além do mais, passou a aprovar, no Brasil, por meio de seus dispositivos, a prática da experimentação aos animais. Fernanda Luiza Fontoura de Medeiros menciona:
A Lei regulamentava a prática em todo o território nacional desde que os biotérios e os centros de experiências e demonstrações com animais vivos estivessem registrados. Um caráter protetivo apontava na referida legislação quando esta proibia a realização da atividade sem emprego de anestesia ou sem a supervisão de um técnico especializado (MEDEIROS, 2013, p. 55/56).
Permitindo em seu artigo 1º, porém, no artigo 3º há algumas normas a serem seguidas, sendo expressa como regulamentadora da vivissecção:
Art. 1º - Fica permitida, em todo o território nacional, a vivissecção de animais, nos
termos desta lei.
[...]
Art. 3º - A vivissecção não será permitida:
I – sem o emprego de anestesia;
II – em centro de pesquisas os estudos não registrados em órgão competente;
III – sem a supervisão de técnico especializado;
IV – com animais que não tenham permanecido mais de quinze dias em biotérios
legalmente autorizados;
V – em estabelecimentos de ensino de primeiro e segundo graus e em quaisquer locais frequentados por menores de idade.
Importante mencionar que a Lei 6.638 de 1979 regulamentava acerca da criação de determinação dos biotérios, em que, a partir de sua criação, teria que receber fiscalização por órgãos competentes. Quando não, sujeitar-se-ia à possível suspensão da atividade.
Vale reforçar ainda, que a Lei 6.638/79 foi revogada pela Lei 11.794 de 2008, conhecida com Lei Auroca, esta qual regulamentou o uso de animais em experimentos científicos.
A mencionada Lei objetivava a regulamentação do inciso VII do §1º do art. 225 da Constituição Federal, deste modo, estabelecendo os procedimentos científicos que se utilizam animais, ou seja, o uso e a criação dos animais nos procedimentos científicos e de ensino, e, de acordo com Luís Paulo Sirvinskas: “tal lei pretende acabar com as leis municipais que tentam proibir a pesquisa com animais” (SIRVINSKAS, 2014, p. 639).
O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), este criado a partir da Lei Auroca, foi designado a fiscalizar o cumprimento normativo sobre a utilização dos animais para experimentos.
A Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA), também criada pela lei Auroca, foi regulamentada pelo Decreto n. 6.899, de 15 de julho de 2009. A constituição do CEUA é exigência indispensável ao credenciamento de instituições ligadas às atividades experimentais em que se utilizam animais. 
A Constituição Federal de 1988, em seu inciso VII, §1ºdo art. 225, determina a vedação de qualquer ato ou prática que submeta os animais à crueldade. Verificando que a Lei n. 6.638/79, já revogada, fomentava enormes discussões por parte dos bancos acadêmicos, pela carência de abordagens éticas e bioéticas. Logo, em seu artigo 3º, inciso V, proibia a realização da prática experimental em estabelecimentos de ensino de primeiro e segundo graus e em quaisquer locais frequentados por menores de idade.
A Lei Arouca então dispôs sobre a permissão da prática animal nas atividades educacionais, em seu artigo art. 1º, §1º, incisos I e II:
Art. 1º. A criação e a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa
científica, em todo território nacional, obedece aos critérios estabelecidos nesta lei.
§1º A utilização de animais em atividades educacionais fica restrita a:
I – estabelecimentos de ensino superior;
II – estabelecimentos de educação profissional técnica de nível médio da área
biomédica.
Já nos seguintes parágrafos do mesmo artigo estão arroladas quais atividades são classificadas como pesquisa científica, e quais não.
No §1º do art. 14, há a menção da eutanásia aos animais utilizados nos experimentos, contudo, só é permitido quando ocorrer tecnicamente a recomendação da eutanásia, ou até mesmo quando o animal for exposto a um sofrimento intenso. Ainda sim, não é claro na regulamentação a definição de intenso sofrimento ao animal, isto é, a lei não determina sobre os critérios a serem aplicados para que haja a decisão da eutanásia.
Os animais a serem utilizados são escolhidos pelos próprios pesquisadores são, e o objetivo principal do experimento é adotado como critério para selecionar suas cobaias. Geralmente, determinam como base o custo gerado e a opinião pública, ou seja, eles examinam a repercussão que terá perante a sociedade, pois os cientistas compartilham a ideia de que selecionando um animal repulsivo, como ratos, ocasionara menos revolta à sociedade.
Se tratando de animais domésticos, os cães e gatos são bastante usados nos experimentos. Os cães, especialmente os da raça beagle, são muito utilizados em graduações ou centros de Medicina ou Veterinária de forma didática, ou para desenvolvimento das técnicas cirúrgicas. Já os gatos geralmente são utilizados em experimentos que verificam o grau das ondas cerebrais.
Ocorrem em diversas áreas experimentos em que se utilizam os animais, como as psicocomportamentais, neurológicas, em indústrias cosméticas, armamentistas, químicas, entre outras. Alguns dos principais testes efetuados estão: Teste de Draize, Teste LD 50, testes neuropsicológicos, testes armamentistas, testes toxicológicos e testes em estudos odontológicos.
Existem uma variedade de métodos onde os animais possam ser substituídos nos experimentos.
Sergio Greif e Thales Trez mencionam:
“Em muitos casos, os estudos em animais não só causam o desperdício de vidas e dinheiro, eles podem ser perigosos também para a saúde das pessoas. Drogas como a talidomida, o Zomax, e DES foram todas testadas em animais e julgadas seguras, mas tiveram conseqüências devastantes para os humanos que fizeram uso delas.” (GREIF, TRÉZ, 2000, p.25)
Aprofundando no sentido de que é urgente a preocupação com novas buscas de substituição dos métodos de experimentação animal, pois o fato de que muitos desses experimentos se tornam por final ineficazes, observando os casos onde o resultado obtido através de tal não contribui com melhora para a sociedade. Muitas das experiencias resultantes positivamente no organismo animal fracassaram ao serem aplicadas em seres humanos.
Citando os autores SergioGreif e Thales Trez, outro ponto também é levantado a respeito:
“Outro ponto é a preocupação de que agentes potencialmente úteis à saúde humana sejam recusados por apresentarem resultados adversos quando testados em animais, não vindo a chegar ao mercado. Somente testes clínicos, em humanos, poderiam comprovar a falha do modelo animal. Segue uma pequena lista de exemplos que ilustram bem como os resultados obtidos de animais não podem de forma alguma ser extrapolados para os seres humanos. (GREIF, TRÉZ, 2000, p.31)
Importante citar que, frequentemente, no Brasil, inúmeros animais são mutilados, queimados, sofrem maus-tratos, são submetidos a dores e ferimentos, e até mesmo morrem em consequência de procedimentos em que são sujeitados em laboratórios de vivissecção e de experimentação. Não existe sequer limites éticos e científicos aos cientistas, intencionado somente à busca do progresso da ciência. 
A responsabilidade maior por tais atrocidades se dão principalmente às indústrias farmacêuticas e as de cosméticos, onde são visadas tão somente os interesses humanos. Além de que, tudo o que ao que submetem os indefesos animais, por vezes, torna-se algo sem utilidade, ou seja, animais são utilizados por motivos fúteis, torpe, já que a todo o momento, produtos testados em animais, são retirados das vitrines em razão da não eficácia a sociedade humana.
No decorrer de um longo período, cientistas e pesquisadores defensores da vivissecção, observaram e trataram a experimentação animal como o único mecanismo para a realização de pesquisas, na área científico e didático.
Tais cientistas, visando o bem estar da humanidade, fundamenta a utilização dos animais nesses experimentos na crença de que os animais detêm semelhanças metabólicas, anatômicas e fisiológicas com os seres humanos. Sendo assim, sustentam a tese de que o mecanismo mais eficaz para a efetivação de pesquisas e a consequente busca da solução de várias doenças, argumentando que sempre que necessário utilizam anestésicos, reforçando a devida responsabilidade e ética nos procedimentos com os animais. 
No estado de São Paulo foi criada a Lei 15.316/14 que proíbe o uso de animais em experimentos atribuídos à industrialização de cosméticos. Porém, não se veda no uso de animais nos experimentos ligados ao desenvolvimento de remédios.
Sergio Greif e Thales Trez dissertam acerca do tema:
“Cada indivíduo apresenta resposta diferente aos estímulos externos, tais como taxa metabólica, respostas à determinadas drogas ou agentes patológicos, etc. O mesmo vale para diferentes sexos e raças. Tais diferenças, entretanto, mostram-se mais aparentes ao nível das espécies, e as diferenças interespecíficas representam uma das maiores falhas da metodologia vivisseccionista. (GREIF, TRÉZ, 2000, p.31)
Os mesmos autores ainda citam casos onde houve fracasso total envolvendo o experimento:
“Entre 1968 e 1993, pelo menos 124 produtos farmacêuticos foram retirados do mercado, por medida de segurança, na Grã Bretanha, França e Alemanha. Todos eram drogas que, após ter passado pelos testes com animais, ganharam licença e tiveram sua segurança atestada. Entretanto, o uso em humanos provou não ser esse o caso, havendo inclusive óbitos devido ao uso de tais drogas.” (GREIF, TRÉZ, 2000, p.35)
Daniel Braga Lourenço, escritor do livro Direito dos Animais: Fundamentação e Novas Perspectivas, sendo entrevistado pelo Observatório Eco, se posiciona a respeito:
 A pesquisa científica que faz uso de animais convive com um paradoxo insolúvel, qual seja: ou os animais são iguais a nós em todos os aspectos biológicos relevantes e não devemos levar adiante a pesquisa não consentida pelas mesmas razões pelas quais não a conduzimos em seres humanos, ou os animais são diferentes de nós nesses mesmos aspectos e, por esse motivo, pela impossibilidade real de extrapolação e derivação de resultados, a pesquisa seria igualmente injustificável do ponto de vista técnico. 
CAPÍTULO IV – Sacrifício de animais
4.1 O sacrifício de animais saudáveis em Centros de Controle Zoonozes
	Em vista que, é constante e crescente o número de abandonos de cães e gatos e a falta de controle reprodutor da espécie, muitos animais são recolhidos frequentemente e enviados ao Centros de Controle Zoonozes Municipais. Em alguns dos casos, tais instituições separam os animais saudáveis e acolhem para possível adoção. O que deveria ser de feitio e exemplo para todas as demais. Porém, por vezes, até mesmo os animais sadios são designados para sacrifico junto aos doentes. 
	Tornou-se então necessária a observação das funções que são atribuídas, através do Projeto de Lei 17/2017, que determina a proibição de sacrifício animais sadios pelos centros de controle de zoonoses, canis populares e semelhantes. 
A finalidade do projeto é formar exigências para que os centros de controle de zoonoses pratiquem métodos compassivos para monitorar a quantidade de animais que vivem na rua. É previsto no projeto a castração dos animais por veterinário em localidades onde haja superpopulação comprovada por estudo. O sacrifício é proibido quando o animal não apresente doenças terminais e transmissíveis. E quando houver há obrigação de laudo técnico legal que comprove.
Caso ocorra o descumprimento da lei, se aprovada, deverão ser aplicadas as sanções previstas na Lei de Crimes Ambientais, a Lei 9.605, de 1998.
O projeto também viabiliza o recolhimento de animais de rua por quaisquer entidades de proteção para disponibilização de adoção. 
4.2 O sacrifício de animais em rituais religiosos
A legislação brasileira oferece aos animais o amparo legal garantidor mínimo sobre sua existência. Tendo em vista que é de responsabilidade humano indiretamente a proteção à fauna.
Porém, a liberdade religiosa destaca-se como um direito fundamental assegurado, tendo como uma de suas demonstrações principais, no caso de algumas religiões, o sacrifício animal.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Cozzolino afirma que:
“No que concerne à liberdade de culto (liberdade de atividade cultural), condutas individuais ou grupais, tais como orações, certas formas de meditação, jejum, leitura, e estudo de livros sagrados, serviços religiosos nos templos, famílias, pregações, procissões, sacrifícios rituais de animais. Pode-se tomar liturgia, como culto público e oficial instituído por uma igreja, ritual institucionalizado, o que torna a inclusão do termo quase redundante. Para muitos autores, trata-se o culto de elemento primordial da liberdade religiosa, inclusive porque seu caráter de externalização tende a facilitar a identificação do fenômeno religioso.” (COZZOLINO, 2010, p.81)
Da liberdade de culto inclui-se a inviolabilidade dos templos, lugares de culto, de reuniões e procissões religiosas.
O sacrifício de animais em rituais religiosos é extensivamente realizado em nosso país. Os animais são ofertados em rituais, como por exemplo no candomblé. 
	Observando o artigo 225, inciso VII da Constituição Federal, cabe a analise conflitante a respeito de tal ritual e verificação de uma interpretação que não anule diretamente outra norma.
Kildare Gonçalves Carvalho (2006) interpreta:
Destaca-se, no domínio da interpretação da Constituição, o mecanismo denominado de ponderação de bens ou valores, utilizado para a solução de tensões ou conflitos entre normas. Busca-se, com isso, identificar, na hipótese de colisão entre pelo menos dois princípios constitucionais, qual bem jurídico deverá ser tutelado. 
Delimita-se, com isso, o âmbito de proteção de uma norma constitucional estabelecendo uma linha de demarcação entre o que ingressa nesse âmbito eo que fica de fora. Haverá, assim, o reconhecimento de um peso maior a determinado princípio constitucional em confronto com outro, se não for possível antes harmonizá-los, considerando o princípio da unidade da Constituição, que constitui um sistema orgânico, em virtude do qual cada parte tem de ser compreendida à luz das demais. (CARVALHO, 2006, p. 312)
Portanto, há outras religiões que pratiquem tais sacrifícios, estas quais perpetuam historicamente os rituais que contemplem o ato. Como exemplo, na religião mulçumana, em determinado período, realizam a degolação de um cordeiro.
Em geral, a liberdade religiosa pode envolver panoramas sobre aspectos de vida e comportamento, e não interessa ao Estado posicionamento sobre estes preceitos, porém é incoerente o sustento da amplitude dada a esse direito fundamental quando se fere princípios constitucionais.
A vedação constitucional sobre condutas que coloquem em risco a fauna, não se associa diretamente as práticas de sacrifico quando se tratam de animais que por sua vez também são consumíveis e não se encontram em extinção. Porém, não existem garantias legais dadas pelos próprios representantes religiosos, que confirmem o não sacrifício de animais domésticos, como gatos por exemplo.
Barroso menciona:
“O que poderia ter sido suscitado, isso, sim, seria o reconhecimento de dignidade aos animais. Uma dignidade que, naturalmente, não é humana nem deve ser aferida por seu reflexo sobre as pessoas humanas, mas pelo fato de os animais, como seres vivos, terem uma dignidade intrínseca e própria.”(BARROSO, 2012, p. 118)
Em vista disso, é observado que mesmo não possuinte de dignidade e personalidade legitimada em lei, os animais detém valores morais e éticos que lhes são específicos e reconhecidos totalmente pela sociedade.
É importante examinar como os animais são tratados durante rituais de sacrifícios, dado que é expressamente proibido o uso de crueldade em tal ato.
Leite (2013) posiciona o seguinte:
 “É claro que exclui do conceito de crueldade a morte do animal, mas exclui também, e este é um ponto fundamental na interpretação da liberdade religiosa, qualquer juízo de valor sobre as razões que sustentam os rituais.” (LEITE, 2013, p. 174)
Nestas situações cotidianamente conflitantes, os Poderes Públicos são levados a determinar arbitragem à continuidade do respeito ao direito à vida animal, minorando falhas históricas na busca pelo reconhecimento dos direitos dos animais.
Afirma Barroso (2012):
A colisão entre direitos fundamentais não deixa de ser, de certa forma, uma particularização dos conflitos descritos acima. É que, em rigor, a estrutura normativa e o modo de aplicação dos direitos fundamentais se equiparam aos princípios. Assim, direitos que convivem em harmonia em seu relato abstrato podem produzir antinomias no seu exercício concreto.
Há argumentação defensiva de que se caracteriza intolerância e discriminação quando existe oposição as práticas de sacrifícios em cerimonias religiosas. 
Contudo, ao se sugerir a proibição de sacrifícios animal em rituais religiosos, tenciona-se ver identificado o posicionamento de crueldade, logo a sua inconstitucionalidade, e não disseminar intolerância e discriminação a determinadas religiões.
Averiguado que a liberdade de culto, especificamente das religiões de matriz africanas, embora apoiadas em seus direitos constitucionais, não podem aproveitar-se da amplitude de sua interpretação para cometer atos que venham reproduzir revolta e inconformismo perante o restante da sociedade, deixando valer quaisquer atos de crueldade a contestação moral.
Ainda assim, válido é buscar meios de mediação para análise. Pois, prevalece a liberdade de culto diante a busca pelo reconhecimento do valor da vida animal, visto que esse trata-se de direito não absoluto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificando que houve uma longa jornada para obtenção de garantias mínimas para proteção dos animais, pois de certo modo, há sempre o prevalecimento da defesa dos interesses pessoais da sociedade humana, ainda há um grande caminho a ser percorrido. Principalmente quando tratamos de animais domésticos ou domesticados. A crescente onda de abandono e maus tratos chegam ser uma das maiores preocupações a quem busca a proteção e defesa dos mesmos. Porém, ainda não é possível mensurar elevada disposição da sociedade para solucionar este índice. 
Diariamente noticiam barbáries e crueldades contra os animais, minorando então a concepção sobre a eficácia das disposições legais e elevando a isenção penal sobre os praticantes dos crimes contra o ser indefeso. 
Por efeito do antropocentrismo, ainda há muitas discussões envolto do tema de detenção de direitos ou não, visto que há quem julgue esse direito pertencente apenas aos humanos, inferiorizando deste modo a vida animal.
Contudo, constitucionalmente, aufere-se proteção aos animais, de acordo com o artigo 225, §1º, inciso VII da CF, detectando então seus direitos. Aos animais é determinado, também, o direito de representação pelo Ministério Público, se constatado violação a seus direitos. É relevante exprimir que o intuito da proteção é buscar o reconhecimento dos direitos a quais são sujeitos, e não os igualar ao do ser humano, e defender principalmente a vida dos mesmos.
Outras leis infraconstitucionais mantém o amparo aos animais, destacando evidentemente a importância da Lei Federal 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e a Lei 11.794/08, ou Lei Arouca.
Surgindo a Lei dos Crimes Ambientais, considerou-se crime os atos lesivos aos animais, o que antes era considerado contravenção penal.
Destaca-se o artigo 32 §1º, que elenca a pratica de experimentação animal, sancionando a quem efetuar esta mediante atos cruéis e dolorosos, quando existir a chance de substituição dos animais por um método opcional.
Conclui-se também que a Lei Arouca obteve grande relevância para a proteção dos animais, pois a partir dela surgiu o regulamento para experimentação animal.
A chamada vivissecção, reconhecida com um procedimento bastante exercido no Brasil, manifesta um erro metodológico, fazendo-se por vezes ineficaz, pois apesar de conceitos contrários o desempenho do organismo de um animal apresenta muitas diferenças ao metabolismo dos humanos. Além de que, vale destacar a reatividade dissimilar nos procedimentos realizados nos animais, visto que as doenças ali pesquisadas podem manifestar-se e se desenvolver de modo diferente no organismo humano, uma vez que o progresso de cada afecção pode ser influenciado pelos fatores externos, emocionais e sociais de cada em sua individualidade.
Ainda assim, o que muito ocorre é que em vez de poupar os animais de sofrimento e experimentos dolorosos, tais animais ainda são submetidos a estes. Sendo que, dos dias atuais, já existem uma variedade de procedimentos passíveis de substituição. Por isso o §1º do art. 32 da Lei dos Crimes Ambientais, sanciona a quem descumprir a determinação em lei onde só se pode aplicar tais métodos quando não há outra opção. Portanto, a análise da necessidade do experimento não pode ser tratada pelo próprio cientista, pois se faz necessário sempre a possibilidade de meios alternativos, para que efetivamente isente o animal de quaisquer sofrimentos dispensáveis.
Mesmo que não haja possibilidade de substituição do método, a legislação ainda prevê conforme o prevê o §5º do art. 14 da Lei Arouca, que ocorra o mínimo possível de sofrimento aos animais, sendo necessário assim a utilização de anestésicos.
Deste modo, o empenho visado é demonstrar que os animais também detêm direitos e, mesmo que preciso sua utilização em experimentos, que seja aplicada de maneira onde haja o menor sofrimento a eles, garantindo, assim, seus direitos. Para efetivação deste preceito, indispensável é que haja coerência dos aplicadores aos princípios éticos e morais, ou seja, é mister que a sociedade em geral reflita à respeito da aplicabilidade dos experimentos, e que os cientistas especialmente observem a melhor maneira para cessar o sofrimento dos animais nesses experimentos.Conclui-se então que qualquer ato de crueldade, onde ocorre lesões físicas desnecessárias, bem como o abandono, o abuso e quaisquer maus-tratos conforme já expresso em lei, constituem-se crimes. 
Visto o exposto, verifica-se que a concepção de operacionalização da natureza, assegurada pelo padrões do antropocentrismo, manifesta a perca de relevância no mundo como um todo, de forma que os interesses humanos não sejam exclusivamente o foco da tutela do meio ambiente, centralizando então o foco pela proteção que também abrange os animais, concedido o reconhecimento da sua essencial importância, residente na proteção constitucional dos seus interesses sob um parecer biocêntrico.
Nesse toar, eis que surge a necessidade de questionar-se o uso de animais em rituais religiosos, não desmerecendo, em hipótese alguma, toda uma história e riqueza cultural milenar inserida pelo povo negro, mas por merecer especial atenção, e ser rechaçada, toda e qualquer prática de atividade que envolva atos de crueldade contra animais, dado o reconhecimento destes como seres sencientes, ou seja, capazes de sentir dor, sentir prazer, logo se reconhecendo como sujeitos de direitos, tais como à vida, à integridade física e à liberdade.
Faz-se necessário e urgente, na verdade, incutir, desde o seio familiar, o respeito aos animais não-humanos e o reconhecimento ao seu valor intrínseco, seu status moral, não se aceitando que o direito de liberdade de culto, que não se confunde com o direito à liberdade de crença, sobreponha-se ao direito à vida, no caso à vida animal não-humana.
É preciso, também, conscientizar a sociedade de que o desrespeito aos direitos dos animais é de responsabilidade de todos. E mais, o direito à vida animal não-humana, como um direito fundamental, deve ser garantido pelos Poderes Públicos.
	Em virtude dos fatos mencionados, conclui-se que os animais devam ser considerados como sujeitos de direito. Uma vez que, tendo como base o paradigma Biocêntrico, os seres humanos, os animais e o meio ambiente devem ser tratados de forma igualitária. Baseando-se também o artigo 225 da Constituição Federal da República, todos tem direito ao meio ambiente equilibrado, inclusive os animais.
Após ser feita a análise dos Direitos Fundamentais, nota-se a importância do Direito de terceira Dimensão, uma vez que, o mesmo aborda sobre o desenvolvimento do meio ambiente.
Foi feita a análise da lei n ° 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, é composta por sanções penais e administrativas impostas a quem cometer atos lesivos ao meio ambiente. Enquanto que a lei N ° 22.231/2016, a multa é uma sanção administrativa, e sendo assim, pode ser aplicada diretamente pelos agentes ambientais, sem que haja a necessidade de que haja um processo em tramite, e seja decretado o pagamento da mesma pelo juiz. O que dá ao processo maior celeridade, porém há ainda a necessidade de penas mais rígidas. Vale salientar que, os recursos providos mediante a aplicação das multas, serão direcionados para o órgão que possuía a competência para aplica-la.
Há também a necessidade de que haja locais para abrigar os animais recolhidos, uma vez que o Centro de Controle de Zoonoses das cidades não possui estrutura para abrigar tantos animais apreendidos, abandonados ou em situação de eminente perigo.
Foi feita uma análise acerca da aplicabilidade do Direito dos animais no Brasil e também no âmbito nacional, e diante disso, conclui-se que ainda há muito o que ser melhorado nas leis brasileiras.
Por fim, conclui-se de que a urgência é alarmante sob a necessidade de novos parâmetros jurídicos e sociais para com o tratamento dos animais, e especialmente aos domésticos, visto que estes não possuem a merecida disposição. Estes quais, como qualquer animal, carecem de tratamento como sujeitos de direitos, quando possuem tais resguardados pela Constituição Federal da República, pelas leis 9.605/98 e 22.231/2016.
REFERÊNCIAS
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ALMEIDA, Elga Helena de Paula. Maus tratos contra animais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 122, 2014. Disponível em: <http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14569>. Acesso em: 14 de maio de 2020.
BARROSO, Luís Roberto. (Org.). A nova interpretação constitucional: Ponderação, Direitos Fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2012.
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