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Rute (N Comentario)

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RUTE 
 VOLTAR 
 Introdução 
 Plano do livro 
 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 
 
INTRODUÇÃO 
 
I. O LIVRO E A SUA POSIÇÃO NO CÂNON 
 Nos LXX, na Vulgata e nas versões luteranas o livro de Rute 
aparece entre o dos Juízes e os de Samuel, como pertencendo ao mesmo 
período histórico. Constitui na realidade uma espécie de suplemento 
àquele e introdução a estes, mas não deixa de contrastar com qualquer 
deles no seu conteúdo. Em Juízes e Samuel são freqüentes as cenas de 
desordens e lutas, por vezes de grande envergadura. Põem-se em marcha 
exércitos. Israel é derrotado e oprimido, mas logo se faz ouvir a voz da 
liberdade e soam as trombetas da vitória em nome de Jeová. Surgem 
chefes de excepcional capacidade. Não raro o cenário é de selvajaria e 
sensualidade. 
 No livro de Rute, pelo contrário, deixam de se ouvir o tinido das 
armas e o tumulto da soldadesca enfurecida. É a vida simples do povo 
em toda a sua forma. Ergueram-se e logo tombaram grandes nações e 
grandes homens; venceram-se e perderam-se batalhas; intrigas e 
rivalidades nos lugares altos. A vida do povo continuava imperturbável, 
na calma tradicional de séculos. O amanho das terras, os velhos 
costumes do campo, a simplicidade dos noivados, a educação das 
crianças, a fé em Deus, tudo seguia o seu curso normal por detrás dum 
cenário de crueldade sanguinária, que nos descreve o livro dos Juízes. 
 Este fato e ainda a narração da história dos antepassados imediatos 
de Davi deve ter levado o Código hebraico a incluir o livro de Rute entre 
os chamados hagiógrafos, e o Talmude coloca-o em primeiro lugar, 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 2 
imediatamente antes dos Salmos. No manuscrito hebraico encontra-se 
entre os cinco megilloth ou rolos. 
 
II. AMBIENTE E DATA 
 Os acontecimentos narrados no livro deram-se durante o reinado 
dos juízes (1.1), num período que abrange 450 anos (At 13.20). Mas em 
4.21-22 diz-se que Boaz era bisavô de Davi, o que levaria a enquadrar os 
acontecimentos na primeira metade do século XII A.C., isto é, durante a 
mocidade de Samuel. Sendo assim, é curioso observar que Josefo é de 
opinião que Rute viveu no tempo de Eli (Antig. 5,9,1). Por outro lado, 
Salmom, aqui considerado pai de Boaz, era o marido de Raabe (Mt 1.5), 
o que nos leva a recuar a data dos acontecimentos. Realmente, é difícil 
conciliar estas duas afirmações, a não ser que se admita uma lacuna na 
genealogia, tal como a apresentam Mt 1.9 e passos idênticos. Neste caso 
é impossível atribuir uma data, por aproximada que seja, a essa lacuna, e 
por si mesmo o livro não oferece qualquer argumento interno, que possa 
trazer mais luz a questão. Por que não aceitar a data proposta por Josefo? 
Não obstante certos erros históricos, é muito possível serem verídicas as 
fontes que neste caso o informaram. 
 
III. DATA DA COMPOSIÇÃO 
 Do mesmo modo não é fácil chegar-se a uma conclusão quanto à 
data em que o livro foi redigido, mesmo que nos baseemos em 
argumentos extraídos do próprio livro. Pelo menos deduzimos ter sido 
escrito depois da era dos juízes (1.1), e muito tempo após os 
acontecimentos terem sucedido, já que alguns costumes tinham caído em 
desuso (4.6-8). Além disso, não é fácil admitir uma data anterior ao 
reinado de Davi, pois vem mencionado na sua genealogia (4.22). Fora 
destas deduções, só nos resta o campo das conjecturas, mas é de admitir-
se que a composição do livro não vai além do reinado de Davi. 
 O livro de Rute fala-nos da fortuna da família de Elimeleque, de 
Belém, que emigrou para Moabe, acossado pela fome, e lá morreu com 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 3 
seus dois filhos. Entretanto, a viúva Noemi volta à terra de seus 
antepassados, levando consigo sua nora Rute, também viúva, que insistiu 
em acompanhá-la. Aí encontraram um parente próximo, Boaz, que 
voluntariamente assumiu a responsabilidade de Goel, o qual desposou 
Rute, que foi mãe de Obede, avô de Davi. 
 
PLANO DO LIVRO 
 
I. A Fome e a Imigração de Elimeleque: 1.1-5 
 
II. Noemi e Rute Decidem Ir para Judá: 1.6-18 
 
III. Um Triste Regresso: 1.19-22 
 
IV. Um Bom Amigo: 2.1-23 
 
V. Nobre Resolução: 3.1-18 
 
VI. Casamento De Boaz Com Rute: 4.1-16 
 
VII. A Promessa: 4.17-22 
 
COMENTÁRIO 
 
Rute 1 
I. A FOME E A EMIGRAÇÃO DE ELIMELEQUE - 1.1-5. 
 
 E sucedeu que... (1). A palavra heb. wayehi liga possivelmente 
esta narração a outros acontecimentos já conhecidos (cf. Js 1.1). Em que 
os juízes julgavam (1). O julgamento destes, como vimos, podia ser 
apenas manifestado através de façanhas extraordinárias, como no caso de 
Sansão. Uma fome (1). O livro dos Juízes não faz referência a esta 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 4 
calamidade, nem a outras idênticas, se bem que fossem de admitir, já 
derivadas a causas naturais, já provocadas pelas invasões do inimigo (cf. 
Jz 6.3-6). Belém de Judá (1). Provavelmente assim chamada para a 
distinguir da Belém de Zebulom (Js 19.15). Nos campos de Moabe (1). 
Em heb. sadhe significa "campo" ou "planície". Não designa, portanto, 
toda a região, mas somente uma zona, talvez a sul do Arnom, por sinal, 
das mais ricas em pastagens. Recorde-se a descrição do "campo fértil" de 
Moabe, em Is 16.10 e Jr 48.33. Elimeleque (2) significa aquele "para 
quem Deus é rei", enquanto o sentido de Noemi é "agradável". Malom 
quer dizer "delicado" e Quiliom "fraco". 
 Efrateus (2). Efrata era o nome antigo de Belém (Gn 35.19). 
 Os quais tomaram para si mulheres moabitas (4). O Targum 
começa assim: "E transgrediram o mandamento do Senhor e tomaram...". 
Na realidade não se proibia terminantemente o casamento com mulheres 
moabitas, mas apenas a recepção dos moabitas na congregação do 
Senhor (cf. Dt 23.3n). 
 Orfa... Rute (4). São nomes moabitas que significam, 
respectivamente, "bondosa" ou "voltar as costas" e "rosa". Embora não 
seja grande a diferença entre a língua moabita e a hebraica (veja-se 2.8n) 
chega contudo para impossibilitar uma tradução certa. Rute era esposa de 
Malom, talvez o filho mais velho (4.10). O Targum acrescenta que era 
filha de Eglom, rei de Moabe (Jz 3.12), mas não é provável. 
 E morreram... Malom e Quiliom (5). Não há razão para se 
atribuir a morte destes jovens a castigo, em virtude de terem trocado a 
Terra da Promissão pelos vales de Moabe. Os seus nomes, 
"definhamento" e "consunção" - ou podem ser ecos da fome que assolou 
a terra, ou podem descrever a frágil constituição física destes homens. 
 
II. NOEMI E RUTE DECIDEM IR PARA JUDÁ - 1.6-18. 
 
 Então se levantou... (6). Noemi já se encontrava a caminho de 
Belém. Ouviu (6). Como esteve dez anos em Moabe, e se apenas agora 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 5 
perto do fim desta temporada soube aquela notícia, é sinal que a fome 
grassava no país já havia vários anos. Ou os meios de comunicação não 
eram de molde a facilitar as relações entre os dois países. 
 E indo... para voltarem (7). Orfa e Rute resolveram então voltar 
com Noemi para Belém. As palavras de complacência da "prazenteira 
Noemi" dão a entender como ela inspirou o amor e devoção nas suas 
noras. 
 Voltai cada uma a casa de sua mãe (8). Embora ainda vivo o pai 
de Rute (2.11), fala-se apenas nas mães, talvez para frisar que acima de 
tudo Noemi não passava duma simples sogra. O Senhor use convosco 
(8). Note-se que Jeová é invocado como um nome já conhecido. 
 Descanse (9). Em heb. menuchah quer dizer "lugar de descanso", 
e é termo por vezes usado para dar a idéia de cumprimento dum 
propósito ou realização duma esperança, ou ainda, como no caso 
presente, o fim dum período de tribulações e vicissitudes (cf. 12.9; Is 
11.10, etc.). 
 Certamente (10). Em heb. Ki. É expressão de reforço, como em 
Gn 29.32; Êx 3.12. 
 Mais filhos (11). É a primeira vez que neste livro se faz alusão à 
lei israelita que obrigava um homem a desposar a viúva de seu irmão, 
para lhe assegurar descendência (Dt 25.5; Mt 22.23-28). Não sabemos se 
tallei era reconhecida em Moabe, mas tudo leva a crer que as noras de 
Noemi a não desconheciam. Cf. vv. 11-13. 
 Mais amargo. (13) Em heb.: "tenho grande amargura". Cf. v. 20. 
 Voltou... aos seus deuses (15). Não há motivo para nos 
escandalizarmos com tais palavras, pois, para Orfa regressar a Moabe era 
o mesmo que voltar aos deuses de Moabe. Ao contrário de Naamã (2Rs 
5.17), o culto de Jeová não a impressionara muito, e Noemi sabia-o 
muito bem. 
 Me faça assim o Senhor (17). Jeová é propositadamente invocado 
por Rute para indicar que escolhera para si o Deus de Israel, talvez de há 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 6 
muito o seu único Deus. O amor a Deus e a amizade a Noemi é que 
foram inspiradores das nobres palavras dos vv. 16-17. Cf. Jo 6.68. 
 De todo estava resolvida (18). Rute jurara por Jeová, mas o voto 
que fizera já era em si mesmo uma confissão da sua grande fé em Deus. 
 
III. UM TRISTE REGRESSO - 1.19-22. 
 
 Assim, pois, foram-se ambas (19). A jornada não ia além dos 80 
quilômetros, mas nesses dias "em que não havia rei em Israel" (Jz 21.25) 
era perigoso viajar. E no caso destas duas mulheres, indefesas, muito 
mais. Toda a cidade se comoveu (19). Parecem indicar estas palavras 
que a família de Elimeleque era bem conhecida em Belém. Basta pensar 
também no acolhimento que tiveram por parte do parente e amigo Boaz, 
que era "valente e poderoso" (2.1). E diziam (19), isto é, as mulheres da 
cidade, uma vez que a forma do verbo em hebraico é feminina. 
 Chamai-me (20). Este trocadilho de palavras é freqüente no Velho 
Testamento, pois Noemi já dissera (13) que a sua sorte era bem amarga. 
 Cheia parti (21). Tinha um marido e dois filhos. Possivelmente 
Elimeleque não partiu de Belém sem levar também pelo menos parte de 
seus haveres antes da fome ter avançado. 
 No principio da sega das cevadas (22). Talvez em abril, quinze 
dias antes da ceifa do trigo. 
 
Rute 2 
IV. UM BOM AMIGO - 2.1-23. 
 
 Um parente (1). Aqui a palavra hebraica moda, tal como em 3.2 e 
Pv 7.4, tem apenas o significado de "conhecido" ou "amigo", ao 
contrário doutros passos do livro, onde pode perfeitamente traduzir-se 
por "parente". Mas a Bíblia parece querer salientar mais a amizade do 
que o parentesco de Boaz. Homem valente e poderoso (1). O termo 
heb. hayil implica qualquer espécie de recursos espirituais, intelectuais e 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 7 
naturais e, no caso de Boaz, aplicava-se mais às suas qualidades de 
espírito, do que propriamente à saúde ou à riqueza. O vocábulo significa, 
pois, "valoroso" ou "virtuoso" (cf. 3.11n; Jz 6.12). 
 Deixa-me ir (2). A lei de Moisés concedia aos pobres e aos 
estrangeiros o direito de apanhar no campo as espigas abandonadas e 
colher nas vinhas as uvas esquecidas (Cf. Lv 19.9-10). 
 Que era da geração (3). O vocábulo original mishpachah para 
indicar "parente" é bem diverso do que encontramos em 2.1 e 3.2, e sem 
paralelo no livro, quando se pretende indicar um familiar, sujeito à lei de 
Moisés. 
 O Senhor seja convosco... o Senhor te abençoe (4). Saudação e 
resposta habituais nesse tempo. Cf. Sl 129.8. 
 De quem é esta moça? (5). É possível que algo de estrangeiro no 
aspecto ou no vestuário de Rute atraísse a atenção de Boaz. 
 Assim ela veio... até agora (7). Depois de trabalho extenuante 
durante todo o dia, só agora lhe era dado repousar um pouco. 
Filha minha (8). Este vocativo carinhoso dá a entender que Boaz já 
não era um jovem, como poderia supor-se. Não lhe era difícil conversar 
com uma moabita, dada a pequena diferença entre as duas línguas, como 
o provam inscrições na Pedra de Mesa (890 A.C.). Cf. 2Rs 3.5 e segs. 
Aqui te ajuntarás (8). O verbo é o mesmo que aparece em 1.14 com o 
sentido de "apegar-se". As minhas moças (8), isto é, as mulheres que 
atam os feixes. Boaz preparou-se, evidentemente, antes de falar com 
Rute, pois, por direito, só os trabalhadores podiam ter o privilégio que 
Boaz oferecia. 
 Uma estrangeira (10). Rute receava até ser cumulada de tantas 
atenções, cuja origem desconhecia. 
 Deixaste a teu pai (11). O piedoso Boaz compara a aventura 
amorosa de Rute à demonstração de fé de Abraão (cf. Gn 12.1). 
 Sob cujas asas (12). Expressão significativa a demonstrar que 
Rute adotara a religião de Noemi (cf. 1.17n). 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 8 
 Da tua serva... (13). A idéia é a seguinte: "Sou uma modesta 
respigadora, pois não passo duma pobre e duma estrangeira". 
 Vinagre (14). O homez hebraico era uma espécie de molho 
composto de azeite e vinho azedo, ainda hoje utilizado no Oriente e 
nalguns países mediterrâneos. Trigo tostado (14). Os grãos de trigo mal 
secos, quando bem torrados numa frigideira, constituíam um alimento 
substancioso usado pelos orientais. E ainda lhe sobejou (14), isto é, do 
que lhe tinha sido apresentado ainda sobrou para levar a Noemi (cf. 
verso 18). 
 E deixai cair alguns punhados (16), como se fossem esquecidos. 
Nesse caso pertenceriam, segundo a lei, ao estrangeiro, ao órfão e à 
viúva (Dt 24.19). 
 E debulhou... quase um efa de cevada (17). Os utensílios para a 
debulha do trigo podiam encontrar-se na granja de Boaz, mas não na 
casa de Noemi. O efa de cevada (cerca de 22 litros) podia ser facilmente 
transportado no véu, ou roupão (cf. 3.15). Era, sem dúvida, o que não se 
podia esperar do mais hábil respigador em circunstâncias normais. 
Também tirou (18). A versão caldaica acrescenta: "do seu bolso". 
Que ainda não tem deixado a sua beneficência (20). Esta frase 
pode referir-se tanto ao Senhor, como a Boaz. Possivelmente, a este 
último, comparando o texto com casos paralelos. Noemi, por exemplo, 
fala da benevolência de Orfa e Rute para com os defuntos (1.8), e a 
própria Rute se serviu de expressões equivalentes acerca de Boaz em 
3.10 n. 
 Nosso parente chegado (20). Em hebraico o termo qarobh 
significa "próximo" no tempo (cf. Ez 7.7) ou no lugar (Êx 13.17). Aqui é 
tomado no sentido de "próximo" em parentesco. 
 Remidores (20). A palavra goel deriva do verbo gaal, que 
significa "remir". Como geralmente o remidor ou goel era o parente mais 
próximo, passou aquele termo a ter este significado. Ao servir-se deste 
vocábulo, já Noemi devia calcular que Boaz seria o possível "remidor" 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 9 
da sua família e dos seus bens. Já não é uma simples moda (1), ou um 
dos mishpachah de Elimeleque (3), ou mesmo um qarobh; é um goel. 
 
Rute 3 
V. NOBRE RESOLUÇÃO - 3.1-18. 
 
 Descanso (1). Cf. 1.9 n. Noemi teve os primeiros direitos sobre 
Boaz, aos quais abdicou em favor de Rute. Seria então Boaz o "remidor" 
para levantar a família de seu filho Malom, talvez por não conhecer um 
goel mais próximo ou ver em Boaz uma acentuada inclinação ou 
benevolência para com os vivos e defuntos. O principal objetivo de 
Noemi era fazer compreender a Boaz que sobre ele caíam todas as suas 
preferências, sempre com os olhos postos em Rute. 
 Esta noite padejará a cevada (2). Havia por certo de soprar uma 
ligeira brisa noturna para se conseguir tal objetivo. 
 Lava-te... unge-te, e veste os teus vestidos (3). Era sinal que o 
luto já terminara. 
 Fez conforme a tudo quanto sua sogra lhe tinha ordenado (6). 
Rute sabia perfeitamente o papel que estava a desempenhar e os 
objetivos que pretendia. Saliente-se que não são de censurar esses 
costumes regionais duma época longínqua e dum país quase 
desconhecido, comparando-os com os costumes ocidentais e as 
convenções do século XX. 
Estende, pois, tua aba (9). Literalmente: "Tua asa". O Targum 
considera esta expressão como um pedido de casamento (cf. Ez 16.8; Dt 
22.30). 
 Melhor fizeste esta tua última beneficência (10). A palavra 
benevolência ou beneficência (em heb. hesedh) pode significar ainda 
"santidade". No caso presente há que demonstrar que Rute manifestou 
certa "piedade" na sua fidelidade perante o Deus de Israel e perante 
Noemi, e mais recentemente ainda na sua atitude para com a lei de Jeová 
e para com Boaz, como seu "remidor". 
Rute (NovoComentário da Bíblia) 10 
 Toda a cidade (11). À letra: "porta", onde os homens da cidade se 
reuniam. Virtuosa (11). O termo heb. hayil (cf. 2.1 n) pode ter vários 
significados: atribuído a um homem, significa valoroso (Js 1.14); a uma 
região, tem o sentido de rica (Is 61.6) a uma mulher, significa virtuosa 
(Pv 12.4). 
 Outro remidor há mais chegado (12). Alguém que pode com 
mais facilidade arcar com as responsabilidades dum remidor. 
 Não se saiba (14). Boaz ainda não era seu remidor legal, pelo que 
se aguardava o dia de o anunciar solenemente em público. Roupão (15). 
Avental ou manto (cf. Is 3.22). 
 Aquele homem não descansará (18). Houve quem sugerisse que 
o número de medidas de cevada tinham para Noemi um significado 
especial, o que explica a sua aparente tranqüilidade. Mas esta podia 
Noemi consegui-la, graças ao profundo conhecimento que já tinha do 
caráter de Boaz. 
 
Rute 4 
VI. CASAMENTO DE BOAZ COM RUTE - 4.1-16. 
 
 Subiu (1). Belém ficava situada numa colina. À porta (1). Os 
muros das cidades orientais eram bastante grossos, de modo que a porta 
formava um pequeno túnel, onde os homens da cidade se reuniam, 
aproveitando a sombra e a aragem que através da mesma levemente 
corria. Fulano (1). Não se indica o nome do "mais chegado remidor" de 
Noemi, talvez por ser desconhecido ao autor. 
 Noemi... a vendeu (3). Ou Elimeleque vendeu a terra antes de 
partir para Moabe e no ano do Jubileu regressou para que essa terra 
voltasse às mãos de Noemi (cf. Lv 25.8 e segs.), ou então durante os dez 
últimos anos esteve entregue aos cuidados de algum amigo ou parente. 
Em qualquer caso, Noemi vendeu-a, logo que regressou, provavelmente 
obrigada pela miséria ou pela força das circunstâncias. 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 11 
 Habitantes (4). O termo yashabh também significa sentar-se, 
podendo neste caso referir-se às testemunhas da transação. 
 Toma-a... redime-a... para suscitar o nome do defunto (4,5). A 
lei do remidor ("goel") tinha por finalidade evitar a alienação da 
propriedade ou a extinção da família. 
 Não a poderei redimir, para que não dane a minha herdade (6). 
Josefo e o Targum são de opinião que ele já era casado mas 
aparentemente isso não o exonerava das suas obrigações. A não ser 
assim nada o impedia de arruinar a sua herdade, se viesse a gastar 
dinheiro numa terra que já não lhe pertencia. 
Já de muito tempo (7). Dá a impressão que estas páginas foram 
escritas numa altura em que as leis do Dt 25.5-10 já estavam esquecidas. 
Mesmo nesta época já a lei era só parcialmente observada, pois o 
remidor era abordado por um representante e não diretamente pela viúva 
em sessão pública, e ele próprio descalçava o sapato perante todos, sem 
o opróbrio que outrora significava. Na realidade, a transferência do 
sapato não parece ter indicado uma ofensa maior que a transferência da 
terra para Boaz. O sapato simbolizava o direito do proprietário pisar a 
terra (Sl 60.8). (Talvez os sapatos fossem entregues ao filho pródigo para 
indicar a sua reinstalação na herança, que perdera). A cerimônia da 
transação (10) lembra a da compra de Macpela por Abraão (cf. Gn 
23.16-18). 
 Como a Raquel e como a Lia (11). Embora mais nova, Raquel 
vem em primeiro lugar porque morrera em Belém (Gn 35.19). 
Edificaram (11). Em heb. bana, "construir", verbo relacionado com 
outro que significa "ser mãe". Assim Raquel consentiu que Jacó tivesse 
filhos da escrava Bila "para que receba filhos ("seja edificado") por ela" 
(Gn 30.3). Valorosamente (11). Heb. hayil. Cf. 3.11n. 
 Perez (que Tamar teve de Judá) (12). Cf. Gn 38. Introduz-se este 
episódio como exemplo clássico das responsabilidades assumidas por 
um "goel" ou remidor. 
Rute (Novo Comentário da Bíblia) 12 
 Que te ama (15). Cumpriu-se a lei, os bens e a família de Malom 
foram salvos, mas a narração termina, como começou, com uma alusão à 
profunda amizade de Noemi e de Rute. 
 
VII. A PROMESSA - 4.17-22. 
 
 O leitor é aqui obrigado a reconhecer o assunto vital que se 
encontra atrás desta história, ou seja, a genealogia do Messias, nascido 
da árvore de Davi, como era sabido de todo o israelita. Rute, a moabita, 
já não é considerada como a corajosa estrangeira que veio a Belém, mas 
como a mulher cuja dedicação por Noemi e devoção ao Deus de Israel e 
de Noemi a colocaram na linha direta do Messias. Tamar já não é 
também a simples mulher de Canaã que invocou a lei do "goel", mas a 
que pode considerar-se do número dos antepassados de Davi e, portanto, 
do Messias. Raabe recebeu as mesmas honras, só por ver que Deus 
estava com Israel. E assim três mulheres estrangeiras entraram a fazer 
parte da grande árvore, de que havia de nascer o Messias. A genealogia 
que aqui se indica é introduzida por Mateus na genealogia de Nosso 
Senhor (Mt 1.3-6). 
 
 A. MacDonald 
 
 
 
	RUTE 
	INTRODUÇÃO 
	PLANO DO LIVRO 
	COMENTÁRIO 
	Rute 1 
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