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GESTÃO EM SAÚDE COLETIVA CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Gestão em Saúde Coletiva – Profª Esp. Mona Lisa Tasca Chaguri Olá! Meu nome é Mona Lisa Tasca Chaguri. Sou bacharel em Enfermagem e licenciada pela EERP-USP, especialista em Saúde da Família pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Atualmente trabalho como coordenadora da Vigilância Epidemiológica no município de Jardinópolis/SP e atuo como docente no curso presencial de enfermagem no Claretiano Centro Universitário de Batatais. Será um prazer colaborar com sua formação profissional procurando garantir a qualidade e a motivação nesse processo de aprendizagem dinâ- mico. E-mail: monalisachaguri@claretiano.edu.br Mona Lisa Alves Tasca Chaguri GESTÃO EM SAÚDE COLETIVA Batatais Claretiano 2019 © Ação Educacional Claretiana, 2018 – Batatais (SP) Trabalho realizado pelo Claretiano – Centro Universitário Cursos: Graduação Disciplina: Nome da Obra Versão: Mar./2018 (Original do Autor) Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Evandro Luís Ribeiro Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Simone Rodrigues de Oliveira Revisão Eduardo Henrique Marinheiro Filipi Andrade de Deus Silveira Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Bruno do Carmo Bulgarelli Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami Videoaula André Luís Menari Pereira Bruna Giovanaz Marilene Baviera Renan de Omote Cardoso Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 – Bairro: Castelo Batatais/SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO ........................................................................................ 7 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ................................................................................................................................... 12 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ...................................................................................................................... 17 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 17 5. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 17 Gestão e Financiamento do SUS ............................................................................... 18 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 19 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 20 2.2 NORMA OPERACIONAL DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE NOAS/ 2001 ................................................................... 24 2.1. SISTEMA PÚBLICO X SISTEMA PRIVADO .................................................................................................. 26 2.3.MODELOS DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE .......................................................................................................... 28 2.4. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA ............................................................................................... 28 3. CONTEÚDO DIGITAIL INTEGRADOR ...................................................................................................................... 29 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 29 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 31 6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 31 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 31 Teoria da Administração e Planejamento Estratégico .................................................. 32 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 33 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 33 2.1. TEORIA CLÁSSICA – HENRI FAYOL ................................................................................................................. 34 2.2.TEORIA CIENTÍFICA –TAYLORISMO ................................................................................................................ 36 2.3. A SEGUIR CITAREMOS OUTRAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO. ................................................................... 36 2.4. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS .............................................................................................................. 37 2.5.PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ...................................................................................................................... 38 2.6. ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:................................................................................................. 39 3. CONTEÚDO DIGITAIL INTEGRADOR ...................................................................................................................... 48 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 48 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 49 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 49 7. E-REFERÊNCIA ....................................................................................................................................................... 49 Sistema de Informação como ferramentade gestão ................................................... 50 1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 51 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 51 2.1.PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ....................................................................................................... 51 2.2. FLUXO DA INFORMAÇÃO .............................................................................................................................. 52 2.3. SINASC ........................................................................................................................................................... 53 2.4. SINAN ............................................................................................................................................................ 55 2.5. SINAN ONLINE ............................................................................................................................................... 57 2.5. SIAB ............................................................................................................................................................... 59 2.6. TABWIN /TABNET .......................................................................................................................................... 63 3. CONTEÚDO DIGITAIL INTEGRADOR ...................................................................................................................... 63 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 64 5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 65 6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 66 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 66 Liderança em saúde e gestão de conflitos ................................................................. 67 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 68 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 68 2. 1. COMPREENDENDO O SETOR SAÚDE ........................................................................................................... 68 2.2.DEFINIÇÃO DE LÍDER ...................................................................................................................................... 69 2.3. ESTILOS DE LIDERANÇA ................................................................................................................................. 69 2.4. AS DIFERENÇAS ENTRE LÍDER AUTORITÁRIO E LÍDER EXIGENTE ................................................................... 70 2.5. GESTÃO DE CONFLITOS ................................................................................................................................. 72 2.6. ESTILOS DE GESTÃO DE CONFLITOS .............................................................................................................. 74 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................................................................... 75 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 76 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 78 6. E-REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 78 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 78 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo A disciplina de Gestão em Saúde Coletiva tem por intuito demonstrar a prática de enferma- gem em saúde coletiva com fundamento nas diretrizes do SUS e como é realizada a gestão dos ser- viços de saúde dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Enfoca as funções administrativas do en- fermeiro nos serviços de saúde, bem como o planejamento, organização, gerenciamento dos recur- sos humanos e materiais em saúde, financiamento do SUS e papel do enfermeiro no gerenciamento desses serviços e da equipe de enfermagem. Bibliografia Básica BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Planejamento do SUS (PlanejaSUS): uma construção coletiva – trajetória e orientações de operacionalização. Brasília: MS, 2009. 318p. CAVALCANTI, AF. Planejamento estratégico participativo: concepção, implementação e controle de estratégias. São Paulo: SENAC, 2008. KURGANCT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Bibliografia Complementar CAVALCANTI, AF. Planejamento estratégico participativo: concepção, implementação e controle de estratégias. São Paulo: SENAC, 2008. FERREIRA, S.C.C. (Org.). Gestão em saúde: contribuições para a análise da integralidade. Rio de Janeiro: EPSJV, 2009 MENDES, EV. O planejamento da saúde no Brasil: origens, evolução, análise crítica e perspectivas. Série: Desenvolvimento de Serviços de Saúde No. 8. Organização Panamericana de Saúde. Oficina Regional, Brasília. Organização Mundial de Saúde. 1988. OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e prática. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SPILLER, E. S. Gestão dos serviços em saúde. São Paulo: Editora FGV, 2009. 172 p. TANCREDI, F.B. et al. Planejamento em Saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP, 1998. Série Saúde e Cidadania. Vol. 2. Disponível em: <http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/index.html>. Acesso em: 21 fev. 2019. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 8 É importante saber: ______________________________________________________________ Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os princi- pais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Inte- gradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeoscomplementares) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obriga- tórios, para efeito de avaliação. _______________________________________________________________________________ CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 9 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Gestão em Saúde Coletiva, por meio do qual você obterá as informa- ções necessárias para o embasamento teórico da sua futura profissão e para as atividades que virão. Além disso, procuramos elaborar um conteúdo capaz de proporcionar fundamentos para o posicionamento crítico de um futuro gestor público, cujo trabalho deverá levar em consideração as demandas dos diversos atores sociais que interagem no espaço da saúde coletiva. A Saúde Coletiva surgiu na década de 70 devido à necessidade de construção de um campo teórico-conceitual em saúde frente ao esgotamento do modelo patológico da saúde pública onde a doença e o médico são o foco. O conceito de saúde coletiva está relacionado as relações socioeconômicas de uma sociedade com o ambiente e o quanto isso pode influenciar na saúde de uma comunidade, possui como obje- tivo principal prevenir o desenvolvimento ou a proliferação de patologias e demais problemas de saúde por meio da implantação de perfis sanitários relacionados com a cultura e a necessidade de cada região. Saúde coletiva e saúde pública: esses dois termos são confundidos, porém existe diferenças sutis, mas determinantes entre elas. Saúde pública diz respeito ao diagnóstico e tratamento de do- enças, e a busca de assegurar que o indivíduo tenha, dentro da comunidade, um padrão de vida que lhe assegure a manutenção da saúde. Saúde coletiva designa os novos conceitos de medicina preventiva. A prática da saúde coletiva engloba uma equipe multidisciplinar voltada para a prevenção e qualidade de vida, mas como atores sociais o ambiente ao qual o cliente está inserido. Para compreendermos melhor alguns conceitos devem estar relacionados a saúde coletiva: SUS: Em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, foi insti- tuído no país o Sistema Único de Saúde (SUS), que passou a oferecer a todo cidadão brasileiro aces- so integral, universal e gratuito a serviços de saúde. Considerado um dos maiores e melhores siste- mas de saúde públicos do mundo, oferecendo além da realização de consultas, exames e interna- ções, as campanhas de vacinação e ações de prevenção de vigilância sanitária, como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos. Com o SUS, a saúde passou a ser promovida e a prevenção dos agravos a fazer parte do planejamento das políticas públicas. No artigo 196 da constituição bra- sileira fica explicito: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas so- ciais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos”. Financiamento do SUS: O financiamento do SUS é uma responsabilidade dos três níveis de go- verno. O que significa que o nível Federal, Estadual e Municipal devem contribuir financeiramente para gestão da saúde. Para cumprir o ARTIGO constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado, são necessárias instituições públicas fortes e COMPETENTES, que seja capaz de manter os preceitos sem a interferência da realidade econômica do País na saúde coletiva. O financiamento não é o suficiente, face às demandas judiciais cada vez mais amplas, o que traduz o amadurecimen- to do direito a cidadania. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 10 O Brasil possui dois extremos de perfil epidemiológico: um de padrão de pobreza da popula- ção e outro compatível com o de Países desenvolvidos, fazendo com que o poder público tenha que atuar com cenários diferentes no mesmo território nacional, como deferentes taxas de crescimento da expectativa de vida ao nascer, de violência urbana e de falta de saneamento. As políticas públicas devem contemplar ações Inter setoriais (social, educação, saúde) que possibilitem tratar a popula- ção com equidade. No Brasil, a atenção básica é gerida no nível municipal e os repasses dos recursos federais são automáticos, por meio do Piso da Atenção Básica (PAB). O planejamento e a programação das ações e serviços de saúde exige o conhecimento das ne- cessidades e demandas da população, do perfil epidemiológico e dos recursos disponíveis de cada município . Gestão e financiamento do SUS Na Unidade 1, trabalharemos a gestão e financiamento do SUS. As ações e serviços de saúde, implementados pelos Estados, Municípios e Distrito Federal, são financiados com recursos da União, próprios e de outras fontes suplementares de financiamento, todos devidamente contemplados no Orçamento da Seguridade Social. Os recursos são repassados por meio de transferências regulares e automáticas, remuneração por serviços produzidos, convê- nios, contratos de repasses. Esse processo denominamos transferência fundo a fundo caracteriza-se pelo repasse dos recursos, diretamente do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estaduais e Municipais de Saúde, observadas as condições de gestão, a qualificação e a certificação aos progra- mas e incentivos do Ministério da Saúde e os respectivos tetos financeiros. Os recursos transferidos fundo a fundo financiam as ações e serviços de saúde da: • atenção básica dos municípios habilitados na Gestão Plena da Atenção Básica e dos municípios não habilitados, quando realizadas por estados habilitados na Gestão Avan- çada do Sistema Estadual; • assistência de média e alta complexidade realizada por estados e municípios habilita- dos na Gestão Plena do Sistema Estadual. Na Unidade 2, trabalharemos teoria da administração e planejamento estratégico. Os conceitos de gestão e administração fazem parte do mundo corporativo cada um possui sua particularidade e estão diretamente relacionados a necessidade de influenciar terceiros. Administrar significa planejar algo, controlar e dirigir os recursos humanos, materiais e finan- ceiros, porem voltado para o lado técnico, com objeto central o processo administrativo. A adminis- tração é logica e visa atingir as metas e os propósitos da empresa. Já a gestão tem como princípios fundamentais incentivar a participação, a autonomia e a responsabilidade dos envolvidos na organi- zação. Em sua concepção, ela tem como foco a questão gerencial. Gerir é atingir os objetivos da “EMPRESA” de maneira eficaz ao valorizar o conhecimento e as habilidades das pessoas que traba- lham dentro da empresa. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 11 Principais Teorias da Administração: As Teorias da Administração podem ser agrupadas segundo seus objetivos (nas tarefas, na es- trutura, nas pessoas, no ambiente e na tecnologia). As teorias não são contrárias umas às outras, mas, se complementam. Podemos citar como principais teorias administrativas: • Administração Científica (Taylorismo): com enfoque nas tarefas, busca a racionaliza- ção do trabalho no nível operacional, o foco é no empregado. Apesar de apresentar como vantagens a produtividade e a eficiência, não leva em consideração as necessi- dades sociais do empregado. • Teoria Clássica (Fayol): apresenta enfoque na estrutura. No entanto, o foco esta no gerente (visãode cima para baixo). Defende o planejamento como uma das funções principais do administrador. • Teoria das Relações Humanas:sua ênfase esta nas pessoas. Enfoca a organização in- formal, a comunicação, liderança e motivação. Planejamento Estratégico. Planejamento estratégico é uma competência da administração que auxilia gestores a pensar no longo prazo de uma organização. Alguns itens e passos cruciais para o plano estratégico são: mis- são, visão, objetivos, metas, criação de planos de ação e acompanhamento. Sem a visão do objetivo a ser alcançado e sem direcionamento uma instituição vai acabar sem rumo e pode chegar a lugar nenhum. O planejamento envolve metas futuras e almeja essas mudan- ças no presente. Não importa qual objetivo, seus funcionários não irão saber como agir sem plane- jamento, importante enfatizar que sempre deve-se levar em consideração os valores e a missão da instituição, eles devem pautar toda estratégia que será usada pela instituição. Um bom planejamento vai muito além do papel deve envolver seus colaboradores, ele vai gui- ar o sucesso ou fracasso da sua instituição. Na Unidade 3, trabalharemos o sistema de informação como ferramenta de gestão. Estamos vivendo os avanços tecnológicas, a dinâmica das informações rápidas o que podemos denominar “Era da Informação” Os sistemas e informação tornaram-se uma ferramenta essencial de gestão dos recursos da instituição e de comunicação com o a população, pois são capazes de estruturar, operacionalizar, supervisionar, controlar e avaliar o desempenho do departamento/serviço/unidade e demonstrar a qualidade da gestão dos serviços. Podemos citar os programas SIM,SINASC,TB-Web, SINAN, SIAB como alguns dos programas que norteiam as ações das esferas de governo na tomada de decisão em saúde. No decorrer da dis- ciplina será enfatizado todos esses programas. Na Unidade 4, trabalharemos a liderança em saúde e gestão de conflitos. A liderança é tema intensamente discutido, principalmente na área da gestão em saúde. Lide- rança é considerada como competência essencial no processo de gerenciar serviços e pessoas. A comunicação é fundamental para a liderança, bem como há necessidade de qualificação de líderes. As instituições de saúde possuem alta complexidade, mas na sua ideia central, não se diferem dos demais tipos de organizações. Para Chanes (2006), no perfil dos recursos humanos das institui- https://www.infoescola.com/profissoes/administrador/ CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 12 ções de saúde, existe heterogeneidade de profissionais, que fazem das organizações de saúde espa- ços com as mais diferentes especialidades, ao reunir médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, conta- dores, farmacêuticos, auxiliares de copa e limpeza, oficiais de manutenção, seguranças, dentre ou- tros. Essa diversidade de formações requer que o líder-gestor tenha a capacidade de se comunicar com todos e de conseguir compreender a estratégia organizacional adequada a cada situa- ção.Lembrando sempre da possibilidade da existência de conflitos, e procurando utilizar de técnicas para que o conflito não interfira na harmonia da instituição. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. 1) Ação intersetorial: ação desenvolvida em conjunto por vários setores da atividade governamental, em função da seleção de problemas complexos que exigem a intervenção coordenada de várias áreas, como objeto de políticas públicas. 2) Ações legais e/ou ação pública em defesa e proteção das pessoas e de seus direitos em saúde: ações desenvolvidas por pessoas, organizações comunitárias, sindicais ou outras, geralmente junto ao Ministério Público, em função da busca de efetivação dos direitos em saúde. 3) Acesso aos serviços de saúde: o mesmo que acessibilidade, diz respeito à forma de aproximação e entrada dos usuários ao sistema de serviços de saúde. 4) Administração de pessoal: o mesmo que administração de recursos humanos, área da administração que se ocupa dos procedimentos, métodos, técnicas e instrumentos relativos à contratação, distribuição, gerenciamento do processo de trabalho e avaliação do desempenho dos trabalhadores envolvidos em determinadas atividades. 5) Agenda de saúde: instrumento de gestão do SUS que contempla, em cada esfera de governo, a seleção de problemas a serem enfrentados e o estabelecimento de prioridades e estratégias de política em cada período de gestão. 6) Análise da situação de saúde: processo de identificação, descrição e análise dos problemas e das necessidades de saúde de uma população, geralmente o primeiro momento do processo de planejamento e programação de ações. O mesmo que avaliação da situação de saúde. 7) Assistência de média e alta complexidade: conjunto de estabelecimentos que compõem a rede assistencial onde se realiza a prestação de serviços de média e alta complexidade tecnológica, os quais incluem ambulatórios e clínicas de especialidades, hospitais gerais e hospitais especializados, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e outros que integram redes específicas de atendimento a determinadas patologias, como é o caso dos serviços de reabilitação, psiquiátricos e outros. 8) Atenção Primária de Saúde: primeiro nível de atenção em um sistema de serviços de saúde, responsável pela oferta de ações de baixa complexidade tecnológica, voltadas ao atendimento das necessidades básicas de saúde da população, incluindo ações de promoção da saúde, prevenção de riscos específicos e atenção aos problemas mais frequentes apresentados por indivíduos e grupos populacionais. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 13 9) Auditoria em saúde: o termo auditoria foi incorporado à saúde, inicialmente, como uma forma de avaliação da atenção com base na observação direta, nos registros e na história clínica do paciente, sendo entendida como “auditoria médica”, desenvolvida especialmente no ambiente hospitalar. A partir do final dos anos 80 o campo de ação da auditoria na saúde se ampliou, passando a incluir a avaliação do uso dos recursos e dos resultados obtidos no tratamento. Mais recentemente passou a abarcar, além do monitoramento das práticas clínicas, a avaliação da organização dos serviços e as funções gerenciais. 10) Avaliação da situação de saúde: o mesmo que análise da situação de saúde. 11) Avaliação dos riscos de saúde: avaliação dos riscos potenciais ou atuais com relação à exposição a determinados ambientes nocivos à saúde e/ou à utilização de determinados produtos e serviços que podem produzir doenças ou agravos. 12) Banco de dados: conjunto de dados quantitativos ou qualitativos armazenados sob diferentes formas que podem ser utilizados como matéria prima no processo de análise, monitoramento e avaliação de situações de saúde, políticas, programas e serviços. Ver Sistemas de Informação. 13) Barreiras de acesso: refere-se a barreiras geográficas, econômicas, sociais, culturais ou sanitárias que dificultam o acesso dos usuários ao sistema de serviços de saúde. 14) Capacidade institucional: termo genérico que diz respeito ao potencial que uma determinada instituição tem em função do volume de recursos que maneja, da sua organização e da sua gestão 15) Condições de saúde da população: diz-se do conjunto de características demográficas, socioeconômicas, epidemiológicas e sanitárias apresentadas por uma determinada população em um determinadomomento. 16) Condições do trabalho: conjunto de aspectos vinculados ao ambiente onde se desenvolve um determinado processo de trabalho, e ao processo de trabalho em si, do ponto de vista das relações técnicas e das relações sociais do trabalho, isto é, ao uso de tecnologias e às formas de gerenciamento e remuneração. 17) Conselhos de Saúde: instâncias de gestão participativa do SUS instituídas formalmente através da Lei 8142/90, que rege sua criação em todas as esferas de gestão do SUS nacional, estadual e municipal. Sua composição deve ser paritária, com 50% de representantes dos usuários do sistema e seu funcionamento regular assegura o cumprimento da sua missão, que envolve o monitoramento das condições de saúde, a formulação e o acompanhamento da execução das políticas de saúde, inclusive do gerenciamento dos Fundos de Saúde, entre outras atribuições e competências. 18) Cuidado integral à saúde: A expressão enfatiza a busca de integralidade que caracteriza o debate contemporâneo sobre a organização dos serviços e ações de saúde. 19) Demanda por serviços de saúde: procura da população por serviços de saúde, em busca de resposta a necessidades e solução para problemas. Pode-se distinguir a demanda potencial da efetiva, em função do afluxo da população aos serviços e ainda a demanda reprimida (no caso dos estabelecimentos de saúde não terem capacidade de oferta compatível com o atendimento ao volume e tipo de serviço demandado) da demanda atendida, distinção necessária em processos de avaliação da acessibilidade, cobertura e capacidade resolutiva (resolutividade) dos serviços de saúde. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 14 20) Descentralização: processo de transferência de poder e responsabilidades do nível central aos níveis periféricos de um sistema. No caso do sistema de serviços de saúde brasileiro, trata-se da redefinição de funções e responsabilidades do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, paralelamente à transferência de recursos (financeiros, humanos e materiais) que passam do controle federal para o controle estadual e municipal. 21) Determinantes de saúde: noção que abarca um conjunto de elementos estruturais e históricos que determinam e condicionam a ocorrência e distribuição de fenômenos relacionados ao processo saúde-doença-cuidado em indivíduos, grupos e populações. Incluem fatores de ordem genético hereditária (determinação biológica) ambientais (determinação ecológica), econômicos (determinação econômica), comportamentais (determinação cultural) e sócio- sanitários (relacionados com o acesso a serviços de saúde, em quantidade e qualidade compatíveis com a promoção, proteção, manutenção e recuperação da saúde individual e coletiva). 22) Doenças emergentes: diz-se de enfermidades que não faziam parte do quadro epidemiológico da população brasileira até há pouco tempo atrás e que, mais recentemente, surgiram e ganharam importância do ponto de vista da saúde pública, a exemplo da Dengue, Cólera, AIDS e outras. 23) Equidade: diz respeito à necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social entre os membros de uma dada sociedade. A construção da equidade em saúde implica na identificação das necessidades sociais e das necessidades de serviços de saúde dos diversos grupos da população e na reorganização dos serviços e redistribuição dos recursos de modo a atender, de forma diferenciada, os diversos grupos da população. 24) Estratégia: de um modo geral, defini-se estratégia como a forma de implementação de uma política. Ou seja, é o conjunto das ações realizadas com o intuito de se alcançar o objetivo proposto e, com isso, se produzir o efeito desejado sobre uma dada situação. 25) Estrutura organizacional: diagrama, esquema ou representação gráfica da organização de uma instituição, uma empresa ou das etapas sucessivas de um processo, a exemplo do processo de planejamento 26) Fatores de risco: conjunto de fatores que podem estar envolvidos na determinação de um problema de saúde ou uma enfermidade específica. 27) Fluxograma situacional: é uma matriz que organiza as informações obtidas em níveis de determinação, partindo da explicitação dos “descritores” (indicadores, variáveis e dados) que permitem a caracterização do Problema que está sendo analisado, dispondo ordenadamente as informações referentes aos Fatos (fenômenos), Processos (condicionantes históricos) e Estruturas (determinantes estruturais) que explicam a existência do Problema (MATUS, 1987, 1989; TEIXEIRA, 1993). 28) Fundo Estadual de Saúde: conta bancária na qual são depositados os recursos provenientes das transferências federais para o SUS estadual, e onde devem ser depositados os recursos provenientes do Tesouro estadual e outras fontes utilizadas, no âmbito estadual, para custeio das ações e serviços de saúde sob responsabilidade do gestor estadual. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 15 29) Formulação de políticas de saúde: processo que consiste na fixação de objetivos e metas a alcançar com relação a um determinado sistema ou a um problema de saúde, incluindo a análise da situação inicial, o desenho da Imagem-Objetivo em um prazo determinado, a formulação de proposições de ação, embasadas em princípios e diretrizes, a análise de coerência (interna e externa) dessas proposições, a análise de viabilidade de execução das ações propostas e a formalização das políticas em leis, normas, planos, programas e projetos (CPPS, 1975). 30) Gerência: termo utilizado no âmbito do setor saúde e especificamente no SUS para designar a função de administração de unidades de prestação de serviços, programas, projetos e atividades específicas realizadas nas instituições que compõem o sistema. 31) Gestão em saúde: termo que reflete a incorporação do enfoque gerencial no âmbito da administração de sistemas de saúde, especificando-se, em geral, as funções de condução política (tomada de decisões e planejamento estratégico), organização, coordenação, monitoramento e avaliação de programas, serviços e atividades. No âmbito do SUS, convencionou-se distinguir Gestão (de sistemas) de gerência (de unidades de saúde, programas e projetos), como uma forma de enfatizar o caráter mais propriamente político da primeira, em oposição ao caráter técnico-administrativo da segunda, embora em cada uma dessas dimensões esteja em jogo o exercício do poder, em suas várias dimensões (política, técnico e administrativo). 32) Integralidade: diz respeito ao leque de ações possíveis para a promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos e assistência a doentes, implicando sistematização do conjunto de práticas que vêm sendo desenvolvidas para o enfrentamento dos problemas e o atendimento das necessidades de saúde dos diversos grupos da população (PAIM, 1994; PINHEIRO; MATOS, 2001, 2003) 33) Instrumento de planejamento estratégico: o enfoque estratégico surgiu, na área do planejamento em saúde, em meados dos anos 70, contemplando, posteriormente, vários desdobramentos, cada um dos quais propõe instrumentos específicos para a análise da situação, o desenho da situação-objetivo, a análise da coerência, factibilidade e viabilidade das intervenções propostas, e formas de monitoramento, acompanhamento e avaliação dos planos e programas de ação. 34) Liderança: capacidade de condução, de direção, materializada na figura de um chefe, cujo conhecimento, experiência e qualidades de relacionamento interpessoalfavorecem que este encarne os objetivos e valores de um determinado grupo ou instituição 35) Municipalização das ações e serviços de saúde: forma de descentralização político- administrativa do sistema de saúde adotada no Brasil nos anos 90. 36) Organizações governamentais: instituições e órgãos que compõem o aparato de Estado, incluindo os órgãos do poder Executivo, legislativo e Judiciário. No âmbito do Executivo, encontram-se as instituições estatais responsáveis pela política e gestão do sistema público de saúde, como é o caso do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais e os órgãos a elas vinculados. 37) Organizações não governamentais: diz-se de entidades organizadas por particulares ou associações civis que se dedicam a determinadas causas sociais, inclusive a prestação de serviços de saúde para grupos populacionais específicos ou para a população em geral. CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 16 38) Perfil de saúde da população: diz respeito ao “perfil epidemiológico” da população, isto é, à configuração dos indicadores de morbi-mortalidade em determinados lugar e tempo, com a especificação dos principais problemas de saúde e suas tendências em termos de comportamento ao longo do tempo e distribuição territorial e social. 39) Planejamento situacional em saúde: a adaptação do enfoque situacional ao planejamento das ações e serviços de saúde vem sendo desenvolvida por vários autores. 40) Plano de saúde: produto de um processo de planejamento que, geralmente, inclui a realização de uma análise da situação de saúde da população de uma determinada área, o estabelecimento de objetivos e metas a alcançar com relação ao enfrentamento dos problemas priorizados, a especificação das estratégias a serem implementadas para o alcance dos objetivos e os recursos que serão empregados neste processo. 41) Sistema de informação: conjunto de procedimentos, técnicas e instrumentos de produção de dados, processamento e análise de informações, visando à sua difusão e utilização no processo de tomada de decisões e de operacionalização de ações. No caso da Saúde, contamos com um conjunto de sistemas de informação de base epidemiológica ou gerencial, que subsidiam ou podem subsidiar o aperfeiçoamento das práticas de saúde em todos os âmbitos do sistema 42) Sistemas de vigilância epidemiológica, ambiental, sanitária e saúde do trabalhador: conjunto de instituições e práticas envolvidas na realização de ações de vigilância em saúde, podendo-se distinguir sistemas de vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis e não transmissíveis, vigilância sanitária de alimentos, produtos e serviços de saúde, vigilância ambiental da qualidade da água, solo e ar e vigilância de ambientes e condições de trabalho. 43) Tecnologias de saúde: A noção de “tecnologia em saúde” inclui desde equipamentos incorporados ao processo de produção de serviços a procedimentos, normas e rotinas que regem a prática dos profissionais e trabalhadores de saúde no âmbito gerencial ou operativo do sistema. 44) Trabalhadores de saúde: termo genérico que se refere a toda e qualquer pessoa que exerce atividade remunerada na área de saúde, seja como profissional autônomo, seja como trabalhador assalariado ao sistema público ou privado. A expressão “trabalhadores do SUS”, portanto, refere-se ao conjunto dos profissionais, técnicos e auxiliares que trabalham em instituições e unidades de saúde do SUS. 45) Usuário do SUS: todo e qualquer cidadão que procure os serviços do SUS, em qualquer nível de complexidade. 46) Universalidade: um dos princípios finalísticos do Sistema Único de Saúde, a universalidade pode ser entendida como um ideal a ser alcançado, qual seja, o de que todos os cidadãos brasileiros possam usufruir do seu direito à saúde, aí incluído o acesso às ações e serviços necessários para sua promoção, proteção e recuperação Fonte: Teixeira (2019). CONTEÚDO INTRODUTÓRIO © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 17 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Gestão Saúde Coletiva 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE LOM. Evolução das políticas de saúde no brasil: do nascimento da saúde pública ao movimento pré-sus. In: ANDRADE LOM, BARRETO ICHC. SUS passo a passo: história, regulamentação, financiamento, políticas nacionais. 2. ed. São Paulo: HUCITEC; 2007. LIMA, N. T., SANTANA, J. P., (Orgs.). Saúde coletiva como compromisso: a trajetória da abrasco. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2006. SCHWARTZ Y. Trabalho e gestão: níveis, critérios, instâncias. In: FIGUEIREDO, M., ATHAYDE, M, BRITO, J., ALVAREZ, D. Labirintos do trabalho: interrogações e olhares sobre o trabalho vivo. Rio de Janeiro: DP&A; 2004. 5. E-REFERÊNCIAS IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso e utilização de serviços de saúde: IBGE; 2003. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2003/saude/default.shtm>. Acesso em: 27 fev. 2019. TEIXEIRA, C. F. Glossário: termos e expressões mais comuns em política, planejamento, gestão e avaliação de sistemas e serviços de saúde. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6890/1/Teixeira%2C%20Carmen.%20Cap.%206%20Planejamento%20em%20saude.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2019. https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6890/1/Teixeira%2C%20Carmen.%20Cap.%206%20Planejamento%20em%20saude.pdf Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 18 UNIDADE 1 Gestão e Financiamento do SUS Objetivos • Compreender a importância do financiamento do SUS, para gestão da saúde coletiva. • Analisar os modelos de assistência em saúde vinculados ao financiamento do SUS. • Identificar a evolução da autonomia da gestão em saúde nas esferas de governo. Conteúdos • As origens e o processo de implantação do SUS. • Instrumentos de planejamento e gestão do SUS. • Promoção e atenção à saúde. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gradativa dos assuntos até poder observar a evolução do estudo da Gestão em Saúde Coletiva. 3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador. 4) Você pode aprofundar seu conhecimento sobre o assunto que abordaremos no decorrer dos seus estudos será importante que leia LAZZARI, João Batista. As Fontes de Financiamento do Sistema Único de Saúde. São Paulo: LTr, 2003. Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 19 1. INTRODUÇÃO Para entendermos melhor as funções no Sistema Único de Saúde vamos rever alguns concei- tos: Gerência como a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambulatório,hospital, instituto, fundação, etc) que se caracterizam como prestadores de serviços do SUS. Gestão como a atividade e responsabilidade de comandar um sistema de saúde (municipal, estadual ou nacional) exercendo as funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. Para que se possa discutir o papel de cada esfera de governo no Sistema Único de Saúde é importante definir quem são os gestores do SUS em cada nível e o que são as funções gestoras no SUS. Os gestores do SUS são os representantes de cada esfera de governo designados para o desenvolvimento das funções do Executivo na saúde, a saber: no âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no âmbito estadual, o Secretário de Estado da Saúde; e no municipal, o Secretário Municipal de Saúde. As funções gestoras no SUS podem ser definidas como “um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão necessários para a implementação de políticas na área da saúde” (Souza, 2002). Quatro grandes grupos de funções gestoras na saúde: 1) Formulação de políticas/planejamento; 2) financiamento; 3) coordenação, regulação, controle e avaliação (do sistema/ redes e dos prestadores públicos ou privados); 4) prestação direta de serviços de saúde. Cada uma das esferas de governo deve atender suas atribuições na formulação de políti- cas/planejamento incluindo as atividades de diagnóstico da necessidade de saúde, identificação das prioridades e programação de ações. Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo, você está preparado? Nesta unidade, estudaremos a gestão e financiamento do SUS. Conceituar a lógica de estrutu- ração e financiamento da saúde e a divisão de papéis e competências dos diversos órgãos públicos envolvidos na gestão de saúde. No que diz respeito às políticas de saúde, não podemos esquecer a complexidade inerente a área da saúde relacionada aos seguintes fatores: múltiplas determinações sobre o estado de saúde da população e dos indivíduos; diversidade das necessidades de saúde em uma população; capacitação de pessoal e recursos tecnológicos requeridos para atendê-las; interes- ses e pressões do mercado na área da saúde (no âmbito da comercialização de equipamentos, me- dicamentos, entre outros), isso tudo entrelaçado como um único sistema de gestão e financiamen- to. Compreender as diversas esferas de gestão do SUS será fundamental ao longo de nosso es- tudo. Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 20 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta uni- dade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. De acordo com Formas de Gestão do Sistema Único de Saúde: A partir das definições legais estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica de Saúde, se iniciou o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse processo tem sido orientado pelas Normas Operacionais do SUS, instituídas por meio de portarias ministeriais. Estas normas definem as compe- tências de cada esfera de governo e as condições necessárias para que Estados e municípios possam assumir as novas posições no processo de implantação do SUS. As Normas Operacionais definem critérios para que Estados e municípios voluntariamente se habilitem a receber repasses de recursos do Fundo Nacional de Sa- úde para seus respectivos fundos de saúde. A habilitação às condições de gestão definidas nas Normas Ope- racionais é condicionada ao cumprimento de uma série de requisitos e ao compromisso de assumir um con- junto de responsabilidades referentes à gestão do sistema de saúde. O financiamento do SUS é uma respon- sabilidade comum dos três níveis de governo. Recentemente, em setembro de 2000, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 29, que determina a vinculação de receitas dos três níveis para o sistema. A tendência é que os municípios assumam cada vez mais a responsabilidade pelo relacionamento com os prestadores de serviço, à medida que se habilitem às condições de gestão descentralizada do sistema. A Norma Operacional Básica tem por finalidade promover e consolidar o exercício, por parte do poder públi- co municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, in- cisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a consequente redefinição das respon- sabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS procurando viabilizar a cooperação técnica e financeira dos poderes públicos estadual e federal, compreen- de, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de prestação de serviços de saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da mesma forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que atenda, com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência à saúde e às exigências sanitárias ambientais. As origens e o processo de implantação do SUS. Em 1986 foi realizada em Brasília a 8a. Conferência Nacional de Saúde com ampla participação de usuários, trabalhadores de saúde, prestadores de serviços e gestores. A 8a. Conferência signifi- cou um marco na formulação das propostas de mudança do setor de saúde, consolidadas na Refor- ma Sanitária Brasileira. A Constituição Federal de 1988 redefine o conceito de saúde, incorporando novas dimensões. Para se ter saúde é preciso ter acesso a um conjunto de fatores, como alimentação, moradia, em- prego, lazer, educação, etc. Em seu artigo 196 cita que “a saúde é direito de todos e dever do Esta- do, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 24 as origens e o processo de implantação do sus acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Com este artigo fica definida a uni- versalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. O SUS faz parte das ações definidas na Consti- tuição como sendo de “relevância pública” sendo atribuído ao poder público a sua regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde. Conforme a Constituição Federal de 1988 as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: • Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; • Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 21 Participação da comunidade. A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, prote- ção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Esta Lei regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjun- tamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. A Lei 8.080/90 instituiu o Sistema Único de Saúde, constituído pelo conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público. A iniciativa privada participa do Sistema Único de Saúde em caráter complementar. As ações e serviços públicos de sa- úde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da ConstituiçãoFederal vigente, obedecendo ainda princípios organizativos e doutrinários tais como: • Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; • Integralidade de assistência; • Equidade; • Descentralização Político-Administrativa com direção única em cada esfera de governo; • Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; • Participação da comunidade; • Regionalização e hierarquização. A Lei 8.080/90 trata: (a) da organização, da direção e da gestão do SUS; (b) das competências e atribuições das três esferas de governo; (c) do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de assistência à saúde; (d) da política de recursos humanos; (e) dos recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do orçamento. A Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na ges- tão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde. O SUS conta em cada esfera de governo com as seguintes instâncias colegiadas: a) Conferência de Saúde; b) Conselho de Saúde. A Lei 8.142/90 trata da alocação dos recursos do Fundo Nacional de Saúde, do repasse de forma regular e automático para os Municípios, Estados e Distrito Federal. Para o recebimento des- tes recursos Municípios, Estados e Distrito Federal devem contar com: a) Fundo de Saúde; b) Conselho de Saúde; c) Plano de Saúde; Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 22 d) Relatório de Gestão; e) Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; f) Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). Norma operacional básica A edição das Normas Operacionais Básicas (NOB’s) trata das normas operacionais para o fun- cionamento e operacionalização do SUS, de competência do Ministério da Saúde, tendo sido edita- das até hoje: a NOB-SUS 01/91, NOB-SUS 01/93, NOB-SUS 01/96. NOB 01/91: definia o repasse direto e automático de recursos do fundo nacional aos fundos estaduais e municipais de saúde, sendo 50% por critérios populacionais e os outros 50% segundo o perfil epidemiológico e demográfico, a capacidade instalada e a complexidade da rede de serviços de saúde, a contrapartida financeira, etc. - redefiniu toda a lógica de financiamento e, consequen- temente, de organização do SUS, instituindo um sistema de pagamento por produção de serviços que permanece em grande parte vigorando até hoje. NOB 01/93: criou critérios e categorias diferenciadas, gestão para a habilitação dos municí- pios, e segundo o tipo de gestão implantado (incipiente, parcial, semiplena) haveria critérios tam- bém diferenciados de formas de repasse dos recursos financeiros NOB-SUS 01/96: representa um avanço importante no modelo de gestão do SUS, principal- mente no que se refere à consodolidação da Municipalização. Revoga os modelos anteriores de ges- tão propostos nas NOB anteriores (gestão incipiente, parcial e semiplena), e propõe aos municípios se enquadrarem em dois novos modelos: Gestão Plena de Atenção Básica e Gestão Plena do Sis- tema Municipal, conforme pode ser visto no quadro 1 a seguir: Quadro 1 Modelos de Gestão GESTÃO PLENA DE ATENÇÃO BÁSICA GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL Elaboração de programação municipal dos serviços básicos, inclusive domiciliares e comunitários, e da pro- posta de referência ambulatorial e especializada e hospitalar. Elaboração de programação municipal dos serviços básicos, inclusive domiciliares e comunitários, e da propos- ta de referência ambulatorial e especiali- zada e hospitalar. Gerência de unidades ambu- latoriais próprias Gerência de unidades pró- prias, ambulatoriais e hospitalares, inclu- sive as de referência Gerência das unidades am- bulatoriais do estado e/ou da União Gerência das unidades ambu- latoriais e hospitalares do estado e/ou da União Introduzir a prática do ca- dastramento nacional dos usuários do SUS Introduzir a prática do cadas- tramento nacional dos usuários do SUS Prestação dos serviços rela- cionados aos procedimentos cobertos pelo PAB para todos os casos de refe- rência interna ou externa ao município Prestação dos serviços ambu- latoriais e hospitalares para todos os casos de referência interna ou externa ao município Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 23 Normalização e operação de centrais de procedimentos ambulatoriais e hospitalares Contratação, controle, auditoria e pa- gamento aos prestadores dos serviços contidos no PAB Contratação, controle, audi- toria e pagamento aos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacional Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacional Autoriza AIH e Proced. Ambulatoriais Especializados Autoriza, fiscaliza e controla as AIH e Proced. Ambulatoriais Especiali- zados e de alto custo Execução de ações de vigilância sanitária e de epidemiologia Execução de ações de vigilân- cia sanitária e de epidemiologia Fonte: NOB/96 Uma das alterações importantes da NOB 96 foi a forma de repasse dos recursos financeiros do governo federal para os municípios, que passa a ser feito com base num valor fixo per capita (Pi- so Assistencial Básico - PAB) e não mais vinculado a produção de serviços, o que possibilita aos mu- nicípios desenvolverem novos modelos de atenção à saúde da população sendo importante salien- tar a importância das ações regionais de acordo com o perfil epidemiológico da região. As NOB´s produziram resultados positivos, levando ao incremento da oferta de serviços muni- cipais, aumento da capacidade institucional nos estados e nos municípios e um aumento transfe- rência de recursos federais para estados e municípios. Ao final de 2000, 63% dos recursos federais para a assistência à saúde eram repassados diretamente aos estados e municípios. Porém, surgiram problemas. Dentre eles destacam-se as dificuldades de gestão eficaz, a propagação das responsabi- lidades pela saúde dos cidadãos, o aumento dos custos de administração do SUS e a baixa qualidade dos serviços. Para superar esses problemas instituiu-se a Norma Operacional da Assistência à Saúde, NOAS SUS 01/01, em 26 de janeiro de 2001, com o intuito de “promover maior equidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de atenção” (Ministério da Saúde, 2001). Para isso, estabeleceu que “ a macroestratégia deverá contemplar uma lógica de planejamento integrado de maneira a conformar sistemas funcionais de saúde, ou seja, redes articuladas e cooperativas de atenção, referidas a territórios delimitados e a populações defi- nidas e dotadas de mecanismos de comunicação e inter-relacionamento que garantam o acesso dos usuários às ações e serviços de níveis de complexidade necessários para a resolução de seus pro- blemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis” (Ministério da Saúde, 2001). Isso tudo com objetivo de garantir a assistência a saúde como foco principal. As principais características observadas na NOB/SUS 01/96 temos: • Transfere aos municípios habilitados como Plena da Atenção Básica, os recursos financeiros com base per capita relativos a esta responsabilidade, criandoo PAB (Piso Assistencial Básico), repassado fundo a fundo de forma regular e automática, e com base em valor nacional per capita para a população coberta; • Reorganiza a gestão dos procedimentos de média complexidade ambulatorial (Fração Ambulatorial Espe- cializada - FAE); • Reorganiza a gestão dos procedimentos de alta complexidade ambulatorial com a criação da Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo (APAC); Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 24 • Incorpora as ações de Vigilância Sanitária, criando o Incentivo para as ações básicas de Vigilância Sanitária; • Incorpora as ações de Epidemiologia e Controle de Doenças; • Promove a reorganização do modelo de atenção, adotando-se como estratégia principal a ampliação de cobertura do Programa de Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde, com a criação de Incentivo financeiro; • Define as responsabilidades, prerrogativas e requisitos das Condições de Gestão Plena da Atenção Básica e Plena de Sistema Municipal de Saúde para os municípios, e Avançada do Sistema Estadual e Plena de Sistema Estadual para os Estados 2.2 NORMA OPERACIONAL DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE NOAS/ 2001 Processo de regionalização, que é um planejamento por meio do qual os sistemas de saúde funcionam articulados em redes e cooperativas de atenção em territórios delimitados com popula- ções definidas para garantir o acesso dos usuários às ações e serviços que não estão disponíveis em seus municípios. Garante o acesso de usuários às ações e serviços de níveis de complexidade para resolução de seus problemas otimizando recursos disponíveis. Com a regionalização, os estados dividiram seus territórios em microrregiões de saúde para garantir que a população tenha acesso aos serviços o mais próximo possível de sua residência. Objetivos da NOAS: 1) Definir o processo para regionalização da assistência. 2) Atualizar os critérios de habilitação dos municípios. 3) Ampliar as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica concluindo a habilitação de 100% dos municípios. NOAS 2001 e 2002: tratam, da organização dos sistemas de saúde e do fortalecimento do pa- pel dos estados como gestor de um processo de regionalização do SUS, aumentando o conceito de distribuição de recursos per capita, a partir da microrregional, resgatando a NOB 1996 no que diz respeito ao processo de descentralização; procura estabelecer mecanismos para garantia da inte- gralidade da assistência através do fortalecimento da atenção básica. A NOAS 2001/2002 tenta compensar a NOB 1996, buscando consolidar a regionalização. NOAS Normatização da implan- tação do SUS quanto à assistência Ênfase na regionalização Instrumen- talização da PPI Instituição do per capita de alocação microrregio- nal Mecanismo de finan- ciamento diferenciado para o custeio da alta complexidade. Fortalecimento do papel do Estado como coordenador das relações inter- municipais Fonte: DGA/SAS/MS A proposta da regionalização baseia-se na constatação de que, isolados, os sistemas de saúde municipais dificilmente são suficientes para garantir a integralidade das ações de saúde para os seus munícipes. Por isto, destaca-se a importância de vários sistemas de saúde municipais buscarem se agrupar tornando-se complementares, forma de organização sob a qual seria possível otimizar os serviços de saúde existentes em cada um dos municípios, buscando a integralidade da assistência ao cidadão. Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 25 A NOAS, para os gestores eficientes, permite instrumentalizar o processo de planejamento na saúde, buscando parcerias na a organização dos espaços microrregionais de saúde. O papel dos gestores e as instâncias de decisão no Sistema Único de Saúde Quem são os responsáveis pelo comando do Sistema Único de Saúde? Como as decisões são tomadas no SUS? Quem é gestor do SUS? A LOS – Lei Federal n. 8.080, de 1990 (Brasil, 1990) – define que a direção do SUS é única em cada esfera de governo e estabelece como órgãos responsáveis pelo desenvolvimento das funções de competência do Po- der Executivo na área de saúde o Ministério da Saúde no âmbito nacional e as secretarias de saúde ou órgãos equivalentes nos âmbitos estadual e municipal. Com essa definição, no setor saúde, o termo “gestor do SUS” passou a ser amplamente utilizado em referência ao ministro e aos secretários de saúde. Mais do que um administrador, o gestor do SUS é a “autoridade sanitária” em cada esfera de governo, cuja ação política e técnica deve estar pautada pelos princípios da reforma sanitária brasileira. A autoridade sanitária tem a responsabilidade de conduzir as políticas de saúde segundo as determinações constitucionais e legais do SUS, que constituem um dado modelo de política de Estado para a saúde que não se encerra no período de um governo. Os gestores do SUS nas três esferas de governo existem autoridades sanitárias ou gestores do sistema de sa- úde nos âmbitos federal, estadual e municipal. As funções dos gestores do SUS A atuação do gestor do SUS se baseia no exercício das funções gestoras na saúde. Essas funções podem ser definidas como um conjunto articulado de saberes e práticas de gestão necessários para a implementação de políticas na área da saúde, que devem ser exercidas de forma coerente com os princípios do sistema público de saúde e da gestão pública. Princípios organizativos e instâncias de gestão do SUS. São identificadas quatro grandes grupos de funções gestoras na saúde: 1-formulação de políticas/planejamento; 2-financiamento; 3-regulação, coordenação, controle e avaliação (do sistema/redes e dos prestadores, públicos ou privados); 4- prestação direta de serviços de saúde. A legislação do SUS e diversas normas e portarias complementares editadas a partir dos anos 1990 empre- enderam esforços no sentido de definir e diferenciar o papel dos gestores da saúde nas três esferas Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 26 Fonte: Rede dos Conselhos de Medicina (2019) Fonte; CONASS 2.1. SISTEMA PÚBLICO X SISTEMA PRIVADO O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê uma estrutura híbrida de gestão da saúde, baseada no funcionamento simultâneo de uma rede de atendimento pública e gratuita ao cidadão e outra pri- vada, que atua de maneira complementar e conforme as diretrizes do SUS. Com as restrições dos Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 27 serviços e recursos investidos pelo Estado para atender as demandas de saúde da população brasi- leira, o setor privado vem atuando sob a forma de planos e seguros de saúde, bem como de hospi- tais, clínicas, laboratórios, e consultórios particulares. A contradição entre a proposta de universalidade do SUS e a atuação da rede privada é ponto de partida para articulações e movimentos contra a tendência de privatização do setor da saúde. Além disso, as transferências de recursos públicos para os planos e seguros privados, o difícil ressar- cimento das ações prestadas pelo SUS aos usuários de planos de saúde privados e a precariedade que vem caracterizando o crescimento desordenado da oferta privada estãona agenda das críticas do movimento sanitário e nas propostas de fortalecimento do SUS. A maioria dos gastos com a saúde está associado ao privado. Em 2015, 26% da população pos- suía planos de saúde (ANS, 2016), e o setor movimentou cerca de R$ 132 bilhões, contra R$ 236 bilhões de gastos públicos. As despesas públicas em saúde per capita (R$ 1,17 mil) representam me- nos da metade do valor gasto pelos planos de saúde (R$ 2,5 mil) com seus usuários.Com a crise eco- nômica atual 40% da população que possuía plano de saúde migrou para o SUS, desencadeando um grande impacto no sistema. A criação da EMENDA CONSTITUCIONAL-29, que teve como objetivo comprometer as três es- feras de governo com o financiamento da saúde, definir o que seriam Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS) e estabelecer fontes estáveis de financiamento, prevenindo crises ou situações de ina- dimplência. Estados ficaram obrigados a aplicar em saúde, no mínimo, 12% de sua receita bruta, municípios, 15% da receita de impostos municipais e a União, o montante aplicado no ano anterior corrigido pela variação nominal do PIB. A regulamentação por lei complementar só aconteceu em 2012, por meio da Lei Complementar nº 141. A EC-29 levou a um crescimento dos recursos aplica- dos em ASPS de 2,9% em 2000 para 4,7% do PIB em 2013 (OECD, 2013). Algumas questões merecem destaque na relação público e privado: a judicialização, o lobby e pressão da indústria da saúde e a competição do setor suplementar com o SUS. A judicialização da saúde por incorporação ou fornecimento de medicamentos e procedimen- tos ainda não disponibilizados pelo sistema público e suplementar tem se tornado um dos difíceis desafios da saúde brasileira, dá-se pelo conflito que se instala entre os diversos atores e interesses envolvidos, gerado pela ideia de que a efetivação do direito à saúde deve dar-se independentemen- te da política pública, da cobertura contratada na saúde suplementar e da análise das evidências de segurança, eficácia e efetividade disponíveis. A pressão da indústria e de fornecedores de órteses e pró- teses, que atuam como verdadeiras máfias, corrompendo profissionais, pressionando o sistema público e privado para utilização de produtos de seu interesse, por meio judicial. O Sistema de Saúde Brasileiro é duplicado na assistência, o usuário utiliza o sistema público e o privado ao mesmo tempo, dobrando os gastos e o uso de recursos. O financiamento do SUS que hoje atende aproximadamente 206 milhões de pessoas requer adequação em termos reais do valor aplicado em suas ações, sobretudo no contexto de crescimento das demandas por saúde, mantendo sempre os preceitos constitucionais, a regra de financiamento em saúde não pode ser utilizada como moeda de troca .É necessário observar as necessidades de saúde a médio e longo prazo, considerando que o País deverá estar preparado para atender às de- mandas crescentes da população, em meio questões sociais, nutricionais e epidemiológica. Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 28 2.3.MODELOS DE ASSISTÊNCIA EM SAÚDE Modelos de atenção à saúde são combinações tecnológicas estruturadas para a resolução de problemas e para o atendimento das necessidades de saúde da população, sejam elas individuais ou coletivas. Os modelos são construídos por padrões e referências do campo técnico-científico, para orientar escolhas técnicas, decisões políticas e financiamentos com intermédio técnico e político buscando a transformação dos propósitos em ações que produzirão mudanças na sociedade. Nos anos 70, houve o início de um debate sobre modelos de assistência que fizessem preva- lecer as propostas que enfatizassem a racionalização do uso das tecnologias na atenção médica e o gerenciamento eficiente. A mais próxima desses objetivos foi a de atenção primária à saúde ou me- dicina comunitária. Desde o início, porém, essa proposta foi alvo de uma polarização de debates. Havia os que destacavam os aspectos de simplificação e racionalização, caracterizando a medicina comunitária como ‘medicina pobre para os pobres’, e havia aqueles que viam a proposta como uma estratégia racionalizadora, importando-se com o acesso de toda a população aos reais avanços tec- nológicos na saúde. 2.4. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA Atenção primaria é a porta de entrada preferencial ao sistema de saúde público, isso porque apresenta o melhor custo-benefício tanto ao Estado como aos cidadãos. O entendimento é que esse nível primário, quando implementado de forma ampla e com a in- fraestrutura necessária, resulta em menores custos financeiros aos sistemas de saúde e na melhoria da qualidade dos serviços assistenciais em geral. A estratégia consiste em responder aos cidadãos de forma descentralizada e próxima a seu território, montando equipes multidisciplinares destina- das a realizar um acompanhamento mais próximo por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs/ESF/AMBULATORIOS) ou mesmo de visitas domiciliares. Dessa forma, cada equipe fica res- ponsável por um determinado número de famílias, e o cuidado certamente se torna humanizado e personalizado. Vacinas, atendimentos odontológicos, consultas, exames de rotina, orientações e campanhas ou ações preventivas e curativas procuram assegurar a melhoraria a qualidade de vida da população e reduzir a pressão sobre os hospitais públicos e privados do pais já que os hospitais não possuem a estrutura necessária para absorver satisfatoriamente a demanda. A maioria dos gestores públicos acaba interpretando o nível primário como algo menos impor- tante. Mas o sentido é justamente o contrário: o termo atenção primária é primordial. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é um documento publicado pelo Ministério da Saúde que se constitui em um guia máximo das ações de saúde a serem desenvolvidas no país. A versão mais recente do estudo coloca a atenção básica como fundamental para o alcance da exce- lência na prestação dos serviços na área. E seu alicerce está exatamente na Estratégia Saúde da Fa- mília (ESF). De acordo com os próprios termos do documento do Ministério da Saúde, a ESF “visa a reor- ganização da atenção básica no país, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, quali- ficação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, as diretrizes e os fundamentos da atenção básica, Unidade 1 – Nome © Gestão em Saúde Coletiva Claretiano - Centro Universitário | 29 de ampliar a resolutividade e o impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação entre custo e efetividade. Dentre as especificações contidas na PNAB sobre a aplicação da Estratégia de Saúde da Famí- lia, podemos destacar: - Existência de equipe multiprofissional composta por, no mínimo, médico generalista ou especialista em Sa- úde da Família ou médico de Família e Comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Fa- mília, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. É possível, ainda, acrescentar os profissionais de saúde bucal, como cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxili- ar ou técnico em saúde bucal. - A quantidade de Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, considerando um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACSs por equipe Saúde da Família. - Cada equipe Saúde da Família deve ser responsável por,
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