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Aula 1 Homeostase e organização funcional do sistema nervoso

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Disciplina: Fisiologia Humana
Aula 1: Homeostase e organização funcional do sistema
nervoso
Apresentação
O organismo humano depende de um conjunto dinâmico e integrado de processos orgânicos para regular o meio interno
dentro dos limites da normalidade, o milieu intérieur proposto por Claude Bernard. As propriedades físicas deste �uido
incluem pressão, volume, osmolaridade, pH, concentrações iônicas e de outros componentes devem ser mantidas dentro de
faixas estreitas de modi�cações. Estas propriedades correspondem à homeostase, ou seja, às condições de normalidade
que um organismo necessita para a manutenção da vida.
Os processos orgânicos responsáveis pela manutenção da homeostase envolvem as funções de todos os órgãos (controle
dinâmico), que irão manter a faixa de normalidade dos parâmetros �siológicos necessários para a manutenção da vida. O
estudo desses processos é um dos principais objetivos da disciplina. Deste modo, os sistemas digestivo, endócrino,
cardiovascular, respiratório e urinário atuarão conjuntamente para regular a homeostase pelas in�uências emitidas pelo
sistema nervoso central (SNC).
Por esse motivo, ao longo das aulas veremos como os sistemas orgânicos desempenham suas funções para manter a
homeostase. Nesta aula, analisaremos a contribuição do sistema nervoso para coordenar e integrar diversos processos,
dentre eles: a circulação sanguínea, a osmolaridade plasmática, a pressão sanguínea (pressão arterial), a temperatura
corporal dentre outras variáveis �siológicas.
Objetivos
Esclarecer o conceito de homeostase e constância relativa do meio interno;
Descrever a organização do sistema nervoso humano;
Identi�car as funções dos componentes do sistema nervoso e como os mesmos se integram no controle
homeostático.
 Organização funcional do corpo humano e controle do ambiente interno.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Surgimento da �siologia e sua relação com o controle do
ambiente interno (homeostase)
Na Antiguidade, a ciência era explicada exclusivamente através das concepções da Filoso�a, da Química e da Física. No entanto,
no início do Século XIX, Claude Bernard propôs uma virada na concepção da comunidade cientí�ca, através da criação de uma
nova disciplina, a Fisiologia, o estudo da função dos sistemas orgânicos.
A Fisiologia, de acordo com Bernard, deveria constituir-se numa ciência própria, que buscava con�rmar uma nova visão
fundamentada no seguinte conceito:

O equilíbrio do meio interno é essencial para a manutenção da vida.
Fonte: Claude Bernard.
Ele também a�rma que, "em vez de proceder do órgão para a função", o �siologista deve "iniciar a partir do fenômeno �siológico e
procurar sua explicação nos sistemas orgânicos”.
A explicação dos fenômenos que governam o meio interno passava ser o objetivo da Fisiologia.
Em 1929, Walter B. Cannon (1871-1945) retomou essa teoria com a ideia de
homeostasia. Um de seus objetivos será unir sua teoria do meio interno a uma teoria
proposta na Alemanha algumas décadas antes, a teoria celular. (AIRES, 2012, p. 24)
Célula – unidade fundamental do corpo humano
A célula é a unidade básica e fundamental do corpo humano, a menor unidade estrutural capaz de desenvolver todas as nossas
funções vitais. As diferentes células do nosso organismo executam tarefas especí�cas relacionadas à função de cada tecido que,
por sua vez, organizam-se em unidades estruturais e funcionais conhecidas como órgãos. Os grupos de órgãos integram suas
funções para formar os sistemas orgânicos.
Na �gura 1, estão expostos os diferentes níveis de organização do organismo. (SILVERTHORN, 2010, p. 52)
 Figura 1: Níveis de organização das estruturas orgânicas.
A respeito dos sistemas orgânicos, surgiu uma nova concepção sobre análises desses sistemas, proposta por Stolwijk e Rardy
(1974). Como exposto na �gura 2, para ocorrer o controle homeostático dos processos �siológicos, o sistema necessita de uma
entrada percebida por um sensor ou receptor (input).
Em seguida, as informações são transmitidas até um “centro de controle” (sistema nervoso), que exercerá in�uência sobre um
efetor ou sistema de saída (output) e, por �m, a resposta de saída, visando a regulação desse processo, será realizada pelo
conjunto de órgãos do nosso corpo.
 Figura 2: Representação esquemática da análise de sistemas empregada nos processos orgânicos.
Regulação da pressão arterial (PA)
A manutenção da PA, conforme observado na �gura 3, pode ocorrer mediante atuação de uma série de mecanismos (que atuam
a curto, médio e longo prazo). No entanto, utilizaremos como exemplo de sistema de controle a regulação da PA pela atuação dos
barorreceptores.
 Figura 3: Mecanismos responsáveis pela regulação da pressão arterial (PA). (Fonte: GUYOTN, 2017).
Controle renal do volume sanguíneo
Resposta isquêmica do SNS
Barorreceptores
Quimiorreceptiores
Relaxamento por estresse
Vasoconstrição por renina-angiotensina
Deslocamento de líquido
Aldosterona
A contribuição destes mecanismos pode ocorrer a curto (segundos ou minutos), médio (horas) e a longo prazo (dias).
Os barorreceptores estão localizados nas paredes dos vasos onde ocorre a bifurcação das artérias carótidas comuns, na região
do pescoço, e também no arco da artéria aorta, na região do tórax, estimulados em resposta ao estiramento da parede arterial.
Quando ocorre uma elevação da pressão arterial, os barorreceptores (sensor de entrada ou input) enviam impulsos nervosos para
o tronco cerebral, onde estão localizados os principais neurônios que regulam os sistemas nervosos autônomos parassimpático e
simpático. O tronco cerebral (centro de integração) promove uma resposta excitatória para o sistema nervoso parassimpático
(SNP) e uma resposta inibitória para o sistema nervoso simpático (SNS).
A ativação do SNP e redução do SNS ocasionam a diminuição da atividade de bombeamento do coração e, também, a dilatação
dos vasos sanguíneos periféricos (efetores de saída ou output), permitindo o aumento do �uxo sanguíneo pelos vasos. Ambos os
efeitos irão ocasionar a diminuição da PA, trazendo-a de volta à faixa de normalidade.
Inversamente, a redução da pressão
arterial promoverá menor resposta de
estiramento dos vasos sanguíneos e,
consequentemente, dos
barorreceptores.
Sendo assim, o tronco cerebral
promoverá a inibição do SNP e, por sua
vez, a ativação do SNS, causando o
aumento do bombeamento cardíaco e a
vasoconstrição dos vasos periféricos. O
resultado �nal será a elevação da
pressão arterial, trazendo-a de volta ao
normal. (GUYOTN, 2017, p. 7)
 Baroreceptor Reflex Control of Blood Pressure 1 (Fonte: Pham Minh <https://www.youtube.com/watch?
v=zCWC7eaT9PY> / Youtube).
O exemplo mencionado anteriormente de mecanismo de controle homeostático é apenas alguns dos milhares que existem no
organismo, todos os quais com certas características em comum. Essas características serão explicadas a seguir.

Feedback (retroalimentação) negativo
Nos mecanismos de regulação da pressão arterial, a pressão elevada causa
uma série de reações que promovem a redução da pressão. Do mesmo modo,
a pressão baixa faz com que uma série de reações promova a elevação da
pressão. Em ambos os casos, esses efeitos são negativos em relação ao
estímulo inicial.
Em relação à regulação da concentração de CO , a alta concentração de gás
carbônico no líquido extracelular promove a ativação do centro respiratório
localizado no tronco cerebral, o que acarreta no aumento da ventilação
pulmonar.
Isso, por sua vez, diminui a concentração de CO no líquido extracelular, pois
os pulmões eliminam grandes quantidades deste gás do organismo (a
resposta de saída ou “output” foi a redução das concentrações de CO ),
promovendo o feedback negativo. (AIRES, 2012, p. 41)
2
2
2
https://www.youtube.com/watch?v=zCWC7eaT9PY
Com isso, podemos assumir que, se algum fator se torna excessivo ou
de�ciente, um sistema de controle inicia um feedback negativo que consiste
em série de alterações que reestabelecem o valor médiode uma determinada
variável �siológica, mantendo, assim, a homeostase.

Feedback (retroalimentação) positivo
Ao contrário do feedback negativo, que visa a manutenção relativamente
constante dos processos orgânicos, o feedback positivo não leva à
estabilidade, mas à instabilidade do sistema, como pode ser observado na
�gura 4.
 Figura 4: Manutenção do débito cardíaco em decorrência do feedback negativo (linha tracejada azul) após
remoção de um litro de sangue da circulação.
Atenção
A morte é causada por feedback positivo quando dois litros de sangue são removidos, uma vez que o mecanismo de controle é
perdido e o coração �ca cada vez mais insu�ciente devido à grande redução de sangue.
Essa �gura representa a e�cácia da quantidade de sangue bombeada pelo coração durante o período de um minuto (débito
cardíaco), que, no caso de uma pessoa saudável em repouso, bombeia cerca de cinco litros de sangue por minuto. Imagine agora
que essa pessoa, subitamente, perde dois litros de sangue, o que faz com que a quantidade de sangue no corpo caia para um
nível muito baixo, insu�ciente para que o coração bombeie o sangue de maneira e�ciente.
Devido à grande redução do volume de sangue, a pressão arterial se reduz signi�cativamente e o �uxo de sangue para o músculo
cardíaco, vindo dos vasos coronários, diminui. Isso resulta na redução da capacidade contrátil do coração, diminuindo ainda mais
o bombeamento sanguíneo. Como consequência, o �uxo sanguíneo coronário reduz ainda mais, promovendo o enfraquecimento
maior do coração. Esse ciclo se repete várias vezes até que ocorra a morte.
Por esse motivo, o feedback positivo severo é mais conhecido como “círculo vicioso”. Um
feedback positivo moderado pode ser superado pelos mecanismos de controle de feedback
negativo do corpo, fazendo com que o círculo vicioso não se desenvolva.
Exemplo
Se a pessoa do exemplo anterior tivesse perdido apenas um litro de sangue, ao invés de dois litros, os mecanismos normais de
feedback negativo para controle do débito cardíaco e da pressão arterial superariam o feedback positivo, fazendo com que a
pessoa se recuperasse, conforme mostra o traçado pontilhado em azul da �gura 4.
 Sistema Nervoso: organização, divisão e funções.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Sistema nervoso: organização, divisão e funções
 Organização morfofuncional do sistema nervoso e controle da homeostase.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
O sistema nervoso (SN) é auxiliado por diversos sistemas e possui um papel fundamental na manutenção da homeostase. Ele
pode ser dividido como: anatômico, embriológico e funcional. No entanto, nosso direcionamento será com base na divisão
anatômica e funcional para melhor compreensão didática.
A divisão anatômica do SN consiste em:
Sistema nervoso central (SNC),
que compreende as estruturas
inseridas no esqueleto axial, que
inclui o encéfalo e a medula
espinhal.
Sistema nervoso periférico (SNP)
composto pelos nervos cranianos
(12 pares) e espinhais (31 pares),
além dos gânglios e os receptores
sensoriais periféricos como
mostra a �gura 5. (TORTORA;
DERRICKSON, 2016, p. 45)
 Figura 5: Divisões anatômicas do sistema nervoso. (Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2016)
O encéfalo é a parte do SNC situada no crânio. A medula, por sua vez, está localizada dentro do canal vertebral.
Às vezes nos deparamos com a denominação de neuroeixo, que compreende as duas estruturas: encéfalo e medula. No encéfalo,
temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico.
A ponte separa o bulbo (também chamada de medula oblonga), situada no sentido caudal (inferior), do mesencéfalo, situado no
sentido cranial (superior).
Dorsalmente à ponte e ao bulbo localiza-se o cerebelo (�gura 6).
 Figura 6: Organização do sistema nervoso central. (Fonte: Ilusmedical / Shutterstock).
Os nervos são cordões nervosos que unem o SNC aos órgãos da periferia. Quando a união ocorre com o encéfalo, os nervos são
cranianos. No caso da medula, os nervos são espinhais. Relacionando-se com alguns nervos e raízes nervosas, existem
dilatações constituídas principalmente de corpos neurônios, que são chamados de gânglios.
Do ponto de vista funcional, os gânglios podem ser classi�cados como sensitivos e gânglios motores viscerais (do sistema
nervoso autônomo). Além disso, na extremidade das �bras que constituem os nervos, situam-se as terminações nervosas, que,
do ponto de vista funcional, são: sensitivas (aferentes) e motoras (eferentes).
Sistema nervoso somático
 (Fonte: Digital Storm / Shutterstock).
Na divisão funcional, o SN pode ser
dividido em sistema nervoso da vida de
relação, ou somático e sistema nervoso
da vida vegetativa, ou visceral.
O sistema nervoso da vida de relação é
aquele que relaciona o organismo com o
meio ambiente. Apresenta um
componente aferente (sensitivo) e outro
eferente (motor).
O componente aferente conduz aos
centros nervosos impulsos originados
em receptores na periferia, informando-
os sobre o que se passa no meio
ambiente (externo).
O componente eferente leva aos
músculos estriados esqueléticos o
comando dos centros nervosos,
resultando, pois, nos movimentos
voluntários.
Sistema nervoso visceral
O sistema nervoso visceral se relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais. Ele é muito importante para a
integração das diversas vísceras e para manter a constância do meio interno. Assim como ocorre com o sistema nervoso da vida
de relação, distinguimos, no sistema nervoso visceral, uma parte aferente e outra eferente.
O componente aferente conduz os impulsos nervosos originados dos receptores viscerais (visceroceptores) até as áreas
especí�cas do sistema nervoso. O componente eferente leva os impulsos originados em diversos centros nervosos até as
vísceras, terminando em glândulas, músculos lisos ou no músculo cardíaco.
O componente eferente do sistema nervoso visceral, como já mencionado, é denominado sistema nervoso autônomo, que pode
ser subdividido em simpático e parassimpático. O esquema abaixo resume o que foi exposto sobre a divisão funcional do SN.
(MACHADO; HAERTEL, 2006, p. 26)
 Figura 7: Esquema da divisão funcional do sistema nervoso. (Fonte: MACHADO; HAERTEL, 2006)
Convém lembrar que os componentes somáticos e viscerais do SN, assim como suas subdivisões aferentes ou eferentes, estão
intimamente relacionados. Às vezes, é difícil classi�car certas áreas, especialmente do córtex cerebral, de acordo com estas
subdivisões. Apesar disto, a divisão funcional do sistema nervoso tem grande valor didático.
Podemos perceber que as funções do SN podem ser resumidas em percepção sensorial, processamento de informações e
comportamento. A integração ou processamento da informação sensorial acontece no SNC e, posteriormente, ocorre a
elaboração de uma resposta apropriada para a manutenção da homeostase.
Atenção
Boa parte das informações sensoriais não gera uma resposta imediata. Neste caso, as informações serão armazenadas sob a
forma de memória. Em seguida, a transmissão da resposta desenvolvida é realizada pelos neurônios motores (eferentes) a partir
do encéfalo e da medula espinhal para os órgãos efetores. (BERNE et al., 2004, p. 58)
Existem dois tipos de células que formam a estrutura complexa e organizada do tecido nervoso, os neurônios e as células da glia
(neuroglia). O neurônio é a célula principal, responsável por ser a unidade funcional do sistema nervoso, composto por três regiões
principais: corpo celular, dendritos e axônio (�gura 8).
 Figura 8: Estrutura geral do neurônio e seus constituintes. (Fonte: Access Physiotherapy
<https://accessphysiotherapy.mhmedical.com/data/books/1821/p9781259583100-ch003_f001.png> )
https://accessphysiotherapy.mhmedical.com/data/books/1821/p9781259583100-ch003_f001.png
Corpo celular
O corpo celular é constituído pelo núcleo e diversas organelas, como as mitocôndrias, no interior do citoplasma, que são
necessárias para a realização das atividades celulares. Comumente o citoplasma do corpocelular recebe o nome de pericário.
Além das organelas, nota-se a presença de “grumos” proeminentes do retículo endoplasmático rugoso (RER), densamente
corados, também estão presentes no corpo celular e são chamados de corpúsculos de Nissl.
As proteínas sintetizadas pelo corpúsculo de Nissl são utilizadas no reparo dos componentes celulares, para o crescimento dos
neurônios ou para a regeneração de axônios lesados no SNP. Vale ressaltar que os corpúsculos de Nissl não são encontrados nos
dendritos nem no axônio. (SILVERTHORN, 2010, p. 125)
 Neurons and What They Do - An Animated Guide. (Fonte: cosmiccontinuum <https://www.youtube.com/watch?v=vyNkAuX29OU> / Youtube).
O corpo celular é considerado o centro metabólico do
neurônio, pois é responsável pela síntese de todas as proteínas
neuronais, bem como pela maioria dos processos de
degradação e renovação de constituintes celulares, inclusive
de membranas. As funções de degradação justi�cam a riqueza
em lisossomos, como os chamados grânulos de lipofuscina.
Trata-se de corpos lisossômicos residuais que aumentam em
número com o avanço da idade. (MACHADO; HAERTEL, 2006,
p. 53)
A forma e o tamanho do corpo celular são muito variáveis
conforme o tipo e as características dos neurônios. A partir do
corpo celular partem diversos prolongamentos (dendritos e
axônio), que serão discutidos a seguir (�gura 9). Além disso, o
corpo celular, de modo bem semelhante aos dendritos, é o
local de detecção de estímulos através das sinapses que são
realizadas em seus prolongamentos. (MACHADO; HAERTEL,
2006, p. 53)
 Figura 9: Neurônios piramidais com tamanhos variados (pequenos, médios e grandes)
localizados no córtex cerebral (microscópio óptico). (Fonte: MACHADO; HAERTEL, 2006).
Atenção
Observe o núcleo claro com nucléolo evidente e o citoplasma repleto de corpúsculos de Nissl. Entre os neurônios, podemos
observar a presença dos núcleos de oligodendrócitos (A), astrócitos protoplasmáticos (B) e de microgliócitos (C).
https://www.youtube.com/watch?v=vyNkAuX29OU
Dendritos
Geralmente são curtos, podendo variar de alguns micrômetros
a alguns milímetros de comprimento, e rami�cam-se
profusamente, à maneira de galhos de uma árvore, em ângulo
agudo, originando dendritos de menor diâmetro que
apresentam contorno irregular. (MACHADO; HAERTEL, 2006, p.
55)
Os distúrbios elétricos que ocorrem ao nível dos dendritos e do
corpo celular constituem potenciais graduáveis (podem se
somar) também chamados eletrotônicos. São de pequena
amplitude (100µV-100mV) e percorrem pequenas distâncias (1
a 2mm no máximo) até se dissipar. Esses potenciais irão se
propagar em direção ao corpo e, a partir dele, em direção ao
local de sinapse com outro neurônio. (SILVERTHORN, 2010, p.
127)
Axônio
Apresenta comprimento bastante variável, dependendo do tipo
de neurônio. Pode ter, no ser humano, de alguns milímetros a
mais de um metro. Possui aspecto cilíndrico. Faz sua
rami�cação em trajeto obtuso, originando prolongamentos
colaterais de mesmo diâmetro daquele de origem. (AIRES,
2012, p. 250)
O axônio consegue propagar um impulso nervoso (potencial
de ação), que, iniciando pela fase de despolarização, pode
gerar uma variação (amplitude) de voltagem equivalente a 70-
110mV. Essa voltagem é capaz de se repetir ao longo de toda
sua extensão, conservando sua amplitude até atingir a sua
porção �nal: o terminal axônico.
Especializado em gerar e conduzir o potencial de ação (o local
onde o primeiro potencial de ação é gerado denomina-se
também zona gatilho). Essa função se dá pela grande
quantidade de diversos canais iônicos (canais de sódio e
potássio sensíveis à voltagem, como será visto com mais
detalhes na próxima aula), que podem ser regulados ou não
por voltagem, sofrendo diversas alterações para que, através
do �uxo iônico, o potencial de ação e o tráfego das
informações aconteçam. (AIRES, 2012, p. 253)
Através de seus prolongamentos colaterais, os axônios geralmente sofrem arborização terminal. Através dessas terminações,
conseguem estabelecer conexões (sinapses) com outros neurônios ou com células efetuadoras (�gura 8).
Saiba mais
Entretanto, a especialidade de neurônios pode ser a de produzir secreções. Seus axônios terminam próximos a capilares
sanguíneos: após ocorrer a secreção dos neurotransmissores, a resposta efetora (vasodilatação ou vasoconstrição) é direcionada
por esse tecido para promover o controle hemodinâmico. (BERNE et al., 2004, p. 157)
Classi�cação dos neurônios
Na �gura 10, podemos observar a características dos principais tipos dos neurônios. A maioria deles possui vários dendritos e um
axônio; por isso, são chamados multipolares. Nos neurônios bipolares, dois prolongamentos (dendrito e axônio) deixam o corpo
celular. Os mais comuns são os neurônios bipolares da retina e do gânglio espiral do ouvido interno.
Nos neurônios pseudounipolares, cujos corpos celulares se localizam nos gânglios sensitivos, apenas um prolongamento deixa o
corpo celular, logo dividindo-se, de forma semelhante a um T, em dois ramos: periférico e central. O primeiro dirige-se à região
periférica (SNP), onde forma terminação nervosa sensitiva; o segundo dirige-se ao SNC, onde estabelece contatos com outros
neurônios.
Tipos de neurônios
Bipolar Multipolar Pseudo-unipolar
 Figura 10: Estruturas representativas dos três tipos básicos de neurônios. (Fonte: Designua / Shutterstock).
Células da glia (neuróglia)
Nos sistemas nervosos central e periférico, os neurônios relacionam-se com células coletivamente denominadas neuróglia, glia
ou gliócitos. São as chamadas células de sustentação. Estão caracterizadas em seis diferentes tipos (�gura 11):
Células da glia e suas funções
 Figura 11: Células da glia, suas localizações e funções. (Fonte: Designua / Shutterstock).
Quatro no sistema nervoso central:
Astrócitos;
Oligodendrócitos;
Microgliócitos;
Células ependimárias.
Dois no sistema nervoso periférico (compreendem a
neuróglia do SNP):
Células de Schwann;
Células satélites.
Atenção
Evidências recentes sugerem que as células gliais, apesar de não participarem diretamente na transmissão de sinais elétricos, se
comunicam com os neurônios e fornecem um importante suporte físico e bioquímico. (MACHADO; HAERTEL, 2006, p.27)
É possível notar na �gura 11 que apenas os astrócitos apresentam pés vasculares envolvendo os vasos sanguíneos. Iremos
detalhar a seguir os seis tipos de célula dos sistemas nervosos periférico central.
Clique nos botões para ver as informações.
Possuem essa denominação devido à estrutura bastante semelhante com a de uma estrela. Muito abundantes, astrócitos
possuem inúmeros prolongamentos, restando uma pequena massa citoplasmática ao redor do núcleo esférico ou ovoide e
vesiculoso (�gura 11).
Apresentam funções importantes também na sustentação e no isolamento dos neurônios, além de serem o principal local
de armazenamento de glicogênio no SNC. Participam do controle dos níveis iônicos, promovendo a captação de íons e
ajudando na manutenção de suas baixas concentrações no meio extracelular.
Em caso de lesão celular, os astrócitos se proliferam no local da injúria por mitose e ocupam as áreas lesionadas para
contribuir na regeneração do tecido comprometido. Se o tecido sofrer degeneração axônica, eles adquirem função
fagocitária no nível das sinapses, ou seja, qualquer botão sináptico em degeneração é internalizado pelos astrócitos.
(MACHADO; HAERTEL, 2006, p. 27)
Astrócitos 
Células menores que os astrócitos. Possuem poucos prolongamentos que também podem formar os pés vasculares. Em
cortes histológicos, apresentam núcleo menor e mais condensado que o dos astrócitos. Conforme sua localização,
distinguem-se em dois tipos:
Satélite ou perineuronal, próximo ao pericário e aos dendritos;
Fascicular, próximo às �bras nervosas (�gura 11).
Os oligodendrócitos fasciculares são responsáveis pela formação da bainha de mielina nos axônios dos neurônios
pertencentes ao SNC. (MACHADO; HAERTEL, 2006, p. 28)
Oligodendrócitos 
Encontrados tanto na substância brancacomo na cinzenta, apresentam funções fagocitárias. Acredita-se que os
microgliócitos de tecido nervoso normal sejam apenas células pouco diferenciadas capazes de se transformar em astrócitos
ou oligodendrócitos. Entretanto, inúmeras evidências indicam que eles sejam de origem mesodérmica ou, mais
precisamente, de monócitos, equivalendo no sistema nervoso central a um tipo de macrófago, cujas funções removem
células mortas, dentritos e micro-organismos invasores por fagocitose.
Observa-se também que, em caso de injúria e in�amação, elas se proliferam devido especialmente ao novo aporte de
monócitos advindos da circulação sanguínea. Nesse caso, trata-se dos chamados microgliócitos reativos, que podem estar
repletos de vacúolos digestivos, contendo fragmentos celulares. (JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017, p. 54)
Microgliócitos 
Células remanescentes do neuroepitélio embrionário, elas são coletivamente denominadas de epêndima ou epitélio
ependimário. Cada célula ependimária possui um prolongamento ou processo basal que penetra no tecido nervoso ao redor
de suas cavidades.
Nos ventrículos cerebrais, um tipo de célula ependimária modi�cada recobre tufos de tecido conjuntivo, rico em capilares
sanguíneos, que se projetam da pia-máter, constituindo os plexos coroides responsáveis pela formação do líquido
cefalorraquidiano (LCR). (MACHADO; HAERTEL, 2006, p. 29)
Células ependimárias 
Circundam os axônios, formando seus envoltórios, como a bainha de mielina e o envoltório das �bras pós-ganglionares
(neurilema). Diferentemente dos gliócitos do sistema nervoso central, apresentam-se circundadas por membrana basal.
As células de Schwann têm núcleos ovoides ou alongados, com nucléolos mais evidentes (�gura 11). Em caso de lesão dos
nervos, essas células desempenham importante papel na regeneração de �bras nervosas, fornecendo substrato energético
necessário ao crescimento dos axônios em regeneração. (MACHADO; HAERTEL, 2006, p. 29)
Células de Schwann 
Envolvem os pericários dos neurônios dos gânglios sensitivos e do sistema nervoso autônomo. Geralmente, essas células
possuem característica lamelar ou são achatadas e dispostas próximas aos neurônios. Por isso, histologicamente,
observam-se núcleos esferoidais ou ovoides relativamente densos.
Células satélites 
Atividade
1. Assinale a a�rmativa incorreta:
a) Os sistemas orgânicos representam importante mecanismo de controle homeostático e suas respostas são essenciais para manutenção
relativamente constante dos níveis de glicose, pH e temperatura, mesmo em períodos de jejum prolongado.
b) Os sistemas do organismo humano interagem para manter condições nutricionais e ambientais propícias ao funcionamento da célula,
cujo objetivo precípuo é sobreviver como um sistema a fim de transmitir sua informação genética a outras gerações através da
reprodução.
c) A autofagia é um processo regenerativo da função celular e deve ser evitado através de uma boa alimentação.
d) O comportamento humano pode ser considerado um mecanismo de controle homeostático.
e) O fenômeno hormético pode ser bem representado através do efeito bifásico da curva de dose, resposta cujos estímulos muito leves
ou muito intensos impossibilitam a adaptação celular.
2. Um organismo vivo é resultado de milhares de anos de evolução em que mutações aleatórias ocorridas em meio a diferentes
pressões ambientais selecionaram as estruturas mais adequadas para a sobrevivência. Explique a importância dos mecanismos
de controle homeostático em organismos complexos, como o dos seres humanos, diferenciando-os daqueles que podem ser
encontrados em bactérias unicelulares.
3. Assinale a a�rmativa incorreta:
a) Células de Schwann e oligodendrócitos integram a bainha de mielina em axônios presentes respectivamente nos sistemas nervosos
central e periférico.
b) Enquanto a maior parte dos neurônios motores é multipolar, a maioria dos sensoriais é pseudounipolar.
c) Neurônios são células que possuem organelas na soma capazes de sintetizar neurotransmissores e conduzi-los para a terminação
axônica até que um estímulo determine sua secreção.
d) Além de colaborar na composição da barreira hematoencefálica, a micróglia é capaz de remover e metabolizar neurotransmissores
presentes na fenda sináptica.
e) O sistema nervoso possui células especializadas para destruir e fagocitar moléculas estranhas que eventualmente tenham acesso às
nobres estruturas neurais.
Referências
AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
BERNE, R. M. et al. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de �siologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2017.
MACHADO, A. B. M.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e �siologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Próxima aula
Estudo da comunicação celular – origem e propagação dos impulsos nervosos;
Organização funcional das sinapses elétricas e químicas e de seus neurotransmissores;
Mecanismos �siológicos da visão, audição, equilíbrio, gustação e olfação.
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Para entender melhor a organização funcional do cérebro, assista aos seguintes vídeos:
Visão geral sobre as funções do córtex cerebral <https://www.youtube.com/watch?v=NwY2Fvvnt60&feature=youtu.be.> ;
O é b h // b / h? 2lQ8HY KM &f b
https://www.youtube.com/watch?v=NwY2Fvvnt60&feature=youtu.be.
https://www.youtube.com/watch?v=e2lQ8HYeKMw&feature=youtu.be
O cérebro <https://www.youtube.com/watch?v=e2lQ8HYeKMw&feature=youtu.be> .
https://www.youtube.com/watch?v=e2lQ8HYeKMw&feature=youtu.be

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