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SEMINÁRIO SAVIANI

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE ITAPIPOCA – FACEDI
DISCIPLINA: POLÍTICA EDUCACIONAL 
SEMINÁRIO: POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA - LIMITES E PERSPECTIVAS
AUTOR: DERMEVAL SAVIANI
PROFESSOR: FELIPE FRANKLIN DE LIMA NETO
ALUNAS: LETÍCIA SARA FÉLIX DOS PASSOS DIAS
 SÂNZIA MARIANA GONÇALVES ANDRADE
ITAPIPOCA – CE
2020
BIOGRAFIA DO AUTOR
 Dermeval Saviani é um importante pensador brasileiro contemporâneo, defensor da escola pública e autor de diversos livros significativos que contribuem para formação do docente, visto que, o autor é considerado um filósofo da educação. Saviani nasceu no dia 25 de dezembro de 1943 na cidade de Santo Antônio de Posse, no interior de São Paulo. 
 Por ter origem pobre, sendo neto de imigrantes italianos e filho de trabalhadores rurais, Saviani cresceu observando as relações e diferenças existentes entre as condições sociais, econômicas e culturais. Portanto, sua educação na infância e na adolescência o levaram a alcançar um amadurecimento social, político e intelectual. E, diante da sua trajetória, o autor desenvolveu uma percepção crítica da situação do país e do papel do educador. O percurso de sua história o permitiu desenvolver uma visão progressista sobre a educação, uma vez que, ele é o fomentador da teoria “histórico-crítica” que tem como objetivo principal transmitir conhecimentos significativos que contribuam para a formação dos indivíduos, tornando-os emancipados, com conhecimento e opinião crítica, possibilitando dessa forma a inclusão social dessas mesmas pessoas. 
 O autor possui graduação e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Professor Emérito da UNICAMP, Pesquisador Emérito do CNPq e Coordenador Geral do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil". Tem o título de "Doutor Honoris Causa" da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Tiradentes de Sergipe. Possui vasta experiência na área de educação, com destaque para a Filosofia e História da Educação, atuando principalmente em temas como: educação brasileira e história da educação, legislação do ensino e política educacional, historiografia e educação, história da escola pública, pedagogia e teorias da educação.
POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA - LIMITES E PERSPECTIVAS
1. INTRODUÇÃO
 A política educacional diz respeito às decisões que o Estado, toma em relação à educação. Diante das várias limitações que a educação brasileira encontra, as duas principais são: a histórica resistência que as elites dirigentes opõem à manutenção da educação pública e à descontinuidade, também histórica, das medidas educacionais acionadas pelo Estado. A primeira limitação materializa-se na tradicional escassez dos recursos financeiros destinados à educação, a segunda é a sequência interminável de reformas, cada qual recomeçando da estaca zero e prometendo a solução definitiva dos problemas que se vão perpetuando indefinidamente. 
2. A HISTÓRICA RESISTÊNCIA À MANUTENÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
 A educação tem em sua história o processo de desenvolvimento da humanidade, portanto, ela ultrapassa gerações e modifica o homem social através dos séculos. No Brasil, a história da educação começa com os “Regimentos”, documentos editados por D. João III que serviram de base para orientar as ações do primeiro governador geral, Tomé de Souza. Em 1549, Tomé de Souza chegou a colônia de Portugal acompanhado de quatro padres e dois irmãos jesuítas chefiados por Manuel da Nóbrega. 
2.2 PEDAGOGIA JESUÍTICA (1549 – 1759)
 No mesmo ano de sua chegada, os jesuítas deram início à obra educativa centrada na catequese, guiados pela orientação contida nos referidos “Regimentos”. Dedicaram-se integralmente ao trabalho educativo e à propagação da fé católica, buscando instalar o processo “civilizatório” nos nativos. Nesse cenário, cabia à coroa manter o ensino, mas o rei só enviava verbas para a manutenção e a vestimenta dos jesuítas, não para construções de escolas. Mesmo com recursos limitados, os jesuítas conseguiram estabelecer um colégio na Bahia.
 Em 1564, a coroa adotou o plano redizima, que direcionava 10% de todos os impostos arrecadados da colônia brasileira para à manutenção dos colégios jesuíticos. Educação financiada com recursos públicos, porém com diretrizes e estruturas coordenadas por um órgão privado, ou seja, os jesuítas. A partir desse período, iniciou-se uma fase de relativa prosperidade, dividindo a história dos jesuítas em duas: primeira fase de dificuldades e segunda fase de conforto e facilidades. No ano de 1759 os jesuítas foram expulsos do país por ordem do Marquês de Pombal, visto que, eles representavam uma ameaça para a coroa, devido terem grande influência, autonomia política e riquezas acumuladas. A educação dos jesuítas não atingiu 0,1% da população brasileira, pois, eram excluídas as mulheres (50% da população), os escravos (40%), os negros livres, os pardos, filhos ilegítimos e crianças abandonadas.
2.3 PEDAGOGIA POMBALIANA (1759-1827)
 Esse período deu início a escola pública estatal no país. Em 1759, após o fechamento dos colégios jesuítas, foram introduzidas as “aulas régias” mantidas pela coroa. As reformas pombalinas contrapõem-se ao predomínio das ideias religiosas e tinham como base as ideias laicas inspiradas no Iluminismo.
 As “aulas régias” corresponderia ao nível secundário, em especial às classes de latim, a responsabilidade do Estado limitava-se ao pagamento do salário do professor e às diretrizes curriculares da matéria a ser ensinada, deixando a cargo do próprio professor a provisão das condições materiais relativas ao local, geralmente sua própria casa, e à sua infraestrutura, assim como aos recursos pedagógicos a serem utilizados no desenvolvimento do ensino. Essa situação era agravada pela insuficiência de recursos, dado que a colônia não contava com uma estrutura arrecadadora capaz de garantir a obtenção do “subsídio literário” para financiar as “aulas régias”.
2.4 PRIMEIRO IMPÉRIO E SEGUNDO IMPÉRIO
 Em 15 de outubro de 1827, foi aprovado um documento legal que ficou conhecido como lei das escolas de primeiras letras que estabelecia: “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias”. Mas, somente com o Ato Adicional à Constituição do Império, promulgado em 1834, o ensino primário ficou sob a jurisdição das Províncias, desobrigando o Estado Nacional de cuidar desse nível de ensino.
 As províncias não estavam equipadas nem financeira e nem tecnicamente para promover a difusão do ensino, o resultado foi que atravessamos o século XIX sem que a educação pública recebesse os investimentos necessários, visto que, a educação no país pouco evoluiu desde a sua descoberta. Percebe-se que a educação nunca foi de fato prioridade para a coroa e por esse motivo os investimentos foram tão irrisórios. Rui Barbosa, constatou em 1882: “O Estado, no Brasil, consagra a esse serviço (investimento na educação) apenas 1,99% do orçamento geral, enquanto as despesas militares nos devoram 20,86%”. Diante dessas informações é possível compreender que durante o período imperial não foi implantado um sistema nacional de ensino adequado que suprisse as necessidades do brasileiro e por essa razão o país foi acumulando um grande déficit histórico em matéria de educação.
2.5 EDUCAÇÃO NO BRASIL PÓS IMPÉRIO ATÉ A ATUALIDADE
 Ao longo da Primeira República, o ensino permaneceu praticamente estagnado, resultando em 65% da população brasileira analfabeta entre os anos de 1900 a 1920. A partir da década de 1930, com a industrialização e urbanização, começa a haver, maior investimento na educação, porém, em ritmo menor do que o necessário.
 A Constituição de 1934 determinou que a União e os municípios deveriam aplicar no mínimo 10% e os estados 20% da arrecadação de impostos “na manutenção e desenvolvimento dos sistemaseducacionais”. No entanto, essa vinculação orçamentária foi retirada na Constituição de 1937, durante o Estado Novo, e foi retomada na Carta Magna de 1946, que fixou em 20% a obrigação mínima dos estados e municípios e 10% da União. Mesmo sendo estabelecido por lei, os investimentos na educação no ano de 1955 não alcançaram o mínimo determinado, visto que, a União repassava apenas 5,7%, os estados 13,7% e municípios 11,4%. Durante o regime militar a vinculação orçamentária foi excluída, fazendo com que o orçamento da União para educação e cultura caísse de 9, 6% em 1965, para 4,31% em 1975.
 A atual Constituição, promulgada em 1988, restabeleceu a vinculação de investimento, fixando 18% para a União e 25% para estados e municípios. Porém, para burlar a lei, passou-se a criar novas fontes de receita nomeando-as, não com a palavra “imposto”, mas utilizando o termo “contribuição”. A essas receitas, como não recebem o nome de impostos, não se aplica a vinculação orçamentária constitucional dirigida à educação. 
 Os truques e “jeitinhos” que tornam nossas elites econômicas e políticas mestras em prejudicar o brasileiro fizeram com que o PIB (Produto Interno Bruto) fosse calculado de forma errônea, uma vez que, o PIB brasileiro em 2006 foi de 2 trilhões e 322 bilhões de reais. Isso significa que, levando-se em conta a informação do próprio MEC de que o Brasil gasta em educação, atualmente, 4,3% do PIB, os gastos para 2007 deveriam ser da ordem de 99 bilhões e 846 milhões de reais. Portanto, o montante a ser destinado à educação básica seria de 76 bilhões e 800 milhões, muito superior ao valor de 43 bilhões e 100 milhões programados para 2007. Todas essas informações nos remetem a Darcy Ribeiro, que uma vez diz: a crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto. 
3. A DESCONTINUIDADE NAS POLÍTTICAS EDUCATIVAS

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