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Direito Processual Penal Provas V Perícias. Interrogatório. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal 2 de 23 3 Doutrina referência para a nossa aula: • Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. 4 Das Perícias No caso de lesão corporal, em havendo um primeiro exame pericial incompleto é possível a realização de um exame complementar por determinação do Delegado de Polícia ou Juiz, visando a apuração da extensão da lesão corporal, conforme o art. 168, CPP: 5 Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. §1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir- lhe a deficiência ou retificá-lo. 6 §2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. §3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 7 Outra prova pericial é o exame do local em que foi praticada a infração. Para realização deste exame o Delegado de Polícia determinará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos Peritos, nos termos do CPP: Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 8 Em havendo mudança do local do crime: Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 9 Mais uma espécie de prova pericial é o exame laboratorial, nos termos do art. 170, CPP: Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. 10 O perito expressa as suas conclusões sobre o exame feito nos vestígios do crime através do Laudo Pericial de forma técnica e fundamentada, nos termos do art. 160, CPP: Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 11 Outra modalidade de prova pericial é a perícia em furto qualificado que visa demonstrar a incidência das qualificadoras de (1) destruição, (2) rompimento de obstáculo e (3) escalada, nos termos do art. 171, CPP: Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 12 Em crimes contra o patrimônio, quando necessário, deve ser confeccionado o laudo de avaliação das coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Essa avaliação pode ser direta ou indireta nos termos do art. 172, CPP: Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 13 Para verificação do crime previsto no art. 250, CP, crime de incêndio, é cabível a realização de exame de local de incêndio, nos termos do art. 173, CPP. Ordena ao art. 250, CP: Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 14 Determina o art. 173, CPP: Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 15 Exame de todo pertinente para determinação da autoria em crimes envolvendo fraudes e falsificações é o de reconhecimento de escritos ou grafotécnicos ou caligráficos, nos termos do art. 174, CPP: Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; 16 II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 17 IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. 18 É possível ainda o exame dos instrumentos utilizados para a perpetração do crime sob escrutínio que verificará a (1) natureza e a (2) eficiência do instrumento, nos termos do art. 175, CPP: Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. 19 Se a perícia for feita por 2 peritos não oficiais, havendo divergência entre eles, cada um dos peritos poderá apresentar, no mesmo laudo, as suas opiniões. Ademais, em qualquer circunstância o Juiz poderá nomear terceiro perito dito “perito desempatador”, nos termos do art. 180, CPP: Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. 20 O Juiz, no sistema do livre convencimento motivado, não está adstrito ao laudo pericial, podendo rejeitá-lo, no todo ou em parte desde que sempre fundamente a sua decisão à luz do conjunto probatório – iudex est peritum peritorum, nos termos do art. 182, CPP: Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 21 22 Do Interrogatório Sob a perspectiva garantista do Processo Penal, no contexto do Sistema Acusatório, o Interrogatório além de ser um meio de prova é também um meio de Defesa. No Interrogatório o Indiciado ou o Réu pode levar a termo a sua versão sobre os fatos sob escrutínio exercendo o seu Direito de Autodefesa. Assim, o Indiciado ou o Réu no exercício da sua Autodefesa pode silenciar, sem ter o seu silêncio interpretado em seu desfavor, e pode inclusive mentir quanto ao mérito do seu Interrogatório. 23 Dessa forma, segundo o que prescreve o art. 186, CPP: Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecercalado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 24 Todavia, o direito ao silêncio do Indiciado ou do Réu está adstrito à segunda fase do Interrogatório, referente aos fatos delitivos sob exame, e não à primeira que diz respeito à sua qualificação, vide art. 187, CPP: 25 Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. §1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 26 O Interrogatório Judicial há de ser acompanhado por Defensor (Defesa Técnica) sob pena de Nulidade Absoluta. Além disto o Réu tem direito a entrevista prévia com o seu Defensor, vide art. 185, caput e §5o do CPP: 27 Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. §5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. 28 O Interrogatório se inicia com uma fase preliminar, em que o interrogado é advertido sobre seu direito ao silêncio, conforme o art. 186, CPP, visto acima: Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 29 Em seguida realiza-se o procedimento do Interrogatório propriamente dito, com a primeira fase de qualificação do Interrogado e a segunda fase que diz respeito aos fatos de interesse, momento que lhe é garantido o silêncio ou a mentira, desde que não seja autoacusação falsa e imputação falsa a terceiro. Em relação ao mérito da causa será indagado minimamente o que é prescrito no art. 187, §2o ,CPP: 30 Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. §2o Na segunda parte será perguntado sobre: I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; 31 III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; 32 VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 33 Como o Interrogatório também constitui Meio de Defesa ele deixou de ser ato privativo do Juiz, possibilitando-se a participação das partes mediante formulação de perguntas dirigidas ao Interrogado, nos termos do art. 188, CPP: Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. 34 Em resposta às perguntas formuladas, se o Interrogado negar a acusação poderá prestar esclarecimentos e indicar provas, conforme o art. 189, CPP: Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. 35 – Penúltimo Slide! Se confessar a autoria o Interrogado será indagado sobre as circunstâncias do fato sob análise, vide o art. 190, CPP: Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam. 36/36 – Último Slide! Direito Processual Penal Muito obrigado! Até a próxima. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal
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