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Direito Processual Penal Provas VII Testemunhas II. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal 2 de 23 3 Doutrina referência para a nossa aula: • Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. 4 Das Testemunhas As Testemunhas, em regra, devem ser arroladas na Peça Exordial da Ação Penal ou na Resposta Escrita do Réu, sob pena de preclusão. Estas são as chamadas Testemunhas Numerárias que arroladas pelas partes, compromissadas e que integram o número legal de testemunhas. No bojo do Procedimento Ordinário, por exemplo, o número de testemunha é de 08. 5 De outro lado, há as Testemunhas Extranumerárias que são ouvidas ex officio pelo Juiz como as Testemunhas Referidas (ou Referenciais) que são aquelas referidas por testemunhas, vide art. 209, CPP: Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. §1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. 6 As Testemunhas Referidas não integram o quantitativo legal de Testemunhas, isso ao lado das testemunhas Inócuas que são aquelas que nada souberam sobre os fatos de interesse, conforme o art. 209, CPP: §2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa. 7 A quantidade máxima de testemunhas que podem ser arroladas pelas partes: 08 testemunhas 05 testemunhas 03 testemunhas Procedimento comum ordinário - art. 401, caput, CPP. Procedimento comum sumário - art. 532, CPP. Procedimento do crime de abuso de autoridade – art. 2º, parágrafo único, Lei 4898/1965. Procedimento do júri - art. 406, §§ 2º e 3º, CPP. Procedimento dos crimes falimentares - art. 185, Lei 1.101/2005 c/c o art. 532, CPP. Procedimento dos crimes de responsabilidade de funcionário público - art. 518, CPP. Procedimento dos especiais criminais, por analogia ao art. 532 do CPP. Inaplicável o art. 34 da Lei 9.099/1995, pois especifico aos juizados especiais cíveis. 08 testemunhas 05 testemunhas 03 testemunhas Procedimento dos crimes contra honra - art. 519, CPP. Procedimento previsto na lei de drogas - arts. 54 e 55, § 1º, Lei 11.343/2006. Procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial - art. 524, CPP. Procedimento dos crimes de competência dos TJ, TRF, STJ e STF - art. 9º, Lei 8.038/1990 c/c a Lei 8.658/1993. Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima Igual ou superior a 4 anos (analogia ao procedimento comum ordinário) Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima inferior a 4 anos (analogia ao procedimento comum sumário) A testemunha que reside fora do juízo será ouvida por Carta Precatória, nos termos do art. 222, CPP: Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. §1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. 10 Não se pode olvidar o que o STF ordena na Súmula 155: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. Também entende o STJ na Súmula 273: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado. 11 Atenção §2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos. 12 §3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento. Há de se ressaltar que a possibilidade de videoconferência, em regra, esvaziou a Carta Precatória no Processo Penal. 13 Se a testemunha devidamente intimada não comparece injustificadamente à audiência de instrução e julgamento o juiz pode determinar a sua condução coercitiva nos termos do art. 218, CPP: Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. 14 Além disso, a testemunha faltante também está sujeita à multa conforme o art. 458, CPP: Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no §2o do art. 436 deste Código. 15 Determina o art. 436, §2º, CPP, que versa sobre a recusa injustificada de jurado que também se aplica à testemunha faltante: §2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica do jurado. 16 De outro lado, as testemunhas podem ser contraditadas quando há circunstâncias que as tornem suspeitas ou indignas de fé, como as que não podem depor, cf., art. 207, CPP, ou as que estão dispensadas de prestar compromisso de dizer a verdade, cf. art. 208, CPP: Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. 17 Determinam os art. 207 e 208, CPP: Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 18 Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios a seu alcance, cf. art. 205: Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar- lhe o depoimento desde logo. 19 De outro lado, há autoridades públicas que possuem prerrogativas em relação aos seus depoimentos na condição de testemunha, cf. CPP: Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. § 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. 21 As Testemunhas, devem ser ouvidas de per si, separadamente, para que umas não tomem conhecimento do teor do depoimento das outras, cf. CPP: Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentosdas outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. 22 As perguntas às testemunhas serão formuladas diretamente pelas partes, com fiscalização do Juiz, que poderá, inclusive, indeferir as perguntas nos termos do art. 212, CPP: Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 23 O depoimento da testemunha em regra será oral, podendo esta consultar apontamentos de forma breve, cf. art. 213, CPP: Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. 24 No depoimento prestado o juiz não permitirá que a testemunha apresente suas impressões pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato, cf. art. 213, CPP: Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. 25 O juiz deve se preocupar em reproduzir fielmente o depoimento, cf. art. 215, CPP: Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases. 26 O depoimento da testemunha será reduzido a termo e sempre que possível o registro haverá de ser feito por meio tecnológico, cf. o art. 405, CPP: Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. 27 §1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. §2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. 28 As pessoas impossibilitadas de comparecerem para depor podem ser ouvidas no local em que se encontram, cf. o art. 220, CPP: Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem. 29 E se a testemunha houver de ausentar-se e inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista o juiz poderá tomar-lhe o depoimento, cf. art. 225, CPP: Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 30 – Penúltimo Slide. Há também a possibilidade de tomada de depoimento através de videoconferência, cf. CPP: Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. 31 – Último Slide. Direito Processual Penal Muito obrigado! Até a próxima. Prof. M.Sc. Adriano Barbosa Delegado de Polícia Federal
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