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aula 45 interrogatório

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Direito Processual Penal
Provas VII
Testemunhas II.
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal
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Doutrina referência para a nossa aula:
• Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal
Comentado.
• Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado.
• Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal.
• Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal.
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Das Testemunhas
As Testemunhas, em regra, devem ser arroladas na Peça
Exordial da Ação Penal ou na Resposta Escrita do Réu, sob
pena de preclusão.
Estas são as chamadas Testemunhas Numerárias que
arroladas pelas partes, compromissadas e que integram o
número legal de testemunhas. No bojo do Procedimento
Ordinário, por exemplo, o número de testemunha é de 08.
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De outro lado, há as Testemunhas Extranumerárias que
são ouvidas ex officio pelo Juiz como as Testemunhas
Referidas (ou Referenciais) que são aquelas referidas por
testemunhas, vide art. 209, CPP:
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá
ouvir outras testemunhas, além das indicadas
pelas partes.
§1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas
as pessoas a que as testemunhas se referirem.
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As Testemunhas Referidas não integram o quantitativo
legal de Testemunhas, isso ao lado das testemunhas
Inócuas que são aquelas que nada souberam sobre os
fatos de interesse, conforme o art. 209, CPP:
§2o Não será computada como testemunha a
pessoa que nada souber que interesse à decisão da
causa.
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A quantidade máxima de testemunhas que podem ser arroladas pelas partes:
08 testemunhas 05 testemunhas 03 testemunhas
Procedimento comum
ordinário - art. 401, caput,
CPP.
Procedimento comum
sumário - art. 532, CPP.
Procedimento do crime de
abuso de autoridade – art.
2º, parágrafo único, Lei
4898/1965.
Procedimento do júri - art.
406, §§ 2º e 3º, CPP.
Procedimento dos crimes
falimentares - art. 185, Lei
1.101/2005 c/c o art. 532,
CPP.
Procedimento dos crimes de
responsabilidade de
funcionário público - art.
518, CPP.
Procedimento dos especiais
criminais, por analogia ao art.
532 do CPP. Inaplicável o art.
34 da Lei 9.099/1995, pois
especifico aos juizados
especiais cíveis.
08 testemunhas 05 testemunhas 03 testemunhas
Procedimento dos crimes contra honra -
art. 519, CPP.
Procedimento previsto na lei de
drogas - arts. 54 e 55, § 1º, Lei
11.343/2006.
Procedimento dos crimes contra a
propriedade imaterial - art. 524, CPP.
Procedimento dos crimes de
competência dos TJ, TRF, STJ e STF - art.
9º, Lei 8.038/1990 c/c a Lei
8.658/1993.
Procedimento dos crimes eleitorais,
quando punidos com pena máxima Igual
ou superior a 4 anos (analogia ao
procedimento comum ordinário)
Procedimento dos crimes
eleitorais, quando punidos com
pena máxima inferior a 4 anos
(analogia ao procedimento
comum sumário)
A testemunha que reside fora do juízo será ouvida
por Carta Precatória, nos termos do art. 222, CPP:
Art. 222. A testemunha que morar fora da
jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de
sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
precatória, com prazo razoável, intimadas as
partes.
§1o A expedição da precatória não suspenderá a
instrução criminal.
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Não se pode olvidar o que o STF ordena na
Súmula 155:
É relativa a nulidade do processo criminal
por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.
Também entende o STJ na Súmula 273:
Intimada a defesa da expedição da carta
precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo
deprecado. 11
Atenção
§2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o
julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma
vez devolvida, será junta aos autos.
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§3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a
oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio
de videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real,
permitida a presença do defensor e podendo ser
realizada, inclusive, durante a realização da
audiência de instrução e julgamento.
Há de se ressaltar que a possibilidade de videoconferência,
em regra, esvaziou a Carta Precatória no Processo Penal.
13
Se a testemunha devidamente intimada não comparece
injustificadamente à audiência de instrução e julgamento
o juiz pode determinar a sua condução coercitiva nos
termos do art. 218, CPP:
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha
deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz
poderá requisitar à autoridade policial a sua
apresentação ou determinar seja conduzida por
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da
força pública.
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Além disso, a testemunha faltante também está sujeita à
multa conforme o art. 458, CPP:
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar
de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da
ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a
multa prevista no §2o do art. 436 deste Código.
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Determina o art. 436, §2º, CPP, que versa sobre a recusa
injustificada de jurado que também se aplica à
testemunha faltante:
§2o A recusa injustificada ao serviço do júri
acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez)
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com
a condição econômica do jurado.
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De outro lado, as testemunhas podem ser contraditadas
quando há circunstâncias que as tornem suspeitas ou
indignas de fé, como as que não podem depor, cf., art. 207,
CPP, ou as que estão dispensadas de prestar compromisso
de dizer a verdade, cf. art. 208, CPP:
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes
poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias
ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou
indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou
arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a
testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos
previstos nos arts. 207 e 208. 17
Determinam os art. 207 e 208, CPP:
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que,
em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas
pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que
alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais
e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às
pessoas a que se refere o art. 206.
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Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o
juiz procederá à verificação pelos meios a seu alcance, cf.
art. 205:
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
testemunha, o juiz procederá à verificação pelos
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-
lhe o depoimento desde logo.
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De outro lado, há autoridades públicas que possuem
prerrogativas em relação aos seus depoimentos na condição
de testemunha, cf. CPP:
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os
governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado,
os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados
às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder
Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da
União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do
Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora
previamente ajustados entre eles e o juiz.
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e
do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação
de depoimento por escrito, caso em que as perguntas,
formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão
transmitidas por ofício.
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade
superior.
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art.
218, devendo, porém, a expedição do mandado ser
imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que
servirem, com indicação do dia e da hora marcados.
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As Testemunhas, devem ser ouvidas de per si,
separadamente, para que umas não tomem conhecimento
do teor do depoimento das outras, cf. CPP:
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma
de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam
os depoimentosdas outras, devendo o juiz adverti-las
das penas cominadas ao falso testemunho.
Parágrafo único. Antes do início da audiência e
durante a sua realização, serão reservados espaços
separados para a garantia da incomunicabilidade das
testemunhas.
22
As perguntas às testemunhas serão formuladas
diretamente pelas partes, com fiscalização do Juiz, que
poderá, inclusive, indeferir as perguntas nos termos do
art. 212, CPP:
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha, não admitindo o juiz
aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem
relação com a causa ou importarem na repetição de
outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o
juiz poderá complementar a inquirição. 23
O depoimento da testemunha em regra será oral,
podendo esta consultar apontamentos de forma breve, cf.
art. 213, CPP:
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente,
não sendo permitido à testemunha trazê-lo por
escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha,
entretanto, breve consulta a apontamentos.
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No depoimento prestado o juiz não permitirá que a
testemunha apresente suas impressões pessoais, salvo
quando inseparáveis da narrativa do fato, cf. art. 213, CPP:
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha
manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
inseparáveis da narrativa do fato.
25
O juiz deve se preocupar em reproduzir fielmente o
depoimento, cf. art. 215, CPP:
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões
usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente
as suas frases.
26
O depoimento da testemunha será reduzido a termo e
sempre que possível o registro haverá de ser feito por
meio tecnológico, cf. o art. 405, CPP:
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado
termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes
nela ocorridos.
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§1o Sempre que possível, o registro dos
depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e
testemunhas será feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter
maior fidelidade das informações.
§2o No caso de registro por meio audiovisual, será
encaminhado às partes cópia do registro original,
sem necessidade de transcrição.
28
As pessoas impossibilitadas de comparecerem para depor
podem ser ouvidas no local em que se encontram, cf. o
art. 220, CPP:
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por
enfermidade ou por velhice, de comparecer para
depor, serão inquiridas onde estiverem.
29
E se a testemunha houver de ausentar-se e inspirar receio
de que ao tempo da instrução criminal já não exista o juiz
poderá tomar-lhe o depoimento, cf. art. 225, CPP:
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de
ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice,
inspirar receio de que ao tempo da instrução
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento.
30 – Penúltimo Slide.
Há também a possibilidade de tomada de depoimento
através de videoconferência, cf. CPP:
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá
causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
verdade do depoimento, fará a inquirição por
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas
previstas no caput deste artigo deverá constar do termo,
assim como os motivos que a determinaram.
31 – Último Slide.
Direito Processual Penal
Muito obrigado!
Até a próxima.
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal

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