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Gazeta Digital - A política e a religião

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A política e a religião
gazetadigital.com.br/editorias/opiniao/a-politica-e-a-religiao/485769
Para Maquiavel, o que confere valor a uma religião não é a importância de seu
fundador, o conteúdo dos ensinamentos, a verdade dos dogmas ou a significação dos
mistérios e ritos. Importa não a essência da religião e sim sua função e importância
para a vida coletiva. A religião ensina a reconhecer e a respeitar as regras políticas a
partir do mandamento religioso. O mundo se depara com um crescimento vertiginoso
das religiões acompanhado do seu uso político. E há uma coincidência entre o fim da
ideologia política representado pela queda da União Soviética e o crescimento vertical
de religiões e cultos. No Brasil, em especial, os evangélicos têm ocupado espaços
crescentes na vida política do país com o aumento significativo de fiéis "eleitores". O
geógrafo Paul Claval faz reflexões profundas sobre o tema. Segundo ele essa mescla
entre política e religião é antiga. Com decorrer dos séculos as igrejas mudaram
profundamente. "Graças a sua associação com o poder político, elas tiraram partido do
exercício da força para a conversão dos infiéis - sob a forma do djihad muçulmano e da
cruzada cristã. No caso da Inquisição, elas tiraram partido também da associação de
seus tribunais com a força pública.A influência das formas políticas sobre a organização
religiosa foi peculiarmente forte no caso do Cristianismo. A Igreja católica calcou sua
organização territorial sobre aquela do Império romano, com a diocese - e mais tarde, a
paróquia - como unidade fundamental, e uma hierarquia de bispos e arcebispos
obediente ao papa". O senso comum diz que religião e política não se discutem. Mas
como deixar de relacionar a política, a violência e a religião? Como negar que
historicamente elas sempre dividiram seus caminhos. Basta um rápido olhar sobre a
história da humanidade e se evidenciará a ligação existente entre política, religião e
violência. Como podemos esquecer, por exemplo, a barbárie dos "santos inquisidores"
de ontem e de hoje? Que seria dos conquistadores da América se não utilizassem os
recursos da Igreja? Inúmeros exemplos grassam pela história vinculando estas três
forças.
Agrupamentos terroristas ligados a seitas radicais se responsabilizam por atentados
horríveis em várias partes do mundo sempre com um viés político e de poder. Política e
religião são manifestações sociais legítimas, mas quando enveredam por conceitos
maniqueístas, sectários e radicais não contribuem para o bem-estar da humanidade,
gerando apenas fanatismo e intolerância. Muitas vezes escondem, no seu âmago,
objetivos secundários de poder absoluto, de vingança crua e dominação de territórios e
riquezas. Os discursos religiosos com objetivos eleitoreiros são de profunda
característica maniqueísta, na medida em que exaram conceitos pelos quais o candidato
e o seu partido são os eleitos por Deus e representam sempre o bem, enquanto o
adversário é a encarnação do mal. Isto é induzir crédulos a tomar "partido" do "bem"
convencidos pelo palavreado fácil dos interlocutores candidatos. É exatamente aí que
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https://www.gazetadigital.com.br/editorias/opiniao/a-politica-e-a-religiao/485769
aparece uma desvirtuação completa da religião, a bem de segmentos políticos que a
utilizam como alavanca eleitoral espúria e condenável. Não se deve misturar religião
com política.
Hélio Monti é Superintendente da Eletronorte-Gerência de Obras de MT e Mestre em
Economia pela UNB
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