Buscar

Direito Grécia Antiga_alunos_1s18

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PAGE 
7
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS
ESCOLA DE DIREITO
Disciplina: HISTÓRIA DO DIREITO 
Dr. Elias Grossmann
O DIREITO GREGO (Grécia antiga)
1. As fontes históricas dos direitos gregos
1.1. São relativamente bem conhecidas as constituições de três cidades:
Atenas,
Esparta
Gortina.
1.2. São poucas as fontes que permitem estudar o direito grego.
· As grandes epopeias de Homero (para o período arcaico);
· Alguns discursos do fim da época clássica do direito ateniense;
· Numerosos documentos literários e filosóficos;
· Numerosas inscrições jurídicas.
· A “lei de Gortina” (longa inscrição descoberta em Creta em 1884, difícil de datar) e a “Lei de Dura (descoberta em 1922 no Eufrates, que seria uma cópia tardia duma lei do século IV a.C. relativa às sucessões ab intestato).
2.Os diferentes períodos da História Grega:
· Arcaico (entre 800e 480 a.C.) – período das invasões persas.
· Clássico (de 480 a.C. até 338 a.C) – até a derrota para os macedônios de Alexandre, o Grande).
· Helenístico (entre 338 a.C. até 150 a.C. – data do início da dominação romana.
3.A chamada Grécia Antiga não formava uma unidade política. Distintamente do que se possa imaginar, o que chamamos de Grécia Antiga engloba uma série de cidades autônomas, cada uma delas dotada de uma organização político-administrativa independente das demais. 
4. A polis, como era chamada a cidade grega, funcionava como uma unidade econômica e politicamente independente, o que fazia com que cada uma dessas cidades formasse uma espécie de pequeno Estado. Essa autonomia deu origem ao termo cidade-estado. 
5. O principal vínculo que se estabelecida entre os gregos antigos era o idioma. Para os antigos, grego era todo aquele que falasse a língua grega. Independentemente do local, onde houvesse um falante do grego, ali estava a Grécia.
6. A sociedade Ateniense:
· Eupátridas – Aristocracia. A palavra significa “bem nascidos”. Eram os grandes proprietários de terras.
· Georghois – Pequenos agricultores.
· Dimiurgos – comerciantes e artesão.
· Metecos – Estrangeiros que moravam em Atenas. Dedicavam-se ao artesanato e ao comércio (demiurgos).
· Escravos – Prisioneiros de guerra ou condenados por dívidas.
6.1
7. Períodos
I – Civilização cretense (do século XX ao XV a.C.), depois micênica (séculos XVI a XII a.C.), destruída pelos invasores dórios
II –A época dos clãs
O chefe do clã, também desempenha o papel de juiz e sacerdote. 
O sistema assenta numa forte solidariedade dos membros dos clãs. 
Descrito na Odisséia de Homero. 
III – A formação das cidades, pelo agrupamento de clãs, primeiro sob a autoridade do chefe de um deles. As cidades conheceram formas políticas variadas; umas permaneceram monocráticas, noutras a aristocracia exerceu o poder; noutras ainda, sobretudo nas cidades comerciais, a tirania prevaleceu. 
IV – entre os séculos VIII e VI, estabeleceu-se a democracia em algumas cidades. 
VI – No fim do século IV a.C. Alexandre unificou a Grécia, a Ásia e o Egito sob a sua autoridade.
A sua vontade é a “lei viva”, fórmula que será retomada pelos imperadores romanos e depois, mais tarde, pelos monarcas da Europa Ocidental.
8. Atenas
8.1. Drácon (650-600 a.C.) →Leis de Drácon (621 a.C), põe fim à solidariedade familiar e tornam obrigatório o recurso aos tribunais para os conflitos entre os clãs. Assim, as leis draconianas impunham a autoridade do Estado em matéria judicial. 
O Código redigido por Drácon tornou-se célebre pela sua severidade. 
Primeira lei de Drácon → Devemos honrar os deuses e os heróis do pais e oferecer-lhes sacrifícios anuais, sem nos afastarmos dos ritos seguidos pelos antepassados.
8.2. Sólon (640-558 a.C.) 
→Leis de Sólon (594-595) – 
· As regras são as mesmas para todos (sem distinção, e.g., entre o eupátrida, o simples homem livre e o teta).
· Partilha de bens entre os filhos (o direito antigo prescrevia que somente o primogênito poderia ser herdeiro). 
· As mulheres começam a ter direito à sucessão, mas inferiores aos dos homens. 
· Introduzido o direito de fazer testamento.
· O filho pode ter posses e, chegando a uma certa idade, está livre do poder paternal.
· O poder paternal é limitado.
· Suprimida a propriedade coletiva dos clãs e a servidão por dívidas.
8.2.1
8.2.2
· Solón e a democracia: https://www.youtube.com/watch?v=ahJRVAu5EMQ
· VIDE ABAIXO: ANEXO “A”
8.3. Clístenes (565-492 a.C.) – Suas reformas (cerca de 508-502 a.C.) ampliam o princípio representativo, fazem a divisão territorial em distritos, que passam a ter representatividade no Conselho, que (de 400) é ampliado para por 500 membros. 
9.A organização da Polis – Atenas
A democrática ateniense amparada por uma ideia de estado de direito, estava organizada de tal forma que buscava a participação ativa dos cidadãos nas instituições como o Conselho (Boulé), o Tribunal de Justiça (Helieia) e a Assembleia (Ekklesía). 
· Eclésia/Ekklesía (ἐκκλησία) – Assembleia Popular. Qualquer cidadão ateniense tinha o direito de pedir a palavra e ser ouvido. As proposições da Eclésia eram enviadas ao conselho (Bulé), onde eram comentadas e emendadas, retornando então para serem aprovadas na assembleia.
· Bulé (βουλή) – Conselho. Composto por cidadãos acima 30 anos, eleitos anualmente por sorteio a partir de uma prévia candidatura. Gozavam de funções deliberativas, administrativas e judiciais. (Solon criou o Conselho dos Quatrocentos, que, posteriormente, Clístenes ampliou para 500). 
· Dikasteria – Tribunais Populares – Os magistrados eram escolhidos mediante um sorteio pela Ekklesía, cuja única exigência era ter no mínimo 30 anos de idade. 
· Heliaia (Ήλιαία) – SupremoTribunal de Justiça, também denominado de “Grande Ekklesía”. – O tribunal era composto de 6.000 membros, escolhidos localmente por sorteio entre os cidadãos com mais de 30 anos de idade.
10.
11.Evolução dos sistemas políticos gregos
	· Não foram grandes juristas
· Não construíram uma ciência do direito
· Não descreveram de forma sistemática as suas instituições de D. privado
	· Foram grandes pensadores políticos e filósofos
· Os primeiros a elaborar uma ciência política
· Instauraram regimes políticos que serviram de modelo às civilizações 
Ocidentais
“O sistema jurídico a Grécia antiga é uma das principais fontes históricas dos direitos da Europa Ocidental. Os Gregos não foram no entanto grandes juristas; não souberam construir uma ciência do direito, nem seques descrever de uma maneira sistemática as suas instituições de direito privado; neste domínio, continuaram sobretudo as tradições dos direitos cuneiformes e transmitiram-nas aos Romanos. Os Gregos foram, porém, os grandes pensadores políticos e filosóficos da antiguidade. Foram os primeiros a elaborar uma ciência política; e na prática, instauraram, em algumas das suas cidades, regimes políticos que serviram de modelo às civilizações ocidentais.” (GILISSEN, 2003:73).
12. “Algumas coisas distinguem Grécia de Roma no campo do direito. Por exemplo, não existe entre os gregos uma classe de juristas e não existe um treinamento jurídico, escola de juristas, ensino do direito como técnica especial. Existem sim as escolas de retórica dialética e filosofia. Ali se aprende a argumentação dialética que vai ter um uso forense ou semiforense.” (LOPES, 2014: 20)
13. “Não se conhecem relativamente bem senão as instituições de três cidade: Atenas, pelos numerosos escritos literários, Esparta, graças à curiosidade dos Antigos, e Gortina, graças à epigrafia. O direito das cidades gregas não parece ter sido formulado nem sob a fora de textos legislativos, nem sob a de comentários de juristas; o direito derivaria mais duma noção mais ou menos vaga de justiça que estaria difusa na consciência coletiva.” (GILISSEN, 2003:75).
14. “A experiência grega tem uma novidade importante, como visto. A promulgação da lei e sua revogação não têm de divino: são assuntos humanos. Não significa que a sociedade grega não fosse religiosa ou até supersticiosa em certos termos. Tampouco significa que a condução da políticafosse feita sem qualquer vinculação com o sagrado. No entanto, o direito ja não precisa ser revelado divinamente para valer e nem é preciso invocar a vontade dos deuses para deliberar sobre as leis. Nestes termos, é que se pode dizer que o direito se laiciza. Certamente a impiedade ainda é um crime, o desrespeito aos deuses e a religião da cidade também. Mas o que é particularmente relevante é que o direito “dos deuses” e o direito dos “homens” abre-se uma fenda, pela qual transitará a cultura clássica.” (LOPES, 2014:26).
15. ALGUMAS NORMAS...
Direito de Família: 
· Aceitava-se o divórcio recíproco, com iguais direitos para homens e mulheres.
· Com a maioridade, o filho não permanece adstrito ao poder paternal.
· Normas Sucessão/herança.
· Abolição da escravidão por dívidas (Sólon, 594 a.C)
· Os irmãos partilharão do patrimônio.
· Se um pai, morrendo intestado, não deixar mais do que uma filha, herda o agnado mais próximo, casando com a filha. (...). 
· Os varões e os descendentes dos varões excluem as mulheres e os descentes das mulheres.
Direito Privado:
· Traços marcantes de individualismo, possibilitando a livre disposição de bens e de sua própria pessoa.
· Transferência de propriedade se realizava por meio de um contrato que gerava efeitos às partes.
Direito Penal: 
· Pela primeira vez na história (Drácon, 620 a.C.) é feita a distinção entre homicídio voluntário (intencional) e o homicídio involuntário (não intencional) → No BR: homicídio doloso x homicídio culposo.
· Fixação de penas para estupro, para determinados tipos de roubo (conforme o tipo de bem) e para difamação e calúnia (Sólon, 594 a.C.).
· Pena de morte: não eram realizadas execuções públicas com enforcamentos e decapitações, mas de uma execução privada mediante ingestão de fortes venenos. E.g.: execução de Sócrates, que teve de ingerir cicuta).
Direito Público: 
· Atividades e deveres públicos do cidadão. 
· Processo legislativo e relação entre as cidades.
· Tolerância religiosa.
· Pena de “ostracismo“, i.e., o banimento e/ou desterro para o caso de crimes políticos (tentativa de golpe, maus usos de poder público etc.)
16. OSTRACISMO = 
Palavra grega – ὀστρακισμός (ostrakismós) – significa desterro por ostracismo.
Também se refere a um pedaço de cerâmica (terracota) em forma de concha onde se escrevia o nome dos cidadãos que seriam desterrados depois de uma votação.
A lei do ostracismo foi decretada em Atenas em 510 a.C., por Clístenes.
“(...) em assembleia cujo quórum não poderia ser inferir a seis mil cidadãos, e tendo ocorrido em assembleia anterior a decisão de proceder a tal votação, votava-se (sendo o voto neste caso escrito e secreto, enquanto ordinariamente era estabelecido pela contagem das mãos levantadas) por maioria simples a expulsão com cassação de direitos políticos (atimía) por dez anos de um cidadão denunciado como politicamente perigoso ou subversivo. O condenado poderia receber no estrangeiro a renda proveniente de seus bens e, ao voltar a Atenas – passados dez anos ou sendo chamado antes por decisão popular -, recuperava automaticamente os plenos direitos de cidadão. A medida era encarada como recurso contra a ameaça de uma volta à tirania.” (CARDOSO, Ciro Flamarion. 1990).
“(...). Ora, o ostracismo não era um castigo, mas uma preocupação tomada pela cidade contra um cidadão que suspeite poder vir algum dia a perturbá-la. Em Atenas, qualquer homem podia ser acusado e condenado por falta de civismo, isto é, por falta de afeição para com o Estado. Quando se tratava do interesse da cidade, nenhuma garantia se oferecia à vida do homem. Roma promulgou determinada lei em que se legitimava dar a morte a todo homem que pensasse me tornar-se seu rei. A funesta máxima de que a salvação do Estado é lei suprema achou-se, assim, formulada na antiguidade. Pensava-se que o direito, a justiça e a moral deviam ceder perante o interesse da pátria.” (COULANGES, 2000:250).
· BR → CF/88 Art.5º., inciso XLVII – Não haverá penas: (...) d) de banimento. 
Grécia Antiga:
17.
37. "Vivemos sob uma forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos"; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar outros. Seu nome, como tudo depende não de poucos mas da maioria, é democracia. Nela, enquanto no tocante às leis todos são iguais para a solução de suas divergências privadas, quando se trata de escolher (se é preciso distinguir em qualquer setor), não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos; inversamente, a pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedido de fazê-lo pela obscuridade de sua condição. Conduzimo-nos liberalmente em nossa vida pública, e não observamos com uma curiosidade suspicaz a vida privada de nossos concidadãos, pois não nos ressentimos com nosso vizinho se ele age como lhe apraz, nem o olhamos com ares de reprovação que, embora inócuos, lhe causariam desgosto. Ao mesmo tempo que evitamos ofender os outros em nosso convívio privado, em nossa vida pública nos afastamos da ilegalidade principalmente por causa de um temor reverente, pois somos submissos às autoridades e às leis, especialmente àquelas promulgadas para socorrer os oprimidos e às que, embora não escritas, trazem aos transgressores uma desonra visível a todos.” (TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso, Livro Segundo, capítulo 37)
40. "Somos amantes da beleza sem extravagâncias e amantes da filosofia sem indolência. Usamos a riqueza mais como uma oportunidade para agir que como um motivo de vanglória; entre nós não há vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é não fazer o possível para evitá-la. Ver-se-á em uma mesma pessoa ao mesmo tempo o interesse em atividades privadas e públicas, e em outros entre nós que dão atenção principalmente aos negócios não se verá falta de discernimento em assuntos políticos, pois olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por compreendê-las claramente, na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. Consideramo-nos ainda superiores aos outros homens em outro ponto: somos ousados para agir, mas ao mesmo tempo gostamos de refletir sobre os riscos que pretendemos correr, para outros homens, ao contrário, ousadia significa ignorância e reflexão traz a hesitação. Deveriam ser justamente considerados mais corajosos aqueles que, percebendo claramente tanto os sofrimentos quanto as satisfações inerentes a uma ação, nem por isso recuam diante do perigo. Mais ainda: em nobreza de espírito contrastamos com a maioria, pois não é por receber favores, mas por fazê-los, que adquirimos amigos. De fato, aquele que faz o favor é um amigo mais seguro, por estar disposto, através de constante benevolência para com o beneficiado, a manter vivo nele o sentimento de gratidão. Em contraste, aquele que deve é mais negligente em sua amizade, sabendo que a sua generosidade, em vez de lhe trazer reconhecimento, apenas quitará uma dívida. Enfim, somente nós ajudamos os outros sem temer as consequências, não por mero cálculo de vantagens que obteríamos, mas pela confiança inerente à liberdade.” (TUCÍDIDES. História do Peloponeso, Livro Segundo, capítulo 40)
Referências:
CARDOSO, Ciro Flamarion. A cidade-estado antiga. São Paulo: Ática, 1990.
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FINLEY, Moses. Os gregos antigos. Lisboa: Editora 70, 1988.
GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. São Paulo: Atlas, 2014.
TUCÍDIDES (c.460 – c.400 a.C). História da guerra do Peloponeso. Trad. do grego de Mário da Gama Kury. - 4. Edição - Brasília: Editora Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisade Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001. 
(Disponível: http://funag.gov.br/loja/download/0041-historia_da_guerra_do_peloponeso.pdf)
ANEXO “A”
“Os escravos nunca foram usados extensivamente na agricultura. Mesmo quando era, trabalhavam ao lado de homens livres. Eram aproveitados nos serviços domésticos serviços públicos (braçais ou subalternos), também nos serviços públicos burocráticos (escriturários etc.) Diz-se que os domésticos e os servidores burocráticos recebiam um tratamento quase familiar. Há testemunhos de viajantes que se surpreendem que na Grécia os escravos não se distinguiam dos livres pelo traje ou pelos modos. Moses Finley (1989:103-122) afirma que exceto no trabalho de minas, em que há quase exclusividade de escravos, todos os outros poderiam ser feitos por livres ou escravos: estes eram apenas proibidos de participar na vida política e lutar pela cidade. Tornavam-se escravos os prisioneiros de guerra e de pirataria. (...). A escravidão não era natural (inelutável), mas um fato da vida, um acaso.” (LOPES, 2014: 20).
As suas leis mostram-se cruéis às gerações seguintes. Eram, com efeito, leis ditadas por uma religião implacável, vendo em toda falta uma ofensa à divindade, e em toda ofensa à divindade um crime irremissível. O roubo punia-se com a morte, como atentado à religião da propriedade. (COULANGES, 2000:355)
A religião primitiva dera ao pai, em casa, uma autoridade soberana. O direito antigo de Atenas permitia-lhe até a venda ou a morte de seu filho. Sólon, conformando-se com os novos costumes, impôs limitações a esse poder; sabe-se que, com certeza, proibiu ao pai vender sua filha, exceto se esta tivesse cometido uma falta grave, e provavelmente o mesmo impedimento terá protegido o filho. A autoridade paterna ia-se enfraquecendo à medida que a antiga religião perdia o seu império, o que se realizou mais cedo em Atenas do que em Roma. Por isso o direito ateniense não se contentou em dizer como as Doze Tábuas: “Depois da terceira venda, o filho será livre”. Permite ao filho, chegado a uma certa idade, escapar do poder paternal. Os costumes, quando não as leis, chegaram insensivelmente a estabelecer a maioridade do filho, mesmo durante a vida do pai. Conhecemos uma lei de Atenas que manda o filho alimentar seu pai velho ou enfermo; esta lei implica necessariamente que o filho pode ter posses e, por consequência, pode estar livre do poder paterno. Esta lei não existiu em Roma, onde o filho nunca possuía coisa alguma e esteve sempre sob o poder do pai. (COULANGES, 2000:358)
Solón, como arconte de Atenas y, por tanto, responsable de la política ateniense entorno al año 594 a.C., es una de las figuras más relevantes en la Historia de Grecia. Los clásicos griegos, los romanos y los padres fundadores de los Estados Unidos de América lo han considerado como un gran pensador y un excelente político. Platón lo entronizó entre los Siete Sabios de Grecia; Aristóteles pensó que él era entre todos los legisladores el más serio; Demóstenes lo describió como defensor de las ideas políticas genuinamente griegas contra todos sus oponentes; Cicerón lo consideró como una fuente del Derecho Romano; Plutarco lo tuvo como un modelo e icono moral; James Madison lo admiró como un legislador inmortal y Woodrow Wilson dijo que él había otorgado a Atenas una constitución fija, no sometida al cambio según el capricho de los políticos, en suma, una constitución definitiva.
� HYPERLINK "http://blog.iese.edu/in-family-business/solon-de-atenas-el-politico-de-la-justicia-y-la-ley/" �http://blog.iese.edu/in-family-business/solon-de-atenas-el-politico-de-la-justicia-y-la-ley/�
arcontes=magistrados que ocupavam o cargo mais importante da cidade → tinham funções religiosas e também administravam a justiça. Chefe; 
Na época clássica da democracia ateniense (±580 a ±338), os cidadãos governam diretamente, no seio da sua Assembleia, votam a lei. 
A Assembleia toma todas as decisões importantes, mesmo no domínio judiciário.
A administração da cidade é assegurada pelo Conselho, composto de 500 cidadãos eleitos cada ano, e pelos magistrados, quer eleitos, quer tirados à sorte. 
Comparada às democracias modernas, a constituição de Atenas é no entanto pouco democrática:
	-os escravos não têm nenhum direito, nem político, nem civil; 
	-os metecos (estrangeiros instalados na cidade) têm muito menos direitos que os cidadãos.
A falta de precedentes dificilmente se pode exagerar: fosse qual fosse o campo em que os Gregos introduziram alterações, não importa qual a razão, raramente tiveram modelos para imitar ou melhorar. Em numerosos aspectos da sua vida se verifica esta situação de originalidade compulsiva, por assim dizer: no individualismo da sua poesia lírica; na sua nova arquitectura civil; em Hesíodo – quer o Hesíodo da Teogonia, quero de Os Trabalhos e os Dias – com a sua rara presunção que o (ou os) levou a intrometer-se nas tradições relativas aos deuses e a julgar o comportamento dos governantes terrenos; nos filósofos especulativos, que começaram a perscrutar, por sua própria autoridade e baseados apenas nas suas faculdades mentais, a natureza do universo; e na política, onde a originalidade é mais facilmente menosprezada. No exemplo do legislador acerta de quem mais coisas sabemos, Sólon, ela esteve presente na própria acção que o conduziu a essa posição. A luta de classes em Atenas chegara a um impasse e, em 594, Sólon foi escolhido, por acordo, e encarregado da tarefa de reformar o Estado. Eis o essencial: foi escolhido pelos próprios Atenienses, por sua própria iniciativa e autoridade, porque era respeitado devido à sua sabedoria e integridade. Não foi ‘chamado’ nem tinha vocação. E não se apoderou do poder como um tirano.
Sólon, como os outros legisladores, concordava em que a justiça provinha dos deuses, é certo, mas não se reclamava de uma missão divina ou mesmo, em sentido determinante, de ser guiado pelos deuses. ‘Dei ao povo tanta honra como lhe é suficiente’, escreveu num dos seus poemas. E no tocante aos que detinham o poder: ‘fiz por que não sofressem nenhuma injustiça, mantive-me de pé colocando o meu forte escudo diante de ambos os bandos e não permiti que nenhum deles vencesse contra a justiça.’ Superficialmente, poderá parecer que existe uma semelhança com o preâmbulo do célebre código de Hammurabi, escrito um milénio antes; o rei de Babilónia dizia também que o seu objetivo era ‘fazer reinar a justiça no país, destruir o mal e os malvados, de modo a que os fortes não oprimissem os fracos’. Porém, as diferenças são muito mais consideráveis e ricas de consequências. Em primeiro lugar, está a qualidade secular da codi9ficação grega, enquanto que Hammurabi actuava em nome dos deuses. E, depois, o ponto decisivo é que o rei oriental legislava parar os súbditos, e o legislador grego estabelecia regras pelas quais a comunidade devia reger-se. Com efeito, Sólon, depois de terminar a sua obra, deixou Atenas por dez anos, para que a comunidade pudesse experimentar o seu programa sem preconceitos; temia que o seu grande prestígio pudesse exercer pressão no juízo que teriam de fazer. 
Num sentido, Sólon falhou. Não solucionou as dificuldades económicas que estavam na base da luta civil e, passada uma geração, a tirania, que procurou erradicar, chegou a Atenas, Não obstante, Sólon ficou na memória dos atenienses posteriores qualquer que fosse o seu partido, como o homem que os colocara por fim na senda da grandeza. Aristóteles, ao resumir a obra de Sólon, no seu breve relato da constituição ateniense, escolhe os seguintes três aspectos mais cruciais: abolição da escravatura por dívidas, criação do direito de uma terceira parte parra fazer justiça no tribunal a favor de uma pessoa agravada, e a introdução de apelos a um tribunal popular. Todos três tinham um ponto comum: eram passos que visavam fazer progredir a ideia (e a realidade) da comunidade, protegendo a maioria mais fraca contra o poder excessivo e, por assim dizer,extralegal da nobreza. Ou, por outras palavras, acabavam com os ‘furos’ à lei, uma ideia que acabaria por via a ser a definição grega da organização política civilizada. Mais do que isso: eram também passos para a igualdade perante a lei, que os Atenienses do período clássico consideraram a principal característica da democracia. (FINLEY, 1988:37-8).

Outros materiais