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5MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 SEÇÃO DO LEITOR Linguagem Ladder Parabéns pelo artigo “A lin- guagem de Programação Ladder” publicada na edição no. 5 da revista “Mecatrônica”, que dá ao leitor uma visão bastante clara desta lingua- gem utilizada também em nos- sos produtos. Atenciosamen- te Luciano de Oliveira - Di- retor de Tecnologia e Mar- keting - Atos Automação In- dustr ial Ltda Prezado Luciano, Ficamos muito felizes em saber que nossas matérias es- tão dentro do contexto indus- trial e que as informações aqui contidas servem para que o leitor saiba lidar melhor com os diversos produtos existen- tes no mercado. Mecatrônica no Amazonas Faço Engenharia Mecânica na Escola Superior de Engenharia da U.E.A e Técnico em Produção Mecâ- nica do CEFET-AM, na cidade de Manaus, e há algum tempo venho pro- curando alguma revista especializada na área. Quando vi pela primeira vez esta revista fiquei tão alegre e satis- feito que nem acreditei que estaria com uma revista de mecânica em mi- nhas mãos, pude ver logo de cara que ampliaria meus conhecimentos. Gos- taria de parabenizá-los por essa inici- ativa e agradecer a todos que contri- buem para a publicação desta revista e dizer que logo estará fazendo um grande sucesso (pelo menos por aqui). Desde já agradeço e um forte abraço a todos. Jarison Alan F. Maciel Prezado Jarison, Que bom que finalmente você achou o que procurava. De fato, seus conhecimentos serão bastante ampli- ados, pois o nosso objetivo é trazer informações úteis vindas de profissi- onais que atuam na indústria e, evi- dentemente, conhecem os principais problemas e suas respectivas solu- ções. Obrigado pelo seu incentivo e continue colaborando conosco. Quero parabenizá-los pelos ex- celentes artigos publicados! Solici- to que fosse publicado um artigo ou informações sobre como controlar a velocidade de um motor trifásico, sem perdas de rendimento (torque em baixas rotações...); cálculos da potencia-aplicação, acoplamentos... Desde já agradeço! Motor Trifásico Thalis Mazzarino Caro Thalis, Consulte o artigo “Inversores de Freqüência” na revista Mecatrônica Atual nº 2. Acredi- tamos que você poderá encon- trar informações valiosas sobre o assunto. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20026 SEÇÃO DO LEITOR NOTÍCIAS 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 . . .SOLUÇÕESPROBLEMAS E... Paulo César de Carvalho Torno CNC "matava peça" após usinar algumas dezenas de peças ste problema ocorreu em uma grande empresa metalúrgica do interior de São Paulo. O proble- ma aparecia quando o torno CNC, após usinar algu- mas dezenas de peças, provocava um “risco” na peça quando estava executando um desbaste. Não havia uma lógica no problema, uma vez que, a cada hora ele ocorria em uma fase diferente da usinagem da peça e o intervalo entre problemas variava mui- to. Após serem descartadas todas as possibilida- des de problemas no hardware do CNC e do siste- ma de medição, começamos um processo de ten- tativas: 1 ª tentativa : Pensei em problemas de EMI e fizemos um tes- te modificando o caminho dos cabos de medição, afastando os cabos de possíveis fontes de EMI. Resultado : O problema voltou a ocorrer e a pres- são do cliente aumentou, pois as peças eram para exportação e o prazo de entrega era fator funda- mental. 2ª tentativa : Como o aterramento da máquina não estava bem feito, decidi melhorar o aterramento. Foi feito novo aterramento e refizemos os testes. Resultado: O problema voltou a surgir e pela freqüência aleatória do mesmo constatei que o aterramento não havia colaborado para a solução do problema. 3a Tentativa : Na fábrica do cliente havia outros comandos nu- méricos e observando as outras máquinas e fazen- do comparações entre ambas, meu colega neste serviço (Eng. Gilberto Coster) verificou que o siste- ma de fixação da ferramenta era a única diferença entre as máquinas. Solicitamos ao cliente que mu- dasse o sistema de fixação da ferramenta para o mesmo que era utilizado nas outras máquinas. Resultado : O problema não ocorreu mais. CONCLUSÃO O CNC considera a posição do eixo para seus movimentos e também que a ferramenta não se move em relação ao sistema de fixação. O problema ocor- ria porque durante a usinagem a ferramenta se movi- mentava em relação ao suporte de fixação provo- cando o “risco” na peça. Esse movimento não é me- dido pelo CNC que, portanto, não sabe da ocorrência do problema. Na figura a seguir, está ilustrado o pro- blema. E MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20026 . . .SOLUÇÕES Sistema de lubrificação inoperante no torno CNC Romi 20RV Alexandre Capelli torno 20RV, assim como outros da mesma li- nha, possui um sistema de autolubrificação das guias lineares e dos fusos de esferas. Nesse modelo, o CNC envia um sinal ordenan- do o acionamento da bomba de lubrificação. Esse sinal passa por uma placa I/O, e ativa um relé que liga o motor da bomba diretamente a rede elétrica. Como o sistema não operava, entrei na “pági- do com isso que a rede perdesse o sinal de comu- nicação. Isso ocorreu porque o cabo foi especificado erra- damente pelo fabricante do equipamento, pois para trabalhar em uma lagarta teria que ter sido colocado o cabo flexível ao invés do standard. SOLUÇÃO ADOTADA Como a máquina precisava funcionar, e não tí- nhamos o cabo com a metragem disponível na hora, colocamos um outro cabo similar temporariamente por fora da lagarta, tomando o cuidado para que o cabo não se rompesse durante a movimentação da mesma. E a empresa providenciou a compra de um novo. * Sempre quando for realizar a manutenção em alguma máquina ou processo que você não conhe- ça, nunca faça algum tipo de ajuste, parametrização na máquina ou até mesmo sua operação (no nosso caso movimentos manuais), pois a responsabilida- de no caso de algum dano será sempre sua. A O cliente alega que em uma máquina, ao fazer um determinado movimento esporádico, a rede Interbus cai e com isso a máquina pára o chegar no cliente constatei o fato, isto é, eu vi acontecer o problema descrito após algumas ten- tativas, e o problema era exatamente o relatado. A partir de então, comecei a análise do proble- ma colocando o notebook com o software de diag- nóstico para a rede Interbus na placa controladora da rede no CLP S5-115U 945 da Siemens, e pedi para o operador repetir o movimento* no qual a rede parava. Com ajuda do software de diagnóstico veri- fiquei qual era o o módulo que entrava em falha e o real motivo da falha. O motivo da falha indicado pelo software era a suspensão dos dados de transmis- são para a rede Interbus que chegava até o módulo em que dava o erro. O percurso deste cabo era feito através de uma lagarta. Desconectei as duas pontas do cabo e movimentamos a máquina manualmente medin- do com um multímetro a condutividade dos fios do cabo, sendo que a medição era entre todos os fios e entre os fios e a blindagem do cabo. Ao movimentar a máquina algumas vezes, constatei que o fio DI entrava em curto com o terra fazen- Juliano Matias na” (via IHM) de diagnósticos e constatei que o CNC estava enviando o sinal. Como o CNC, aparentemente, estava OK, li- guei a bomba diretamente à rede. Ela funcionou perfeitamente. O único elo, portanto, que restava entre essas partes era o interface I/O. Uma vez trocada, o equi- pamento voltou a operar normalmente. Vide figura abaixo: O 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO Seleção deSeleção deSeleção deSeleção deSeleção de acionamentosacionamentosacionamentosacionamentosacionamentos Augusto Ottoboni OOs servo-acionamentos ainda são uma incógnita para muitosprofissionais de diferentes segmentos do mercado, trazendo aestes profissionais que se deparam com os mesmos, certa inse- gurança e desconfiança na sua utilização. Foi pensando princi- palmente nestes profissionais que esta matéria foi elaborada, pois, assim como vocês, este também foi um entrave em certos mo- mentos de minha carreiraprofissional. Esta matéria tem por objetivo demonstrar de forma bem sim- ples e didática, como são os componentes de um servo- acionamento (o Servomotor e o Servoconversor - veja figura 1 ), suas aplicações, especificações técnicas e parametrização. desenvolvimento desta tecnologia ocorreu duran- te a Segunda Guerra Mundial. O pós-guerra trouxe aumento da qualidade e mai- or expectativa de vida, uma cres- cente preocupação com a saúde e a ecologia, uma maior competição entre as empresas, novos produtos e serviços. Todos estes fatores, é claro que no momento mencionado ainda em evolução, trouxeram uma demanda cada vez maior de produ- tos e serviços que no passado não eram oferecidos ou até não eram realizados. Esta demanda cada vez maior de produtos e serviços, criou uma crescente necessidade de aumen- to da produção industrial, manten- do-se e, se possível, aumentando- se os níveis de qualidade, cada vez maiores, nos produtos. Estas solicitações de incremento de produção em todos os segmen- tos do mercado exigiram o desenvol- vimento de um novo produto, mais dinâmico, robusto e preciso. Vamos imaginar a seguinte si- tuação: você, profissional respon- sável pela produção de uma deter- minada empresa, por motivos de concorrência, demanda ou por re- dução de custos apenas, deseja incrementar sua capacidade produ- tiva, basicamente agilizando seus processos produtivos. Como proce- der? Uma das alternativas seria re- Figura 1 - Servomotor síncrono SEW-EURODRIVE e servoconversores SEW-EURODRIVE. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20028 AUTOMAÇÃO novar seu maquinário substituindo as máquinas antigas por ou- tras mais novas e mais rápidas, mas, com custo altíssimo esta alter- nativa pode ser fa- cilmente descar ta- da; outra alternativa seria utilizar algumas técnicas de Retrofitting nas máquinas atuais, o que, além de mais barato, permite a utilização das mais mo- dernas tecnologias em a- cionamentos para a solução de in- cremento de produção com quali- dade. Nestes Retrofittings, umas das tecnologias mais util izadas é o servo-acionamento , composto por servomotor mais servocon- versor. O QUE É UM SERVOMOTOR? O Servomotor é uma máquina síncrona composta por uma parte fixa (o estator) e outra móvel (o rotor), até aqui nenhuma novidade. O estator é bobinado como no motor elétrico convencional, po- rém, apesar de utilizar alimenta- ção trifásica, não pode ser ligado diretamente à rede, pois utiliza uma bobinagem especialmente confeccionada para proporcionar alta dinâmica ao sistema. O rotor é composto por ímãs permanentes dispostos linearmen- te sobre o mesmo e com um gera- dor de sinais chamado “RESOL- VER” instalado para fornecer sinais de velocidade e posição. Observe a figura 2 . Quais as características de um servomotor? De um servomotor são exigidos, entre outros, dinâmica, controle de rotação, torque constante e precisão de posicionamento. Figura 3 - Características requeridas do servomotor. Figura 2 - Servomotor. As características mais dese- jadas nos servomotores são o torque constante em larga faixa de rotação (até 4500 rpm), uma larga faixa de controle da rotação e vari- ação (até 1:3000) e alta capacida- de de sobrecarga (3 x Mo). Estas características são facilmente ob- tidas através do modo de controle CFC (Current Flux Control), espe- cialmente desenvolvido para a oti- mização de servomotores nos servoconversores da l inha MOVIDRIVE® , MOVIDRIVE® Com- pact e MOVIDYN ®, da SEW- EURODRIVE. Atente para a figu- ra 3 . O Torque nominal (Mo) de um motor é determinado pelas seguin- tes características construtivas do motor. O Torque máximo (Mmáx) é 3 x Mo do motor. Em função da potência do servoconversor utilizado , o Torque máximo que se pode alcan- çar também poderá ser menor. Os servomotores devem possuir momento de inércia da massa do rotor, menor do que em relação aos motores assíncronos trifásicos, de- vido às grandes solicitações de di- nâmica. Um dos artifícios mais utilizados são os cortes transversais no rotor, através destes cortes é reduzida a massa de inércia do rotor. Na tabela 1 é dado um quadro comparativo para um servomotor. Como funciona um servomotor? Os servomotores são máquinas síncronas, compostas de seis pó- los no estator, de al imentação trifásica, ímãs permanentes Ter- 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO ras-Raras dispostos linearmente sobre a face do rotor e um sensor analógico chamado resolver para realimentação de posicionamento e velocidade. Sua alimentação, apesar de trifásica, não pode ser efetuada através da rede convencional, pois possui um bobinamento totalmen- te especial, confeccionado para proporcionar uma alta dinâmica ao motor através de um fluxo eletro- magnético totalmente diferente do proporcionado pela rede. Este flu- xo eletromagnético só pode ser for- necido pelo servoconversor atra- vés de um modelamento matemá- tico que leva em consideração to- das as característ icas do servomotor, esta é a razão de ape- nas ser possível a utilização de servomotores e servoconversores de mesma marca. Só assim é pos- sível fornecer o fluxo mais apropria- do para o servomotor ter a melhor dinâmica. Outro importante ponto é a se- qüência de fase adotada: em al- guns servomotores, a seqüência SERVOMOTOR - SERVOCONVER- SOR deve ser observada com aten- ção, pois a sua inversão causa fa- lha no servoconversor de Monitoração de rotação . Veja a figura 5 . Devido a estarmos trabalhando em malha fechada, quando da in- versão o servoconversor detecta a incompatibilidade entre os sinais do campo girante do servomotor com os sinais gerados pelo resol- ver. Desta forma, o servoconversor entende que o campo girante do servomotor está em um sentido e o resolver no sentido oposto, por- tanto, a seqüência U/V/W do servomotor deve ser a mesma U/ V/W do servoconversor. Atente-se também para a utili- zação de servomotores e servo- conversores de mesmo fabricante, pois no modo operacional SERVO, específ ico para servomotores síncronos, os dados dos servomotores necessários para este modo operacional (SERVO) estão memorizados nos servo- conversores, e só assim é possí- vel obter a melhor performance atra- vés do modelamento matemático do servomotor. O que é o Resolver? O resolver é um sistema de re- alimentação analógico composto por um estator e um rotor, mas seu funcionamento é oposto ao do mo- tor, ou seja, funciona como um ge- rador. Seu rotor gira através da ação do eixo do rotor do servomotor e faz com que a ação do campo eletromag- nético do rotor exerça influência di- reta sobre o bobinamento do estator do resolver, este subdividido em dois estatores defasados 90° graus entre si, gerando sinais senoidais que fun- cionam como realimentação de po- sição e velocidade para o servoconversor. Observe as figuras 6 e 7. Tabela 1 - Comparação entre motores para servomotor. Figura 4 - Cortes transversais no rotor. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20021 0 AUTOMAÇÃO O u t r o ponto a se ressal- tar é o fato do a l i n h a m e n t o do resolver. Por se tratar de um sensor de alta resolução e precisão, o seu ali- nhamento é algo fun- damental para seu perfeito funcionamento, por tanto, é aconselhável não mexer em seu sistema de fixação devido à sua complexidade de montagem. Na figura 8 , o alinha- mento. Quando comparado a outros sis- temas de realimentação disponí- veis no mercado (encoder incremental e encoder absoluto), o resolver tem suas características ressaltadas, principalmente quan- to à sua robustez e insensibilidade às vibrações e altas temperaturas. Observe a tabela 2. Na figura 9 , o encoder incremental.Figura 5 - Sequência de fase. Figura 7 - Ação do campo eletromagnético de "resolver".Figura 6 - "Resolver" 1 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 1 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO 1 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO Figura 8 - Manutenção doalinhamento. O SERVOCONVERSOR... A mais recente tecnologia embarcada faz dos servoconver- sores os equipamentos mais ver- sáteis disponíveis no mercado. Pos- sibilidade de comunicação direta com controladores externos, comu- nicação nos mais variados meios Fieldbus e possibilidade de asso- ciação de múltiplos eixos numa mesma fonte de alimentação, en- tre outras características, fazem dos servoconversores uma exce- lente opção no Upgrade de máqui- nas e equipamentos em geral. Na f igura 10 , exemplar de ser- voconversor Assim como nos conversores de freqüência, o diagrama de blo- cos do servoconversor figura 11 possui as mesmas característi- cas construtivas. Diferenciado apenas em seu modo operacional SERVO especí f ico para ser - vomotores s íncronos SEW- EURODRIVE. Os dados dos servomotores SEW necessários para o modo operacional SERVO, es tão memor izados nos ser - Figura 9 - Encoder incremental Tabela 2 - Quadro comparativo "resolver" x "encoder". Figura 10 - Servoconversores. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20021 2 AUTOMAÇÃO voconversores MOVIDRIVE ® , MOVIDRIVE ® Compact e MO- VIDYN®. Este modo operacional permite o controle direto do torque do servomotor em toda a extensão de rotação. O torque Mo é determinado pelo servomotor. O torque máximo MMÁX é 3 x Mo do servomotor. Em função do servoconversor (MOVIDRIVE® , MOVIDRIVE ® Compact e MOVIDYN®) utilizado, o MMÁX que se pode alcançar também pode- rá ser menor, devido à exigência de cor rente so l ic i tada pe lo servomotor e a corrente fornecida pelo servoconversor. Veja a figu- ra 12 . A seleção da melhor relação (servomotor x servoconversor), pode ser selecionada conforme o torque e rotação do servomotor, pela corrente nominal do ser- voconversor.Veja a tabela 3 . A melhor combinação entre servomotor e servoconversor é aquela que satisfaz a condição de 3 x Mo. Nas condições em que ocorrem a indicação de um * , a combina- ção é possível, porém não com 3 x Mo. Nas situações em que há soli- citação de torque muito elevado, existe ainda a possibilidade da combinação dos servomotores so- mados aos redutores planetários de baixa folga angular, especial- mente projetados para atender às mais exigentes solicitações de carga. Estes redutores além de baixa folga angular (1 estágio: < 3’ ou < 6’e 2 estágios: < 5’ ou < 10’), pos- suem reduções exatas que facili- tam a precisão de posicionamento, além de suportarem altos choques. A composição servomotor + redutor planetário é utilizada nas Figura 11 - Diagramação de blocos do servoconversor. Figura 12 - Curvas torque x Rotação do servomotor. Figura 13 - Servo-acionamento = servomotor + redutor planetário. 1 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 1 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO 1 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO Tabela 3 - Características (torque x rotação do servomotor x Corrente nominal do servoconversor). mais diversas aplicações, devido à sua excelente performance. Fi- gura 13 . Transelevadores, máquinas o- peratrizes e máquinas em geral com alta solicitação de dinâmica e precisão de posicionamento são o principal segmento de atuação dos servo-acionamentos. Observe a fi- gura 14 . PARAMETRIZAÇÃO E PROGRAMAÇÃO A pr inc ipa l vantagem dos servoconversores é a sua rápida e simples parametrização, possi- bilitada através de seu controle manual ou através dos progra- mas MX_SHELL ® ou MO- VITOOLS®. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20021 4 AUTOMAÇÃO Figura 14 - Transelevador com servo-acionamento Sew. Figura 15 - Tela de programação IPOS® (Sistema de posicionamento e seqüência), em Assembler. Figura 16 - MOVITOOLS® via CD ou Internet. Figura 17 - Servo-acionamentos aplicados a desbobinadores e bobinadores através do programa IPOS® plus. Tanto os programas quanto o con- trole manual, permitem selecionar o modelo específico do servomotor utilizado, sua tensão de alimentação, sua rotação nominal e rapidamente fornecem ao usuário uma otimização das melhores características do servomotor utilizado. O programa de posicionamento e seqüenciamento IPOS®, já está dis- ponível internamente nos servo-a- c i o n a m e n t o s S E W - E U R O - DRIVE tirar es- paço. Este pro- grama tem um funcionamento muito similar a um CLP , ou seja, comanda as funções de seqüência e po- sição do servo-a- cionamento, e sua limitação é deter- minada pelo número de entradas e saídas disponíveis no equipamento (figura 15 ). Outro programa disponível nos servo-acionamentos SEW-EURO- DRIVE é o SCOPE® , um programa de visualização gráfica , onde é pos- sível apurar as verdadeiras condi- ções de trabalho dos servo- acionamentos em tempo real. O pro- grama SCOPE é mais uma opção existente e disponível nos programas MX_SHELL® e MOVITOOLS® da SEW-EURODRIVE. CONCLUSÃO Máquinas e equipamentos em geral com alta solicitação de dinâ- mica e precisão de posicionamento são os ideais para a utilização dos servo-acionamentos. Veja a figura 17 l ELETRÔNICA MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20021 6 s Fibras Ópticas (vamos chamá-las de F.O.) servem para o trafegar dados de um ponto ao outro utilizando a luz como forma de transporte dos mesmos, ao invés dos ca- bos elétricos convencionais. Normalmente, elas são utilizadas em telecomuni- cações, telemetria e também em Automação Indus- trial, que é onde iremos abordar. Em Automação Industrial, elas são basicamente empregadas quando há a necessidade de : 1. Imunidade contra Interferência Eletromagnética (EMI); 2. Para isolar equipamentos eletricamente; 3. Aumento de distância entre os equipamentos. Imunidade contra Interferência Eletromagnética Esse é o maior motivo para se utilizar F.O. em am- biente industrial. Normalmente, o ambiente industrial é um muito propício para o aparecimento de EMI e algumas vezes, por mais que o cabo de dados (elétri- co) seja blindado, aterrado e com todas as condições teóricas de isolamento da EMI, nem sempre é sufici- ente para evitar esse tipo de problema, e a solução disso é a utilização de F.O. para a interligação dos equipamentos. Abordaremos neste artigo uma tecnologia que está sendo cada vez mais utilizada na área industrial, que é a das Fibras Ópticas. Os vários tipos de fibras, seus conectores e técnicas de montagem estão sendo apresenta- mos neste artigo que, com o seu conteúdo, visa cobrir uma lacuna ainda existente nas nossas literaturas técnicas. Boa leitura! Isolar equipamentos eletricamente Esse é o segundo maior motivo de se utilizar F.O. em automação industrial. Muitas vezes, temos equi- pamentos da mesma rede Fieldbus sendo utilizados em prédios diferentes, ou até mesmo dentro de um mesmo prédio, porém em distâncias muito grandes. Nesse caso precisamos isolá-los eletricamen- te, pois no caso de uma eventual di- ferença de po- tencial entre os dois equipa- mentos evita- mos a sua da- nificação. Aumento de distância entre os equipamentos Quando utili- zamos o meio físico “cabo elétrico”, quanto maior for a A Juliano Matias ELETRÔNICA 1 6 ELETRÔNICA 1 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 distância entre os equipamentos maior será a resis- tência do condutor elétrico dentro do cabo, aumentan- do com isso a queda de tensão dentro do cabo. Para evitarmos esse tipo de problema, utilizamos a F.O. (não que a F.O. não tenha atenuação, na verdade ela tem, algumas com mais atenuação e outras menos, mas de qualquer forma as que possuem menos ate- nuação permitem distâncias maiores do que o cabo de cobre). COMUNICAÇÃO ENTRE DOIS PONTOS A figura 1 mostra como é fisicamente a eletrônica de um circuito ponto a ponto entre duas estações em F.O.. Nela, podemos verificar que em um sistema full- duplex temos um par de cabos para a troca dos da- dos, sendo um o receptor e o outro o transmissor. A distância entre os dois equipamentos é determi- nada pela atenuação do cabo, pela intensidade de luz que o LED pode transmitir e pela sensibilidade do fototransistor. Todas estas variáveissão dados de catálogo do módulo eletrônico em questão. Vamos tomar um exem- plo. Na figura 2 vemos um módulo eletrônico da em- presa Phoenix Contact, esse módulo tem a função de fazer a conver- são de um sinal em RS-232 para F.O., e vemos na tabela 1 os da- dos técnicos do módulo. Vamos fazer algumas contas imaginando que conectaremos dois desses módulos: Atenuação de um cabo de Fibra Polimérica – 230 dB/km ou 230 dB/1000m Margem de segurança – 3 dBm onde: Sft - Sensibilidade do fototransistor; ILED - Intensidade do LED; M - Margem. Essa margem de segurança serve para prever fu- turas atenuações devido a perdas no sinal durante a fase de instalação (perda prevista de 2 dBm na insta- lação) e no decorrer dos anos (perda prevista de 0,1d Bm por ano), com isso temos um tempo de vida útil previsto de aproximadamante 10 anos em sua dis- tância máxima. Esse tipo de cálculo serve para qualquer tipo de módulo e para qualquer tipo de Fibra Óptica. E, como saber qual é a distância do cabo que es- tou utilizando, se o cabo passa por tantas canaletas, eletrocalhas, curvas,...? Essa resposta é bem simples tendo em vista que o cabo vem marcado de fábrica com metragem indicada de metro em metro do cabo, conforme é mos- trado na figura 3 . Então, é só verificar a marcação mais próxima do primeiro equipamento e subtrair da distância mais próxima marcada no segundo equipa- mento. Simples, não? Figura 1 - Eletrônica de um circuito ponto a ponto entre duas estações em F.O.. Figura 2 - Módulo eletrônico da empresa Phoenix Contact Tabela 1 - Dados técnicos do módulo. Figura 3 - Marcação da metragem. ELETRÔNICA MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20021 8 TIPOS DE FIBRAS ÓPTICAS Existem várias tecnologias de F.O., e vamos citar algumas delas: Polimérica: também conheci- da como fibra plástica, esta é a mais amplamente utilizada em am- biente industrial, pois é de uma tecnologia barata, de fácil conectorização e fácil manuten- ção. Porém, como tudo, também tem seu lado negativo, o dela é a alta atenuação do sinal em seu cabo, cerca de 230 dB/km, isto é, em 1000 m de cabo ela atenua 230 dB, com isso a distância má- xima dela chega a 70 m. Veremos mais a frente como se calcula essa distância. Temos na figura 4 as di- mensões da F.O. polimérica, essa notação é dada por 980/1000 µm.. HCS: é a segunda mais utiliza- da, ela é constituída por um nú- cleo de vidro coberto por um ma- terial polímero, como vemos na figura 5 . A atenuação dela é de 9 dB/ km, nesse valor vemos sua baixa atenuação por quilômetro. É muito empregada quando precisamos aliar imunidade eletro- magnética com distância, pois com essa fibra conseguimos al- cançar aproximadamente 400 m. A escolha dessa fibra é somen- te pela imunidade contra EMI e isolação elétrica , mas não pela distância, pois distância igual con- seguimos utilizando cabo de co- bre em RS-485. Vidro Multimodo: é utilizada em ambiente indus- trial quando queremos trafegar os dados a muita dis- tância, onde nem mesmo o cabo de cobre é capaz, pois com ela po- demos chegar aproximadamente a 3300 m (dependendo da atenuação da F.O. nesse caso de 3,0 dB/km). Seu núcleo é todo de vidro e seus diâmetros variam de acordo com a F.O., mas o normal é 50/125 µm e 62,5/125 µm. Vidro Monomodo: quase nun- ca é utilizada em ambiente indus- trial (já ouvi falar, mas pessoalmen- te nunca vi), ela é a melhor fibra quando falamos em distância, pois sua atenuação é mínima tenden- do à ideal. É muito utilizada em te- lecomunicações e a mais cara entre todas. TIPOS DE CONECTORES F-SMA é o tipo mais prático de ser montado, pois existem kits de confecção para esse tipo de conector. É mais utilizado em Fi- bras Poliméricas e HCS. Veja o conector na figura 6 . B-FOC ou ST é o padrão mais conhecido do mercado, pois está presente na maioria das F.O. de vidro, porém é pouco utilizado em área industrial. Veja o conector na figura 7 . A capa protetora dos conectores das F.O. é de extrema importância, pois, previne que a fi- bra propriamente dita engordure, arranhe ou até mesmo lasque, o Figura 4 - Dimensões da F.O. polimérica. Figura 5 - Fibra HCS. Figura 6 - Conector F-SMA. Figura 7 - Conector B-FOC ou ST. Figura 8 - Os dois conectores com as correspondentes capas de proteção. ELETRÔNICA 1 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 valete ou uma base, deixando o seu centro girar livre- mente, evitando com isso a torção no cabo, como mos- trado na figura 9 . • Não torcer nunca o cabo (figura 10 ). O cabo de fibra óptica não foi feito para trabalhar e nem ser ma- nuseado nessa condição. Alguns tipos de cabos es- peciais podem trabalhar movimentando-se linearmen- te, por exemplo, em uma lagarta, mas como disse, são cabos específicos para esse fim. • Não pisar nunca em um cabo de Fibra Óptica – imaginem uma placa de acrílico se dobrando: ela não fica esbranquiçada no seu centro com várias fissuras? Pois é isso o que acontece quando pisamos ou es- magamos um cabo de fibra polimérica. E com o pas- sar do tempo essas fissuras vão aumentando, ocasio- nando com isso o aumento da atenuação do cabo, até uma hora em que a luz que chega no fototransistor não é suficiente para ele entrar em ponto de satura- ção. E essa condição torna-se ainda pior quando o cabo é do tipo HCS ou vidro, pois uma pisada pode quebrá-la na hora, interrompendo a passagem de luz. • Normalmente, as sobras dos cabos elétricos em canaletas, são escondidas nas mesmas apenas dobran- do-os no seu leito. Esse procedimento é proibido ao uti- lizar F.O., pois ao dobrar o cabo em um ângulo acentua- do as características de atenuação mudam, podendo que prejudicaria (e muito) a performance da fibra. Veja na figura 8 os dois conectores com as corresponden- tes capas de proteção. CUIDADOS AO SE TRABALHAR COM UMA F.O. Essa, eu diria, é a parte mais importante do artigo, pois se a Fi- bra Óptica for mal instalada toda a instalação fica comprometida. Ci- taremos alguns tópicos importan- tes que sempre devem ser obser- vados em uma instalação. • Desenrolar sempre o cabo da bobina com a bobina sobre um ca- Figura 9 - Como desenrolar. Figura 10 - Não torcer nunca o cabo. Figura12 - Cabos dobrados na canaleta. Procedimento errado. Figura 11 - Não dobrar os cabos na prória canaleta. Figura 13 - Instalar os cabos de F.O. em canaletas separadas ou em conduítes diferentes fazer com isso que na condição do cabo dobrado ele não funcione mais. Observe as figuras 11 e 12 . • Instalar os cabos de F.O. em canaletas separa- das ou em conduítes diferentes (figura 13 ). Esse pro- cedimento deve-se ao fato de que, se qualquer manutenção for feita nos cabos de potências ou nos outros cabos que estiverem na mesma canaleta, ao serem remo- vidos não transmitam tensão me- cânica para os cabos de Fibra Óptica, pois eles poderiam sofrer sérios danos. Caso isso seja ine- vitável, aconselha-se: - Remova primeiramente os cabos de F.O. ELETRÔNICA MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20022 0 braçadeiras para garantir um raio mínimo de cur- vatura da fibra que deve ser de no máximo de 5 cm, ver figura 15. Na verdade, esse raio de cur- vatura deve ser mantido sob qualquer hipóte- se, até mesmo ele entrando em módulos eletrô- nicos, conforme ilustra a figura 16. • Utilizar pro- teção para cur- vas quando o cabo for entrar ou sair de um painel elétrico, pois normalmen- te o cabo pode sofrer esforços e, com isso, ser forçado em um raio de curvatura menor que 5 cm; observe as figuras 17 e 18 . • Ao instalar o cabo de F.O. em portas de painéis ou em partes móveis, utilizar sempre um tubo prote- tor para evitar que o raio mínimo de curvatura seja ultrapassado, conforme mostra a figura 19 . Figura 14 - Proteger a F.O. contra cantos vivos e rebarbas. Figura 15 - Raio mínimo de curvatura da fibra. Figura 16 - O raio de curvatura deve ser mantido sob qualquer hipótese. Figura 17 - Cabos com protetor de curva. - Instale ou repare os cabos de cobre. - Reinstale os cabos de F.O. - Faça a medição do cabo e certifique-se de que ele está bom. • Proteja a F.O.contra can- tos vivos e rebarbas para evitar o seu cor- te, para isso in- sira um protetor ou lime ou retire os cantos vivos, atente para a fi- gura 14 . • Na necessi- dade de curvas em uma F.O. uti- lizar para isso Figura 18 - Cabo com proteção de curva conectado. Figura 19 - Utilizando um tubo protetor. ELETRÔNICA 2 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 • Quando utilizar braçadeiras, nunca apertá-las de- mais, pois com isso provoca no local microfissuras, ate- nuando assim o cabo e provocando em um curto espa- ço de tempo a inutilização do mesmo; veja a figura 20 . MONTANDO UM CONECTOR EM UMA FIBRA POLIMÉRICA Para se montar um conector F-SMA em uma F.O. Polimérica necessita-se das seguintes ferramentas mostradas no Kit da figura 21 . Decapar o cabo 1. O cabo deve ser decapado longitudinalmente. • Posicione a faca do decapador a aproxima- damente 10 cm do final do cabo (figura 22 ). • Mantenha a lâmina do decapador longitudi- nalmente ao cabo, e puxe-a cortando-o até a sua ex- tremidade. 2. Remova as fibras de aramida do interior da fibra, estas fibras servem para dar sustentação mecânica ao cabo e ajuda na isolação térmica do mesmo. Figura 20 - Não apertar as braçadeiras. Figura 21 - Ferramentas. Figura 24 - Cortando com alicate de corte diagonal. Figura 27 -Excesso cortado. Figura 29 - Lixando.Figura 26 - Cortando o excesso.Figura 23 - Rasgando a capa do cabo. Figura 28 - Conector na base para lixamento. Figura 22 - Posicionando a faca do decapador. Figura 25 - Decapando a fibra. ELETRÔNICA MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20022 2 3. Enrole uma ponta da fibra em uma chave de fenda e rasgue a capa por mais 15 cm no sentido da outra extremidade (figura 23 ). Nesse processo, os dois condutores não podem ser danificados. 4. Corte a capa de proteção com as fibras de aramida e corte também as duas F.O. a uma distân- cia de aproximadamente 12 cm do começo do cabo, esse corte deve ser realizado com um alicate de cor- te diagonal para evitar danos nas fibras (figura 24 ). Decapar a fibra e colocar o conector 1. Decape a fibra aproximadamente 10 mm em am- bos os condutores (figura 25 ). 2. Insira o conector F-SMA. 3. Rosqueie o conector com uma pressão de 0,1 Nm (não muito forte). 4. Corte o excesso da fibra exposta no conector com um alicate de corte diagonal, deixando somente 1 mm para fora do conector (figu- ras 26 e 27 ). Polimento da fibra Para minimizar a atenuação da F.O., ela precisa ser polida como descrito nos passos abaixo: 1. Inserir o conector na base para lixamento (figura 28 ). 2. Colocar uma lixa abrasiva (1500) sobre uma superfície regu- lar (figura 29 ). 3. Comece a lixar fazendo movimentos de oitos até sentir que a base de lixamento começa a girar. 4. Troque a lixa por uma outra ainda mais fina para dar o polimento e repita o movimento de oitos duran- te 20 vezes (figura 30 ). Limpe a ponta da fibra com um pano extrema- mente limpo (figura 31 ), e coloque a capa protetora. Com isso o conector está pronto (figura 32 ). MONTANDO UM CONECTOR EM UMA FIBRA HCS Para se montar um conector F-SMA em uma F.O. HCS necessita-se das seguintes ferramentas mos- tradas no Kit da figura 33 . Removendo a capa externa 1. A capa externa deve ser re- movida em aproximadamente 200 mm. Um estilete normal pode ser utilizado para este fim, veja figu- ra 34. 2. E com um alicate decapador de fios remova a capa interna de proteção da fibra, como mostra a figura 35 . 3. Agora que a F.O. esta a mos- tra, corte as fibras de aramida com uma tesoura especial (figura 36 ), Figura 33 - Ferramentas. Figura 34 - Removendo a capa. Figura 35 - Removendo a capa interna.Figura 30 - Usando uma lixa mais fina. Figura 31 - Limpando a ponta. Figura 32 - O conector pronto. Figura 36 - Cortando as fibras de aramida. ELETRÔNICA 2 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 Figura 39 - Inserindo o conector. Figura 40 - Equipamento especial. Figura 42 - Verificando as condições da fibra. e após isso retire a camada de polímero que envol- ve a fibra utilizando um decapador de 0,3 mm dei- xando cerca de 70 mm da fibra de vidro exposta (figura 37 ). 4. A fibra ficará a mostra conforme a figura 38 . Conectando a fibra 1. Insira o conector e fixe-o na F.O., mas muito cuidado, pois a F.O. pode quebrar com qualquer força maior imposta nela (figura 39 ). 2. Com um equipamento especial (figura 40 ), en- caixe o conector e “quebre” o excesso de fibra com a ajuda deste equipamento. Com isso a F.O. está pronta para ser utilizada (fi- gura 41 ). Para ambos os tipos de F.O. existe um instrumen- to muito útil que serve para verificar as condições da fibra depois de montada no conector, é um tipo de microscópio específico para esta finalidade, veja a figura 42 . A tabela 2 mostra um quadro comparativo entre os diversos tipos de fibras ópticas. CONCLUSÃO Tentamos passar com este artigo um pouco das novas tecnologias de Fibra Óptica em Automação Industrial. Notem que as F.O. utilizadas em Automação Industrial quase não são utilizadas em Telecomuni- cações. São de tecnologias diferentes, porém com a mesma finalidade. Em edições futuras estaremos discorrendo sobre Fibras Ópticas de vidros e suas técnicas de medição e diagnóstico, bem como os conceitos teóricos a elas relacionados. E vale lembrar que em um sistema de automação, quanto mais fa cilmente o pessoal de manutenção conseguir consertar um defeito, menos dinheiro é per- dido, e esse é um dos motivos do uso da tecnologia de F.O. polimérica e HCS, pois sua conectorização é muito simples, e rápida para dar manutenção. l Figura 37 - Retirando a camada de polímero. Figura 38 - Fibra a mostra. Figura 41 - F.O. pronta para ser utilizada. Tabela 2 - Quadro comparativo. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20022 4 AUTOMAÇÃO CCCCC CLPCLPCLPCLPCLPContrContrContrContrControladoroladoroladoroladorolador L L L L LógicoógicoógicoógicoógicoPPPPPrrrrrogramávelogramávelogramávelogramávelogramável 4ª par4ª par4ª par4ª par4ª partetetetete Paulo Cesar de Carvalho INSTRUÇÃO: BOBINA LIGA E BOBINA DESLIGA ada instrução deste tipo ocu- pa uma célula de uma lógica e só pode ser inserida na úl- tima coluna da direita, conforme mostrado na figura 1 . O operando poderá ser uma saída digital física ou um operando auxiliar. No caso de um operando de saída física a ins- trução quando ligada irá energizar Neste artigo vamos continuar o estudo da Linguagem Ladder para programação de CLPs, apresentando as intruções “Bobi- na Liga” e “Bobina Desliga”, além da instrução “Temporizador na Energização”, e daremos novos exemplos de aplicações práticas para fornecer subsídios para o leitor conhecer os con- ceitos básicos desta linguagem, que é uma importante ferra- menta utilizada na automação industrial para programação de CLPs. 2 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO o ponto de saída física, dando co- mando nos equipamentos conectados ao CLP . Na figura 01 quando a entrada digital “START” for energizada, a saída “MOTOR1” será energizada. Mesmo depois que a entrada “START” for desenergizada, o MOTOR 1 continuará ligado. Para desligar esta saída será necessá- rio energizar a “bobina desliga” as- sociada. No caso do exemplo isso pode ser feito ligando a entrada “STOP”. A principal diferença entre a bobi- na simples e a “bobina liga” é que esta última é retentiva, não necessitando fazer um “selo” no programa para manter a saída ligada independente- mente de comando. Exemplo de aplicação Lógica de alarme: Elaborar um programa em Linguagem Ladder para executar a função de aquisitar quatro entradas digitais de defeito. Quando pelo menos uma entrada de defeito for energizada ( mesmo que por um curto intervalo de tem- po ) deverá ser acionada uma saí- da digital de resumo de falha. Esta saída digital deverá permanecer energizada até que seja pressiona- do o botão de reconhecimento de alarme e nenhuma das entradas de defeito esteja energizada. A solução é ilustrada na figura 2. Com a utilização da “bobina liga”, qualquer uma das entradasde de- feito que ligar, acionará a saída “RES_DEF” que será o resumo de defeito. Esta saída permanecerá li- gada até que seja pressionado o botão associado à entrada “REC_DEF” (reconhece defeito) e nenhuma das entradas de defeito esteja ligada. INSTRUÇÃO: TEMPORIZADOR NA ENERGIZAÇÃO A figura 3 exibe a instrução Tem- porizador na Energização ( TEE ) : Esta instrução realiza contagens de tempo com a energização das suas entradas de acionamento ( Li- bera e Ativa ) . A instrução TEE possui dois operandos. O primeiro OPER1 espe- cifica a memória acumuladora da con- tagem de tempo. O segundo operan- do OPER2 indica o tempo máximo a ser acumulado. A contagem de tempo é realizada normalmente em décimos de segundo e esta será a unidade que utilizaremos , ou seja, cada unidade incrementada em OPER1 corresponde a 0,1 segundo. Enquanto as entradas Libera e Ati- va estiverem simultaneamente energizadas, o operando OPER1 é incrementado a cada décimo de se- gundo. Quando OPER1 for maior ou igual a OPER2, a saída Q é energizada e Q desenergizada, permanecendo Figura 2 – Lógica de alarmes utilizando Bobina Liga e Bobina Desliga. Figura 3 - Instrução Temporizador na Energização. OPER1 com o mesmo valor de OPER2. Desacionando-se a entrada libera, há a interrupção na contagem do tem- Figura 1 – Instrução bobina liga e bobina desliga. MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20022 6 AUTOMAÇÃO po, permanecendo OPER1 com o mesmo valor. Desacionando-se a en- trada Ativa, o valor em OPER1 é zerado. O estado lógico da saída Q é exa- tamente o oposto da saída Q, mesmo estando a instrução desativada. Atenção: Com a entrada ativa desativada, a saída Q permanece sempre ener- gizada. A seguir, na figura 4 , apresenta- mos um exemplo de utilização da ins- trução temporizador. O diagrama de tempo da instrução está mostrado na figura 5. Na figura 5 mostramos o diagra- ma de tempo de um temporizador na energização. Quando as entradas %E000.0 e %E000.1 estão ligadas a memória %M000 acumula uma unidade a cada 0,1 segundos e, nes- te caso, o limite será 500 décimos de segundo ou 50 segundos. Após este tempo a saída % S0002.1 liga e a saída % S0002.2 desliga ( saída complementar ) . Após isso, se a entrada ativa ( % E000.1 ) for desli- gada , o temporizador é zerado e a saída %S0002.1 será desligada, en- quanto a saída complementar %S0002.2 será ligada. Exemplos de aplicação EXEMPLO 1 – Evitando falsas in- dicações de alarmes associados a en- tradas digitais: É comum empregarmos tem- Figura 5 – DIagrama de tempo. Figura 6 – Programa Ladder do exemplo 1. Figura 4 – Exemplo de aplicação da instrução temporizador. porizadores em entradas digitais para garantir que a situação de de- feito permaneceu por um determi- nado intervalo de tempo para en- tão acionar o alarme corresponden- te, evitando assim falsas indica- ções. Considere então duas chaves de nível tipo bóia, que estão liga- das em duas entradas digitais de um CLP . Estes sinais indicam : ní- vel muito alto no tanque e nível mui- to baixo no tanque. Para ocorrer a 2 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 AUTOMAÇÃO indicação de alarme a entrada de- verá permanecer ligada por pelo menos 4 segundos. Para reconhe- cer o alarme considere um botão conectado a uma entrada do CLP. Solução : Na figura 6 apre- sentamos o programa em Lingua- gem Ladder do exemplo. Neste programa LHH é a entrada digital de nível muito alto , LLL - é a en- trada digital de nível muito baixo e REC_ALM é a entrada para reco- nhecimento de alarmes. Observe que as entradas de Libera e Ativa do temporizador estão interligadas e serão energizadas simultanea- mente com a energização da en- trada do CLP. Assim, quando a en- t rada do CLP é l igada, o temporizador inicia a temporização e só irá ligar a saída de alarme se a entrada permanecer ligada por no mínimo 4 segundos. Como a bobina de alarme é retentiva, o alarme permanecerá ligado mes- mo que a entrada de alarme seja desligada. Para resetar o alarme deverá ser l igada a entrada REC_ALM (figura 6 ). EXEMPLO 2 – Considere uma prensa que possui dois botões que devem ser acionados simultanea- mente para que ela seja atuada e um fim-de-curso, que é ao ser atua- do, retorna à mesma a posição de repouso. Este tipo de acionamento simultâneo de dois botões é conhe- cido por bi-manual e é uma segu- rança para evitar que a prensa atin- ja uma mão do operador . Como sabemos, é praticamente impossí- vel que o operador consiga acionar os dois botões exatamente ao mes- mo tempo, e por este motivo consi- dere uma diferença de tempo máxi- ma entre acionar o primeiro botão e o segundo de 0,2 segundos para que a prensa seja acionada. Se o operador travar um botão, ele não conseguirá acionar a prensa, pois, passados 0,2 segundos é necessá- rio desligar os dois botões e acio- nar novamente os mesmos para tentar um novo acionamento . Neste exemplo, teremos : BO-01 e BO-02: as entradas do CLP onde estão conectados os Figura 7 – Programa Ladder do exemplo 2. Figura 8 – Diagrama de tempo do exemplo 3 dois botões de acionamento da prensa . LIG-PRE – a Saída digital que acio- na o motor da prensa . FC-1 é a entra- da que recebe o fim-de-curso que des- liga o motor da prensa retornando-a à posição original. Na lógica 002 observe que só é possível acionar a prensa se forem acionados os dois botões e os dois contatos auxiliares (AUX1 e AUX2) estiverem desligados, ou seja, só é possível acionar a prensa se o in- tervalo de tempo entre acionar o pri- meiro botão e o segundo for inferi- or a 0,2 segundos.. Solução : O programa ladder deste exemplo é apresentado na fi- gura 7 . EXEMPLO 3 – Utilizando tempo- rizadores, desenvolver um progra- ma em Linguagem Ladder para aci- onar um pistão pneumático com re- MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20022 8 AUTOMAÇÃO Figura 7 – Programa ladder do exemplo 3. torno por mola de forma que ele fi- que 20 segundos avançado e 60 se- gundos recuado.Este movimento deve ser iniciado após o operador pressionar o botão de START e será cíclico, só devendo ser interrompi- do se o operador pressionar o bo- tão de STOP. Nesta situação, recu- ar o pistão. Considere que a saída digital que aciona o pistão será de- nominada de PST-01 ( quando esta saída estiver ligada o pistão avan- ça, e quando desligada o pistão re- cua ) . Solução: Considerando a base de tempo do temporizador em décimos de segundo precisaremos de dois temporizadores, um de 200 décimos ( KM200 – valor constante de 200 ) e outro de 600 ( KM 600 ) décimos de segundos. A saída digital que aciona o pistão ( PST-01 ) está representada no diagrama de tempo fornecido na figura 8 . 1- Instante em que o botão de START foi acionado 2- Instante em que o botão de STOP foi acionado A=C= 20 segundos - Intervalo de tempo com pistão avançado B=D= 60 segundos - Intervalo de tempo com pistão recuado E – Durou menos que 20 segun- dos em função do acionamento do botão STOP, e a seqüência parou de ser executada desligando a saída PST- 01 e retornando o pistão. Na figura 9 temos o programa ladder do exemplo. Na lógica 000 a instrução “bobina liga” de AUX1 garante que este ope- rando será ligado após o operador pressionar o botão START a partir da condição inicial ( AUX1 e 2 desliga- dos ). Como a bobina é retentiva, este operando continuará ligado mesmo após o operador soltar o botão de START. O temporizador TEMP1 inicia- rá uma temporização de 20 segun- dos e ligará o operando retentivo AUX2, e desl igará o operando retentivo AUX1. Note que é neces- sário desligar AUX1 para garantir uma operação cíclica do pistão. Du- rante os 20 segundos da temporização AUX1 permaneceu li- gado. Na lógica 001 o temporizador TEMP2 temporizará 60 segundos para ligar novamente AUX1. Assim, AUX1 totalizará 60 segundos des- ligado. Quando AUX1 ligar nova- mente, ele reiniciará o processo iniciando a temporização TEMP1 e este ciclo permanecerá indefinida- mente até que o operador pressio- ne STOP. Na lógica 002 o operando AUX1 foi copiado para PST01 para acio- nar a saída. Observe que o com- portamento de AUX1 é exatamente o que era solicitado para o pistão. É comum utilizarmos operandos auxi- liares durante a lógica e, no final, co- piarmos para as saída reais do CLP para acionar as cargas. O botão de STOP desligará os dois auxiliares, CONCLUSÃO Vimos neste artigo as instru- ções Bobina Liga e Desliga e a instrução Temporizador. Estas instruções são muito utilizadas em programas de CLPs . Na próxima edição vamos continuar nosso estudo sobre a linguagem LADDER . Até lá. l garantindo que a saída que acio- na o pistão ficará desligada e os temporizadores resetados. O sis- tema estará pronto para iniciar no- vamente após o operador pressi- onar o botão de START. ESPECIAL 2 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 2 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 2 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 ESPECIAL RetrRetrRetrRetrRetrofittingofittingofittingofittingofittingRetrRetrRetrRetrRetrofittingofittingofittingofittingofitting O CNCO CNCO CNCO CNCO CNC administrandoadministrandoadministrandoadministrandoadministrando os eixos dasos eixos dasos eixos dasos eixos dasos eixos das máquinasmáquinasmáquinasmáquinasmáquinas Em extensão aos conceitos apresentados no último artigo, outros aspectos devem ser levados em consideração para a correta seleção do CNC visando seu retrofitting. Neste, estarei enfocando a quantidade/ha- bilidade de controle de eixos que o CNC pode administrar, as funções de alto nível aplicá- veis a eixos geométricos, e ainda mais, o que são eixos geométricos em comparação com eixos de máquina. e você realmente vai se utilizar de um CNC para o seu retrofitting, além dos conceitos anteriormente abordados, um outro impres- cindível é o número de eixos que este CNC controla. Na verdade, é mais o menos esse requi- sito que elege um CNC como adequado à sua apli- cação. Quando dizemos que um CNC controla 4 eixos, 8 eixos, 10 eixos ou 30 eixos, na verdade a grande maioria têm apenas um idéia do que é isso, mas com certeza existe alguma confusão também aqui, que às vezes pode levá-lo a comprar um equipa- mento dispendioso enquanto que uma melhor aná- lise poderia induzi-lo a uma compra mais acertada, que otimiza o CNC levando àquilo que realmente vai usar, e não capacidade de sobra. Para o vendedor do CNC, o melhor é que você compre realmente aquele CNC que controla mais ei- xos, pois nesse ramo existe uma relação direta entre o número de eixos e o preço do CNC. Pode ter certe- za, inclusive, de que a margem de lucro é maior para os CNCs de maior número de eixos. Quem paga esse lucro é você que, na maioria das vezes, não usa toda a capacidade. Para que se tenha uma idéia quantitativa desse mercado, saiba que 80% das máquinas CNC produ- zidas no mundo utilizam equipamentos de até 6 ei- xos e, nesse nicho, a diferença em preço de uma marca para outra é inferior à 10%. Já nos outros 20%, para máquinas com 7 ou mais eixos a diferença no preço do CNC pode variar mui- to, pois existem outros aditivos além do número de eixos. São funções de interpolação, medição, processamento simultâneo, enfim, uma série de fer- ramentas adicionais que são necessárias para a pro- gramação de processos complexos e que só estão presentes em CNCs desse porte. Às vezes, pela complexidade do processo, ne- cessitamos escolher um CNC apto a controlar mais eixos mesmo que não precisemos dos mesmos, então levamos ferramentas tecnológicas e durante a configuração da máquina – entenda: "posta em mar- cha" – é que eliminamos esses eixos “extras”. Até cerca do ano 2000, os CNCs eram fabrica- dos com um hardware dedicado àquele número es- pecífico de eixos, em números. Assim, você en- contrava modelos de 1 eixo, de 2, 4, 5, 6, 9, 15 e 31 eixos. Veja que se existe algum fabricante que possui um número diferente de eixos, por favor, não interprete que estou intencionalmente desconsiderando-o, mas o que vale aqui é lembrar que as opções são várias e cobrem sem exceção todos os casos de retrofitting que já vi ou ouvi falar. Veja a figura 1 . SSSSS Paulo Eduardo Pansiera ESPECIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20023 0 Após o ano 2000 surgiu uma outra família de CNCs, considerando como de arquitetura aberta, onde o hardware é o mesmo, porém as características de software permitem incluir tantos eixos quanto o processador possa suportar. Ou seja, você compra um CNC que vem com um número mínimo de eixos, em geral são 4, 5 ou 6 eixos e através de habilitações por software, você conta ao CNC que ele deve con- trolar então, digamos 12 eixos, e ele o faz. Ou seja, você comprou um CNC de, digamos, 5 eixos, na versão básica, e opcionalmente compra 7 licenças de uso de expansão de eixos, de forma que, no final, o CNC controle 12 eixos. Esses equipamen- tos são conhecidos como CNCs de arquitetura aberta ou: “open architecture” (do inglês). Obser- ve a figura 2 . Isso é uma grande vantagem para você, usuário e reformador, que anteriormente, se sua máquina exigisse, digamos 7 ei- xos, teria que comprar um de 10, porque a opção ora disponível ía até 6 eixos, e se seus orçamentos encarecessem às vezes para um valor 20% maior que o anterior e, portanto, o cliente final desistia do retrofitting. Você lamentava que precisava de apenas mais um eixo e não de quatro e por isso não estaria disposto a pagar uns 25% a mais. Mas o quê fazer naquela épo- ca? Hoje, a solução está aí. Os CNCs de arquitetura aberta estão se tornando uma tendência para o retrofitting. Se a máquina demanda pou- cos eixos, então, o usuário ou o reformador não compra licenças e expansão adicio- nais. Já se a complexidade é maior, o hardware pode ser o mesmo, porém a alte- ração fica apenas no software. Isso é uma grande vantagem, pois se o hardware é sempre o mesmo, dá para realizar uma boa previsão de custos na elaboração do orçamen- to, ao mesmo tempo que os recur- sos de manuais de operação e pro- gramação seriam os mesmos uma vez que o CNC é o mesmo. Uma outra vantagem dos CNCs de arquitetura aber ta está no Firmware ser também expansível no que diz respeito às funções de pro- gramação. Com um mesmo hardware podemos ter um CNC de funções simples, a saber: interpolações cartesianas de pares de eixos, funções Miscelâneas e alguns ciclos fixos ou no mesmo hardware e somente habilitando funções do firmware, chegar a interpolações simultâneas de 5 eixos, si- mulação gráfica sólida 3D com sombra, mais canais, e mais funções síncronas. Por último, e reforçando o conceito que venho des- tacando nos últimos dois artigos, há um enfoque no firmware porque existe uma forte tendência de homogeneização do hardware. Eu diria que uma evo- lução sensível de hardware ocorre a cada 5 anos nes- te ramo, enquanto que versões de firmware são lançadas a praticamente cada 6 meses. Seguimos com o escopo do artigo e voltaremos à discussão sobre atualizações de firmware mais adi- ante. NÚMERO DE EIXOS A noção mais básica de eixo em máquinas CNC é de um siste- ma com um servomotor diretamen- te acoplado a um fuso. Quando o motor gira uma volta, a porca do fuso desloca-se do passo. Para um motor girando a 3000 rpm e em um fuso de passo 10 mm, se o motor girar nessa velocidade por 6 segun- dos, haverá um deslocamento de 3 metros para a porca. Um eixo desse tipo é dito como linear, mas não é só esse que pode- mos ter em máquinas CNC. Na ver- dade, em raríssimos casos teremos uma máquina sem eixos lineares. Imagine um fresadora não CNC em sua concepção mais simples. Para a movimentação dos carros da mesa, temos um volante para cada Figura 1 - Número de eixos. Figura 2 - CNC arquitetura aberta 840Di. ESPECIAL 3 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 3 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 3 1MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 ESPECIAL fuso e um terceiro para levantar ou abaixar a mesa. Ao todo são 3 eixos lineares. Se fossemos retrofitar esta máquina para CNC, deveríamos escolher um equipamento capaz de controlar 3 eixos. Outras máquinas possuem também um número de eixos lineares muito fácil dese identificar. A tabela a seguir (1), mostra alguns casos: E por ai seguem outros casos, onde até a carga e descarga de peças é automatizada com o CNC e são consumidos em geral mais 2 eixos lineares. A programação desses eixos lineares no CNC se dá através da inserção das cotas absolutas de desti- no até onde o eixo deve se deslocar e com que velo- cidade. Atente para a figura 3 . Os nomes destes eixos seguem um convenção e não um padrão. Para eixos longitudinais, usa-se a le- tra X, para os tranversais a letra Y e para o eixo onde ocorre penetração da ferramenta na peça, dizemos que é o Z. Isso não é uma exigência e sim uma con- venção. Você pode batizar o eixo da sua máquina da melhor forma que convier. Existem CNCs que lhe per- mitem a inserção de uma string para batizar o eixo, porém verifique antes com seu cliente se ele utilizará uma ferramenta de CAM para interligar esta máquina, porque muitos sistemas ainda não aceitam nomes quaisquer para eixos. Na dúvida, siga a convenção que lhe traga menos dor de cabeça e ainda aproveite o manual de progra- mação que acompanha o CNC. Quando dois eixos lineares de avanço são per- pendiculares entre si, estes são ditos como eixos geométricos. Nos exemplos acima, em todos os ca- sos o leitor poderia dizer que os eixos são geométri- cos, mas se a retificadora cilíndrica possuir eixos inclinados, daí quando se desloca o rebolo em dire- ção da peça, na verdade, o que temos é um desloca- mento combinado da face de corte do rebolo em dois eixos. Ou seja, movemos um eixo e o display atuali- za a cota de 2 eixos. Portanto, este eixo inclinado não é dito como eixo geométrico. Outros tipos de eixo são os rotativos. Aqui o exem- plo é do volante do carro. Ao girar o volante você está inconscientemente pensando no giro da roda, ou seja em determinar que ângulo a roda deverá fa- zer para que a curva seja completada. Ao manipular o volante do carro, você pensa em frações de uma volta completa quando tenta seguir a curvatura da estrada. Se pudesse visualizar uma cota de giro, veria um valor em graus, sendo para o caso do carro um universo de valores que iriam de –90°(esquerda) até +90°(direita) e o valor 0(zero) seria a direção aprumada perfeitamente para a frente. Assim também são os eixos rotativos. A defini- ção rotativo é a de um eixo onde sua posição é pro- gramada em graus, podendo ser superior a 360°, o que significa que mais de uma volta será dada (figu- ra 4). Torno paralelo ou com barramento inclinado, e uma placa 2 eixos, sendo um para o carro longitudinal e outro para o transversal Torno duplo, com duas placas opostas 3 eixos, sendo um para o carro longitudinal, um para o transversal e um último para a movimentação da placa secundária em direção à principal de forma a trocar a peça. Fresadora ferramenteira 3 eixos, dois para a mesa cartesiana e um terceiro para o movimento da ferramenta perpendicular a mesa Retificadora plana – ferramentaria e moldes Na maioria são 2 eixos lineares, pois a mesa é hidráulica. Retificadora para crep-feed. 3 eixos lineares, sendo um para o movimento longitudinal da mesa, um para movimento transversal do porta-rebolo e um para o vertical do porta-rebolo. Retificadora cilíndrica 2 eixos lineares. Torno vertical São em geral 2 eixos controlados pelo CNC, uma vez que o ajuste grosso do travessão é feito pelo operador. Quan- do se deseja automatizar também o ajuste do travessão, então ao todo são 3 eixos lineares. Modelo da máquina Número de eixo lineares Tabela 1 - Eixos lineares em máquinas. ESPECIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20023 2 Figura 5 - Caminho mais curto para eixos rotativos. Figura 3 - Programação de cotas lineares. Figura 4 - Programação em cotas angulares. Uma característica de configuração de eixos rotativos, disponível na maioria dos CNCs, é a do trajeto pelo caminho mais curto, ou seja, o CNC escolhe o sentido de giro de forma que o deslocamento en- tre a posição atual e a programada seja o mais curto. Note na figura 5 . Se o eixo estiver na posição angular, digamos 10°, e desejarmos ir para 350°, o deslocamento total será de -20°. Isso é uma economia de tempo, porém só será vanta- gem se a mecânica da máquina garantir que não ocorrerão colisões e que este mo- vimento, diz-se “cruzando o zero”, é permitido.Ao se deparar com eixos rotativos em seu retrofitting, ob- serve se eles primeiro podem ser movimentados pelo caminho mais curto e então escolha um CNC com essa capacidade. Esses dois tipos de eixos até agora exibidos, são conhecidos como “eixos de avanço”; Em inglês, a no- menclatura é de “feed-axis”. Este nome provém do nome da velocidade com que estes eixos são coman- dados em máquinas convencionais. Diz-se que este ou aquele eixo em combinação com determinada ferramenta permite velocidades de avanço de tantos metros por minuto, ou na in- dústria de fabricação de moldes e estampos, dize- mos que uma fresadora está trabalhando com de- terminado avanço (velocidade = mm/min). Daí, a razão de este eixos serem nomeados como eixos de avanço. Outros eixos são os eixos ditos como Principais ou “Main-axis”, do Inglês. Neles, apenas a sua veloci- dade é programada e não uma posição. Numa fresadora, o eixo principal é o eixo de giro da ferramenta. Em um torno, o giro da placa. Numa retificadora cilíndrica, o giro do rebolo ou da peça. Numa retificadora plana, será o eixo por- ta-rebolo. A definição é de um eixo onde o parâmetro de con- trole é sua velocidade e não sua posição. Não está descartada a sua comutação momentânea para eixo de avanço rotativo coordenado, porém esta não é sua função principal na máquina. Assim como os eixos de avanço, os eixos princi- pais possuem também um nome que os caracteriza no meio industrial que é o de “fuso” ou de “Spindle”. Esse nome dado é tão forte que, mesmo não sendo o indicado na norma, vou usá-lo aqui, ainda mais por- que eu trabalhei ouvindo sempre “fuso” e não “eixo- principal”. Na figura 6 , um exemplo de eixo-fuso. Máquinas com vários fusos são chamadas de multifuso. Exemplos disso são tornos duplos, com fuso principal para torneamento de um lado da peça e fuso secundário para o torneamento do outro. É absolutamente possível que uma máquina possua mais de 2 fusos, deve-se verificar que tipo de acio- namento está em uso e se a rotação de todos não é sem- pre a mesma. Se o ciclo de cada fuso é exatamente o mesmo, existe uma boa chance de se parametrizar o CNC como de um único fuso. Mas observe que este caso requer uma análise da simultaneidade dos ciclos de cada fuso. O quarto e último tipo de eixo é o controlado pelo CLP da máquina. Por definição, um eixo CLP é aque- le onde o controle de malha fechada de posição não ESPECIAL 3 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 3 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 3 3MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 ESPECIAL é feito pelo firmware do CNC. Na verdade, ainda exis- tem poucas marcas de CNC onde há uma área do firmware reservada para controle de posição de eixos CLP, mas isso está desaparecendo, porque já temos servo-acionamentos externos com controle de posi- ção cujo preço caiu muito nos últimos 4 anos. Exemplos de eixos CLP são magazines automáti- cos de ferramenta ou torres, e eixos de carga e des- carga automática de peça na máquina. Na troca de ferramenta em torres o operador es- creve uma instrução T seguida do número da ferra- menta e isso já basta para o motor que está acionan- do a torre entende que rumo tomar e em que posição ele deve se posicionar para que tal ferramenta co- mandada seja a próxima disponível para trabalho. Se tivéssemos definido o eixo como avanço, tería- mos que programar o ângulo de destino desta torre, mas na prática não o fazemos. Ao contrário, apenas informamos ao CLP que ferramenta desejamos ter na posição de trabalho, e este se encarrega de se comu- nicar com o acionamento externo para atingir esta posição e numa velocidade já definida. Até mesmo a decisão de tomar ou não o caminho mais curto é, nesse caso, tratada via CLP. Os eixosassim chamados são conhecidos alter- nativamente como eixos auxiliares. Memorize o con- ceito de que eixos auxiliares não consomem processamento do CNC e daí não necessitam estar incluídos na especificação do número máximo de ei- xos controlados por um CNC. Veja a figura 7 . Como há diferentes hardwares, é possível que por uma condição comercial favorável, você encon- tre um CNC que controle até eixos auxiliares por uma relação de custo e facilidade de programação mais vantajosa que a de um CNC de menos eixos ligado a um acionamento externo para eixo auxiliar. Neste caso, vale a pena questionar o vendedor so- bre uma comparação de configurações, e você po- derá lucrar com isso. Se você tiver um caso onde 5 eixos são de avan- ço, 1 é fuso e 1 é auxiliar, fique com um CNC de seis eixos, pois o auxiliar permite usar a interface de CLP para o controle. Neste ponto, creio que o conceito de número de eixos já foi bem entendido. Alguns fabricantes de CNC mencionam número de eixos como o total de fuso+avanço, já outros dizem claramente quantos são de avanço e quantos são de fuso. Pergunte sempre quantos de cada tipo podem ser configurados na sua máquina e observe se existe espaço para eixos auxiliares. Junte esse conceito com o número de canais e bags que vimos na edi- ção passada, e você já terá metade da definição pronta para a melhor escolha do CNC que será usado no retrofitting. Essencialmente, o que lhe interessa é o número de eixos CNC, e se houver capacidade adicional para comando de eixos CLP, será ainda melhor, mas isso está se tornando cada vez menos uma exigência. FUNÇÕES DO CNC As funções do CNC são muitas e cada uma tem suas peculiaridades. O que pretendo ressaltar aqui é aquilo que será decisivo para a sua escolha do me- lhor equipamento para o retrofitting. Na verdade, existe uma grande quantidade de comandos que são co- muns em todos os CNCs, e então de nada adianta exibi-los, pois essa informação não o ajudará na se- leção. Vou procurar iniciar com funções relacionadas à configuração e agrupamento de eixos CNC, conside- rando que acabamos de fazer uma abordagem sobre eixos. De acordo com o universo das máquinas que já retrofitei e daquelas cujas experiências são de cole- gas do ramo, são quatro as funções de destaque: de- finição de eixos como agrupados por trajetória, defi- nição de eixos gantry, definição de eixos inclinados para retificadoras e transformação para interpolação simultânea de 5 eixos. O agrupamento por trajetória é uma função do CNC que exige que o programador defina primeiramente uma trajetória, que pode ser através de segmentos de reta, segmentos curvos ou combinação de am- bos. Uma vez definida a trajetória, também os eixos envolvidos aí estarão definidos. A função é tal que, ao mover um único eixo, os demais envolvidos seguem o primeiro, de forma a não fugir da trajetória anteriormente definida. Essa função é chamada de agrupamento eletrônico de ei- xos. Um exemplo clássico de agrupamento de eixos está nas fresadoras de engrenagens. Os eixos de- Figura 6 - Foto de um eixo-fuso. ESPECIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20023 4 vem estar acoplados de maneira que, independente do modo de operação, quan- do um se aproxima da ferra- menta, os demais o seguem, com uma relação de trans- missão “eletrônica” já defini- da e respeitando o ângulo de entrada do gerador helicoidal (figura 8 ). Um outro caso é aquele onde pode haver colisão de um carro contra outro ou con- tra um dispositivo. Daí então faz-se uma definição de uma região onde, quando um eixo entra, ele passa a seguir o outro através de uma traje- tória pré-estabelecida, garan- tindo que não haja colisão. Quando fazemos um retrofitting, às vezes nos deparamos com caixas de redução e trens de engrena- gens geradores de trajetóri- as em máquinas que possuem originalmente um úni- co motor e o restante das transmissões segue via engrenamentos. Pois bem, com esse recurso, você elimina a mecânica e seus inconvenientes, que são geração de calor, manutenção e ruído. O segundo recurso é a definição de eixo como eixo Gantry. Um eixo Gantry (do inglês, pórtico) é um eixo escravo de um eixo motor de uma perna do pórtico. Fresadoras-portal ou qualquer outra máquina se- melhante possuem um travessão central onde estão um ou mais cabeçotes de usinagem e esse traves- são desloca-se longitudinalmente pela direção da mesa. Devido à rigidez deste pórtico, quando submetido a acelerações e de- sacelerações em espaços curtos de tempo, no caso de uma usinagem de um deta- lhe de pequenas proporções, certamente a perna não mo- torizada do pórtico iria se des- locar depois da outra, provo- cando uma torção na estru- tura e, por conseguinte, a per- da de qualidade da peça. Observe a figura 9 . A única forma de corrigir isso é usando um segundo motor para o eixo escravo, e um CNC capaz de configurar este eixo como Gantry indicando qual outro eixo é o mestre. Sempre que um eixo é descrito como Gantry, ele não será programado, sua coordena- da não aparecerá no vídeo, porém todo o comando destinado ao eixo mestre, o escravo também o recebe- rá. Com isso, praticamente fica elimi- nada a torção do travessão. Mais uma função é a interpreta- ção por parte do CNC de que uma retificadora cilíndrica possui eixo do cabeçote porta-rebolo inclinado em relação à mesa. Atente para a figura 10. A operação típica desta máqui- na é a retífica simultânea de face e diâmetro. Assim, se desejarmos re- tificar mais de uma seção por peça, deveremos deslocar a mesa para a posição da nova seção de forma que já esteja sendo considerada a cota longitudinal de mergulho que o rebolo terá quando mover-se para a peça. Apenas como curiosidade, um ângulo muito uti- lizado para a inclinação deste eixo é o 26°34’, cuja tangente é exatamente ½, ou seja, toda vez que eixo transversal estiver aproximando-se da mesa por 2 mm, o eixo longitudinal será compensado de 1 mm. Para quem é do ramo de retífica como eu, esse ângulo é semelhante ao travesseiro: dorme- se com ele, acorda-se com ele. Se sua máquina for uma retificadora cilíndrica an- gular, não há outra saída que não seja a do CNC com- pensar o deslocamento longitudinal do cabeçote para as coordenadas da mesa. Analise isso na seleção de seu CNC.Para finalizar este artigo, abordaremos um tipo de aplicação que surgiu há alguns anos e tem Figura 8 - Eletronic gear box. Figura 7 - CNC e acionamento de posicionamento externo. ESPECIAL 3 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/2002 ESPECIAL 3 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 3 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 ESPECIAL seu maior campo de emprego na fabricação de pás para turbinas e perfis para a indústria aeronáutica. Essa aplicação é conhecida como interpolação simul- tânea de 5 eixos. As interpolações simultâneas de 5 eixos são o má- ximo que a capacidade de processamento atual pode oferecer em termos de complexidade de algoritmo. O conceito é simples, porém o algoritmo é complexo. Vou me ater ao conceito. Quando usinamos uma superfície 3D com uma fresadora vertical, não temos sempre a ponta da fer- ramenta normal à superfície da peça. Se quisésse- mos inclinar o cabeçote ainda poderíamos fazê-lo; contudo até há alguns anos atrás o CNC não compre- endia essa inclinação. Hoje, o CNC além de compreender a inclina- ção, ainda inclina o cabeçote para você, e o me- lhor, mantém a ponta da ferramenta sempre per- pendicular à superfície da peça. O ganho disso é imediatamente sentido quando o acabamento da peça é uniforme, independente do ângulo da su- perf íc ie. Isso porque o CNC, em seu pro- cessamento, inclinou o cabeçote, o sistema de co- ordenadas e de velocidades de avanço de tal for- ma que planificou uma superfície 3D. De fato, o algoritmo faz isso, ele transforma superfícies 3D em 2D e aplica ao cabeçote rotativo de 2 eixos a matriz de transformação (figura 11 ). A matemática é vasta aqui. Mas quem precisa sa- ber disso é o CNC, portanto consulte os recursos dele se a sua aplicação exige transformação de 5 eixos. Observe que nãobasta a máquina ser apta a controlar 5 eixos, ela deve conseguir executar a transformação de maneira que você programe apenas os três eixos geométricos e, automaticamente, o CNC controla os deslocamento dos dois eixos angulares do cabeçote. Há outras transformações interessantes que cer- tamente auxiliam na programação do CNC e que se- rão abordadas no próximo artigo, assim como a tecnologia de interrupção por I/O de CNC. l Figura 9 - Eixo gantry. Figura10 - Eixo inclinado. Figura 11 - Interpolação 5 eixos. MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20023 6 Douglas Ribeiro dos Santos No artigo passado dissertamos sobre vários assuntos ligados ao tema rolamen- to. No que diz respeito ao conceito, dife- renciamos e exemplificamos mancais de rolamentos e mancais de deslizamento, abordamos os tipos principais de rolamen- tos, descrevemos a aplicação de cada tipo de rolamento, apresentamos uma inicia- ção ao cálculo para seleção de rolamento e também tecemos comentários sobre a codificação dos rolamentos, entre outros. Neste artigo queremos nos aprofundar um pouco mais no assunto, e para isto va- mos descrever os principais componentes de uma caixa de mancal e entender qual a importância de cada um e saber porque estes são dispostos de uma forma espe- cífica. MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 5 - AGOSTO/20023 6 o resto da estrutura através da caixa de mancal, ou seja, se a caixa de mancal será inteiriça, fabricada a partir de uma única peça ou bipartida, desmontável em basicamente duas peças (vide figura 1 ). O tipo de construção da caixa de mancal pode facilitar e muito a manutenção, a montagem e a desmontagem do eixo. O mancal pode fazer parte da própria estrutura da máquina ou então ser introduzido na estrutura. As principais empresas fabricantes de rolamen- tos fornecem caixas de mancal padronizadas junta- mente com componentes para vedação, lubrificação e fixação para aplicações especificas, mais adiante apresentaremos estes mancais. É muito importante calcular, no caso de projeto, quais as forças que estarão atuando sobre a caixa de mancal, pois como foi dito no artigo passado, o mancal recebe todos os esforços que de alguma for- ma estão atuando no eixo, e por isso atenção espe- cial deve ser dada à forma de fixação para que se possa garantir rigidez e impedir vibração indesejável. Dito isto, podemos descrever os principais com- ponentes que uma caixa de mancal deve ter para que os rolamentos possam funcionar de maneira satisfatória, são eles vedadores, ponto de lubrifica- ção e elementos de fixação. Para melhor entendimento do assunto, iremos mon- tar um eixo aos seus mancais, aproveitaremos a figu- ra para entender as forças que estão atuando sobre o eixo e quais os possíveis rolamentos para instalação. Imaginemos um eixo (vide figura 2 ), ao qual está acoplada uma engrenagem movida, uma outra en- grenagem denominada motora (pois está montada a um eixo acoplado a um motor), que não aparece no desenho, transmite a força F indicada na figura. A força F se decompõe em três forças de acordo com os eixos cartesianos ortogonais, são elas a for- A caixa de mancal é o lugar onde o mancal estará alojado. Aqui devemos lembrar que uma caixa de mancal pode ser de rolamento ou deslizamento, radial ou axial, neste arti- go estamos abordando particularmente os mancais de rolamentos, embora alguns conceitos de caixa de mancal sejam os mesmos para os dois casos. Quando se fala em caixa de mancal muitos já pen- sam nos componentes de vedação, lubrificação e fi- xação, porém é importante destacar que ao se proje- tar uma máquina deve-se ter em mente como serão feitas as conexões entre os conjuntos girantes e todo MECÂNICA INDUSTRIAL 3 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 ça axial Fa, a força radial ho- rizontal Frh e a força radial vertical Frv. Podemos perceber que a única força que transmite mo- vimento é a força radial hori- zontal Frh, que multiplicada pela distância R (que é o raio da engrenagem) produz um momento torsor; a força radial vertical Frv produz uma flexão no eixo; enquanto que a força axial Fa impõe um empuxo axial que deve ser previsto na configuração da caixa de mancal; o apoio Ap descarrega o empuxo axial sobre o mancal, e a outra extremidade do eixo é livre para permitir dilatação e compensar esforços de flexão. Sabendo que o eixo vai sofrer flexão, seleciona- mos um rolamento autocompensador para a caixa de mancal livre de apoios laterais, o que permite a dilata- ção do eixo, e para a caixa de mancal que sofre a ação de uma força axial, vamos montar um rolamen- to de contato angular de esferas, que anula o empuxo axial principal e alguma força de reação que possa aparecer, ficando o eixo com a configuração apresen- tada na figura 3 . Mas por onde será feita a lubrificação? E como será mantida? Como os rolamentos serão protegidos de poeira e ataque de agentes externos? Para estas perguntas temos dois componentes, um chamado elemento de vedaçã e outro, que é o elemento de lubrificação. Os vedadores são usados justamente para segu- rar o lubrificante no interior da caixa de mancal, con- seqüentemente dentro do rolamento. É preciso, no entanto, atentar para o melhor ponto de aplicação do lubrificante, isto veremos mais adiante.Outra função importante dos vedadores é impedir a entrada de im- purezas do ambiente externo para dentro da caixa de mancal, existem diversos tipos construtivos e materi- ais para vedadores, porém, para um melhor entendi- Figura 2 - Eixo de transmissão. Figura 1 - Mancal Inteiriço e bipartido. Figura 3 - Eixo com mancais. MECÂNICA INDUSTRIAL 3 7MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 MECÂNICA INDUSTRIAL MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/20023 8 mento podemos classificar os vedadores em vedadores de contato , ou seja, que atritam no eixo e os vedadores de não contato , aqueles que não atritam com o eixo. VEDADORES DE CONTATO Estes se ajustam com uma certa pressão sobre o eixo, po- rém ela não pode ser excessiva a ponto de desgastar muito o eixo e produzir um calor exces- sivo sobre o vedador, mas tam- bém não pode ser suave a pon- to de não impedir a entrada de impurezas ou umidade; os anéis de feltro são elementos de vedação que não geram muito desgaste sobre o eixo, no entan- to, às vezes são necessários dois anéis para produzir o efeito desejado, estes elementos de- vem ser embebidos em óleo an- tes da montagem. Os discos radiais de vedação, também conhecidos como vedadores de lá- bio radial são fabricados de borracha nitrílica (NBR), estes vedadores são guarnições que possuem um tipo de lábio que, através da ação de uma mola, fica em contato com a superfície do eixo,vide figuras 4 e 5. Quando o eixo sofre pequenas inclinações, ou no caso de deslocamentos radiais, usa-se o vedador de lábio axial, também conhecido como vedador de anel-V por ser um anel de borracha inteiriço com formato em V. Os elementos de vedação mola prato ou discos de vedação são geralmente aplicados quan- do o lubrificante é graxa, vide fi- gura 6 . VEDADORES DE NÃO CONTATO Os vedadores sem atrito são adequados para funcionar por um longo período de tem- po ou um alto número de rota- ções em ambientes não muito agressivos. Pode-se usar uma fenda estreita entre o eixo e a caixa, mas em ambientes mais agressivos os vedadores tipo labirinto são mais indicados, este tipo de vedador é bastan- te conhecido, porém requer mais espaço e para uma me- lhor eficiência deve-se manter o labirinto prenchido com graxa.Comentamos que a vedação tipo labirinto requer um pouco mais de espaço na lateral, costuma-se usar em projetos onde o espaço na lateral é reduzido os anéis lamelares de aço, que tensionam o diâmetro ex- terno ou interno, isto em relação ao lugar onde o anel será alojado, veja figura 7. Figura 6 - Exemplos de vedadores de contato. Figura 4 - Vedador. Figura 5 - Detalhe do vedador. MECÂNICA INDUSTRIAL 3 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 LUBRIFICAÇÃO Já falamos em outros artigos sobre a importância da lubrificação,
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