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Direitos Sociais e Fundamentais na Constituição

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Constituição Federal de 1988. Título I Dos princípios Fundamentais. ................ 4 
2. Os direitos sociais: direitos humanos e fundamentais (Elisa Maria Rudge 
Ramos). ....................................................................................................................... 6 
2.1 Constituição Federal de 1988. Título II. Capitulo I. Dos Direitos e Deveres 
Individuais e Coletivos. .............................................................................................. 9 
2.2 Constituição Federal de 1988. Capítulo II Direitos Socais. ............................. 15 
3. Cidadania e Modernidade (Carlos Nelson Coutinho). ........................................ 20 
4. Declaração Universal dos Direitos do Homem ................................................... 24 
5. Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 1966. 33 
6. Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 .......................................... 45 
QUESTÕES DE PROVAS .......................................................................................... 63 
GABARITO ................................................................................................................ 73 
BIBLIOGRAFIA. ......................................................................................................... 74 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
 
 
 
5 
 
 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais 
pelos seguintes princípios: 
 I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, 
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
 
2014/FUNCAB/SEDS-TO. Na Constituição Federal o reconhecimento dos direitos 
humanos está expresso pela (os): 
 A - princípios fundamentais. 
 B - organização do Estado 
 C - Administração Pública 
 D - direitos políticos. 
Resposta Correta: Letra A - princípios fundamentais. 
 
 
 
6 
 
 
2. OS DIREITOS SOCIAIS: DIREITOS HUMANOS E 
FUNDAMENTAIS (ELISA MARIA RUDGE RAMOS) 
 
 
 Os Direitos Sociais são conquistas dos movimentos sociais ao longo dos 
séculos, e, atualmente, são reconhecidos no âmbito internacional em documentos 
como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e o Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, bem como 
pela Constituição da República de 1988, que os consagrou como direitos 
fundamentais em seu artigo 6º. 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) 
 Cesarino Junior explica que a utilização da expressão 'Direito Social’ incide na 
arguição de que “todo o direito é naturalmente social, por isso que não pode haver direito 
senão em sociedade. 
 No entanto, o autor justifica a utilização de tal denominação, a qual visa a opor 
aquela disciplina ao direito individualista: 
“...visando este ramo do Direito [...] restabelecer o equilíbrio social, resolvendo a 
chamada questão social, muito lógico nos parece que se lhe dê exatamente este 
qualificativo de 'Social’, uma vez que todo equivoco desaparece.” 
 
 Alexandre de Moraes define os direitos sociais da seguinte forma: 
 “Direitos Sociais são direitos fundamentas do homem, caracterizando-se 
como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado 
Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos 
hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e são consagrados 
como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição 
Federal.” 
 
7 
 
 Apesar de atenderem às necessidades individuais do ser humano, tais direitos 
têm nítido caráter social, pois, uma vez não atendidas as necessidades de cada um, 
seus efeitos recaem sobre toda a sociedade. Nesse sentido, Celso Barroso Leite 
explica: 
 “A proteção social se preocupa sobretudo com os problemas individuais de 
natureza social, assim entendidos aqueles que, não solucionados, têm reflexos diretos 
sobre os demais indivíduos e, em última análise sobre a sociedade. A sociedade então, 
por intermédio de seu agente natural, o Estado, se antecipa a esses problemas, 
adotando para resolvê-los principalmente medidas de proteção social.” 
 No Texto Constitucional de 1988, os Direitos Sociais são tratados no Capítulo II 
do Título II, destinado aos Direitos e Garantias Fundamentais. O artigo 6º elenca como 
direitos sociais o direito à educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, 
previdência social, proteção à maternidade e infância, e assistência aos desamparados. 
Ademais, conforme o artigo 5°, parágrafo 1° da Constituição da República, 
os direitos fundamentais têm aplicabilidade imediata. Disto decorre que o Estado 
que se omitir na implementação dos direitos sociais fundamentais poderá ser 
condenado à obrigação de fazer, por meio do que se conhece como “judicialização das 
políticas públicas. 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e o Pacto Internacional 
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 elevaram os Direitos Sociais ao 
nível de Direitos Humanos, de vigência universal, independentemente de reconhecidos 
pelas constituições, pois dizem respeito à dignidade da pessoa humana. 
 Nesse ponto, cabe fazer uma breve distinção entre os direitos humanos e os 
direitos fundamentais. Os primeiros têm vigência universal e existem 
independentemente de seu reconhecimento pela Constituição de um país. Já os 
direitos fundamentais, conforme Fábio Konder Comparato, 
 
“São os direitos que, consagrados na Constituição, representam as bases 
éticas do sistema jurídico nacional, ainda que não possam ser 
reconhecidos, pela consciência jurídica universal, como exigências 
indispensáveis de preservação da dignidade humana”. 
 Conforme o momento histórico em que foram reconhecidos, parte da doutrina 
classifica os direitos humanos em direitos de primeira, segunda e terceira geração. Há 
 
8 
 
ainda, autores como Ingo Sarlet Wolfgang e Paulo Bonavides que discorrem sobre a 
existência de direitos de quarta geração, que seriamo resultado da globalização dos 
direitos fundamentais. 
 De outro giro, autores como Jayme Benvenuto Lima Junior, não concordam com 
a classificação dos direitos em gerações, tendo em vista a indivisibilidade e 
interdependência entre os direitos humanos. 
 De qualquer modo, conforme a classificação dos direitos humanos em gerações, 
que leva em consideração a época em que foram reconhecidos, os direitos sociais, 
econômicos e culturais são direitos fundamentais de segunda geração. 
 Os direitos de 1º geração, direitos civis e políticos ou direitos de liberdade, como 
prefere Bonavides], são direitos de proteção contra a intervenção do Estado. Já os 
direitos de 3º geração não têm como titular o homem como indivíduo, mas, sim, a 
coletividade, e, por isso, são chamados de direitos difusos ou coletivos. De outro giro, 
os direitos sociais exigem uma atuação positiva do Estado, em benefício dos 
indivíduos e da sociedade como um todo. 
 
 Os direitos sociais “nasceram abraçados ao princípio da igualdade” e sãos 
os que mais se aproximam do princípio da dignidade da pessoa humana e da 
cidadania, pois visam a reduzir as desigualdades entre as pessoas, 
proporcionando aos indivíduos melhores condições de vida. 
 Em razão da interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos, conclui-
se que a efetivação desses direitos é indispensável para o exercício de outros direitos 
e liberdades fundamentais. O direito à vida, por exemplo, exige a eficácia do direito à 
saúde, e o direito à dignidade reclama o direito à moradia, à educação, à escolha de um 
trabalho digno e à proteção social em caso de desemprego e outras contingências. 
Ademais, importa recordar que o princípio da prevalência dos direitos humanos, 
disposto no art. 4º, inciso II, da Constituição da República, é um dos princípios que 
regem as relações internacionais do Brasil. 
Art. 4º “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: [...] II – prevalência dos direitos 
humanos” 
 Portanto, em obediência a este princípio, bem como aos Direitos Fundamentais 
consagrados pelo constituinte de 1988, o Estado tem o dever de proporcionar aos 
 
9 
 
indivíduos o pleno exercício dos Direitos Sociais, para que possam viver com dignidade, 
livres da insegurança causada pelo desemprego e miséria crescentes que assolam o 
sistema capitalista globalizado. 
 
2.1 Constituição Federal de 1988. Título II. Capitulo I. Dos Direitos e Deveres 
Individuais e Coletivos. 
 
Título II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
Capítulo I 
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. 
 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo- -se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: (EC no 45/2004). 
 I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
II –ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei; 
III–ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
IV–é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V–é assegurado 
o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias; 
VII –é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades 
civis e militares de internação coletiva; 
VIII–ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
 
10 
 
IX–é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
X –são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
XI –a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados 
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses 
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal; 
XIII–é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 XIV–é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
XV–é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI –todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
XVIII–a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX –as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
XX –ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI –as 
entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
 
11 
 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; XXII –é garantido o direito de 
propriedade; 
XXIII –a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV– a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV–no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI –a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
XXVII –aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução 
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII –são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais 
em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades 
desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que 
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas 
representações sindicais e associativas; 
XXIX –a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua 
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
XXX –é garantido o direito de herança; 
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do de cujus; 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
XXXIII –todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado; 
XXXIV– são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
 
12 
 
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade 
ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de 
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
XXXV–a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII –não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
XXXIX– não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
XL–a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena 
de reclusão, nos termos da lei; 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática 
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, 
podendo evitá-los, se omitirem; 
XLIV–constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático; 
XLV–nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar 
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
 
13 
 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII–não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza 
do delito, a idade e o sexo do apenado; 
XLIX –é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L–às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus 
filhos durante o período de amamentação; 
LI –nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII–não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
LIV– ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
LV– aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
LVI–são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
LVIII –o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
 LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada 
no prazo legal; 
 
14 
 
 LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 LXI– ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII–a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII –o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV–o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial; 
LXV– a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI –
ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança; 
LXVII–não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
LXVIII–conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado 
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso 
de poder; amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do poder público; 
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com 
representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em 
defesa dos interesses de seus membros ou associados; 
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e 
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
LXXII – conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter 
público; 
 
15 
 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, 
judicial ou administrativo; 
LXXIII –qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular 
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
LXXIV– o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos; 
LXXV– o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar 
preso além do tempo fixado na sentença; 
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro 
civil de nascimento; b) a certidão de óbito; 
LXXVII –são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os 
atos necessários ao exercício da cidadania; 
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
§ 3º Os tratados e convençõesinternacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação 
tenha manifestado adesão. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
2.2 Constituição Federal de 1988. Capítulo II Direitos Socais 
 
Capítulo II 
Dos Direitos Sociais 
 
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à 
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (EC no 
26/2000 e EC no 64/2010). 
Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: (EC no 20/98, EC no 28/2000 e EC no 53/2006) 
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos 
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros 
direitos; 
II –seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III –fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV– salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, 
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes 
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim; 
V– piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI–irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração 
variável; 
VIII –décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria; 
IX –remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X –proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
 
17 
 
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
 XII– salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos 
termos da lei; 
XIII –duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro 
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV–jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de 
revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV–repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI –remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por 
cento à do normal; 
XVII –gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o 
salário normal; 
XVIII–licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento 
e vinte dias; 
XIX–licença paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX–proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos 
termos da lei; 
XXI –aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 
termos da lei; 
XXII –redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene 
e segurança; 
XXIII –adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, 
na forma da lei; 
XXIV– aposentadoria; 
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) 
anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI –reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei; 
 
18 
 
XXVIII–seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a 
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois 
anos após a extinção do contrato de trabalho; a) (Revogada); b) (Revogada); 
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão 
do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII –proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os 
profissionais respectivos; 
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e 
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a 
partir de quatorze anos; 
XXXIV–igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente 
e o trabalhador avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos 
previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua 
integração à previdência social. 
Art. 8o É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, 
ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao poder público a interferência e 
a intervenção na organização sindical; 
II– é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, 
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que 
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser 
inferior à área de um Município; 
III– ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da 
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 
IV– a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria 
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da 
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; 
 
19 
 
V– ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; 
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; 
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; 
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da 
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que 
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos 
da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de 
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei 
estabelecer. 
Art. 9o É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 
§ 1o A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento 
das necessidades inadiáveis da comunidade. 
§ 2o Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados 
dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam 
objeto de discussão e deliberação. 
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de 
um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento 
direto com os empregadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
3. CIDADANIA E MODERNIDADE 
(CARLOS NELSON COUTINHO) 
 
 
 Finalmente, mas não em último lugar, há um terceiro e decisivo nível dos 
direitos de cidadania, precisamente o que Marshall chamou de "direitos sociais" 
(uma designação que pode levar a equívocos, já que todos os direitos, inclusive 
os civis e os políticos, são sociais por sua origem e vigência). Esse nívelda 
cidadania - embora tenha sido reivindicado pelos trabalhadores ao longo de todo 
o século XIX - só foi assimilado (e mesmo assim parcialmente) como momento do 
direito positivo em nosso século. Os direitos sociais são os que permitem ao 
cidadão uma participação mínima na riqueza material e espiritual criada pela 
coletividade. (Esse mínimo, seguindo o que Mar x já havia estabelecido em relação 
ao salário, não deve ser concebido apenas com base em parâmetros naturais, 
biológicos, mas deve ser definido sobretudo historicamente, como resultado das 
lutas sociais.) 
 É interessante recordar que essa dimensão da cidadania foi relativamente 
reconhecida, por exemplo, na Roma clássica, quando os plebeus conquistaram o direito 
de, em caso de necessidade, ser alimentados pelo Estado. Já no mundo moderno, 
hegemonizado pela burguesia, os direitos sociais foram por muito tempo negados, sob 
a alegação de que estimulariam a preguiça, violariam as leis do mercado (e, portanto, o 
direito individual à propriedade), além de impedirem os homens de se libertar da tutela 
de um poder estatal autoritário e paternalista. Não é assim casual que esses direitos 
voltem a ser negados hoje, teórica e praticamente, pelos expoentes do chamado 
neoliberalismo. 
 Na modernidade, entre tais direitos sociais, foi aquele à educação pública e 
universal, laica e gratuita, o primeiro a ser reconhecido de modo positivo: se não estou 
enganado, esse direito já está presente nas Constituições que resultam da Revolução 
Francesa. Mais tarde, sobretudo em nosso século, muitos outros direitos sociais 
foram se consolidando (à saúde, à habitação, à previdência pública, à assistência 
etc.), terminando por gerar o que tem sido chamado de Welfare State, ou Estado 
do Bem-Estar. Cabe registrar, contudo, que - mesmo nos mais abrangentes tipos de 
Welfare - jamais foi assegurado o direito social à propriedade. 
 
 
21 
 
 
 
 Tal como no caso dos direitos civis e políticos, mas de modo ainda mais 
intenso, o que se coloca como tarefa fundamental no que se refere aos direitos 
sociais não é, muitas vezes, o seu simples reconhecimento legal-positivo, mas a 
luta para torná-los efetivos. A presença de tais direitos nas Constituições, seu 
reconhecimento legal, não garante automaticamente a sua efetiva materialização. 
Esse é, particularmente, o caso do Brasil. Mas, embora a conversão desses 
direitos sociais em direitos positivos não garanta sua plena materialização, é 
muito importante assegurar seu reconhecimento legal, já que isso facilita a luta 
para torná-los efetivamente um dever do Estado. Tampouco é casual que os 
neoliberais se empenhem hoje, inclusive em nosso país, em eliminá-los também 
das normas legais, em particular da própria Constituição. 
 Embora possa parecer óbvio, não é desnecessário lembrar que os direitos 
sociais, talvez ainda mais do que os direitos políticos, são igualmente uma 
conquista da classe trabalhadora. E não é desnecessário porque as políticas sociais 
- ou seja, o instrumento pelo qual se materializam os direitos sociais - são muitas vezes 
definidas sem que esse fato seja levado em conta. Para muitos autores que se baseiam 
numa leitura mecanicista do marxismo, as políticas sociais seriam nada mais do que um 
instrumento da burguesia para legitimar sua dominação. É como se as políticas sociais 
fossem uma rua de mão única: somente a burguesia teria interesse num sistema 
educacional universal e gratuito, numa política previdenciária e de saúde etc., já que, 
por meio desses institutos, não só ampliaria sua taxa de acumulação, mas obteria ainda 
o consenso das classes trabalhadoras, integrando-as subalternamente ao capitalismo. 
 Essa posição, por ser unilateral, é equivocada. Como todos os âmbitos da vida 
social, também a esfera das políticas sociais é determinada pela luta de classes. 
Por meio de suas lutas, os trabalhadores postulam direitos sociais que, uma vez 
materializados, são uma indiscutível conquista; isso não anula a possibilidade de que, 
em determinadas conjunturas, a depender da correlação de forças, a burguesia use as 
políticas sociais para desmobilizar a classe trabalhadora, para tentar cooptá-la etc. 
Assim como no caso do sufrágio universal (que não garante automaticamente a vitória 
dos trabalhadores), também nesse terreno das políticas sociais nada está decidido a 
priori: embora tanto os direitos políticos como os direitos sociais sejam importantes 
conquistas dos trabalhadores, pode ocorrer que - em determinadas conjunturas e em 
função de correlações de força específicas - eles não explicitem plenamente o seu 
 
22 
 
potencial emancipatório. Para que tal ocorra, é mais uma vez necessária a 
intensificação das lutas pela realização da cidadania, o estabelecimento de 
correlações de força favoráveis aos segmentos sociais efetivamente empenhados 
nessa realização. 
 
2014/CEPERJ/FSCP. Partindo de Coutinho (1997), pode-se compreender os 
direitos sociais como um nível de cidadania reivindicado pelos trabalhadores ao 
longo de todo o século XIX, mas que só fora assimilado como um momento do 
direito positivo no século XX. Sendo assim, o autor informa que o que se coloca 
como tarefa fundamental dos direitos sociais: 
a- é a ampliação do reconhecimento legal-positivo destes direitos, haja vista que é 
essencial garanti-los em lei 
b- não é o simples reconhecimento legal-positivo, mas sim a garantia de sua cobertura 
às minorias 
c- não é, muitas vezes, o simples reconhecimento legal-positivo destes direitos, mas a 
luta por torná-los efetivos 
d- não é, muitas vezes, o simples reconhecimento legal-positivo, mas a necessidade de 
incorporá-los ao debate dos direitos de quarta geração, ou seja, os direitos humanos 
 e- é a de garantir direitos humanos a “humanos direitos”, partindo de ideais 
fundamentados na meritocracia 
Resposta Correta: letra b- não é o simples reconhecimento legal-positivo, mas 
sim a garantia de sua cobertura às minorias 
Comentários: Tal como no caso dos direitos civis e políticos, mas de modo ainda mais 
intenso, o que se coloca como tarefa fundamental no que se refere aos direitos sociais 
não é, muitas vezes, o seu simples reconhecimento legal-positivo, mas a luta para torná-
los efetivos. A presença de tais direitos nas Constituições, seu reconhecimento legal, 
não garante automaticamente a sua efetiva materialização. Esse é, particularmente, o 
caso do Brasil. Mas, embora a conversão desses direitos sociais em direitos positivos 
não garanta sua plena materialização, é muito importante assegurar seu 
reconhecimento legal, já que isso facilita a luta para torná-los efetivamente um dever do 
Estado. Tampouco é casual que os neoliberais se empenhem hoje, inclusive em nosso 
país, em eliminá-los também das normas legais, em particular da própria Constituição. 
 
 
 
 
 
23 
 
 
2014/ FCC/TJ-A. A Lei de Regulamentação da Profissão do Assistente Social (Lei 
no 8.662/1993), em seu capítulo 4º parágrafo V, estabelece que compete ao 
assistente social “orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais 
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e 
na defesa de seus direitos”. Para Berenice Couto (2004) direito social deve ser 
entendido como: 
 a- essencialmente jusnaturalista, pois a natureza humana é, por si só, detentora de 
direitos. 
 b- expressão de um patamar de sociabilidade, situado num campo essencialmente 
político porque são resultantes do embate de interesses e ações dos sujeitos sociais e 
forja-se num campo essencialmente contraditório. 
 c- excluído do estatuto da cidadania, pois para reconhecê-lo como tal teria também que 
identificar sua associação com as determinantes de progresso histórico. 
 d- circunscrito unicamente fora das lutas sociais, pois no Brasil sempre figurou como 
concessão do Estado, face à demarcação de longos períodos de ditadura. 
 e- própriodo modelo de bem-estar social, pois não há a concepção de direito social em 
sociedades cujo ideário é liberal e burguês. 
Resposta Correta: letra b- expressão de um patamar de sociabilidade, situado 
num campo essencialmente político porque são resultantes do embate de 
interesses e ações dos sujeitos sociais e forja-se num campo essencialmente 
contraditório. 
Comentários: Berenice Couto (2004) apresenta dois paradigmas que embalaram o 
movimento da conquista dos direitos. Um foi defendido pelo jus naturalista que 
defendiam o direito natural, inerente ao homem e anterior ao Estado. Já o outro, 
defendido pela autora Berenice Couto: diz respeito ao resultado do movimento da 
sociedade civil na histórica luta por sua conquista, fruto do conflito entre classes. Desse 
embate acirrado proliferam direitos, no entanto o fato de pô-los em lei não significa sua 
efetivação, pois sua consolidação requer um processo gradual. Dessa forma, forja-se 
um campo essencialmente contraditório. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
4. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM 
 
Preâmbulo 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros 
da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo; 
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram 
a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um 
mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da 
miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem; 
Considerando que é essencial a proteção dos direitos do homem através de um 
regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta 
contra a tirania e a opressão; 
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas 
entre as nações; 
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua 
fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa 
humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram 
resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida 
dentro de uma liberdade mais ampla; 
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em 
cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo 
dos direitos do homem e das liberdades fundamentais; 
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta 
importância para dar plena satisfação a tal compromisso: 
A Assembleia Geral 
Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum 
a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e 
todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo 
ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por 
promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu 
reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos 
próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição. 
Artigo 1.º 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados 
de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de 
fraternidade. 
Artigo 2.º 
 
25 
 
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na 
presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, 
de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de 
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita 
nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do 
território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob 
tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 
Artigo 3.º 
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
 
Artigo 4.º 
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos 
escravos, sob todas as formas, são proibidos. 
 
 
SEGPLAN-GO/SEAP-GO/2016. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH) é um documento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por 
representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do 
mundo, tendo sido proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas reunida 
em Paris através da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral como uma norma 
comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela 
primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. De acordo com o que 
prescreve a Declaração Universal dos Direitos Humanos é INCORRETO afirmar 
que: 
 a) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados 
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. 
b) Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades 
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, 
sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, 
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
c) Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
d) Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de 
escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
e) Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou 
degradante, exceto aqueles que por ventura estiverem recolhidos em alguma unidade 
prisional. 
 
 
 
26 
 
 
Resposta Correta: letra e) Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou 
castigo cruel, desumano ou degradante, exceto aqueles que por ventura 
estiverem recolhidos em alguma unidade prisional. 
Comentários: Artigo 4. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão 
e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas. 
 
Artigo 5.º 
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou 
degradantes. 
 
Artigo 6.º 
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua 
personalidade jurídica. 
Artigo 7.º 
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. 
Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo 8.º 
Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais 
competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos 
pela Constituição ou pela lei. 
 
 
SEGPLAN-GO/SEAP-GO/2016. Os direitos humanos são direitos inerentes a todos 
os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, 
idioma, religião ou qualquer outra condição. De acordo com o que prescreve a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos leia e analise as assertivas abaixo: 
I - Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa 
perante a lei. 
II - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção 
da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
III - Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio 
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos 
pela constituição ou pela lei. 
 a) Somente as assertivas I e II estão corretas. 
 
27 
 
 b) Somente as assertivas II e III estão corretas. 
 c) Somente as assertivas I e III estão corretas. 
 d) Somente a assertiva I está correta. 
 e) Todas as assertivas estão corretas. 
 
Resposta Correta: letra e) Todasas assertivas estão corretas. 
Comentários: Artigo 6º I -Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecido como pessoa perante a lei; Artigo 7º II -Todos são iguais perante a lei e 
tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual 
proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra 
qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8º III -Todo o homem tem direito a 
receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem 
os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
 
Artigo 9.º 
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo 10.º 
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e 
publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus 
direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra 
ela seja deduzida. 
Artigo 11.º 
1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua 
culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que 
todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 
2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, 
não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, 
não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato 
delituoso foi cometido. 
Artigo 12.º 
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu 
domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais 
intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei. 
Artigo 13.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência 
no interior de um Estado. 
 
28 
 
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo 
o seu, e o direito de regressar ao seu país. 
 
IDECAN/Prefeitura de Natal/RN/2016. Assinale a alternativa que NÃO está de 
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
a) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, mas não 
a este regressar. 
b) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados 
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. 
c) Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio 
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos 
pela constituição ou pela lei. 
d) Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência 
por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e 
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
 
Resposta Correta: letra a) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, 
inclusive o próprio, mas não a este regressar. 
Comentários: a) Falso. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, 
inclusive o próprio, mas não a este regressar. Artigo 13.II) Todo o homem tem o direito 
de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. 
b) Verdade. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade. Artigo 1.Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade 
e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros 
com espírito de fraternidade. 
c) Verdade. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes 
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam 
reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 8.Todo o homem tem direito a receber 
dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos 
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
d) Verdade. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública 
audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus 
direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo 
10.Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por 
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres 
ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
 
 
29 
 
Artigo 14.º 
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo 
em outros países. 
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente 
por crime de direito comum ou por a atividades contrárias aos fins e aos princípios das 
Nações Unidas. 
Artigo 15.º 
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de 
mudar de nacionalidade. 
Artigo 16.º 
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir 
família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento 
e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros 
esposos. 
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção 
desta e do Estado. 
Artigo 17.º 
1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. 
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. 
Artigo 18.º 
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este 
direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade 
de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como 
em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
Artigo 19.º 
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o 
direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, 
sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. 
Artigo 20.º 
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
Artigo 21.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu 
país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. 
 
30 
 
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas 
do seu país. 
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve 
exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio 
universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde 
a liberdade de voto. 
Artigo 22.º 
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode 
legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais 
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia 
com a organização e os recursos de cada país. 
 
Artigo 23.º (Trabalho) 
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições 
equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe 
permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e 
completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. 
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se 
filiar emsindicatos para defesa dos seus interesses. 
Artigo 24.º 
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma 
limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas. 
Artigo 25.º (Saúde) 
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à 
sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao 
vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços 
sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na 
invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de 
subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas 
as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma proteção 
social. 
 
Artigo 26.º (Educação) 
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo 
menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é 
 
31 
 
obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos 
estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do 
seu mérito. 
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço 
dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a 
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos 
raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações 
Unidas para a manutenção da paz. 
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a 
dar aos filhos. 
Artigo 27.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, 
de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste 
resultam. 
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer 
produção científica, literária ou artística da sua autoria. 
Artigo 28.º 
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma 
ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na 
presente Declaração. 
Artigo 29.º 
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre 
e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 
2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às 
limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o 
reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer 
as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade 
democrática. 
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos 
fins e aos princípios das Nações Unidas. 
Artigo 30.º 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a 
envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a 
alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades 
aqui enunciados. 
 
 
 
 
32 
 
 
CESPE/MPE-RO/2010. Considerada documento basilar para a proteção 
internacional dos direitos humanos, a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem, de 1948: 
a) possui valor meramente declaratório; portanto, não gera obrigações aos Estados. 
b) gera obrigações somente para Estados soberanos que a ratificaram e promulgaram 
para fins de incorporação ao direito interno. 
c) foi promulgada no Brasil logo após a sua assinatura. 
d) é ato de organização internacional, de modo que prescinde de incorporação ao direito 
interno, como se exige para tratados ordinários de direitos humanos. 
e) constitui relevante tratado internacional do período posterior à Segunda Guerra. 
 
Resposta Correta: letra d) é ato de organização internacional, de modo que 
prescinde de incorporação ao direito interno, como se exige para tratados 
ordinários de direitos humanos. 
Comentários: A natureza jurídica desse instrumento não é de Tratado Internacional, 
como muitos poderiam pensar, mas de simples Resolução da Assembleia Geral da 
ONU, não passando de uma recomendação moral. A esse respeito afirma Weiss 
(Direitos Humanos Contemporâneos, p. 69): Da proclamação e subscrição da 
Declaração pelos membros das Nações Unidas, contudo, não decorre o surgimento de 
direitos subjetivos aos respectivos cidadãos, nem obrigações internacionais dos 
Estados, como entende a doutrina predominante, uma vez que possui natureza jurídica 
de recomendação da Assembleia Geral, com caráter especial, diante de sua solenidade 
e universalidade. Esta circunstância, todavia, não lhe retirou a importância, eis que seu 
conteúdo se refletiu em inúmeros textos constitucionais, tendo originado diversos outros 
tratados internacionais sobre direitos humanos – estes, sim, com força vinculante. 
Portanto, não se trata de tratado internacional e possui status de recomendação moral 
aos Estados Signatários, mas de tão importante que passou a ser no cenário 
internacional praticamente obriga os Estados a cumprirem seus preceitos ou, ao menos, 
de gerar reflexos internos vinculantes nas normas internas dos Estados Signatários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
5. PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS 
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 1966 
 
Adotado e aberto à assinatura, ratificação e adesão pela resolução 2200A (XXI) da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, de 16 de dezembro de 1966. Entrada em 
vigor na ordem internacional: 3 de janeiro de 1976, em conformidade com o artigo 
27.º. 
Preâmbulo 
Os Estados Partes no presente Pacto: 
Considerando que, em conformidade com os princípios enunciados na Carta das 
Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no Mundo; 
Reconhecendo que estes direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa 
humana; 
Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem, o ideal do ser humano livre, liberto do medo e da miséria não pode ser realizado 
a menos que sejam criadas condições que permitam a cada um desfrutar dos seus 
direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; 
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de 
promover o respeito universal e efetivo dos direitos e liberdades do homem; 
Tomando em consideração o fato de que o indivíduo tem deveres para com 
outrem e para com a coletividade à qual pertence e é chamado a esforçar- se pela 
promoção e respeito dos direitos reconhecidos no presente Pacto, 
Acordam nos seguintes artigos: 
 
PRIMEIRA PARTE 
Artigo 1.º 
1. Todos os povos têm o direito a dispor deles mesmos. Em virtude deste direito, 
eles determinam livremente o seu estatuto político e asseguram livremente o seu 
desenvolvimento econômico, social e cultural. 
2. Para atingir os seus fins, todos os povos podem dispor livremente das suas 
riquezas e dos seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações que decorrem 
da cooperação econômica internacional, fundada sobre o princípio do interesse 
mútuo e do direito internacional. Em nenhum caso poderá um povo ser privado 
dos seus meios de subsistência. 
3. Os Estados Partes no presente Pacto, incluindo aqueles que têm 
responsabilidade pela administração dos territórios não autônomos e territórios 
 
34 
 
sob tutela, devem promover a realização do direito dos povos a disporem deles 
mesmos e respeitar esse direito, em conformidade com as disposições da Carta 
das Nações Unidas. 
 
SEGUNDA PARTE 
Artigo 2.º 
1. Cada um dos Estados Partes no presente Pacto compromete-se a agir, quer com o 
seu próprio esforço, quer com a assistência e cooperação internacionais, especialmente 
nos planos econômico e técnico, no máximodos seus recursos disponíveis, de modo a 
assegurar progressivamente o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente 
Pacto por todos os meios apropriados, incluindo em particular por meio de medidas 
legislativas. 
2. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a garantir que os direitos nele 
enunciados serão exercidos sem discriminação alguma baseada em motivos de raça, 
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou qualquer outra opinião, origem nacional ou 
social, fortuna, nascimento, qualquer outra situação. 
3. Os países em vias de desenvolvimento, tendo em devida conta os direitos do homem 
e a respectiva economia nacional, podem determinar em que medida garantirão os 
direitos econômicos no presente Pacto a não nacionais. 
Artigo 3.º 
Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a assegurar o direito igual que 
têm o homem e a mulher ao gozo de todos os direitos econômicos, sociais e culturais 
enumerados no presente Pacto. 
Artigo 4.º 
Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem que, no gozo dos direitos 
assegurados pelo Estado, em conformidade com o presente Pacto, o Estado só pode 
submeter esses direitos às limitações estabelecidas pela lei, unicamente na medida 
compatível com a natureza desses direitos e exclusivamente com o fim de promover o 
bem-estar geral numa sociedade democrática. 
Artigo 5.º 
1. Nenhuma disposição do presente Pacto pode ser interpretada como implicando para 
um Estado, uma coletividade ou um indivíduo qualquer direito de se dedicar a uma 
atividade ou de realizar um ato visando a destruição dos direitos ou liberdades 
reconhecidas no presente Pacto ou a limitações mais amplas do que as previstas no 
dito Pacto. 
2. Não pode ser admitida nenhuma restrição ou derrogação aos direitos fundamentais 
do homem reconhecidos ou em vigor, em qualquer país, em virtude de leis, convenções, 
regulamentos ou costumes, sob o pretexto de que o presente Pacto não os reconhece 
ou reconhece-os em menor grau. 
 
 
35 
 
TERCEIRA PARTE 
Artigo 6.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito ao trabalho, que 
compreende o direito que têm todas as pessoas de assegurar a possibilidade de ganhar 
a sua vida por meio de um trabalho livremente escolhido ou aceite, e tomarão medidas 
apropriadas para salvaguardar esse direito. 
2. As medidas que cada um dos Estados Partes no presente Pacto tomará com vista a 
assegurar o pleno exercício deste direito devem incluir programas de orientação técnica 
e profissional, a elaboração de políticas e de técnicas capazes de garantir um 
desenvolvimento econômico, social e cultural constante e um pleno emprego produtivo 
em condições que garantam o gozo das liberdades políticas e econômicas fundamentais 
de cada indivíduo. 
Artigo 7.º 
Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas de 
gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem em especial: 
a) Uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores; 
i) Um salário equitativo e uma remuneração igual para um trabalho de valor igual, sem 
nenhuma distinção, devendo, em particular, às mulheres ser garantidas condições de 
trabalho não inferiores àquelas de que beneficiam os homens, com remuneração igual 
para trabalho igual; 
ii) Uma existência decente para eles próprios e para as suas famílias, em conformidade 
com as disposições do presente Pacto; 
b) Condições de trabalho seguras e higiênicas; 
c) Iguais oportunidades para todos de promoção no seu trabalho à categoria superior 
apropriada, sujeito a nenhuma outra consideração além da antiguidade de serviço e da 
aptidão individual; 
d) Repouso, lazer e limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas pagas, 
bem como remuneração nos dias de feriados públicos. 
Artigo 8.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a assegurar: 
a) O direito de todas as pessoas de formarem sindicatos e de se filiarem no sindicato da 
sua escolha, sujeito somente ao regulamento da organização interessada, com vista a 
favorecer e proteger os seus interesses econômicos e sociais. O exercício deste direito 
não pode ser objeto de restrições, a não ser daquelas previstas na lei e que sejam 
necessárias numa sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da 
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades de outrem; 
b) O direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais e o direito 
destas de formarem ou de se filiarem às organizações sindicais internacionais; 
 
36 
 
c) O direito dos sindicatos de exercer livremente a sua atividade, sem outras limitações 
além das previstas na lei, e que sejam necessárias numa sociedade democrática, no 
interesse da segurança social ou da ordem pública ou para proteger os direitos e as 
liberdades de outrem; 
d) O direito de greve, sempre que exercido em conformidade com as leis de cada país. 
2. O presente artigo não impede que o exercício desses direitos seja submetido a 
restrições legais pelos membros das forças armadas, da polícia ou pelas autoridades 
da administração pública. 
3. Nenhuma disposição do presente artigo autoriza aos Estados Partes na Convenção 
de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à 
proteção do direito sindical, a adotar medidas legislativas, que prejudiquem ou a aplicar 
a lei de modo a prejudicar as garantias previstas na dita Convenção. 
Artigo 9.º 
Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas à 
segurança social, incluindo os seguros sociais. 
 
Artigo 10.º 
Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem que: 
1. Uma proteção e uma assistência mais amplas possíveis serão proporcionadas 
à família, que é o núcleo elementar natural e fundamental da sociedade, 
particularmente com vista à sua formação e no tempo durante o qual ela tem a 
responsabilidade de criar e educar os filhos. O casamento deve ser livremente 
consentido pelos futuros esposos. 
2. Uma proteção especial deve ser dada às mães durante um período de tempo 
razoável antes e depois do nascimento das crianças. Durante este mesmo período 
as mães trabalhadoras devem beneficiar de licença paga ou de licença 
acompanhada de serviços de segurança social adequados. 
3. Medidas especiais de proteção e de assistência devem ser tomadas em 
benefício de todas as crianças e adolescentes, sem discriminação alguma 
derivada de razões de paternidade ou outras. Crianças e adolescentes devem ser 
protegidos contra a exploração econômica e social. O seu emprego em trabalhos 
de natureza a comprometer a sua moralidade ou a sua saúde, capazes de pôr em 
perigo a sua vida, ou de prejudicar o seu desenvolvimento normal deve ser sujeito 
à sanção da lei. Os Estados devem também fixar os limites de idade abaixo dos 
quais o emprego de mão-de-obra infantil será interdito e sujeito às sanções da lei. 
Artigo 11.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas a 
um nível de vida suficiente para si e para as suas famílias, incluindo alimentação, 
vestuário e alojamento suficientes, bem como a um melhoramento constante das suas 
condições de existência. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas destinadas 
 
37 
 
a assegurar a realização deste direito reconhecendo para este efeito a importância 
essencial de uma cooperação internacional livremente consentida. 
2. Os Estados Partes do presente Pacto, reconhecendo o direito fundamental de todas 
as pessoas de estarem ao abrigo da fome, adotarão individualmente e por meio da 
cooperação internacional as medidas necessárias, incluindo programas concretos: 
a) Para melhorar os métodos de produção, de conservação e de distribuição dos 
produtos alimentares pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos, 
pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo desenvolvimento ou a reformados regimes agrários, de maneira a assegurar da melhor forma a valorização e a 
utilização dos recursos naturais; 
b) Para assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentares mundiais em 
relação às necessidades, tendo em conta os problemas que se põem tanto aos países 
importadores como aos países exportadores de produtos alimentares. 
 
Artigo 12.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas 
de gozar do melhor estado de saúde física e mental possível de atingir. 
2. As medidas que os Estados Partes no presente Pacto tomarem com vista a 
assegurar o pleno exercício deste direito deverão compreender as medidas 
necessárias para assegurar: 
a) A diminuição da mortinatalidade e da mortalidade infantil, bem como o são 
desenvolvimento da criança; 
b) O melhoramento de todos os aspectos de higiene do meio ambiente e da 
higiene industrial; 
c) A profilaxia, tratamento e controlo das doenças epidêmicas, endêmicas, 
profissionais e outras; 
d) A criação de condições próprias a assegurar a todas as pessoas serviços 
médicos e ajuda médica em caso de doença. 
Artigo 13.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda a pessoa à 
educação. Concordam que a educação deve visar ao pleno desenvolvimento da 
personalidade humana e do sentido da sua dignidade e reforçar o respeito pelos 
direitos do homem e das liberdades fundamentais. Concordam também que a 
educação deve habilitar toda a pessoa a desempenhar um papel útil numa 
sociedade livre, promover compreensão, tolerância e amizade entre todas as 
nações e grupos, raciais, étnicos e religiosos, e favorecer as atividades das 
Nações Unidas para a conservação da paz. 
2. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem que, a fim de assegurar o 
pleno exercício deste direito: 
a) O ensino primário deve ser obrigatório e acessível gratuitamente a todos; 
 
38 
 
b) O ensino secundário, nas suas diferentes formas, incluindo o ensino 
secundário técnico e profissional, deve ser generalizado e tornado acessível a 
todos por todos os meios apropriados e nomeadamente pela instauração 
progressiva da educação gratuita; 
c) O ensino superior deve ser tornado acessível a todos em plena igualdade, em 
função das capacidades de cada um, por todos os meios apropriados e 
nomeadamente pela instauração progressiva da educação gratuita; 
d) A educação de base deve ser encorajada ou intensificada, em toda a medida do 
possível, para as pessoas que não receberam instrução primária ou que não a 
receberam até ao seu termo; 
e) É necessário prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede escolar 
em todos os escalões, estabelecer um sistema adequado de bolsas e melhorar de 
modo contínuo as condições materiais do pessoal docente. 
3. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade 
dos pais ou, quando tal for o caso, dos tutores legais de escolher para seus filhos 
(ou pupilos) estabelecimentos de ensino diferentes dos poderes públicos, mas 
conformes às normas mínimas que podem ser prescritas ou aprovadas pelo 
Estado em matéria de educação, e de assegurar a educação religiosa e moral de 
seus filhos (ou pupilos) em conformidade com as suas próprias convicções. 
4. Nenhuma disposição do presente artigo deve ser interpretada como limitando 
a liberdade dos indivíduos e das pessoas morais de criar e dirigir 
estabelecimentos de ensino, sempre sob reserva de que os princípios enunciados 
no parágrafo 1 do presente artigo sejam observados e de que a educação 
proporcionada nesses estabelecimentos seja conforme às normas mínimas 
prescritas pelo Estado. 
 
Artigo 14.º 
Todo o Estado Parte no presente Pacto que, no momento em que se torna parte, não 
pôde assegurar ainda no território metropolitano ou nos territórios sob a sua jurisdição 
ensino primário obrigatório e gratuito compromete-se a elaborar e adotar, num prazo de 
dois anos, um plano detalhado das medidas necessárias para realizar 
progressivamente, num número razoável de anos, fixados por esse plano, a aplicação 
do princípio do ensino primário obrigatório e gratuito para todos. 
 
Artigo 15.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem a todos o direito: 
a) De participar na vida cultural; 
b) De beneficiar do progresso científico e das suas aplicações; 
c) De beneficiar da proteção dos interesses morais e materiais que decorrem de 
toda a produção científica, literária ou artística de que cada um é autor. 
 
39 
 
2. As medidas que os Estados Partes no presente Pacto tomarem com vista a 
assegurarem o pleno exercício deste direito deverão compreender as que são 
necessárias para assegurar a manutenção, o desenvolvimento e a difusão da 
ciência e da cultura. 
3. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade 
indispensável à investigação científica e às atividades criadoras. 
4. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem os benefícios que devem 
resultar do encorajamento e do desenvolvimento dos contatos internacionais e 
da cooperação no domínio da ciência e da cultura. 
 
QUARTA PARTE 
Artigo 16.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a apresentar, em 
conformidade com as disposições da presente parte do Pacto, relatórios sobre as 
medidas que tiverem adotado e sobre os progressos realizados com vista a assegurar 
o respeito dos direitos reconhecidos no Pacto. 
2: 
a) Todos os relatórios serão dirigidos ao Secretário-Geral das Nações Unidas, que 
transmitirá cópias deles ao Conselho Econômico e Social, para apreciação, em 
conformidade com as disposições do presente Pacto; 
b) O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas transmitirá igualmente às 
agências especializadas cópias dos relatórios, ou das partes pertinentes dos relatórios, 
enviados pelos Estados Partes no presente Pacto que são igualmente membros das 
referidas agências especializadas, na medida em que esses relatórios, ou partes de 
relatórios, tenham relação a questões relevantes da competência das mencionadas 
agências nos termos dos seus respectivos instrumentos constitucionais. 
Artigo 17.º 
1. Os Estados Partes no presente Pacto apresentarão os seus relatórios por etapas, 
segundo um programa a ser estabelecido pelo Conselho Econômico e Social, no prazo 
de um ano a contar da data da entrada em vigor do presente Pacto, depois de ter 
consultado os Estados Partes e as agências especializadas interessadas. 
2. Os relatórios podem indicar os fatores e as dificuldades que impedem estes Estados 
de desempenhar plenamente as obrigações previstas no presente Pacto. 
3. No caso em que informações relevantes tenham já sido transmitidas à Organização 
das Nações Unidas ou a uma agência especializada por um Estado. Parte no Pacto, 
não será necessário reproduzir as ditas informações e bastará uma referência precisa 
a essas informações. 
Artigo 18.º 
Em virtude das responsabilidades que lhe são conferidas pela Carta das Nações Unidas 
no domínio dos direitos do homem e das liberdades fundamentais, o Conselho 
 
40 
 
Econômico e Social poderá concluir arranjos com as agências especializadas, com vista 
à apresentação por estas de relatórios relativos aos progressos realizados na 
observância das disposições do presente Pacto que entram no quadro das suas 
atividades. Estes relatórios poderão compreender dados sobre as decisões e 
recomendações adotadas pelos órgãos competentes das agências especializadas 
sobre a referida questão da observância. 
Artigo 19.º 
O Conselho Econômico e Social pode enviar à Comissão dos Direitos do Homem para 
fins de estudo e de recomendação de ordem geral ou para informação, se for caso disso, 
os relatórios respeitantes aos direitos do homem transmitidos pelos Estados, em 
conformidade com os artigos 16. ° e 17. ° e os relatórios respeitantes aos direitos do 
homem comunicados pelas agências especializadas em conformidade com o artigo

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