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Strongyloides stercoralis Strongyloides stercoralis Morfologia Adultos Fêmea parasita o Fêmea que está no organismo é partenogenética, se reproduz sem o macho o Possui corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Mede de 1,7 a 2,5mm de comprimento por 0,03 a 0,04mm de largura. Apresenta cutícula fina e transparente, levemente estriada no sentido transversal em toda a extensão do corpo. Aparelho digestivo simples com boca contendo três lábios; esôfago longo, ocupando 25% do comprimento do parasito, tipo filarióide ou filariforme, cilíndrico, que à altura do quinto anterior é circundado por um anel nervoso também denominado colar esofagiano; seguido pelo intestino simples, terminando em ânus, próximo da extremidade posterior. O aparelho genital, com útero em disposição anfidelfa ou divergente, apresenta ovários, ovidutos e a vulva, localizada no terço posterior do corpo. Os ovos são alinhados em diferentes estágios de desenvolvimento embrionário, no máximo até nove em cada ramo uterino, o anterior e o posterior. Não há receptáculo seminal. A fêmea, que coloca de 30 a 40 ovos por dia, é ovovivípara, pois elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado; a larva rabditóide, que é freqüentemente libertada ainda no interior do hospedeiro, toma-se a forma evolutiva de fundamental importância no diagnóstico Fêmea de vida livre o Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Mede de 0,8 a l,2mm de comprimento por 0,05 a 0,07mm de largura. Apresenta cutícula fina e transparente, com finas estriações. Aparelho digestivo simples, com boca contendo três lábios; o esôfago, que é curto, tem aspecto rabditóide, pois se apresenta dividido em três porções sendo uma anterior, cilíndrica e alongada (corpo), uma intermediária, estreitada (istmo), e uma posterior, globulosa (bulbo), o anel nervoso contorna a parte estreitada um pouco adiante do bulbo; o intestino é simples e de difícil observação devido à presença dos órgãos genitais; terminando em ânus. Aparelho genital é constitu- ído de útero anfidelfo, contendo até 28 ovos, ovários,ovidutos e a vulva situada próxima ao meio do corpo. Apresenta receptáculo seminal. Macho de vida livre Larvas As larvas saem nas fezes Rabditóide Filarióide o No solo e penetra na pele, faz a mesma migração do áscaris e quando chega no tubo digestivo o Ausência de bainha Strongyloides stercoralis Diagnóstico diferencial das larvas - larvas filarióide Ovo Fica no intestino Habitat Mora na parede do duodeno vive o verme adulto e dele saem as larvas rabiditoides que saem nas fezes Mora dentro do tecido intestinal Ciclo evolutivo As fêmeas partenogenéticas são parasitas triploides e podem produzir simultaneamente 3 tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditoides: 1) Larvas rabditoides triploides (3n) que se diferenciam em larvas filarióides triploides infectantes, completando o ciclo direto; 2) Larvas rabditoides diploides (2n) que originam as fêmeas da vida livre; 3) Larvas rabditoides haploides (n) que evoluem para macho de vida livre, onde as duas últimas completam um ciclo indireto. A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições semelhantes ás dos ancilostomídeos: solo arenoso, umidade alta, temperatura entre 25 e 30ºC e ausência de luz solar direta. Ciclo direto As larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perianal, após 24 a 72 horas se transformam em larvas filarioides infectantes. Strongyloides stercoralis Ciclo indireto As larvas rabditoides sofrem quatro transformações no solo e após 18 a 24 horas, produzem fêmeas e machos de vida livre. Os ovos originados do acasalamento das formas adultas de vida livre são triploides, e as larvas rabditoides evoluem para larvas filarioides (3n) infectantes. As larvas filarióides não se alimentam e devido à ausência de bainha, são menos resistentes que as larvas filarioides dos ancilostomídeos, podendo permanecer no solo durante quatro semanas. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Estas larvas secretam metaloproteases, que as auxiliam, tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos, que ocorre numa velocidade de 10 cm por hora. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que atingem a circulação venosa linfática e através destes vasos seguem para o coração e pulmão. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e por meio de migração pela arvore brônquica, chegam a faringe. Podem ser expelidos pela expectoração, ou serem deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas que depositam poucos ovos por dia, na mucosa intestinal. Neste local, as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz intestinal e são eliminadas com as fezes do paciente, constituindo a forma diagnóstica que é visualizada em microscopia de luz. O período pré-patente, isto é, o tempo decorrido desde a penetração da larva filarióide na pele até que ela se torne adulta e comece a eliminar ovos larvados e eclosão das larvas no intestino é de aproximadamente 15 a 25 dias. Localização ectópica Transmissão Heteroinfestação ou primo-infecção o Cutânea o Oral As larvas filarióides infectantes (L3) penetram através da pele do hospedeiro, podendo também apresentar penetração através das mucosas oral, esofágica e gástrica. Nas pessoas Strongyloides stercoralis que não usam calçados, a penetração ocorre através da pele dos pés (nos espaços interdigitais). Este modo de transmissão parece ser o mais frequente. Autoinfestação o Exógena Este modo de infecção pode ocorrer em crianças, idosos ou pacientes internados que defecam na fralda, roupa ou ainda em indivíduos, que, por deficiência de higiene, deixam permanecer restos de fezes em pelos perianais. As larvas rabditoides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larrvas filarioides infectantes e aí penetram, completando o ciclo direto. o Endógena Intestino Pulmão As larvas rabditoides podem evoluir para larvas filarioides infectantes ainda na luz intestinal (íleo ou cólon) e nem todas são excretadas nas fezes. Algumas delas conseguem penetrar a mucosa do cólon ou a pele da região perianal e retornar à circulação sanguínea, indo em direção aos pulmões. Esse mecanismo pode cronificar a doença por vários meses ou anos. Papel patogênico As principais alterações na estrongiloidiase são devidas à ação mecânica, traum ática, irritativa, tóxica e antigênica decorrente não só das fêmeas partenogenéticas, mas também das larvas e dos ovos. Estas ações podem ser estudadas acompanhando as suas localizações no hospedeiro humano: Larvas Fêmea partenogenética Sintomatologia Cutânea Petéquias Strongyloides stercoralis Urticária Placas eritematosas Em geral é discreta, ocorrendo nos pontos de penetração das larvas infectantes, tanto na pele como nas mucosas, com reação celular apenas em tomo das larvas mortas que não conseguiram atingir o sistema circulatório. Nos casos de reinfecção, há reação de hipersensibilidade com formação de edema, eritrema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias. Às vezes, observa-se migração única ou múltipla das larvas filarióides no tecido subcutâneo determinando um aspecto linear ou serpiginoso urticariforme com prurido, lesão caracterizada como larva currrens, que ocorre mais freqüentemente no tronco, nádegas, períneo, virilha e coxas, avançando de 5 a 15cm por hora Respiratória Bronquite Broncopneumonia Expectoração mucopurulenta Dor torácica Febre Apresenta intensidade variável,porém presente em todos os indivíduos infectados, caracterizada por tosse com ou sem expectoração, febre, dispnéia e crises asmatiformes decorrentes das larvas filarióides e, ocasionalmente, de fêmeas, que aí podem atingir a maturidade, produzindo ovos e larvas rabditóides. A travessia das larvas do interior dos capilares para os alvéolos provoca hemorragia, infiltrado inflamatório constituído de linfócitos e eosinófilos, que podem ser limitados ou, em casos mais graves, provocar broncopneumonia, síndrome de Lõeffler, edema pulmonar e insuficiência respiratória Intestinal As fêmeas com a finalidade de se fixar ou se alimentar localizam-se principalmente na mucosa do duodeno e jejuno, limitando-se à zona glandular, raramente ultrapassando a muscularis mucosae, onde são aprisionadas pelas células epitelióides e depois removidas pelos leucócitos polimorfonucleares. A presença de fêmea partenogenéticas, ovos e larvas no intestino delgado ou ocasionalmente no intestino grosso, pode determinar, em ordem crescente de gravidade: Enterite catarral: os parasitos são visualizados nas criptas glandulares e ocorre uma reação inflamatória leve, caracterizada pelo acúmulo de células que secretam mucina e, portanto, acompanhada de aumento de secreção mucóide, com caráter reversível; Enterite edematosa: os parasitos são visualizados em todas as túnicas da parede intestinal Diagnóstico parasitológico Exame parasitológico de fezes (EPF): Realiza-se a pesquisa de larvas, em fezes sem conservantes, pelos métodos de Baermann-Moraes e de Rugai. Estes métodos se baseiam no hidro e termotropismo das larvas, necessitando de três a cinco amostras de fezes, colhidas em dias alternados, para confirmação da presença de larvas rabditoides. Ocasionamente, podem ser visualizadas larvas filarioides em fezes envelhecidas ou em casos com ritmo intestinal lento, ou em fezes frescas de indivíduos hiperinfectados. Tem sido demonstrado que uma única amostra de fezes falha em detectar larvas em até 70% dos casos. Repetidos exames de fezes aumentam a chance de encontrar os parasitos, elevando a sensibilidade para 50% com três amostras e aproximadamente para 100% com sete amostras fecais seriadas. Apresentam como vantagens a simples e rápida execução e como desvantagens a necessidade de fezes frescas e a possibilidade de contaminação do manipulador devido à motilidade das larvas. Strongyloides stercoralis Diagnóstico por imagem: Raio X de tórax, identificando a síndrome de Löeffler e de trato digestivo, demonstrando aceleração do trânsito intestinal, ou apagamento difuso do relevo mucoso duodenojejunal e imagem de tubo rígido nos casos graves. Ultrassonografia e tomografia computadorizada também podem ser requisitadas. Sorológico As técnicas sorológicas, principalmente as imunoenzimáticas, podem ser uma boa alternativa para o diagnóstico da estrongiloidíase. Uma das principais limitações encontradas no desenvolvimento de testes sorológicos mais sensíveis e específicos é a dificuldade de se obter quantidades suficientes de antígenos que permitam seu posterior fracionamento e sua análise. As principais técnicas sorológicas são: ensaios imunoenzimáticos (ELISA), imunofluorescência e teste de aglutinação em partículas de gelatina. Profilaxia A estrongiloidíase não é uma doença de notificação obrigatória e para minimizar a ocorrência do complexo ciclo de transmissão, as equipes de saúde das regiões endêmicas devem elaborar programas de controle adotando as medidas preconizadas para as geo-helmintíases, ressaltando a aten ção aos hábitos higiênicos principalmente a lavagem adequada dos alimentos, utilização de calçados, educação e engenharia sanitária, além da melhoria da alimentação. Considerando que a unidade epidemiológica fundamental é a familiar, salienta-se a necessidade de comprovar o diagnóstico e proceder ao tratamento específico de todos os indivíduos parasitados mesmo que assintomáticos, bem como animais domésticos infectados, para eliminar a fonte de infecção. Instituições assistênciais, com destaque para as de atendimento a pacientes com retardo mental, podem representar um foco de infecção. Há necessidade de diagnosticar e tratar os indivíduos que irão se submeter a tratamentos imunossupressores devido à probabilidade de desenvolvim ento de hiperinfecção ou disseminação da doença, que podem ser fatais. Em indivíduos imunodeprimidos, recomenda-se o uso profilático de tiabendazol por dois a três dias mensalmente, para evitar a recidiva da estrongiloidíase Epidemiologia
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