Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Parasitologia (2020.1) Estrongiloidías� Causada pelo parasita nematódeo Strongyloides stercoralis, a estrongiloidíase é uma afecção intestinal que acomete a maioria dos mamíferos, entre eles primatas, cães e gatos. E ao contrário de muitos parasitos, estes nematódeos podem viver indefinidamente no solo como formas livres. Morfologia A fêmea patogenética parasita: possui um corpo cilíndrico com aspecto filiforme, tendo a extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Ela mede 1,7 a 2,5mm de comprimento por 0,03 a 0,04mm de largura. Além disso, ela apresenta uma fina cutícula transparente levemente estriada no sentido transversal em toda extensão do corpo. O aparelho genital, com útero em disposição anfidelfa ou divergente apresenta ovários, ovidutos e a vulva é localizada no terço posterior do corpo Fêmea de vida livre: possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Mede cerca de 0,8 a 1,2mm de comprimento por 0,05 a 0,07mm de diâmetro. O seu aparelho genital é constituído de útero anfidelfo, contendo até 28 ovos, ovários, ovidutos e a vulva é situada próxima ao meio do corpo. Macho de vida livre: também possui um aspecto fusiforme, com a extremidade anterior arredondada e a posterior afilada. Ele mede 0,7mm de comprimento e 0,04 de diâmetro. A boca apresenta três lábios com esófago do tipo rabditoide, seguido de intestino terminando em cloaca. Ovos e larvas São elípticos com uma parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos ancilostomídeos. Os originários da fêmea parasita medem 0,05 mm de comprimento por 0,03 mm de largura e os da fêmea de vida livre 0,07 por 0,04 mm de largura. Eles só podem ser observados nas fezes de indivíduos com diarreia grave ou após a utilização de laxantes. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Parasitologia (2020.1) Ciclo biológico As larvas rabditóides eliminadas nas fezes do indivíduo parasitado podem seguir dois ciclos: o direto (partenogenético) ou o indireto (vida livre), ambos monoxenos. A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições semelhantes às do ancilostomídeos (solo arenoso, umidade alta, temperatura entre 25° e 30°C e ausência de luz direta. Já no ciclo direto das larvas rabditóides no solo ou sobre a pele da região perineal, após 24 a 72 horas, se transformam em larvas filarióides infectantes. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou na mucosa oral, esofágica, ou gástrica do hospedeiro. A penetração se dá através de enzimas que auxiliam tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos, que ocorre numa velocidade de 10 cm por hora. Contudo, algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que atingem a circulação venosa e linfática, que é por onde chegam ao coração e aos pulmões, onde se transformam em L4, atravessando a membrana alveolar para chegar a faringe. Na faringe, as larvas podem ser expelidas pela expectoração ou serem deglutidas, atravessando o trato digestivo e chegando ao intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Seus ovos são depositados na mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. Elas podem ser eliminadas pelas fezes enquanto que algumas larvas não infectantes podem sofrer mutações em infectantes, que invadem a parede gastrointestinal, onde estabelecem uma auto-infecção endógena. Esse ciclo é único do S. stercoralis. A auto-infecção por S. stercolaris aumenta devido ao grande número de larvas filariformes que penetram na mucosa dos intestinos delgado e grosso, de onde vão em direção ao trato respiratório, onde podem causar sintomas similares a pneumonia e asma. Patogenia, patologia e sintomatologia Indivíduos portadores de pequeno número de parasitos no intestino normalmente são assintomáticos, ou oligossintomáticos, contudo, isso não significa a ausência da ação patogênica das lesões. Formas graves se relacionam com fatores extrínsecos, principalmente pela carga parasitária e com fatores intrínsecos (subalimentação com carência de proteínas e etc). Os sintomas clínicos mais comuns são quadros de pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda (caracterizada por tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes decorrentes das larvas filarióides. Quanto às complicações, estão a meningite por Gram negativos e a septicemia devido à entrada dos microrganismos intestinais na corrente sanguínea, acompanhando a penetração das larvas e alojando-se no sistema nervoso central. Essa invasão de outros tecidos não ocorre em pacientes imunocompetentes provavelmente devido à imunidade celular eficaz. Diagnóstico e tratamento O diagnóstico pode ser feito através da pesquisa de Strongyloides stercoralis nas Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021) Parasitologia (2020.1) fezes, líquido duodenal, líquido cefalorraquidiano e exsudato pulmonar. Quanto ao tratamento, a estrongiloidíase é a parasitose mais difícil de ser tratada dentre as causadas por nematódeos. Drogas como ivermectina e benzimidazólicos são empregadas no tratamento específico da estrongiloidíase. Vinícius Bandeira | @viniciusbdentista (2021)
Compartilhar