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aula 4 - Princípios Constitucionais Específicos da Seguridade Social art 195 parte 2

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Princípios Constitucionais Específicos da Seguridade Social- 
Art. 195 da Constituição Federal- parte 2
(Aula avançada) 
Prof. Eduardo Tanaka
A seguir, citaremos os demais parágrafos do art. 195 da Constituição Federal.
Receitas destinadas à Seguridade Social dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios – art. 195, § 1o
As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
Cada ente (Estados, Distrito Federal e municípios) utilizará as receitas (dinheiro) destinadas à seguridade social no seu próprio orçamento. Em consequência, essa receita não irá para o orçamento da União.
Por exemplo: o dinheiro arrecadado pelos Estados-membros e destinado à Seguridade Social constará de seu respectivo lançamento para pagar seus médicos, não integrando o orçamento da União.
Proposta de orçamento da Seguridade Social – art. 195, § 2o
A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela Saúde, Previdência Social e Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
O parágrafo supracitado explica como será elaborada a proposta de orçamento da Seguridade Social. Ela deverá ser feita de forma integrada, e cada área (Saúde, Previdência Social e Assistência Social) tem autonomia e fará a gestão de seus próprios recursos.
Criação de novas contribuições sociais – art. 195, § 4o
A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
O parágrafo citado acima diz respeito à possibilidade de criação de novas contribuições sociais pela União.2 De modo que, para se criar nova contribuição social, é necessário seguir as regras do art. 154, I, da Constituição Federal, que diz:
Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta 
Constituição;
Dessa forma, as condições para se criar contribuição social nova são:
· só a União poderá instituir;
· por lei complementar;
· ser não cumulativo;
• não ter fato gerador ou base de cálculo de contribuições sociais discriminadas pela Constituição.
O STF entende que pode ser criada nova contribuição social com mesmo fato gerador ou base de cálculo de imposto que já existe.
Imunidade (isenção) de contribuições sociais – art. 195, § 7o
São isentas de contribuição para a Seguridade Social as entidades beneficentes de Assistência Social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
É importante que a entidade de Assistência Social seja beneficente e que atenda às exigências estabelecidas em lei. Entidade beneficente é aquela que atende gratuitamente a população carente. Dessa forma, é mais do que justo que essas entidades que praticam a justiça social e contribuem com seu próprio trabalho para os cumprimentos dos objetivos da Seguridade Social sejam imunes às contribuições para a Seguridade Social.
Segurado especial – art. 195, § 8º
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei 
Este parágrafo 8º fala sobre o segurado especial. Este é, por exemplo, o pequeno produtor rural, o pescador artesanal, o seringueiro. Sobre esse segurado especial, aprofundaremos o assunto no capítulo “Segurados da Previdência Social”.
Alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas – art. 195, § 9o
As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo (contribuição previdenciária das empresas sobre pagamentos a pessoas físicas que lhe prestem serviços) poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
 Atendendo ao princípio da “equidade na forma de participação no custeio”, as alíquotas ou bases de cálculo podem variar conforme atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 
A Emenda Constitucional nº 103, de 2019 – reforma da previdência – restringiu a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso da contribuição previdenciária sobre a receita ou faturamento ou sobre o lucro, como é o caso da COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Transferência de recursos – art. 195, § 10
A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de Assistência Social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
A Constituição prevê que haverá transferência de recursos para o Sistema Único de Saúde e ações de Assistência Social:
· da União para os Estados, o Distrito Federal e os municípios; 
· dos Estados para os municípios.
E quem definirá os critérios dessa transferência será a lei.
Os entes públicos que receberem os valores transferidos, por óbvio, deverão prestar contas dos recursos, de como e onde foram utilizados. Além do mais, enquanto a União e o Estado entram com uma parcela no custeio das despesas com a Seguridade Social de um município, este, por sua vez, deverá custear, também, parte da despesa de sua Seguridade Social. Isso é o que a Constituição chama de “observar a respectiva contrapartida de recursos”.
1.3.4.8. Vedação de concessão de remissão ou anistia – art. 195, § 11
São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a sessenta meses e, na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput.
Este parágrafo 11 institui diversas vedações que poderiam levar à diminuição da arrecadação de contribuições previdenciárias. São estas:
Moratória - é a concessão de um novo prazo (aumentado, dilatado) para o pagamento da dívida ou adimplemento da obrigação. 
Remissão - extingue o crédito tributário, é o perdão da dívida e somente a lei pode autorizá-la.
Anistia - é a exclusão do crédito tributário referente a infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. Ou seja, a anistia é concedida por lei após o fato gerador, impedindo o lançamento tributário.
Dessa forma, essas vedações são importantes, pois vêm garantir a arrecadação de contribuições previdenciárias destinadas a custear os benefícios (ex.: aposentadorias) do Regime Geral da Previdência Social.
1.3.4.9. Não cumulatividade – art. 195, § 12
A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b [contribuição da empresa sobre o faturamento – ex. Cofins]; e IV [contribuição do importador] do caput, serão não cumulativas.
A Constituição vem com isto evitar a incidência em cascata do tributo, que vem a onerar demasiadamente o produto final e, consequentemente, o consumidor. Um exemplo de não cumulatividade é o sistema de débitos e créditos presente no ICMS. Sendo assim, a lei irá definir quais serão as empresas cuja incidência de tributos como a Cofins, será não cumulativa.
Apenas como observação, o próximo parágrafo 13 foi revogado pela Emenda Constitucional 103, de 2019 - reforma da previdência. 
1.3.4.10. Reconhecimento do tempo de contribuição – art. 195, § 14
O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições.
O segurado somente terá reconhecidacomo tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria.
Neste caso, somente serão considerados para efeito de contagem de tempo de contribuição, os recolhimentos com valores iguais ou superiores à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria.
A Emenda Constitucional nº 103, de 2019 - reforma da previdência - trouxe a possibilidade de agrupamento de contribuições. Esse assunto será abordado de forma aprofundada no capítulo “Salário de Contribuição”, no item “8.3”.
(2020 – VUNESP – Valiprev-SP – Analista) Assinale a alternativa correta sobre o custeio da seguridade social.
a) A seguridade social será financiada por toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, exceto as contribuições sociais do empregador e da empresa.
b) A lei não poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou a expansão da seguridade social.
c) As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, integrando o orçamento da União.
d) Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
e) A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social poderá contratar com o Poder Público, porém dele não poderá receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
R: D

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