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Comunicação e Expressão

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1 
 
Comunicação e Expressão 
 
Apresentação 
 
Este material é parte da Disciplina Comunicação e Expressão. Você acessa o ambiente virtual de 
aprendizagem e estuda, realiza as atividades, esclarece as dúvidas com seu professor-tutor! Aqui, 
você reforça o seu estudo, ainda tem a possibilidade de realizar mais atividades, aprimorando, 
assim, o seu aprendizado. 
 
Para ajudá-lo a consolidar seus conhecimentos, ao longo do material, você encontrará ícones com 
funções e objetivos distintos. Observe: 
 
fique atento: destaca alguma informação importante que não deve ser esquecida por 
você. Também pode acrescentar um conhecimento novo ou uma experiência ao tema 
tratado. 
 
dica: traz novos conhecimentos em relação ao tema tratado ou pode indicar alguma 
fonte de pesquisa para que você aprofunde ainda mais seus conhecimentos no futuro. 
 
leitura complementar: indicação de um artigo com o objetivo de você se aprofundar no 
assunto a ser tratado. 
 
consolidando a aprendizagem: são listas de perguntas cujo objetivo é o de você 
confirmar, negar ou criar um novo conhecimento ou opinião acerca do assunto que foi 
tratado no material. 
 
objetivos da unidade: informa o que você precisa aprender em cada unidade. 
 
 
Aproveite! Você tem em mão a chance de desenvolver ou aprofundar seus conhecimentos na área 
de Comunicação e Expressão. 
 
 
Objetivo Geral da Disciplina 
 
Desenvolver a capacidade de produção textual do aluno, ressaltando a atividade de reescrita, 
provendo-o com as ferramentas necessárias à organização do pensamento a ser expresso por 
escrito em textos formais. 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
Unidade I – Texto e contexto ................................................................................................................ 5 
1.1 Comunicação oral e escrita ......................................................................................................... 6 
1.1.1 Processo de comunicação ........................................................................................................ 6 
1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não-verbal ............................................................................. 7 
1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita ....................................................................................... 7 
1.2 Texto acadêmico ......................................................................................................................... 8 
1.2.1 Gênero textual ......................................................................................................................... 8 
1.2.2 Intertextualidade ..................................................................................................................... 9 
1.2.3 Ler e compreender ................................................................................................................... 9 
1.3 Ortografia .................................................................................................................................. 11 
1.3.1 Emprego das Letras ................................................................................................................ 11 
1.3.2 Atual acordo ortográfico ........................................................................................................ 13 
1.3.3 Acentuação gráfica ................................................................................................................. 15 
1.3.4 Dúvidas Gráficas ..................................................................................................................... 16 
1.4 Frase, período e oração ............................................................................................................. 21 
1.5 Uso adequado dos pronomes ................................................................................................... 24 
1.6 Estudo sobre verbos .................................................................................................................. 26 
Unidade II – Coerência e Coesão ......................................................................................................... 31 
2.1 Coerência e adequação vocabular ............................................................................................ 32 
2.2 Coesão textual ........................................................................................................................... 39 
2.3 Concordância nominal e verbal ................................................................................................. 41 
Unidade III – Texto e sua estrutura ..................................................................................................... 45 
3.1 Técnica de redação .................................................................................................................... 46 
3.1.1 Planejamento do Parágrafo ................................................................................................... 46 
3.1.2 Desenvolvimento ................................................................................................................... 48 
3.1.3 Qualidades do Parágrafo ........................................................................................................ 51 
3.2 Pontuação ................................................................................................................................. 52 
 
4 
 
3.2.1 Uso da vírgula ........................................................................................................................ 52 
3.2.2 Uso de aspas .......................................................................................................................... 54 
3.2.3 Uso do travessão .................................................................................................................... 55 
3.2.4 Uso dos dois pontos ............................................................................................................... 55 
Unidade IV – Texto e vocabulário ....................................................................................................... 57 
4.1 Paráfrase ................................................................................................................................... 58 
4.2 Regência e crase........................................................................................................................ 63 
4.2.1 Regência ................................................................................................................................. 63 
4.2.2 Crase ...................................................................................................................................... 65 
4.3 Vícios de linguagem .................................................................................................................. 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Unidade I – Texto e contexto 
 
 
 Criar estratégias de comunicação oral e escrita. 
 Ler e interpretar textos. 
 Utilizar adequadamente os diferentes tipos de linguagem frente às situações 
apresentadas. 
 Reconhecer as várias possibilidades de leitura nos variados suportes de textos. 
 Identificar diferentes estratégias de leituras e colocá-las em prática. 
 Desenvolver adequadamente a leitura oral expressiva de textos. 
 Organizar ideias, visando à produção de textos dissertativos, argumentativos e 
narrativos. 
 Argumentar coerentemente. 
 
6 
 
1.1 - Comunicação oral e escrita 
 
1.1.1 Processo de comunicação 
Comunicação é o processo de transmissão da informação de uma pessoa para outra ou 
outras. Nesse processo, são identificados elementos sem os quais, pode-se dizer, que não há 
comunicação. 
Para que haja sucesso na comunicação, é necessário que o destinatárioda informação a 
receba e a compreenda. 
 
Elementos da comunicação 
 
Emissor: é quem emite a mensagem. Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, uma 
instituição etc. 
Receptor ou destinatário: é quem recebe a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo 
um animal, como um cão, por exemplo. É preciso distinguir recepção de compreensão da 
mensagem. 
Mensagem: é o objeto da comunicação. É constituída pelo conteúdo das informações transmitidas. 
A mensagem pode ser: visual (que recorre a imagens, ícones, desenhos, fotografias); simbólica 
(que utiliza símbolos, letras, números – a escrita ortográfica); sonora (linguagem falada, palavras, 
músicas, sons diversos); táctil (pressão, choque, trepidação, vibração); olfativa (o cheiro do gás, 
por exemplo, que passa a mensagem de perigo como um vazamento) e gustativa (tempero 
“quente” – apimentado ou não). 
Código: é a organização da mensagem, a codificação. É formado por um conjunto de sinais, 
combinados de acordo com determinadas regras que dão significados a eles. O código utilizado 
deve ser comum ao emissor e ao receptor. 
Canal de comunicação: é a via, física ou virtual de circulação da mensagem, que garante o contato 
entre emissor e receptor. Como exemplo, há as ondas sonoras, no caso da mensagem sonora. 
Contexto: é a situação a qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir nas 
circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também 
dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem. 
Ruído: são os elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como, por 
exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de ordem visual, 
como borrões, rabiscos etc. 
 
 
7 
 
Receber a mensagem não é o mesmo que compreender a mensagem. Para que esse 
Processo de Comunicação seja satisfatório e completo, é necessário que, além de receber a 
mensagem sem ruídos, o destinatário a compreenda. 
Para isso, precisamos compreender o outro, ter empatia, ou seja, desenvolver uma aptidão 
para sentir o que o outro sente e pensa, além de uma flexibilidade comunicativa, ter um repertório 
linguístico que varia conforme a situação e a pessoa. 
Quando as pessoas comprometem o ato comunicativo: 
 não ouvem; 
 interrompem os outros quando falam; 
 são agressivas; 
 gostam de impor suas ideias; 
 não compreendem as outras pessoas além do seu ângulo de visão. 
 
Desenvolvendo um comportamento compreensivo e a capacidade linguística, você terá 
condições para uma comunicação mais eficaz. 
 
 
1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não verbal 
A linguagem verbal é aquela que se utiliza de mensagens simbólicas e sonoras para ser 
comunicada. Ela pode ser oral (falada) ou escrita. Já a linguagem não verbal é aquela composta por 
ícones, imagens, sons diversos, vibrações, cores, cheiros, sabores etc. 
 
1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita 
 
Pronominais - Oswald de Andrade 1925 
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
Do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro 
“A informação simplesmente transmitida, 
mas não recebida, não foi comunicada”. 
 
8 
 
A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio corpo, tom de 
voz, expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. 
Pode apresentar expressões que denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros 
gramaticais (vulgar); linguajar mais básico, utilizado no dia a dia, com gírias e certa preocupação 
com as normas gramaticais (coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita 
“padrão”, muito ouvida nos discursos (formal). 
Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto vocabulário. Pode ser 
considerada como: vulgar, que reproduz gírias e aspectos da linguagem falada; padrão, que não 
admite gírias e expressões vulgares, demonstrando preocupação em seguir as normas gramaticais; 
ou literária, que apresenta uma preocupação com a estética, pouca preocupação com as normas 
gramaticais e é praticada pelos escritores. 
Toda linguagem possui suas regras, sendo assim – para que a comunicação se estabeleça de 
forma coerente –, é preciso que o autor (do texto ou do discurso) adapte suas expressões conforme 
o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras como forma de aproximação. 
Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa 
 
1.2 Texto acadêmico 
 
1.2.1 Gênero textual 
Dificilmente encontraremos um texto que seja exclusivo de um tipo ou gênero textual. Para 
identificação, precisamos observar qual sequência textual está mais evidente. 
Narrativo: 
 marcado pela temporalidade; 
 o fato e a ação estão presentes; 
 desenvolve-se numa linha de tempo e espaço; 
 o texto de sequência narrativa pode apresentar-se de diversas formas, como: conto, 
romance, fábula, piada, quadrinhos, conto de fada etc. 
Descritivo: 
 apresentação do estado do ser descrito em um determinado momento; 
 o texto de sequência descritiva pode apresentar-se de diversas formas, como: cardápio, 
lista de compras, anúncio de classificados, bula(composição) etc. 
Argumentativo: 
 defesa de um ponto de vista; 
 objetivo de persuadir o leitor ou ouvinte; 
 progressão lógica de ideias com linguagem formal, objetiva e denotativa ou subjetiva e 
conotativa; 
 o texto de sequência argumentativa pode apresentar-se de diversas formas, como: 
redações dissertativas, crítica, editorial de jornal ou revista etc. 
Explicativo: 
 tem por função informar ou explicar sobre algum assunto; 
 tem por objetivo identificar conceitos e definições; 
 o leitor adquire conhecimento; 
 o texto de sequência explicativa pode apresentar-se de diversas formas, como, verbetes 
de dicionário, textos dos manuais, textos da bula, livros didáticos, textos científicos etc. 
 
 
9 
 
Instrucional: 
 a marca fundamental é o verbo no imperativo; 
 indica ordem, orientação; 
 o texto de sequência injuntiva pode apresentar-se de diversas formas, como: 
propaganda, receita culinária (modo de preparo), manual de instrução de um aparelho, 
horóscopo, bula de remédio etc. 
 
1.2.2 Intertextualidade 
 “Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto 
em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela 
etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade”. 
(http://www.infoescola.com/portugues/intertextualidade-parafrase-e-parodia/) 
 
1.2.3 Ler e compreender 
Faulstich (2003, p.14) aponta dois tipos de leitura para que um texto técnico seja bem lido: 
a leitura informativa e a leitura crítica. Vejamos: segundo essa autora, ao se fazer uma leitura 
informativa, busca-se respostas a questões específicas. Para tal, propõe a elaboração de uma 
leitura seletiva. 
Mas o que vem a ser uma leitura seletiva? Nesse tipo de leitura, o leitor deve buscar no 
tópico frasal ou na frase-núcleo a palavra-chave, pois “é em torno dela que o autor normalmente 
desenvolve a ideia principal” (op. cit., 2003, p. 14). Antes de iniciarmos as atividades, cabe-nos 
explicar o que vem a ser frase-núcleo ou tópico frasal. Para tal, consultamos especialistas no 
assunto: Othon Garcia, Magda Soares e Edson Nascimento Campos. 
Para Garcia (1992, p. 206), trata-se do parágrafo inicial, representado por um ou dois 
períodos, em que se expressa de maneira sucinta a ideia-núcleo a ser desenvolvida posteriormente. 
Para Soares e Campos (1978, p.62), após delimitar o assunto escolhido e após escolher o 
objetivo orientador do parágrafo, cria-se uma ou mais frases para traduzir o objetivo escolhido. A 
essa frase ou frases, esses autores denominam tópico frasal ou frase-núcleo. 
 
Vamos exercitar! Leia o texto abaixo e aponte a palavra-chave. 
 
“A propaganda, seja ela comercial ou ideológica,está sempre ligada aos objetivos 
econômicos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma 
inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual 
produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o 
consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.” 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 
2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. 
Se você apontou a palavra “propaganda”, você acertou. 
 
Após a seleção da palavra-chave principal, você deverá identificar as palavras-chave 
secundárias. 
Com certeza, você apontou: propaganda ideológica, propaganda comercial, objetivos 
econômicos, classe dominante, consumidor e ideologia dominante. 
http://www.infoescola.com/portugues/intertextualidade-parafrase-e-parodia/
 
10 
 
Agora que você já sabe o que é leitura informativa. Ao ler textos de outras disciplinas, isto 
é, de outras áreas do conhecimento, exercite os conceitos aprendidos. 
No que tange à leitura crítica, Faulstich (2003, p.18) salienta que “a leitura crítica exige uma 
visão abrangente em torno do assunto que está sendo focalizado”. E acrescenta que é preciso que 
se faça uma pré-leitura do material a ser analisado. Ainda segundo essa autora (op. cit., 2003, p. 
18), “ler criticamente significa reconhecer a pertinência dos conteúdos apresentados, tendo como 
base o ponto de vista do autor e a relação entre este e as sentenças-tópico”. 
Apresentamos-lhe, abaixo, um texto que faz parte da obra da Profª. Drª. Magda Soares 
(Linguagem e escola: uma perspectiva social), para a sua apreciação. E, também, para que você 
observe como há coerência entre os parágrafos. Após a leitura, identifique a palavra-chave de cada 
parágrafo e as palavras-chave secundárias. Observe, também, que a coerência é que permite o 
estabelecimento de uma hierarquia entre a ideia mais abrangente e as que a auxiliam, dando-lhe 
base. O título do texto é: 
Uma primeira explicação: a ideologia do dom. 
“Democracia?” A pergunta é de Mario Quintana. E ele mesmo fornece a resposta: “É dar, a 
todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”. 
Que todos tenham seu lugar na escola — e a todos terá sido dado o mesmo ponto de 
partida. Qual será o ponto de chegada — o sucesso ou o fracasso —, isso dependerá de cada um. 
Eis aí definida a ideologia do dom, segundo a qual as causas do sucesso ou do fracasso na 
escola devem ser buscadas nas características dos indivíduos: a escola oferece “igualdade de 
oportunidades”; o bom aproveitamento dessas oportunidades dependerá do dom — aptidão, 
inteligência, talento — de cada um. 
A ideologia do dom oculta-se sob um discurso que se pretende científico: a existência de 
desigualdades naturais, de diferenças individuais vem sendo legitimada pela Psicologia, desde sua 
já distante constituição como ciência autônoma, na segunda metade do século XIX. Assim, a 
Psicologia Diferencial e a Psicometria — ramos da Psicologia — legitimam desigualdades e 
diferenças pela mensuração de aptidões intelectuais (aptidão verbal, numérica, espacial etc.), de 
prontidão para a aprendizagem, de inteligência ou de quociente intelectual (QI) etc., por meio de 
testes, escalas, provas, aparentemente “objetivos”, “neutros”, “científicos”. Essas desigualdades e 
diferenças individuais assim legitimadas é que explicaram as diferenças de rendimento escolar. 
Dessa forma, não seria a escola responsável pelo fracasso do aluno, a causa estaria na 
ausência, deste, de condições básicas para aprendizagem, condições que só ocorreriam na presença 
de determinadas características indispensáveis ao bom aproveitamento daquilo que a escola 
oferece. Esta seria responsável, isto sim, pelo “atendimento às diferenças individuais”, isto é, por 
tratar desigualmente os desiguais. Passa, assim, a ser “justo” que a escola selecione os “mais 
capazes” (por exemplo, pelos exames vestibulares), classifique e hierarquize os alunos (por exemplo: 
em “turmas fortes” e “turmas fracas”), identifique “bem-dotados” e “superdotados”, e a eles dê 
atenção especial, e oriente os alunos para diferentes modalidades de ensino (por exemplo: os 
“menos capazes” para um 2º grau profissionalizante, os “mais capazes” para um 2º grau que leve 
ao acesso a cursos superiores). 
A função da escola, segundo a ideologia do dom, seria, pois, a de adaptar, ajustar os alunos 
à sociedade segundo suas aptidões e características individuais. Nessa ideologia, o fracasso do 
aluno explica-se por sua incapacidade de adaptar-se, de ajustar-se ao que lhe é oferecido. E de tal 
forma esse conceito está presente na escola e internalizado nos indivíduos que o aluno sempre 
 
11 
 
culpa a si mesmo pelo fracasso, raramente pondo em dúvida o direito da escola de reprová-lo ou 
rejeitá-lo, ou a justiça dessa reprovação ou rejeição. Assim, para a ideologia do dom, não é a escola 
que se volta contra o povo; é este que se volta contra a escola, por incapacidade de responder 
adequadamente às oportunidades que lhe são oferecidas. 
Embora a ideologia do dom esteja até hoje muito presente na educação, a cientificidade de 
seus pressupostos foi irremediavelmente abalada quando se evidenciou, sobretudo a partir da 
ampliação do acesso das camadas populares à escola, que as “diferenças naturais” não ocorriam, 
na verdade, apenas entre indivíduos, mas, sobretudo, entre grupos de indivíduos: entre os grupos 
social e economicamente privilegiados e os grupos desfavorecidos, entre pobres e ricos, entre as 
classes dominantes e as classes dominadas. 
 
Ao trabalho! Faça uma leitura crítica do texto, discuta-o com alguém. Você concorda com 
as afirmações apresentadas? Por quê? Separe as ideias apresentadas, parágrafo por parágrafo, e 
forme a sua opinião sobre o assunto. 
É nesse momento, após ter feito a leitura informativa e a leitura crítica, decompondo o 
texto, que se faz a leitura interpretativa ou cognitiva. Segundo Faulstich (2003, p.22), para que se 
faça uma leitura interpretativa é preciso ter o total domínio da leitura informativa. E acrescenta 
que entender um texto é compreender claramente as ideias expressas pelo autor, no intuito de 
interpretar e ir além dessas ideias, ajustando as informações analisadas no texto com as que o 
leitor já possui em seu arquivo de conhecimentos. 
 
1.3 Ortografia 
Ortografia é a parte da gramática que estabelece a forma correta de escrever as palavras. 
 
1.3.1 Emprego das Letras 
Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa 
 
O emprego das letras depende da origem da palavra, contudo, existem algumas 
orientações que podem facilitar bastante. 
Usa-se x em vez de ch 
a) Depois de ditongos - ameixa, faixa, paixão 
Exceto: recauchutar (e derivados) e guache. 
b) Depois das iniciais me e en - mexer, enxada, enxuto 
Exceto: mecha (e derivados), enchova, encher (derivado de cheio), encharcar (derivado de charco) 
Usa-se c e ç 
a) Depois de ditongos - foice, coice, ouço, traição 
b) Palavras de origem árabe, tupi ou africana - cetim, paçoca, miçanga 
c) Nos sufixos -ação, -aço, -iço e -iça - acentuação, ricaço, caniço, carniça 
d) Nomes derivados do verbo ter - deter – detenção / ater – atenção 
 
 
12 
 
Usa-se s 
a) depois de ditongos - pausa, maisena, deusa, coisa 
b) no sufixo -ês (indicando origem, procedência) - chinês, francês, polonês 
c) nos sufixos –esa e –isa (formando feminino) - princesa, profetisa, freguesa 
d) Palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais terminados por nd - 
compreender – compreensão / pretender – pretensão; ascender – ascensão / 
expandir – expansão 
 
Usa-se z 
a) Substantivos abstratos derivados de adjetivos - moleza (derivado de “mole”), certeza 
(derivado de “certo”) 
b) No sufixo -triz (formando feminino) - imperatriz, atriz 
c) Nos sufixos formadoresde aumentativos e diminutivos - florzinha, paizinho, cafezinho, 
pezão 
 
 
d) nos verbos formados pelo sufixo -izar - utilizar, atualizar, hospitalizar 
 
Usa-se j 
a) nas palavras de origem tupi, africana ou árabe - jiboia, canjica, alfanje (foice para 
roçar o mato) 
b) nas palavras derivadas de outras que já contêm a letra j - varejo - varejista 
c) na conjugação de verbos terminados em –jar - viajar, bocejar, cacarejar 
 
Usa-se g 
a) nos substantivos terminados por –agem, -igem, -ugem - barragem, vertigem, ferrugem 
Exceto: pajem, lambujem 
b) nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio - pedágio, colégio, vestígio, relógio, 
refúgio 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO! 
Quando o radical da palavra terminar por -s, este 
será conservado: análise = analisar / friso = frisar 
ATENÇÃO! 
Quando o radical da palavra terminar por -s, este 
será conservado: rosa - rosinha / lápis - lapisinho 
 
13 
 
1.3.2 Atual acordo ortográfico 
 
O que muda com o atual ACORDO ORTOGRÁFICO? 
 
Alfabeto - ganha três letras 
Antes: 23 letras. 
Depois: 26 letras: entram k, w e y. 
 
Quando utilizá-las: 
 em nomes próprios estrangeiros – Kafka; 
 siglas, símbolos e unidades de medidas internacionais – km, kg; 
 palavras estrangeiras usadas por nós com a grafia original – show. 
 
Trema - desaparece em todas as palavras 
Antes: Freqüente, lingüiça, aguentar (fica o TREMA em nomes como Müller). 
Depois: Frequente, linguiça, aguentar. 
 
Acentuação 
- Some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras 
paroxítonas. 
Antes: Baiúca, bocaiúva, feiúra. 
Depois: Baiuca, bocaiuva, feiura. 
*Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí. 
Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas. 
 
- Some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, 
apaziguar. 
 Antes: averigúe, apazigúe. Ele argúi, enxagúe. Você averigue, apazigue. Ele argui. Enxague 
você. 
Depois: arguir, redarguir, enxaguar. 
 
- Some o acento diferencial 
Antes: pára, para, péla, pêlo, pólo,polo, pêra. 
Depois: para, pela, pelo, polo, pera, coa. 
*Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode 
(presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo ou não (é 
facultativo). 
- Some o acento dos ditongos abertos éi e ió das palavras paroxítonas (as que têm a 
penúltima sílaba mais forte). 
Antes: européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, 
paranóia, jibóia, assembleia. 
Depois: europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, 
paranoia, jiboia, assembleia. 
*Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte - são 
oxítonas). 
 
14 
 
- Some o acento circunflexo das formas verbais terminadas em eem. 
Antes: dêem, vêem, lêem, relêem, descrêem etc. 
Depois: deem, veem, leem, releem, descreem etc 
- Some o acento circunflexo do encontro oo, seguido ou não de s. 
Antes: abençôo, perdôo, enjôo, vôo, zôo etc. 
Depois: abençoo, perdoo, enjoo, voo, zoo etc. 
 
Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos: 
Prefixos: agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, 
mini, semi, sobre, supra, tele, ultra... 
 
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: 
auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel. 
- Em todos os demais casos ”juntamos”: 
autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, 
antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom. 
 
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: 
Hiper, inter, super 
super-homem, inter-regional. 
- Em todos os demais casos: 
hiperinflação, supersônico. 
 
- Sub / Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: 
sub-base, sub-reino, sub-humano( a forma subumano também é correta). 
- Em todos os demais casos: 
subsecretário, subeditor. 
 
- Vice e Ex sempre mantém o hífen: 
vice-rei, vice-presidente , ex-vereador, ex-aluno. 
- Em todos os demais casos: 
pansexual, circuncisão. 
 
- Pan, circum - Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: 
pan-hispanismo, pan-mágico, pan-negritude, pan-africano, pan-eslávico, pan-iconográfico, 
pan-ótico. 
circum-hospitalar, circum-meridiano, circum-navegação, circum-ambiente, circum-escolar, 
circum-uretral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Tabela Simplificada - Principais Usos do Hífen 
Vogais diferentes Não use hífen infraestrutura, coautor 
Vogais iguais Use hífen semi-interno, contra-ataque 
Consoantes diferentes Não use hífen intermunicipal, superproteção 
Consoantes iguais Use hífen hiper-realista, super-requintado 
Vogal + Consoante Não use hífen autoproteção, autopeça 
Consoante + Vogal Não use hífen superamigo, hiperacidez 
Vogal + R ou S 
Não use hífen e duplique as 
consoantes: RR e SS 
ultrarrápido, autossuficiente 
ex, sem, pré, pró, pós, 
recém, além, aquém, vice 
Use hífen 
ex-aluno, sem-terra, pré-operatório, pró-réu, 
pós-graduação, recém-nascido, além-mar, 
aquém-mar, vice-prefeito 
Palavra iniciada por H Use hífen anti-higiênico, ultra-humano 
Tabela produzida pela professora Juliana Serpa 
 
 
1.3.3 Acentuação 
 
Acento tônico 
Palavras de apenas uma sílaba 
TÔNICAS (com uma sílaba forte) 
O(S); E(S); A(S) 
Exemplo: pó, sós; fé, pés; já, pás. 
 
Palavras de mais de uma sílaba 
OXÍTONAS (em que a última sílaba é forte) 
O(S); E(S); A(S); EM (ENS) 
Exemplos: avó, cipó; café, cafés; Pará, Carajás; porém, vinténs. 
 
Diante de casos mais complexos ou dúvidas, recorra a um bom dicionário! 
 
16 
 
PAROXÍTONAS (em que a penúltima sílaba é forte) 
Terminadas em: 
r - caráter 
l - provável 
x - tórax 
n - hífen* 
ps- bíceps 
us- vírus 
i, is - júri, júris 
ã, ãs - órfã, 
um, uns - álbum, álbuns 
ditongos (ea, ia, io, ua etc)-área, pátria, próprio, água 
*Não acentuadas se terminarem em – ENS - hifens 
 
PROPAROXÍTONAS (em que a sílaba tônica (forte) é a antepenúltima) 
Todas são acentuadas 
Exemplo: supersônico, lâmpada, cândido, mórbido, tétano, dúvidas, pântano, código, sólido, árvore 
etc. 
 
1.3.4 Dúvidas Gráficas 
 
Dúvidas acerca de expressões e algumas “inutilidades” 
As dúvidas, a seguir, são acerca de expressões. Primeiramente, a palavra “acerca”. 
Leia: acerca de, há cerca de, a cerca de. Qual o significado de cada uma destas expressões? 
No início da frase, quando se afirma que as dúvidas são acerca de expressões, já há a “dica” 
do significado desta expressão. Acerca (junto) significa SOBRE, A RESPEITO. 
Assim: 
Escreve-se sobre as dúvidas, acerca das dúvidas, a respeito das dúvidas. 
Pode-se, também, falar acerca de alguém, isto é, sobre alguém, a respeito de alguém. 
 
Agora, observe 
 Há cerca de dez expressões difíceis no texto. (Neste caso, substitua a expressão por 
existem perto de). 
 Há cerca de 775 alunos estudando Português Instrumental neste semestre. 
 Havia cerca de dez provas para revisar. 
 Houve cerca de 772 aprovações. 
 
Observe outro exemplo 
 Não entro na plataforma há cerca de vinte dias. (Substitua por faz perto de.) 
 
Entretanto, muito cuidado ao utilizar a expressão a cerca de. Tal expressão deve ser usada 
quando há a ideia de futuro ou de distância. 
Observe 
 Encontrar-nos-emos daqui a cerca de dez dias. (FUTURO) 
 O corpo se encontra a cerca de três metros da calçada. (DISTÂNCIA) 
 
17 
 
 Agora, observe outra expressão muito falada na atualidade. Entretanto, no Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras (ABL), não há o registro dessa 
expressão. Ela não existe! 
Poderá um dia ser registrada, possivelmente. Mas, no momento, ela não existe. E a norma 
culta, às vezes um tanto cruel, abomina esta expressão.Trata-se do famoso “a nível de”. 
Houve um momento, antes de renomados gramáticos informarem que a expressão era 
inexistente, que era “chic” falar o “a nível de”. Ouvia-se alto e bom som a expressão nos 
telejornais, nos programas de entrevistas, entre outros. (Cabe destacar que a expressão alto e bom 
som assim deve ser falada e escrita : ouvi alto e bom som e não “em alto e bom tom”, pois tente 
substituir por “em baixo...”) Assim, ouvia-se nos “salões nobres da vida”, a nível de informática, a 
nível de Brasil, a nível de economia mundial, a nível de Educação, a nível de globalização, 
mundialização e planetarização, e por aí segue uma extensa lista da utilização dessa expressão. 
Encontramos essa expressão, pela primeira vez, numa tradução. Trata-se do livro 
Macrotendências, uma importante obra, lançada nos anos 1980, sobre análise econômica, escrita 
por John Naisbitt. E, acreditem, é uma tradução feita em Portugal, em 1988. Lê-se, na página 52 
dessa obra, “A nível universitário ...” 
Tal expressão deve ser evitada. É modismo! Em vez de escrever ou falar a nível de, escreva 
ou fale: 
 por falar em Educação, (...) 
 em se tratando de Educação, (...) 
 em Informática, (...) 
No entanto, a expressão EM NÍVEL DE existe!!! E pode ser utilizada quando houver a ideia 
de nivelamento. 
Observe 
 A reunião será em nível de diretoria. (Isto quer dizer em termos de, no plano de, em 
outras palavras, trata-se de uma reunião somente para diretores — gerentes e 
supervisores não estão convocados.) 
Cabe lembrar que há a forma ao nível de, com o significado de “à mesma altura”, por 
exemplo, “está ao nível do mar”. 
 
Mais uma expressão para a sua apreciação: HAJA VISTA. 
É uma expressão invariável com o sentido de “tendo em vista”. Atenção: não existe “haja 
visto”. Exemplos 
 Ele tirou dez, haja vista que estudou em demasia. 
 Ela foi aprovada, haja vista as notas do boletim. 
 
Outro assunto: modismo? Sim! De tempos em tempos, surgem expressões utilizadas por 
muitos, entretanto, com significado duvidoso e inútil. 
É o caso de tempo hábil, vida útil e meio ambiente, já consagrado. 
Observe 
 Não tenho tempo para ouvi-lo agora. 
 Tenho tempo para realizar esta tarefa. 
 Teremos tempo para estudar, professor? 
 
 
18 
 
Pergunta: por que pôr depois da palavra tempo a palavra hábil? Por que dar essa 
“habilidade” ao tempo? Não é inútil? Portanto, evite a expressão. 
Observe 
 A vida útil do aparelho é de quatro anos. 
Existe vida inútil? Aparelho tem vida? Por que não trocar a palavra? Por que não falar em 
“durabilidade” do aparelho. Problemas com a garantia? 
No que tange à expressão “meio ambiente”, já consagrada, sugerimos que você procure no 
dicionário o sinônimo de meio e o sinônimo de ambiente. 
Percebeu? Problemas do meio. Problemas do ambiente ou problemas ambientais. 
É só buscar a simplicidade. 
Agora, responda sinceramente: você está a fim de continuar a ler esta apostila? 
Que bom! Ao trabalho! 
Observe 
 Eu estou a fim de ir ao teatro assistir à peça “Gota D’água — Breviário”, no Sesc 
Copacabana. 
 Ela está a fim de terminar os estudos de Filosofia. 
 
No sentido de finalidade, com o propósito de, você deve usar a expressão desta forma 
(escreve-se separadamente) A FIM DE, isto é, no intuito de, com a intenção de. 
Agora, caro(a) aluno (a), na expressão afim de, há a ideia de afinidade. 
Exemplos 
 O português é uma língua afim do espanhol. 
 Descobrimos que eles são parentes afins (isto é, parentes por afinidade). 
 
Em princípio, parece fácil. No entanto, é preciso exercitar, praticar, pôr as informações no 
papel ou na tela do computador, é preciso aplicar as informações adquiridas. 
Observe a palavra em negrito: em princípio. 
Em princípio é diferente de a princípio. 
Em princípio significa teoricamente, em tese, de um modo geral, em termos. 
A princípio significa no começo, inicialmente. 
Por exemplo 
Em princípio, não somos contra o ensino da Gramática Normativa. 
(Teoricamente não somos contra.) 
A princípio, éramos contra o internetês ou língua escrita teclada. 
(Agora não somos mais, pois concebemos o internetês como mais uma possibilidade de 
comunicação, que deve ser usada somente na grande rede - nunca em trabalhos acadêmicos.) 
Onde foi que paramos? Aonde você vai? Continue a leitura! 
Onde paramos? Esse "onde" é um advérbio. 
Agora, observe a frase abaixo: 
Aprecio o autor onde você se baseou. ONDE? 
O pronome onde deve ser usado caso o antecedente forneça a ideia de “lugar”. Nesse caso, 
onde é pronome relativo e não advérbio. 
Observe que a palavra “autor” não dá a ideia de lugar, portanto, você deve usar em que. 
Assim - Aprecio o autor em que você se baseou. 
Agora - Fomos à cidade onde você nasceu. 
 
19 
 
Perfeito! Cidade dá a ideia de lugar. Também pode ser “em que” você nasceu ou “na qual” 
você nasceu. 
Outra forma de uso: onde substituindo quando 
No ano de 1898, onde as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas 
diferentes. 
A palavra anterior não dá a ideia de lugar e sim de tempo, portanto: No ano de 1898, 
quando as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes. 
E como se deve usar onde e aonde (como advérbio)? 
Resposta - Você deve usar a palavra onde com verbos que não indicam movimento. 
Por exemplo - Onde você está? Você está onde? 
Entretanto, com verbos que indicam movimento, você deve usar aonde. 
Por exemplo - Aonde você vai? Você vai aonde? 
— Você quer chegar aonde com essas informações? — Você me pergunta? 
Note bem: a palavra muitas vezes. Evite escrever muita das vezes. É inadequado. 
Repetindo, utilize: muitas vezes. 
Esta atividade é de reciclagem ou de atualização? 
Certamente de atualização. Vamos fazer um curso de atualização em Informática? 
Vamos fazer um curso de atualização em História? Em Educação Artística? 
Nós nos atualizamos! Entretanto, usamos a palavra reciclar para coisas, por exemplo, 
reciclar o lixo, reciclar latinhas etc. 
Observe que os nomes de disciplinas devem ser escritos com letras maiúsculas ou 
minúsculas, pois o atual Acordo ortográfico, assim o permite, isto é, tornou-se opcional. 
Introdução à Filosofia ou introdução à filosofia; Teoria da Comunicação ou teoria da 
comunicação; Banco de Dados ou banco de dados; Algoritmos ou algoritmos; Matemática ou 
matemática; Língua Portuguesa IV ou língua portuguesa IV; Oficina de Redação ou oficina de 
redação etc. 
E a palavra através, como usá-la? 
É preferível usar esta palavra com o seu sentido original, equivalente a “por dentro de”, que 
dá a ideia de atravessar. Por exemplo - A bala passou através do pequenino corpo. 
Jogou o olhar através da janela e viu a bela cena. 
Entretanto, já é aceitável o uso desta locução prepositiva (através de) no sentido de “por 
meio de”, “por intermédio de”. 
Como dito anteriormente, é preferível o sentido original. Observe. 
Começou a estudar através de livros esotéricos. 
Começou a estudar com livros esotéricos. 
Fez a edificação através de muito esforço. 
Fez a edificação com muito esforço. 
Elaborou a pesquisa através de investigação bibliográfica. 
Elaborou a pesquisa por meio de investigação bibliográfica. 
 
Há ou A? 
Usa-se "há", quando o espaço de tempo já tiver decorrido e puder ser substituído por "faz". 
Por exemplo - "Eu nasci há dez mil anos." (Faz dez mil anos que eu nasci.) 
Usa-se "A", quando o espaço de tempo ainda não transcorreu (e, mesmo se tiver 
transcorrido, não puder ser substituído por "faz"). 
Por exemplo - Ele estará aqui daqui a duas horas. 
 
20 
 
MAS E MAIS 
Observe as frases. 
Ela é mais esperta que a irmã e também é mais bonita, mas tem um gênio... 
Mais - advérbio de intensidade. 
Mas - conjunção adversativa (pode ser substituída por porém, entretanto, contudo, 
todavia, no entanto). 
 
OS PORQUÊS 
a) POR QUÊ 
Usado no final de frase (também antes de um ponto e vírgula ou doispontos). 
Você parou por quê? Ela parou, mas eu não sei por quê. 
 
b) PORQUÊ 
"Porquê" junto e com acento = motivo ou indagação. 
Está substantivado e admite artigo ou pronome adjetivo. 
Exemplos - Não sei o porquê de você ter parado de tocar esse instrumento. 
 Estou procurando resposta aos teus porquês. 
 
c) PORQUE 
Esse porque, junto e sem acento significa "pois", enfim, uma explicação. 
Parei de tocar o instrumento porque quis. 
 
d) POR QUE 
No início da frase (ou após – menos no final), uma indagação, escreve-se separado e sem 
acento. 
Por que você parou? Então, diga-me por que você parou? 
Por que = por que motivo, pelo qual, por qual, o motivo pelo qual 
Não sei por que você parou. 
Não sei por que estrada elas foram. 
 
MAL e MAU 
Mal é o contrário de bem - é um advérbio. 
Seu mal é relembrar o passado. Mal ele chegou, ela saiu. 
Mau é o contrário de bom - é um adjetivo. 
Ele não é mau. 
*Mal pode ser também um substantivo. 
Exemplo - A dengue é um mal que assola o país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
1.4 Frase, período e oração 
De acordo com Othon Garcia (1992, p. 6), 
 
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer 
comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado 
ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar 
emoções. (...) Oração, às vezes, é sinônimo de frase ou de período 
(simples), quando encerra um pensamento completo e vem 
limitada por ponto final, ponto de interrogação, de exclamação e, 
em certos casos, por reticências. 
 
Vamos dialogar com o Mestre Othon Garcia? 
 
Primeiramente, vamos procurar as palavras-chave do texto. Há duas definições no trecho 
lido. Correto? Eis as palavras-chave: frase e oração. 
Com relação ao vocábulo frase, o autor informa que se trata de todo enunciado suficiente 
por si só. Podemos afirmar que frase é uma unidade mínima de comunicação linguística. Assim, 
entendemos frase como qualquer vocábulo ou grupo de vocábulos necessários para atender à 
necessidade do emissor, isto é, de quem fala, para efetivar a comunicação. Observe o diálogo a 
seguir, intitulado “dedinho de prosa”. 
 
 
 
Observe que a palavra não, logo após a pergunta, como resposta, sozinha, não pode ser 
considerada como uma frase. Entretanto, no pequeno diálogo, dedinho de prosa, ela passa a ser 
frase. O mesmo ocorre com a palavra sim. 
Podemos citar outros exemplos. 
 
 
 
Vale ressaltar que, na língua falada, a frase é marcada pela entonação. Porém, na língua 
escrita, a referida entonação vem representada pelos sinais de pontuação. 
 
Tipos de Frase 
 Existem vários tipos de frase. A frase pode ou não ter verbos. Chamamos de frase nominal 
a frase sem verbos. Tradicionalmente, as frases são classificadas do seguinte modo: frase 
interrogativa, frase declarativa, frase exclamativa, frase imperativa e frase optativa. 
— Meia-volta! 
— Sujeira! 
— Você está lendo “Política para não ser idiota”? 
— Não. 
— Trata-se de um livro de Mario Sergio Cortella e de 
Renato Janine Ribeiro. Está interessado em ler? 
— Sim. 
 
22 
 
Frase interrogativa: ocorre quando se faz uma pergunta direta ou indiretamente. Por exemplo, 
para se fazer uma pergunta direta. 
 
 
 
E uma pergunta indireta. 
 
 
 
Frase declarativa: é utilizada para afirmação ou para negação de alguma coisa. 
Exemplos 
 
 
 
Frase exclamativa: é aquela em que expressamos admiração, surpresa. 
Exemplos 
 
 
 
Frase optativa: é usada para exprimir um desejo e vem, geralmente, com um verbo no modo 
subjuntivo. 
Exemplos 
 
 
 
— Espero que sejas recompensado. 
— Quero que vivas muito, meu amor. 
— Que calor! 
— Você é um doce! 
— É um espetáculo! 
— É belíssima! 
— Ouvir o outro é fundamental para 
as relações interpessoais. 
— Não posso controlar a interpretação 
do leitor. 
— Não sei por que o texto pontuado já 
é um texto interpretado. 
— Você já leu a última obra de Pierre 
Lévy e André Lemos? 
— O que significa hermenêutica? 
 
23 
 
Frase imperativa: indica ordem, pedido ou súplica, de modo afirmativo ou negativo. 
Exemplos 
 
 
A formação do imperativo 
Como é formado o modo imperativo? Antes de responder à questão, é preciso informar 
que, em português, há três modos de indicar a atitude de quem fala em relação ao fato que se 
comunica. São eles: o modo indicativo, o modo subjuntivo e o modo imperativo. 
Por exemplo, no modo indicativo. 
 
 
 
No modo subjuntivo. 
 
 
 
No modo imperativo. 
 
 
 
O modo imperativo pode ser afirmativo ou negativo. Então, surge a pergunta: como é 
formado o imperativo afirmativo? 
Simples! O modo imperativo afirmativo é formado pelo presente do indicativo e pelo 
presente do subjuntivo. Como? Outra pergunta importante. 
Do presente do indicativo, saem a 2ª pessoa do singular (tu) e a 2ª pessoa do plural (vós). 
No entanto, retira-se o “s” final que essas formas apresentam. As outras pessoas (ele, nós, eles) 
são as do presente do subjuntivo. 
O imperativo negativo é formado somente pelo presente do subjuntivo, mais a palavra não. 
 
 
 
 
 
 
 
Leia a obra de Cortella e Ribeiro: 
“Política para não ser idiota”. 
Gostaria de que você lesse a obra “A mulher 
que escreveu a Bíblia”. 
“Defendo a ideia de que a corrupção não 
aumentou; ela só está sendo mais percebida.” 
(CORTELLA e RIBEIRO, 2010) 
— Redija um parágrafo. (afirmativa) 
— Se dirigir, não beba. (negativa) 
 
24 
 
Exemplificando o imperativo afirmativo com o verbo cantar 
Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo 
Eu canto Que eu cante — 
Tu cantas (-s) Que tu cantes canta (tu) 
Ele canta Que ele cante 
cante (você) 
 
Nós cantamos Que nós cantemos cantemos (nós) 
Vós cantais (-s) Que vós canteis cantai (vós) 
Eles cantam Que eles cantem Cantem (vocês) 
 
No imperativo negativo, temos: 
Não cantes (tu) 
Não cante (você) 
Não cantemos (nós) 
Não canteis (vós) 
Não cantem (vocês) 
 
1.5 Uso adequado dos pronomes 
Em primeiro lugar, é preciso informar que os pronomes pessoais oblíquos exercem a função 
de complemento (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal). 
 
PRONOMES 
RETOS OBLÍQUOS ÁTONOS OBLÍQUOS TÔNICOS 
EU ME MIM, COMIGO 
TU TE TI, CONTIGO 
ELE, ELA SE, O, A, LHE SI, CONSIGO, ELE, ELA 
NÓS NOS NÓS, CONOSCO 
VÓS VOS VÓS, CONVOSCO 
ELES, ELAS SE, OS, AS, LHES SI, CONSIGO, ELES, ELAS 
 
Observação: evite iniciar frases com pronomes oblíquos átonos. 
"Me fale sobre a sua vida." 
De acordo com a norma culta, na língua escrita, não se deve iniciar frase com pronome 
oblíquo. Assim: 
Fale-me sobre a sua vida. 
 
 
 
25 
 
Como usar adequadamente os pronomes oblíquos átonos? 
 
 Se o verbo for transitivo direto, você deverá usar o pronome oblíquo átono adequado (o, a, 
os, as). Exemplos. 
Eu jogo bola. (Eu jogo o quê? Bola - objeto direto). 
Eu a jogo. 
Entretanto, se o verbo for transitivo indireto, você deverá usar o pronome oblíquo átono 
adequado (lhe, lhes, a ele, a ela). 
Ela obedeceu ao diretor. (Obedeceu a quem? Ao diretor - objeto indireto.) 
Ela lhe obedeceu. 
Ela obedeceu a ele. 
Para compreender melhor o assunto, consulte um dicionário. É o verbo que determina se o 
objeto é direto ou indireto. 
 
E se o verbo estiver na terceira pessoa do plural ou terminar por ditongo nasal? 
 
 Fica assim: 
levam + o = levam-no 
dão + o = dão-no 
põe + o = põe-no 
 
E se o verbo terminar por R, S ou Z? 
 
 Fica assim: 
enviar + o = enviá-lo (observe o acento, nesse caso) 
observamos + o = observamo-lo 
pões + o = põe-lo 
fiz + o = fi-lo 
 
No que tange aos pronomes demonstrativos, para indicar lugar, observe: 
a) quando está perto do emissor da mensagem, use - "Este aqui." 
b) quando está perto do receptor da mensagem, use - "Esse aí." 
c) Quando está distante, use - "Aquele lá." 
Para indicar tempo, observe: 
a) para indicar o tempo presente – hoje - "Este dia." 
b) para indicar tempo passado - "Nessasemana, eu li a obra de José Saramago." (A semana 
anterior.) 
c) para indicar o tempo futuro - "Nesta semana, realizarei vários projetos." 
d) para fazer referência a algo que já foi citado - "Não lia quase nada. Por esse motivo, foi 
reprovado." 
Alguma dúvida? É para eu entrar no AVA ou é para mim entrar no AVA, a fim de esclarecer 
alguma dúvida? 
Se você disse: 
"É para eu entrar no AVA...", você acertou. 
 
26 
 
"EU" é pronome pessoal reto. "MIM" é pronome pessoal oblíquo tônico. 
Sempre que houver verbo no infinitivo, usa-se o pronome reto (EU), que é sujeito. "MIM" 
nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: a mim, de 
mim, entre mim, para mim... 
 
1.6 Estudo sobre verbos 
É a palavra que pode ser flexionada em número, pessoa, tempo e modo. Observe. 
Cantei 
– flexão de número (está no singular); 
– flexão de pessoa (é da primeira pessoa); 
– flexão de tempo (é o pretérito perfeito); 
– flexão de modo (é o indicativo). 
 
Segundo Sacconi (1994, p. 187), “ao conjunto de flexões verbais se dá o nome de 
conjugação. Verbo é, assim, a palavra que pode ser conjugada; indica essencialmente um 
desenvolvimento, um processo (ação, estado ou fenômeno)”. 
Flexão de número: singular (cantei) plural (cantamos). 
Flexão de pessoa: indica as pessoas do discurso. 
Flexão de modo: “indica a maneira, o modo como o fato se realiza. São três os modos: o 
indicativo, o subjuntivo e o imperativo. [...] Além dos modos, existem as formar nominais: infinitivo, 
gerúndio e particípio” (op. cit., 1994, p. 188). 
Flexão de tempo: “indica o momento ou a época em que se realiza o fato. São três os 
tempos: o presente, o pretérito e o futuro. Somente o pretérito e o futuro são divisíveis” (op. cit, 
1994, p. 188). 
 
Conjugações 
São três as conjugações: 
primeira conjugação: verbos terminados em “AR” (cantAR, falAR, dAR), caracterizada pela vogal 
temática “A”. 
segunda conjugação: verbos terminados em “ER” (perdER, vendER, sofrER), caracterizada pela 
vogal temática “E”. 
terceira conjugação: verbos terminados em “IR” (partIR, pedIR, construIR), caracterizada pela vogal 
temática “I”. 
 
Observação: verbo “pôr” é da segunda conjugação. Sua forma antiga era “poer”. 
 
Verbo Radical Terminação Vogal Temática 
Estudar ESTUD AR A 
Escrever ESCREV ER E 
Partir PART IR I 
 
 
 
27 
 
Morfologia 
Quanto à morfologia, classificam-se em: regulares, irregulares, anômalos, defectivos e 
abundantes. 
Regulares: são aqueles que não sofrem alterações no radical durante a conjugação. 
Exemplos: atuar, continuar, suar, recuar, disputar, amar, falar, cantar, vender, partir etc. 
Irregulares: são aqueles que sofrem pequenas alterações no radical durante a conjugação. 
Exemplos: dar, estar, caber, crer, dizer, fazer, haver, poder, pôr, querer, saber, trazer, valer, 
ver, agredir, fugir, cobrir, ir, vir, cair, ouvir, rir etc. 
Anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no radical durante a conjugação. 
Exemplo: ser = sou, é, fui, era, serei. 
Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa. 
Exemplos: adequar, delinquir, reaver, falir, abolir, colorir, emergir, exaurir, explodir, 
computar, precaver, feder etc. 
 
Adequar – Presente do indicativo 
Eu - 
Tu - 
Ele/Ela - 
Nós Adequamos 
Vós Adequais 
Eles/Elas - 
 
Abundantes: são aqueles que possuem dois particípios, um regular e outro irregular. 
 
Verbo (infinitivo) Particípio regular Particípio irregular 
Aceitar aceitado aceito 
Benzer benzido bento 
completar completado completo 
Eleger elegido eleito 
Fixar fixado fixo 
Gastar gastado gasto 
Morrer morrido morto 
Pagar pagado pago 
Pegar pegado pego* 
 
Segundo Sacconi (1994, p. 223), o particípio “pego”(ê) é da língua popular. 
 
Observação: Não são abundantes os verbos “trazer” (trazido – particípio regular somente) e 
chegar (chegado – particípio regular somente). 
 
 
 
28 
 
Pessoas verbais 
1ª pessoa do singular EU 
2ª pessoa do singular TU 
3ª pessoa do singular ELE 
1ª pessoa do plural NÓS 
2ª pessoa do plural VÓS 
3ª pessoa do plural ELES 
 
Modos 
Indicativo: presente; pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; futuro do presente e 
futuro do pretérito. 
Subjuntivo: presente; pretérito imperfeito; futuro. 
Imperativo: afirmativo e negativo 
Formas nominais: infinitivo impessoal; infinitivo pessoal; gerúndio e particípio. 
 
Verbos auxiliares 
Para Sacconi (1994, p. 224), “são os que auxiliam a conjugação de outro, chamado principal, 
que é expresso numa das formas nominais”. 
Os mais comuns são: ser, estar, ter, haver (irregulares). 
Exemplos 
Temos falado acerca desse assunto. 
Havíamos comprado um barco. 
Foi preso o assassino. 
Está impresso o documento. 
 
Verbos pronominais 
“São os que se conjugam com pronomes átonos integrantes, ou seja, com pronomes que 
fazem parte do verbo. [...] Tais pronomes petrificaram-se junto ao verbo; por isso, alguns lhes 
chamam pronomes fossilizados ou pronomes integrantes dos verbos” (op. cit., 1994, p. 224). 
Exemplos fornecidos por esse autor. 
Eu me arrependi do que fiz. 
Ela se queixa de tudo. 
 
Observação: o verbo deparar não é pronominal. 
Exemplo 
Deparei com a situação. 
 
 
 
29 
 
Verbos reflexivos 
“São os que se conjugam com pronomes átonos que exercem a função de objeto – direto 
ou indireto” (SACCONI, 1994, p. 224). 
Exemplo fornecido por esse autor. 
Eu me cortei (me = objeto direto) 
 
Ainda de acordo com esse autor, por serem reflexivos, esses verbos aceitam a posposição 
das expressões a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a nós mesmos. 
Principais verbos: banhar-se, vestir-se, lavar-se, machucar-se, ver-se (ao espelho), pintar-se, 
tatuar-se, trancar-se, ferir-se etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - Quais as principais diferenças entre a linguagem escrita e a falada? 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Unidade II – Coerência e Coesão 
 
 
 Reconhecer e empregar os elementos de coerência e coesão textual. 
 
32 
 
2.1 - Coerência e adequação vocabular 
 
2.1.1 Coerência 
Assim como as palavras se organizam na oração, as orações também se organizam no 
período, por processos de subordinação e coordenação. 
Conforme afirma o Mestre Othon Garcia (1992), “nossa liberdade de construir frases está, 
assim, condicionada a um mínimo de gramaticalidade — que não significa apenas nem 
necessariamente correção (há frases que, apesar de, até certo ponto, incorretas, são plenamente 
inteligíveis)”. E acrescenta que, desprovidas da articulação sintática necessária, não há frase, há 
somente um agrupamento de palavras sem sentido. Observe. 
“O estamos notável disse escritor grunhido de ao que volta português.” 
É claro que não há sentido em tal agrupamento. Faz-se necessária a organização de tal 
agrupamento de palavras. Assim - “O notável escritor português disse que estamos de volta ao 
grunhido”. 
Entretanto, esse autor adverte que: “não basta que a frase seja gramatical para ser 
inteligível: importa, ainda, que ela preencha outras condições (...); importa, enfim, que ela, além da 
condição de gramaticalidade” exclua a ambiguidade, exclua as tautologias nulificadoras de 
significado, ou seja, as repetições desnecessárias, exclua as incoerências semânticas, revele 
conformidade com a experiência geral de uma dada comunidade cultural e que não seja caótica na 
sua estrutura. 
 
Em primeiro lugar, qual o significado de “exclua a ambiguidade”? 
 
Observe a frase abaixo. 
O professor magoado saiu da sala. 
O “professor magoado” ou “o professor saiu magoado”? 
 
E quanto à segunda afirmação: “exclua as tautologias nulificadoras”. 
Tautologia é a repetição de ideias com palavras distintas, às vezes, expressões distintas; 
nulificadoras, que tornam nulas. 
Assim, temos: sair para fora, entrar para dentro, antecipar paraantes, conviver juntos, criar 
novos, sentidos pêsames, emulsão de óleo, adiar para depois, parte integrante, entre outros. 
Observe: se vai sair, só pode ser para fora de algum lugar; se vai entrar, vai entrar em algum 
lugar; se vai antecipar, é porque já é antes; se vai conviver, só pode ser junto de alguém; se vai 
criar, é porque é novo; se você deseja expressar os seus sentimentos, é com pesar, então, use as 
expressões “meus sentimentos” ou “meus pêsames”; emulsão: só pode ser de óleo, não há 
emulsão com água; se vai adiar, só pode ser para depois, nunca adiar para “ontem”; se é parte, já é 
integrante; e assim por diante. 
A compreensão somente ocorre quando há coerência, que é o resultado da articulação das 
ideias no texto, veiculando sentidos para o receptor. 
Primeiramente, vejamos as definições da palavra “coerência”, encontradas em dois 
dicionários. 
• Coerência s.f. 1. Qualidade, estado ou atitude de coerente. 2. Harmonia, entre ideias ou 
acontecimentos. (Aurélio) 
 
33 
 
• Coerência s.f. Do latim cohaerente 1. Qualidade ou estado do que é coerente; 
conformidade, harmonia entre dois fatos ou ideias; nexo; conexão; (fís.) aderência recíproca entre 
as moléculas de um corpo. (Dicionário Brasileiro Globo) 
 
Em diálogo com as definições e ligando-as ao nosso assunto, podemos perceber que o 
conceito está ligado à existência de conexão, de sentido entre ideias. Para corroborar tal afirmação, 
apresentamos as palavras de Tiski-Franckowiak (2008, p. 87): 
(...) a compreensão do todo envolve processos mentais, elos que relacionam os fatos, ou 
seja, elementos que relacionam e interligam os fatos. Segundo essa autora, o processo de 
compreensão das relações entre os elementos de uma gestalt se inicia com um insight, que 
significa aquele “heureca!” ou “achei!”. O insight é aquele estalo que, de repente, acontece, e o 
sujeito pode até dizer, numa linguagem informal, que “caiu a ficha”. Para que ocorra o insight, é 
necessária a presença de elementos suficientes no campo externo (idem). De acordo com essa 
pesquisadora, “o ser humano tende naturalmente para a complementação e a organização das 
coisas incompletas, busca o equilíbrio das formas perfeitas (ibidem)". 
Nesse momento, à procura de organização e de compreensão, o receptor da mensagem 
busca a coerência, busca explicação, busca sentidos. 
Em se tratando de textos escritos, que será o nosso objeto de estudo, cabe lembrar que o 
produtor da mensagem pode não conseguir realizar as articulações entre os elementos da 
mensagem de maneira coerente. Nesse sentido, a seguir, discutimos os problemas de coerência 
textual. 
Van Dijk e Kintsch, citados por Koch e Travaglia (2002, p. 42), apontam diversos tipos de 
coerência. 
Para explicar o que foi dito, apresentamos os tipos de coerência com exemplos, fornecidos 
por Koch e Travaglia (2002, p. 43) — dois pesquisadores que mais entendem desse assunto no país. 
 
a) Coerência semântica — é a que se refere à relação existente entre os significados dos elementos 
das frases em sequência em um texto ou entre os elementos do texto em sua totalidade. 
Exemplo 
“A frente da casa de vovó é voltada para o leste e tem uma enorme varanda. Todas as 
tardes ela fica na varanda em sua cadeira de balanço apreciando o pôr do sol.” 
Observe que a posição da frente da casa — a varanda — está voltada para o local onde o 
sol nasce (leste). A seguir, o autor da mensagem informa que, à tarde, a vovó gosta de ficar na 
varanda apreciando o poente (oeste). 
Ora, se a varanda é voltada para o leste... 
Portanto, não há coerência se não existir relação entre os elementos do texto em sua 
totalidade. 
 
b) Coerência sintática — é a que se refere aos meios sintáticos para expressar a coerência 
semântica. Os meios sintáticos para expressar a coerência semântica são, por exemplo, os 
conectivos, o uso de pronomes, entre outros. 
Exemplos 
“A felicidade, onde não existem técnicas científicas para sua obtenção, faz-se de pequenos 
fragmentos captados de sensíveis expressões vivenciais (...)” (Koch e Travaglia) 
 
34 
 
Observe que a utilização de “onde” causa a incoerência sintática. Para tornar o trecho 
coerente, é preciso reconstruí-lo. 
“A felicidade, para cuja obtenção não existem técnicas científicas, faz-se de fragmentos 
captados de sensíveis expressões vivenciais.” 
Outros exemplos fornecidos por Kock e Travaglia (202, p. 42). 
“João foi à festa, todavia porque não fora convidado.” 
”João foi à festa, todavia ele não fora convidado.” 
No primeiro exemplo, observe que não há continuidade da ideia. Com a utilização de 
“todavia”, espera-se a continuação da ideia, que não é apresentada. 
No segundo exemplo, o texto é coerente, pois toda a ideia é apresentada pelo produtor do 
trecho. 
Kock e Travaglia (2002, p. 44) salientam que “a coerência sintática nada mais é do que um 
aspecto da coesão que pode auxiliar no estabelecimento da coerência”. 
 
c) Coerência estilística — o produtor da mensagem deve usar em seu texto elementos linguísticos, 
isto é, léxico, tipos de estruturas, frases etc., que pertençam ao mesmo estilo ou registro 
linguístico. No entanto, o uso de estilos diversos parece não criar problemas para a compreensão. 
Esses autores (op. cit., 2002, p. 45) afirmam que, na verdade, “esta é uma noção que tem utilidade 
na explicação de quebra estilística”. E exemplificam o caso com o uso de gírias em textos 
acadêmicos, sobretudo orais, e com o uso de expressões de ressalvas antes de anunciar o que se 
deseja, com expressões como “se me permitem o termo”, para usar expressão popular que bem 
expressa isso, “com o perdão da palavra”, entre outros. 
Observe o exemplo fornecido por esses autores em que há uma incoerência estilística 
inaceitável pelas normas sociais; entretanto, não é problemática do ponto de vista do 
estabelecimento de sentido, caso a intenção do produtor da mensagem fosse a de irreverência ou 
de não respeito ao sentimento do receptor. 
Exemplo 
Prezado Fulano, 
neste momento, quero expressar meus profundos sentimentos por sua mãe ter batido as 
botas. 
 
d) Coerência pragmática — relaciona-se com o texto visto como uma sequência de atos da fala. 
Tais atos devem satisfazer as mesmas condições “presentes em uma dada situação comunicativa”. 
Caso contrário, temos incoerência (op. cit., 2002, p. 46). Observe o exemplo fornecido por esses 
autores. 
Se um amigo faz um pedido a outro, pode-se esperar a seguinte sequência de atos: 
• pedido/atendimento; 
• pedido/promessa; 
• pedido/jura; 
• pedido/solicitação de esclarecimento; 
• atendimento ou promessa; 
• pedido/recusa/justificativa; 
• pedido/recusa. 
E não sequências, como: 
• pedido/ameaça; 
• pedido/declaração de algo que não se relaciona com o pedido. 
 
35 
 
Caso sejam apresentadas essas últimas sequências, vistas como incoerentes, o autor do 
pedido, provavelmente, pode pedir esclarecimentos e considerar a fala do outro como recusa ou 
descaso, entre outras possibilidades — acrescentam esses autores. 
Exemplos 
Você não vai ao Rock in Rio? 
Eu entrei na página e deixei o comentário sobre o texto. 
Como nos alertam Koch e Travaglia (2002, p. 46), vale lembrar que: 
 
A coerência é um fenômeno que resulta da ação conjunta de todos esses 
níveis e de sua influência no estabelecimento do sentido do texto, uma vez 
que a coerência é, basicamente, um princípio de interpretabilidade do 
texto, caracterizado por tudo de que o processo aí implicado possa 
depender, inclusive a própria produção do texto, na medida em que o 
produtor do texto quer que seja entendido e o constitui para isso, 
excetuadas situações muito especiais. 
 
2.1.2 - Adequação Vocabular 
 Uso adequado dos verbos definir, colocar, botar e pôr, adequar e reverter. 
O Objetivo desta atividade é o de minimizar as inadequações para a construção de futuros 
textos. 
Responda. 
— Você já foi picado(a) por um pernilongo? 
Certamente,a sua resposta será: — Sim! 
 — Você já foi mordido(a) por um leão? 
— É claro que não! — você, certamente, responderá. 
 
Pensemos juntos: o pernilongo é pequenino; já o leão, com uma arcada dentária enorme, é 
tão grande. Entretanto, é o pequenino que nos atinge; o grande, se nos pegar, provavelmente nos 
deixará “fora de cena”. 
Pois é! Vamos transformar essa questão em uma lição. 
“As pequenas coisas nos atingem; as grandes podem nos pegar, mas não estaremos aqui, depois, 
para contar a história.” 
E tal fato pode acontecer num texto: pequenas inadequações podem desvalorizar o que foi 
escrito. São as pequeninas coisas... 
Lembre-se: um texto deve apresentar, entre outras qualidades, adequação vocabular. 
Como você já sabe e percebeu também, adequar o vocabulário é uma coisa pequenina, entretanto, 
importantíssima! 
É imprescindível o cuidado no uso de determinadas palavras. 
Quando você está construindo um texto, no calor e no entusiasmo do ato criativo, 
possivelmente você acredita que certas palavras são sinônimas. Porém, algumas vezes, há enganos. 
Por exemplo, atualmente, há o uso (excessivo) de um verbo que “está na moda” — na TV e 
na mídia impressa — e circula pelos “salões nobres da vida” lépido e fagueiro: o verbo definir. 
Observe as frases a seguir e note como o verbo foi utilizado. 
 O Presidente definirá como vai abaixar os juros do BC. 
 Milena e Marcos, finalmente, definiram a data do casamento. 
 Os deputados não definiram quem dirigirá esta CPI. 
 
36 
 
Agora, consulte o dicionário o sinônimo do verbo DEFINIR. Compare o que você encontrou 
no dicionário com as palavras grifadas nos exemplos. Certamente, você percebeu que ninguém 
mais decide, marca, estabelece, determina, escolhe... 
O que realmente parece é que a ordem é DEFINIR. Vamos definir! 
Você, provavelmente, perguntará: 
— Mas isso é errado? 
Não se trata de certo ou errado. O problema é maior. Maior porque se trata de 
empobrecimento vocabular. 
Afirma-se, aqui, que simplicidade vocabular não significa pobreza vocabular. 
É inadequado utilizar o verbo definir com tais significados. 
Portanto... 
 O Presidente decidirá como vai abaixar os juros do BC. 
 Milena e Marcos, finalmente, marcaram a data do casamento. 
 Os deputados não escolheram quem dirigirá esta CPI. 
Para sua informação, o mesmo ocorre com os verbos colocar, botar e pôr. 
Alguns autores de Manuais de Redação e professores renomados perceberam o uso 
excessivo do verbo colocar. Etimologicamente, colocar vem do latim collocare (co + locare), que 
significa pôr, pôr ao lado de, pousar. 
De acordo com o Prof. Sergio Nogueira Duarte da Silva, o uso do verbo colocar só é 
apropriado quando houver claramente a ideia de “lugar”. 
Exemplos 
Coloque as almofadas naquele canto. 
Vamos colocar os livros na estante. 
 
Então, evite usar o verbo colocar quando não houver claramente a ideia de lugar. Utilize os 
outros verbos, como botar e pôr. 
Eis alguns exemplos... 
A galinha do vizinho bota ovo amarelinho. (E não coloca.) 
A galinha põe ovos diariamente. (E não coloca.) 
Vestiu a camiseta do América Futebol Clube. (E não colocou.) 
Chegou mais um: vamos botar água no feijão! (E não colocar.) 
O planejamento escolar é ótimo. Vamos pô-lo em prática. (E não colocá-lo.) 
 
Trata-se de uma sugestão — de um ponto de vista — fazer tais substituições. Há quem 
discorde. Mas, a maioria concorda com essa substituição. 
Entretanto, vamos pensar juntos: não é mais simples? 
Cabe destacar o uso corrente do... 
“Posso fazer uma colocação?” e “O autor coloca que ...” 
Outra vez, vamos pensar juntos? 
COLOQUE OUTRO VERBO NO LUGAR DE COLOCAR! 
 
Por exemplo - Posso falar? Posso opinar? Posso argumentar? Posso afirmar? (Em vez de: posso 
fazer uma colocação?) 
 
 
 
37 
 
Outro exemplo... 
Margulis e Sagan (2002, p. 211) afirmam que os componentes de nosso corpo retornam 
para a biosfera de que vieram. E advertem que “na economia restrita da arrogância e da fantasia 
humanas, os indivíduos podem acumular grande riqueza e poder”, no entanto, ressaltam que, “na 
economia solar da realidade biológica, cada um de nós é despachado para abrir espaço para a 
próxima geração”. E salientam que, “recebidos de empréstimo, o carbono, o hidrogênio e o 
nitrogênio de nosso corpo têm que ser devolvidos ao banco biosférico”. (MARGULIS, Lynn; SAGAN, 
Dorion. O que é vida? São Paulo: Zahar, 2002.) 
 
Observe: os autores afirmam, advertem, ressaltam, salientam... (E não colocam!). 
 
Morin (2000, p. 59) afirma que “conhecer e pensar não é chegar a uma verdade 
absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza”. (MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar 
a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2000.) 
Observe: o autor afirma e não coloca. 
 
Fique atento ao significado das expressões: em vez de e ao invés de 
Usa-se a expressão EM VEZ DE quando há a ideia de substituição. 
Exemplo 
Vou ao cinema, em vez de ir ao teatro. 
Na expressão AO INVÉS DE, há a ideia de contrariedade. 
Exemplo 
Ele subiu, ao invés de descer. 
 
Agora, outros verbos utilizados de forma inadequada: adequar e reverter. Consulte o 
dicionário e anote o sinônimo desses verbos. 
A seguir, leia as frases abaixo e faça uma comparação com o que você acabou de anotar, 
isto é, com os sinônimos encontrados no dicionário. 
 A alternativa não se adeqúa (ou adéqua) a essa questão. 
 Para melhorar o produto, é necessário que a firma se adéque (ou adeqúe) à nova visão 
empresarial. 
 
O verbo adequar vem do latim adaequare. Trata-se de um verbo defectivo: usado somente 
nas formas arrizotônicas. 
Arrizotônicas! 
Ao dicionário! O significado desta palavra é: a (prefixo grego, significa não) + rizo (radical 
grego, significa raiz). Decifrou a charada agora? 
Arrizotônica significa que tem a tonicidade fora da raiz, isto é, a tonicidade não está em 
“adeq”, mas nas terminações. 
Relembrando: o verbo adequar é defectivo. 
“Defectivo: diz-se do verbo a que faltam pessoas (eu, tu, ele...), modos ou tempos.” 
Em outras palavras — e para encurtar o assunto — o verbo adequar não apresenta as três 
pessoas do singular (eu, tu, ele) e a 3ª pessoa do plural (eles) do presente do indicativo. 
Consequentemente, nada haverá no presente do subjuntivo. 
Cabe lembrar que nos tempos do pretérito e do futuro tudo “corre” normalmente. 
 
38 
 
Então, você poderá, certamente, escrever ou dizer... 
Ele adequou... 
Eu adequava... 
Ela adequara... 
Eu adequaria... 
Ela adequará... 
Eu estou adequando... 
Isto é adequado... 
 
Assim, as frases dos exemplos podem ser escritas da seguinte forma. 
 A alternativa não está adequada a essa questão. 
 Para melhorar o produto, é necessário que a firma fique adequada à nova visão 
empresarial. 
 
Com relação ao verbo reverter, no dicionário, há a seguinte definição: 
REVERTER = v. tr.ind. Regressar; tornar (ao ponto de partida); retroceder; voltar (para a 
posse de alguém); do latim revertere. 
Leia, agora, as frases abaixo e compare-as com a definição da palavra. 
 É necessário reverter a situação em que se encontra a Educação. 
 — Vamos reverter o placar — grita a torcida furiosa. 
 O professor quer reverter o quadro atual. 
 
É claro que se trata de uso excessivo do verbo em questão. 
Portanto, se a ideia não for a de retornar, utilize, por exemplo, mudar, inverter ou alterar, 
conforme o caso. 
 É necessário mudar (ou alterar) a situação em que se encontra a Educação. 
 — Vamos inverter o placar — grita a torcida furiosa. 
 O professor quer mudar o quadro atual. 
 
Como bem nos lembra o Prof. Sergio Nogueira, não se pode confundir o verbo reverter 
(que tem o prefixo –re) com verter e inverter. 
 Veja: 
verter para o inglês: O livro está sobre a mesa (The book is on the table.) 
reverter (prefixo –re): dá a ideia de repetição, volta, regresso. 
 
Se você disser que é preciso “reverter a situaçãoatual”, isso significa voltar à situação 
anterior. 
Entretanto, quando os médicos dizem que é necessário “reverter o quadro clínico”, estão 
cobertos de razão. Isso quer dizer que haverá uma volta à situação inicial, ou seja, a um estado 
saudável (o que é muito bom). 
 
 
 
 
 
 
39 
 
2.1.3 - Redundâncias 
O que é redundância? Redundância é um substantivo feminino, qualidade de redundante. 
REDUNDANTE é um adjetivo, que significa supérfluo, excessivo, pleonástico. 
 Por exemplo, a música que o Raul Seixas cantava e que ainda muitos dela se lembram... 
“Eu nasci há dez mil anos atrás...” 
Se foi há dez mil anos, só pode ser “atrás”. A palavra em destaque é redundante. Não há 
necessidade de enfatizá-la. 
 
Observe outros exemplos. 
Ela fará parte integrante da banca. Se fará parte, é porque integra. Use uma ou outra 
palavra. Assim, é melhor: Ela fará parte da banca. 
Receberam o piso salarial mínimo. Sé é piso, só pode ser mínimo, não é? Apenas diga ou 
escreva: piso salarial. 
Todos os países do mundo estão lutando contra esse mal. É melhor afirmar: Todos os 
países estão lutando contra esse mal. (Os países, é claro, pertencem ao mundo.) 
Os candidatos, na hora do abraço, foram cercados por todos os lados. Se foram cercados... 
Não dá para cercar e deixar espaços abertos. Melhor afirmar: “Os candidatos, na hora do abraço, 
foram cercados” (pela multidão, com certeza!). 
A Diretora da escola afirmou que o projeto é inteiramente subsidiado. Ora, o projeto 
apenas é subsidiado. Inteiramente? 
Procure no dicionário o significado da palavra subsídio. Percebeu? Como se lê a palavra 
subsídio, com o som de “s” ou de “z”? Com o som de “s”, é claro. 
Uma curiosidade: procure no dicionário como se lê a palavra OBSOLETO. 
Interessante, não é? A sílaba tônica está no LE (aberto). 
 
2.2 - Coesão textual 
 Os urubus e os sabiás 
“(1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... (2) Os 
urubus, aves por natureza ‘becadas’, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo 
contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. (3) E para isto fundaram escolas e 
importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram 
competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de 
mandar nos outros. (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o 
sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu 
titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência. (5) Tudo ia muito bem até que a doce 
tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. (6) A floresta foi invadida por bandos de 
pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... (7) Os 
velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás 
e canários para um inquérito. (8) “- Onde estão os documentos dos seus concursos?” (9) E as 
pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. (10) 
Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. (11) E nunca 
apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente... (12) – 
Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem. (13) E os 
urubus, uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás... 
 
40 
 
(14) MORAL: em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.” 
Rubem Alves. Estórias de Quem Gosta de Ensinar. 
 
“Um texto não é uma soma de sequência de frases isoladas.” Analisando o texto de “Os 
urubus e os sabiás”. 
 
1. “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...” 
Que tudo é esse? 
O que foi que aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam? 
 
2. “E para isto fundaram escolas...” 
Isto o quê? De que se está falando? 
Qual o sujeito dos verbos fundaram, importaram, gargarejaram, mandaram, fizeram? É o 
mesmo de teriam? 
 
3. Fala-se em quais deles. Deles quem? E quem são os outros? 
 
4. Qual o referente de eles em (4)? 
 
5. Tem-se novamente a palavra tudo: (5) “Tudo ia muito bem...”Esta segunda ocorrência do termo 
tem o mesmo sentido da primeira? 
 
6. A quem se refere o pronome eles (7)? 
 
7. E o pronome possessivo seus (8)? 
 
8. Quais são as pobres aves de que se fala em (9)? E as tais coisas? 
 
9. E elas, em (10), refere-se a pobres aves ou a tais coisas? 
 
10. De que passarinho se fala em (13)? 
 
“Se tais perguntas são facilmente respondidas, é porque os termos em questão são 
elementos da língua que têm por função estabelecer relações textuais: são recursos de coesão 
textual.” 
Outro grupo de palavras que tem como função assinalar determinadas relações de sentido 
entre os enunciados ou partes de enunciados: 
mas – oposição ou contraste 
mesmo – oposição ou contraste 
para – finalidade, meta 
foi assim que (4) – consequência 
até que – tempo 
E (11) – adição de argumentos ou ideias 
porque – explicação, justificativa 
 
 
 
41 
 
2.2.1 Coesão Textual - Teoria 
 
I. Coesão por retomada ou por antecipação 
 
1. Retomada ou antecipação por uma palavra gramatical (pronomes, verbos, numerais, advérbios) 
“Eu darei sempre o primeiro lugar à modéstia entre todas as belas qualidades. Ainda sobre 
a inocência? Ainda, sim. A inocência basta uma falta para a perder; da modéstia só culpas graves, 
só crimes verdadeiros podem privar. Um acidente, um acaso podem destruir aquela, a esta só uma 
ação determinada e voluntária.” (Almeida Garrett. Viagens na minha terra.) 
A palavra aquela retoma o substantivo inocência; o vocábulo esta recupera a palavra 
modéstia. Todos os termos a que servem para retomar outros são chamados de anafóricos. 
“Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e 
passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era 
grande, gordo e silencioso, de ombros contraídos.”(Clarice Lispector. A legião estrangeira.) 
O possessivo seu e o pronome pessoal reto de 3ª pessoa ele antecipam a expressão o 
professor. São, pois, catafóricos. 
O pronome pessoal oblíquo o retoma a expressão seu trabalho anterior. É, então, um 
termo anafórico. 
 
2. Retomada por palavra lexical (substantivos, verbos, adjetivos) 
Lia muito, toda espécie de livro. Policiais, então, nem se fala, devorava. 
 
Elipse 
Na elipse, temos a retomada de um termo que seria repetido, mas que é apagado, por ser 
facilmente depreendido do contexto. 
“Itamar Franco era um homem feliz ao passar a faixa presidencial para Fernando Henrique 
Cardoso, mas estava tristonho ao acordar no dia seguinte. Já não era presidente da República 
desde 1º de janeiro e precisava deixar o Palácio do Jaburu (...) Calado, foi ao banheiro e embalou 
alguns objetos.” (Veja: 24, jan. 1995.) 
O sujeito do primeiro era é explicitamente mencionado, Itamar Franco. Os outros verbos 
do texto têm o mesmo sujeito. No entanto, ele vem elíptico, isto é, oculto. 
 
2.3 - Concordância nominal e verbal 
 
2.3.1 Concordância Verbal 
Antes de iniciar o trabalho, seguem algumas orientações sobre concordância verbal. Tais 
orientações foram retiradas da obra “Nossa Gramática: teoria e prática”, de Sacconi (1994, p. 367-
369). 
 
1) A turma não aprovou o trabalho ou a turma não aprovaram o trabalho? 
Com coletivos (a turma, um bando...), concorda no singular. 
A turma não aprovou o trabalho. 
 
2) Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana ou um milhão passaram o Ano Novo 
em Copacabana? 
 
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Um bilhão de pessoas não está com a virose ou um bilhão de pessoas não estão com a 
virose? 
Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana. 
Um milhão de pessoas não está com a virose. 
Observe... 
Um milhão e duzentos mil reais, um milhão e pouco,

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