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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
Origem: século XIX 
Desenvolvimento paralelo ao Direito Público 
 
O Constitucionalismo: 
- Antecedentes históricos => Magna Carta, 1215 
- Movimento constitucionalista: 
a) Revolução inglesa - Bill of rights, 1689 (direitos individuais, porém não universais, 
apenas a certos grupos) 
b) Revolução americana - Declaração de Direitos da Virgínia, 1776 (Base da Constituição 
Americana) 
c) Revolução Francesa - Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, 1789 (Povo 
como titular do poder) 
- O surgimento das constituições escritas 
- Concepção de constituição como contrato social de Direito Público 
 
Marcos Constitucionais: 
- Constituição dos EUA de 1787 
- Constituição da França de 1791 
Individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção do 
indivíduo. 
 
Conceito de Direito Constitucional: “É o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e 
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado” (José Afonso da Silva) 
 
Objeto do Direito Constitucional: a essência da Constituição 
 
Concepção tridimensional da Constituição: 
- Perspectiva sociológica: Ferdinand Lassale, “A essência da Constituição” 
- Perspectiva política: Carl Schmitt, “Teoria da Constituição” 
- Perspectiva jurídica: Hans Kelsen, “Teoria do Direito e do Estado” 
 
Constituição: lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à 
estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do 
poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres do cidadão. 
 
Concepções de Constituição: 
 
“É o complexo de normas fixando a estrutura fundamental do governo, determinando as 
funções e competências de seus órgãos principais, estabelecendo os processos de designação 
dos governantes e declarando os direitos essenciais das pessoas e suas respectivas 
garantias”. (Goffredo Telles) 
 
“É a lei fundamental do país que contém normas alusivas à organização básica do Estado, ao 
reconhecimento e à garantia dos direitos fundamentais do ser humano, às formas, aos limites e 
às competências do exercício do poder público”. (Tercio Sampaio Ferraz) 
 
“É um conjunto de normas determinantes das funções e competências dos poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário, estabelecendo não só as formas, mas também as diretrizes e os limites 
ao exercício daquelas competências públicas”. (Maria Helena Diniz) 
 
Teoria da Constituição: 
 
Classificação das constituições: 
 
=> Quanto à forma: 
- Costumeiras / consuetudinárias - não escrita (leis esparsas, costumes) 
- ** Escrita 
 
=> Quanto à origem: 
- **Promulgada / democrática / popular - trabalho de uma Assembleia Nacional 
Constituinte 
- Outorgada - sem a participação popular; imposição do poder da época 
 
=> Quanto à extensão e finalidade: 
- Concisas - sintéticas 
- **Prolixas - analíticas 
 
=> Quanto à consistência: 
- Flexíveis 
- **Rígidas 
- Semirígidas 
- **Superrígidas 
 
=> Quanto ao modo de elaboração: 
- **Dogmáticas - produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte 
- Históricas - síntese da história e tradições de um determinado povo 
 
=> Quanto ao objeto: 
- Dirigente 
- Garantia 
 
=> Quanto ao conteúdo: 
- Em sentido material - conjunto de regras constitucionais 
- **Em sentido formal - estabelecida pelo poder constituinte originário 
Caso concreto: 
A CF/88 desenhou em seu texto um Estado de bem estar social, consagrando princípios 
do modelo liberal clássico de forma conjugada com outros, típicos do modelo socialista. Esse 
pluralismo principiológico se faz sentir em todo o texto constitucional, especialmente no art. 170 
que adota a livre iniciativa como princípio da ordem econômica sem desprezar, no entanto, o 
papel do Estado na regulação de mercado. Considerando o enunciado, responda: 
a) Como o pluralismo principiológico pode favorecer a estabilidade da Constituição? 
Essa conciliação de princípios liberais com princípios socialistas é capaz, num primeiro 
momento, de acomodar os anseios das diversas correntes sociais, favorecendo a ideia de uma 
democracia plural e, num segundo momento, propicia uma maior estabilidade da Constituição 
diante de possíveis mudanças de ideologia do governo. Essas seriam as vantagens mais 
significativas da conciliação principiológica. 
 b) Diante de tal característica, como a doutrina classificaria a CF/88? 
Quanto à classificação da CF/88, o critério utilizado é o ideológico. A doutrina distingue 
as constituições simples das constituições compromissórias. As simples são aquelas que 
apresentam fidelidade a uma única linha ideológica, como podem servir de exemplo a 
Constituição dos EUA e a Constituição da ex-URSS. As constituições compromissórias são 
aquelas que combinam as duas linhas ideológicas, formando um Estado de bem estar social. 
Nesse sentido, a CF/88 é classificada como compromissória. 
 
Constituição: sentido formal e material; 
“A Constituição material é concebida em sentido amplo e em sentido estrito. No 
primeiro, identifica-se com a organização total do Estado. O segundo, designa as normas 
constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não em um documento escrito que 
regulam a estrutura do estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais. 
Nesse caso, a constituição só se refere à matéria essencialmente constitucional; as demais, 
mesmo que integrem uma constituição escrita, não seriam constitucionais. 
A constituição formal é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido sob forma escrita 
a um documento solenemente estabelecido pelo Poder Constituinte e somente modificável por 
processos e formalidades especiais nela própria estabelecidas”. (José Afonso da Silva, Curso 
de Direito Constitucional Positivo) 
 
Poder Constituinte: 
 
Marco teórico: “O que é o Terceiro Estado?”, Joseph Emmanuel Sieyès 
 
Origens: 
- Revolução Francesa 
- Assembleia dos Estados Gerais, 1789 
- Assembleia Nacional Constituinte 
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
- Constituição da França de 1791 
 
Conceito: “É o poder de criar e revisar a Constituição” 
 
Classificação: 
 
P.C. Originário (fazer): inicial, soberano, incondicionado, ilimitado juridicamente, autônomo, 
poder de fato e político, permanente. 
 
P.C. Derivado (reformar): secundário, limitado, condicionado. Art. 60, CF/88 - limitações 
formais, circunstanciais e materiais. 
 
P.C. derivado decorrente: forma de Estado Federal, autonomia dos entes federativos, 
capacidade de autoorganização. 
Estrutura a Constituição dos Estados membros, ou modifica-a quando já existente. 
 
P.C. derivado revisor (competência de revisão): poder condicionado e limitado às regras do 
originário. Revisão na constituição realizada após 5 anos de sua promulgação. 
 
Análise do texto: “Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais” 
 
Natureza da CRFB/88: Constituição dirigente (perspectiva social democrata) 
 
Norma constitucional: “São todas as disposições que integram uma constituição rígida…” 
 
Mecanismos de aplicabilidade da norma constitucional: 
Art. 5º, §1º: aplicação imediata das normas de direitos e garantias fundamentais. 
Art. 103, §2º: ADI por omissão 
Art. 5º, LXXI: mandado de injunção 
 
Classificação das normas constitucionais: 
1- N. C. de eficácia plena - aplicabilidade direta, imediata e integral. São revestidas de 
autoexecutoriedade; não dependem de normatividade ulterior para produzir efeitos futuros. 
2- N. C. de eficácia contida - aplicabilidade direta, imediata,não integral 
3- N. C. de eficácia limitada - de princípios institutivos/organizativos e de princípios 
programáticos => não aplicabilidade, direto, imediato, integral. Não são autoexecutáveis; são 
dependentes de normatividade ulterior para produzir efeitos jurídicos; são reconhecíveis pela 
menção a uma lei integrativa futura (a lei disporá; a lei estabelecerá; nos termos da lei; 
conforme dispuser a lei) 
 
Tese do autor: “Não há norma constitucional alguma destituída de eficácia” 
 
Eficácia jurídica das normas programáticas: 
- Local de concentração das normas programáticas: título VII - “Da ordem econômica” e 
título VIII - “Da ordem social” 
- Associação das normas programáticas aos direitos sociais, econômicos e culturais. 
- Defesa do caráter imperativo e natureza vinculante das normas programáticas.

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