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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS RUSSAS CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ANNA KETHLEN FEITOSA DOS SANTOS CARLOS VINICIUS CASTRO LIMA MÁQUINAS TÉRMICAS: VISITA TÉCNICA RUSSAS-CE 2019 ANNA KETHLEN FEITOSA DOS SANTOS CARLOS VINICIUS CASTRO LIMA MÁQUINAS TÉRMICAS: VISITA TÉCNICA Relatório apresentado a disciplina de Máquinas térmicas do curso de Engenharia mecânica da Universidade Federal do Ceará. RUSSAS 2019 1 INTRODUÇÃO A priori, o seguinte trabalho irá abordar um pouco do assunto que foi trabalhado na visita técnica aos laboratórios de motores: motor ciclo Otto e motor ciclo Diesel. O objetivo principal, certamente, foi verificar suas características, componentes, funcionamento e possibilitar a compreensão de transformações que ocorrem em máquinas e equipamentos para a produção de energias uteis em suas situações reais. Nesses laboratórios, são desenvolvidos projetos de sistema de energia utilizando motor ciclo Otto e motor ciclo Diesel. A partir disso, sistemas térmicos inovadores são desenvolvidos no próprio laboratório para estudos e pesquisas teórico-experimentais, utilizando sistemas de monitoramento de processo, com instrumentos de controle e sistemas de aquisição. Logo, para o maior entendimento segue-se um relatório breve a respeito da aula contendo cálculos da eficiência do motor diesel em três condições experimentais e relato da experiencia vivenciada. 2 MOTOR CICLO DIESEL O motor diesel (motor de ignição por compressão) é um tipo de motor de combustão interna inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel, que usa o gasóleo como combustível para o ciclo termodinâmico diesel. Pode operar com ciclos de 4 ciclos (O ciclo do motor é composto por quatro fases: admissão, compressão, expansão e descarga) e 2 ciclos e é caracterizado por um curso de pistão mais longo e por ter mais torque, capaz de sair da inércia com mais força e movimentar um veículo pesado com mais facilidade. Seus principais componentes são: cabeçote, bloco de motor e cárter do motor. O cabeçote é a parte superior e nele existem válvulas que controlam a entrada e saída dos gases no cilindro. O bloco de motor é a parte central do motor, e é composto pelos cilindros, virabrequim, pistão e biela. O cárter do motor é parte inferior do motor que, nos motores de quatro tempos é basicamente o reservatório de óleo lubrificante. Quanto aos combustíveis utilizados em motor diesel, são o óleo diesel, biodiesel e álcool. Contudo o óleo diesel é ainda o combustível mais utilizado em motores diesel por suas características, é um produto pouco inflamável, medianamente tóxico, pouco volátil, límpido, isento de material em suspensão e com odor forte e característico. É importante saber que o sistema de alimentação diesel é composto por dois circuitos: o circuito de ar e o circuito de combustível. O circuito de ar tem como função conduzir o ar do meio ambiente até o interior dos cilindros e depois eliminar os resíduos da combustão e o circuito de combustível tem como função conduzir o combustível deste o tanque de combustível até o interior dos cilindros. https://pt.demotor.net/definicoes/gasoleo.html 2.1 Visita ao laboratório de motores a combustão interna (LMCI) A visita foi realizada no laboratório de motores a combustão interna (LMCI), onde estava o motor que opera com o ciclo Diesel. Esse laboratório dispõe de uma área dividida em ambientes para testes dinamométricos (relativo à carga) e análises computacionais. O LMCI utiliza motores diesel-turbo de médio porte em testes de combustão convencional (também conhecido como motor de explosão), combustão dual diesel/homogênea e HCCI (ignição por compressão de carga homogénea) que, basicamente, são motores de combustão interna no qual a mistura ar-combustível é comprimida e esquentada ao ponto da autoignição. Durante a visita foi possível observar que o LMCI conta com uma estrutura voltada para ensaios experimentais e uma bancada dinamométrica ativa, totalmente automatizada e instrumentada onde todas as atividades são feitas por alunos sob supervisão dos professores. O laboratório também realiza simulações computacionais dos processos ocorrentes nos cilindros dos motores diesel, empregando uma versão com bibliotecas próprias do software KIVA 3 VR2 e um computador de alto desempenho da marca Bull com 172 processadores. Com o software é possível controlar a pressão e temperatura do óleo e dos gases, vazão (auxilia os cálculos estequiométricos), aceleração do motor, torque (indica a capacidade do motor gerar o próprio trabalho) entre outros. Durante a visita foi brevemente explicado o funcionamento do motor, a importância da eficiência e como ela vai variando com a carga (torque), quando mais carga mais eficiente. Foram feitos três testes, o motor trabalhou em três condições: Baixa, média e alta eficiência, que serão analisadas nos próximo tópicos. Motor ciclo Diesel- LMCI 2.2 Cálculo da eficiência . . Ƞ = W / Q Onde o numerador corresponde a potência produzida, calculada pelo torque multiplicado pela rotação do motor e o denominador corresponde o calor fornecido, calculado pelo fluxo do combustível multiplicado pelo PCI (valor tabelado). 2.2.1 Eficiência na etapa 1 (baixa) Tela de comando para análise de dados Dados e cálculos utilizados Para que fosse possível calcular a eficiência na condição baixa, foi preciso coletar torque: 77,0075 (em N.m), a rotação do motor: 1702 Rpm (foi feita uma conversão de unidades de Rpm para Rps), o fluxo de combustível: 6183,82 g/h (foi feita uma conversão de unidades de g/h para kg/s) e o PCI: 43 MJ/kg (foi feito uma conversão de MJ/Kg para kJ/Kg) que é o poder calorifico do combustível Diesel, um valor tabelado encontrado facilmente na internet. Resultado (18,58%) 2.2.2 Eficiência na etapa 2 (intermediaria) Tela de comando para análise de dados Dados e cálculos utilizados Para que fosse possível calcular a eficiência na condição média, foi preciso coletar torque: 163,654 (em N.m), a rotação do motor: 1763 Rpm (foi feita uma conversão de unidades de Rpm para Rps), o fluxo de combustível: 9828,41 g/h (foi feita uma conversão de unidades de g/h para kg/s) e o PCI: 43 MJ/kg (foi feito uma conversão de MJ/Kg para kJ/Kg) que é o poder calorifico do combustível, um valor tabelado encontrado facilmente na internet. Resultado (25,74%) 2.2.3 Eficiência na etapa 3 (alta) Tela de comando para análise de dados Dados e cálculos utilizados Para que fosse possível calcular a eficiência na condição alta, foi preciso coletar torque: 308,63 (em N.m), a rotação do motor: 1875 Rpm (foi feita uma conversão de unidades de Rpm para Rps), o fluxo de combustível: 19227,9 g/h (foi feita uma conversão de unidades de g/h para kg/s) e o PCI: 43 MJ/kg (foi feito uma conversão de MJ/Kg para kJ/Kg) que é o poder calorifico do combustível, um valor tabelado encontrado facilmente na internet. Resultado (26,39%) 2.2.4 Dados e resultados gerais Dados e resultados gerais Com os resultados é fácil perceber que durante o experimento, na medida que o torque vai aumentando em cada etapa, quanto mais carga sendo injetada no motor maior a sua eficiência. 3 MOTOR CICLO OTTO O motor de combustãoou de explosão é um motor que o combustível resulta de uma mistura com o ar fora da câmara de combustão e necessita de uma faísca (criada pelas velas) para dar início ao processo da queima. Este tipo de mecânica pode operar em dois ou quatro tempos, respeitando as várias etapas de funcionamento. Os seus principais componentes são: Bloco do motor, Cabeçote, Carter. O bloco de motor é feito de alumínio ou ferro fundido que aloja os cilindros bem como os suportes de apoio da cambota, o virabrequim. O cabeçote é a cabeça do motor é a peça fundamental para o bom desempenho, já que determina a forma da câmara de combustão, a passagem dos gases de admissão e escape, o funcionamento das válvulas e seu comando. Já o cárter é um recipiente metálico que protege e assegura a lubrificação de certos mecanismos. 3.1 Visita ao laboratório de combustão e energias renováveis (LACER) No início foi-nos apresentado o laboratório de motores a combustão de energias renováveis (LACER) e seus respectivos bolsistas que trabalham, atualmente, com biogás e desenvolvem pesquisa com o motor ciclo Otto (motor de combustão interna que funciona de acordo com o ciclo criado e melhorado por Nikolaus Otto, em 1876) e que pretendem posteriormente operar com ciclo Otto e ciclo Diesel. Fomos conduzidos a conhecer o motor de um Santana Volkswagen Alta Performance 2.0 onde foi mostrado seu funcionamento e de que maneira ele está contribuindo para a pesquisa dos bolsistas. O motor em questão estava acoplado a um gerador, mas a energia que gerava não estava ligada em nenhuma rede e em nenhum equipamento, isso porque do lado de fora do laboratório existem resistências que são, basicamente, efeito joule ou efeito térmico que pegam essa potência gerada e dissipam em calor, verifica-se pelo fato deles ainda não terem um controle da energia gerada então é preferível queimar em calor do que usar em algum equipamento e acabar danificando, pois é utilizado muito biogás de composições diferentes nos experimentos (estão em fase de testes), e não se tem controle de como a combustão vai estar (estável ou instável) , a vista disso, usam a resistência como forma de segurança. Não foi possível ligar o motor pela falta de gasolina, mas com o motor parado aos poucos fomos nos familiarizando com os seus componentes e funcionamentos, o gerador, por exemplo, gira a 1800 Rpm para a frequência ficar em 60 htz e motor para ter a faixa de torque máximo dele tem de girar em 3600 Rpm. No meio do motor tem uma caixa de redução, que consiste num conjunto de engrenagens que visa reduzir a velocidade angular e aumentar o torque, e no lugar de bico injetor tem vela porque é ciclo Otto. Em um caso específico do motor, em fase teste, uma das velas foi trocada por um sensor que une vela com sensor de pressão e que consegue medir a pressão dentro da câmara de combustão. O sensor mede a pressão, manda para um equipamento que condiciona o sinal e manda para o computador juntando o sinal da pressão com outro sinal que é Encoder (dispositivo cuja a finalidade é transformar posição em sinal elétrico) que fica acoplado ao virabrequim que mede a rotação do eixo do brequim em graus em uma precisão de 0,1 graus. Com esses dois sinais é possível fazer uma curva de pressão do eixo y e graus no eixo x, e como a precisão é de 0,1 graus o gráfico fica bem detalhado e a partir desse gráfico de pressão consegue-se tirar várias conclusões: potência do motor, como a queima está fluindo, como está o avanço de ignição do motor, etc. https://blog.takao.com.br/pecas-para-motor-certificadas/ Nas imagens é possível identificar o tubo azul, no qual, entra o ar na sala. O ar sai por um dispositivo, passa pelo gerador para arrefecer, vai arrefecendo todo o motor e entra onde o ar vai de fato queimar com gasolina, com gás ou com biogás. O mesmo ar que está circulando e arrefecendo tudo passa pelo radiador, o radiador vai arrefecer a água que no fim sai pelo tubo verde. O motor Otto fica mais quente que o motor diesel, em um teste feito no laboratório no motor já chegou a 900°C o ar de exaustão. É valido ressaltar que, tanto no tubo azul como no verde tem ventiladores para forçar a ventilação e tais ventiladores são controlados por um inversor que controla apenas a rotação dos ventiladores para não soprar pouco nem soprar exageradamente. O sensoriamento é composto por termopares que medem, por exemplo, água que está entrando no radiador, a água que está saindo, o ar que está entrando no motor (que deve estar entre 25°C e 30°C), o ar de exaustão (o ar que está saindo), entre outros. Foi relatado também que, entre os sensores tem um anemômetro que mede a velocidade do ar para que se consiga calcular a proporção ar/combustível, também tem termopares nos combustíveis tanto no Co2 (dióxido de carbono) como no Ch4 (metano) para saber em que condições eles estão entrando. Durante a visita, foi possível observar que tem um sensor na parte de cima da sala que mede a pressão e a umidade do ambiente, que também são condições de teste. Outrossim, é importante saber que, no motor mostrado o acelerador está no controle de admissão como em um carro comum e serve apenas para dosar a quantidade de ar. Dentro do motor tem um modulo de injeção eletrônica a partir da posição da borboleta ele consegue saber o quanto de ar que está entrando e calcular o quanto de combustível tem que entrar para ficar estequiométrico. O controle é feito fora do motor que tem seu próprio modo de injeção que calcula o quanto de combustível tem que entrar, e para dar uma resposta pro motor, transfere da sonda lambida que fica no escapamento de exaustão, que é um dispositivo que envia um sinal elétrico à injeção eletrônica indicando a presença de oxigênio nos gases e calcula o quanto está saindo, essa medida serve para saber se tem muito ou pouco oxigênio, e com isso relacionar a mistura que injetou lá no cilindro, se era uma mistura rica (mais combustível do que ar) ou mistura pobre (mais ar que combustível) tudo isso dentro da válvula de injeção. O ciclo ideal Otto, na teoria, o pistão chega lá em cima e a vela solta lá em cima, mas na prática quando o pistão ainda está chegando no topo, a vela solta antes e já centelha antes, isso acontece porque o combustível demora a queimar, então a vela centelha para quando o pistão subir o combustível está de fato queimando, e então descer com força. O motor originalmente, de fábrica, era à gasolina, mas foi feita uma adaptação em prol das pesquisas. De acordo com análises e cálculos, perceberam que antes quando era a gasolina o avanço estava a 5°C quando mudaram para biogás avançaram 15°C, concluindo que o biogás queima mais lento que a gasolina. Observando os gráficos é-nos mostrado que é preciso adiantar mais um pouco, o que estão planejando em fazer no futuro, o ideal seria a combustão começar em 0° C, mas ela está começando depois, tem que adiantar mais um pouco para começar perto de 0° C (está sendo feito um estudo para melhorar isso). Motor ciclo Otto-LACER Motor ciclo Otto-LACER Em seguida, foi-nos mostrado alguns gráficos e os controles gerais das salas, que leem todos os termopares, anemômetros e demais sensores, da água, dos gases de escape, gases de admissão e outros. Em uma aba na tela de um dos computadores tem cerca de 10 botões que ligam as 10 resistências que estão fora do laboratório. As medidas que são usadas nos gráficos são: Pressão, em bar e ângulo de manivela que vai de -360 até +360. As medidas são feitas em tempo real, se o gerador estivesse ligado daria para ver um gráfico que mostra a curva de tensão (uma onda cm 60 htz). Mas foi possível ver um gráfico salvo com 500 medidas realizadas. Os bolsistas pegam os 500 ciclos e fazem cálculos posteriores relacionados a eles para saber como o combustível está. É utilizado um softwareque contém fórmulas embutidas, cálculos simples, e como cada ciclo é diferente é feito uma a média dos 500 ciclos, calculada no software e assim criando uma curva média com os valores obtidos. A partir da média é calculado o IMEP (Pressão Media Efetiva Indicada), que seria como pegar a curva obtida dos valores médios e criar uma pressão equivalente, o IMEP é muito útil para dar noções de potência do motor, por exemplo, o motor a gasolina vai ter sempre um IMEP maior do que um motor AGNV, que vai ter um IMEP maior que um motor a biogás com 5% de Co2, que tem um IMEP maior que um motor com 10% de Co2 e assim por diante. No software também é calculado quanto o cilindro perde de calor, a temperatura, que é importante para relacionar com as emissões, a principal emissão que tem nesse tipo de motor é o Nox, quanto maior a temperatura mais Nox, também é útil calcular o MBF (Fração de Combustível Queimado), que calcula por padrão que em 5% de combustível queimado começa a combustão e 95% termina, isso serve para ver o desenvolvimento da queima. Encerrando a visita foi explicado os gráficos de referência das pesquisas realizadas no laboratório, que basicamente, consiste em variar o gás e ver como o motor reage em cada ciclo de pressão. REFERÊNCIAS BLOCO DE MOTORES http://carrosinfoco.com.br/2015/09/bloco-dos-motores-de-combustao-interna- automotivos/ BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. MOTORES http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/varella/Downloads/IT154_motores_e_tratores/Literat ura/No%E7%F5es%20B%E1sicas%20de%20Motores%20Diesel.pdf PODER CALORIFICO/PCI http://www.antoniolima.web.br.com/arquivos/podercalorifico.htm UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Biblioteca Universitária. Guia de normalização de trabalhos acadêmicos da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2013. ANEXOS “Baixa eficiência” “Torque” T= 77,0075 [N*m] “Rotação do motor” r=1702*Convert(rpm;rps) “Trabalho” w_dot=T*r*2*pi*Convert(N*m/s;KJ/s) “Fluxo de combustível” m_dot=6183,82*Convert(g/h;kg/s) “Poder calorífico” PCI=43*Convert(MJ/kg;kJ/kg) “Calor” Q_dot=m_dot*PCI “Eficiência” n_baixa=w_dot/Q_dot “Eficiência média (moderada)” “Torque” T2= 163,654[N*m] “Rotação do motor” R2=1763*Convert(rpm;rps) “Trabalho” w_dot_2=T*r*2*pi*Convert(N*m/s;KJ/s) “Fluxo de combustível” m_dot_2=9828,41*Convert(g/h;kg/s) “Poder calorífico” PCI_2=43*Convert(MJ/kg;kJ/kg) “Calor” Q_dot_3=m_dot*PCI “Eficiência” n_moderada=w_dot/Q_dot “Alta eficiência” “Torque” T3= 308,63 [N*m] “Rotação do motor” R3=1875*Convert(rpm;rps) “Trabalho” w_dot_3=T*r*2*pi*Convert(N*m/s;KJ/s) “Fluxo de combustível” m_dot_3=19227,9*Convert(g/h;kg/s) “Poder calorífico” PCI_3=43*Convert(MJ/kg;kJ/kg) “Calor” Q_dot_3=m_dot*PCI “Eficiência” n_alta=w_dot/Q_dot
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