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TJSP - PARTILHA DIVÓRCIO - COMUNHÃO PARCIAL DE BENS

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2018.0000989880
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0014689-94.2009.8.26.0564, da Comarca de São Bernardo do Campo, em 
que é apelante/apelado P. M. S. G., é apelado/apelante H. P..
ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Recurso do varão 
parcialmente provido, para tanto, desprovido o da varoa. V.U Sustentaram 
oralmente os advogados Dr. Márcio Moura Moraes e Dr. Luís Antonio 
Matheus.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores 
PAULO ALCIDES (Presidente) e EDUARDO SÁ PINTO SANDEVILLE.
São Paulo, 13 de dezembro de 2018
PERCIVAL NOGUEIRA
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
Voto nº 31.671
Apelação Cível nº 0014689-94.2009.8.26.0564 
Comarca: São Bernardo do Campo
Apelantes: P. M. S. G. e H. P.
Apelados: OS MESMOS
JUÍZA: Eduarda Maria Romeiro Corrêa
SEPARAÇÃO JUDICIAL PARTILHA DE BENS Exclusão de 
bens adquiridos com produtos de sub-rogação – Pretendida 
anulação de aditamento Coação não provada não retira a fé 
pública do documento Construção em terreno próprio Divisão 
do valor da construção e das benfeitorias Imóvel adquirido em 
nome da mãe da parte Valor utilizado para aquisição que saiu 
da esfera patrimonial do casal e deve integrar a partilha 
Empresa familiar Transação que não caracteriza mera 
antecipação de legítima, mas importa em verdadeiro negócio 
jurídico Valor pago e investido que sofreu transformação com a 
atividade empresarial Devida a meação do valor das cotas 
sociais apurados em perícia técnica, na proporção societária do 
varão Necessidade de observar e respeitar participação 
societária de terceira pessoa que integra o quadro social 
Transferência de valores da empresa à genitora não 
contabilizada, a ser recomposta, observada a participação 
societária Dívida igualmente partilhável Veículos Prova da 
aquisição durante a convivência Transferência com o intuito de 
esvaziar patrimônio, a ser desconsiderada Devidas deduções da 
parte cabente à autora de multas e outras despesas decorrente do 
mau uso deles Indenização pela retenção de bens pessoais 
Estimativa da sentença que guarda razoabilidade Sentença que, 
no geral, deu correto desfecho à causa, comportando apenas 
pequenos reparos Recurso do varão parcialmente provido, para 
tanto, desprovido o da varoa.
Trata-se de recursos de apelação tempestivamente interpostos 
por P.M.S.G. e H.P., respectivamente às fls. 2.392 e 2.473, contra a r. 
sentença de fls. 2.354/2.361, cujo relatório se adota, que julgou parcialmente 
procedente o pedido de dissolução do vínculo conjugal, para decidir a 
partilha nos seguintes termos: à requerente caberá: a) indenização pela 
meação da construção e mobiliário referente ao imóvel Parque dos Pássaros, 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
no valor de R$ 268.967,50, atualizados a partir de março de 2009; b) 
indenização pela meação da empresa Produtos Químicos e Lubrificantes 
Ltda., no valor de R$ 52.684,65, atualizado desde 31/05/2009; c) indenização 
pelo valor correspondente a 50% do valor de mercado dos veículos Land 
Rover Discovery V6 à data da separação judicial (11/05/2009) e valor de 
mercado do veículo VW Jetta, desde a data que foi entregue ao requerido, 
deduzindo-se os pagamentos de multas e licenciamento no período que teve 
início 11/05/2009, até a sua apreensão em 31/05/2012, tudo atualizado com 
juros de mora; d) indenização pela meação de transferência indevida da 
empresa para sua genitora, no valor de R$ 95.000,00, atualizado a partir da 
transferência (30/05/2018) e acrescido de juros de mora, partilhando-se 
também o patrimônio passivo na ordem de R$ 1.775,84, tudo a ser atualizado 
e acrescido de juros de mora de 1% a contar da sentença; e) indenização pela 
meação do valor de mercado do imóvel situado em Maresias, a ser apurado 
em liquidação de sentença; f) indenização pelos bens de uso pessoal não 
localizados na busca e apreensão, no valor de R$ 12.000,00, atualizado a 
partir da sentença, também incidindo juros de mora de 1%; tornou definitiva 
a cautelar de busca e apreensão, consolidando os bens indicados nos autos à 
propriedade da autora, à exceção de um par de brincos marca Tiffany de uso 
da filha do casal; e resolveu o mérito dos processos nº 128/09, 865/09, 
3232/09, 1417/09 e 2631/09, condenando o requerido ao pagamento das 
custas, despesas processuais e honorários fixados em R$ 1.000,00. Embargos 
de declaração às fls. 2.383/2.388, decididos às fls. 2.389/2.390.
Em suas razões, busca a apelante P.M.S.G. a reforma da 
sentença, postulando, de início, a aplicação da pena de litigância de má-fé, 
por tentativa do varão em frustrar a partilha.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
Pede a desconsideração de qualquer sub-rogação na aquisição de 
bens. Assevera que sendo certo que os valores percebidos com a venda de 
imóveis doados foram gastos com futilidades (viagens, joias e roupas de 
marcas), não prospera a aquisição de bens por meio desses valores, afastando-
se a sub-rogação, para efetivação da partilha de todo o patrimônio no 
percentual de 50% para cada parte.
Ressalta que a decisão nada considerou sobre a edificação 
efetuada na dependência da empresa Royal Grease após 2005, aduzindo que 
o apelado adquiriu a sociedade do pai em terreno que lhe foi doado, mas 
construiu e edificou o prédio onde está instalada a empresa durante três anos 
na constância do casamento, sendo legítima a postulação de 50% do valor da 
edificação atualizado. Cita gastos com informatização e modernização do 
ambiente da empresa, que também devem ser objeto de indenização.
Quanto ao imóvel de São Caetano do Sul, refere que foi 
comprado para servir de futuro lar do casal após o nascimento da filha, e que 
foi coagida por violência a assinar a escritura de aditamento, causando 
estranheza a cláusula de incomunicabilidade. Da mesma forma, afirma que o 
terreno da casa em São Bernardo do Campo foi comprado na constância do 
casamento, e referido aditamento foi realizado como preparação a uma 
separação, especialmente com o fito de prejudica-la na partilha. Assim, 
entende que deve ser indenizada em 50% da totalidade desses imóveis, 
adquiridos para moradia.
Argumenta que os bens de uso pessoal a serem indenizados 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
totalizam valor muito superior àquele estipulado, os quais, estima em R$ 
450.000,00, não se conformando com o arbitramento em R$ 12.000,00.
Pede reconsideração da inclusão na partilha, do saldo negativo 
nas contas pessoais do apelado, bem como sobre os valores de multas de 
trânsito, alegando que pagou os débitos relativos quando da apreensão do 
veículo, e que não dispõe de meios para prover o próprio sustento, 
sobrevivendo dos alimentos prestados pelo apelado.
Requer, a final, a nulidade processual a partir da sentença de fls. 
62/63, devolvendo-se os autos para regular instrução, ou, a reforma da 
sentença para julgar totalmente procedente o pedido, determinando-se a 
indenização a seu favor em: 50% do valor total dos imóveis adquiridos para 
moradia e veículos, assim entendidos a casa de São Bernardo, apartamento de 
São Caetano do Sul, Casa de Maresias, os dois veículos, bem como em 50% 
do valor das benfeitorias realizadas na empresa, e indenização dos bens 
avaliados em R$ 450.000,00 (fls. 2.394/2.404).
Por seu turno, busca o apelante réu H.P. a reforma da r. sentençaa seu entender, proferida em desatenção às provas dos autos.
Insiste que o imóvel localizado na praia de Maresias, em São 
Sebastião, pertence à sua genitora e dessa forma deve ser excluído da 
partilha. 
Para tanto, após repisar toda a versão anteriormente exposta, 
alude a documento novo recuperado após a desocupação da requerida do 
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
imóvel residencial, consistente em um “Instrumento particular de doação” 
firmado entre o ora apelante e sua mãe, no qual figura a apelada autora como 
interveniente anuente, devidamente assinado por testemunhas, cujo teor, 
aliado ao recolhimento do Imposto ITCMD em 4 de agosto de 2008 no valor 
correspondente a 4% da doação, não deixa dúvidas quanto a doação utilizada 
na aquisição do bem, de exclusiva propriedade de sua genitora. Assevera que 
o fato de ter presidido uma Assembleia no condomínio, ou mesmo figurar 
como responsável nos gastos, zelando pelo imóvel, são fatos que não podem 
ser interpretados em seu desfavor, uma vez que comprovado também restou 
que é ele quem gere e administra os negócios da mãe. Desqualifica a 
testemunha da autora, alegando animosidade com sua pessoa, trazendo 
documento para desconstituir sua declaração nos autos. Discorre, ainda, sobre 
os imóveis frutos de doação cujo produto alegadamente teria sido utilizado na 
compra deste bem em Maresias. Assim, porque comprovado que o imóvel foi 
adquirido por sua mãe, com produto de doação efetuada com a devida 
anuência da apelada, e não com patrimônio comum, irresigna-se com sua 
inclusão da partilha. No mais, injusta a sentença no ponto que o incluiu 
indevidamente na partilha mediante cálculo da indenização com valor atual 
de mercado, uma vez que separação ocorreu no ano de 2009. Requer 
subsidiariamente que eventual indenização tome por base os valores dos bens 
supostamente utilizados na compra do imóvel, ou da negociação de compra.
Quanto a casa de morada no Parque dos Pássaros, em São 
Bernardo do Campo, salienta que todo o valor gasto na construção e 
imobiliário veio de seu patrimônio exclusivo, com recursos da venda de 
Fazendas em Mato Grosso do Sul que já lhe pertenciam antes do casamento, 
para esse fim. 
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
Para tanto, sustenta que o documento acostado às fls. 466 atesta a 
origem patrimonial do bem vendido para edificação e mobiliário. Por tal 
razão, postula também a exclusão desse bem na integralidade da partilha, sob 
pena de enriquecimento ilícito da parte contrária. 
Em relação às cotas sociais da empresa Royal Grease, diferente 
do entendimento da MM. Juíza, argui que a transferência não configurou 
negócio jurídico de venda e compra. Aduz que sempre trabalhou ao lado do 
pai e a fim de garantir uma continuidade dos negócios, houve uma cessão e 
constituição de direitos para antecipação da legítima. Assim, o real escopo do 
documento de fls. 466/467 foi o de antecipação sucessória. Sequer existe 
valor atribuído à empresa no documento, o que, por si só, descaracteriza uma 
venda e compra, de forma que os valores depositados fazem parte de um 
contexto maior no acordo que acabou antecipando direitos hereditários, com 
o envolvimento de vários imóveis. Atesta que a empresa é consequência do 
árduo trabalho de pai e filho, iniciado muito antes do casamento. Nesse toar, 
a apelada não possui direito à partilha, nos termos do art. 2016 do CC/16.
Ainda que assim não fosse, equivocou-se a r. sentença em 
determinar a meação dos exatos 50% do valor avaliado, desconsiderando a 
participação societária de sua genitora, que detém 12% das cotas sociais, 
restando 88% em nome do apelante, de modo que o hipotético direito da 
apelada seria de 44%.
Aduz que o veículo da empresa Land Rover transferido para sua 
mãe antes da separação de corpos assim o foi por ajuste de contas da 
empresa, e também deve ser retirado do processo.
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PODER JUDICIÁRIO
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
No tocante ao Veículo Jetta, adquirido pela empresa com o 
financiamento pago por esta para realização de viagens de visitas a clientes, 
sempre pertenceu ao espólio empresarial, nunca fez parte do patrimônio do 
casal, e era utilizado com autorização prévia, o que pode ser constatado na 
perícia contábil.
Insurge-se, ainda, com o bloqueio de valores transferido da 
empresa para sua mãe e sócia, em 30 de maio de 2008, um ano antes da 
separação de corpos, rebatendo a alegação de esvaziamento de bens, posto 
que na época ao casal vivia em harmonia. Alega que a transferência se deu 
por questões administrativas, por decisão tomada pelos sócios e devidamente 
contabilizada. 
Salienta que o valor, posteriormente transferido à empresa, foi 
considerado na avaliação da perícia realizada, não integralizando o 
patrimônio do ex-casal. Logo, impertinente a indenização desse valor, 
especialmente sem considerar a participação societária da Sra. Francisca.
Requer, a final, o acolhimento das razões, impondo-se o decreto 
de improcedência, com a condenação da apelada nas custas e honorários 
advocatícios (fls. 2.474/2.496).
Cumprimento provisório de sentença requerido às fls. 
2.405/2.412. 
Juntada de documento novo pelo réu, postulando a exclusão do 
imóvel objeto da questão da partilha (fls. 2.428/2.429, 2.441/2.442 e 
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
2.453/2.466).
Recebidos os recursos em ambos os efeitos (fls. 2.526), em 
contrarrazões as partes reiteraram suas anteriores manifestações e 
postulações, desta feita o apelante réu pleiteando a pena de litigância de má-
fé (fls. 2.528/2.3537 e 2.541/2.547).
 A recorrente autora apresentou incidente de falsidade 
documental, aduzindo que o documento apresentado após a sentença foi 
produzido com a intenção de fraudar a partilha, e suscitando a existência de 
processo criminal que responde o réu por falsidade documental. Postula 
exame pericial e a condenação do requerido ao final, bem como a extração de 
peças e encaminhamento para medidas criminais (fls. 2.567/5.585). Incidente 
não conhecido por manifestamente intempestivo (fls. 2.768).
 Oposição ao julgamento virtual (fls. 2.771).
Designada audiência de mediação (fls. 2.811, 2.826 e 
2.838/2.839), com redesignação para prosseguimento dos trabalhos (fls. 
2.842), a apelante autora manifestou desinteresse na continuidade, e requereu 
o julgamento do feito (fls. 2.844).
 
É o relatório.
Inicialmente, busca a apelante a anulação da sentença, mas 
sequer aponta motivos que estariam a eivar de nulidade o feito, não 
merecendo acolhimento este pleito. 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
Resta afastada a arguição de litigância de má-fé suscitada por 
ambas as partes. Realmente, ambos os litigantes se excederam no 
comportamento processual e por reiteradas vezes, tumultuaram o processo. 
Inegável que houve reciprocidade de comportamento pelos ânimos exaltados. 
Frise-se que, doravante, eventuais excessos serão interpretados como ato 
atentatório à dignidade da Justiça.
Cabe pontuar e lamentar o grau de beligerância instalado entre as 
partes, inclusive a intervir no andamento e julgamento do processo, à vista 
das várias ações movidas entre si e recursos interpostos (54 só entre as partes, 
dos quais 50 deles distribuídos a este Relator). 
Transpondo-se ao mérito, considerada anterior decretação da 
dissolução do vínculo matrimonial (fls. 262/263), segue restrita a discussão à 
partilha dos bens e direitos amealhados durante a constância do matrimônio 
realizado em 23/10/2002, peloregime da comunhão parcial de bens, 
delimitado com o decreto da separação de corpos do casal em 13/03/2009.
 
A r. sentença, em seu introito, bem delimitou a questão 
concernente ao direito a reger a partilha, assim dispondo:
 
“Ressalto que o Código Civil antigo é aplicável à espécie 
considerando a data do efetivo enlace (23/10/2002). Tal disposição é 
expressa no art. 2.039, do Código Civil vigente. De tal sorte, os bens 
adquiridos na constância do casamento merecem partilha na 
proporção de 50% para cada parte, sem a necessidade de se perquirir 
maior ou menor esforço próprio para a aquisição. Assim, pouco 
importa que a requerente não tivesse renda. O termo 'a quo' do 
regime de bens é o casamento e o termo 'ad quem' é a decretação de 
separação de corpos. (...) Assim, levam-se em conta os bens 
adquiridos por título oneroso no período de 23/20/2002 a 
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PODER JUDICIÁRIO
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
13/03/2009” (g.n.). (fls. 2.355). 
Passa-se, doravante, à análise da peculiaridade de cada bem a 
compor o patrimônio em litígio, observado minunciosamente cada item à 
vista do embate das partes:
1. Imovéis:
A) Imóvel situado na Rua Paraíba e seu respectivo terreno, em 
São Caetano do Sul, objeto da matrícula nº 11.570 do 2º CRI de São 
Caetano do Sul: A prova confirma que foi recebido pelo requerido em doação 
em data anterior ao casamento (fls. 444/445), e, portanto, não se comunica.
B) Imóvel residencial no Parque dos Pássaros, em São Bernardo 
do Campo, objeto da matrícula nº 12.642, do 2º CRI de SCS: O bem foi 
adquirido na constância do casamento (data 04/05/2005). Contudo, consta 
aditamento da escritura pública e averbação de que a compra do terreno foi 
realizada com recursos próprios somente do varão, advindos de doação de 
bens móveis e imóveis, entre eles aquele objeto da matrícula nº 40.468, do 
CRI da cidade de Santo André e outros, além de doação em espécie de seu 
pai, a caracterizar sub-rogação, com cláusula de incomunicabilidade. Na 
oportunidade, consignou-se a anuência da cônjuge do outorgado comprador, 
a aceitar plenamente, e prometendo nunca reclamar, presente ou futuramente, 
de quem que seja e a qualquer título (fls. 97 e vº e 447/451).
Ao pretender afastar a sub-rogação, tenta fazer crer a apelante 
varoa que foi agredida e ameaçada para comparecer em cartório e fazer a 
declaração. Todavia, não se desincumbiu da prova da coação como lhe 
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
deveria, a retirar a fé pública da qual se reveste o documento. A par disso, 
atentou-se a r. sentença para o testemunho do vendedor, que, comparecendo 
conjuntamente ao cartório, observou que o Tabelião leu a escritura toda e 
presenciou harmonia entre o casal. 
Ora, bem anotou a r. sentença que a própria varoa, em datas 
diferentes e em relação a bens diferentes, declarou que a aquisição se deu em 
sub-rogação direta e indireta de bens particulares do varão.
Exclui-se, pois, da comunhão, o valor do terreno, bem que não 
se comunica, a teor do art. 269, I, do CC/1916.
Outrossim, de forma escorreita, observou ainda a r. sentença que 
a edificação sobre terreno alheio (o terreno constava em nome do pai do 
requerido), a ele se incorpora, nos termos da regra da acessão (art. 1.255 do 
CC/02), não podendo ser partilhado. Mas, uma vez provada suficientemente 
que as obras foram realizadas durante o matrimônio com destinação 
específica de servir de residência para a família, a questão passa a ser 
resolvida pela via da indenização.
 Assim também já restou decidido nos autos de Agravo de 
Instrumento nº 990.10.005733-2, com decisão transitada em julgado, a saber:
“Dispõe a lei civil que compõe a comunhão, em razão do regime de 
comunhão parcial, os bens adquiridos na constância do casamento por 
título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges, assim como as 
benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge percebido na constância 
do casamento (art. 1660 do CC).
Por seu turno, o rol taxativo do art. 1659 do CC enumera os bens 
incomunicáveis, excluindo-se os bens que cada cônjuge possui ao casar, ou 
seja, o patrimônio particular do consorte, e os que lhe sobrevierem na 
constância do casamento por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu 
lugar, bem como aqueles bens adquiridos com valores exclusivamente 
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação de bens particulares.
Assim, devidamente comprovado que o terreno do bem objeto da matrícula 
nº 12.642 do 2º CRI da Comarca de São Bernardo do Campo foi adquirido 
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Apelação nº 0014689-94.2009.8.26.0564 - São Bernardo do Campo - VOTO Nº 31671 LT
com produto de doação e sub-rogação de bem particular e incomunicável, 
conforme, aliás, se constata da averbação da matrícula, não deverá 
integrar os aquestos para fins de partilha.
Contudo, pela disposição expressa no art. 1650, inciso IV, do Ordenamento 
Civil, comunicam-se as construções e benfeitorias erigidas em bens 
particulares de um dos cônjuges durante a vigência do matrimônio, na 
proporção de 50% para cada um dos consortes, de forma que integram a 
comunhão e partilha as edificações, por presumido o esforço comum 
durante o período de sociedade conjugal.
Na hipótese dos autos, onde a construção de uma casa de alto padrão foi 
erigida durante o casamento sobre o terreno pertencente exclusivamente ao 
varão, é de ser resguardado o direito da varoa de obter a indenização, ou 
compensação na partilha, do correspondente à metade do valor da acessão, 
deduzindo-se do valor total do bem quantia referente ao custo atual do 
terreno e sua localização” (fls. 1.665/1.669).
Nestes termos, caberá à varoa o pagamento correspondente a 
50% da construção erigida, no valor de R$ 268.967,50 em março de 2009, 
conforme apurado em perícia técnica não impugnada, devidamente corrigido, 
nos termos impostos na r. sentença. 
C) Apartamento nº 61 do Edifício Torre Eiffel e boxes, situados 
na rua Espírito Santo, nº 471, em São Caetano do Sul, e respectivas vagas de 
garagem, objeto das matrículas nº 32.110, 32.111 e 32.113 do 2º CRI de 
SCS. Referido imóvel foi adquirido em 06/11/2007 (fls. 86), portanto, na 
constância do casamento. Contudo, patente a incomunicabilidade em razão 
da compra por sub-rogação de direitos, com anuência da varoa.
Da matrícula do imóvel anexada às fls. 82/84vº, se constata 
declaração para ficar constando que a compra do objeto “está sendo realizado 
(sic) com recursos somente dele comprovador varão, advindos do “Contrato de 
Sessão de Direitos” firmado em 11/05/2005, registrado no 1º Oficial de Registro de 
Título e Documentos da Comarca de São Caetano do Sul, Estado de São Paulo, sob 
nº 351.762, em 06/06/2005, caracterizando, assim, a referida compra por sub-
rogação, com cláusula de incomunicabilidade, com a qual o cônjuge do outorgado 
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comprador, aceita plenamente, prometendo nunca reclamar, presente ou 
futuramente, de quem quer que seja e a qualquer título.” (fls. 84 e 454).
De igual forma que a escritura anterior, a declaração foi 
contestada, mas sem prova alguma que pudesse desconstituir o documento 
que possui fé pública: “E por assim terem deliberado, espontaneamente, 
pediram-me e lhes lavrei a escritura que, sendo-lhes lida, acharam tudo 
conforme, outorgaram, aceitaram e assinaram, do que dou fé”, assinado pelo 
Tabelião (fls. 84).
 Importa ressaltar o testemunho de Victório Giuzio Neto, 
vendedor do apartamento, o qual foi peremptório em afirmar que não hesitou 
em fazer o aditamento porque o casal aparentava perfeita harmonia. Disse 
que a varoa demonstrou ser pessoa centrada, consciente, preparada, cursando 
direito (fls. 1.314).Logo, a impugnação do aditamento não encontra ressonância 
para acolhimento.
Este bem não se comunica, permanecendo excluído da partilha.
D) Imóvel de São Sebastião- MARESIAS, objeto da matrícula 
nº 38.568 do CRI São Sebastião: 
Em relação a este imóvel, a situação apresenta-se um pouco mais 
complexa e intrincada. Consta que 08/08/2008 o bem foi adquirido em nome 
de Francisca Gabriche, mãe do réu, o qual figurou como procurador na 
negociação, pelo preço certo e ajustado de R$ 500.000,00 fls. 458/463 e 
464/466vº. Ouvida em Juízo, a Sra. Francisca disse ter recebido uma doação 
em dinheiro do filho, que comprou o imóvel para ela. Mas não foi 
convincente de forma a afastar a possibilidade do bem integrar o Espólio do 
casal. Repetiu algumas vezes e de forma simplória que “recebeu o imóvel em 
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doação do filho”. Questionada como e porquê argumentou que “ele me deu 
uma doação e eu comprei e recebi o imóvel por doação”, concordando, 
posteriormente, que foi ele que comprou e que lhe doou o imóvel (fls. 1.784). 
Asseverou que é ela que se utiliza do imóvel e confirmou o preço de R$ 
500.000,00, mas estranhamente não soube explicar em que circunstância 
recebeu a doação e como foi feita a compra, só deixando claro que o filho é 
quem administra suas contas. (fls. 1.783/1.789). Ora, se admite que houve 
doação, difícil concluir que H.P. comprou o imóvel como seu administrador. 
Tudo indica que ele comprou o imóvel com recursos próprios (que à época 
pertenciam ao casal), e registrou o bem em nome da mãe.
 Crucial para o deslinde da questão é o testemunho do Sr. Rubens 
Ferreira Catunda (fls. 1.661), que declarou ter construído no condomínio 
Arumã-Maresias, um empreendimento de casas na paria, e negociado em 
2008 com o casal, do qual recebeu como parte do pagamento dois veículos, 
um Audi e um Land Rover, recebendo o restante diretamente da construtora. 
A propriedade desses veículos pelo casal na época restou comprovada (Placas 
DUP0502 - fls. 621/622 e EBC2233 - fls. 623).
Noutro viés, há provas suficientes de que o negócio foi realizado 
por H.P., o qual presidiu Assembleia condominial (fls. 633/635), assim como 
de adquiriu materiais para reforma e decoração do imóvel (fls. 628/632,639 e 
642), atos deliberados de proprietário.
A par disso, há venda documentada de bem pertencente ao casal 
no mesmo ano da compra (fls. 625/626vº).
 É fato que após a sentença o apelante/varão trouxe aos autos 
“Instrumento Particular de Doação”, alegando não ter tido acesso ao 
documento que estava no imóvel que permaneceu em poder da parte 
contrária, no qual figura como doador da quantia de R$ 460.000,00 à sua 
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genitora, e a autora como interveniente anuente (fls. 2.441/2.442), acostando, 
ainda, comprovante de recolhimento do ITCMD datado de 04/08/2008, 
correspondente a 4% do valor da doação (fls. 2.445), bem como declaração 
da mãe à Receita Federal do ano de 2.008, onde se fez acostar a doação e 
aquisição do bem (fls. 2.446), tudo buscando comprovar o anteriormente 
alegado, de que a Sra. Francisca utilizou-se da doação para aquisição do bem.
 Outrossim, o documento apresentado após a prolação de 
sentença, sem observância do contraditório, foi impugnado pela parte 
contrária e não pode ser aceito.
 De toda sorte, a prova produzida nos autos demonstra à 
saciedade que, embora a titularidade registral se encontre em nome da mãe do 
apelante/autor, foi o casal quem adquiriu a casa de veraneio. O valor 
destinado à compra (seja para realização do negócio jurídico ou doação) saiu 
da esfera patrimonial do casal e deve recompor o capital para fins de partilha.
 Nesse toar, o valor utilizado na aquisição do bem se comunica.
Atente-se que não houve nulidade da doação. O imóvel continua 
registrado em nome de terceira pessoa. Em sendo assim, é o valor utilizado 
para compra deve recompor o montante a ser partilhado.
Permanecendo o imóvel registrado em nome de terceira pessoa, 
caberá à varoa o pagamento da indenização de 50% do valor do utilizado na 
compra do bem (R$ 500.000,00), assim como gastos com decoração, estes a 
ser apurado em liquidação.
1. Empresa:
Empresa Royal Grease Produtos Químicos e Lubrificantes Ltda. 
Contrariam-se as versões sobre a aquisição. De um lado a autora alega ter 
havido transação comercial com o devido pagamento para aquisição das 
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cotas; de outro, o varão sustenta que o negócio entabulado com o pai tratou-
se de mera antecipação de legítima, uma vez que os valores acordados para 
pagamento jamais foram repassados ao pai.
Da análise do processado infere-se que: a empresa foi constituída 
em 13/04/1982 pelo Sr. Humberto Pó, pai do varão, com terceiras pessoas se 
revezando na sociedade. Em 09/06/2005 (portanto, na constância do 
matrimônio) houve alteração com a retirada de terceiro, permanecendo como 
sócio remanescente o Sr. Humberto e admitido o apelante/réu H.P. Dias após, 
retirou-se o sócio Sr. Humberto e foi admitida como sócia a mãe Sra. 
Francisca Gabriche, com redistribuição das cotas na proporção de 88% para 
H.P. e de 12% para a genitora, participação esta nunca antes questionada, até 
porque a empresa sempre teve tratamento de negócio familiar, fato inconteste 
(fls. 281).
Posterior alteração societária com transferências de grande parte 
das cotas para a genitora foi desconstituída judicialmente. Destarte, 
permaneceram como sócio cotistas o Sr. H.P., com 88% das cotas sociais, 
e sua genitora, com 12%.
Inegável que a empresa sempre esteve em mãos familiares. Desta 
feita, não há como admitir que a participação da Sra. Francisca Gabriche foi 
meramente participativa como se fez constar na r. sentença, merecendo 
reparo nesse ponto para observar e respeitar-se a participação societária da 
Sra. Francisca (12%).
Questão tormentosa se tornou a verificação a que título se deu o 
ingresso do varão H.P. na empresa, se onerosamente, ou como antecipação de 
legítima, para fins de resguardar meação.
Parte-se, pois, à detida análise do documento nomeado como 
“Contrato Particular de Cessão e Constituição de Direitos” (fls. 466/467). 
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Deste, extrai-se as seguintes conclusões: 1) A nua propriedade do Prédio 
onde foi instalada a firma foi doado ao Sr. H.P. pelo pai, que ficou com o 
usufruto, assim como outros imóveis rurais situados no Estado do Mato 
Grosso do Sul; 2) H.P. assumiu o compromisso de outorgar escritura de 
venda e compra dos imóveis rurais e, em troca, o genitor renunciou ao 
usufruto vitalício, de forma que passou sua participação na integralidade para 
o filho, assim como obrigou-se a alteração do contrato social, entregando a 
“posse” da empresa ao filho e sua genitora. Para tanto, o filho H.P. este 
assumiu o pagamento de 24 parcelas de R$ 20.000,00. 
 Pois bem, logrou a autora comprovar parte dos pagamentos de 
R$ 20.000,00 acertados (fls. 1.015/1.016), bem como existência de litígio 
entre pai e filho para cobrança de diferença não paga em decorrência do 
negócio (fls. 611).
É possível inferir, ainda, nas declarações de Imposto de Renda 
prestadas por H. à Receita Federal relativas ao ano de 2006, que as Fazendas 
declaradas até o ano anterior (fls. 687/688), não mais constam em seu poder; 
porém, houve acréscimo das cotas sociais da empresa Royal Grease, 
declaradas como “adquiridas de Humberto Pó” (fls. 690 e 692). 
 O conjunto dos fatos consentâneos tornam inegável o caráter 
transacional do contrato, que passou a surtirseus efeitos, conforme alteração 
societária realizada, de forma que parte da empresa passou a integralizar o 
capital do casal, sendo, portanto, passível de partilha.
Realizada a perícia técnica (fls. 2.159/2.198), não impugnada, a 
totalidade das cotas sociais da empresa foi avaliada em R$ 105.369,31, já 
consideradas as instalações, móveis e equipamentos, saldos bancários, ativo 
circulante e ativo imobilizado, passível circulante e exigível a longo tempo, 
na forma apurada pelo perito avaliador no Balanço Especial (fls. 2.176, 2.178 
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e 2.180). Esse é o valor atual a ser distribuído aos sócios, a ser partilhado em 
razão do divórcio, na proporção de 50% da parte destinada a H., e não o 
montante pago como pretende a varoa. Pontue-se que o investimento 
empresarial implica na assunção de riscos inerentes ao mercado de atuação, 
podendo ser multiplicado ou reduzido. O valor das cotas apuradas levou em 
consideração o resultante da atividade desenvolvida, em exímia perícia que 
não foi impugnada, e, portanto, merece prevalecer. 
Aqui cabe um reparo à r. sentença. Embora se alegue que a 
participação da mãe do varão é apenas participativa, ela consta como sócia e 
aufere, ainda que indiretamente (provado que restou que é o filho quem 
administra suas cotas e bens, como também provê suas necessidades), 
proventos da empresa. Há comprovação de sua participação societária nos 
autos em empresa da família desde 2004 (fls. 142/143), e na Royal Grease 
desde 15/06/2005 (fls. 281) provavelmente pelo intuito familiar de não deixa-
la desamparada. Portanto, sua participação societária de 12% (desconsiderada 
a alteração de 01/04/2009) não deve ser tida apenas como figurativa, mas é 
de ser respeitada.
Assim, comunicáveis para efeito de partilha 88% das cotas da 
empresa, caberá à varoa o equivalente a 44% do valor apurado para 
31/05/2.009 (R$ 105.369,31), devidamente corrigido, incidentes juros de 
mora de 1% a contar da sentença.
1. Diversos:
A) Contas bancárias: necessidade de partilhar patrimônio passivo 
levantado no valor de R$ 1.775,84, também atualizado desde 01 de abril de 
2009. Em que pese a irresignação da autora, da mesma forma que se 
comunicam os ativos, respondem os ex-cônjuges na mesma proporção pelos 
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passivos.
B) Transferência de valores da conta da empresa à genitora do 
requerido:
Também essa questão restou bem abordada pela sentença. O 
valor saiu do caixa da empresa não contabilizado como distribuição de lucros 
aos sócios. Portanto, o desvio deve ser recomposto para integralizar as contas 
da empresa. Mas, para fins de não interferir na contabilidade já realizada, 
determina-se pagamento da parte cabente à varoa, devidamente atualizado 
desde a transferência (30/05/2.008), aqui também com a ressalva de ser 
considerada a participação societária da genitora do varão, ou seja, caberá 
pagamento à autora do equivalente a 44% do valor apurado. 
1. Veículos:
 A) Veículo Land Rover Discovery V6, ano 2007, placas DUL 
3031: Consta que teria sido transferido do varão H.P. para sua mãe. A qual 
teria alienado fiduciariamente o veículo. Não se provou o intuito da 
transferência nem a lisura do procedimento. O cadastro do veículo informa 
constar como proprietário anterior o Sr. H.P. (fls. 502), assim como declarado 
ao Fisco às fls. 692 sua aquisição mediante financiamento durante a 
constância da união. Logo, irregular a transferência, denotando nitidamente 
que foi realizada com intenção de excluir o patrimônio da partilha. 
Bem por isso, adequada a verificação de valores do veículo pela 
tabela Fipe à data da separação, para a apuração da meação.
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 B) VW Jetta, 2008, placas DUL 5719: O documento acostado às 
fls. 202 consistente em comprovante de pagamento ao anterior proprietário 
do veículo (fls. 201), realizado pelo varão H.P. O financiamento da quantia 
restante em nome da empresa, só exterioriza mais uma vez a confusão entre o 
patrimônio do casal e da pessoa jurídica, já reconhecido no julgamento do 
Agravo de Instrumento nº 994.09.322418-0 (672.303-4/4-00):
“Verifica-se dos elementos carreados aos autos que existem indícios 
veementes no sentido de que ele tem se valido dos recursos da empresa 
para fazer frente ao sustento da família, saldar dívidas e despesas pessoais. 
(...) A exemplificar temos o fato de que o veículo VW Jetta, de uso pessoal 
do casal, foi adquirido através de contrato de arrendamento pela empresa 
Royal Grease, que vem adimplindo o pagamento das parcelas. Consta que 
referido veículo foi cedido para uso temporário da agravada e, em outra 
oportunidade, houve manifestação do agravante sobre intenção de aliená-lo 
para quitar débito alimentar”.
Noutro ângulo, restou inconteste que o veículo era utilizado pela 
varoa. E, no mais, não foi arrolado como pertença da empresa na perícia.
Em sendo assim, não há como afastar a alegação de que foi 
adquirido pelo casal na constância do casamento, e de que deve ser partilhado 
na proporção de 50% do valor do mercado atualizado até a data da retomada 
do veículo. Da mesma forma, correta a dedução dos valores despendidos com 
os pagamentos de inúmeras multas, licenciamentos em atraso e outras 
despesas devido o mau uso do veículo referente ao período de 11/05/2009 até 
a apreensão do veículo (31/05/2012), bem como, dedução das despesas com a 
liberação do veículo, tudo atualizado pela Tabela Prática do Tribunal.
1. Bens pessoais arrolados na ação de depósito:
Discorre a autora sobre diversos bens de uso pessoal que teriam 
permanecido na posse da parte adversa e não foram devolvidos, nem 
encontrados por ocasião da busca e apreensão, razão da postulação do valor 
de R$ 450.000,00. Outrossim, a existência de todos os bens elencados, bem 
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como a posse pelo varão, restou controversa. Na versão do marido, ela 
própria teria retirado seus pertences. Não há prova da existência de todos 
eles, ao que parece, adquiridos ao longo da vida em comum e podem ter 
sofrido o desgaste do consumo, como os alegados 164 perfumes importados, 
dos quais 11 lhe foram recuperados por ocasião da busca e apreensão; ou 
cosméticos importados em grande quantidade ainda embalados. 
Não há como se admitir o valor atribuído como real, mesmo 
porque se tratavam de peças usadas, litros de shampoo hipervalorizados. As 
notas datam de longos períodos, época bastantes esparsas; e os valores 
constante nem sempre condizem com aqueles pleiteados. Etiquetas e 
embalagem acumuladas não comprovam existência de roupas e acessórios. 
Aliás, causa estranheza, à medida que não é do senso comum 
acumular etiquetas e guardá-las longe dos pertences. 
Para quem disse ter perdido o acesso a todos os pertences, como 
explicar a posse de tantas “etiquetas” e embalagens? 
Destarte, reconhecida como devida a indenização de bens 
particulares que teriam sido detidos pelo ex-cônjuge, a estimativa da sentença 
se revela condizente e razoável, mantida a devolução de R$ 12.000,00, 
atualizado pela tabela prática do Tribunal de Justiça a partir da data da 
sentença.
Nestes termos deve proceder-se à partilha. As demais ilações 
trazidas nos apelos não se revestem de força probante suficiente a alterar o 
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julgado nos demais pontos.
Bem delineada a sucumbência, a reforma parcial da r. sentença 
restringe-se apenas a resguardar aparticipação societária da mãe do varão, 
incidindo a meação sobre 88% das cotas sociais da empresa Royal Grease e 
ao valor transferido indevidamente que deverá recompor o capital da 
empresa; bem como limitar a indenização do imóvel de Maresias pelo valor 
despendido, devidamente atualizado.
Portanto, ante ao exposto, pelo meu voto dá-se parcial 
provimento ao recurso de apelação do varão, para as finalidades acima 
detalhadas; negando-se provimento ao apelo da varoa.
JOSÉ PERCIVAL ALBANO NOGUEIRA JÚNIOR
 Relator
 (assinatura eletrônica)
		2018-12-13T17:38:58+0000
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