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Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore

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1 
 
 
Relatório Técnico 
 
Projeto 79.09.137 
 
Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus Impactos na Saúde 
dos Trabalhadores 
 
 
 
 
 
 
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do 
Trabalho - FUNDACENTRO - Centro Estadual do Espírito Santo 
 
 
Vitória / ES 
Maio/2015 
 
 
 
 
2 
 
 
Maria Amélia Gomes de Souza Reis 
Presidente 
 
 
 
Renato Ludwig de Souza 
Diretor Executivo Substituto 
 
 
 
Robson Spinelli Gomes 
Diretor Técnico 
 
 
Maria Ângela Pizzani Cruz 
Chefe do Centro Estadual do Espírito Santo 
 
 
Antônio Carlos Garcia Júnior 
Chefe Técnico do Centro Estadual do Espírito Santo 
 
 
José Geraldo Aguiar 
Coordenador
3 
 
Projeto 79.09.137 
 
Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus 
Impactos na Saúde dos Trabalhadores 
 
 
Equipe Técnica Responsável pela Elaboração do Relatório: 
José Geraldo Aguiar (Coordenador) Centro Estadual do Espírito Santo (CEES) 
Elizabete Medina Coeli Mendonça Serviço de Ergonomia (SEr/CTN) 
Gilcemar Antonio Pereira Endlich Centro Estadual do Espírito Santo (CEES) 
Alcinéa Meigikos dos Anjos Santos Serviço de Agentes Químicos (SQi/CTN) 
 
 
FUNDACENTRO - Centro Estadual do Espírito Santo 
 
Vitória / ES 
Maio/2015 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto 79.09.137 - Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus Impactos na Saúde dos 
Trabalhadores 
 
 Programa Nacional de Eliminação da Silicose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de calcário. Sua produção anual 
é de mais de cem milhões de toneladas (calcário bruto e beneficiado), apresentando um 
crescimento de aproximadamente vinte por cento nos últimos cinco anos. 
O calcário apresenta uma grande variedade de usos, desde matéria prima para a 
fabricação de cal e cimento, como corretivo de solos ácidos, como carga em processos 
industriais, como ingrediente na indústria de papel, de plásticos, de borracha, de tintas, 
na indústria química, siderúrgica, de vidro, refratários e outras (SAMPAIO e 
ALMEIDA, 2008). 
O Estado do Espírito Santo é o maior exportador de rochas ornamentais do país, 
responsável pela exportação de 1,4 milhões de toneladas por ano de rocha (mármore e 
granito), correspondendo a aproximadamente 64% da exportação brasileira 
(CENTROROCHAS 2011). O Município de Cachoeiro de Itapemirim, principal centro 
econômico do sul do Espírito Santo, está situado a 139 quilômetros da capital do 
Espírito Santo, Vitória. É o segundo polo mais importante do Estado, depois da região 
metropolitana de Vitória. Neste contexto, Cachoeiro de Itapemirim é hoje um centro de 
extrativismo e beneficiamento mineral (mármores, granitos e moagem de calcário), 
sendo reconhecida como um centro internacional de rochas ornamentais. 
O setor de mármore abrange as seguintes atividades: trabalho de extração de 
blocos, realizado nas pedreiras; transformação dos blocos em chapas de mármore, nas 
serrarias; beneficiamento para a fabricação de produtos utilizados na construção civil, 
nas marmorarias e, finalmente, produção de calcário nas moageiras, a partir de pedras 
extraídas ou refugadas da extração de mármore. 
O número de empresas no setor de mineração de mármore e granito no Estado 
do Espírito Santo chega a um total de 2.787, a maioria delas pequenas e médias, 
classificadas como depósitos, marmorarias, moagens, pedreiras, serrarias ou 
serrarias/marmorarias, com uma mão de obra empregada de 14.110 trabalhadores 
filiados ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Mármore, Granito e Calcário do 
ES (SINDIMARMORE 2010). Dessas empresas, aproximadamente 1.200 estão 
localizadas no município de Cachoeiro de Itapemirim. A produção de calcário no Brasil, 
6 
 
no ano de 2009, foi em torno de 21 milhões de toneladas. O Estado do Espírito Santo 
produziu 317 mil toneladas de calcário (MAPA 2010), o que contribuiu para a produção 
de cerca de dois milhões de toneladas de produtos derivados da moagem de calcário por 
ano e para a geração de cerca de 5.600 empregos, sendo 1.100 diretos e 4.500 indiretos 
(SEDES-ES 2011). 
O projeto “Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus Impactos na Saúde dos 
Trabalhadores” contou com a parceria do Ministério Público do Trabalho de Cachoeiro 
de Itapemirim e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST Regional 
de Cachoeiro de Itapemirim. 
Com o estudo, acrescido da experiência acumulada pela FUNDACENTRO nas 
pesquisas em ramos de atividades correlatos, espera-se colaborar para a melhoria das 
condições de trabalho nesse processo produtivo. 
 
7 
 
RESUMO 
Trata-se de estudo realizado pela FUNDACENTRO para caracterizar o processo 
de moagem de pedras de mármore nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo 
e Vargem Alta (ES) e avaliar os efeitos respiratórios da exposição a poeiras geradas nos 
processos de moagem de rochas calcárias. Inicialmente, foram realizados levantamentos 
para localização e cadastro das empresas, obtenção das listagens de funcionários e 
amostragem dos trabalhadores das empresas cadastradas. Os indivíduos selecionados 
foram avaliados através da aplicação de questionário de sintomas respiratórios 
(incluindo histórico ocupacional), espirometria e radiografia de tórax. Foram avaliados 
238 trabalhadores de vinte empresas, com média de idade de 35 anos (dp: 10,24), média 
de 8,47 anos (dp:7,03) de exposição a poeiras na moagem de calcário e média de 17 
anos (dp:11,43) de exposição ocupacional a poeiras minerais. Os resultados mostraram 
que o sintoma respiratório mais prevalente foi o chiado (12,18%), seguido da dispneia 
(6,72%). A prevalência de bronquite crônica foi 6,03%. A espirometria revelou 
distúrbio ventilatório em 29,67% dos avaliados, sendo o distúrbio obstrutivo o mais 
frequente (20,59%). Dois casos de pneumoconiose foram diagnosticados entre os 221 
trabalhadores submetidos à radiografia de tórax (0,9%). A avaliação qualitativa dos 
ambientes de trabalho, nas empresas cadastradas, foi realizada através de visitas 
técnicas com aplicação de questionário checklist, elaborado pelos pesquisadores. Os 
resultados mostraram, em mais de 60% das empresas, controle de poeira inexistente ou 
ruim nos setores de produção. Embora 53% das empresas fornecessem máscaras PFF2 
ou PFF3 para os trabalhadores, em geral não havia medidas coletivas de controle de 
poeira, tais como ventilação local exaustora, enclausuramento de correias 
transportadoras e peneiras, filtros manga com jato pulsante, umidificação de processos e 
outras. Durante os trabalhos de campo, a equipe técnica localizou uma empresa de 
moagem de quartzo. A análise da poeira produzida revelou presença de sílica livre 
cristalizada numa concentração de 98%. Um caso de silicose subaguda foi 
diagnosticado entre os oito trabalhadores dessa empresa (12%). O achado alertou para a 
existência, na região, da atividade de moagem de sílica, que está relacionada a alto risco 
de desenvolver silicose ou outras doenças relacionadas à exposição à sílica. Esse estudo 
permitiu o mapeamento da operação de moagem de calcário no sul do Estado do 
Espírito Santo, contribuindo para a implementação de medidas de controle da exposição 
8 
 
a poeiras e outros agentes ambientais e para melhoria das condições de trabalho nessas 
indústrias. 
 
PALAVRAS-CHAVE: indústria da moagem, exposição ao calcário, doenças 
ocupacionais pulmonares, pneumoconiose, exposição à sílica, quartzo, silicose. 
9 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
MPT-CI Ministério Público do Trabalho de Cachoeiro de Itapemirim 
CEREST-CI Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - Regionalde Cachoeiro de Itapemirim. 
MME Ministério das Minas e Energia 
CETEM Centro de Tecnologia Mineral 
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral 
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
SINDIMARMORE Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Mármore, 
Granito e Calcário do Estado do Espírito Santo 
TAC Termo de Ajuste de Conduta 
FUNDACENTRO/CEES FUNDACENTRO – Centro Estadual do Espírito Santo 
SRTE Superintendência Regional do Trabalho e Emprego 
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina 
do Trabalho 
NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health 
ACGIH American Conference of Governmental Industrial 
Hygienists 
TLV Threshold Limit Value (limite de tolerância para exposição) 
NAP Nota de Alterações Pretendidas 
BEI Índices Biológicos de Exposição 
ABHO Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais 
PNOS Particles Not Otherwise Specified. - Partículas (insolúveis 
ou de baixa solubilidade) não Especificadas de Outra 
Maneira 
10 
 
WHO World Health Organization 
NHO Norma de Higiene Ocupacional 
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
SINDIROCHAS Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais, Cal e 
Calcário do Estado do Espírito Santo. 
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
11 
 
TABELAS 
Tabela 1 - Total de funcionários por número de empresas. ........................................... 39 
Tabela 2 - Número de funcionários registrados nas empresas estudadas, por setor e 
sexo. ................................................................................................................................ 40 
Tabela 3 - Número de funcionários administrativos por número de empresas. ............ 40 
Tabela 4 - Número de funcionários da produção por número de empresas. ................. 41 
Tabela 5 – Presença de itens de higiene nas empresas avaliadas. ................................. 42 
Tabela 6 - Controle de poeira nos ambientes de higiene por nº de empresas. ............... 43 
Tabela 7 - Saúde e Segurança no Trabalho por número de empresas. .......................... 46 
Tabela 8 - Tipos de avaliações de riscos ambientais aplicadas por nº de empresas. ..... 47 
Tabela 9 - Profissionais de SESMT por nº de empresas. .............................................. 47 
Tabela 10 - Equipamentos de Proteção Individual fornecidos por nº de empresas. ...... 48 
Tabela 11 - Máscaras utilizadas por tipo de filtro e nº de empresas*. ........................... 49 
Tabela 12 - Número de Acidentes de trabalho com afastamento, sem afastamento e 
fatais por número de empresas. ...................................................................................... 50 
Tabela 13- Produção em toneladas no ano de 2010 por nº de empresas e representação 
em percentual. ................................................................................................................. 51 
Tabela 14 - Características dos almoxarifados por nº de empresas*. ............................ 53 
Tabela 15- Controle de poeira nos almoxarifados por nº de empresas*. ....................... 53 
Tabela 16 - Condições de trabalho nos laboratórios químicos por itens avaliados e nº de 
empresas*. ...................................................................................................................... 55 
Tabela 17- Controle de poeira nos laboratórios químicos por nº de empresas*. ........... 56 
Tabela 18 - Intensidade do ruído nos laboratórios químicos por nº de empresas*. ....... 56 
Tabela 19 - Condições de trabalho nos laboratórios físicos por itens avaliados e nº de 
empresas*. ...................................................................................................................... 57 
Tabela 20 - Controle de poeira nos laboratórios físicos por nº de empresas*. .............. 58 
12 
 
Tabela 21- Intensidade do ruído nos laboratórios físicos por nº de empresas*. ............ 59 
Tabela 22 - Controle de poeira nos pátios de pedras por nº de empresas. ..................... 60 
Tabela 23 - Intensidade do ruído nos pátios de pedras por nº de empresas. .................. 61 
Tabela 24 - Condições de trabalho e segurança nos pátios de pedras por nº de empresas.
 ........................................................................................................................................ 61 
Tabela 25- Modelos e quantidade de britadores por nº de empresas*. .......................... 62 
Tabela 26 - Condições de trabalho e segurança nos britadores, por nº de empresas.* .. 63 
Tabela 27 - Controle de poeira nos britadores por nº de empresas*. ............................ 64 
Tabela 28 - Intensidade do ruído nos britadores por nº de empresas*. ......................... 65 
Tabela 29 - Quantidade de peneiras por nº de empresas*. ............................................ 65 
Tabela 30 - Condições de trabalho e segurança nas peneiras por nº de empresas*. ...... 66 
Tabela 31 - Controle de poeira nas peneiras por nº de empresas*. ............................... 67 
Tabela 32 - Intensidade do ruído nas peneiras por nº de empresas*. ............................ 67 
Tabela 33 - Modelos e quantidades de moinhos por nº de empresas. ........................... 68 
Tabela 34 - Condições de trabalho e segurança nos moinhos por nº de empresas. ....... 68 
Tabela 35- Controle de poeira nos moinhos por nº de empresas. .................................. 69 
Tabela 36 - Intensidade do ruído nos moinhos por nº de empresas. .............................. 69 
Tabela 37 - Condições de trabalhado e segurança nos silos por nº de empresas*. ........ 71 
Tabela 38 - Controle de poeira nos silos por nº de empresas*. ..................................... 72 
Tabela 39 - Intensidade do ruído nos silos por nº de empresas*. .................................. 73 
Tabela 40 - Quantidade total de ensacadeiras por nº de empresas*. ............................. 74 
Tabela 41 - Condições de trabalhado e segurança nas ensacadeiras por nº de empresas*.
 ........................................................................................................................................ 74 
Tabela 42 - Controle de poeira nas ensacadeiras por nº de empresas*.......................... 76 
Tabela 43 - Intensidade do ruído nas ensacadeiras por nº de empresas*. ..................... 76 
13 
 
Tabela 44 - Condições de trabalhado e segurança nas correias transportadoras por nº de 
empresas. ........................................................................................................................ 77 
Tabela 45 - Controle de poeira nas correias transportadoras por nº de empresas. ........ 77 
Tabela 46 - Intensidade do ruído nas correias transportadoras por nº de empresas. ..... 78 
Tabela 47- Condições de trabalhado e segurança nas oficinas por nº de empresas*..... 81 
Tabela 48 - Tipos de piso nas oficinas por nº de empresas*. ........................................ 82 
Tabela 49 - Controle de poeira nas oficinas por nº de empresas. .................................. 82 
Tabela 50 - Intensidade do ruído nas oficinas por nº de empresas*. ............................. 82 
Tabela 51- Condições de trabalhado e segurança no setor de expedição por nº de 
empresas. ........................................................................................................................ 83 
Tabela 52 - Tipos de piso no setor de expedição por nº de empresas. .......................... 84 
Tabela 53 - Equipamentos e processos utilizados para carregamento e descarregamento 
de produtos por nº de empresas. ..................................................................................... 85 
Tabela 54 - Controle de poeira no setor de expedição por nº de empresas. .................. 85 
Tabela 55 - Intensidade do ruído no setor de expedição por nº de empresas. ............... 86 
Tabela 56 - Característicasdas empresas estudadas. ..................................................... 97 
Tabela 57 - Distribuição por função/atividade dos trabalhadores avaliados nas empresas 
de moagem de calcário e de quartzo. .............................................................................. 98 
Tabela 58 - Características dos trabalhadores avaliados, por tipo de matéria prima 
utilizada na indústria. ...................................................................................................... 99 
Tabela 59 - Prevalência de sintomas respiratórios nos trabalhadores avaliados, por tipo 
de matéria prima utilizada na indústria......................................................................... 100 
Tabela 60 - Resultado da espirometria nos trabalhadores avaliados, por tipo de matéria 
prima utilizada na indústria. ......................................................................................... 100 
Tabela 61 - Resultado da leitura da radiografia de tórax nos trabalhadores avaliados, 
por tipo de matéria prima utilizada na indústria. .......................................................... 101 
Tabela 62 - Prevalência de pneumoconiose em diferentes grupos ocupacionais 
brasileiros (estudos transversais)...................................................................................101 
14 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
GRÁFICOS 
 
Gráfico nº 1 - Controle de poeira nos diferentes setores por percentual de empresas. . 88 
Gráfico n° 2 - Controle de poeira nos diferentes setores das empresas com 
certificação........................................................................................................89 
Gráfico nº 3 - Controle de poeira nos diferentes setores das empresas sem 
certificação.....................................................................................................................90 
Gráfico nº4 - Intensidade do ruído nos diferentes setores por percentual de empresas. 91 
Gráfico nº5 - Histograma do índice de exposição a poeiras em trabalhadores na 
moagem de rochas (calcário ou quartzo) sem (acima) e com (abaixo) pequenas 
opacidades à radiografia de tórax (n=228). .................................................................. 102 
15 
 
FIGURAS 
Figura 1- Caracterização geológica e geoquímica das intrusões de rochas metamáficas e 
félsicas nos mármores do Sul do Estado do Espírito Santo. ........................................... 26 
Figura 2 - Representação esquemática do trato respiratório humano (retirado de 
LIPPMANN M, 1989). ................................................................................................... 29 
Figura 3 – Mapa de localização das 36 empresas pesquisadas. ..................................... 38 
Figura 4 – Banheiros. ..................................................................................................... 43 
Figura 5 – Vestiários. ..................................................................................................... 44 
Figura 6 - Refeitório ....................................................................................................... 44 
Figura 7 – Sanitários. ...................................................................................................... 45 
Figura 8 - Almoxarifado ................................................................................................. 52 
Figura 9 – Laboratório químico ...................................................................................... 54 
Figura 10 – Laboratório físico. ....................................................................................... 58 
Figura 11 - Pátio de pedras ............................................................................................. 60 
Figura 12 - Britador de mandíbulas ................................................................................ 64 
Figura 13 - Peneiras ........................................................................................................ 66 
Figura 14 - Moinho ......................................................................................................... 70 
Figura 15 - Silos ............................................................................................................. 72 
Figura 16 – Ensacadeira. ................................................................................................ 75 
Figura 17 - Correias transportadoras .............................................................................. 78 
Figura 18 - Oficina ......................................................................................................... 80 
Figura 19 - Expedição..................................................................................................... 84 
Figura 20- Jazida de quartzo. .......................................................................................... 93 
Figura 21- Empresa de moagem de quartzo. .................................................................. 93 
Figura 22 - Silicose subaguda em trabalhador da moagem de quartzo. Evolução 
radiológica de abril de 2008 (acima, à esquerda) a junho de 2011 (acima, à direita), com 
file://srvfs/Tecnico/CST/Z_DPROF/moageiras/moageiras%2011%2002%202015.docm%23_Toc416187266
file://srvfs/Tecnico/CST/Z_DPROF/moageiras/moageiras%2011%2002%202015.docm%23_Toc416187266
file://srvfs/Tecnico/CST/Z_DPROF/moageiras/moageiras%2011%2002%202015.docm%23_Toc416187286
file://srvfs/Tecnico/CST/Z_DPROF/moageiras/moageiras%2011%2002%202015.docm%23_Toc416187286
16 
 
aumento das grandes opacidades. Abaixo, tomografia computadorizada de tórax de abril 
de 2007. ........................................................................................................................ 103 
 
 
17 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................20 
2. OBJETIVOS.............................................................................................................23 
2.1. Objetivo geral.....................................................................................................23 
2.2. Objetivos específicos..........................................................................................23 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................24 
3.1. Efeitos à saúde causados pelo carbonato de cálcio...........................................26 
3.2. Alterações do limite de exposição ocupacional para o carbonato de cálcio......27 
3.3. A sobrecarga pulmonar: o porquê do limite PNOS...........................................28 
3.4. Avaliação ambiental da poeira de carbonato de cálcio......................................30 
4. HISTÓRICO DO PROJETO....................................................................................31 
5. DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO.......................................................34 
6. METODOLOGIA......................................................................................................35 
6.1. Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho..................................................35 
6.2. Avaliação respiratória dos trabalhadores............................................................36 
7. RESULTADOS.........................................................................................................38 
7.1. Avaliação do ambiente de trabalho....................................................................38 
7.1.1. Localização das empresas........................................................................38 
7.1.2. Vias de acesso..........................................................................................39 
7.1.3. Funcionários.............................................................................................39 
7.1.4. Horário de trabalho..................................................................................417.1.5. Higiene.....................................................................................................42 
7.1.6. Saúde e segurança no trabalho.................................................................46 
7.1.7. Equipamentos de proteção individual......................................................48 
7.1.8. Acidentes de trabalho...............................................................................50 
7.1.9. Produção...................................................................................................51 
7.1.10. Almoxarifado..........................................................................................52 
7.1.11. Laboratório químico.................................................................................54 
7.1.12. Laboratório físico.....................................................................................57 
7.1.13. Pátio de pedras.........................................................................................59 
7.1.14. Britadores.................................................................................................62 
18 
 
7.1.15. Peneiramento............................................................................................65 
7.1.16. Moinhos...................................................................................................67 
7.1.17. Silos..........................................................................................................71 
7.1.18. Ensacadeiras............................................................................................73 
7.1.19. Correias transportadoras..........................................................................76 
7.1.20. Oficinas....................................................................................................97 
7.1.21. Expedição.................................................................................................83 
7.1.22. Balança.....................................................................................................86 
7.1.23. Resultado comparativo entre os diferentes setores..................................87 
7.1.24. Empresa de moagem de quartzo..............................................................92 
7.2. Avaliação dos trabalhadores...............................................................................94 
8. DISCUSSÃO...........................................................................................................104 
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...............................................................107 
9.1. Ambiente de trabalho.......................................................................................107 
9.2. Saúde ocupacional............................................................................................109 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................111 
 
 
 
19 
 
 
ANEXOS 
 
 
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO............118 
ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE SINTOMAS RESPIRATÓRIOS, INCLUINDO 
HISTÓRICO OCUPACIONAL..................................................................................119 
ANEXO C - CHECKLIST DE MOAGEIRAS...........................................................128 
 
 
20 
 
1. INTRODUÇÃO 
No Brasil, as reservas (lavráveis) de calcário estão distribuídas por vários 
estados e estima-se que sejam superiores a dois bilhões de toneladas, garantindo 
cerca de 400 anos de produção no ritmo atual. Em 2010, o Brasil produziu em torno 
de 24 milhões de toneladas de calcário beneficiado (calcário agrícola), com 
contribuição de 37,9% da Região Centro-Oeste, 27,8% da Região Sudeste, 5,5% da 
Região Norte e 4,7% da Região Nordeste (MME 2011). 
Apesar de o Brasil ser considerado um produtor de grande porte e as 
tendências de mercado apontarem para um crescimento da produção, em geral há 
pouco investimento em modernização, em aumento de eficiência e em inovações 
tecnológicas (MME 2009). 
Quanto à demanda por mão de obra nas minas e nas usinas de 
beneficiamento de calcário, as projeções realizadas com base nos valores da 
produção até o ano de 2030 apontam para um substancial aumento dos quase 12.000 
empregados atuais para algo entre 22.000 a 33.000 trabalhadores, com pouco mais 
da metade deles ocupada nas minas. Grande parte dessa mão de obra é pouco 
qualificada. Nas minas, somente cerca de 10% da mão de obra possui nível superior 
e, nas usinas, apenas 5% (MME 2009). 
Embora não figure entre os principais produtores brasileiros de calcário, o 
Estado do Espírito Santo possui uma característica muito importante, que o 
diferencia dos demais estados produtores. Devido à grande quantidade de resíduos de 
rochas (granito e mármore) que o Estado gera no processo de extração, a possibilidade 
de aproveitamento desses materiais para empregos diversos torna a atividade de 
moagem especialmente importante (CETEM/MCT 2010). 
As maiores concentrações de jazidas brasileiras de mármore estão no Estado 
do Espírito Santo. Sua reserva de mármore possui vinte quilômetros de extensão 
por oito quilômetros de largura, localizada entre os Municípios de Cachoeiro de 
Itapemirim, Vargem Alta e Castelo. 
A região de Cachoeiro de Itapemirim é reconhecida como um dos principais 
produtores de mármores ornamentais do Brasil, contribuindo com uma produção 
bruta de quase 45.000 toneladas em 2010 (DNPM. 2010). A atividade extrativa do 
21 
 
mármore encontra-se instalada há várias décadas, alimentando também a indústria 
moageira e do cimento com os rejeitos grossos, provenientes da obtenção do bloco. 
O mármore é uma rocha metamórfica originada de calcário, exposto a alta 
temperatura e pressão. Por esse motivo, as maiores jazidas de mármore se 
encontram em regiões de rocha matriz calcária e atividade vulcânica em seu período 
de formação geológica, característica dessa parte do Estado do Espírito Santo. 
Em muitas pedreiras da região, o mármore é muito puro, com composição 
dolomítica e/ou calcítica. O mármore calcítico é menos utilizado como rocha 
ornamental, devido à sua menor dureza e menor resistência ao ataque por 
substâncias químicas. Além disso, as porções impuras, de coloração mais escura, 
que contém minerais silicatados, prejudicam o aproveitamento como rocha 
ornamental e são descartadas como rejeito. As pedras refugadas da extração vão 
para a produção de pó de calcário nas moageiras (EVANGELISTA, 2000). 
O Estado do Espírito Santo produziu 317 mil toneladas de calcário no ano de 
2010 (MAPA 2010), contribuindo para a produção anual de cerca de dois milhões 
de toneladas de produtos derivados da moagem desse material e para a geração de 
cerca de 5.600 empregos, sendo 1.100 diretos e 4.500 indiretos (SEDES-ES 2011). 
Em Cachoeiro de Itapemirim e municípios vizinhos, a moagem de calcário é 
feita em empresas de grande, médio e pequeno porte. Na maioria destas, é visível a 
grande quantidade de poeira em suspensão nos ambientes de trabalho e liberada no 
meio ambiente, atingindo o entorno das fábricas. O Sindicato dos Trabalhadores na 
Indústria de Mármore, Granito e Calcário do Estado do Espírito Santo 
(SINDIMARMORE), em Cachoeiro de Itapemirim, vem alertando para a alta 
exposição à poeira nestes ambientes de trabalho, temendo os possíveis efeitos sobre 
a saúde dos trabalhadores. Populações vizinhas às empresas reclamam da poeira 
que atinge suas moradias, suspeitando-se de que haveria um excesso de doenças 
respiratórias entre os moradores destas áreas. 
No ano de 2009, o Ministério Público do Trabalho de Cachoeiro de Itapemirim 
(MPT-CI) iniciou um trabalho de investigação nas empresas de moagem de calcário 
dessa região. As ações foram constituídas de quatro etapas: levantamento das empresas 
do setor, fiscalização dos ambientes de trabalho, intimação das empresas para assinatura 
22 
 
de Termo deAjuste de Conduta (TAC), fixando prazos para implantação das medidas 
de controle necessárias e, finalmente, em caso de descumprimento do TAC ou não 
comparecimento dos representantes das empresas notificadas ao MPT, adoção de 
medidas punitivas. 
Considerando esse panorama, a FUNDACENTRO vem estudando, desde 
2010, as condições de saúde, segurança e higiene ocupacional dos trabalhadores de 
moageiras do município de Cachoeiro de Itapemirim, por meio do projeto 
institucional SGPA
1
79.09.137: “Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de 
Mármore no Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus Impactos na 
Saúde dos Trabalhadores”. 
O projeto contou com ações conjuntas da FUNDACENTRO (Centro Estadual 
do Espírito Santo e Centro Técnico Nacional), Ministério Público do Trabalho (MPT-
CI), Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Cachoeiro de Itapemirim 
(CEREST-CI), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Vitória e 
o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Mármore, Granito e Calcário do 
Estado do Espírito Santo (SINDIMARMORE). 
O projeto “Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim-ES e Região e seus Impactos na Saúde dos 
Trabalhadores” foi delineado com o objetivo de responder às seguintes questões: 
 Quais os fatores presentes no processo industrial que estão contribuindo para a 
produção de poeira nessas empresas? 
 Quais os efeitos respiratórios da exposição à poeira nesses ambientes de 
trabalho? 
 O que pode ser feito para reduzir a exposição? 
Com o estudo, acrescido da experiência acumulada pela FUNDACENTRO 
nas pesquisas em ramos de atividades correlatos, espera-se colaborar para a 
melhoria das condições de trabalho nesse processo produtivo. 
 
 
1
 Sistema de Gestão de Projetos e Atividades - FUNDACENTRO 
23 
 
2. OBJETIVOS 
 2.1. Objetivo Geral 
 Caracterizar o processo de moagem de pedras de mármore no 
município de Cachoeiro de Itapemirim e região. 
 2.2. Objetivos Específicos 
 Estimar a frequência de sintomas respiratórios, alterações da função 
pulmonar, anormalidades radiológicas de tórax e doenças 
ocupacionais pulmonares em trabalhadores expostos a poeiras 
geradas na moagem de rochas calcárias, visando à prevenção do 
adoecimento desses trabalhadores. 
 Contribuir para a implantação e adequação de medidas de controle da 
exposição a poeiras e outros agentes ambientais em moageiras, 
visando à melhoria das condições de trabalho. 
24 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Entre as rochas carbonatadas sedimentares mais comercializadas em todo o 
mundo destacam-se os calcários e os dolomitos. O principal constituinte mineralógico 
do calcário é a calcita (carbonato de cálcio - CaCO3), podendo conter menores 
quantidades de carbonato de magnésio, sílica, argila e outros minerais, incluindo a 
tremolita. Os dolomitos são compostos principalmente por dolomita (CaCO3.MgCO3). 
Já os mármores são rochas metamórficas provenientes do calcário com graus variados 
de recristalização. A maior parte das rochas carbonáticas tem origem biológica, 
formando-se em ambientes marinhos pela deposição de conchas e esqueletos de outros 
organismos (MME 2009). 
O Espírito Santo dispõe de grandes jazidas de calcários cristalinos puros e de 
calcários magnesianos, que abastecem praticamente todo o território capixaba, além dos 
estados circunvizinhos. As reservas localizadas no sul do estado, que representam mais 
de 99% do total, ocorrem no prolongamento e na direção nordeste das jazidas do estado 
do Rio de Janeiro, aflorando, principalmente, nos municípios de Cachoeiro de 
Itapemirim, São José do Calçado, Mimoso do Sul e Castelo (DADALTO; FULLIN, 
2001). 
A moagem de pedras de calcário é uma atividade em expansão no sul do Estado 
do Espírito Santo. Por ser constituído principalmente de calcário, o mármore é 
totalmente aproveitado, ou seja, resíduos da extração do mármore como rocha 
ornamental são moídos para as aplicações comuns do calcário. Nas frentes de lavra 
(pedreiras de calcário a céu aberto) a rocha é extraída e depois destinada à moagem ou à 
produção de seixos rolados. 
Espalhadas na região de Itaoca, nas cercanias de Cachoeiro do Itapemirim, há 
muitas pedreiras de mármore, o qual é extraído como rocha ornamental ou para fins 
industriais (como na produção de fertilizantes, papel ou cimento). Estima-se em cerca 
de uma centena o número de pedreiras em atividade (EVANGELISTA e VIANA, 
2000). 
Devido à sua importância econômica, a literatura mostra que a região já foi 
bastante estudada, e também mapeada por meio de levantamentos geológicos (CETEM 
2008, DNPM 2010, EVANGELISTA, 2000; VIEIRA, 1997). Esses estudos, além de 
25 
 
contribuírem para o conhecimento geológico da região, também trazem informações 
sobre a presença de minerais que são motivo de preocupação em termos de exposição 
ocupacional, como, por exemplo, a sílica e o asbesto. 
O mármore do Estado do Espírito Santo está distribuído em uma área de 180.000 
hectares, abrangendo os municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Castelo 
(figura1). Em Cachoeiro de Itapemirim, está localizado um maciço rochoso que aflora 
continuamente com extensão de 20 x 8 km. O corpo carbonático do sul do Estado do 
Espírito Santo está inserido no conjunto de rochas denominado Complexo Paraíba do 
Sul, reconhecido pela presença de mármore e anfibolito, além de quartzito e 
calciossilicatos em menor proporção (ALMEIDA, 2012). 
Os dois tipos principais de mármore da região (calcítico e dolomítico) ocorrem 
como faixas espessas intercaladas entre si (figura1). Entre as bandas carbonáticas 
ocorrem níveis descontínuos de minerais silicáticos, que são constituídos por 
aglomerados de diopsídio ou tremolita ou pela associação desses dois minerais. Além 
disso, também são observados minerais asbestiformes como a tremolita fibrosa, a 
antofilita, a grunerita e a crocidolita (ALMEIDA, 2012). 
A impureza mais comum nas rochas carbonatadas é a argila. Argilominerais 
como a caulinita, a ilita, a clorita, a esmectita e outros tipos micaceos podem estar 
disseminados por toda a rocha ou concentrados em finos leitos em seu interior. A sílica 
pode ocorrer na forma de areia, fragmentos de quartzo ou em estado combinado, como 
feldspato, mica, talco e serpentinito (CETEM, 2008). Outras impurezas silicosas, que 
não argilominerais, comprometem o aproveitamento econômico do calcário. Assim, a 
sílica produz efeitos nocivos ao calcário. Basta lembrar que os calcários para fins 
metalúrgicos e químicos devem conter menos que 1% de alumina e 2% de sílica. 
 
 
26 
 
Figura 1- Caracterização geológica e geoquímica das intrusões de rochas metamáficas e 
félsicas nos mármores do Sul do Estado do Espírito Santo. 
 
3.1. Efeitos à saúde causados pelo carbonato de cálcio 
Os efeitos da exposição ocupacional a poeiras respiráveis contendo sílica são 
bem conhecidos: pneumoconiose (silicose), câncer de pulmão e doenças de vias aéreas, 
como bronquite ocupacional e limitação crônica ao fluxo aéreo (ATS, 1997). Por outro 
lado, na literatura, o número de publicações a respeito da exposição à poeira na moagem 
de calcário e seus efeitos respiratórios é pequeno. 
A exposição ao carbonato de cálcio pode ocorrer através da inalação e do 
contato com olhos e pele. A poeira é irritante para os olhos, o nariz, as membranas 
mucosas e a pele. O contato da poeira com os olhos causa vermelhidão, dor e 
inflamação das pálpebras, enquanto o contato com a pele causa irritação local de grau 
moderado (NIOSH, 2005). A exposição a grandes quantidades de poeira pode causar 
corrimento nasal e tosse. 
27 
 
A exposição ao carbonato de cálcio (calcário) impuro, que geralmente contém de 
3% a 20% de quartzo, pode representar risco de silicose. O risco é maior quando a 
proporção de quartzo no particulado suspenso no ar estáacima de 1%. 
3.2. Alterações do limite de exposição ocupacional para o carbonato de cálcio 
Em 2006, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists 
(ACGIH) anunciou a retirada do limite de exposição específico para o carbonato de 
cálcio. Essa informação pode ser encontrada na seção: “Nota de Alterações Pretendidas 
(NAP) para 2006”, do livreto “2006 TLVs® e BEIs® baseados na Documentação dos 
Limites de Exposição Ocupacional (TLVs®) para Substâncias Químicas e Agentes 
Físicos & Índices Biológicos de Exposição (BEIs®)”, traduzido pela Associação 
Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO)”. O motivo alegado foi “retirada da 
documentação e dos TLVs® adotados devido à insuficiência de dados”. Em 2007, o 
carbonato de cálcio não constava mais da lista “valores adotados” da versão anual desse 
mesmo livreto, conforme Anexo G: “Substâncias cujos TLVs® adotados e respectivas 
documentações foram retiradas por diversas razões, inclusive insuficiência de dados, 
reagrupamento etc”. As substâncias cujos limites foram retirados da lista de TLVs® 
adotados permanecem nesse anexo por um período de 10 anos para eventual consulta 
(ACGIH, 2006; ACGIH, 2012). 
O fato do limite específico de exposição ter sido removido não quer dizer que 
não exista risco à saúde causado pela poeira de carbonato de cálcio. A inalação de 
partículas insolúveis (como é o caso do carbonato de cálcio), ou fracamente solúveis, 
mesmo que biologicamente inertes, pode causar efeitos adversos para à saúde. Por isso, 
a ACGIH recomenda que as concentrações ambientais dessas poeiras sejam mantidas 
abaixo de 3 mg/m³, para partículas respiráveis, e abaixo de 10 mg/m³, para partículas 
inaláveis (ACGIH, 2012). 
28 
 
Essa recomendação encontra-se no Anexo B (Partículas insolúveis ou de baixa 
solubilidade não Especificadas de Outra Maneira) do livreto da ACGIH. A classificação 
refere-se a poeiras designadas na AGCIH pela sigla PNOS, ou seja, Particles Not 
Otherwise Specified. As recomendações do Anexo B do livreto da ACGIH se aplicam 
somente a partículas que atendam aos seguintes pré-requisitos: 
 Não tenham um limite de exposição específico aplicável. 
 Sejam insolúveis ou fracamente solúveis em água (ou, preferencialmente 
nos fluidos aquosos do pulmão). 
 Tenham baixa toxicidade (isto é, não sejam citotóxicas, genotóxicas, ou 
quimicamente reativas de outra forma com o tecido pulmonar e não 
emitam radiação ionizante, causem imunossensibilização ou outros 
efeitos tóxicos que não sejam a inflamação ou o mecanismo de 
“sobrecarga pulmonar”). 
É importante acrescentar que, além dos pré-requisitos citados anteriormente, o 
limite PNOS só pode ser aplicado se essas poeiras não contiverem sílica e nem asbesto 
em sua composição. Caso qualquer uma dessas substâncias esteja presente, o risco de 
exposição à sílica ou asbesto deve ser avaliado preferencialmente. Portanto, desde que a 
poeira de carbonato de cálcio não contenha essas substâncias, os limites designados 
como PNOS se aplicam perfeitamente. 
3.3. A sobrecarga pulmonar: o porquê do limite PNOS 
Uma característica típica de muitas partículas minerais é a baixa solubilidade de 
seus componentes, facilitando sua acumulação nos pulmões (MORROW, 1992). 
Os mecanismos de penetração e deposição das partículas no trato respiratório 
são bem conhecidos e descritos na literatura. Das partículas que penetram nas vias 
aéreas superiores, as maiores se depositam na região traqueobrônquica e mais tarde 
podem ser eliminadas pelo mecanismo de limpeza mucociliar ou, se forem solúveis, 
podem passar para outras regiões do corpo através da corrente sanguínea. As partículas 
insolúveis, de menores dimensões, podem chegar até a região alveolar, conforme a 
Figura 2. Somente as partículas menores que 10µm são capazes de penetrar nessa 
região, sendo que a deposição máxima na região alveolar ocorre para partículas de cerca 
29 
 
de 2µm de diâmetro aerodinâmico. A maioria das partículas maiores do que estas são 
depositadas em outras regiões do pulmão. 
 
 
 
 
A traquéia, os brônquios e os bronquíolos são revestidos por células com cílios 
(epitélio ciliado) e cobertos por uma camada mucosa. Os cílios possuem movimento 
contínuo e sincronizado, capaz de levar as partículas ali depositadas para a epiglote, de 
onde podem ser engolidas ou cuspidas. Os movimentos ciliares nos brônquios, a tosse e 
os espirros podem impulsionar as partículas no revestimento mucoso em direção à 
laringe e dali para fora dela. Já a região alveolar é não ciliada. Daí, as partículas 
insolúveis menores que 10µm depositadas nessa área são “engolidas” por células 
chamadas de macrófagos, que podem viajar pelo epitélio ciliado e serem transportadas 
para fora do sistema respiratório, permanecer dentro dos pulmões ou entrar no sistema 
linfático (WHO 1999). 
Estudos mostram que os mecanismos de limpeza pulmonar têm sua atividade 
muito diminuída, podendo até cessar quase completamente, devido ao acúmulo de 
Figura 2 - Representação esquemática do trato respiratório humano (retirado de 
LIPPMANN M, 1989). 
 
 
30 
 
partículas insolúveis nos pulmões. Essa condição, chamada de “sobrecarga” pode 
ocorrer como resultado da exposição ocupacional prolongada, mesmo a concentrações 
de poeira relativamente baixas (MORROW, 1992). Poeiras que já foram consideradas 
benignas (inertes, incômodas) no passado mostraram-se capazes de produzir fibroses, 
idênticas às induzidas por poeiras altamente tóxicas, enquanto quantidades excessivas 
são persistentemente retidas nos pulmões. 
Como resultado da retenção persistente, ocorre uma resposta inflamatória 
crônica e um aumento da hiperplasia das células alveolares, com subsequente 
desenvolvimento de alveolite, granulomas, fibrose e tumores de pulmão, que aumentam 
com o tempo e a gravidade da condição de sobrecarga. 
Onde quer que as partículas sejam depositadas, nas vias áreas superiores ou nos 
pulmões, elas têm o potencial de causar dano no local do depósito ou em outro local. 
Partículas que permanecem retidas por um longo tempo têm um maior potencial de 
causar dano. O fenômeno da sobrecarga pulmonar é reconhecido pela Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) como o resultado de exposições prolongadas e 
excessivas a poeira. Daí, a importância da avaliação ambiental e do controle da 
exposição (WHO 1999). 
3.4. Avaliação ambiental da poeira de carbonato de cálcio 
Conforme já mencionado, deve-se verificar a presença de sílica e/ou asbesto na 
composição da poeira de carbonato de cálcio para avaliar, prioritariamente, o risco de 
exposição, antes de aplicar os limites designados como PNOS. Para isso, é necessário 
coletar a fração adequada da poeira, conforme metodologias específicas para essa 
finalidade (NIOSH 7500; NIOSH 7601; SANTOS 1989). 
Neste momento, um alerta importante deve ser feito. A determinação de sílica 
como contaminante de poeiras em que o composto predominante é o carbonato de 
cálcio (calcita) deve ser realizada com cuidados especiais. O carbonato de cálcio é um 
limitante analítico em amostras de poeiras nas quais se deseja determinar o teor de sílica 
(NIOSH 7500; SANTOS 1989). 
Uma vez confirmada ausência de sílica, a determinação da concentração de 
poeira suspensa no ar contendo carbonato de cálcio como constituinte principal deve ser 
realizada conforme as recomendações da NHO-08 (SANTOS 2009). 
31 
 
A avaliação adequada das condições dos ambientes de trabalho com relação à 
exposição a poeiras e a aplicação do limite PNOS requer a coleta e análise 
obrigatoriamente de ambas as frações de poeira: inalável e respirável. Os efeitos à saúde 
dependem do local de deposição das partículas no trato respiratório, relacionado com os 
tamanhos dessas partículas. 
Além disso, a estratégia de amostragem estabelecida para a coleta das amostras 
de poeira deve levar em consideração a representatividade com relação à jornadade 
trabalho dos funcionários cuja exposição está sendo avaliada. 
4. HISTÓRICO DO PROJETO 
O projeto “Agentes Ambientais na Moagem de Pedras de Mármore no 
Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES e Região e seus Impactos na Saúde dos 
Trabalhadores”, coordenado pela FUNDACENTRO – Centro Estadual do Espírito 
Santo teve início em 2010, em virtude de demanda do Ministério Público do Trabalho 
de Cachoeiro do Itapemirim e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do 
Mármore, Granito e Calcário do Estado do Espírito Santo (SINDIMARMORE), sobre 
as péssimas condições de trabalho nas moageiras. 
Entre as prováveis consequências desta exposição, estariam o aumento na 
prevalência de sintomas respiratórios, alterações da função pulmonar e pneumoconiose. 
O projeto contou com a parceria do Ministério Público do Trabalho de Cachoeiro de 
Itapemirim e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST Regional 
de Cachoeiro de Itapemirim. 
A fase inicial do projeto foi constituída de: 
 Levantamento, localização e cadastro das empresas moageiras da região - Nessa 
fase, as visitas partiram de um cadastro inicial de 33 empresas, com um total de 
668 trabalhadores. O foco foi o reconhecimento do processo produtivo e a 
identificação dos possíveis impactos na saúde dos trabalhadores, decorrentes dos 
principais fatores de risco presentes nesse tipo de atividade. 
A partir desse cadastro, foram também colhidas informações iniciais para a 
definição do procedimento de seleção e amostragem dos trabalhadores do setor, 
para posterior avaliação. 
32 
 
 Como medida de apoio para ações futuras, a FUNDACENTRO ministrou um 
curso sobre avaliação da exposição ocupacional a poeiras em moageiras, para 
capacitação de profissionais dos Centros de Referência em Saúde do 
Trabalhador (CEREST/CI e CEREST/Colatina) e do MPT. O curso foi realizado 
em Cachoeiro de Itapemirim e aberto também aos profissionais da área de 
segurança e saúde no trabalho das empresas moageiras e aos prestadores de 
serviços em avaliações ambientais. Foram abordados aspectos do 
reconhecimento do risco, avaliação da exposição ocupacional a poeiras, 
utilizando a Norma de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO NHO-08: 
“Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de 
Trabalho”, além de aspectos do controle da exposição a poeiras e da avaliação 
de saúde dos trabalhadores no setor de moageiras. 
Na segunda fase do projeto, desenvolvida em 2011, foi dada continuidade ao 
levantamento de dados ambientais e médicos, à conscientização de profissionais e 
trabalhadores do setor e às ações conjuntas com parceiros. A atualização do cadastro de 
moageiras foi realizada por meio de busca ativa de empresas não constantes do cadastro 
inicial. 
Nessa fase, as visitas às moageiras visaram à coleta de subsídios para elaboração 
de uma lista de verificação (checklist) destinada à avaliação qualitativa de riscos e 
identificação de alternativas tecnológicas para prevenção e controle da exposição dos 
trabalhadores aos agentes ambientais. A aplicação do checklist ocorreu no período de 
setembro a dezembro de 2011, propiciando a caracterização do perfil do setor com 
relação aos aspectos de segurança e saúde dos trabalhadores. 
A avaliação das condições respiratórias de trabalhadores do setor consistiu da 
aplicação de questionário de sintomas respiratórios, levantamento do histórico 
ocupacional e realização de exames de espirometria e radiografia de tórax. Os dados 
obtidos nessa avaliação visaram à determinação da prevalência de sintomas 
respiratórios, anormalidades funcionais pulmonares e alterações radiográficas na 
população de trabalhadores. 
Em fevereiro de 2011 foi realizado em Vitória/ES mais um curso sobre a 
avaliação da exposição ocupacional a poeiras em moageiras, desta vez para capacitação 
de agentes fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Ministério 
33 
 
do Trabalho e Emprego (SRTE/MTE) no Estado do Espírito Santo, novos parceiros nas 
ações do projeto. O curso foi semelhante ao ministrado em Cachoeiro de Itapemirim, 
porém com ênfase nos aspectos a serem observados durante as ações de fiscalização nas 
moageiras. 
A FUNDACENTRO vem dando apoio técnico ao MPT/Cachoeiro, ministrando 
palestras, participando de audiências coletivas com as empresas e de reuniões e oficinas 
de trabalho, com o envolvimento também da SRTE/MTE-ES e do CEREST-CI, para 
discussão de tópicos relacionados às moageiras. 
A terceira fase do projeto, desenvolvida em 2012, consistiu na tabulação e 
análise dos seguintes dados: 
 Informações coletadas quando da aplicação do “Checklist Moageiras”, registros 
fotográfico e de vídeo realizados durante visitas às empresas de moagem de 
pedras de mármore, para identificar as alternativas tecnológicas destinadas à 
prevenção e controle da exposição de trabalhadores aos agentes ambientais, com 
ênfase aos aspectos envolvendo poeiras. 
 Informações sobre as condições respiratórias de trabalhadores do setor, coletadas 
por meio de questionário de sintomas respiratórios, histórico ocupacional, 
espirometria e radiografia de tórax. 
Os resultados obtidos durante o período de desenvolvimento do projeto, após 
tratamento estatístico dos dados, foram apresentados no seminário “Saúde e Segurança 
do Trabalho e Meio Ambiente em Moageiras de Rochas Calcárias”, realizado no dia 
17/10/2012 em Cachoeiro de Itapemirim – ES. O seminário contou com a participação 
do MPT-CI e da SRTE/MTE-ES. O evento também recebeu o apoio do Centro de 
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST/CI), do Sindicato dos Trabalhadores 
nas Indústrias do Mármore, Granito e Calcário do Estado do Espírito Santo 
(SINDIMARMORE) e do Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais, Cal e 
Calcário do Estado do Espírito Santo (SINDIROCHAS). 
 
34 
 
5. DESCRIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO 
Os passos do processo produtivo da moagem de calcário começam no pátio, 
onde ficam depositadas as pedras trazidas das pedreiras de extração por caminhões 
caçamba. As pedras são lavadas ou não e colocadas em uma calha sobre uma peneira 
vibratória, remetendo-as para as mandíbulas do britador, onde passam pelo primeiro 
processo de trituração, virando brita grossa. A brita é levada por correias 
transportadoras até os silos reguladores, que despejam as pedras britadas no moinho, 
para o segundo processo de trituração, transformando-as em pó. A seguir, o pó é levado 
por processo de insuflação (sopro) para os silos e, na sequência, para as ensacadeiras, 
que podem ser de sistema de rosca sem fim ou pneumáticas. 
O pó é ensacado por trabalhadores em sacos de cinquenta quilos, que são 
colocados sobre paletes e transportados por empilhadeiras até o depósito, ou 
diretamente aos caminhões de transporte de cargas. Algumas empresas contam também 
com um processo de envasamento que leva o material moído através de sistema de rosca 
sem fim ou ar comprimido, despejando o produto a granel diretamente em caminhões 
bulk, que passam então por uma balança rodoviária dentro do pátio da empresa, para 
serem pesados. 
O processo de moagem de calcário para corretivo agrícola é semelhante ao do pó 
industrial, com diferença na granulometria do produto, que é maior. 
O processo de moagem do calcário siderúrgico envolve cinco etapas: a do pátio 
de pedras; a do britador de mandíbula, onde as pedras são misturadas com um pouco de 
argila e uma pequena quantidade de água; a de um britador a martelo, que tritura o 
material tornando-o arenoso; a de transporte por correia transportadora que leva o 
material a um galpão coberto e aberto em suas laterais; a de lotação de caminhões 
caçamba de transporte a granel por pá carregadeira, ou outro meio de transporte. 
35 
 
6. METODOLOGIA 
A pesquisa da FUNDACENTRO foi iniciada em março de 2010 a partir da 
localização e cadastro das empresas moageiras da região e da realização de cursos parainformação e conscientização de agentes de saúde, empresários, técnicos de segurança 
do trabalho e demais funcionários das empresas. 
6.1. Avaliação qualitativa do ambiente de trabalho 
No segundo semestre de 2011, foram realizadas visitas a trinta e seis empresas 
do setor, com aplicação de questionário checklist contendo dezessete quadros com 
duzentos e treze itens (ANEXO C), acompanhados de registros em vídeo e fotos de 
todos os processos de produção. 
Como primeiro passo para elaboração do checklist, foram realizadas visitas 
técnicas em algumas empresas moageiras. A partir das visitas, foram executados 
trabalhos internos na construção do instrumento de coleta de dados, contemplando 
administração, processos produtivos e de apoio. O checklist foi composto de: 
informações socioeconômicas, segurança e saúde no trabalho, pátio de recebimento de 
material, britagem, correias transportadoras, silos, peneiramento, moagem, 
ensacamento, laboratórios de análise física e química, expedição, oficinas e balanças. 
Posteriormente, o documento foi validado com aplicação em campo. As visitas 
técnicas para aplicação do checklist foram agendadas no período de setembro a 
dezembro de 2011, realizando em média visitas a duas empresas por dia. Chegando à 
empresa, os técnicos se identificavam e solicitavam que fossem dirigidos às pessoas 
indicadas para responder pela mesma. A partir daí, eram solicitados vistas aos 
programas PPRA e PCMSO para análise e considerações, em seguida era aplicado o 
checklist junto aos processos produtivos, com registros também em áudio e vídeo. A 
seguir, eram realizadas reuniões com os responsáveis pela empresa, com objetivo de 
orientar quanto às necessidades de adequações e melhorias no processo produtivo de 
acordo com a legislação, visando garantir uma melhor qualidade de saúde e segurança 
dos trabalhadores. 
 
36 
 
6.2. Avaliação respiratória dos trabalhadores 
A avaliação respiratória dos trabalhadores foi realizada de abril a dezembro de 
2010 e fevereiro a julho de 2011. 
O universo foi 22 empresas, localizadas até abril/2010, com um total de 937 
trabalhadores. Para o estudo, foi selecionada uma amostra da população de 
trabalhadores. A seleção foi através da amostragem proporcional, ou seja, por sorteio 
aleatório, conforme o peso da empresa (proporção de trabalhadores em relação ao total). 
Considerando-se o tamanho da população (n=937) e fixando-se o nível de confiança 
para a amostra igual a 95% e com um erro nas estimativas igual a 5%, obteve-se o 
tamanho da amostra igual a 242 trabalhadores. 
Por não estarem expostos ao processo produtivo, 81 indivíduos (funcionários 
administrativos, adolescentes aprendizes que faziam cursos técnicos fora das empresas, 
trabalhadores da cozinha, telefonistas, recepcionistas, vendedores e gerentes, exceto 
gerentes de produção) foram excluídos do processo de amostragem. Nas dez empresas 
com menos de doze empregados, adotou-se o procedimento de avaliar todos eles, o que 
acrescentou 52 trabalhadores aos 242 já amostrados. No total, 294 trabalhadores foram 
selecionados para avaliação. 
Antes da avaliação, os objetivos do estudo foram explicados a cada trabalhador, 
assim como sua participação e garantia de que os resultados somente seriam 
comunicados às empresas quando necessário, após autorização do paciente. Cada 
participante leu e assinou um termo de consentimento livre e esclarecido (ver ANEXO 
A). 
Os trabalhadores foram avaliados através de: 
 Questionário de sintomas respiratórios e histórico ocupacional (ANEXO B), 
com cinco partes: 
1) Identificação, dados pessoais, escolaridade e renda familiar. 
2) Tabagismo 
3) Questionário de sintomas respiratórios, incluindo questões sobre bronquite 
crônica, dispneia, chiado e asma. 
4) Antecedentes Respiratórios 
5) História Ocupacional Completa 
37 
 
 Espirometria 
 Radiografia de tórax em PA. 
As radiografias de tórax foram submetidas à leitura de acordo com a 
Classificação Radiológica das Pneumoconioses da OIT (INTERNATIONAL LABOUR 
OFFICE, 2011), por três leitores independentes, dos quais dois leitores B e um leitor 
experiente. O resultado final foi a mediana das três leituras. 
As espirometrias foram realizadas de acordo com as normas da Sociedade 
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (PEREIRA e NEDER, eds, 2002), utilizando-se 
um espirômetro de fluxo (pneumotacógrafo) computadorizado marca “Koko”, da PDS. 
Os valores previstos foram os da população brasileira adulta (PEREIRA e COL, 2007). 
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) foi definida de acordo com a Iniciativa 
Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) que usa um ponto de corte 
fixo (VEF1/CVF<0,70) (PAUWELS e COL, 2001). Não foi realizada espirometria após 
broncodilatador. 
Foram realizadas tomografias computadorizadas de tórax de alta resolução nos 
casos em que se considerou necessário para esclarecimento diagnóstico. 
Um “índice de exposição” foi desenvolvido pelos pesquisadores, com o objetivo 
de presumir a exposição ocupacional à poeira, a partir de uma classificação das 
ocupações no setor de moagem de rochas de mármore. Na classificação, foi considerada 
a experiência profissional dos pesquisadores em visitas técnicas a empresas moageiras. 
As ocupações foram classificadas de acordo com suas características e com a 
concentração de poeira, identificada de forma qualitativa no reconhecimento dos 
ambientes de trabalho pelos técnicos da FUNDACENTRO. Os resultados foram 
apresentados, discutidos e validados por diretores do sindicato dos trabalhadores. A 
exposição presumida às poeiras foi classificada em cinco categorias crescentes (1 a 5). 
O índice de exposição foi o resultado da soma dos produtos da classificação de cada 
ocupação pelo tempo nela trabalhado. 
38 
 
7. RESULTADOS 
7.1. Avaliação do ambiente de trabalho 
7.1.1. Localização das empresas pesquisadas 
As visitas às empresas foram iniciadas em setembro e terminaram em dezembro 
de 2011, sendo uma semana de visitas em cada mês. Foram localizadas 36 empresas: 22 
haviam sido localizadas até a fase da avaliação dos trabalhadores; posteriormente, 14 
outras foram localizadas no período de visitas às empresas. Constatou-se que 69% das 
empresas pesquisadas pela FUNDACENTRO (25 empresas) encontravam-se no 
município de Cachoeiro de Itapemirim, 17% (6 empresas) no município de Castelo e 
14% (5 empresas) no município de Vargem Alta (figura 3). 
Figura 3 – Mapa de localização das 36 empresas pesquisadas. 
 
Das empresas situadas no município de Cachoeiro de Itapemirim, 72% (18 
empresas) se localizavam no distrito de Itaoca Pedra, 12% (três empresas) na localidade 
de Gironda, 4% (uma empresa) na localidade de Vila Barbosa, 4% (uma empresa) na 
39 
 
localidade de Vargem Grande de Soturno, 4% (uma empresa) em Morro Grande e 4% 
(uma empresa) em Duas Barras. Destes totais, 72% (dezoito empresas) estavam em área 
urbana e 28% (sete empresas) em área rural. 
No município de Castelo, 33% (duas empresas) estavam localizadas em área 
urbana, na sede do município, e 67% (quatro empresas) em áreas rurais. 
No município de Vargem Alta, 60% (três empresas) localizavam-se em áreas 
urbanas e 40% (duas empresas) em áreas rurais. Uma dessas empresas trabalhava 
somente com moagem de quartzo. 
 
7.1.2. Vias de Acesso 
Em relação aos tipos de vias de acesso às empresas moageiras, constatou-se que 
75% (vinte e sete empresas) tinham acesso por estradas de terra, 16,67% (seis empresas) 
tinham acesso por ruas pavimentadas e/ou calçamento de pedras e apenas 8,33% (três 
empresas) tinham acesso por rodovia asfaltada. 
 
7.1.3. Funcionários 
O número de funcionários registrados nas empresas está na tabela1. Das 36 
empresas estudadas, 23 tinham no máximo 40 funcionários. 
Tabela 1 - Total de funcionários por número de empresas. 
Total de Funcionários Nº de Empresas % 
Até 20 16 44,44 
De 21 a 40 7 19,44De 41 a 60 7 19,44 
De 61 a 80 3 8,33 
Acima de 80 3 8,33 
Total 36 100,00 
 
40 
 
A tabela 2 mostra os funcionários das empresas estudadas, caracterizados por 
setor (administrativo ou de produção) e por sexo, nas datas das visitas. Ao todo, havia 
1450 funcionários nas 36 empresas, dos quais 77,72% na área de produção. O 
predomínio de funcionários do sexo masculino foi quase absoluto no setor de produção. 
 
Tabela 2 - Número de funcionários registrados nas empresas estudadas, por setor e 
sexo. 
Sexo Administração % Produção % 
Masculino 184 57 1108 98 
Feminino 139 43 19 2 
Total 323 100% 1127 100% 
 
Os dados a seguir (tabela 3) demonstram o número de funcionários nas empresas 
pesquisadas, na área administrativa, classificados em três faixas. 
Tabela 3 - Número de funcionários administrativos por número de empresas. 
Funcionários na Administração Nº de empresas % 
Até 20 31 86,11 
De 21 a 40 3 8,33 
Acima de 40 2 5,55 
Total 36 100,00 
 
 
41 
 
A tabela 4 apresenta o número de funcionários na área de produção por 
empresas, classificados em cinco faixas. 
Tabela 4 - Número de funcionários da produção por número de empresas. 
Funcionários na Produção Nº de Empresas % 
Até 20 17 47,22 
De 21 a 40 12 33,33 
De 41 a 60 3 8,33 
De 61 a 80 2 5,55 
Acima de 80 2 5,55 
Total 36 100,00 
 
 
7.1.4. Horário de Trabalho 
O horário de trabalho na administração das empresas ficava entre 7:00 e 17:00 
na sua maioria (12 empresas); outras 6 empresas faziam horário de 7:00 às 17:00 de 
segunda a quinta e sexta 7:00 às 16:00; as demais tinham variações de horários de 
entrada entre 7:30 e 9:00 e de saída entre 17:00 e 18:00 horas. Já na área de produção, 
verificou-se uma grande variação de horários de funcionamento entre as empresas, com 
vários turnos diurnos e noturnos, comprovando-se que não existia nenhum acordo de 
horários de trabalho entre elas. Apenas sete empresas tinham horários de produção 
uniformizados entre 7:00 e 17:00 horas; somente 3 empresas tinham horário de 7:00 às 
17:00 de segunda a quinta e 7:00 às 16:00 nas sextas feiras. 
 
42 
 
7.1.5. Higiene 
Na parte de higiene, foram observados os itens vestiário, armário individual 
duplo, refeitório, bebedouros e sanitários, e suas características (tabela 5). Constatou-se 
que, em 67% das empresas, os vestiários não eram adequados; 83% não possuíam 
armários individuais duplos, como recomendado, 56% dos refeitórios não estavam em 
condições adequadas, 22% não possuíam bebedouros em número suficiente (os 
bebedouros foram avaliados respeitando o critério de 1 para 50 empregados) e 22% 
também não possuíam sanitários em número suficiente (os sanitários foram avaliados 
respeitando o critério de 1 para 10 empregados). Foi observado que esses ambientes 
deveriam, mas não estavam isentos da presença do pó. Na maioria deles, foi detectada 
muita poeira em armários, mesas, bebedouros, sanitários, pisos, chuveiros e até sobre 
geladeiras, ventiladores de teto e fogões. Os resultados obtidos a respeito do controle de 
poeira nesses ambientes encontram-se na tabela 6. 
Tabela 5 – Presença de itens de higiene nas empresas avaliadas. 
Itens avaliados Possuíam % Não possuíam % 
Vestiários adequados 12 33% 24 67% 
Armários individuais duplos 6 17% 30 83% 
Refeitórios adequados 16 44% 20 56% 
Bebedouros (1x50 empregados) 28 78% 8 22% 
Sanitários (1x10 empregados) 28 78% 8 22% 
 
 
43 
 
Tabela 6 - Controle de poeira nos ambientes de higiene por nº de empresas. 
Critérios de avaliação Nº de empresas % 
Inexistente 2 5,55 
Ruim 18 50,00 
Regular 12 33,33 
Bom 4 11,11 
Total 36 100,00 
 
 
As figuras 4, 5, 6 e 7 ilustram alguns dos ambientes encontrados. 
 
Figura 4 – Banheiros. 
 
 
44 
 
Figura 5 – Vestiários. 
 
 
 
Figura 6 - Refeitório 
 
 
45 
 
Figura 7 – Sanitários. 
 
 
 
46 
 
7.1.6. Saúde e Segurança no Trabalho 
Em relação à SST, verificou-se se as empresas possuíam PCMSO, PGR e PPRA, 
se fizeram algum tipo de avaliação de riscos ambientais, se tinham CIPA, se os 
membros receberam treinamento para CIPA, se os membros tinham tempo livre de uma 
hora semanal e se havia SESMT (tabela7). Embora um bom percentual de empresas 
(69%) tivesse PPRA, os resultados de avaliações de poeira e ruído verificados pela 
FUNDACENTRO não foram satisfatórios. As avaliações de poeira não estavam de 
acordo com a metodologia adequada para avaliação de sílica livre e carbonato de cálcio, 
conforme a NHO 08 da FUNDACENTRO. 
 
Tabela 7 - Saúde e Segurança no Trabalho por número de empresas. 
SST Possuíam % Não 
possuíam 
% 
PCMSO 25 69% 11 31% 
PGR 4 11% 32 89% 
PPRA 25 69% 11 31% 
Avaliação de riscos ambientais 24 67% 12 33% 
CIPA 15 42% 21 58% 
Membros treinados para CIPA 15 42% 21 58% 
1 hora por semana para CIPA 5 14% 31 86% 
SESMT 10 28% 26 72% 
 
47 
 
Vinte e quatro empresas fizeram algum tipo de avaliação de riscos ambientais, 
como demonstra a tabela 8. 
Tabela 8 - Tipos de avaliações de riscos ambientais aplicadas por nº de empresas. 
Tipos de avaliações Nº de empresas* % 
Calor, ruído e poeira. 1 4% 
Só poeira 2 8% 
Poeira e ruído 17 72% 
Poeira inalável 1 4% 
Poeira respirável e inalável 2 8% 
Só ruído 1 4% 
Total 24 100,00 
*12 empresas não fizeram nenhum tipo de avaliação. 
Ainda na parte de SST, verificou-se que duas empresas que possuíam SESMT 
contavam com engenheiro de segurança do trabalho, técnico de segurança do trabalho e 
médico do trabalho. Três empresas contavam com médico e técnico de segurança do 
trabalho e cinco empresas contavam apenas com o técnico de segurança do trabalho. 
Vinte e seis empresas não tinham nenhum profissional de SESMT contratado. Esses 
dados constam na tabela 9. 
Tabela 9 - Profissionais de SESMT por nº de empresas. 
Profissionais Nº de empresas* % 
Engenheiro, téc. de segurança e médico. 2 20% 
Médico e técnico de segurança 3 30% 
Só técnico de segurança 5 50% 
Total 10 100,00 
*26 empresas não possuíam SESMT. 
 
48 
 
7.1.7. Equipamentos de Proteção Individual 
Outro item do checklist foi o uso de EPI. Os resultados obtidos estão na tabela 
10. Todas as empresas visitadas declararam que forneciam algum tipo de EPI aos 
funcionários. Embora 94% das empresas fornecessem protetor auricular e máscara, 
nenhuma delas possuía PCA (programa de conservação auditiva) implantado, como 
também nenhuma possuía PPR (programa de proteção respiratória). Duas empresas não 
forneciam nenhum tipo de protetor auricular ou máscara. O que se observou na grande 
maioria das empresas, e que precisaria ser mudado com urgência, foi uma cultura de 
que, com EPI, tudo se resolve, pois, quando se perguntava sobre esses itens, percebia-se 
uma empolgação dos funcionários que acompanhavam a pesquisa em responder 
positivamente. É preciso se desfazer esse grande engano. Isso se consegue eliminando a 
poeira. 
 
Tabela 10 - Equipamentos de Proteção Individual fornecidos por nº de empresas. 
EPI Forneciam % Não forneciam % 
Roupas 33 92% 3 8% 
Calçado de segurança 36 100% 0 0% 
Luvas adequadas 29 81% 7 19% 
Óculos de segurança 30 83% 6 17% 
Máscara 34 94% 2 6% 
Protetor auricular 34 94% 2 6% 
Capacete 31 86% 5 14% 
49 
 
Quanto ao uso de máscaras de proteção, conforme sua classificação por filtros, 
os resultados observados estão demonstrados na tabela 11. 94% das empresas visitadas 
forneciam algum tipo de máscara, que variava de modelo. No entanto, verificou-se que 
os trabalhadores não recebiam nenhuma instrução para o uso correto desse 
equipamento. 
Tabela 11 - Máscaras utilizadas por tipo de filtro e nº de empresas*. 
Máscaras Nº de empresas % 
PFF1 16 47,06 
PFF2 17 50,00 
PFF3 1 2,94 
Total 34 100,00 
*2 empresas não forneciam nenhum tipo de máscara. 
50 
 
7.1.8. Acidentes de trabalho 
Foi também questionado o número de acidentes de trabalho, considerando os 12 
meses retroativos ao mês da visita às empresas.Os resultados obtidos são apresentados 
na tabela 12. Dez empresas informaram que tiveram um acidente com afastamento cada, 
uma empresa informou que registrou dois acidentes com afastamento e outra registrou 
três acidentes com afastamento. Duas empresas informaram que registraram um 
acidente sem afastamento cada, e outra informou que registrou dois acidentes sem 
afastamento. Quanto à certificação das empresas, verificou-se que, dos dezenove 
acidentes de trabalho, dez foram registrados em empresas com alguma certificação, 
sendo seis com afastamento (três deles em uma única empresa). 
 
Tabela 12 - Número de Acidentes de trabalho com afastamento, sem afastamento e 
fatais por número de empresas. 
Tipos de Acidentes Nº de acidentes Nº de empresas 
Com afastamento 15 12 
Sem afastamento 4 3 
Fatais 0 0 
Total 19 15 
 
 
51 
 
7.1.9. Produção 
Quanto à produção bruta anual, em toneladas dos diversos produtos: pó 
industrial, calcário agrícola, calcário siderúrgico, seixos rolados, cal, quartzo moído, 
argamassa e aditivos minerais, foram computados os dados em volume e percentual de 
produção. Observou-se que 47% de toda a produção ficava concentrada em apenas 4 
empresas, sendo uma delas de calcário siderúrgico, ficando os 53% restantes 
distribuídos para 32 empresas. Os dados estão relatados na tabela 13. 
 
Tabela 13- Produção em toneladas no ano de 2010 por nº de empresas e representação 
em percentual. 
Classificação (t/ano) Nº de Empresas Produção (t/ano) (%) Produzida 
De 700 a 40.000 21 235.455 11,11 
De 40.001 a 80.000 4 154.748 7,30 
De 80.001 a 120.000 6 581.189 27,44 
De 120.001 a 160.000 1 150.000 7,08 
De 160.001 a 200.000 1 179.000 8,45 
De 200.001 a 240.000 2 466.567 22,03 
Acima de 240.000 1 350.710 16,56 
Total 36 2.117.669 100% 
 
 
52 
 
7.1.10. Almoxarifado 
Tratando-se de espaço físico e equipamentos, observou-se que 23 empresas 
possuíam almoxarifado. Nas 13 empresas sem almoxarifado, os produtos, sacarias e 
peças de manutenção eram armazenados em algum cômodo, de forma desorganizada. 
Naquelas onde existiam almoxarifados, o que se viu foi muitos materiais de 
consumo, EPIs, peças de desmonte de equipamentos e manutenção, motores, sacarias e 
outros, depositados de forma totalmente desorganizada em prateleiras e pisos. A figura 
8 ilustra um desses ambientes, com grande desordem e muita poeira depositada. 
 
Figura 8 - Almoxarifado 
 
53 
 
A tabela 14 mostra as características dos almoxarifados por número de empresas 
e a tabela 15 mostra o controle de poeira nos almoxarifados, seguindo os critérios de: 
inexistente, ruim, regular e bom. Constatou-se que 26,09% das empresas faziam um 
controle ruim, 65,21% regular e apenas 8,7% tinham um bom controle da poeira neste 
setor. 
Tabela 14 - Características dos almoxarifados por nº de empresas*. 
Características Possuíam % Não Possuíam % 
Pisos demarcados 0 0% 23 100% 
Ventilação adequada 6 26% 17 74% 
Procedimentos para manuseio dos 
produtos 
10 43% 13 57% 
Símbolos de advertência 0 0% 23 100% 
Separação de produtos incompatíveis 19 83% 4 17% 
*13 empresas não possuíam almoxarifado 
 
Tabela 15- Controle de poeira nos almoxarifados por nº de empresas*. 
Critérios de avaliação Nº de Empresas % 
Inexistente 0 0 
Ruim 6 26,09 
Regular 15 65,22 
Bom 2 9,00 
Total 23 100,00 
*13 empresas não possuíam almoxarifado 
 
 
54 
 
7.1.11. Laboratório Químico 
Foi constatado que 42% (quinze empresas) possuíam laboratório químico e 58% 
(vinte e uma empresas) não. Algumas empresas não possuíam laboratório por falta de 
estrutura, pois eram empresas pequenas, que terceirizavam esse serviço. Os grandes 
clientes das moageiras fazem a análise e controle de qualidade do material, exigindo 
adequação às suas necessidades. Observou-se que, daquelas empresas onde existia 
laboratório, 60% não possuíam chuveiro de segurança, 53% não possuíam lava olhos e 
47% não tinham armários adequados para acondicionamento de produtos químicos. A 
figura 9 ilustra um laboratório químico. Os resultados das condições de trabalho e 
segurança nos laboratórios químicos estão demonstrados na tabela 16, enquanto os 
resultados de controle de poeira e ruído encontram-se nas tabelas 17 e 18. 
Figura 9 – Laboratório químico 
 
 
55 
 
Tabela 16 - Condições de trabalho nos laboratórios químicos por itens avaliados e nº de 
empresas*. 
Itens Avaliados Possuíam % Não Possuíam % 
Chuveiro de segurança 6 40% 9 60% 
Lava olhos 7 47% 8 53% 
Pisos regulares 15 100% 0 0% 
Piso em bom estado 15 100% 0 0% 
Níveis de iluminação apropriados 15 100% 0 0% 
Ventilação adequada 13 87% 2 13% 
Capela para prod. químicos 14 93% 1 7% 
Armários adequados para produtos 
químicos 
8 53% 7 47% 
Aterramento elétrico 15 100% 0 0% 
Acionamentos elétricos isentos de 
riscos 
15 100% 0 0% 
Partes energizadas protegidas 15 100% 0 0% 
*21 empresas não possuíam laboratório químico. 
 
 
56 
 
Tabela 17- Controle de poeira nos laboratórios químicos por nº de empresas*. 
Critérios de avaliação Nº de empresas % 
Inexistente 0 0% 
Ruim 1 7% 
Regular 3 20% 
Bom 11 73% 
Total 15 100% 
*21 empresas não possuíam laboratório químico. 
 
Tabela 18 - Intensidade do ruído nos laboratórios químicos por nº de empresas*. 
Critérios de avaliação Nº de empresas % 
Baixa 9 60% 
Média 6 40% 
Alta 0 0% 
Muito alta 0 0% 
Total 15 100% 
*21 empresas não possuíam laboratório químico. 
 
57 
 
7.1.12. Laboratório Físico 
A avaliação das condições de trabalho nos laboratórios físicos foi semelhante à 
dos químicos, com exceção do chuveiro de segurança e capela. Verificou-se que 53% 
(vinte empresas) possuíam laboratório físico e 47% (dezesseis empresas) não. Algumas 
delas não possuíam por falta de estrutura, pois eram empresas pequenas que 
terceirizavam esse serviço. Os grandes clientes das moageiras fazem a análise e controle 
de qualidade do material, exigindo adequação às suas necessidades. Os resultados das 
condições de trabalho e segurança nos laboratórios físicos estão na tabela 19 e os 
resultados de controle de poeira e intensidade do ruído na tabela 20. A figura 10 ilustra 
um laboratório físico. 
Tabela 19 - Condições de trabalho nos laboratórios físicos por itens avaliados e nº de 
empresas*. 
Itens avaliados Possuíam % Não possuíam % 
Lava olhos 3 15% 17 85% 
Pisos regulares 20 100% 0 0% 
Piso em bom estado 19 95% 1 5% 
Níveis de iluminação apropriados 20 100% 0 0% 
Ventilação adequada 13 65% 7 35% 
Armários adequados para utensílios 10 50% 10 50% 
Aterramento elétrico 19 95% 1 5% 
Partes energizadas protegidas 20 100% 0 0% 
* 16 empresas não possuíam laboratório físico. 
 
 
58 
 
Figura 10 – Laboratório físico. 
 
 
 
Tabela 20 - Controle de poeira nos laboratórios físicos por nº de empresas*. 
 
*16 empresas não possuíam laboratório físico. 
 
Critérios de avaliação Nº de empresas % 
Inexistente 0 0% 
Ruim 5 25% 
Regular 6 30% 
Bom 9 45% 
Total 20 100% 
59 
 
A intensidade de ruído nos laboratórios físicos foi avaliada pela 
FUNDACENTRO, também de forma qualitativa. Os resultados estão na tabela 21. 
 
Tabela 21- Intensidade do ruído nos laboratórios físicos por nº de empresas*. 
Critérios de avaliação Nº de empresas % 
Baixa 10 50% 
Média 9 45% 
Alta 1 5% 
Muito alta 0 0% 
Total 20 100% 
*16 empresas não possuíam laboratório físico. 
 
7.1.13. Pátio de Pedras 
Na área de produção, os primeiros setores investigados foram os pátios de 
pedras, onde começa todo o processo de moagem das rochas calcárias. Verificou-se que, 
em cinco empresas (14%), os pátios ficavam muito próximos dos demais setores. Trinta 
e duas empresas (89%) não possuíam pavimentação dos pátios. Em todas as empresas 
(trinta e seis) os pátios eram descobertos, expondo os trabalhadores às intempéries. 
Vinte e quatro empresas (67%) não faziam umidificação dos pátios, contribuindo muito 
para o aumento da

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