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Caderno de Direito Tributário

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Direito 
Tributário 
 
Ingrid de Lima Delgado 
 
1 Ingrid de Lima Delgado 
Direito Tributário 
Elizabete Rosa de Melo 
Ponto 1: Fontes do Direito Tributário 
 
Obs: Direito Financeiro # Direito Tributário 
Objeto 
 ↙ ↘ 
Receitas Públicas (originárias e derivadas) Tributos (fonte de receita pública 
Despesas Públicas derivada) 
Orçamento Público ↓ 
 
Impostos 
Taxas 
Contribuições de melhoria, parafiscais 
e iluminação pública 
Empréstimo compulsório 
 
No Direito Tributário, os sujeitos ativos são determinados: União, estados-
membro, Distrito Federal e Municípios (art. 119, CTN). Os sujeitos passivos são os 
contribuintes e responsáveis tributários (art. 121, CTN). 
 
As fontes do Direito Tributário são (art. 96 ao 100 do CTN): Constituição 
Federal de 1988, Emenda Constitucional; Lei Complementar; Lei Ordinária; 
Instruções Normativas; Decretos, Resoluções; Doutrina; Jurisprudência; Tratados 
Internacionais; Convenções Internacionais; Convênios. 
 
Fontes Primárias e Secundárias: 
 
 
Constituição e Emenda Const. (arts. 145 
 e 153 a 156) 
LC – CTN, LC 87/96, 116/03, 118/05, 
123/06 Fontes Primárias 
leis ordinárias e decretos regula- 
mentados. 
 
Decretos, resoluções, instru- 
ções normativas, doutrina, Fontes Secundárias 
jurisprudência, convênios 
e costumes 
 
2 Ingrid de Lima Delgado 
 
As fontes primárias do Direito Tributário não são apenas as contidas no art. 
96 do CTN, haja vista que este dispositivo é apenas exemplificativo. As fontes 
secundárias são as normas complementares às fontes principais. 
 
A Lei Complementar trata de normas gerais do Direito Tributário, buscando, 
dessa forma, evitar conflitos entres os entes da Federação (o CTN é uma Lei 
Complementar). Será por meio de Lei Ordinária que os entes da federação irão 
instituir seus tributos, mas sempre se pautando pela Lei Complementar. Os objetivos 
da Lei Complementar estão estabelecidos no art. 146 da Constituição Federal. 
 
O CTN é lei ordinária ou complementar? Apesar de o CTN ser formalmente 
lei ordinária, pois foi aprovado por maioria simples, ele é materialmente uma lei 
complementar, por ter sido recepcionado com esse status pela Constituição Federal, 
já que trata de matéria reservada à lei complementar (art. 146 CF∕88). 
 
Com o advento da Emenda Constitucional nº 32∕2001, permitiu-se a 
utilização da medida provisória em matéria tributária, instituindo ou majorando 
tributos, desde convertidas em lei até o último dia do ano em que foi editada, 
ressalvados aqueles tributos que se ligam à lei complementar. 
 
Apesar de a doutrina majoritária sustentar a inconstitucionalidade da 
instituição e majoração de tributos através de medida provisória (pelo argumento de 
que desrespeitaria o P. da legalidade estrita e o da segurança jurídica), existem 
decisões que têm sido objeto de pronunciamento do STF, no sentido de permitir tal 
prática. Os que defendem a constitucionalidade, como Hugo de Brito Machado, 
consideram que a Constituição Federal não traz nenhuma restrição de modo a 
obstaculizar essa veiculação. Nesse sentido, temos no RE nº 138.284 o voto do 
Ministro Carlos Velloso, onde o mesmo afirma que a Constituição, ao estabelecer 
medida provisória como espécie de ato normativo primário, não impôs qualquer 
restrição no que tange à matéria. Velloso cita ainda o caso da medida provisória nº 
22 de 6.12.1988, que foi convertida na Lei 7.689 de 25.12.19881. Conclui-se, deste 
modo e de acordo com o art. 62 da CF∕88 e jurisprudência pátria, que medida 
provisória pode criar tributos, desde que convertida em lei até o último dia do ano em 
que foi editada, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do exercício financeiro 
seguinte, com exceção dos impostos disciplinados pelo parágrafo 2º do art. 62 da 
CRFB/88(II, IE, IPI, IOF e impostos extraordinários). 
 
Lei tributária no espaço e no tempo 
 
A vigência da lei tributária no espaço e no tempo rege-se pelas normas do 
direito comum, disciplinadas na LINDB. 
 
1 Institui contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras providências. 
 
3 Ingrid de Lima Delgado 
 
No espaço significa que vigorará nos limites da pessoa jurídica que editou a 
norma. A exceção à regra encontra-se no art. 102, segunda parte, do CTN, que trata 
da extraterritorialidade dos convênios2. 
 
No tempo significa “quando a lei entrará em vigor”, que, regra geral, será na 
data de sua publicação. As exceções estão abarcadas pelo P. da Anterioridade (do 
exercício financeiro e nonagesimal). Para uma lei tributária entrar em vigor, deve vir 
estabelecido a data no corpo da lei. Caso contrário, o P. da Anterioridade deverá ser 
observado. 
 
Além disso, deve-se atentar aos elementos de conexão. São eles: 
 
- Domicílio: Contribuinte que elege 
 
- Nacionalidade: Pode ser a territorialidade3 ou o ius sanguinin4. No Direito 
Tributário usa-se o primeiro. 
 
Ponto 2: Limitações constitucionais ao poder de tributar 
 
O art. 150 da Constituição Federal elenca as limitações do poder de tributar. 
Essas limitações vêm estabelecidas em duas espécies: As imunidades e os 
princípios. 
 
As imunidades expressas no art. 150, IV, “a”, “b”, “c”, “d” e “e” da CF∕88 
dizem o que pode ser tributado, proibindo o legislador o exercício de sua 
competência tributária sobre certos fatos, pessoas ou situações. Segundo o STF “é a 
dispensa constitucional do valor do imposto”. São elas: 
 
● Recíproca (alínea “a”): Ente da federação (inclusive autarquias) não deve 
cobrar impostos sobre patrimônio, renda e serviços, uns dos outros; 
 
● Religiosa (alínea “b”): Não são cobrados impostos de templos de qualquer 
culto. Todos os imóveis que estiverem em nome de uma instituição religiosa são 
abarcados por essa imunidade, desde que cumpram sua finalidade, incluindo os 
imóveis locados para terceiros (sendo o dinheiro do aluguel direcionado para a 
finalidade religiosa). 
 
2 Art. 102, CTN: A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no 
País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os 
convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas 
pela União. 
3 O indivíduo terá a nacionalidade do Estado em que tiver lugar seu nascimento, independentemente 
de sua ascendência. 
4 Considera nacional de um Estado um indivíduo baseando-se na filiação, isto é, na nacionalidade de 
seus genitores, descartando o local do seu nascimento. 
 
4 Ingrid de Lima Delgado 
● Política e educacional (alínea “c”): Em relação à primeira, a imunidade visa 
fomentar a participação política. Se tratando da imunidade educacional, deve-se 
provar a ausência de finalidade lucrativa, implicando necessariamente a não-
distribuição dos lucros (superávits) e a não reversão do patrimônio aos fundadores 
da instituição; 
 
● Cultural (alínea “d”): Segundo o STJ, livros só tem imunidade se forem 
impressos. Os ebooks não gozam desta imunidade; 
 
● Fonográfica (alínea “e”): Abarca os CDs e DVDs de artistas nacionais. 
Essa imunidade veio com o objetivo de afastar a pirataria, todavia, como se sabe, tal 
prática continua existindo. Havendo produção em larga escala, o produto não gozará 
desta imunidade. 
 
Para se entender “princípio” é necessário que se entenda o conceito de 
“valor”. Valores são ideias abstratas que informam o ordenamento jurídico. No caso 
do Direito Tributário, seus valores norteadoressão a Segurança Jurídica, a 
Liberdade Jurídica e a Justiça de Tributação. 
 
→ O valor segurança jurídica traduz sua positividade através de inúmeros 
princípios constitucionais. Refere-se à paz social, de modo a garantir os direitos 
fundamentais do cidadão e contribuinte. Deste valor decorrem os seguintes 
princípios: 
 
● P. da Legalidade Estrita: Segundo ele, o S.A. só poderá criar, modificar ou 
reduzir tributos se tiver uma autorização legal para tal (art. 150, I e art. 97, I e II do 
CTN); 
 
● P. da Tipicidade: Todos os tributos são estabelecidos por fatos geradores 
(subsunção do fato à norma e ao conceito). É o fato ou ato, estabelecidos por lei, 
que, se ocorrido, gerará a obrigação tributária; 
 
● P. da Irretroatividade: A lei tributária não pode retroagir em relação aos 
tributos. Isso é aplicado mesmo que a lei nova beneficiar o contribuinte. A regra geral 
do Direito Tributário é a eficácia imediata da lei nova sobre os fatos geradores 
futuros e pendentes. Há exceções previstas no art. 106 do CTN, quais sejam a lei 
penal benigna5 e declaração de inconstitucionalidade; 
 
● P. da Anterioridade (Não surpresa do contribuinte): Segundo este 
princípio, há um lapso temporal necessário para que a lei tributária tenha validade no 
mundo jurídico. Há duas espécies de anterioridade: a anterioridade do exercício e a 
anterioridade nonagesimal. 
 
5 No imposto a lei tributária não retroage para beneficiar o contribuinte, mas na multa sim. 
 
5 Ingrid de Lima Delgado 
Pela Anterioridade do Exercício, o tributo só pode ser cobrado no primeiro 
dia do exercício financeiro seguinte à data de publicação da lei. 
Já segundo o P. da Anterioridade Nonagesimal, o tributo só poderá ser 
cobrado depois de 90 dias da publicação da lei. 
Ambas as anterioridades são regra geral, aplicáveis a todos os tributos. 
Todavia, há exceções (art. 150, §1º e 195, §6º, da CF∕88). Ocorrem quando: Não se 
aplica nenhum dos dois princípios; se aplica somente o da anterioridade 
nonagesimal; se aplica somente o da anterioridade de exercício; 
 
→ De acordo com o valor Justiça na Tributação, esta deve ser equânime, 
decorrendo deste valor os seguintes princípios: 
 
● P. da Isonomia: Deve-se dar tratamento igual para todos que estiverem em 
situações fiscais análogas (tratamento igual para indivíduos iguais); 
 
● P. da Generalidade: Segundo ele, nacionais, estrangeiros e nacionalizados 
terão a mesma tributação (todos pagarão IPVA se comprarem um carro, por 
exemplo); 
 
● P. da Universalidade ou Uniformidade Geográfica: Este princípio decorre 
do federalismo. Ele determina que é vedado à União instituir tributo federal que não 
seja uniforme em todo o país, ou criar tributos distintos para cada unidade federativa. 
Há exceções, tais como os incentivos fiscais e a extraterritorialidade (pessoa que 
mora fora do país pagará imposto sobre renda). 
O art. 151, I, CRFB/88, dispõe sobre a concessão de incentivos fiscais em 
benefício de determinadas regiões do território nacional, que ocorrerá devido à 
necessidade pública comprovada, destinada a promover o equilíbrio socioeconômico 
entre as diversas regiões do país. 
 
OBS: Ocorre a bitributação quando dois entes da federação, por meio de 
suas pessoas jurídicas de direito público, tributam o mesmo contribuinte sobre o 
mesmo fato gerador. Em face de a Constituição Federal estipular uma rígida 
repartição de competência tributária, a bitributação está, como regra, proibida no 
Brasil e os casos concretos verificados, normalmente, configuram conflitos aparentes 
de competência, devendo, portanto, serem resolvidos à luz dos respectivos 
dispositivos constitucionais. Existem, contudo, situações em que a bitributação é 
legítima. A primeira decorre da possibilidade de que a União institua, na iminência ou 
no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua 
competência tributária (CF/1988, art. 154, II). A segunda está mais ligada ao âmbito 
internacional. Ocorre nos casos em que um tributo é recolhido em um Estado, mas 
poderá também ser cobrado noutro. Por exemplo, o contribuinte recebe rendimento 
de um trabalho realizado em um País. De acordo com a bitributação, poderá ser 
cobrada sua renda tanto em seu País de origem quanto no País em que realizou seu 
 
6 Ingrid de Lima Delgado 
trabalho, claro que dependendo das regulações internas e externas e respeitando a 
soberania em cada nação. 
 
 
 
Ocorre o bis in idem quando uma pessoa jurídica de direito público tributa 
mais de uma vez o mesmo sujeito passivo sobre o mesmo fato gerador. Não há, no 
texto constitucional brasileiro, uma vedação genérica expressa ao bis in idem. 
Apesar da inexistência de vedação genérica ao bis in idem, há de se recordar que o 
dispositivo constitucional que atribui à União Federal a chamada competência 
residual (CF, art. 154, I) exige que os novos impostos criados possuam fatos 
geradores e bases de cálculos diferentes dos discriminados na Constituição. 
 
É relevante destacar que na hipótese de bitributação, a União poderia tanto 
instituir um novo IR (tributo já compreendido em sua competência ordinária) quanto 
um novo ICMS (tributo compreendido na competência estadual). No primeiro caso, 
haveria bis in idem (o mesmo ente –União – cobrando mais de uma exação – IR 
ordinário e IR extraordinário de guerra – com base no mesmo fato gerador); no 
segundo, bitributação (dois entes –União e Estado – cobrando dois tributos – ICMS 
ordinário e ICMS extraordinário de guerra – sobre o mesmo fato gerador). A hipótese 
não traz uma invasão de competência alheia pela União Federal, mas sim um caso 
em que a União, extraordinária e temporariamente, passa a deter competência para 
tributar manifestações de riqueza já tributadas por outros. 
 
 
7 Ingrid de Lima Delgado 
 
 
É importante ressaltar que bitributação e bis in idem tributário, só serão 
admitidos quando expressamente autorizados pela Constituição Federal, de modo 
que o silêncio constitucional deve ser interpretado restritivamente, ou seja, como 
impossibilidade de haver dupla tributação sobre o mesmo fato gerador. Cumpre 
lembrar que tanto na bitributação, como no bis in idem tributário, as duas cobranças 
tributárias são constitucionais; vale dizer: são devidas pelo contribuinte. Aliás, reside 
justamente aí a diferença entre os meros casos de conflito de competência tributária 
e as hipóteses de bitributação e bis in idem. Nos casos de conflito de competência 
tributária, como IPTU x ITR, por exemplo, só um tributo é devido, de forma que o 
contribuinte poderá se valer de ação consignatória para sanar o problema. A 
situação é exatamente oposta nos casos de bitributação e de bis in idem, hipóteses 
em que, sendo devidos ambos os tributos, o contribuinte nada poderá fazer para 
afastar a cobrança de um deles. 
 
● P. da Capacidade Contributiva: De acordo com o art. 145, §1º, CRFB/88, o 
S.P. deverá contribuir na proporção de suas rendas e haveres, independente de sua 
eventual disponibilidade financeira (capacidade econômica e não financeira). Será 
com base nesse princípio que poderá admitir-se a tributação de atividades ilícitas 
(tributação da renda auferida pelo tráfico, por exemplo); 
● P. da Progressividade: A alíquota e a base de cálculo são elementos 
quantitativos do Fato Gerador. A alíquota é o percentual, a base de cálculo é a 
expressão econômica. Sendo assim, quanto maior for a base de cálculo (salário, por 
exemplo), maior será a alíquota (% que o S.P. irá pagar de IR). Aplica-se ao IPTU, 
ITR e IR. 
 
8 Ingrid de Lima Delgado 
● P. da Proporcionalidade: É um subprincípio que não está expresso na 
CRFB/88, mas não deixa de ter importância. Indica que o imposto incide sempre 
pelas mesmas alíquotas, independente do valor da base de cálculo, produzindo 
maior receita na medida em que maior for o valor do bem (maiores riquezas gerarãomaior tributação); 
 
● P. da Personalização: O legislador, ao criar a lei tributária, levará em conta 
as condições pessoais do contribuinte (como no IR o nº de dependentes e despesas 
médicas). A exceção a este P. é o imposto de transmissão causa mortis e doação, 
de quaisquer bens ou direitos (ITCMD), pois o art. 155, § 1º, IV determina que o 
Senado Federal fixará as alíquotas máximas de tal imposto; 
● P. da Seletividade: Quanto mais essencial for o produto, menor será a 
alíquota. Aplica-se ao IPI e ICMS, e com a EC 29/2000, também, aplica-se ao IPTU, 
disciplinando alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel, o 
que significa que o imposto municipal passa a ser seletivo em função do bairro ou 
região da cidade, ou da finalidade comercial. Para o IPI, deve-se seguir a Tabela de 
Incidência dos Impostos sobre Produtos Industrializados, onde estarão especificadas 
suas alíquotas, de acordo com a classificação do produto, variando de 0% a 
365,63% (atualmente, a maior alíquota é a do cigarro). 
→ Pelo valor da Liberdade Jurídica, em consonância com a Constituição 
Federal, a liberdade de tributação dos entes da federação é limitada. Deste valor 
fazem parte os seguintes princípios: 
 
● P. do Mínimo Vital e Não-Confisco: De acordo com estes, a tributação não 
pode ser maior que o patrimônio do indivíduo. O ente da federação não deve utilizar 
a tributação como forma de confisco (ex: não é cobrado IR sobre o salário mínimo). 
Deve ser tributado apenas o mínimo suficiente e vital para que o Estado possa atuar, 
sem efeito confiscatório; 
 
● P. da Vedação de Isenção Heterônoma: A União não deve conceder 
isenção de tributos que ela não tenha competência para instituir, até porque seria 
proibido pelo P. do Federalismo. As isenções heterônomas estão estabelecidas na 
CRFB/88, no seu artigo 151, inciso III e suas exceções estão previstas nos artigos 
155, §2°, XII, g e 156, §3°, III da CRFB/88; 
 
● P. da Não-Cumulatividade: Na operação posterior é descontado o que já 
foi cobrado em operação anterior. Hipoteticamente, uma madeireira, vende madeira 
para um fabricante por R$1.000,00. Sobre esse valor irá incidir o IPI de 10%, ou 
seja, R$100,00. A partir da madeira, o fabricante faz uma mesa e a vende por 
R$6.000,00, incidindo 10% do IPI sobre o produto. Deste modo, o valor a ser 
descontado será de R$500,00 (R$600,00 – R$100,00). A loja que comprou a mesa 
 
9 Ingrid de Lima Delgado 
do fabricante a vende por R$12.000,00, incidindo sobre esse valor 10% do IPI. O do 
valor do IPI pago pela loja então será de R$700,00 (R$1.200,00 – R$500,00). 
 
Ponto 3: Tributo 
 
Conceito (art. 3º do CTN): “Tributo é toda prestação (de dar valor em 
dinheiro) pecuniária (discriminado em dinheiro) compulsória (obrigatória), em moeda 
(moeda corrente) ou cujo valor nela se possa exprimir6, que não constitua sanção de 
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada (o tributo deve ser criado por lei e cobrado mediante atos e procedimentos 
administrativos)”. 
 
Obs: Fato gerador é um ato ou fato que se ocorrido gerará a obrigação de 
pagamento do tributo. Ele ocorre quando a previsão legal ocorrer no mundo dos 
fatos. A natureza jurídica do tributo será determinada pelo fato gerador. 
 
Os tributos são classificados a partir de vários critérios, mas o que mais 
interessa, neste momento, é o da contraprestação (ou hipótese de incidência). 
 
De acordo com referido critério, os tributos podem ser divididos em: 
 
● Vinculados: Ocorre uma contraprestação do ente da federação, como nas 
taxas e contribuições; 
 
● Não vinculados: Não existe uma contraprestação do S.A. O tributo é 
revestido para toda a coletividade, como todos os impostos e o empréstimo 
compulsório. 
 
Espécies Tributárias (classificação do STF): 
 
a- Imposto: É um tributo não vinculado a uma atuação estatal. A 
competência para instituir impostos é privativa de cada ente da federação. A 
hipótese de incidência será a que estiver estabelecida na lei para cada imposto 
específico. Tem autor que classifica os impostos em: direito (quem efetua o 
pagamento é o contribuinte de fato) e indireto (quem efetua o pagamento é o 
contribuinte de direito); reais (em relação aos bens) e pessoais (em relação às 
 
6 Segundo o art. 156, XI, é permita dação em pagamento em bens imóveis (devido à maior liquidez), 
na forma e condições estabelecidas em lei, como forma de pagamento do tributo. O S.A. tem a 
faculdade de aceitar essa forma de pagamento e o valor tem que ser maior ou igual ao valor da dívida 
tributária É possível aceitar bens moveis como forma de pagamento, desde que o S.P. não possua 
bem imóvel e que o móvel não seja perecível, segundo a doutrina. Deve-se atentar para o fato de que 
não se pode pagar tributos com títulos da dívida pública, pois para isso deve haver uma lei específica. 
A título de curiosidade, títulos da dívida agrária já puderam ser utilizados como forma de pagamento 
da dívida tributária, pois havia lei que disciplinava o tema, o que ocorreu de 2009 a 2010. 
 
10 Ingrid de Lima Delgado 
características pessoais); fiscal (fim arrendatório) e extrafiscal (fim de regular a 
política econômica do país - IPI); 
 
Obs.: Competência # Capacidade 
 
 Legislar sobre tributos Arrecadar, fiscalizar e cobrar tributos 
 Competência é indelegável Capacidade é delegável (art. 158 CF∕88) 
 
b- Taxa (serviços uti singuli): É um tributo vinculado a uma atuação 
estatal, que pode ser o serviço público ou o exercício regular do poder de polícia, ou 
seja, o fato gerador da taxa é o serviço público realizado ou colocado à disposição 
do contribuinte pela Administração Pública, ou o exercício regular do poder de 
polícia exercido pelo S.A. O fato gerador implica em uma atuação estatal. A 
competência é comum a todos os entes da federação. 
 
1ª Obs.: A lei de taxa de bombeiro foi declarada inconstitucional em um 
Município, pois nele não havia o serviço à disposição da população; 
2ª Obs.: Taxa de iluminação pública é uti universi, sendo, deste modo, 
inconstitucional; 
3ª Obs.: Taxa de resíduos sólidos é constitucional, já que se trata de serviço 
divisível (uti singuli); 
4ª Obs.: Taxa de asfaltamento é inconstitucional, haja vista ser uma obra 
pública, devendo ser cobrada através de contribuição de melhoria (é genérico e de 
utilidade pública); 
5ª Obs.: A taxa é instituída por lei, indelegável, compulsória e decorre de 
atividade estatal própria; 
6ª Obs.: O pedágio só será taxa se não for dada ao cidadão motorista uma 
opção de trânsito; 
7ª Obs.: Preço público decorre de atividades estatais improprias7, sendo 
delegável e dependendo da utilização pelo contribuinte. 
 
c- Contribuição de melhoria: É um tributo vinculado, pois o fato gerador 
consiste na efetiva valorização do imóvel do proprietário, provocada pela realização 
de uma obra pública. A manutenção de um bem público em virtude do desgaste pelo 
uso ou pelo tempo, não dá ensejo à cobrança da contribuição de melhoria, nem 
mesmo se de sua realização resultar valorização do imóvel do contribuinte. A 
competência é comum de todos os entes da federação. 
Obs.: O poder público deverá recolher, a título de contribuição de melhoria, o 
quantum da valorização experimentada pelo imóvel em decorrência da obra pública 
a ele adjacente, não podendo o Estado auferir lucros. 
 
 
7 Atividades exercidas por empresas privadas que se destinam às necessidades coletivas, como, por 
exemplo, o transporte. 
 
11 Ingrid de Lima Delgado 
d- Contribuições parafiscais ou especiais: São tributos vinculados ou não, 
a depender da hipótese de incidência. Elas têm fins determinados. Podem ser: 
 
- Contribuições sociais (competência comum): instituídas no interesse dofinanciamento da seguridade social ou de outros programas socais; 
- Contribuição de intervenção do domínio econômico (competência União): 
as CIDES são contribuições regulatórias, utilizadas como instrumento de política 
econômica para enfrentar determinadas situações que exijam a intervenção da 
União na economia do país. Os maiores exemplos são a CIDE sobre Royalties e a 
CIDE sobre Combustíveis; 
- Contribuição das categorias profissionais (competência União): É a 
contraprestação que se deve em razão da assistência prestada pelo Estado à 
determinado grupo da sociedade, da qual decorra benefício especial para o cidadão 
que dele participe, segundo Ricardo Lobo Torres8; 
Obs: A natureza jurídica da anuidade da OAB é suis generis, devendo ser 
cobrada por ação de cobrança e não por execução fiscal, pois é a única carreira que 
trabalha com a justiça (entendimento do STF) 
- Contribuição das categorias econômicas (competência da União): Sistema 
S. 
 
e- Contribuição de iluminação pública: É um tributo vinculado ao 
fornecimento de energia, serviço público uit universi, de competência privativa dos 
municípios e distrito federal; 
 
f- Empréstimo compulsório: É vinculado ou não, a depender da hipótese 
de incidência. A competência é exclusiva da União. São coativos, mas restituíveis, 
mediante comprovante. Os motivos para sua instituição estão na CRFB/88 (ART. 
148, I e II), como no caso de guerra externa, calamidade pública. Ex: energia elétrica 
(STF: AI 478579/SC), aquisição de veículo, gasolina (STF: AI 472111/SP). Quem 
admite essa espécie como tributo vinculado às despesas que originou, se baseia no 
art. 146, parágrafo único da CF∕88. 
 
Pontos 4 e 5: Capacidade e responsabilidade tributária – Sujeição ativa e passiva 
tributária 
Os sujeitos ativos da relação jurídica tributária estão disciplinados no artigo 
119 do CTN, são os que têm competência e capacidade tributária. 
A sujeição passiva tributária refere-se à pessoa que deve efetuar o 
pagamento de um tributo. O sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa 
natural ou jurídica, obrigada a seu cumprimento. Segundo o artigo 121 do Código 
 
8 TORRES, Ricardo Lobo – Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário, 4º vl. Rio de 
Janeiro, Renovar, 2007, p. 517. 
 
12 Ingrid de Lima Delgado 
Tributário Nacional (CTN) o sujeito passivo direto é o contribuinte e o indireto é o 
responsável. 
Capacidade tributária passiva é a aptidão para exercer direitos e assumir 
obrigações relativas a tributos. Segundo Ricardo Lobo Torres9, toda pessoa natural 
ou jurídica tem capacidade tributária, desde que tenha capacidade contributiva e 
seja indicada na lei. 
A capacidade tributária passiva independe (art. 126 do CTN): 
I – da capacidade das pessoas naturais: até mesmo um menor que possua 
bens imóveis ou obtenha rendimentos será contribuinte do IPTU ou do IR; 
II– o fato de a pessoa natural achar-se sujeita a medidas que importem 
privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou 
de administração direta de seus bens ou negócios: mesmo o advogado ou o 
engenheiro que estiver proibido de exercer a sua profissão, se auferirem renda, 
deverão pagar os tributos; 
III – de estar a pessoa jurídica regularmente constituída: todo o comércio 
informal pode ser sujeito passivo da obrigação tributária. 
Obs.: Embora o CTN não mencione no artigo 121, caput, também podem ser 
sujeitos passivos de uma relação jurídica tributária: os entes desprovidos de 
personalidade, como a massa falida, o espólio, o condomínio e outros. Deveria estar 
escrito neste artigo “aquele” e não “pessoa”, para poder abranger de forma expressa 
estes entes. 
Questão jurisprudencial controversa consiste na possibilidade ou não de 
uma sociedade em conta de participação ter capacidade tributária passiva. O STJ, 
no RESP 193690, já se posicionou no sentido negativo, já que quem é responsável 
pela empresa é apenas o sócio ostensivo (realiza às atividades), adquirindo direitos 
em seu nome e contraindo obrigações. 
- Etapas para a identificação do S.P. na relação jurídica tributária: 
 
1ª- Verificar se ocorreu o fato gerador. Se sim, vá para a 2ª etapa. Se não, 
verificar operação tributária acessória (autônoma à principal – obrigação de fazer, 
não fazer ou tolerar); 
 
2ª- Verificar se o S.P. é o contribuinte por interpretação literal. Há duas 
espécies de contribuinte: O de fato e o de direito. O primeiro é aquele que paga o 
tributo embutido no preço da mercadoria. O segundo é aquele que tem relação 
 
9 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 17. ed. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2010. p. 229. 
 
 
13 Ingrid de Lima Delgado 
direta com o fato gerador (didi). Se sim, você achou o S.P. Se não, vá para a 3ª 
etapa; 
 
3ª- Verificado que o sujeito passivo não é o contribuinte, por exclusão, 
teremos o responsável tributário (art.128 do CTN), o “garante”, aquele que deve 
pagar o tributo por determinação expressa da lei. Dentre as diversas espécies de 
responsabilidade temos: 
 
● Responsável tributário por sucessão tributária (arts. 129 a 134, do CTN, 
sendo que no art. 133 há inclusão de incisos e parágrafos realizados pela LC 
118/2005): 
 
- Quando se tratar de pessoa física, ocorrerá com a morte do contribuinte. O 
patrimônio deixado pelo de cujus é o espólio. A família poderá entrar com uma ação 
para abrir o inventário (se houver lide ou herdeiros incapazes) ou fazer o 
arrolamento dos bens (se não houver lide nem herdeiros incapazes). No primeiro 
caso, quem responderá pelo tributo será o espólio, representado pelo inventariante. 
No segundo caso, o responsável tributário será o espólio, representado pelo 
arrolante; 
 
- Quando se tratar de pessoa jurídica, dependerá da operação pela qual ela 
passa. No caso de transformação, a nova empresa será a responsável tributária. Se 
tratando de incorporação, a sociedade que incorporou será a responsável pela 
dívida tributária. Quando se tratar de fusão, a empresa originada será a responsável 
pelos tributos. 
 
Obs.: Não há responsabilidade tributária no caso de cisão de sociedades 
empresariais. 
Obs.: Taxas decorrentes do exercício do poder de polícia são intransferíveis, 
devido ao caráter pessoal. 
 
● Responsável tributário por substituição tributária: O objetivo é facilitar a 
arrecadação e fiscalização tributária. Para que esta espécie ocorra, ela deverá estar 
prevista na Constituição Federal, em Lei Complementar e Lei Ordinária. Há duas 
subespécies de substituição tributária: 
 
- Para frente (progressiva): Ocorre a antecipação do fato gerador, de modo a 
facilitar a arrecadação do tributo (quem está no início da cadeia é quem paga o 
tributo). Um exemplo é a cobrança do IPI da cerveja. É muito mais fácil cobrar seu 
IPI das indústrias do que de cada bar. Outro exemplo seria o de uma Indústria que 
vende o carro a R$30.000,00 para a concessionária e paga IPVA sobre esse valor. A 
concessionária, todavia, faz uma promoção, ofertando o carro a R$26.000,00. Neste 
caso, quem terá direito de recebera diferença será a indústria, desde que esta tenha 
autorização do consumidor final (STJ + 166 CTN). 
 
14 Ingrid de Lima Delgado 
Obs.: O STJ não aceitava essa subespécie de responsabilidade tributária até 
o ano de 2000. Após referido ano, o tribunal foi flexibilizando seu pensamento. 
 
- Para trás (regressiva): Neste caso, há o adiamento do pagamento do 
tributo (quem está no final da cadeia é quem paga o imposto). Uma hipótese de 
substituição tributária regressiva seria o caso de um industrial (de uma indústria de 
leite), ser responsável pelo ICMS devido pelo produtor rural. Quanto a essa 
substituição tributária, o STJ nunca se manifestou contrário, haja vista a facilidade de 
arrecadação e fiscalização pelo Fisco. 
 
● Responsáveltributário por subsidiariedade (art. 134 do CTN) e 
solidariedade (arts. 124, I e II, 125 e 135 do CTN): 
 
O responsável subsidiário responde se o devedor principal não puder 
assumir a obrigação tributária. Isto significa que o sujeito ativo deverá promover 
execução fiscal primeiro em face do contribuinte; caso este não possua bens 
penhoráveis, poderá dirigir-se contra terceiros. 
Em uma empresa, quem responde pelos tributos, em primeiro lugar, é ela. 
Caso não tenha dinheiro para arcar com a dívida, agindo com dolo, fraude ou 
simulação, o responsável tributário será o sócio administrador. Neste caso, o sócio 
administrador será o responsável subsidiário. Em terceiro lugar, apenas quando se 
tratar de contribuição previdenciária (artigo 124, inciso II do CTN), os responsáveis 
tributários serão todos os sócios, de maneira solidária. 
Obs: A prescrição para contribuição previdenciária é de 5 anos, de acordo 
com súmula 8 do STF. 
 
● Responsável tributário por infração à lei: A responsabilidade por infração à 
legislação tributária é objetiva, independente da intenção do agente ou do 
responsável. 
Há diferenças entre o Direito Tributário Penal e o Direito Penal Tributário. No 
primeiro, a sanção será multa (moratória ou punitiva) e será aplicada pela 
Administração Pública. No segundo, a sanção será a pena (privativa de liberdade ou 
restritiva de direito) e∕ou multa e será aplicada pelo Poder Judiciário. No Direito 
Tributário Penal não se fala em crime, mas em infração à legislação tributária. 
 
Obs.: As convenções entre particulares não serão válidas perante a Fazenda 
Pública, como, por exemplo, nas convenções contratuais realizadas entre locador e 
locatário para que o segundo pague o IPTU. O locador continua a ser o sujeito 
passivo numa relação jurídica tributária (art. 123 do CTN). AgRg no REsp 
836089/SP: “O locatário, por não ostentar a condição de contribuinte ou de 
responsável tributário, não tem legitimidade ativa para postular a declaração de 
inexistência da relação jurídica tributária, bem como a repetição de indébito referente 
ao IPTU, à Taxa de Conservação e Limpeza Pública ou à Taxa de Iluminação 
Pública”. 
 
15 Ingrid de Lima Delgado 
 
Ponto 6: Obrigação tributária (art. 113 c∕c art. 110, ambos do CTN) 
 ↓ ↓ 
 Legislador tratou Utilizar conceito 
 das espécies do CC∕0210 
 de obrigações 
 
O legislador mesclou os referidos artigos para definir obrigação tributária. 
Deste modo, obrigação tributária é o vínculo jurídico mediante o qual o ente da 
federação deve exigir do sujeito passivo o crédito tributário (valor do tributo e∕ou o 
valor da penalidade tributária). 
 
- Espécies de obrigação tributária (art. 113, §1º, 2º e 3º do CTN): 
 
● Obrigação tributária principal (art. 113, §1º do CTN): Tem como prestação 
dar dinheiro. Ela é criada por lei e nasce concomitante ao fato gerador; 
 
● Obrigação tributária acessória (art. 113, §2º do CTN): É totalmente 
autônoma, independente da principal, diferentemente do que ocorre no Direito Civil, 
onde a obrigação acessória segue a principal. Pode ter como prestação fazer (emitir 
nota fiscal), não fazer (não rabiscar livros fiscais) e tolerar (fiscalização). 
 
De acordo com o §3º, do art. 113 do CTN, com o descumprimento de uma 
obrigação acessória, o sujeito passivo deverá pagar uma multa (obrigação de dar), 
sendo, deste modo, uma obrigação principal. 
 
Pode a União estabelecer obrigação tributária acessória apenas para 
grandes empresas? Isso feriria o P. da Isonomia? 
 
A União pode criar uma obrigação tributária acessória apenas para grandes 
empresas, visto que se fosse criada também para pequenas e médias empresas 
poderia onerá-las demasiadamente, podendo comprometer até seu funcionamento. 
Sob o aspecto da igualdade material, essa atitude não feriria o P. da Isonomia. 
 
Segundo o STJ, obrigações inexequíveis não devem ser cumpridas, como 
no caso em que o estado de São Paulo queria obrigar a UOL a mandar Nota Fiscal 
para todos os seus clientes. 
 
Ponto 7: Crédito Tributário (tributo+multa) 
 
 
10 Obrigação (Caio Mário da Silva Pereira): “É o vínculo jurídico mediante o qual o credor pode exigir 
do devedor uma prestação economicamente apreciável”. 
 
16 Ingrid de Lima Delgado 
É um direito, determinado por lei, de o sujeito ativo exigir do sujeito passivo o 
valor do tributo e da penalidade tributária. Havendo atraso no pagamento do tributo, 
o sujeito passivo pagará multa moratória; se ele descumpre obrigação acessória, 
pagará multa punitiva. 
 
O crédito tributário passa por diferentes momentos de eficácia: 
 
1º - Ocorrência do fato gerador: o crédito tributário nasce com o fato gerador; 
 
2º - Pelo lançamento notificado, notificação do auto de infração ou pela 
decisão administrativa definitiva, o crédito tributário se torna exigível (é exigível do 
sujeito passivo o pagamento do crédito tributário); 
 
3º - Com a inscrição nos livros da dívida ativa (CDA), o crédito tributário se 
torna exequível, dotado de certeza e liquidez, ou seja, o sujeito ativo pode cobrar o 
tributo e∕ou multa por meio da ação de execução fiscal. 
 
 Notificação, ao SP, Inscrição em dívida ativa, Ação de 
Fato Gerador Lançamento do lançamento se o SP estiver em mora execução fiscal 
___↑_____ ___↑______ _ _↑_______________ _↑__________ __ __↑_____ 
 
A partir da existência do fato gerador, deve ocorrer o lançamento (art. 142 do 
CTN), que é algo que irá legitimar o Fisco a proceder com a cobrança do crédito 
tributário. Na prática, o lançamento é um conjunto de atos, que objetiva verificar a 
existência do crédito tributário a ser exigido. Ele deve ser realizado, sob pena de 
responsabilidade funcional. 
 
Modalidades de lançamento: 
 
● De ofício ou direito (art. 149 do CTN e 145 a 156 da CF∕88): Não existe a 
participação do sujeito passivo no lançamento. O sujeito ativo realiza o lançamento 
direito. São exemplos de lançamento de ofício o realizado na contribuição de 
melhoria, de iluminação pública, IPTU, IPVA, taxas; 
 
● Por declaração ou arbitramento (art. 147 do CTN): Existe a participação do 
sujeito passivo. Este informa o fato gerador ao sujeito ativo e ele calcula o valor do 
tributo, como ocorre no II, IE, ITCMD e ITBI; 
 
● Por homologação ou auto declaração (art. 150, §4º do CTN): O sujeito 
passivo recolhe o tributo sem que haja o lançamento do sujeito ativo. 
Posteriormente, o sujeito ativo confirma ou não o valor. Caso haja diferenças, elas 
serão realizadas pelo lançamento de ofício. É o caso do ITR, ICMS, IPI, ISS, 
COFINS, PIS, contribuição previdenciária, IOF e CPMF. 
 
 
17 Ingrid de Lima Delgado 
Ponto 8: Suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) 
 
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário significa o impedimento 
temporário da cobrança e da executoriedade deste. Regra geral, só se suspende 
após o lançamento. Suspende tanto o prazo prescricional quanto a execução fiscal. 
As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário são taxativas, 
podendo ser interpretadas, apenas, restritivamente. Estão previstas no art. 151 do 
CTN: 
 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário (MOR DE R LIM 
PAR) 
 
I – moratória: É aplicada em situações de calamidade pública ou de 
conjuntura econômica desfavorável. É o aumento do prazo para pagamento do 
tributo, podendo ocorrer antes ou depois da data de seu vencimento. Deve ser 
instituída por lei e ter despacho do agente fiscal. 
* A moratória não gera direito adquirido; 
 
II - o depósito do seu montante integral: Só é válido o depósito de dinheiro,segundo a súmula 112 do STJ. Não há necessidade do contribuinte pagar o débito 
para depois impugná-lo, sendo uma faculdade do sujeito passivo (não prevalece o P. 
do solve et repete). A vantagem de depositar o montante integral é a suspensão de 
juros, correção monetária e multas (art. 9º, §4º, LEF). 
*O que suspende o crédito tributário é o depósito e não a autorização judicial 
de depósito; 
 
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do 
processo tributário administrativo: Ocorre na esfera administrativa. Qualquer 
reclamação e∕ou recurso na esfera judicial não suspende o crédito tributário. 
*É inconstitucional a lei que determina depósito do valor do tributo para 
recorrer, pois fere o acesso à justiça, contraditório e ampla defesa (Súmula 21 do 
STF); 
 
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança: Mesmo 
concedida medida liminar, os juros continuam correndo, pois o único caso em que se 
suspende jutos e correção monetária é o depósito do valor integral; 
 
V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras 
espécies de ação judicial; 
 
VI - o parcelamento: Não possui os requisitos de calamidade pública e 
situação econômica desfavorável, mas depende de lei específica. Só o requerimento 
do parcelamento não suspende a exigibilidade do crédito tributário, devendo-se, 
além de requerer, pagar a primeira parcela para que ele seja suspenso. 
 
18 Ingrid de Lima Delgado 
*O sujeito passivo terá direito a uma certidão negativa de débitos quando 
quitar o tributo. Quando o crédito tributário estiver parcelado e o sujeito passivo 
quiser mostrar que está adimplente com o parcelamento, ele terá direito a uma 
certidão positiva com efeitos de negativa (comprova a boa-fé do sujeito passivo). 
 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das 
obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja 
suspenso, ou dela consequentes: Obrigações acessórias não se suspendem. 
 
Ponto 9: Extinção do crédito tributário 
 
É o desaparecimento da exigibilidade do crédito tributário A enumeração das 
causas de extinção do crédito tributário é exemplificativa. Há outras espécies 
previstas no Código Civil (art. 381, 360), que podem ocorrer no Direito Tributário, 
como confusão (a mesma pessoa se confunde na qualidade de credor e devedor - 
ente tributante tenha recebido herança jacente ou tenha estatizado empresas 
privadas); a morte do devedor que não deixa bens; novação (quando o devedor 
contrai nova dívida para extinguir a anterior), nos termos do artigo 110 do CTN. 
 
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
 
I - o pagamento: É a forma mais espontânea de extinção e deverá ser 
realizado em dinheiro. 
Suas características são: 
● Prova do pagamento: recibo, certidão negativa de débitos e certidão 
positiva de débitos com efeitos de negativa; 
● Lugar: Regra geral, primeiro o domicílio de eleição, caput do art. 127, e 
depois as hipóteses dos incisos I/III do art. 127 c/c art. 159 do CTN; 
● Tempo: Regra geral, a lei fixa o prazo; 
● Forma: Regra geral, o pagamento se dá perante a rede bancária. Todavia, 
há casos em que o pagamento tem formalidade própria, podendo o Fisco escolher o 
débito a ser extinto (imputação em pagamento), consignar (consignação em 
pagamento) ou repetir o indébito (repetição de indébito). 
*O Fisco não pode interditar estabelecimento ou apreender mercadorias 
como meio coercitivo para pagamento de tributos, pois para isso já possui um meio, 
qual seja a ação de execução fiscal (verbetes 70 e 323 do STF). 
 
II - a compensação: Para que exista a compensação é necessário que haja 
lei específica; créditos líquidos e certos, vincendos ou vencidos; as partes devem ser 
as mesmas; e o crédito tributário deve ser da mesma espécie (mesma competência 
tributária e mesma competência constitucional). 
*Só se pode conceder compensação depois da sentença transitada em 
julgado. 
 
 
19 Ingrid de Lima Delgado 
III - a transação: Possível em Direito Tributário. A transação pode ocorrer, 
desde que autorizada por Lei. Versa tanto sobre o quantum debeatur (valor do 
tributo e/ou penalidade tributária) ou sobre a forma de pagamento – art. 171 do CTN. 
OBS.: A transação implica concessões mútuas entre o sujeito passivo e o 
sujeito passivo. Seu objetivo é a finalização de litígios entre as partes, extinguindo o 
crédito tributário. 
OBS.: O parcelamento de dívida não deve ser considerado como transação, 
primeiro porque não extingue o crédito, segundo porque não ocorrem concessões 
mútuas, apenas a Administração torna o pagamento mais viável para o devedor 
dividindo o seu crédito em prestações periódicas; 
 
IV - remissão: Perdão total ou parcial do crédito tributário, a depender de lei 
e somente nas hipóteses dos incisos do art.172 do CTN; 
 
V - a prescrição e a decadência: A decadência é a perda do direito de fazer 
o lançamento do crédito tributário (constituí-lo), e a prescrição é a perda do direito de 
ajuizar ação de execução fiscal (cobrá-lo judicialmente). 
*Caso o contribuinte tenha pago o crédito tributário e tenha ocorrido a 
prescrição ou decadência, ele tem direito à restituição (não há como pagar uma 
coisa que não existe). 
**Contagem do Prazo: Art. 210, caput, do CTN e verbete 310 da súmula do 
STF: Exclui o dia do início e inclui o dia do vencimento. 
 
● Decadência: Há uma diferenciação da contagem do prazo a partir da 
modalidade do lançamento: 
 
a- Lançamento de ofício ou por declaração (art. 173, I, CTN11): 5 anos 
contados do primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao fato gerador. 
Ex: Fato gerador ocorreu em 10∕05∕2013, então se contará 5 anos a partir 
01∕012014. Todavia, conforme se sabe que dia 01∕01∕2014 é feriado mundial e, de 
acordo com a súmula 310 do STF, o termo a quo da decadência será dia 02∕01∕2014, 
sendo o dia 02∕01∕2019 o termo ad quem; 
 
b- Lançamento por homologação: Sabemos que nesse lançamento o 
sujeito passivo recolhe o tributo sem que haja o lançamento do sujeito ativo, ou seja, 
ele antecipa o pagamento. 
b.1- Se o sujeito passivo antecipou o pagamento do tributo, ele agiu de boa-
fé. Deste modo, será aplicado o art. 150, §4º do CTN: 5 anos contados a partir do 
fato gerador. 
Ex: Fato gerador ocorre em 10∕03∕2002. O último dia para o lançamento será 
10∕03∕2007; 
 
 
11 Remissão ao art. 142 do CTN 
 
20 Ingrid de Lima Delgado 
b.2- Se o sujeito passivo não antecipou o pagamento do tributo, ele agiu de 
má-fé, segundo doutrina e jurisprudência. Desta feita, será aplicada ao caso a tese 
do STJ: 5 anos a partir do fato gerador (art. 150, §4º do CTN) + 5 anos contados do 
primeiro dia do exercício financeiro seguinte (art. 173, I, CTN). 
Ex: Fato gerador ocorre em 10∕03∕2002: 
 
 10∕03∕2002 → + 5 anos → 10∕03∕2007 01∕01∕2008 → + 5 anos → 02∕01∕20013 
_____↑________________↑________________↑_________________↑__________ 
 Fato Gerador 1º dia do exercício Último dia para realizar o 
 financeiro seguinte lançamento (Sum. 310 STF) 
Obs.: Após 01∕12∕2009, a contagem do prazo decadencial para as espécies 
de tributos cujo lançamento seja por ofício e declaração será de acordo com o art. 
173, I, CTN e a contagem de prazo para as espécies de tributos cujo lançamento 
seja por homologação será de acordo com art. 150, §4º do CTN. Ocorrendo fraude, 
dolo, simulação ou ausência do pagamento, a regra será a do art. 173, I, CTN, não 
importando a modalidade do lançamento. 
● Prescrição: Sua contagem é mais simples do que a do prazo decadencial. 
Será de acordo com o art. 174do CTN. Conforme determina referido artigo, a ação 
para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da 
sua constituição definitiva. E quando ocorre a constituição definitiva do crédito 
tributário? 
 
Pode ocorrer em três momentos: 
 
a- Na data de notificação do lançamento do crédito tributário; 
b- Na data de notificação do auto de infração; 
c- Na data de notificação da decisão administrativa impugnada 
 
Obs: Atentar-se às causas de suspensão (art. 151 do CTN) e interrupção 
(174, p. único do CTN). 
 
* Prescrição intercorrente: Ocorre após o ajuizamento da ação de execução 
fiscal. A partir da citação do réu, se o Fisco se mantiver inerte por mais de 5 anos, 
deverá ser decretada a prescrição intercorrente. Está prevista no art. 40, §4º da lei 
6830∕80 (LEF). Ela pode ser conhecida de ofício, mas é preciso ouvir a Fazenda 
Pública? 
Uma corrente diz que sim, de acordo com o 40, §4º da lei 6830∕80 (LEF é 
especial em relação ao CPC). Uma segunda corrente alega que não, sob o 
argumento de que o CPC, sem seu art. 219 (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 
2006) diz que não há necessidade de que a Fazenda pública seja ouvida (Lei mais 
nova deve prevalecer). 
 
VI - a conversão de depósito em renda: Ocorre em duas hipóteses: 
 
21 Ingrid de Lima Delgado 
- No processo judicial: só será convertido o depósito em renda após o 
trânsito em julgado da decisão favorável ao Fisco; 
- No processo administrativo: se o depósito foi realizado no processo 
administrativo: a conversão ocorrerá 30 dias após a notificação do devedor, desde 
que ele não recorra ao Judiciário. 
Obs.: Caso o depósito tenha sido integral, não há de se falar em correção. 
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos 
do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; 
 
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do 
artigo 164: quando julgada procedente a ação de consignação em pagamento, a 
conversão do respectivo montante em renda extingue o crédito tributário; 
IX - a decisão administrativa irreformável (favorável ao sujeito passivo), 
assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto 
de ação anulatória: Caso ocorra vício no processo administrativo, como por 
exemplo, o cerceamento de defesa do contribuinte, caberá reabertura do processo 
para correção de vício sanável, tanto em sede administrativa quanto em sede 
judicial; 
X - a decisão judicial passada (transitada) em julgado: Esta hipótese de 
exclusão foi incluída no rol de hipóteses apenas com a finalidade de complementar 
metodologicamente a relação, pois a decisão judicial DEFINITIVAMENTE transitada 
em julgado, por si só, já é absoluta (art. 5º, XXXVI da CRFB), não se sujeitando a 
alteração, mesmo em razão de lei, somente por meio de ação rescisória; 
XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições 
estabelecidas em lei: A doutrina permite a dação em pagamento de bem móvel, 
desde que o sujeito passivo não possua bem imóvel e que o bem móvel não seja 
perecível. 
Obs.: Títulos da dívida pública não podem ser usados como pagamento. 
Para que isso ocorra, é necessário que haja lei específica. 
 
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial 
do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, 
observado o disposto nos artigos 144 e 149. 
 
Ponto 10: Exclusão do crédito tributário 
 
É a retirada do crédito tributário do mundo jurídico. Frisa-se que as 
obrigações tributárias acessórias continuam sendo devidas, conforme preceitua o 
art. 175 do CTN. 
 
 
22 Ingrid de Lima Delgado 
Modalidades de exclusão: 
● Isenção (arts. 176 a 179 do CTN): dispensa legal do pagamento do valor 
do tributo devido. O fato gerador ocorre posteriormente à lei que concede a isenção, 
por motivos político, econômico e social. 
A isenção pode ser classificada quanto à: 
 
- Contraprestação: Gratuita (não exige contraprestação e pode ser revogada 
a qualquer tempo) e Onerosa12 (exige contraprestação, não pode ser revogada a 
qualquer tempo e é concedida sob determinado prazo e condição). 
* A isenção onerosa gera direito adquirido para as empresas que gozam 
dessa modalidade de exclusão do crédito tributário, conforme verbete 544 do STF; 
As empresas que ainda não obtiveram a isenção não possuem tal prerrogativa. 
 
- Natureza dos seus destinatários: Subjetiva (característica do sujeito 
passivo, como no caso da viúva, que é isenta de IPTU em Juiz de Fora) ou objetiva 
(características dos bens móveis e imóveis, como ocorre com carros antigos, que 
são isentos de IPVA em algumas localidades) 
* Isenção Heterônoma (art. 151, III, CF∕88): Isentar é excepcionar a lei de 
tributação e só quem pode excepcionar essa lei é o ente competente para tributar. 
Só isenta quem pode tributar. 
 
● Anistia (art. 180 do CTN): Refere-se somente ao não pagamento de 
penalidades cometidas anteriormente à vigência da lei que a conceder. 
 
A anistia pode ser classificada como: 
 
- Geral: Concedida igualmente a todos que estão na mesma condição; 
- Limitada: Até determinados valores ou região da entidade tributante; 
- Condicional: Condiciona a anistia das penalidades ao pagamento do tributo 
no prazo estabelecido. 
 
* Nenhuma anistia gera direito adquirido; 
 
Tabela diferenciadora das espécies exonerativas do Direito Tributário: 
 
 
 
 
 
 
● Imunidade 
Limitação constitucional ao poder de tributar. 
Pode ser concedida pela constituição CF∕88. 
 
12 Art. 178 do CTN: A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas 
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no 
inciso III do art. 104 (art. 150, III, b, CF∕88 + art. 150, III, c, CF∕88). 
 
23 Ingrid de Lima Delgado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
● Isenção 
Dispensa legal do pagamento do 
tributo. 
REVOGADA, readiquire sua 
eficácia, observado o P. da 
Anterioridade (nonagesimal e do 
exercício financeiro) 
Lei orgânica municipal não pode conceder 
imunidade. 
IRREVOGÁVEL 
____________________________________ 
 
● Não incidência 
Vácuo existente na lei tributária, como 
ausência de juridicidade tributária pelo plano 
normativo. Pode ser expressa ou tácita. 
____________________________________ 
 
● Alíquota zero 
A alíquota estabelecida pela lei é zero, o 
percentual vem discriminado (vem expresso 
o número 0) 
____________________________________ 
 
● Anistia 
Dispensa legal do pagamento das 
penalidades cometidas anteriormente à 
vigência da lei que a conceder. Crimes e 
contravenções penais não entram aqui. 
As infrações cometidas posteriores à lei que 
concede a anistia chama-se revogação de 
infração ou sanção. 
REVOGADA, readquire sua eficácia, 
observado o P. da Anterioridade 
(nonagesimal e do exercício financeiro). 
____________________________________ 
 
● Remissão 
Dispensa legal do pagamento do crédito 
tributário (tributo + penalidades) nos casos 
taxativamente previstos no art. 172 do CTN. 
Não havendo os requisitos do referido artigo, 
será hipótese de isenção ou anistia. 
 
 
Obs.: Revogada a isenção e a anistia, a norma de incidência readquire a sua 
eficácia (observado o princípio da anterioridade: artigo 150, inciso III, b e c da 
CRFB/88 c/c o §1° do mesmo dispositivo). Já a imunidade é irrevogável, por se 
referir a direitos fundamentais, salvo se for por emenda à CRFB/88. 
 
24 Ingrid de Lima Delgado 
 
 
Ponto 11: Garantias, privilégios e preferências do crédito tributário 
 
● Garantia significa tornar o pagamento do crédito tributário seguro. 
Garantias em sentido amplo abrangem: garantias em sentido estrito, privilégios e 
preferências. 
 
Garantias em sentido estrito (art. 183, CTN): são meios jurídicos de que 
dispõe a Fazenda Pública para assegurara satisfação do crédito tributário, ou 
modos de assegurar o direito, e dar eficácia ao cumprimento da obrigação tributária. 
 
O CTN estabelece garantias do crédito tributário, em sentido amplo, de 
forma meramente exemplificativa. Exemplo: art. 64 da Lei 9.532/97 que trata de 
arrolamento de bens. 
● Privilégios (art. 184, CTN): trata-se da posição de superioridade que 
desfruta o crédito tributário em relação aos demais créditos. São direitos conferidos 
à Fazenda Pública que não correspondem aos conferidos aos demais litigantes em 
geral (desde que visando ao interesse público em questão, não há ofensa ao 
princípio constitucional da isonomia). 
O art. 184 trata deste privilégio da universalidade, apesar da jurisprudência 
tratar da garantia da universalidade. Respondem pelo pagamento de créditos 
tributários a totalidade dos bens e rendas do devedor, de seu espólio ou de sua 
massa falida, ainda que gravados com ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou 
impenhorabilidade, excetuados apenas os casos legais de impenhorabilidade 
absoluta (bem de família, art. 649 do CPC, com exceção do inciso I). 
Sobre o bem de família, vale destacar o art. 3º, IV da Lei 8009∕90 (Lei de 
Impenhorabilidade do bem de família): 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução 
civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: 
(...) 
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições 
devidas em função do imóvel familiar; 
A partir do referido dispositivo é possível concluir que o bem de família pode 
ser penhorado no caso de crédito tributário oriundo de IPTU, ITR, taxas (de incêndio) 
e contribuições de melhoria derivadas do imóvel. 
● Preferências (art. 186 do CTN): É o direito que tem o credor, no caso a 
Fazenda Pública, de satisfazer seus créditos antes dos demais credores, em caso 
 
25 Ingrid de Lima Delgado 
de execução coletiva. Regra geral, os créditos tributários vão preferir aos demais, 
com exceção do crédito trabalhista e daqueles decorrentes de acidente de trabalho 
(devido à natureza jurídica alimentar). 
● Fraude à execução fiscal (art. 185 do CTN): Presunção relativa de fraude 
na alienação (a título oneroso ou gratuito) de bens, salvo se o devedor reservar bens 
suficientes para o pagamento de suas dívidas. 
Antes da Lei Complementar 118∕05, haviam três entendimentos sobre o 
sobre o momento a partir do qual a lei presume, de forma relativa, o conluio entre 
alienante e adquirente: 
1º - Hugo de Brito Machado: O momento em que ocorre a fraude é a partir 
da inscrição do crédito tributário na CDA; 
2º - Luciano Amaro: Ocorre quando o S.A. ajuíza a ação de execução fiscal; 
3º - STJ: Acontece com a citação do sujeito passivo, não bastando a 
propositura da ação. 
A posição que se manteve foi a primeira, com a adição da palavra 
“regularmente” inscrito em dívida ativa (alteração do artigo 185 do CTN pela LC 
118/05). 
Voltando ao tema privilégio, suscitada dúvida acerca do concurso de 
credores entre pessoa jurídica de direito público e particulares, importante esclarecer 
que os créditos tributários terão preferência sobre quaisquer outros, exceto aqueles 
referentes a dívidas de natureza trabalhista e decorrente de acidente de trabalho, já 
que o próprio dispositivo legal trata da impossibilidade de sujeição do crédito 
tributário a concurso de credores. 
Todavia, é possível haver concurso de credores entre pessoas jurídicas de 
direito público. O concurso entre Fazendas resolve-se da seguinte forma, em ordem 
de privilégio e de preferência ( artigo 187, parágrafo único do CTN) : 
 
1º União; 
2º Autarquias Federais; 
3º Estados∕ Distrito federal (conjuntamente e pro rata); 
4º Autarquias Estaduais∕ Distritais; 
5º Municípios; 
6º Autarquias Municipais. 
Os municípios já ajuizaram ação de inconstitucionalidade ao referido 
dispositivo, por acreditarem estar prejudicados. Todavia, o verbete 563 do STF, 
determinou que este parágrafo é constitucional, já que é compatível com o P. 
Federativo. 
 
26 Ingrid de Lima Delgado 
Ponto 12: Administração tributária, Sigilos e Certidões 
- Administração tributária: 
Um dos objetivos da Administração Tributária é informar, dar apoio técnico 
ao contribuinte. Para isso, alguns entes da Federação possuem o CAC (Central de 
Atendimento ao Contribuinte). Outros objetivos são arrecadar o crédito tributário, 
fiscalizar as obrigações tributárias principal e acessória. 
Está prevista do art. 194 ao 208 do CTN 
Estrutura da Administração Tributária é a seguinte: 
Federal – O governo promoveu alteração na estrutura interna do Ministério 
da Fazenda. Desta forma, para administrar os tributos federais foi criada a Secretaria 
da Receita Federal que possui setores para: Tributação, Arrecadação, Fiscalização e 
Informações Econômico-Fiscais. 
Estadual - Na esfera estadual, as Secretarias de Fazenda são estruturadas 
dentro do Poder Executivo. A parte relativa à Administração tributária, além das 
unidades internas (Departamentos, Divisões, Setores e Seções), compõe a sua 
estrutura órgãos ou repartições descentralizadas, são elas: as Delegacias Regionais 
da Fazenda, Inspetorias da Fazenda, Agências Fazendárias e Postos Fiscais. O 
Departamento da Receita é o órgão responsável pela fiscalização e arrecadação. 
Municipal - Em prefeituras de capitais ou cidades mais populosas, onde o 
índice de arrecadação da receita derivada é bastante expressivo, os órgãos da 
Administração Tributária são estruturados dentro da Secretaria de Finanças. Em 
cidades de orçamento público pouco significativo, em termos de recursos 
financeiros, adota-se a terminologia de Divisão, Setor ou Seção de Rendas. Nas 
estruturas organizacionais, os regimentos baixados por Decretos do Prefeito 
Municipal, estão explicitadas atribuições do Secretário de Finanças. O Departamento 
da Receita é o órgão responsável pela fiscalização e arrecadação. 
Todo e qualquer ato da Administração Tributaria só tem validade se 
praticados por quem tenha competência para tanto. Essa competência é atribuída 
pela legislação. Por isso, qualquer ato praticado é considerado vinculado. 
Direito de examinar obrigação tributária acessória por parte do sujeito 
passivo - Art. 195: Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação 
quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar 
mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, 
dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. 
 
27 Ingrid de Lima Delgado 
Arquivo referia-se ao móvel de aço. Hoje, todavia, esse termo alcança 
também as cópias de registros comerciais e fiscais feitas em programas de 
informática. 
Parágrafo único do art. 195 do CTN - Os livros obrigatórios de escrituração 
comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão 
conservados até que ocorra a prescrição (art. 174 do CTN) dos créditos tributários 
decorrentes das operações a que se refiram (Verbete 439 da Súmula do STF). 
- Sigilos: 
O sigilo fiscal refere-se à proteção de dados que dizem respeito às relações 
jurídicas financeiras e tributárias do sujeito passivo com os entes da Federação que 
têm competência para tributar. 
Para fiscalizar a atividade de determinada empresa, no que concerne aos 
tributos de competência do ente fiscalizador, este não necessitará de autorização 
judicial para realizar a fiscalização, já que esta atividade deverá estar delimitada por 
Lei. 
A proibição que está no art. 198, caput, do CTN se dirige a Fazenda Pública, 
vale dizer, a pessoa jurídica de Direito Publico, e também aos seus funcionários. 
Violada a proibição, responde a Fazenda Pública civilmente. É obrigada a indenizar 
os danos que porventura a divulgação venha causar, e pode agir regressivamente 
contra o funcionário, se houver dolo ou culpa deste (art. 37,§6º da CRFB/88). Já o 
funcionário, além de responder civilmente perante a Fazenda Pública, tem ainda a 
responsabilidade criminal, posto que o Código Penal, no capítulo em que cuida dos 
crimes praticados contra a Administração em Geral, considera crime “revelar fato de 
que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
lhe a revelação” (art. 325 do CP – CRIME DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL). 
O dever do sigilo profissional ou funcional , todavia, não impede a Fazenda 
Pública de prestar as informações requisitadas pelas autoridades judiciárias, no 
interesse da Justiça. Nem a União, os Estados, o DF e os Municípios prestem uns 
aos outros, informações na forma estabelecida em lei ou convênio. Aliás, a 
prestação de assistência mútua e a permuta de informações entre a as Fazendas 
Públicas constitui um dever estabelecido pelo próprio CTN. Depende, entretanto, de 
previsão de lei ou convênio (art. 199 do CTN). 
O dever de informar (art. 197 do CTN) encontra limite no denominado sigilo 
profissional. O advogado, por exemplo, tem o direito e também o dever de não depor 
sobre fatos dos quais tenha tomado conhecimento no exercício da profissão (Lei 
8906/94 – art. 7º, XIX). É importante, porém, distinguir o fato do qual tem o 
profissional conhecimento em razão de sua atividade daqueles de que conhece em 
 
28 Ingrid de Lima Delgado 
razão de uma atividade qualquer que desenvolve e que, todavia, não é especifica de 
sua profissão. 
O sigilo fiscal não se aplica as autoridades judiciárias e as CPIs, que, 
fundamentadamente, podem requisitar informações das repartições tributárias (art. 
58, § 3º da CRFB/88). 
Caso o contribuinte ou o responsável não deixe a autoridade fiscalizadora 
adentrar em seu estabelecimento, o artigo 200 do CTN estabelece a possibilidade 
de requisição de força pública. O pressuposto de legitimidade da requisição é o fato 
de haver sido a autoridade administrativa vítima de embaraço ou desacato no 
exercício de suas funções ou, também, o fato de ser o auxílio da força pública 
necessária a efetivação de medida prevista na legislação tributária. 
Embaraço é qualquer forma de resistência a atividade fiscal. Não apenas a 
que configure o delito de resistência previsto no art. 329 do CP. Desacato é crime 
previsto no art. 331 do CP. Todavia, são irrelevantes, para os fins do art. 200 do 
CTN, as controvérsias doutrinarias a respeito da configuração do delito de desacato. 
Conforme tem decidido o STF, não cabe a quebra do sigilo bancário com 
base tão somente em procedimento administrativo fiscal, pois os bancos têm o dever 
de sigilo imposto por Lei (art. 38 da Lei 4595/64), e a quebra de tal sigilo depende de 
ordem judicial ou de CPI. Quanto a possibilidade de o Ministério Público requisitar 
diretamente informações bancárias as instituições financeiras, há divergências: O 
STJ entende que o MP, também, deve pedir a quebra ao juiz. O STF, contudo, já 
deliberou pela possibilidade de o ministério público requerer diretamente as 
informações às instituições financeiras quando se tratar de envolvimento de dinheiro 
ou verbas públicas, nos termos do princípio da publicidade inscrito no art. 37 da 
CRFB/88. 
- Certidões: 
Para praticar certos atos, como obter passaporte e viajar para o exterior, 
habilitar-se a concorrência pública ou fornecer produtos ou serviços para repartições 
e outros, a lei exige que o interessado exiba certidão negativa de débito, de quitação 
do pagamento de algum ou alguns tributos. 
De acordo com o art. 5º da CRFB/88, a todos assegurados, 
independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições 
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse 
pessoal. 
Além disso, o artigo 205 do CTN estabelece que a lei poderá exigir que a 
prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão 
negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as 
 
29 Ingrid de Lima Delgado 
informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de 
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido. Esse artigo trata 
da certidão negativa de débitos, que poderá ser emitida a partir da quitação do 
crédito tributário. 
Querendo contribuinte provar que está adimplente para/com o fisco, este 
poderá requer junto ao poder público a certidão positiva de débitos com efeitos de 
negativa, comprovando sua boa-fé: 
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de 
que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança 
executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade 
esteja suspensa.

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