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Medicina FTC – 2019.1 Catarina Viterbo MALÁRIA Introdução 6000-5500 A.C. : Primórdios da escrita. Registros de mortes por febre, provavelmente malária; 2700 A.C.: Médico Chinês “Nei Ching” descreve febres recorrentes e esplenomegalia; 460 a 370 A.C.: Hipócrates refere os ciclos febris em termos de febre cotidiana (24 h), terçã (48 h) e quartã (72 h) e descreve a hepato e esplenomegalia; O termo malária é de origem italiana, os médicos afirmavam que a malária era adquirida ao se respirar o ar pestilento dos pântanos (mal ária ou mau ar). Conhecida como paludismo, febre palustre, impaludismo, maleita ou sezão, a malária foi primeiramente citada na era pré-Cristã, por Hipócrates. Doença infecciosa, parasitária, não contagiosa, de evolução crônica, com manifestações episódicas de caráter agudo que acomete milhões de pessoas nas zonas tropicais e subtropicais e que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo. É talvez a doença parasitária mais antiga, mais distribuída no planeta. Sinônimos: Batedeira, Carneirada, Febre intermitente, Febre terçã benigna, Febre terçã maligna ou quartã, maligna, Malina, Paludismo, Perniciosa, Sezonismo, Tremedeira DISTRIBUIÇÃO A malária é causada pelo protozoário parasita, Plasmodium. Cada ano, cerca de 500 milhões de pessoas são acometidas desta infecção que mata entre um e dois milhões de seres humanos, a maioria delas crianças jovens na África Subsariana. A malária é comumente associada à pobreza, mas é também uma causa de pobreza e de um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico. A picada de um mosquito infectado inicia o ciclo mortal da malária. Mais de 1,4 mil crianças morrem a cada dia (1/min) no mundo por causa da malária, uma situação que a Organização das Nações Unidas (ONU) qualificou como uma "tragédia monumental", levando em conta que são vidas que poderiam ser salvas com um investimento muito baixo. AGENTE ETIOLÓGICO Reino: Protista, Filum: Apicomplexa, Classe: Esporozoa, Subordem: Haemosporina, Ordem: Eucoccidiida, Família: Plasmodiidae, Gênero: Plasmodium Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies causadoras de malária em diferentes hospedeiros vertebrados. Destas, apenas quatro espécies parasitam o homem. Plasmodium vivax (Grassi & Feletti, 1890) – terçã benigna P. falciparum (Welch,1897) - terçã maligna P. malariae (Laveran, 1881) – quartã P. ovale (Stephens,1922) – terçã benigna Vetor: Mosquito fêmea do gênero Anopheles conhecido também como mosquito prego ou carapanã. Reservatório: Humanos No Brasil, a área endêmica compreende a região amazônica brasileira, incluindo os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, totalizando 808 municípios. Esta região é responsável por 99% dos casos autóctones do país. (MS, 2012) CICLO EVOLUTIVO DO PLASMODIUM NO SER HUMANO A infecção malárica inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados nos humanos pelo inseto vetor. Durante um repasto sangüíneo infectante, alguns esporozoítos são inoculados sob a pele do hospedeiro, permanecendo ali por cerca de 15 minutos antes de alcançarem a corrente sanguínea. 1. Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se diferenciam em trofozoitos pré- eritrocíticos; 2. Esses se multiplicam por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais; 3. Posteriormente a milhares de merozoitos; 4. Estes merozoitos invadirão os eritrócitos, transformando-se em trofozoítos jovens; 5. Posteriormente em trofozoítos maduros; 6. O desenvolvimento intra-eritrocítico do parasito se dá por esquizogonia; 7. Conseqüente formação de esquizontes; 8. Dando origem aos merozoitos; 9. Que invadirão novos eritrócitos. Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos. Esta primeira fase do ciclo é denominada tissular,exo-eritrocítica ou pré-eritrocítica portanto, precede o ciclo sanguíneo do parasito. O desenvolvimento do parasito nas células do fígado requer aproximadamente uma semana para o P. falciparum e P. vivax e cerca de duas semanas para o P. malariae. Nas infecções por P. vivax e P. ovale, alguns parasitos se desenvolvem rapidamente, enquanto outros ficam em estado de latência no hepatócito. São, por isso, denominados hipnozoítos (do grego hipnos, sono). Esses hipnozoítos são responsáveis pelas recaídas da doença, que ocorrem após períodos variáveis de incubação (geralmente dentro de seis meses). CICLO EVOLUTIVO DO PLASMODIUM NO VETOR 1. Somente os gametócitos serão capazes de evoluir no inseto, dando origem ao ciclo sexuado ou esporogônico; 2. O gametócito masculino, por um processo denominado exflagelação, dá origem a oito microgametas; 3. O gametócito feminino transforma-se em macrogameta; 4. Cada microgameta fecundará um macrogameta, formando o ovo ou zigoto que é móvel e atinge a parede do intestino médio, se encistando na camada epitelial do órgão, passando a ser chamado oocisto; 5. Inicia-se então o processo de divisão esporogônica e, após a ruptura da parede do oocisto, os esporozoítos formados são liberados e atingirão as células das glândulas salivares do mosquito. CICLO EVOLUTIVO DO PLASMODIUM NO SER HUMANO O ciclo eritrocítico inicia-se quando os merozoítos tissulares invadem os eritrócitos. A interação dos merozoítos com o eritrócito envolve o reconhecimento de receptores específicos. O P. vivax invade apenas reticulócitos, enquanto o P. falciparum invade hemácias de todas as idades. Já o P. malariae preferencialmente invade as hemácias maduras. O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes, a cada 48 horas, nas infecções pelo P. falciparum, P .vivax e P. ovale, e a cada 72 horas, nas infecções pelo P. malariae. A fonte de nutrição de trofozoítos e esquizontes sanguíneos é a hemoglobina, porém alguns componentes metabólicos necessários ao seu desenvolvimento são procedentes do plasma: glicose, metionina, biotina, certas purinas e pirimidinas, fosfato e ácido paraminobenzóico. HABITAT O hábitat varia para cada fase do ciclo dos plasmódios humanos. No homem, as formas infectantes, os esporozoítos, circulam brevemente na corrente sanguínea. Na etapa seguinte, o parasito se desenvolve no hepatócito e, posteriormente, nos eritrócitos. TRANSMISSÃO A transmissão natural da malária ao homem se dá quando fêmeas de mosquitos anofelinos (gênero Anopheles), parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam estas formas infectantes durante o repasto sangüíneo. As fontes de infecção humana para os mosquitos são pessoas doentes ou mesmo indivíduos assintomáticos, que albergam formas sexuadas do parasito. Transfusão sanguínea, Compartilhamento de seringas contaminadas Acidentes em laboratório. Infecção congênita MORFOLOGIA Os plasmódios variam individualmente em tamanho, forma e aparência, de acordo com o seu estágio de desenvolvimento e com suas características específicas. As formas evolutivas extracelulares capazes de invadir as células hospedeiras possuem um complexo apical envolvido no processo de interiorização celular: esporozoítos, merozoítos, oocineto. Formas evolutivas intracelulares (eritrocíticas) sem o complexo apical: • trofozoítos jovens e maduros • esquizontes • gametócitos.
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