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DIAGNOSTICO REVITALIZAÇÃO DO RIO SAO FRANCISCO

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Ministério do Meio Ambiente
PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SÃO FRANCISCO
1
Equipe Técnica
Maurício Cortines Laxe (Coordenador do Programa)
Márcia Gonçalves Rodrigues
Cláudia Magalhães 
José Alencar Simões
Juliana Gomes
Gabriel Schiavon de Oliveira
Renata Nitta
2
Lista de figuras
1. Rio São Francisco 
2. Regiões hidrográficas do brasil
3. Bacia Hidrográfica do São Francisco: regiões fisiográficas – novos limites
4. Alto São Francisco
5. Médio São Francisco
6. Sub-médio São Francisco
7. Baixo São Francisco
8. Sub-bacias do rio São Francisco
9. Rede hidrográfica do São Francisco
10. Distribuição da ocorrência de inundação na bacia
11. Partes do médio e baixo e todo o sub-médio estão no semi-árido
12. Concentração de sedimentos em suspensão na bacia
13 Unidades de conservação
14. Distribuição espacial da ocupação demográfica
15. Sub-bacia do rio verde grande
16. Distribuição da coleta de esgoto na bacia, por micro-bacia
17. Distribuição da cobertura de água das micro-bacias
18. Distribuição da cobertura da coleta de lixo, por microbacia
19. Trechos navegáveis no rio São Francisco
20. Tronco de transporte intermodal nos eixos do nordeste, com destaque para a
bacia do São Francisco.
21. Esquema dos principais reservatórios situados no rio São Francisco, formados
pelas usinas hidrelétricas de três marias, queimados, sobradinho, itaparica,
complexo paulo afonso e xingo
22. Hidrelétricas em operação na bacia do São Francisco
23. Áreas de maior prática da irrigação pública e privada na bacia hidrográfica do
São Francisco
24. Articulação institucional
25. Prioridades de uso conforme preceitua a lei 9.433/97
26. Geração de energia elétrica e a irrigação
27. Demanda de uso da água por região fisiográfica
28. Navegação
29. Distribuição da disponibilidade hídrica (m³/habitante/ano) na bacia
30. Poços
31. Implementação do programa de revitalização da bacia hidrográfica do rio São
Francisco
32 Articulação institucional
3
Lista de quadros
1. Panorama histórico da bacia hidrográfica do São Francisco
2. Área, população e número de municípios da bacia por Estado
3. População urbana, por região fisiográfica da bacia hidrográfica do São
Francisco
4. Características físicas e naturais da bacia do São Francisco, por região
fisiográfica.
5. Afluentes do rio São Francisco
6. Vazões médias mensais dos principais afluentes do rio São Francisco.
7. Vazões médias mensais nas principais estações fluviométricas no rio São
Francisco
8. Características de alguns dos principais afluentes
9. Províncias hidrogeológicas da bacia do São Francisco
10
.
Formações vegetais na bacia do São Francisco, por estado.
11
.
Principais características hidroclimáticas da bacia do rio São Francisco
12
.
Principais espécies da ictiofauna na região do médio São Francisco
13
.
Espécies localizadas na região do Baixo São Francisco
14
.
Características socioeconômicas da bacia do rio São Francisco, por região
fisiográfica
15
.
Índices de cobertura dos serviços de saneamento na bacia hidrográfica do São
Francisco
16
.
Distribuição dos solos, por Estado, com relação à aptidão para culturas de
sequeiro.
17
.
Aumento da Produção e Produtividade do Sistema CBL.
18
.
Terras Indígenas da Bacia Hidrográfica do São Francisco
19
.
Comunidades remanescentes de quilombos tituladas
20 Municípios da bacia do São Francisco com processo de implantação de
Agenda 21 Local. 
21
.
Municípios da Região do Médio São Francisco com plano de Reforma Agrária
22
.
Ministérios, programas e ações com interface para a consolidação da
economia de PFNMs
23
.
24
.
4
3. DIAGÓSTICO DA BACIA
5
3. Diagnóstico da Bacia
A bacia do rio São Francisco tem uma localização estratégica, pois constitui um espaço
territorial que faz a ligação natural entre o Sudeste, região mais desenvolvida do Brasil e
o Nordeste, em estágio menos adiantado de desenvolvimento. É também de grande
importância socioeconômica por seu multiuso, dotada de imenso potencial energético,
hidroviário, agropecuário, agroindustrial, pesqueiro, turístico, social, cultural, histórico e
ecológico. 
Apresenta áreas densamente povoadas e de acentuada riqueza, como também áreas de
pobreza crítica e baixa densidade demográfica, demonstrando assim vários paradoxos
socioeconômicos e uma grande vulnerabilidade ambiental. 
Desde meados do século XIX, a bacia vem sofrendo forte agressão ambiental tendo os
maiores impactos ocorridos principalmente a partir da segunda metade do século
passado. Uma das sub-bacias mais atingidas é a do Rio das Velhas, fortemente
industrializada, onde se localizam o quadrilátero ferrífero e também a região
metropolitana de Belo Horizonte, que gera os mais diversos produtos, sendo a grande
Belo Horizonte a região com maior concentração populacional da bacia, ao mesmo tempo
em que tem no alto índice de poluição um dos seus subprodutos danosos.
Antes da concepção do Programa de Revitalização e da implementação do GEF São
Francisco todos os diagnósticos, estudos e projetos realizados no seu território jamais
refletiram integralmente uma abordagem que considerasse a bacia como um todo,
incluindo a sua zona costeira, ao mesmo tempo em que nunca se adotou uma
perspectiva de gerenciamento integrado da bacia.
Ressalta-se que parte das informações apresentadas neste diagnóstico sócio-ambiental
tem como base os dados contidos em diversos documentos técnicos existentes sobre o
rio São Francisco, muitos deles elaborados pelo MMA ou por suas instituições vinculadas:
Agência Nacional de Águas - ANA e IBAMA. Destacam-se ainda os produtos técnicos do
Projeto GEF São Francisco, como o DAB, o PAE e o Plano de Bacia, assim como, no
âmbito do Ministério da Integração Nacional, os dados contidos no PLANVASF e os
elaborados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba
- CODEVASF. Há ainda as informações e contribuições obtidas junto a SUDENE,
6
CHESF, IBGE, EMBRAPA, INCRA, FUNASA e FUNAI.
7
3.1. Caracterização geral
A bacia hidrográfica do São Francisco está entre as doze regiões hidrográficas instituídas
pela Resolução no 32, de 15 de outubro de 2003, do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, que definiu a Divisão Hidrográfica Nacional, com a finalidade de orientar,
fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).
Figura 2. Regiões hidrográficas do Brasil
Complexa e extensa, é a maior entre as bacias hidrográficas essencialmente brasileiras e
a terceira do Brasil. Abrange um número significativo de unidades federadas as quais,
pela organização político-administrativa do país, compreendem a União, seus estados, o
Distrito Federal e os municípios, o que vem a conferir a necessidade de um modelo de
gestão ambiental que exige muita interação, integração e negociação para a criação de
sinergias interinstitucionais, capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável
8
desta importante região do Brasil.
Com área de drenagem de 639.219 km2, ou seja, quase 64.000.000 ha, correspondendo
à cerca de 8% do território nacional, ela se relaciona diretamente com sete unidades da
federação: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal,
e está compreendida entre as latitudes 7º 00´ e 21º 00´ S e longitudes 35º 00´ e 47º 40’
W. De toda a sua área, cerca de 83% está localizada nos estados de Minas Gerais e
Bahia, 16% nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe e o 1% restante no estado
de Goiás e no Distrito Federal. 
Abrange ainda 505 municípios, ou aproximadamente 9% do total de municípios do país.
Desse total, 48,2% estão na Bahia, 36,8% em Minas Gerais, 10,9% em Pernambuco,
2,2% em Alagoas, 1,2% em Sergipe, 0,5% em Goiás e 0,2% no Distrito Federal. Junto ao
leito principal do rio ficam situados 101 (20%) dos municípios da bacia. 
Apresentandouma população de 13.297.955 habitantes (Censo, 2000), correspondendo
a pouco mais de 8% da população brasileira, a bacia ainda tem enormes espaços que
são vazios econômicos, possuindo também importantes centros urbanos, com destaque
para a Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH, situada na alta bacia, polarizada
pela capital do estado de Minas Gerais, além de parte do Distrito Federal. 
Outros municípios que se destacam são Montes Claros, Ouro Preto, Barreiras, Juazeiro,
Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada, Floresta, Arcoverde, Arapiraca, Própria, Paulo
Afonso e Penedo. A grande importância da Região Metropolitana de Belo Horizonte para
a bacia se destaca e evidencia pelo fato de que seus 26 municípios, apesar de ocuparem
uma área de 6.255 km2, e representar menos de 1% de toda a bacia do rio São
Francisco, concentram mais de 3.900.000 habitantes, o que corresponde a 29,3% da
população de toda a bacia.
O rio São Francisco, também chamado de “Velho Chico” pelos ribeirinhos, foi descoberto
no ano de 1501. Considerado o rio da integração nacional, recebeu esse título por ser
tradicionalmente um dos principais caminhos de ligação do Sudeste com o Nordeste. 
As unidades federadas, com suas áreas, população e número de municípios que
integram a bacia do rio São Francisco estão indicadas no quadro 2.
9
Quadro 2 - Área, população e número de municípios da bacia por Estado .
UF
ÁREA POPULAÇÃO MUNICÍPIOS
km² % Habitantes % No. %
MG 235417 36,8 7595274 .57,2 240 47,7
GO 3142 0,5 107 858 0,8 3 0,6
DF 1.336 0,2 2 000 - 1 0,2
BA 307.941 48,2 2 663 527 20,1 115 22,7
PE 69518 10,8 1614 565 12,2 69 13,7
AL 14338 2,2 1 002 900 7,5 49 9,7
SE 7473 1,3 291 831 2,2 28 5,4
Total 639 219 100 13 297 955 100 505 100
Fonte: IBGE-Censo 2000
Desde a sua nascente histórica na Serra da Canastra, no município de São Roque de
Minas, à foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, entre os municípios de Brejo Grande (SE) e
Piaçabuçu (AL), o rio São Francisco totaliza 2.814 km de extensão. Mais recentemente
determinou-se que a sua nascente geográfica seria no rio Samburá, no município de
Medeiros, em Minas Gerais, estendendo assim o seu percurso total para 2.863 km.
(Fonte: CODEVASF, 2002).
Ao longo do seu curso, o São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são
perenes, sendo que 90 estão na sua margem direita e 78 na esquerda. A produção de
água de sua bacia concentra-se principalmente na região dos cerrados dos estados de
Minas Gerais e da Bahia, e a grande variação do porte dos seus afluentes é
conseqüência das grandes diferenças climáticas que ocorrem entre as regiões drenadas.
Embora o maior volume de águas seja ofertado pelos cerrados, são as represas de Três
Marias (21 bilhões de m3) e Sobradinho (34 bilhões de m3) que atualmente garantem a
regularidade de vazão do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a
outubro. 
A barragem de Sobradinho, citada como um novo pulmão do rio, foi planejada para
garantir o fluxo de água regular e contínuo para geração de energia elétrica em forma de
cascatas, nas demais usinas operadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco
(CHESF), Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso, e Xingó. Após movimentarem os gigantescos
geradores das cinco hidrelétricas, as águas do São Francisco correm para o mar.
10
Normalmente, 95% do volume médio liberado pela barragem de Sobradinho, que atinge
um mínimo de 1.850 m3/s, são despejados na foz e apenas 5% são consumidos na bacia.
Nos anos chuvosos, a vazão de Sobradinho chega a ultrapassar em certos momentos 15
mil m3/s.
 
As várias intervenções a que têm sido submetido, o rio e seus afluentes mais importantes
nos últimos anos resultaram em complexas mudanças no seu regime de vazão, com
repercussões em sua zona costeira. Quanto às vazões, segundo os dados do Projeto
GEF São Francisco e do Plano Decenal da Bacia, as máximas mensais na estação de
Traipu, na foz do rio, têm sido da ordem de 13.743 m3/s, e ocorrem em março e as
mínimas mensais, da ordem de 644 m3/s, ocorrem em outubro, observando-se uma vazão
média anual de 2.980 m3/s, o que corresponderia a uma descarga média anual da ordem
de 94 bilhões de m3. Porém, já ocorreram médias anuais, máxima de 5.244 m 3/s e mínima
de 1.768 m3/s, respectivamente.
Além disso, o Plano da bacia apontou que o consumo atual de água da bacia do rio São
Francisco seria de 91 m³/s, devendo ser garantida para o rio a manutenção para o
próximo decênio de uma vazão firme na foz de 1.850 m³/s, e uma vazão média na foz de
2.700 m³/s, permitindo assim com que haja uma vazão disponibilizada para consumos
variados na bacia na ordem de 360 m³/s, com uma vazão mínima fixada após
Sobradinho, de 1.300 m³/s.
 
Acompanhando o seu percurso, apresenta quatro trechos denominados de regiões
fisiográficas da bacia hidrográfica: o Alto São Francisco, que vai de suas cabeceiras até
pouco abaixo de Pirapora, em Minas Gerais; o Médio, de Pirapora, onde começa o
trecho navegável, até Remanso, na Bahia; o Sub-médio, de Remanso até Paulo Afonso,
Bahia; e o Baixo, de Paulo Afonso até a foz, entre Sergipe e Alagoas. Estas regiões estão
detalhadas no quadro 3.
Uma nova divisão regional da bacia vem sendo estudada pela Codevasf, quanto a uma
possível revisão de seus limites regionais, em face de recomendações do Senado
Federal, em seu Relatório Final da Comissão de Acompanhamento do Projeto de
Revitalização do Rio São Francisco e dos resultados de alguns dos estudos realizados
pelo Projeto GEF São Francisco, da ANA/GEF/PNUMA/OEA, mas ainda não há qualquer
alteração oficial definitiva.
11
A proposta de uma nova divisão sugere manter a existência de quatro subdivisões, Alto,
Médio, Sub-médio e Baixo, mas redefine os limites entre o Sub-médio e o Baixo São
Francisco, com uma nova linha divisória passando próxima à cidade de Belo Monte-AL.
Tem como base critérios geológicos, geomorfológicos, hidrográficos e climáticos, os quais
configurariam uma homogeneidade fisiográfica, podendo ainda vir a ser no futuro
considerada.
Quadro 3 – População urbana, por região fisiográfica da bacia hidrográfica do São
Francisco 
Sub-bacia
População (hab)
Urbana Rural Total
Urbanização (%)
Alto 6.461.510 269.230 6.730.740 96
Médio 2.814.511 2.302.782 5.117.293 55
Sub-médio 1.375.230 1.080.538 2.455.768 56
Baixo 901.713 938.518 1.840.231 49
Total 11.552.964 4.591.068 16.144.032 77
Fonte: http://www.cbhsaofrancisco.org.br/pgBacia.htm
Alto São Francisco
O Alto São Francisco estende-se desde as cabeceiras na Serra da Canastra, município
de São Roque de Minas, até a foz do rio das Velhas, abaixo da cidade de Pirapora, com
cerca de 100.076 km2, ou 16% da área da bacia, tendo 702 km de extensão e com uma
população, segundo o censo de 2000, de cerca de 6,247 milhões de habitantes. Abrange
as sub-bacias dos rios Pará, Paraopeba e das Velhas na margem direita, e as sub-bacias
do Indaiá, Borrachudo e Abaeté na margem esquerda, que conformam seus limites,
incluindo a usina hidrelétrica de Três Marias. 
Situa-se todo em Minas Gerais, apresentando topografia acidentada, com serras e
terrenos ondulados e altitudes de 1.600 a 600 m. O divisor leste é formado pela Serra do
Espinhaço, estreita e alongada na direção N-S, e com altitudes de 1.300 a 1.000 m. Do
lado oeste, destaca-se a Serra da Mata da Corda, divisor com o rio Paranaíba, com cotas
em torno de 1.200 m de altitude. Sobressaem-se, ainda, os escalonamentos de
superfícies de erosão que vai até a depressão São Franciscana em direção à calha do rio
e seus principais afluentes, cuja cota, em Pirapora, é de cerca de 450 m.
12
Figura 3. Bacia Hidrográfica do São Francisco: regiões fisiográficas –
novos limites, 2003.
Com vegetação constituída de florestas, cerrados e vegetação rupestre, éuma região de
muitas chuvas (de 1.600 a 1.100 mm anuais) no verão, que caem de outubro a abril,
respondendo por quase 3/4 do escoamento total do rio. A temperatura média anual é de
22ºC, havendo áreas onde se registra mínimas inferiores a 0ºC. A evaporação é de 1.000
mm anuais e as diversas características climáticas classificam a região como tropical
úmida, sendo que em algumas partes é subtropical.
As principais cidades são as integrantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, além
de Divinópolis, Ouro preto e Sete Lagoas.
Figura 4. Alto São Francisco
Médio São Francisco
O Médio São Francisco compreende o trecho desde as imediações de Pirapora (MG) até
a cidade de Remanso (BA), com 402.531 km2, ou 63% da área da bacia, tendo 1.230 km
de extensão, com uma população de cerca de 3,23 milhões de habitantes (Censo, 2000).
Inclui as sub-bacias dos rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Grande e Pilão
Arcado a oeste, e as sub-bacias do Jequitaí, Verde Grande, Paramirim, Jacaré e Verde a
leste, situando-se nos estados de Minas Gerais e Bahia. 
A região admite a subdivisão em Médio Superior e Inferior, sendo que o primeiro abrange
o trecho entre Pirapora e a fronteira com a Bahia, limitada pelos rios Carinhanha a oeste
e Verde Grande a leste. O Médio Superior tem características que mais se assemelham
às do Alto que às do Médio propriamente dito.
O divisor leste é constituído pela Serra do Espinhaço e Chapada Diamantina, com
altitudes entre 2.000 e 1.000 m, recortado por profundos vales. Observam-se abruptas
diferenças de nível devido à sucessão de camadas de diferenciadas resistências à
erosão. Os vales são encaixados em fraturas com desenvolvimento de profundas
gargantas e canyons. O contexto orográfico da Chapada Diamantina tem direção SSE-
NNO e penetra no domínio da bacia, formando as Serras de Açuruá, Mangabeira e Azul,
até praticamente as margens do lago de Sobradinho.
A metade sul do lado oeste corresponde ao prolongamento da Serra Geral de Goiás. 
13
Na metade norte, o coroamento laterizado de topografia ondulada formador da Serra da
Tabatinga é divisor de águas entre os rios São Francisco e Parnaíba e suas cotas oscilam
entre 1.000 e 800 m. Destacam-se, no domínio da Depressão São Franciscana, as serras
do Boqueirão e Estreito, com altitude de 800 m e formas alongadas de direção SSE-NNO
e N-S, respectivamente. 
A temperatura média anual é de 24 ºC e a evaporação é de 1.500 mm anuais. As chuvas
caem de novembro a abril, com precipitação média anual de 1.400 a 600 mm.
A vegetação é dos tipos cerrado e caatinga, com exceção de algumas pequenas matas
serranas. Característica digna de nota é a margem esquerda do São Francisco, bem mais
úmida, com rios permanentes e vegetação perenifólia. Na margem direita a precipitação é
menor, os rios são intermitentes e a vegetação é típica de caatinga, embasada no
Cristalino. 
Suas condições climáticas vão se tornando mais características de uma região tropical
semi-árida. Sua altitude varia de 2.000 a 500 m e é onde se localizam as planícies eluvio-
coluvio-aluviais da Depressão São Franciscana.
As principais cidades são: Montes Claros, Pirapora, Janaúba, Januária, Paracatu e Unaí,
em Minas Gerais; Formosa, em Goiás; Barreiras, Guanambi, Irecê, Bom Jesus da Lapa e
Xique-Xique, na Bahia, além de Brasília – DF, capital federal.
Figura 5. Médio São Francisco
Sub-médio São Francisco
O Sub-médio São Francisco abrange áreas dos estados da Bahia e Pernambuco,
estendendo-se de Remanso (BA) até a cidade de Paulo Afonso (BA), com 110.446 km2,
ou 17% da área da bacia, tendo 440 km de extensão e com uma população de cerca de
1,94 milhões de habitantes (Censo, 2000). Inclui as sub-bacias dos rios Pontal, Garças,
Brígida Pajeú, e Moxotó a margem esquerda e Salitre, Tourão e Vargem Grande a
margem direita. 
Nessa região, a altitude varia de 800 a 200 m e se caracteriza por uma topografia
ondulada, com vales bem abertos devido a menor resistência à erosão dos xistos e outras
rochas de baixo grau de metamorfismo, onde sobressaem formas abauladas esculpidas
14
em rochas graníticas, gnáissicas e outros tipos de alto metamorfismo. Destacam-se ainda
nesse trecho as represas de Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso.
Na extremidade oeste da fronteira norte tem-se a Chapada Cretácea do Araripe com
altitude de 800 m, que se prolonga para leste através da Serra dos Cariris esculpida em
rochas graníticas e gnáissicas de idade pré-cambriana. Do lado sul ressalta-se as formas
tabulares do Raso da Catarina, esculpidas em sedimentos da bacia do Tucano, com
altitude de 300-200 m.
A caatinga predomina em quase toda a área e a precipitação média anual chega a 450
mm na região de Juazeiro/Petrolina e a máxima é de 800 mm, nas serras divisórias com o
Ceará. A temperatura média anual é de 27 ºC; a evaporação é da ordem de 2.000 mm
anuais e o clima é tipicamente semi-árido. 
As principais cidades são: Juazeiro e Paulo Afonso, na Bahia; e Petrolina, Ouricuri,
Salgueiro, Serra Talhada e Arcoverde em Pernambuco.
Figura 6. Sub-médio São Francisco
Baixo São Francisco
O Baixo São Francisco estende-se de Paulo Afonso (BA) até a sua foz, entre Sergipe e
Alagoas, no Oceano Atlântico, com 25.523 km2, ou 4% da área da bacia, tendo 214 km
de extensão e com uma população de cerca de 1,37 milhões de habitantes (Censo,
2000). Compreende as sub-bacias dos rios Ipanema e Traipu na margem esquerda e
Curituba e Capivara na margem direita. Situa-se em áreas dos estados da Bahia,
Pernambuco, Sergipe e Alagoas. 
A altitude varia de 200 m até o nível do mar, embora, nos divisores algumas serras
atinjam 500 m. Na região entre Paulo Afonso e Canindé do São Francisco ressalta-se um
grande trecho do rio encaixado em fraturas e profundas gargantas denominadas de
Canyons do São Francisco, onde se localiza a represa de Xingó. 
Figura 7. Baixo São Francisco
Destaca-se a planície costeira com altitude inferior a 100 m e os tabuleiros do Grupo
15
Barreiras com altitude entre 200 e 100 m. 
A temperatura média anual é de 25 ºC; a evaporação é de 1500 mm anuais; e a
precipitação média anual varia de 1.300 a 500 mm. Nessa região acontece, também, uma
nítida mudança na distribuição anual das chuvas, que nas proximidades do oceano se
distribuem por todo o ano, embora mais concentradas no outono e inverno, enquanto
que, no interior, os meses chuvosos são os de verão. As principais chuvas nesta região
ocorrem de março a setembro, ou seja, no inverno, enquanto no restante da bacia as
chuvas ocorrem no verão. 
 
A vegetação é de caatinga no trecho mais alto, e mata atlântica, manguezais e restingas
na região costeira. O clima é considerado tropical semi-úmido. 
As principais cidades são: Jeremoabo, na Bahia; Pesqueira e Bom Conselho, em
Pernambuco; Propriá, Canindé do São Francisco e Nossa Senhora da Glória, em
Sergipe; e Arapiraca, Piranhas, Delmiro Gouvêia e Penedo, em Alagoas.
As sub-bacias
Destaca-se ainda que, conforme consta no Plano da bacia e nos produtos do GEF São
Francisco, as quatro regiões fisiográficas da bacia Hidrográfica (Alto, Médio, Sub-médio e
Baixo) passaram também a ser subdivididas, para fins de planejamento, em trinta e
quatro sub-bacias, as quais servirão de parâmetro estratégico para as ações do Programa
de Revitalização. Portanto, estas subdivisões já estavam estabelecidas e configuradas,
como mostra a Figura 8.
Essas subdivisões visaram adequar-se às unidades de gerenciamento de recursos
hídricos dos estados presentes na bacia. Adicionalmente, a bacia do rio São Francisco
passou ainda a ser re-dividida em 12.821 micro-bacias, com a finalidade de caracterizar,
por trechos, os principais rios de cada região, servindo também para o Programa como
uma escala territorial de planejamento.Figura 8. Sub-bacias do rio São Francisco.
16
3.2. Características físicas e naturais
A caracterização geral da bacia hidrográfica do rio São Francisco foi revista e atualizada
por ocasião da elaboração do Diagnóstico Analítico da Bacia – DAB, oportunidade essa
em que muitos dos seus números puderam ser reavaliados e redefinidos, tornando-se
capazes de espelhar com maior fidelidade a realidade atual, sempre em estreita
articulação com instituições como a Codevasf, a Chesf, Ibama, ANA e a Embrapa. 
O Quadro 4 apresenta uma síntese das principais características físicas e naturais da
bacia, por região fisiográfica.
Quadro 4 - Características físicas e naturais da bacia do São Francisco, por região
fisiográfica.
REGIÕES /
CARACTERÍSTICAS ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
BAIXO E ZONA
COSTEIRA
ADJACENTE
Altitude (m) 1600-600 2000-250 800-200 De 500 m até onível do mar
Principais
acidentes
topográficos
Serras da
Canastra,
Mata da Corda
e Espinhaço
Serra do Espinhaço,
Chapada Diamantina,
Serra Geral de Goiás,
Chapada das
Mangabeiras e Serra
da Tabatinga
Chapada do
Araripe e
Serras dos
Cariris Velho e
Cágados
Serras Redonda
e Negra
Declividade do rio
principal (m/km) 0,70 a 0,20 0,1 0,10 a 3,10 0,1
Clima
predominante
Tropical úmido
e sub-tropical
Tropical semi-árido e
sub-úmido seco
Semi-árido Sub-úmido
Precipitação média
anual (mm) 1600 a 1100 1400 a 600 800 - 450 500-1300
Trimestre mais
chuvoso nov-dez-jan jan-fev-mar jan-fev-mar mai-jun-jul
Trimestre menos
chuvoso jun-jul-ago jun-jul-ago jul-ago-set set-out-nov
Temperatura média
(oC) 23 24 27 25
Insolação média
anual (h) 2400 2600 a 3300 2800 2800
17
REGIÕES /
CARACTERÍSTICAS ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
BAIXO E ZONA
COSTEIRA
ADJACENTE
Evapotranspiração
média anual (mm) 1000 1500 2000 1500
Principais
afluentes
ME: Indaiá,
Borrachudo e
Abaeté
MD: Pará,
Paraopeba,
Velhas e
Jequitaí
ME: Paracatu,
Urucuia, Pardo,
Pandeiros,
Carinhanha, Corrente
e Grande
MD: Pacui, Verde
Grande, Caraíba,
Paramirim e Verde
Jacaré
ME: Pontal,
Garças,
Brígida, Terra
Nova, Pajeu e
Moxotó
MD: Salitre,
Poço, Curaçá,
Vargem e
Macururé
ME: Ipanema,
Traipu e Marituba
MD: Capivara,
Gararu e Betume
Número de
afluentes de 1a
ordem
48 perenes 25 perenes e 8intermitentes
19
intermitentes
 7 perenes a
partir de Traipu 
Vazões médias dos
principais
afluentes 
 (m3/s) e área (km2)
Pará, 124
(12.220);
Paraopeba,
115 (13.160);
Abaeté, 68
(5.790);
Das Velhas,
283 (29.000)
Jequitaí, 46
(8.700)
Paracatu, 444
(45.600);
Urucuia, 255
(26.000);
Pandeiros, 29
(4.170);
Verde Grande, 32
(30.000);
Carinhanha, 156
(18.000);
Corrente 238,
(35.000);
Verde, 272 (76.000)
- -
Vazão média
contribuinte 
(m3/s) e área (km2)
Pirapora
(61.880) + Rio
das Velhas e
Jequitaí
(36.520) =
1.184
Juazeiro, 2.630
(510.800)
contribuição = 1.446
Pão de
Açúcar, 2.790
(608.900)
contribuição =
160
Foz, 2.810
(639.219)
contribuição = 20
Contribuição da
vazão (%) 42,2 51,4 5,7 0,7
Vazão média
mensal máxima
(m3/s)
Pirapora,
1.303 em
fevereiro
Juazeiro, 4.393 em
fevereiro
Pão de
Açúcar, 4.660
em fevereiro Foz, 4.680 emmarço
Vazão média
mensal mínima
(m3/s)
Pirapora, 637
em agosto
Juazeiro, 1.419 em
setembro
Pão de
Açúcar, 1.507
em setembro
Foz 1.536, em
setembro
Trimestre de maior
vazão dez-jan-fev jan-fev-março jan-fev-março jan-fev-março 
Trimestre de
menor vazão jul-ago-set ago-set-out ago-set-out ago-set-out 
18
REGIÕES /
CARACTERÍSTICAS ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
BAIXO E ZONA
COSTEIRA
ADJACENTE
Sedimentos
(106T/ano) e área
(km2)
Pirapora,8,3
(61.880)
Morpará, 21,5
(344.800)
Juazeiro, 12,9
(510.800)
Propriá, 0,41
(620.170)
Principais bacias
sedimentares São Francisco
São Francisco e
Jacaré
Araripe,
Tucano e
Jatobá
Costeira Sergipe
e Alagoas
Cobertura vegetal
predominante
Cerrados e
fragmentos de
florestas
Cerrado, Caatinga e
pequenas matas de
serra
Caatinga 
Caatinga, Mata
Atlântica,
mangues e
restingas
Fonte: 
19
3.2.1. Recursos Hídricos
A bacia do rio São Francisco tem como uma de suas principais marcas, devido a
sua grande diversidade, a presença de muitas formas de uso dos seus recursos
naturais, o que representa um grande desafio e exige uma análise do conjunto para
que se possa planejar adequadamente a gestão ambiental da bacia. As intensas
atividades antrópicas estão exercendo uma grande pressão sobre a base dos seus
recursos naturais, particularmente os hídricos, especialmente pela irrigação e
contínuo processo de desmatamento.
De acordo com o Programa de Ações Estratégicas - PAE, na bacia as
disponibilidades hídricas médias são da ordem de 2.850 m3/s, representando cerca
de 2/3 das disponibilidades de água doce do Nordeste Brasileiro. Portanto, para a
bacia, fica evidente a importância dos vários tipos de usos dos seus recursos
ambientais, principalmente dos seus recursos hídricos, destacando-se os referentes
a geração de energia, navegação, pesca, turismo, lazer, abastecimento doméstico, o
uso industrial e a própria irrigação. 
A esses usos inclui-se a necessidade de manutenção de vazões ecológicas, visando
a sustentabilidade da região. Nesse contexto, a avaliação das disponibilidades
hídricas, tanto das águas superficiais como subterrâneas, em seus aspectos
quantitativo e qualitativo, ganha importância, servindo de base para o balanço
relacionado às demandas e dentro dos cenários traçados no horizonte do Plano de
Recursos Hídricos da bacia e do Programa de Revitalização.
Recursos Hídricos Superficiais
Quanto aos recursos hídricos superficiais, as águas do rio seguem na direção geral
sul-norte até a confluência com o Urucuia, onde inicia um grande arco com direção
norte-nordeste até a cidade de Cabrobó (PE), girando, então, para leste e logo
depois, para sudeste, até a foz. Há uma diferença de aproximadamente 1.600 m
entre as cabeceiras e a foz. 
O Quadro 5 e a Figura 9 apresentam, respectivamente, os afluentes e a rede
20
hidrográfica do São Francisco. 
Quadro 5 - Afluentes do rio São Francisco. 
NOME R NOME R NOME R
MARGEM ESQUERDA
Ribeirão da Usina P Rio Pandeiros P Riacho do Jacaré I
Rio Samburá P Riacho da Quinta P Riacho Terra Nova I
Rio Ajudas P Riacho da Cruz P Riacho Jequi I
Rio Mombaça P Riacho Mocambo P Riacho de Baixo I
Rio Bambuí P Rio Peruaçu P Rio Pajeú I
Ribeirão Noruega P Rio Itacarambi P Riacho dos Defuntos I
Ribeirão da Estiva P Rio Japoré P Riacho dos
Mandantes
I
Ribeirão Jorge Pequeno P Rio Calindó I Rio Moxotó I
Ribeirão Jorge Grande P Riacho da Escura I Riacho Seco I
Ribeirão das Antas P Rio Carinhanha P Rio Boa Vista I
Ribeirão dos Porcos P Riacho das Pitubas I Rio Capiá I
Ribeirão dos Veados P Riacho Mariape I Riacho do Bobó I
Rio Parizinho P Rio Corrente P Riacho Grande P
Rio Marmelada P Riacho dos Porcos I Rio Farias I
Ribeirão São Vicente P Riacho Brejo Velho I Rio Jacaré I
Ribeirão da Estrema P Riacho Largo I Rio Ipanema I
Rio Sucuri P Riacho da Areia P Rio Traipu P
Rio Indaiá P Rio Grande P Rio Boacica P
Rio Borrachudo P Rio Icatu I Rio Perucaba P
Rio Abaeté P Vereda Sação I Rio Piauí P
MARGEM DIREITA
Ribeirão Alto da Cruz P Ribeirão Manjaí P Riacho Tourão I
Ribeirão das Capivaras P Ribeirão São Pedro P Riacho do Poção I
Ribeirão da Prata P Riacho da Tapera P Rio Curaçá I
Ribeirão Sujo P Rio Verde Grande P Riacho Monte Alegre I
Ribeirão das Araras P Rio Casa Velha ou
Curralinho
I Riacho do Icó I
Ribeirão dos Patos P Riacho das Rãs I Riacho da Vargem
Grande
I
Rio São Miguel P Riacho de Santana I Riacho Macururé I
Rio Preto P Rio Pajeú I Riacho do Gato I
Rio Santana P Riacho Santa Rita I Riacho do Tonã I
Ribeirão Jacaré P Rio Santo Onofre I Riacho do Sal I
Ribeirão Santa Luzia P Rio Paramirim I Rio Curituba I
Ribeirão Santo Antonio P Rio Verde P Riacho da Onça I
Rio Pará P Rio Jacaré I Rio Jacaré I
Rio Paraopeba P Riacho dos Pais I Rio Marroquinho P
21
Córrego do Barão P Riacho do Manguá I Córrego da Onça P
NOME R NOME R NOME R
MARGEM DIREITA
Rio do BoiP Riacho da Barra I Rio das Velhas P
Rio de Janeiro P Riacho do Mulungu I Rio Jequitaí P
Ribeirão Atoleiro P Riacho da Mangueira I Riacho do Barro P
Ribeirão da Tapera P Riacho do Tatu I Córrego das Pedras P
Córrego Jatobá P Riacho das Garapas I Córrego do Medo P
Riacho do Sítio ou
Xingazinho
I Rio Salitre I Rio Pacuí P
Riacho da Extrema P Riacho Tabocas P Riacho da Fome P
Riacho Canabrava P Riacho do Boi Morto P Córrego Jataí P
Ribeirão Tiririca P Riacho do Almoço P Riacho Grande P
Fonte: MME - DNAEE.
Nota: R = Regime : P = Perene; I = Intermitente.
As maiores declividades são encontradas nas cabeceiras de suas principais
nascentes e nas proximidades da foz. Nos primeiros 120 km, há um desnível de 250
m; nos seguintes 360 km, até Três Marias, outros 180 m. Daí até Sobradinho, em
1.416 km, desce 176 m. No trecho entre Paulo Afonso (284 km da foz) e Pão de
Açúcar (171 km da foz), o rio cai mais de 300 m: é o trecho das grandes quedas. Daí
em diante, segue em direção ao Atlântico.
 
O São Francisco tem entre veredas, córregos, ribeirões, riachos e rios, 168
destacados afluentes, sendo 90 pela margem esquerda e 78 pela margem direita.
Quanto ao regime, 99 são perenes e 69 intermitentes. São 36 os tributários de porte
significativo, dos quais somente 19 são perenes; os mais importantes formadores,
de regime perene são os rios: Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande,
pela margem esquerda, e Pará, Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande,
pela margem direita.
Registre-se que os afluentes mais importantes situam-se na margem esquerda do
Alto e do Médio São Francisco, nos estados de Minas Gerais e Bahia. Essa
característica se deve à existência de grandes áreas de formação sedimentar
naquelas regiões, permitindo maior infiltração das chuvas, ali mais abundantes e
regulares do que nas demais regiões da bacia. 
 
22
Figura 9 - Rede hidrográfica do São Francisco
As vazões médias mensais observadas nos principais afluentes do São Francisco
são apresentadas no Quadro 6. As vazões médias mensais observadas em algumas
das principais estações fluviométricas do São Francisco são apresentadas no
quadro 7. E no Quadro 8 apresenta-se além de alguns dos principais afluentes,
dados das sub-bacias e a distância da foz do afluente à nascente e à foz do São
Francisco.
Depreende-se do Quadro 7, com base nas observações da estação de Traipu, os
seguintes valores para as vazões médias do São Francisco na foz:
· média anual máxima: 5.244 m3/s; 
· média anual: 2.980 m3/s, equivalente a uma descarga anual de 94 bilhões de m3;
· média anual mínima: 1.768 m3/s;
· máxima mensal: 13.743 m3/s, ocorrente em março; e
· mínima mensal: 644 m3/s, ocorrente em outubro.
23
Quadro 6 - Vazões Médias Mensais dos principais afluentes do rio São Francisco.
VAZÕES MÉDIAS MENSAIS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES
Afluente Estação
Área de
Drenagem
Km2)
Período
de
registro
Meses
sem
dados
Vazão
Média
(m3/s)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Várzea Máx 1.7
56
973 1.118 646 394 262 215 181 157 301 664 1.411 544
Das Velhas da
Palma
25.940 38-75 13 Méd 631 486 437 265 172 133 112 93 89 146 318 600 292
(direita) (MG) Mín 159 115 131 101 61 71 52 43 51 57 89 122 142
Máx 181 153 169 46 23 18 16 14 14 61 201 255 57
Jequitaí Jequitaí 6.811 67-75 01 Méd 89 71 69 32 14 10 9 8 7 31 91 119 46
(direita) (MG) Mín 29 13 21 12 5 4 5 5 4 11 30 42 37
Porto Máx 2.0
50
1.856 2.070 1.408 623 433 342 269 233 309 801 1.727 857
Paracatu Alegre 41.709 52-75 30 Méd 921 849 774 485 284 231 167 134 109 178 406 691 436
(esquerda) (MG) Mín 186 167 220 147 83 81 62 55 61 68 127 160 267
Barra do Máx 927 969 849 559 278 157 122 109 99 277 554 826 325
Urucuia Escuro 24.658 55-75 19 Méd 460 439 448 306 150 99 80 63 53 128 315 490 251
(esquerda) (MG) Mín 137 125 129 122 64 51 43 35 37 31 96 185 169
Verde Boca da Máx 77 36 37 52 10 7 5 5 4 8 31 63 25
Grande Caatinga 30.174 72-75 00 Méd 57 24 19 30 9 5 4 3 3 7 24 43 19
 (direita) (MG) Mín 40 14 6 17 7 4 3 3 2 4 18 16 14
Máx 278 284 293 214 159 151 136 130 127 155 239 286 181
Carinhanha Juvenília 15.832 64-78 03 Méd 178 181 181 163 134 123 118 112 109 128 172 205 150
(esquerda) (MG) Mín 122 128 112 109 109 102 100 88 97 109 126 151 125
Porto Máx 375 549 344 356 256 250 230 220 208 242 321 340 291
Corrente Novo 31.120 77-84 00 Méd 312 342 295 291 233 218 206 198 193 213 245 277 251
(esquerda) (BA) Mín 228 225 169 190 184 166 157 152 150 176 183 207 187
Máx 571 671 604 572 376 305 281 267 262 266 341 464 368
Grande Boqueirã
o
65.900 33-69 08 Méd 325 339 336 310 254 220 209 200 193 208 251 307 262
(esquerda) (BA) Mín 235 242 224 214 188 168 165 160 165 171 181 229 218
Fonte: PLANVASF
24
Quadro 7 - Vazões Médias Mensais nas principais estações fluviométricas no rio São Francisco .
VAZÕES MÉDIAS MENSAIS NAS PRINCIPAIS ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS
Área de Período Meses Vazão
Estação Drenagem de sem Média Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
(Km2) Registro Dados (m3/s)
Máx 3.245 3.857 2.952 1.499 818 581 455 353 369 587 1.518 2.291 1.147
Três Marias (MG) 49.750 38-62 01 Méd 1.508 1.417 1.194 776 463 350 287 231 216 296 616 1.153 707
Mín 258 200 331 202 130 158 116 93 93 108 234 137 320
Máx 4.006 3134 3.096 2.068 1.745 1.515 857 920 786 971 1.782 2.062 1.647
Pirapora (MG) 61.880 38-81 38 Méd 1.423 1.318 1.168 886 594 512 440 389 382 464 736 1.165 768
Mín 430 545 440 321 202 154 151 142 141 142 208 467 415
Máx 3.919 2.842 3.584 1.578 1.017 928 869 920 857 1.133 2.261 2.017 1.483
Barra do Jequitaí 90.990 63-78 04 Méd 1.909 1.580 1.250 945 655 630 626 611 631 844 1.241 1.414 1.015
(MG) Mín 687 830 494 394 373 296 288 292 255 470 534 557 683
Máx 4.419 3.384 3.928 1.949 1.256 1.301 984 946 996 1.181 2.854 4.211 1.574
Cachoeira da 107.070 59-81 16 Méd 2.225 1.849 1.647 1.130 773 705 645 603 598 792 1.310 1.419 1.132
Manteiga (MG) Mín 871 919 607 462 380 306 264 223 198 282 406 576 755
Máx 6.024 6.887 4.873 4.049 1.846 1.642 1.396 1.250 1.170 1.572 4.015 4.842 2.614
São Romão(MG) 153.702 53-81 38 Méd 3.022 2.618 2.307 1.642 1.022 882 812 712 680 980 1.638 2.385 1.520
Mín 1.017 1.127 896 613 459 380 295 233 186 301 501 699 944
Máx 9.689 8.446 7.484 7.814 2.706 1.935 1.510 1.314 1.373 1.586 4.794 7.870 3.492
São Francisco (MG) 182.537 43-81 71 Méd 3.995 3.417 3.366 2.442 1.409 1.139 960 812 750 954 1.976 3.208 2.082
Mín 1.104 1.269 1.098 882 701 557 438 359 300 331 603 972 1.344
Máx 6.924 7.814 5.524 3.413 2.154 2.077 1.560 1.403 1.442 1.794 4.454 3.573 2.937
Pedras de Maria 191.063 72-81 11 Méd 3.723 3.306 2.810 2.531 1.523 1.366 1.179 1.053 1.000 1.377 2.423 2.791 1.981
da Cruz (MG) Mín 1.222 1.434 1.202 1.013 1.083 903 879 733 707 1.088 1.320 1.541 1.454
Máx 8.002 8.817 7.912 7.070 3.522 2.349 1.903 1.520 1.273 2.006 3.492 5.954 3.781
Januária (MG) 191.700 34-70 03 Méd 4.321 3.985 3.574 2.614 1.553 1.164 981 797 703 955 1.921 3.459 2.168
Mín 1.791 1.463 1.420 1.101 614 498 417 324 260 262 493 880 1.230
Máx 8.820 10.024 6.913 7.781 3.471 2.048 1.586 1.230 1.128 1.659 4.262 6.226 3.737
Manga (MG) 200.789 32-81 84 Méd 4.087 3.678 3.283 2.554 1.428 1.073 880 722 674 902 1.837 3.259 2.050
Mín 1.180 1.335 1.210 844 712 573 425 346 332 303 481 1.037 1.188
Máx 8.883 10.207 7.532 8.163 4.347 2.312 1.807 559 1.544 1.754 3.786 6.827 4.079
Carinhanha (MG) 251.209 27-81 22 Méd 4.286 4.179 3.630 2.803 1.640 1.228 1.040 683 797 904 1.900 3.421 2.207
Mín 1.241 1.405 1.274 910 691 598 508 413 379 385 607 1.120 1.246
Máx 6.351 10.045 8.196 5.421 3.679 2.331 1.996 1.659 1.544 1.943 4.019 6.205 4.035
Bom Jesus da 273.750 77-84 00 Méd 4.888 5.814 4.549 3.742 2.149 1.794 1.521 1.342 1.285 1.552 2.293 3.611 2.878
Lapa (BA) Mín 2.947 2.130 1.382 1.540 1.265 1.104 957 789 777 1.290 1.480 1.431 1.688
VAZÕES MÉDIAS MENSAIS NAS PRINCIPAIS ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS
25
Área de Período Meses Vazão
Estação Drenagem de sem Média Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezAno
(Km2) Registro Dados (m3/s)
Máx 5.613 11.914 11.589 4.965 2.673 2.369 1.803 1.587 1.618 1.778 2.889 4.073 4.230
Ibotirama (BA) 322.600 77-80 03 Méd 4.557 7.568 6.004 3.347 2.157 1.898 1.598 1.388 1.319 1.619 2.116 3.200 2.951
Mín 3.070 3.763 1.600 1.652 1.487 1.271 1.125 936 942 1.462 1.635 2.563 1.674
Máx 9.068 11.207 12.327 7.578 3.675 2.454 1.929 1.722 1.741 1.875 3.486 5.476 4.328
Morpará (BA) 344.800 45-79 10 Méd 4.252 4.510 4.198 3.206 1.826 1.422 1.229 1.082 1.007 1.161 1.917 3.324 2.421
Mín 1.710 1.609 1.536 1.131 904 783 702 617 555 532 749 1.249 1.513
Máx 8.698 8.949 10.747 12.717 8.425 4.156 3.079 2.556 2.165 1.926 3.669 6.128 4.665
Barra (BA) 421.400 25-77 19 Méd 4.737 4.781 4.423 3.709 2.286 1.641 1.404 1.243 1.137 1.271 2.052 3.630 2.652
Mín 1.694 1.811 1.825 1.366 1.152 975 817 740 680 696 865 1.477 1.726
Máx 7.843 9.981 12.950 8.840 8.744 3.937 2.589 2.129 2.436 2.393 3.518 5.590 4.798
Juazeiro (BA) 510.800 29-79 09 Méd 4.462 4.874 4.708 3.937 2.510 1.720 1.461 1.292 1.165 1.265 1.971 3.413 2.731
Mín 1.527 1.505 1.356 1.534 1.235 1.018 895 793 671 639 877 1.349 1.694
Máx 4.329 6.939 12.364 9.549 2.701 2.207 1.809 1.803 2.071 2.059 3.043 2.608 4.290
Petrolândia (PE) 586.700 77-79 00 Méd 3.133 4.009 5.262 4.397 2.315 1.816 1.581 1.595 1.727 1.869 2.341 2.269 2.692
Mín 1.480 1.599 1.650 1.761 1.860 1.526 1.447 1.441 1.522 1.752 1.647 1.599 1.835
Máx 8.060 11.502 12.967 9.371 9.865 5.039 3.023 2.442 2.457 2.667 3.320 5.723 5.303
Pão de Açúcar
(AL)
608.900 26-79 11 Méd 4.714 5.290 5.371 4.632 3.038 2.018 1.680 1.475 1.347 1.377 1.944 3.407 3.001
Mín 1.422 1.638 1.772 1.764 1.419 1.073 924 842 760 725 899 1.461 1.721
Máx 7.825 12.152 13.743 9.384 10.205 5.101 2.901 2.308 1.927 1.964 3.382 5.529 5.244
Traipu (AL) 622.600 38-79 07 Méd 4.534 5.224 5.400 4.646 2.941 1.990 1.662 1.461 1.313 1.339 1.882 3.311 2.980
Mín 1.487 1.705 1.705 1.750 1.501 1.108 941 804 690 644 795 1.333 1.768
Fonte: PLANVASF.
26
Quadro 8 - Características de alguns dos principais afluentes
AFLUENTE VAZÃO ESPECÍFICAMÉDIA(L/S/KM2)
COEFICIENTE DE
ESCOAMENTO
(%)
DISTÂNCIA (KM) DA FOZ DO
AFLUENTE À:
NASCENTE DO
SÃO FRANCISCO
FOZ DO SÃO
FRANCISCO
Margem Esquerda
Paracatu 10,45 32 774 1.926
Urucuia 10,18 30 834 1.866
Carinhanha 9,47 29 1.114 1.586
Corrente 8,07 25 1.253 1.447
Grande 3,98 11 1.522 1.178
Margem Direita
das Velhas 11,26 29 675 2.025
Jequitaí 6,75 17 699 2.001
Verde Grande 0,62 - 1.075 1.625
Fonte: PLANVASF
Com relação às vazões dos afluentes (Quadro 8), registra-se que:
· há uma grande diferença, nos meses de cheias, entre a média das máximas e a
das mínimas, cuja razão atinge 11 - mês de janeiro nos rios Jequitaí e Paracatu; 
· há uma relativa estabilidade nos caudais médios mensais, quando comparado o
mês de cheias com o de maior estiagem nos afluentes da margem esquerda; os
afluentes da margem direita apresentam menor estabilidade;
· o rio Grande, cuja desembocadura no São Francisco situa-se a 1.178 km da foz
deste no Atlântico, é, na prática, o último afluente permanente de vazão
significativa;
· as contribuições ao São Francisco concentram-se na metade inicial do seu curso;
· os afluentes do São Francisco, a jusante do rio Verde Grande na margem direita
e rio Grande na margem esquerda são praticamente intermitentes e situados no
Polígono das Secas. Produzem grandes torrentes e secam, condicionados pela
pluviosidade. 
27
As enchentes do São Francisco são formadas pela área a montante de Pirapora,
que aporta 29%; pelo rio das Velhas, com 18%; pelo Paracatu, com 19%; e pelo
Urucuia, com 11%, totalizando 77% da bacia. Os restantes 23% correspondem aos
rios Jequitaí, Corrente, Carinhanha, Grande, Verde Grande e as demais áreas de
drenagem. 
Com a finalidade de controlar parcialmente essas cheias, é mantido um volume de
espera nos reservatórios de Três Marias e de Sobradinho. A construção de
barragens nos afluentes de maior porte, notadamente nos rios das Velhas, Paracatu
e Urucuia, poderá também contribuir significativamente para a regularização do
curso principal.
 
Segundo o Projeto Áridas, a disponibilidade hídrica total da região Nordeste é de
97,3 bilhões de m3/ano, sendo 92,9 bilhões oriundos de águas superficiais e,
desses, 87,4 bilhões devidos a rios perenes. O São Francisco, com uma
disponibilidade de 64,4 bilhões de m3/ano, responderia por 69% da disponibilidade
de águas superficiais e por 73% da disponibilidade superficial garantida do
Nordeste, face à sua perenidade. 
Ainda segundo o Áridas, a capacidade total de acumulação de água superficial do
Nordeste é de 85,1 bilhões de m3. Desses, 50,9 bilhões, ou seja, 59,8%, se
localizam no São Francisco: Sobradinho (34,1 bilhões), Itaparica (11,8 bilhões),
Xingó (3,8 bilhões) e Moxotó (1,2 bilhões). Cabe informar que Três Marias acumula
outros 21 bilhões de m3. 
As águas do São Francisco e seus principais afluentes apresentam em média, boa
potabilidade, demandando apenas tratamento convencional para abastecimento
humano, embora venham sofrendo descargas pontuais de detritos poluentes,
principalmente no rio das Velhas, que se apresenta como uma das exceções neste
aspecto, pois apresenta problemas em relação à qualidade de suas águas em boa
parte de seu leito principal. 
Para irrigação, a água do curso principal é considerada ótima, tendo sido
classificada como C1S1, segundo o método do Departamento de Agricultura dos
28
Estados Unidos. Esta classificação indica baixa condutividade elétrica (sem perigo
de provocar salinização do solo) e baixa relação de absorção de sódio (sem perigo
de provocar sodificação do solo).
Os rios do estado de Minas Gerais contribuem com cerca de 2.042 m3/s,
correspondendo a 72% dos recursos hídricos. Os rios da Bahia, com
aproximadamente 610 m3/s, equivalente a 22%. Os restantes 158 m3/s ou 6%, se
distribuem entre Pernambuco, Sergipe e Alagoas. 
As contribuições dos rios que nascem no Distrito Federal e em Goiás são reduzidas,
estando incorporadas às de Minas, onde esses rios encontram o São Francisco. A
vazão regularizada a partir de Sobradinho é de 2.060 m3/s. A vazão média de longo
termo1 na foz é de aproximadamente 2.810 m3/s, de acordo com a ANA e de 2.850
m3/s segundo a CHESF.
Recursos Hídricos Subterrâneos
As águas subterrâneas da bacia ocupam diferentes tipos de reservatórios, desde
zonas fraturadas do substrato geológico pré-cambriano até depósitos quaternários
recentes. Foram identificadas 9 províncias, das quais 4, com reserva aqüífera
explotável da ordem de 8,7 bilhões de m3/ano, são importantes para o
abastecimento humano e animal e para o aproveitamento hidroagrícola. Essas
reservas são apresentadas no Quadro 8 a seguir.
1 Descarga média de longo termo, ou vazão média de longo termo para um determinado local ou
posto fluviométrico, é a média aritmética da série histórica de descargas médias diárias para um
período de observação de no mínimo 30 anos. Já a vazão ou descarga firme é uma descarga com
magnitude tal que ocorre em 95% do tempo de uma série de descargas médias diárias, com um
período de observação de no mínimo 30 anos. (Jonair Mongin, SRH/MMA).
29
Quadro 9 - Províncias Hidrogeológicas da bacia do São Francisco .
Principais Províncias Hidrogeológicas
Província hidrogeológica
Reserva
Explotável
(milhões de
m3/ano)
Localização
Coberturas Detríticas da
Depressão São Franciscana 477
Serra da Tabatinga, entre a Serra
do Estreito e o rio São Francisco,
do rio Grande até Pilão Arcado,
entre Bom Jesus da Lapa e Barra
Zonas Aqüíferas Cársticas 780 Platô de Irecê, Alto e Médio SãoFrancisco
Aluviões e Dunas Litorâneas 1.630
Ao longo dos principais cursos
d’água e nas proximidades da foz
do São Francisco
Chapadas Areníticas 5.868
Sertões sergipano e alagoano,
entre o São Francisco e o Vaza
Barris, nordeste da Bahia,bacias
dos rios Preto, Paracatu e Prata,
Chapada do Araripe
Fonte: CODEVASF - 20 Anos de Sucesso
As características dessas principais províncias são:
Coberturas Detríticas da Depressão São Franciscana são aqüíferos livres,
contínuos, com porosidade e condutividade hidráulica dominante intersticial,
compreendendo diferentes unidades geológicas. As espessuras são estimadas
entre 100 e 200 metros, com seção saturada média da ordem de 50 m. A recarga é
garantida pela abundante pluviometria média anual que varia entre 700 e 900 mm,
estimando-se sua taxa entre 10 e 15%. Numa caracterização geral, as águas destes
aqüíferos apresentam um caráter químico muito variável. Os valores de pH variam
de 5 a 8 e a dureza é inferior a 30 mg/l de CaCO 3. Em 75% das análises disponíveis,
são inferiores a 100 mg/l.
Zonas Aqüíferas Cársticas - este tipo de condição hidrogeológica é característico do
domínio de ocorrência da seqüência de rochas carbonatadas do Grupo Bambuí,
cuja extensão aflorante é estimada em 400.000 km2, na Bahia, Minas Gerais e
Goiás.
Aluviões são aqüíferos livres, isto é, não confinados, contínuos, com porosidade e
30
condutividade hidráulica dominante intersticial. As espessuras também variam muito,
podendo atingir 50 a 60 m. Porém, mais freqüentes com alguma importância como
aqüíferos, apresentam larguras entre 100 a 300 m, espessuras saturadas entre 5 e
10 m e níveis estáticos variando desde subaflorantes até 4-5 m de profundidade. 
É importante enfatizar que a exploração do aqüífero aluvial depende, em grande
parte, das condições de operação dos mananciais de superfície, uma vez que o
fator principal de regularização e/ou ampliação é proporcionado pelo fluxo do rio ao
qual acha-se intimamente ligado.
Dunas Litorâneas são as dunas de areias litorâneas. Ocorrem de forma mais
expressiva nas proximidades da foz do rio, recobrindo sedimentos do Grupo
Barreiras sobre uma extensão aproximada de 1.350 km2. As espessuras são
desconhecidas, estimando-se a média da ordem de 15 m. A principal fonte de
recarga deste sistema aqüífero é, naturalmente, as abundantes pluviometrias cujas
médias anuais variam entre 1.200 e 1.400 mm. As taxas estimadas variam entre 0,3
e 0,5 x 106 m3/km2, ou seja, 30% da precipitação pluviométrica.
Chapadas Areníticas constituem aqüíferos livres, contínuos, de porosidade e
condutividade hidráulica dominante intersticial média e baixa. São sedimentos
arenosos médios e finos, com siltitos, argilas e conglomerados intercalados ou
misturados em proporções variadas pertencentes ao Grupo Barreiras, coberturas
aluvionares quartzosas, arenitos finos siltosos com intercalações de folhelhos,
argilitos, calcários e conglomerados, constituintes das formações Exu, Marizal,
Urucuia e Areado. Ocorrem formando chapadões delimitados por cuestas vivas e/ou
obliterados, relativamente proeminentes no relevo atual, a seguir relacionados:
Tabuleiros do Grupo Barreiras, Altiplanos das bacias Tucano-Jatobá, Planaltos do
São Francisco.
31
3.2.2. Os Biomas 
A Bacia do São Francisco contempla fragmentos dos biomas: floresta Atlântica,
cerrado, caatinga, costeiros e insulares. 
O cerrado cobre, praticamente, metade da área da bacia - de Minas Gerais ao oeste
e sul da Bahia, enquanto a caatinga predomina no nordeste da Bahia, onde as
condições climáticas são mais severas. Um exemplar da floresta Atlântica,
devastada pelo uso agrícola e pastagens, ocorre no Alto São Francisco,
principalmente nas cabeceiras. Margeando os rios, onde a umidade é mais elevada,
observam-se regiões de Mata Seca. 
Em termos quantitativos genéricos, pode-se estimar que a ação antrópica já atingia,
em 1985, 24,8% da área da região. Deste total, as pastagens ocupavam 16,6%,
agricultura 7%; o reflorestamento, 0,9%; e usos diversos, 0,3%. 
Localizado em parte da região, o polígono das secas é um território reconhecido
pela legislação como sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens, com
várias zonas geográficas e diferentes índices de aridez. Situa-se majoritariamente
na região Nordeste, porém estende-se até o norte de Minas Gerais. A Bacia do São
Francisco possui 58% da área do polígono além de 270 de seus municípios ali
inscritos. 
O clima apresenta uma variabilidade associada à transição do úmido para o árido,
com temperatura média anual variando de 18 a 27o C , baixo índice de
nebulosidade e grande incidência de radiação solar. A pluviosidade apresenta média
anual de 1.036 mm, sendo que os mais altos valores de precipitação, da ordem de
1.400 mm ocorrem nas nascentes do Rio e os mais baixos, cerca de 350 mm, entre
Sento Sé e Paulo Afonso, na Bahia. O trimestre mais chuvoso é de novembro a
janeiro, contribuindo com 55 a 60% da precipitação anual, enquanto o mais seco é
de junho a agosto. 
A evapotranspiração média é de 896 mm/ano, apresentando valores elevados entre
1.400 mm (sul) a 840 mm (norte), em função das elevadas temperaturas, da
localização geográfica intertropical e da reduzida nebulosidade na maior parte do
32
ano.
O clima da bacia é influenciado por diferentes massas de ar e condições
topográficas, apresentando baixo índice de nebulosidade e, por conseqüência, uma
grande incidência da radiação solar. Em função das elevadas temperaturas médias
anuais, da localização geográfica intertropical e da limpidez atmosférica na maior
parte do ano, a evapotranspiração potencial é muito alta, sobretudo na parte norte
da bacia. 
Estes índices acompanham geograficamente a variação da temperatura, com os
maiores valores anuais no Sub-médio São Francisco, onde algumas estações
atingem 2.140 mm, descendo para 1.300 mm na zona do limite norte da bacia e um
pouco menos no extremo sul. Por sua vez, os índices relativos à evaporação mudam
inversamente e crescem de acordo com a distância das nascentes: vão de 800
milímetros anuais, na cabeceira, a 2.200 milímetros anuais em Petrolina (PE).
O elemento que mais caracteriza o clima da bacia é a pluviosidade. A conformação
das isoietas segue de perto a da topografia: de um modo geral, os seus valores
diminuem em direção ao leito do rio e, ao longo deste, de montante para jusante até
Pão de Açúcar onde começam a aumentar até a foz. Em toda a bacia há um
período seco bem marcado. Os mais altos valores de precipitação anual, da ordem
de 1.600 mm, ocorrem nas nascentes do rio e os mais baixos, cerca de 450 mm,
entre Sento Sé e Paulo Afonso. 
Os índices pluviais da bacia do São Francisco variam desta maneira, entre sua
nascente e sua foz. A pluviometria média vai de 1.900 milímetros na área da Serra
da Canastra a 450 milímetros na região do semi-árido nordestino.
 
As principais características hidroclimáticas da bacia do rio São Francisco estão
sumarizadas no Quadro 10 para cada uma de suas regiões fisiográficas. Enquanto a
precipitação média anual na bacia é de 1.036 mm, espacialmente, a chuva anual
pode variar desde menos de 600 mm, no Semi-árido nordestino, entre Sobradinho
(BA) e Xingó (BA), até mais de 1.600 mm, nas nascentes localizadas no Alto São
Francisco, em Minas Gerais. A figura 4 mostra as isoietas baseadas nos valores
médios de precipitação anual na bacia entre 1961 e 1990.
33
A montante de Xingó (no Alto, Médio e Sub-médio), o trimestre mais chuvoso é de
novembro a janeiro, contribuindo com 53% da precipitação anual, enquanto o
período mais seco é de junho a agosto (figura 5). Porém, existe uma diferença
marcante na ocorrência do período chuvoso no Baixo São Francisco, que se
estende de maio/junho a agosto/setembro.
Quadro 10 - principais características hidroclimáticas da bacia do rio São
Francisco
Ainda relacionada ao clima, cabe destacar uma área relevante,a qual extrapola o
âmbito da bacia, que é o Semi-árido. Este é um território vulnerável e sujeito a
períodos críticos de prolongadas estiagens, que apresenta várias zonas geográficas
e diferentes índices de aridez. As freqüentes e prolongadas estiagens da região têm
sido responsáveis por êxodo de parte de sua população. 
A região semi-árida ocupa cerca de 57% da área da bacia, abrange 218 municípios
na região e, apesar de situar-se majoritariamente na região Nordeste do país,
alcança um trecho importante do norte de Minas Gerais, conforme pode ser
observado na figura ???.
A cobertura vegetal da bacia contempla fragmentos de diversos biomas salientando-
se a Floresta Atlântica em suas cabeceiras, o Cerrado (Alto e Médio São Francisco),
a Caatinga (Médio e Sub-médio São Francisco) e o bioma Costeiro representado por
restingas e manguezais (Baixo São Francisco). Ocorrem, ainda, áreas de transição
entre o Cerrado e a Caatinga, as florestas estacionais decídua e semi-decídua, e os
campos de altitude.
Os estudos realizados pelo PLANVASF sobre a vegetação da bacia englobaram
uma área total de 691,0 mil km2 (69,1 milhões de ha), correspondendo à totalidade
do território dos municípios, mesmo daqueles parcialmente inseridos na bacia, e não
incluem áreas do Distrito Federal e de Goiás. Para a área assim definida, tem-se
que as terras ocupam 68,5 milhões de ha (99,1%) e que as águas internas ocupam
0,6 milhões de ha (0,9%). 
34
No que se refere à vegetação natural, constatou-se um elevado grau de
dependência em relação ao clima, sendo que a topografia e a natureza do solo
também afetam a distribuição da vegetação natural, na medida em que condicionam
o volume de água retido pela terra.
Os ecótonos são as áreas de contato ou transição entre os tipos de vegetação
dominantes e perfazem 11,1% da bacia. Nas áreas antrópicas, que totalizam 24,8%,
a agricultura ocupa 7%; as pastagens, 16,6%; o reflorestamento, 0,9%; e usos
diversos, 0,3%. Os refúgios ecológicos e as áreas de conservação/preservação
perfazem 1,0%. A distribuição das terras da bacia, por Estado, com relação à
vegetação/uso atual, é apresentada no quadro 9. 
Floresta Atlântica
Predominante na região úmida, apresentando-se, também, nas regiões subúmidas
secas e úmidas, ao longo dos rios e riachos, onde ocorre maior umidade do solo,
formando floresta de galerias ou mata ciliar. Ocorre, ainda, nas regiões de clima
subúmido seco e transicional para semi-árido, onde há presença de solos de alta
fertilidade. Espacialmente, cobre 8,0% da superfície da bacia, localizando-se em
Minas Gerais (Alto São Francisco) e nas faixas costeiras de Sergipe e Alagoas
(Baixo São Francisco).
Quadro 11. Formações Vegetais na bacia do São Francisco, por estado.
Vegetação/Usos da Terra (mil ha)
Vegetação/Usos MG BA PE SE AL Total %
1 – Floresta 2.983,0 2.425,6 31,0 32,0 33,0 5.504,6 8,0
2 – Cerrado 14.421,1 8.800,9 - - - 23.222,0 33,9
3 – Caatinga 589,0 8.355,7 4.875,6 368,7 335,5 14.524,5 21,2
4 - Áreas de contato 220,0 7.174,9 114,0 40,0 62,7 7.611,6 11,1
5 - Áreas antrópicas 7.413,0 5.929,0 2.096,7 374,0 1.209,8 17.022,5 24,8
5.1 – Agricultura 360,7 2.181,7 1.565,7 156,0 552,5 4.816,6 7,0
5.2 – Pastagens 6.347,7 3.638,3 523,0 218,0 657,3 11.384,3 16,6
5.3 -Reflorestamento 529,6 95,0 - - - 624,6 0,9
5.4 - Usos diversos 175,0 14,0 8,0 - - 197,0 0,3
6 - Áreas ecológicas 214,5 375,4 49,9 1,0 21,8 662,6 1,0
35
6.1 –Refúgios - 275,6 - - - 275,6 0,4
6.2 - Preservação 214,5 99,8 49,9 1,0 21,8 387,0 0,6
Total 25.840,6 33.061,5 7.167,2 815,7 1.662,8 68.547,8 100,0
Fonte: PLANVASF
Mesmo reduzida e muito fragmentada, possui uma importância social e ambiental
enorme, pois regula o fluxo dos mananciais hídricos, assegura a fertilidade do solo,
controla o clima e protege escarpas e encostas das serras. A Floresta Atlântica
possui cerca de 20.000 espécies de plantas - das quais 8.000 são endêmicas.
Abriga a maior diversidade de árvores do mundo, superando todos os valores
conhecidos da Amazônia e demais florestas tropicais no mundo.
A Floresta Atlântica possui uma grande biodiversidade de animais, além de muitos
ameaçados de extinção, como a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o
macaco-prego, o guariba, o mico-leão-dourado, vários sagüis, a preguiça-de-coleira,
o caxinguelê, o tamanduá. Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a jacutinga,
o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos. Os
principais répteis desse ecossistema são o teiú, jibóias, jararacas e corais
verdadeiras.
Este bioma abriga 250 espécies de mamíferos (55 deles endêmicos), 340 de
anfíbios (87 endêmicos), 197 de répteis (60 endêmicos), 1.023 de aves (188
endêmicas), além de 350 espécies de peixes (133 endêmicas). Existem mais de 20
espécies de primatas, 2/3 das quais são endêmicas. Em conjunto, os mamíferos,
aves, répteis e anfíbios que ocorrem na Floresta Atlântica somam 1.810 espécies,
sendo 389 endêmicas. Este bioma compreende, aproximadamente, 7% de todas as
espécies do planeta. 
Em virtude da riqueza biológica e dos níveis de ameaça a que está submetida, a
Floresta Atlântica foi indicada por especialistas, em um estudo coordenado pela
Conservation International, como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das
prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o mundo, ao lado de
outras 24 regiões localizadas em diferentes partes do planeta.
36
Cerrado
O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela
Floresta Amazônica. É uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste
com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. 
O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e
alumínio. Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão
desde o cerradão (com árvores altas, em densidade maior e composição distinta),
passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e
esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva
redução da densidade arbórea). Espécies vegetais comuns do cerrado são
barbatimão, pau-santo, gabiroba, pequizeiro, pau-terra, indaiá e buriti.
Na bacia do São Francisco a vegetação natural do Cerrado foi substituída por
pastagens e espaços agrícolas, bem como por reflorestamentos e espaços
destinados à ocupação urbana e às atividades industriais. O grande domínio original
deste tipo de vegetação, que cobre cerca de 33,9% da bacia, está localizado em
Minas Gerais e no oeste da Bahia (Alto e Médio São Francisco).
No cerrado, em área de nascentes, as matas de galeria, protetoras dos marimbus e
das “bolhas” que formam as nascentes dos afluentes, estão sendo dizimadas, assim
como o ecossistema das veredas. Os buritizais que as caracterizam estão
drasticamente diminuindo. Assim sendo, o desmatamento continua também
aumentando, agravando inclusive o assoreamento dos leitos fluviais.
Até a década de 70, cerca de 300 mil ha foram desmatados anualmente nos
cerrados de Minas, para suprir principalmente de carvão o parque siderúrgico do
Estado. Essa devastação chegou a atingir 1 milhão de ha, até que, a região já quase
totalmente desnuda, foi socorrida parcialmente com uma lei promulgada no Estado,
impondo gradativa substituição do carvão proveniente das florestas nativas por
aquele de florestas cultivadas. 
A fauna do Cerrado é muito rica, destacando-se o grupo dos Insetos. Entre os
vertebrados de maior porte, citamos a jibóia, a cascavel, várias espécies de
37
jararaca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, a curicaca, urubus, araras, tucanos,
papagaios, gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole,o tamanduá-bandeira e o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o
cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, e
muito raramente a onça-parda e a onça-pintada. 
Segundo diversos zoólogos, parece não haver uma fauna de vertebrados endêmica,
restrita ao bioma do Cerrado. De um modo geral estas espécies ocorrem também
em outros tipos de biomas.
Entre os Invertebrados, os cupins, insetos da Ordem Isoptera, são de grande
importância pela sua riqueza em gêneros e espécies, e pelo seu papel no fluxo de
energia do ecossistema, como herbívoros vorazes que são e servindo de alimento
para grande número de predadores. Os gafanhotos (Ordem Orthoptera) também
apresentam grande riqueza de espécies e significativa importância como herbívoros.
Animais característicos da região são o sapo-cururu, a asa-branca, a cotia, a gambá,
o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros. São 20
as espécies ameaçadas de extinção, estando incluídas nesse conjunto duas das
espécies de aves mais ameaçadas do mundo: a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e
a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). 
Em função disso, duas áreas no estado da Bahia pertencentes à bacia do São
Francisco foram consideradas de importância biológica extrema: o Raso da
Catarina, principal área de alimentação e reprodução da arara-azul-de-lear, e
Curaçá, única área de ocorrência da ararinha azul, constituindo o local apropriado
para programas de recuperação populacional da espécie e de seu hábitat
(caraibeiras na mata ciliar).
Caatinga
A Caatinga é uma das maiores e mais distintas regiões fitogeográficas brasileiras,
compreendendo uma área aproximada de 734.478 Km2, o que representa 70% da
região Nordeste e 11% do território nacional.
38
Dentre os biomas brasileiros, a Caatinga é o menos conhecido botanicamente. Em
levantamento de 2002, foram listados para o bioma 18 gêneros e 183 espécies
endêmicas, pertencentes a 42 famílias, incluindo tanto plantas de áreas arenosas
como rochosas. As famílias com maior número de espécies endêmicas são
Leguminosae (80) e Cactaceae (41). Dessas, várias estão em perigo de extinção.
A maior diversidade da flora da Caatinga está associada às maiores altitudes,
principalmente em áreas rochosas. Entretanto, as lagoas ou áreas úmidas
temporárias, nas terras mais baixas, representam um conjunto de habitats frágeis e
ricos em espécies de plantas raras e endêmicas, extremamente ameaçados pelas
atividades da agropecuária local, constituindo-se em refúgios onde os animais de
criação são reunidos durante os períodos de seca.
 
Na bacia do São Francisco, a Caatinga é a vegetação das áreas de clima árido e
semi-árido, predominante nos estados da Bahia, Pernambuco e oeste de Alagoas e
Sergipe, cobrindo 21,2% do território da bacia. Fisiograficamente situa-se no Médio,
Submédio e Baixo São Francisco.
 
A Caatinga é um tipo de formação vegetal com características bem definidas:
árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação das secas
(espécies caducifólias), além de muitas cactáceas, que têm sistema de
armazenamento de água. Sua paisagem é formada por árvores de troncos
tortuosos, recobertos por cortiça e espinhos. As raízes cobrem a superfície do solo,
para capturar o máximo de água durante as chuvas leves. Algumas das espécies
mais comuns são a amburana, aroeira, umbu, baraúna (braúna), maniçoba,
macambira, mandacaru e juazeiro.
 
Especialistas apontaram 53 áreas prioritárias para conservação da flora da
Caatinga. Destas, 17 são de extrema importância, sendo recomendada proteção
integral. Oito áreas, ou 47%, se encontram relacionadas à bacia do São Francisco:
na Bahia - Serra do Curral Feio, Dunas do São Francisco em Barra e Pilão Arcado, e
Serra do Açuruá; em Pernambuco - Petrolina, Buíque e Reserva Biológica de Serra
Negra; e duas envolvendo mais de um estado - Chapada do Araripe (PE, CE e PI) e
Xingó (BA, PE, AL e SE).
39
A fauna da Caatinga é também constituída por diversos outros tipos de aves,
algumas endêmicas do Nordeste, como o patinho, chupa-dente, o fígado, além de
outras espécies de vertebrados, como o tatu-peba, o gato-do-mato, o macaco-
prego, o bicho-preguiça, o gato-maracajá, a jararaca e a sucuri-bico-de-jaca.
Existem 148 espécies de mamíferos registradas para o bioma Caatinga, com baixa
incidência de endemismos (19 espécies). 
Com relação às espécies de anfíbios e répteis, os campos de dunas de Barra e
Xique-Xique e de Santo Inácio, no Médio São Francisco, foram considerados de
extrema importância biológica, pois neles concentram-se conjuntos únicos de
espécies e até gêneros endêmicos.
A Caatinga é o bioma menos conhecido do Brasil para todos os grupos de
invertebrados. Entretanto, sua heterogeneidade espacial e a singularidade de certos
ambientes permitem supor a possibilidade de a fauna de invertebrados desse bioma
ser riquíssima, com várias espécies endêmicas. É preciso, pois, aprimorar
significativamente, e o mais rápido possível, o conhecimento sobre os invertebrados
da Caatinga (Brandão e Yamamoto, in Silva et al., 2004).
Bioma Costeiro – Manguezais
O Bioma Costeiro é extenso e muito variado. O Brasil possui uma linha contínua de
costa com mais de 8 mil quilômetros de extensão, uma das maiores do mundo. Ao
longo dessa faixa litorânea é possível identificar uma grande diversidade de
ecossistemas como dunas; praias lodosas e arenosas; inúmeros estuários e
sistemas lagunares margeados por manguezais e marismas; lagoas salinas,
restingas e cordões arenosos; ilhas costeiras e oceânicas; recifes de coral; costões
e fundos rochosos, bancos de algas calcáreas, arrecifes de arenito paralelos à linha
de praias; baías e brejos; falésias. 
Na foz do rio São Francisco esse bioma é representado por praias, restingas,
lagunas e, principalmente, manguezais.
O manguezal é um ecossistema particular, que se estabelece nas regiões tropicais
40
de todo o globo. Origina-se a partir do encontro das águas doce e salgada,
formando a água salobra. Nos manguezais, as condições físicas e químicas são
muito variáveis, limitando os seres vivos que ali habitam e freqüentam. Os solos são
formados a partir do depósito de siltes, areia e material coloidal trazidos pelos rios. 
São muito moles e ricos em matéria orgânica em decomposição. Em decorrência,
são pobres em oxigênio. As plantas se reproduzem a partir de propágulos, que se
desenvolvem ligados à planta mãe. Esses propágulos soltam-se e dispersam pela
água, até atingirem um local favorável ao seu desenvolvimento. 
Essa vegetação típica apresenta uma série de outras adaptações às condições
existentes nos manguezais. É tão especializada que se pode verificar a ocorrência
de determinadas espécies de plantas nos manguezais de todo o mundo, como é o
caso da Rizhophora mangle, conhecida vulgarmente no Brasil como mangue
vermelho. Associadas ao mangue vermelho, destacam-se a presença da
Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana.
Devido à grande importância econômica dos manguezais, estes ambientes são
degradados diariamente pela ação e ocupação do homem. 
 
A região já foi considerada um grande parque de essências florestais. Durante
décadas, o Nordeste foi abastecido pelo cedro, que recobria grandes áreas de mata
seca no médio São Francisco. Enormes balsas, feitas com lastros dos próprios
toros, eram lançadas n'água. Tudo isso para abastecer as madeireiras
principalmente de Petrolina e Juazeiro e daí espalhá-lo para todo o Nordeste. 
Essa espécie foi quase praticamente extinta nessa região. A aroeira, também
abundante em outras épocas, foi altamenteperseguida, até que, por portaria, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente-IBAMA e Estados proibiram a sua
comercialização, o que ainda não impediu, de todo, a sua utilização.
Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de animais
que se reproduzem nestes locais. Ali, os filhotes também são criados. Os camarões
se reproduzem no mar, na região da plataforma continental. Suas larvas migram
para as regiões dos manguezais, onde se alimentam e crescem antes de retornarem
41
ao mar. Uma grande variedade de peixes costuma entrar no mangue para se
reproduzir e se alimentar, como os robalos e as tainhas. Muitas aves utilizam esse
ambiente para procriar. Podem ser espécies que habitam os mangues ou aves
migratórias, que usam os manguezais para se alimentar e descansar. São guarás,
colhereiros, garças, socós e martins-pescadores. 
Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são muito ricos em espécies,
porém se destacam pela grande abundância das populações que neles vivem. Por
isso, podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil. 
Devido à riqueza de matéria orgânica disponível, o fitoplâncton retira os sais
nutrientes da água e, através da fotossíntese, cresce e se multiplica. O zooplâncton,
alimenta-se das microalgas do fitoplâncton e de matéria orgânica em suspensão.
Larvas de camarões, caranguejos e siris filtram a água e retiram microalgas e
matéria orgânica. Pequenos peixes filtradores, como a manjuba, também se
alimentam desse rico caldo orgânico. A partir das microalgas, se estabelece uma
complexa teia alimentar.
Destacam-se ainda as várias espécies de caranguejos, formando enormes
populações nos fundos lodosos e árvores dos manguezais. Nos troncos submersos,
vários animais filtradores, tais como as ostras, alimentam-se de partículas
suspensas na água. Uma grande variedade de peixes penetra nos manguezais na
maré alta. Muitos dos peixes que constituem o estoque pesqueiro das águas
costeiras dependem das fontes alimentares do manguezal, pelo menos na fase
jovem. Diversas espécies de aves comedoras de peixes e de invertebrados
marinhos nidificam nas árvores do manguezal. Alimentam-se especialmente na
maré baixa, quando os fundos lodosos estão expostos.
Pântanos e lagoas
As regiões dos pântanos e lagoas franciscanas aonde as antas predominavam
estão sendo reduzidas. Com elas as emas, os veados, os tamanduás-bandeira, os
tatus-canastras, todos já raros e não mais encontrados, quando há bem pouco
tempo era comum serem vistos andando livres na natureza virgem. A natureza foi
42
obrigada a ceder espaço, aos trancos de grandes tratores, para que aí se
instalassem novas grandes áreas de lavoura, sem qualquer preocupação
preservadora (José Theodomiro de Araújo; A Questão Ambiental do São Francisco;
Bibliografia: “O Velho Chico, uma Paixão: Uma Coletânea de trabalhos sobre o rio
São Francisco”)
Fauna aquática 
Espécies zooplânctonicas
O componente animal do plâncton de água doce constitui um conjunto diverso de
organismos com representantes de quase todos os grupos taxonômicos,distribuídos
por três grupos principais dominantes: os Rotifera, os Cladocera e os Copepoda
(Wetzel,1981).Eles são o alimento das larvas de peixes.
Especificamente no reservatório de Três Marias a porcentagem dos grupos variou
entre a época de chuva e a de seca durante o ano no estudo de Cristiane Machado
López & Edson Vieira Sampaio (2003). Copepoda foi o grupo dominante com
espécies dos gêneros: Notodiaptomus,Thermocyclops,Paracyclops e Mesocyclops. 
Em seguida vem a população de Rotifera,cujos gêneros principais foram:
Brachionus, Collotheca, Conochilus, Filinia, Hexarthra, Keratella, Lecane,
Macrochaetus, Polyarthra, Ptygura, Sinantherina e Trichocerca. Entre os Cladocera
os principais gêneros observados foram: Alona, Bosmina, Bosminopsis,
Ceriodaphnia, Daphnia, Diaphanosoma, Ilyocryptus e Moina. Os gêneros de
protozoários mais observados foram: Arcella e Difflugia.
Ictiofauna da bacia do São Francisco
Excluídas as espécies diádromas (aquelas que migram entre o mar e a água doce)
são registradas cerca de 158 espécies de peixes de água doce para a bacia (Britski
et al., 1988; Sato & Godinho, 1999; Alves & Pompeu, 2001), mas novas espécies
têm sido descritas com freqüência. 
43
Quadro 12. Principais espécies da ictiofauna na região do médio São
Francisco
Dourado (Salminus hilarii e Salminus brasiliensis) Peixe-cachorro (Acestrorhynchus britskii,
Acestrorhynchus lacustris)
Trairão, espécie proveniente da bacia Amazônica
(Hoplias cf.lacerdae)
Jeju (Hoplerythrinus unitaeniatus)
Traíra (Hoplias malabaricus), (Steindacherina
elegans)
Tamoatá (Hoplosternum littoralae)
Bagre (Rhamdia quelen), e (Cichasoma facetum) Cascudo (Pterygoplichthys etentaculatus)
Pilombeta (Anchoviella vaillanti) Mandizinho (Pimelodella cf.vittata)
Manjuba (Curimatella lepidura) Mandi-branco (Pimelodus fur)
Curimatá-pacu (Prochilodus marggravii) Mandi-amarelo (Pimelodus maculatus)
Curimatá-pioa (Prochilodus costatus) Mandi-branco( Pimelodus sp.)
Piau-verdadeiro(Leporinus obtusidens) Surubim (Pseudoplatyatoma coruscans)
Piau-gordura (Leporinus piau) Cangati (Trachelyopterus galeatus)
Piau-Três- Pintas ( Leporinus reihardti) Sarapó (Gymnotus carapo, Eigenmannia virescens)
Timburé ( Leporinus taeniatus) Mussum (Synbranchus marmoratus)
Piau-branco (Schizodon knerii) Cará (Cichlasoma sanctifranciscense)
Canivete (Characidium lagosantensis) João-Bobo (Crenicichla lepidota)
Lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus) Barrigudinho (Pamphorichthys hollandi).
Lambari( Astyanax eigenmanniorum) Piaba-rapadura (Tetragonopterus chalceus)
Lambari-do-rabo-vermelho (Astyanax fasciatus) Matrinchã (Brycon orthotaenia)
Piaba (Bryconamericus stramineus, Moenkhausia
costae, Psellogrammus kennedyi, Hemigrammus
marginatus, Phenacogaster franciscoensis,
Roeboides xenodon, Orthopinus franciscensis)
Pacu (Myleus micans)
Piabinha (Hyphessobrycon microtopterus e
Hyphessobrycon santae, Serrapinus heterodon,
Serrapinus piaba)
Piranha (Pygocentrus piraya)
Piaba-facão (Triporteus guentheri) Pirambeba (Pygocentrus piraya)
 Sete espécies, todas importantes para a pesca, foram consideradas por Sato et al.
(2003) como provavelmente migradoras de longa distância: curimatá-pacu
(Prochilodus argenteus), curimatá-pioa (Prochilodus costatus), dourado (Salminus
brasiliensis), matrinchã (Brycon orthotaenia), piau-verdadeiro (Leporinus
obtusidens), pirá (Conorhynchos conirostris) e surubim (Pseudoplatystoma
corruscans).
 
44
Pompeu e Godinho (2003), fizeram um levantamento sobre a ictiofauna de três
lagoas marginais localizadas no médio São Francisco (trecho entre Pirapora (MG) e
a represa de Sobradinho) indicando a ocorrência de 50 espécies de peixes,
conforme quadro 12.
A ictiofauna registrada para a bacia do São Francisco, na área de abrangência da
Caatinga, totalizou 116 espécies em 70 gêneros, merecendo destaque a
extraordinária diversidade de peixes anuais da família Rivulidae, sem paralelo em
outras regiões, e que atinge 24 espécies. 
Em relação à fauna de peixes da Caatinga, as 4 áreas consideradas por
especialistas como de importância extrema para preservação estão localizadas na
bacia do São Francisco: Itacarambi em Minas Gerais e Guanambi, Bom Jesus da
Lapa e Ibotirama na Bahia. A importância dessas áreas se relaciona ao elevado
número de espécies, à presença de ambientes especiais como cavernas ou poças
temporárias, ou ao alto número de espécies de interesse econômico.
Várias espécies de peixes foram introduzidas na bacia e hoje apresentam
populações estabelecidas. A grande maioria dessas ocorreu ao longo da última
década

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