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REALISMO
ORIGEM
O Realismo surgiu na segunda metade do século XIX. Foi essencialmente uma reação ao idealismo da literatura romântica. Com diversas formas de manifestação, a arte realista teve grande importância tanto na Europa quanto no Brasil. Na Literatura, autores como Gustave Flaubert e Machado de Assis são considerados como leitura obrigatória para quem pretende compreender o movimento. 
O Realismo em Portugal teve seu início em 1865, uma época em que liberais e representantes da velha monarquia deposta em 1820 travavam várias lutas. Foi um movimento de renovação, uma tentativa de levar Portugal à modernidade, trazendo ao país as ideias filosóficas e científicas que estava em alta na Europa na época.
AUTORES E OBRAS DO REALISMO 
PORTUGUÊS
1. EÇA DE QUEIROZ: 
O Crime do Padre Amaro; O Primo Basílio; O Mandarim; A Relíquia; Os Maias; A Ilustre Casa de Ramires; Correspondência de Fradique Mendes; A Cidade e as Serras; A Tragédia da Rua das Flores.
2. ANTERO DE QUENTAL: 
Sonetos de Antero; Beatrice e Fiat Lux; Primaveras Românticas; Odes Modernas; Bom Senso e Bom Gosto; Sonetos Completos; Raios de Extinta Luz; Prosas.
3. CESÁRIO VERDE: 
A Débil; A Forca; Cadências Tristes; Deslumbra-mentos; Em Petiz; Flores Velhas; Heroísmos; Ironias do Desgosto; Lágrimas; Merina; Noite Fechada; O Sentimento dum Ocidental; Provincia-nas; Responso; Setentrional; Vaidosa.
4. FIALHO DE ALMEIDA: 
A cidade do vício; O país das uvas; Contos.
5. GUERRA JUNQUEIRO: 
A musa em férias; Os simples; A velhice do Padre Eterno.
6. GOMES LEAl: 
Claridades do sul; O anti- Cristo; O fim do mundo.
CONTEXTO HISTÓRICO
· Desenvolvimento de teorias científicas na Europa, tais como o
· Evolucionismo;
· Comunismo;
· Determinismo;
· Positivismo;
· Abolição da escravidão no Brasil, em 1888;
· Proclamação da República brasileira, em 1889;
CARACTERÍSTICAS
· Valorização da objetividade e dos fatos;
· Impessoalidade, apagamento das ideias do autor;
· Descrições de tipos sociais ou situações típicas;
· Fim das idealizações: retratos de adultério, miséria e fracasso social;
· Prevalência das formas do romance e do conto;
· Frequentes críticas às hipocrisias da moralidade da nova classe dominante, a burguesia;
· Aceitação da realidade tal como ela é.
· Esteticismo: linguagem culta e estilizada, escrita com proporção e elegância;
· Recorrência muitas vezes à ciência ou ao determinismo;
· Abordagem psicológica das personagens como composição da realidade que veem.
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS
A obra Madame Bovary é considerada o primeiro romance realista da história da Literatura. O livro Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é considerado a narrativa inaugural do movimento no Brasil.
Principais escritores do Realismo:
· Gustave Flaubert (1821 – 1880) ...
· Charles Dickens (1812 – 1870) ...
· Eça de Queiroz (1845 – 1900) ...
· Guy de Maupassant (1850 – 1893) ...
· Machado de Assis (1839 – 1908) ...
· Raul Pompeia (1863 – 1895) ...
· Artur de Azevedo (1855 – 1908) ...
· Aluísio de Azevedo (1857 – 1913)
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS
· GUSTAVE FLAUBERT (1821-1880) 
Foi um escritor francês. Sua principal obra é: “Madame Bovary” (1857), que retrata assuntos cotidianos, como o amor de uma forma totalmente diferente do Romantismo. O autor fala ainda sobre o adultério e suas possíveis consequências a quem o cometesse. Esses assuntos são escritos de forma direta e objetiva.
· EÇA DE QUEIROS (1845-1900) 
Considerado o precursor do realismo português. As suas principais obras são: “O Crime do Padre Amaro” (1875), “O Primo Basílio” (1878) e “Os Maias” (1888). As suas obras retratam a sociedade portuguesa do século XIX: cidade provinciana, influência do clero, pequena e média burguesia de Lisboa, intelectuais, aristocracia e alta burguesia.
· ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857-1913) 
Foi um romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista, considerado o precursor do realismo no Brasil. Sua obra “O Mulato” (1881) foi considerada o marco inicial da época, que traz como tema central o preconceito racial. Também escreveu “O Cortiço” (1890), que trata sobre a realidade brasileira do século XIX: as relações e o comportamento dos personagens.
· RAUL POMPÉIA
Natural de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, estudou Direito e atou em movimentos abolicionistas e republicados. Sua mais importante obra é, contudo, O Ateneu, publicada em 1888. Narrado em primeira pessoa, o romance autobiográfico o consagra como escritor. 
· MACHADO DE ASSIS 
(Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, é o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar. Machado de Assis também foi o responsável por implantar no Brasil o Realismo na literatura por meio da observação da sociedade carioca da época em que baseava suas obras. Suas principais obras são hoje clássicos da literatura brasileira, tais como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.
DIFERENÇA
ROMANTISMO
· Amor como salvação
· Casamento por sentimento
· Subjetividade
· Fé
· Verdade individual
· Mulher como perfeição (sem falhas)
REALISMO
· Amor por interesse
· Casamento por status
· Objetividade 
· Razão
· Verdade universal
· Mulher com defeitos e qualidades
FRAGMENTO DE OBRAS
Gustave Flaubert - Madame Bovary
“À noitinha, quando Charles voltava para casa, ela tirava de debaixo das cobertas os longos braços magros, passava-os em torno do pescoço dele e, tendo-o feito sentar-se na beirada da cama, punha-se a falar de seus infortúnios: ele se esquecia dela, amava alguma outra! Bem que lhe haviam dito que ela seria infeliz; e acabava por pedir a ele algum xarope para a saúde e um pouco mais de amor.” 
Eça de Queiroz - Crime do Padre Amaro
(...) Tipóias vazias rodavam devagar; (...) nalguma magra pileca, ia trotando algum moço de nome histórico, com a face ainda esverdeada da noitada de vinho; pelos bancos de praça gente estirava-se num torpor de vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre as suas altas rodas, era
como o símbolo de agriculturas atrasadas de séculos (...). E o homem de Estado, os dois homens de religião, todos três em linha, junto às grades do monumento (a estátua de Camões), gozavam de cabeça alta esta certeza gloriosa da grandeza do seu país (...).”
Conto Machadiano “A cartomante”
“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos
Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita”.
NATURALISMO
ORIGEM
O Naturalismo foi um movimento artístico e cultural que surge em meados do século XIX na França. No Brasil, o naturalismo começa em fins do século XIX e tem como marco inicial a publicação do romance “O Mulato” (1881) de Aluísio de Azevedo.
OBRA: 
“O mulato” Aluísio Azevedo
ANÁLISE: 
É uma obra com forte crítica social. Por meio de seus personagens estereotipados, Aluísio de Azevedo aborda temas como o preconceito racial, a escravidão, a hipocrisia do clero e ainda o provincianismo. Aqui, o mal e a infelicidade das pessoas permeiam a obra.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
• Radicalização do realismo.
• Oposição aos ideais românticos.
• Cientificismo e Determinismo.
• Positivismo e Darwinismo.
• Linguagem coloquial, clara e objetiva.
• Descrições minuciosas.
• Visão mecanicista do homem.
• Romance experimental.
O romance naturalista é, em geral, de carácter experimental e cientificista, um romance de tese que se orienta para a análise social e valorização do coletivo.
 
OUTROS TEMAS ABORDADOS
• Miséria das cidades;
• Crise da produção no campo;
• Péssimas condições de vida;
• Crítica ao tradicionalismo da sociedade;
• Crítica ao conservadorismo da Igreja;
• Violência;
• Crimes;
• Sexualidade;• Adultério;
• Política.
Para Auguste Comte, o Positivismo era uma doutrina de característica sociológica, filosófica e política que surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises sociais e morais do fim da Idade Média e do surgimento da sociedade da indústria, que foi marcado com a Revolução Francesa.
PRINCIPAIS AUTORES
Émile Zola (1840-1902): foi um jornalista e romancista francês do século XIX. É considerado um dos principais escritores do Naturalismo. Suas principais obras: “Germinal” (1885), “Como se casa, Como se morre”, “O Paraíso das Damas”, “J'accuse a Verdade em Marcha”, “A Besta Humana”.
Aluísio Azevedo (1857 – 1913): O autor é considerado o precursor do Naturalismo no Brasil. Sua obra “O Mulato” foi considerada o marco inicial da época, que traz como tema central o preconceito racial. Também escreveu “O Cortiço”, que trata sobre a realidade brasileira do século XIX: as relações e o comportamento dos personagens.
Adolfo Ferreira Caminha (1867-1897): O autor é considerado um dos maiores representantes da literatura naturalista brasileira. Sua obra que merece destaque é “A Normalista”, de cunho regionalista. Também escreveu “Bom Crioulo” que foi considerado um romance ousado, uma vez que trata sobre a homossexualidade. As suas obras tratam sobre temas de violência, perversão, crimes e tragédias, além da homossexualidade citada acima.
Herculano Marcos Inglês de Sousa (1853-1918): Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Raul Pompéia (1863-1895): foi um escritor carioca. Sua principal obra é “O Ateneu”. A obra critica a sociedade brasileira do final do século XX, retratando que um lugar onde quem vence sempre é o mais forte.
COMPARAÇÃO
REALISMO
· Burguesia
· Indivíduos
· Análise psicológica
· Positivismo
· Documental
· Vocabulário elegante
NATURALISMO
· Marginalizados
· Coletividade
· Análise patológica 
· Determinismo
· Experimental
· Vocabulário grosseiro
· Associações entre homens e animais – instinto e características físicas
ÉMILE ZOLA – A Besta Humana
... Não falei da minha mãe, querido, está enganado. Era uma teimosia idiota. Estava se perdendo e o marido claramente percebia, por sua expressão. Gostaria de recuar, engolir de volta as palavras; mas não tinha mais como e sentia suas feições se descompondo, a confissão escapulindo, sem querer, de todo o seu ser. O frio dominou seu rosto, um tique nervoso lhe repuxou os lábios. E ele, assustador, voltando a ficar subitamente vermelho, como se o sangue fosse estourar as veias, pegou- a pelos pulsos, olhou a bem de perto para melhor acompanhar, no sobressalto apavorado dos seus olhos, o que ela não dizia em voz alta. −
Santo Deus! – ele gaguejou. – Santo Deus! [...]
Análise:
Uma COMÉDIA HUMANA, que mostra que por de trás do processo civilizatório que vinha divinizando o ser humano, o tempo todo se escondia a “besta”, com sua primitiva violência. Desvenda-se o instinto, e ele pode ser feroz.
ALUÍSIO AZEVEDO – O Cortiço
“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. [...] As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas."
Análise:
O trecho é singular por mostrar como o livro compara o cortiço a um organismo vivo, um espaço da natureza. A desordem, a degradação sexual, a promiscuidade são resultados desse meio, além da utilização de vocábulos referentes a animais para caracterizar homens e mulheres.

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