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MELLO, José Roberto O império de Carlos Magno

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MELLO, José Roberto. O império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, 1990.
Sob o comando de Clóvis, os francos estabeleceram o único reinado duradouro dentro dos limites do antigo Império Romano. Desde o século II, os francos instalando-se nas fronteiras do Império Romano.
Através das campanhas militares bem sucedidas que, Clóvis, neto de Meroveu, comandou a conquista da região da Gália; além de outras regiões ocupadas por outros povos germânicos. Logo expandiram consideravelmente seu território. No final do século V, Clóvis conseguiu amealhar para si o apoio do Clero e de grande parte da população da Gália, no exato momento de sua conversão ao Cristianismo.
A sua aliança com a Igreja foi de vital importância para a unificação política daquela região, visto que fortaleceu o poder da realeza e contribuiu para a fusão entre conquistadores e conquistados. Como conseqüência do apoio dispensado pela realeza, a Igreja pôde se libertar da influência de imperadores bizantinos e arrebanhar novos seguidores entre os povos germânicos da Europa Ocidental.
Durante o período da dinastia merovíngia, há um início um processo de ruralização de todo o Ocidente europeu, isso acarretou uma retratação na economia, vindo a enfraquecer o poder da realeza, em detrimento da aristocracia agrária, pois as terras do reino eram distribuídas entre o clero e a nobreza, como recompensa por serviços prestados. Não havia entre eles noção de Estado nem de bem público. Em razão disso, a partir do século VII, os reis da dinastia merovíngia, perdem totalmente a autoridade para governar, ficando sujeitos às elites da aristocracia agrária.
Nessa época, o poder vai sendo gradativamente transferido para os prefeitos ou mordomos do palácio. Estes eram verdadeiros primeiros-ministros, dentre os quais, alcança imenso destaque a figura emblemática de Carlos Martel, também considerado "herói" de seu povo, em função de ser considerado o grande responsável pela vitória dos francos sobre os árabes, na Batalha de Poitiers, no ano de 732, junto às cadeias de montanhas dos Pirineus.
Pepino, o breve, filho de Carlos Martel, aproveitando-se de sua posição e do prestígio político de ser prefeito do palácio, contando com o apoio do Papa, consegue tirar do poder o último rei da dinastia merovíngia. A partir desse momento, tem início uma nova dinastia de reis francos: A Dinastia Carolíngia, cujo nome é associado ao seu maior expoente – Carlos Magno. 
Como forma de retribuir o apoio recebido do Sumo Pontífice, Pepino, mais tarde, defende a cidade de Roma, pois esta vinha sendo atacada pelos lombardos. Estes foram derrotados pelas tropas de Pepino e este doa à Igreja o território de Ravena. Com essa demonstração de gratidão, era reforçado o poder temporal da Igreja. Com relação à organização política e social, era formada por um misto de tradições galo-romanas e costumes e práticas germânicas. Havia as Assembléias, que não passavam de revistas militares; para resolver problemas mais complexos, era convocado um conselho composto por altos funcionários do reino.
Os soberanos dispunham de inúmeras propriedades e costumavam residir em uma grande fazenda, rodeada de terras cultivadas e florestas, geralmente reservadas para a prática da caça. Cabe ressaltar que tais soberanos sempre tinham uma residência. Os homens considerados livres eram obrigados ao serviço militar; a justiça era presidida pelos condes, os quais eram auxiliados por um grupo de funcionários denominado sete notáveis. Outro aspecto importante é o fato das leis serem pessoais e não gerais. Portanto, um franco-sálio só obedecia à Lei Sálica. 
A sociedade franca apresentava uma enorme variedade de condições sociais e contradições, a saber: homens livres e escravos, servidores do rei – geralmente grandes proprietários de terras, sem maiores obrigações para com o Estado -, servos libertos, vivendo em condições diversas, etc.
O Império Carolíngio, durante o reinado de Carlos Magno, era organizado em várias unidades político-administrativas denominadas condados, marcas e ducados, sendo que a maior parte das terras imperiais estavam divididas em condados, pois "sua unidade básica era o condado, derivado da velha civitatis romana". Seus administradores – os condes – costumavam ser diretamente nomeados pelo soberano e automaticamente ligados a ele por "juramento de fidelidade".
As marcas eram unidades situadas em áreas de fronteira e tinham a incumbência de defender e assegurar os limites imperiais. Estas eram governadas pelos marqueses, os quais dispunham de grande poder militar e contavam com o apoio dos barões, geralmente situados em fortificações em pontos estratégicos militarmente.
A rigorosa fiscalização dos missi dominici . Estes eram os funcionários nos quais o soberano depositava total confiança, haja vista que sua missão era conter todo e qualquer abuso praticado pelos condes, duques e marqueses; bem como zelar pela aplicação dos decretos e leis imperiais. 
Carlos Magno, além de promover a expansão dos limites imperiais, procurou assegurar esse processo através de uma forte centralização. A sua proclamação imperial não acarretou mudanças significativas na estrutura funcional do Estado carolíngio. Entretanto, havia a constante preocupação referente à sustentação dos pilares econômicos do império, bem como o seu crescimento. Tal fato exigia que fossem tomadas várias medidas fiscais e administrativas, conforme descrito nos textos ora consultados: O Estado recém formado preocupava-se em primeiro lugar, em manter a paz nos locais e nas ocasiões em que ocorriam as trocas comerciais e, assim, fixar com precisão as alturas e os pontos que os comerciantes se encontravam.Para que um sistema político centralizado como o de Carlos Magno pudesse funcionar regularmente, seria necessário que atingisse uma expansão muito grande e uma intensificação muito grande no nível econômico.
Administrativamente, o reinado de Carlos Magno pode ser entendido e considerado como uma tentativa de organizar a estrutura do Estado franco, visto que não havia, até aquele momento, uma autêntica burocracia estatal. Em cada unidade administrativa, dentre as quais se dividia o império, um conde representava o soberano e presidia a aplicação da justiça, além de ostentar o posto de comando das tropas em seu território.
Carlos Magno garantiu os laços de dependência entre o poder régio e a nobreza, já que partes das terras conquistadas eram doadas à aristocracia. Esta, em reciprocidade, assumia obrigações e compromissos de lealdade para com o rei-suserano. Embota houvesse forças descentralizadoras em permanente atuação, elas foram temporariamente controladas pela forte centralização política adotada pelo império. Através disso, podemos perceber a dinamização das relações de vassalagem.
Tornava-se indispensável a utilização de algum mecanismo que garantisse, além do controle fiscal, a aproximação administrativa em relação às camadas inferiores da população. Surge então, a "engenhosa" idéia de garantir os atos do governo, baseados em um sistema abrangente e já arraigado nos costumes da população – as relações de dependência homem a homem – Em razão disso, procurou inserir tal sistema aos fundamentos jurídicos vigentes, conforme o texto ora consultado que mostra a maneira adotada, para inserir com a máxima urgência a vassalagem aos mecanismos jurídicos: " Que cada chefe exerça uma ação coerciva sobre os seus inferiores, a fim de que estes cada vez melhor, obedeçam de boa vontade os mandamentos e preceitos imperiais".
Podemos considerar que as relações de vassalagem ajudaram a consolidar o Império Carolíngio, visto que este não dispunha de uma organização que pudesse organizar a sua administração. Cabe ressaltar que a vassalagem provocou várias divisões de poder, à medida que o governo deixou de ser centralizado, dando a cada unidade administrativa uma característica peculiar e diferenciada em relação às outras. Neste momento, foi criada uma condição de impossibilidade do Estado em manter "sob seu controle" todas as suas unidadesadministrativas.

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