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UCEFF - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAPIRANGA MEDICINA VETERINÁRIA PATRÍCIA BORRE RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE GRANDES ANIMAIS Itapiranga, SC 2019 2 PATRÍCIA BORRE RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE GRANDES ANIMAIS Relatório de Estágio Curricular Supervisionado como requisito final para a aprovação no curso de Medicina Veterinária. Professor orientador: Dra. Patrícia Diniz Ebling Itapiranga, SC 2019 3 PATRÍCIA BORRE RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRUGIA DE GRANDES ANIMAIS. Relatório de Estágio Curricular Supervisionado aprovado como requisito final para a aprovação no curso de Medicina Veterinária na UCEFF - Centro Universitário de Itapiranga. ___________________________________________ Prof. Me. Ramiro Bonotto Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Apresento à comissão examinadora integrada pelos seguintes professores: ___________________________________________ Orientador: Dra. Patrícia Diniz Ebling ___________________________________________ Professor (a): Membro – UCEFF - Centro Universitário de Itapiranga ___________________________________________ Professor (a): Membro – UCEFF - Centro Universitário de Itapiranga 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais, que sempre me ensinaram a amar e respeitar os animais, que me incentivaram a correr atrás dos meus sonhos e me apoiaram em todas as etapas desse processo. Dedico também ao ser superior que me protege e não me deixa desanimar apesar das dificuldades. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço ao ser superior, que sempre esteve ao meu lado, me dando forças para não desanimar durante minha trajetória. Aos Familiares que mesmo longe, sempre me apoiaram e acreditaram em mim, em especial aos meus pais que me motivaram e me confortaram nos momentos mais difíceis da caminhada. Aos meus amigos, que me ajudaram e me motivaram nos momentos difíceis, que sempre me receberam com um sorriso no rosto e um abraço apertado, e com a amizade me mostraram que era possível ter uma segunda família para apoiar e ajudar sempre que possível. Ao meu namorado Marlon, que sempre me apoiou, motivou, incentivou, e ajudou em todas as etapas da minha vida, tanto na vida pessoal, como nos estudos, sempre serei grata a você por todo esse esforço. Aos professores por todo o ensinamento e sabedoria passadas, pela paciência, amizade, puxões de orelha (quando necessário), pelo incentivo, e principalmente pela motivação dada através de aulas teóricas e práticas, onde presenciei todo amor e carinho que os senhores sentem pelo o que fazem diariamente. A instituição de ensino que me ajudou a concluir mais essa etapa, com paciência e amizade. A orientadora Patrícia Ebling, que me ajudou e apoiou em toda essa trajetória, com muita paciência e sabedoria, me incentivou a ser uma profissional melhor, me passando todo seu conhecimento. Ao supervisor de estágio Gustavo Somavilla por toda a paciência, conhecimento e incentivo dado, por me ajudar a compreender melhor algumas questões sobre os casos acompanhados. À empresa Proplace, por toda a ajuda dada, pela amizade, paciência e ensinamentos passado, em especial ao Lazie Manoel de Col, que me ajudou e incentivou tanto durante os meus estudos, quanto durante meu o estágio. Muito Obrigada!!! 6 LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 – Fachada do escritório da Proplace em Itapiranga, SC.................... 10 FIGURA 02 – Imagem de satélite do escritório da Proplace em Itapiranga, SC.... 10 7 LISTA DE TABELAS DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS TABELA 01– Detalhamento das horas e atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto ao escritório da Proplace em Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019................................................................................................................ 11 TABELA 02– Detalhamento das atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto ao escritório da Proplace em Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019.............. 11 TABELA 03– Detalhamento dos atendimentos clínicos realizados e/ou acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto ao escritório da Proplace em Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019................................................................................................................ 12 LISTA DE TABELAS DO ARTIGO CIENTÍFICO TABELA 01 - Impacto econômico gerado pela mastite numa propriedade na linha Aparecida, interior de Itapiranga................................................................. 16 TABELA 02 - Custos gerados pela prevenção de mastite.................................. 18 8 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO............................................................................................. 09 2 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS................................................................ 11 3 – ARTIGO CIENTÍFICO.................................................................................. 13 3.1 – MASTITE E SEU IMPACTO ECONÔMICO NA PROPRIEDADE....... 13 3.1.1 – Introdução................................................................................ 13 3.1.2 – Materiais e Métodos................................................................ 14 3.1.3 – Resultados e Discussões........................................................ 16 3.1.4 – Conclusões.............................................................................. 21 3.1.5 – Referências.............................................................................. 22 4 – CONCLUSÃO............................................................................................... 23 ANEXOS............................................................................................................. 24 9 1. INTRODUÇÃO A empresa Proplace (Figuras 1) está localizada no centro de Itapiranga, na rua do comércio, número 690 (Figura 2). A empresa possui três funcionários, sendo dois médicos veterinários autônomos e uma secretária, além de estagiários. A empresa foi criada em outubro de 2005, tendo como proprietário o Lazie Manoel de Col. A missão da empresa é comercializar soluções ambientais, econômicas e gerenciais de setor industrial, comercial e do agronegócio, tendo como seus valores, a qualidade, eficiência, responsabilidade, inovação e comprometimento. Sua visão tem por objetivo ser reconhecido pelos nossos clientes pela qualidade dos serviços prestados, priorizando o desenvolvimento sustentável e a lucratividade da empresa. A Empresa atua na área de clínica, cirurgia e obstetrícia de ruminantes, exames de tuberculose e brucelose e projetos para a certificação de propriedades monitoradas, com o objetivo de se tornar livres de tuberculosee brucelose. Além da clínica e cirurgia de equinos, exames de anemia infecciosa equina e mormo. A Proplace conta com uma farmácia veterinária, na qual são comercializados vários medicamentos e vacinas para cães, gatos, equinos e ruminantes. Além disso, a Empresa desenvolve projetos na área de agronegócios, como por exemplo, averbação de reserva legal, licenciamento ambiental, projetos de crédito rural e empresarial, consultoria e assessoria empresarial. 10 FIGURA 01: Fachada do Escritório da Proplace em Itapiranga, SC. Fonte: Do autor. FIGURA 02: Imagem de satélite do escritório da Proplace. Fonte: Google Earth, Proplace, Itapiranga, SC. 11 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Resumo das atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019 (período de realização do estágio), perfazendo um total de 324 horas, junto a Proplace, sob orientação do Médico Veterinário Gustavo Somavilla. TABELA 01 – Detalhamento das horas e atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto a Proplace do Município Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019. ATIVIDADES HORAS PERCENTAL (%) Atividades a campo 148 45,67 Escritório/Pesquisa 176 54,32 Total 324 100 TABELA 02 – Detalhamento das atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto a Proplace do Município Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019. Atividades Número Percentual (%) Atendimentos clínicos 130 99,23 Procedimento cirúrgicos 01 0,77 Total 131 100 Foi realizado a orquiectomia de um equino, macho, com dois anos de idade. Para deixar o animal em decúbito lateral, realizou-se a contenção e uso de acepran 1%, 10 mililitros intravenoso. Logo após, realizou-se a assepsia do saco escrotal e o procedimento cirúrgico. Injetou-se 5 mililitros de xilazina, em cada testículo, a fim de minimizar a dor do animal. Logo após o procedimento cirúrgico, houve a aplicação de Gentopen (Benzilpenicilina Potássica), administrado 50 mililitros, intramuscular, além de compressa de gelo para diminuição do inchaço e aplicações diárias de sulfadiazina de prata. 12 TABELA 03 – Detalhamento dos atendimentos clínicos realizados e/ou acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, junto a Proplace do Município de Itapiranga – SC, no período de 07 de agosto a 23 de outubro de 2019. ATIVIDADES NÚMERO PERCENTUAL (%) Auxílio no parto 02 0,74 Coleta de sangue para exames em equinos 22 7,85 Diagnóstico de gestação por ultrassonografia 90 32,14 Diagnostico de gestação por palpação 20 7,14 Hérnia abdominal 01 0,35 Hipocalcemia 14 5,0 Inseminação artificial em tempo fixo 100 35,71 Mastite clínica 14 5,0 Mastite Subclínica 07 2,5 Tratamento de abcesso 01 0,35 Tristeza Parasitária 09 3,21 Total 280 100 13 3. ARTIGO CIENTÍFICO 3.1. MASTITE E SEU IMPACTO ECONÔMICO NA PROPRIEDADE Autores: PATRÍCIA BORRE1; GUSTAVO SOMAVILLA2; PATRÍCIA EBLING3. 3.1.1. Introdução A mastite é a inflamação da glândula mamária, que pode ser classificada como a principal doença que afeta os rebanhos leiteiros, e uma das doenças que mais causa impactos econômicos para os produtores, devido a sua alta prevalência, custos no tratamento, recidivas e uma baixa produtividade da propriedade. As transformações mais observadas no leite são a sua descoloração, o aparecimento de coágulos e a presença de muitos leucócitos. A doença é caracterizada pela presença de conteúdo leucocitário significativamente aumentado no leite das glândulas acometidas (FERREIRA, 2000; PERES NETO & ZAPPA, 2011). A mastite pode ser ocasionada de forma ambiental ou contagiosa. Na forma ambiental é causada por patógenos do ambiente e a contagiosa por má higienização das instalações da ordenha ou dos ordenadores. Ela também pode ser classificada de duas maneiras; mastite clínica, quando há sinais clínicos e mudanças do aspecto do leite evidentes; e subclínica, quando não há evidências de mastite, sendo apenas observado diminuição da produção e aumento das células somáticas através do teste Califórnia Mastite Teste (CMT). Alguns sinais clínicos que a doença apresenta é o aumento de tamanho da gandula mamária, elevação da temperatura, dor, endurecimento e vermelhidão, o que podem causar desconforto ao animal, reduzindo seu bem-estar (FERREIRA, 2000; PERES NETO & ZAPPA, 2011). Isto também causa impacto na produção, já que o estresse gerado pela dor e incomodo, diminui a produção. Além disso, a mudança de aspecto do leite diminui sua qualidade, pela presença de grumos, pus ou leucócitos (células somáticas) altos. A mastite é a enfermidade mais comum em vacas leiteiras adultas, sendo responsável por 38% de toda morbidade. Anualmente, três de cada dez vacas leiteiras apresentam inflamação clinicamente aparente da glândula mamária. Dos bovinos acometidos, 7% são descartáveis e 1% morre em decorrência da doença. A mesma pesquisa apresentou dados sugeridos que mais de 25% das perdas econômicas totais 14 de bovinos leiteiros, associadas às doenças, podem ser diretamente atribuídas à mastite (TYLER; CULLOR, 2002; PERES NETO & ZAPPA, 2011). Objetivou-se com o trabalho analisar o impacto financeiro que a mastite causa na produção de leite. 3.1.2. Material e Métodos Acompanhou-se uma propriedade leiteira (Anexo 2) na linha Aparecida, interior de Itapiranga, com a finalidade de avaliar a incidência de mastite no rebanho e analisar o impacto econômico dessa doença ao produtor. A propriedade é de mão de obra familiar, contém a extensão de 25 hectares, com 80 animais ao total, sendo o sistema de produção a pasto. Na alimentação além do pasto, é fornecido silagem de milho e concentrado (18% de proteína bruta), duas vezes ao dia, em cochos após a ordenha. A quantidade de silagem e concentrado varia conforme a qualidade e quantidade de pasto ofertada. Juntamente com as vacas leiteiras, que é a principal renda mensal, essa propriedade também comercializa peixes e faz plantio direto com trigo, soja e milho. Na ordenha, é realizada o pré-dipping (após a aplicação, deixar agir entorno de dois minutos) e o pós-dipping. Na lavagem da ordenhadeira e resfriador são utilizados detergente alcalino (10 mililitros) e água sanitária (15 mililitros). A ordenhadeira não é canalizada, é usado um transferidor para transferir o leite dos recipientes para o resfriador granel para refrigeração. A propriedade conta com 40 vacas em lactação, onde essas produzem em média 23 mil litros/mês, desses 40 animais, 21 apresentaram CCS acima do padrão aceito pela Instrução Normativa (IN) nº. 76 (BRASIL, 2018), que seria 500.000 CS/mL (500 mil células por mililitro), ocasionando assim queda na qualidade do leite e, consequentemente, queda no valor do produto. Foram coletadas amostras do leite dos quartos mamários de todos os 21 animais com os leucócitos (células somáticas) alto. Também foi realizado o teste de sensibilidade aos antibióticos (TSA) e isolamento bacteriano. Para calcular o impacto econômico dessa propriedade, neste caso crônico de mastite, calculou-se a quantidade de leite que a propriedade deixou de produzir devido à doença, a quantidade de leite descartado devido ao tratamento com antibiótico nos animais contaminados, custo dos medicamentos e das análises laboratoriais, custo com médico veterinário e, por fim, custo dos animais descartados. Não se calculou o 15 prejuízo com a redução da qualidade do leite, poiso laticínio que recebe o leite, ainda não tem taxa de desconto nesses casos. Para realizar o cálculo de leite não produzido, é necessário calcular a média de leite por vaca/dia, ou seja, usa-se a quantidade de litros de leite mensal e divide-se pela quantidade de vacas em lactação. Com o resultado da média de leite/dia, multiplica-se pelo número de vacas com mastite. Este cálculo baseou-se na média de 30% de redução da produção causada pela mastite (SIMÕES; OLIVEIRA, 2012). Para término do cálculo, é necessário fazer uma regra de três, na qual calculou-se o desperdício dos 30% de leite durante a doença, em 100% da quantidade produzida por vaca. Então subtraiu-se o valor inicial do valor resultante e, com os resultados, multiplicou-se pelo preço ganho por litro de leite. Para saber o valor por mês, multiplicou-se os resultados por 30 dias. Para o cálculo de descarte do leite, considerou-se a média de litros/dia por vaca, multiplicada pelos dias de tratamento, e este resultado foi multiplicado pela quantidade de vacas com mastite. Para obter-se o valor do leite descartado, multiplicou-se o resultado pelo preço do litro de leite. Para o cálculo do custo dos medicamentos foi necessário considerar os três medicamentos utilizados, Diclotril (Enrofloxacina), Gentamasti (gentamicina + prednisolona) e, em poucas vacas, Cepravin (Cefalônio Anidro), além da dosagem, número de aplicações, número de animais que receberam o tratamento e o valor da unidade do medicamento. Por exemplo, o Gentamasti, utiliza-se uma bisnaga por teto, no quarto mamário, durante três dias, em todas as vacas com mastite. Com o resultado, multiplicou-se pelo valor da bisnaga, obtendo-se o custo deste medicamento para o produtor. O restante, custo com Médico Veterinário, culturas e descarte de um animal, considerou-se o valor bruto, não sendo necessário cálculos. Porém, em relação ao animal descartado, seu valor inicial era de R$ 5.000,00, mas com a venda do animal para açougue, subtraímos esse valor inicial pelo valor ganho, resultando o valor bruto do animal. Já para calcular os custos da prevenção, é necessário saber o preço dos detergentes alcalino e ácido, do papel toalha usado para secar os tetos após uso do pré-dipping, o valor do mesmo e pós-dipping, além do preço da bisnaga vaca seca. Para realizar os custos do uso do detergente alcalino, é necessário calcular a quantidade gasta por dia, ou seja, deveria ser utilizado em todas as ordenhas, sendo 16 assim usado duas vezes ao dia. Então faz-se a multiplicação deste resultado por 30 dias para saber a quantidade gasta por mês, e multiplica-se pelo preço do litro do produto para descobrir o custo mensal do mesmo. No custo do detergente ácido, apenas muda a quantidade de dias usados, em que deveria ser de três dias semanais, ou seja, multiplica-se a quantidade usada deste produto por dias da semana e após por semanas presentes no mês, calcula-se por fim, o preço final, onde multiplicamos o resultado pelo valor do detergente. Também deve-se fazer uso de desinfetantes como hipocloritos de cálcio e de sódio, logo após o uso do detergente, já que se for usado antes destes perde-se sua eficácia. O cálculo utilizado é muito parecido com o do detergente alcalino, se faz uma média de produto usado por dia, já que se deve usar duas vezes ao dia, logo após a ordenha, faz-se a multiplicação por 30 dias para saber a quantidade gasta por mês, e logo após, multiplica-se esse valor com o preço médio do litro do desinfetante, para conseguir valor mensal deste, chegando ao valor médio gasto mensalmente de desinfetante. No cálculo do pré-dipping e pós-dipping, calcula-se a média de produto usado por vaca e faz-se a multiplicação dessa média por vacas lactantes num período de 30 dias e, por fim, pelo valor do litro do mesmo, obtendo o custo mensal. 3.1.3. Resultados e discussão Os impactos econômicos desta propriedade foram altos, pois vários animais tiveram mastite no mesmo período, alguns animais apresentarem casos crônicos, além do descarte de um animal, do tratamento e descarte do leite com antibiótico (Tabela 1). Tabela 1 - Impacto econômico gerado pela mastite numa propriedade na linha Aparecida, interior de Itapiranga. Fatores considerados no cálculo do impacto econômico devido a mastite Custo Litros de leite descartados das 21 vacas com tratamento de antibiótico por 3 dia + 5 dias de período de carência do leite. R$ 4.628,4 Litros não produzidos no mês devido à baixa na produção de 30%. R$ 7.438,5 Custo com o tratamento de Diclotril durante 3 dias. R$ 347,76 Custo do tratamento de Gentamasti durante 3 dias. R$ 1.260,00 Custo do tratamento com Cepravin durante 1 dia, para 4 vacas. R$ 88,00 17 Custo do Médico Veterinário. R$ 300,00 Custo das culturas em laboratório do leite coletado. R$ 945,00 Valor da vaca descartada divido a mastite crônica. R$ 3.700,00 Total R$ 18.707,66 Segundo Lopes et al. (2012) as perdas por redução na produção de leite tiveram altas representatividades, sendo responsáveis por até 43,8% do impacto econômico, em virtude do alto nível de mastite subclínica; também sofreram influência dos valores do litro de leite atribuídos. A desvalorização dos animais é um item que prejudica o pecuarista, uma vez que a cada animal descartado serão necessários investimentos para reposição. Os prejuízos causados pela mastite ambiental são estimados em R$ 200,00 por caso clínico, sendo que cerca de 90% desse custo ocorre por redução da produção (cerca de 450 kg/caso) e descarte do leite (cerca de 260 kg/caso) (SANTOS, 2012). Esses prejuízos são representados por: 70% devido à redução na produção dos quartos mamários com mastite subclínica; 14% por desvalorização dos animais pela redução funcional dos quartos acometidos, descarte precoce do animal ou morte; 8% pela perda do leite descartado por alterações e/ou pela presença de resíduos após tratamento; 8% pelos gastos com tratamentos, honorários de veterinários, mais despesas com medicamentos (COSTA, 1998; PERES NETO & ZAPPA, 2011). Observa-se grande discrepância entre os valores estimados de perda de produção de leite devido à mastite clínica. Informações relativas a 24 rebanhos com esta forma da enfermidade, indicaram perdas entre 7% a 64%. Os casos de mastite eram caracterizados pelos sinais clínicos da doença e todos os rebanhos estudados tinham pelo menos 250 dias de lactação (SIMÕES; OLIVEIRA, 2012) Os custos que a prevenção geraria, seriam menores do que os do tratamento, descarte e baixa na produtividade (Tabela 2), representado 97% a menos do que o tratamento. As formas de prevenção da doença mais eficazes seriam o manejo, organizando a ordem adequada de ordenhar as vacas, como por exemplo, primeiro as vacas de primeira cria e vacas que nunca tiveram mastite, depois vacas que tiveram mastite nos últimos 6 meses, vacas que foram tratadas a pouco tempo e, por último, as vacas doentes; higienização diária das instalações e equipamentos, tanto dos que trabalham na ordenha, como dos animais, para assim impedir a disseminação de bactérias, fungos e vírus, que passam de um animal para outro durante a ordenha. 18 Uso de detergentes e desinfetantes adequados e, principalmente, o uso do pré- dipping, que é a higienização dos tetos das vacas, sendo a melhor opção para diminuir a presença de bactérias nos tetos antes da ordenha, fazer a posterior secagem dos tetos com papel toalha e o pós-dipping, que serve para auxiliar o fechamento do canal do teto após a ordenha, evitando que as bactérias entrem no canal do teto causando mastite. Também é necessário que os animais permaneçam em local seco e ventilado com espaço suficiente para todos, onde não tenha objetos que possam ferir seus tetos e/ou úberes, assim evitando proliferação de patógenos devido a superlotação, calor e umidade do local onde vivem, eevitando machucados que servem como porta de entrada para os patógenos (FERREIRA, 2000). TABELA 02 – Custos gerados pela prevenção de mastite. Fatores da prevenção que diminuem os gastos com tratamento Custos Pré-dipping diário antes de todas as ordenhas. R$ 43,30 Pós-dipping diário após todas as ordenhas. R$ 192,00 Detergente ácido, indicado para uso em três vezes por semana. R$ 2,00 Detergente alcalino, uso diário após todas as ordenhas. R$ 17,00 Desinfetante uso diário após todas as ordenhas R$ 55,50 Bisnaga vaca seca, indicada para secar vaca antes do pré-parto. R$ 320,00 Total R$ 629,80 O controle deve ser feito eliminando as infecções existentes, evitando novas infecções e monitorando o estado de saúde do úbere. O manejo adequado na ordenha, instalações corretas, manejo da vaca seca, terapia apropriada à mastite durante a lactação, descarte das vacas com infecções crônicas, manutenção do ambiente, um bom sistema de registro e estabelecimento de metas para o estado de saúde do úbere, são medidas que devem ser tomadas para prevenir a mastite e melhorar a produtividade (FERREIRA, 2000) Os valores de frequências médias anuais de mastite acima de 7% demonstram que as medidas preventivas, que muitos julgam serem desnecessárias, mostram-se excelente relação custo/benefício. Essa relação custo/benefício foi atribuída à queda da incidência de mastite que, no início do estudo, apresentavam variação de 10,5 a 26% para mastite subclínica e, ao final, foram observadas variações de 4 a 11%. A mastite clínica também apresentou efeito direto, pois a taxa de 5,0 a 8,0% no início do estudo caiu para 2,5% no final das observações. Esses dados de eficiência dos programas de controle de mastite são reflexos da diminuição dos custos com gastos 19 com casos clínicos (em especial), não exigindo tratamentos emergenciais e ônus com o descarte de leite, reposição e morte de animais (LOPES et al., 2012). Existem dois tipos de mastite bacteriana, a ambiental e a contagiosa. Sendo que na mastite ambiental os microrganismos advêm do ambiente, como a espécie do Streptococcus spp (S. uberis e o S. dysgalactiae) e do grupo dos coliformes como Escherichia coli, e há também patógenos menos comuns capaz de gerar uma mastite mais grave que seria de origem micótica. A transmissão é feita pela má higienização do úbere e tetos da vaca, manejo inadequado do ambiente onde residem (FERREIRA, 2000). É necessário ter cuidado nos intervalos da ordenha, ou até mesmo durante o período seco da vaca, onde o animal acaba entrando em contato com contaminantes a permanecer em decúbito external ou lateral (TYLER; CULLOR, 2002). A glândula mamária perde parte de sua função imunológica durante o período periparto, sendo assim a susceptibilidade a mastite é maior durante os períodos de transição como início do período seco e a época de formação de colostro (FERREIRA, 2000). Já a mastite contagiosa é ocasionada por micro-organismos mais adaptados ao organismo do animal, como Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis, Staphylococcus aureus e Mycoplasma spp. (FERREIRA, 2000). A contaminação ocorre pela má higienização da ordenha, equipamentos ou dos ordenadores, que passam o agente contaminante para o teto da vaca, ou outra forma de contaminação é de animal para animal, através do leite contaminado, que consequentemente, acaba infectando outros animais durante a ordenha. Em relação aos sinais clínicos apresentados, há casos agudos da doença onde ocorre um aumento difuso do tamanho do úbere, elevação da temperatura, dor e em casos graves gangrena. Já em casos crônicos, pode haver fibrose e atrofia locais. As respostas sistêmicas podem ser normais ou nas formas discreta, moderada, aguda, hiperaguda, com graus variáveis de anorexia, toxemia, desidratação, febre, taquicardia, estase do rúmen bem como decúbito e morte (FERREIRA, 2000). Podemos também classificar a mastite em clínica e subclínica. Na clínica caracteriza-se pelo aspecto macroscópico anormal do leite e graus variáveis de inflamação do leite (calor, hiperemia, tumefação, dor), as características do leite podem variar desde a presença de coágulos à secreção serosa com grumos de fibrina (TYLER; CULLOR, 2002). Sendo que os patógenos da mastite ambiental são as causas mais comuns de mastite clínica, em rebanhos que realizam o controle dos patógenos contagiosos. A mastite ambiental, com frequência, apresenta alta 20 incidência de casos clínicos, geralmente agudos, podendo ocorrer antes, mas principalmente, após o parto, todas as categorias de fêmeas são passíveis de risco – vacas em lactação, vacas secas e novilhas (FERREIRA, 2000). Já na subclínica não há sinais clínicos ou mudanças na aparência do leite, porém há diminuição da produção e aumento de leucócitos, ou seja, das células somáticas. Formas indicadas de diagnóstico é o exame de CMT, CCS, ou cultura microbiológica de todos os quartos. A mastite subclínica com o tempo, causa fibrose mamaria, causando diminuição na produção de leite (TYLER; CULLOR, 2002). O CCS aumentado pode gerar perdas de sólidos no leite como por exemplo, a gordura, caseína, e lactose encontram-se diminuídas, e o glicogênio, proteínas do soro, pH e cloretos, aumentados, que interfere no processo de fabricação de produtos lácteos (FERREIRA, 2000). Há também a mastite micótica, ocasionada por fungos. Essa mastite é mais frequentemente ocasionada pela Candida e Cryptococcus, os casos de Geotrichum, Pichia e Prichosporon ocorrem com menos frequência. A mastite micótica pode ser dividida em primária e secundária. A primária ocorre espontaneamente, não é adquirida por infecção bacteriana ou tratamentos com antimicrobianos, e costuma ser diagnosticada durantes as primeiras semanas de lactação. Já a mastite micótica secundária, é a forma clínica mais encontrada, ela se desenvolve após a administração de antimicrobianos intramamários para tratamento ou prevenção de casos de mastite bacteriana (SPANAMBERGL et al., 2008). Em muitos casos de mastite, o agente contaminante pode inocular por via ascendente (via canal do teto), ou a partir de traumatismos cutâneos no teto ou no úbere. A população alvo é todos os animais produtores de leite. A forma de criação e produção dos animais, intensivo ou extensivo, tipo da ordenha, mecânica ou manual, além da higienização dos equipamentos e instalações, influenciam diretamente no aparecimento desta enfermidade, além do uso prolongado de terapia antimicrobiana por via intramamária (SPANAMBERG et al., 2008). Neste caso, a mastite se apresentou em alguns animais como sendo ambiental e outros como contagiosa já que havia a presença Escherichia coli, Protheus spp, Streptococcus uberis, e em dois animais com Staphylococcus havia a contaminação pelo fungo Candida spp. Já outros animais apresentaram Staphylococcus aureus, Corynebacterium spp e Bacilo gram-positivo. Algumas delas, apresentaram mastite clínica, onde havia a presença de sinais clínicos como, grumos no leite, presença de 21 pus no leite, inchaço e dor no úbere e tetos, e diminuição da produção. Em outras, não havia sinal clínico específico de mastite, apenas diminuição da produção e CCS altos, que nesse caso extrapolavam o máximo permitido pelo IN77 (BRASIL, 2018). O tratamento para mastite mais indicado é antibioticoterapia intramamária para mais ter mais efeito sobre o patógeno contaminante, que neste caso utilizamos Gentamicina + Prednisolona em forma de bisnaga, antibióticos que todos os animais se apresentavam sensíveis, segundo o teste de sensibilidade a antibiótico (tsa), além de Enrofloxacina, antibiótico sistêmico, e Cefalônio Anidro como bisnaga vaca seca, para todos os animais em período de transição. A prevalência da infecção aumenta com a idade, entorno dos sete anos. Grande parte das infeções ocorrem no início dalactação. A morfologia e condições clínicas dos tetos tem influência na enfermidade. Os níveis de selênio e vitamina E influenciam na incidência da mastite, sendo que a suplementação de selênio, vitamina A e E tem efeitos benéficos para a sanidade do úbere da vaca leiteira, decrescendo a incidência e a duração da mastite clínica, porém baixos níveis de selênio no sangue não aumenta a incidência de mastite. Levando em consideração que as vacas de alta produção são mais susceptíveis (FERREIRA, 2000). 3.1.4. Conclusão Neste trabalho, observa-se um grande impacto econômico entre os valores obtidos pela prevenção e o tratamento, de modo que os custos da prevenção (R$ 629,80) são consideravelmente menores (97%) em relação aos custos gerados pelo tratamento da mastite (R$ 18.707,66). No geral costuma-se somar os valores da prevenção com os custos gerados pela doença, neste caso chega-se ao valor de R$ 19.281,96. Além da prevenção custar menos que o tratamento da doença, pode ainda ajudar a não desvalorizar o animal, pois mesmo que a mastite subclínica não tenha sinais clínicos, ou não seja tão grave quanto a mastite clínica, ela ainda causa uma diminuição na produtividade e qualidade do leite, e posteriormente pode causar maiores danos ao úbere do animal. Com a prevenção além do produtor aumentar a produtividade e qualidade do leite, ele pode diminuir consideravelmente os patógenos da propriedade, pois com a prevenção a taxa de animais acometidos é menor, esses patógenos além de causarem mastite, podem causar outras doenças nos animais. 22 3.1.5. Referências Bibliográficas BRASIL, 2018. Instrução normativa nº 77, de 26 de novembro de 2018 - Diário Oficial da União - Imprensa Nacional. Publicado em: 30/11/2018 | Edição: 230 | Seção: 1 | Página: 10 Órgão: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Gabinete do Ministro. Link: https://wp.ufpel.edu.br/inspleite/files/2018/ 12/INSTRUÇÃO-NORMATIVA-Nº-77.2018.pdf COSTA, E. O. Importância da mastite na produção leiteira do país. Revista da Educação Continuada do CRMV-SP, São Paulo, v. 1, p. 3-7, 1998. LOPES, M.A. et al. Avaliação do impacto econômico da mastite em rebanhos bovinos leiteiros. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.79, n.4, p.477-483, out./dez., 2012. FERREIRA, J.C.P. Mastite. In: RADOSTITS et al. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprino e equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, p.541-562, 2000. PERES, F.N.; ZAPPA, V. Mastite em vacas leiteiras – revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, ano 9, n. 16, 2011. SIMÕES, T.V.M.D.; OLIVEIRA, A.A. Mastite bovina, considerações e impactos econômicos. Documento 170, Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2012. Disponível em: http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2012/doc_170.pdf. Acesso em: 01 nov. 2019. SANTOS, M.V. Controle da mastite ambiental. Revista Mundo do Leite, São Paulo, ano. 10, n.56, ago./set. p.16-21, 2012 TYLER, J.W.; CULLOR, J.S. Sanidade e distúrbios da glândula mamária. In: SMITH, B.P. et al. Medicina Interna de Grandes Animais. 3ª ed. Barueri: Monoli, p.1019-1023, 2002. SPANAMBERG, A. Revisão bibliográfica parasitológica: mastite micótica em ruminantes causada por leveduras. Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.1, jan./fev., p.282-190, 2008. https://wp.ufpel.edu.br/inspleite/files/2018/ http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2012/doc_170.pdf 23 4. CONCLUSÃO Conclui-se que o estágio final é de extrema importância para a conclusão de curso, pois precisamos associar a teoria com a prática, fim de tornar-se melhores profissionais. Com os dois estágios realizados, pode-se notar dificuldades em relação a algumas matérias, onde durante o mesmo houve oportunidades para aprimorar os conhecimentos. Além de dificuldades em analisar os sinais clínicos de algumas doenças, onde também se buscou melhorias e ensinamentos de profissionais já formandos. Deve-se sempre realizar horas de estágio fora do curso, para se ter uma educação mais completa, já que visualizando doenças e as tratando, ou acompanhando um profissional com experiência, se obtém mais conhecimento, mais práticas, assim melhorando os conhecimentos sobre cada área da Medicina veterinária. Com o estágio aprimora-se o conhecimento já obtido de anos de estudos, e é o momento onde deve-se ter dedicação, foco e persistência, para realizar essa etapa final com êxito. Por fim, vê-se que apesar de todo a caminhada turbulenta passada, vale a pena seguir os sonhos, e realizá-los é a melhor experiencia já vivida. 24 ANEXOS Anexo 1 - Declaração de realização de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária 25 Anexo 2 - Ilustrações do Artigo Científico FIGURA 1: Propriedade da linha Aparecida. Fonte: Do autor. 26 Anexo 3 - Fichas Catalográficas 27 28 29 30 31 32
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