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EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Curso de Especialização em Direito Tributário Módulo: Direito Material Tributário I (segunda/quarta) Coordenação Prof. Dr. Paulo de Barros Carvalho Assistente da Coordenação Profa. Dra. Fabiana Del Padre Tomé EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ PROGRAMA DO CURSO 1. PREVISÃO DE AULAS E SEMINÁRIOS 18/08/2015 – Teoria Geral do Direito Tributário 1º.TEMA: Direito tributário e o conceito de tributo - SEMINÁRIO – 20/08/2015 - AULA EXPOSITIVA – 25/08/2015 2º.TEMA: Espécies tributárias - SEMINÁRIO – 27/08/2015 - AULA EXPOSITIVA – 01/09/2015 3 TEMA: Taxas e preços públicos - SEMINÁRIO – 03/09/2015 - AULA EXPOSITIVA – 15/09/2015 4º.TEMA: Fontes do direito tributário - SEMINÁRIO – 17/09/2015 - AULA EXPOSITIVA – 22/09/2015 5º.TEMA: Validade e interpretação das normas tributárias - SEMINÁRIO – 24/09/2015 - AULA EXPOSITIVA – 29/09/2015 6º.TEMA: Vigência, eficácia e aplicação das normas tributárias - SEMINÁRIO – 01/09/2015 - AULA EXPOSITIVA – 06/10/2015 7º.TEMA: Sistema e princípios tributários - SEMINÁRIO – 08/10/2015 - AULA EXPOSITIVA – 20/10/2015 8º.TEMA: Competência tributária - SEMINÁRIO – 22/10/2015 - AULA EXPOSITIVA – 27/10/2015 9º.TEMA: Imunidade tributária - SEMINÁRIO – 29/10/2015 - AULA EXPOSITIVA – 10/11/2015 10º.TEMA: Normas gerais de direito tributário - SEMINÁRIO – 12/11/2015 - AULA EXPOSITIVA – 17/11/2015 11º.TEMA: Introdução à regra-matriz de incidência tributária - SEMINÁRIO – 19/11/2015 - AULA EXPOSITIVA – 24/11/2015 AVALIAÇÃO FINAL: 26/11/2015 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ 2. OBJETIVO DO CURSO O direito, em seu constante movimento empírico-dialético — norma tipificando fatos produtores de outras normas — está imerso na multiplicidade contínua e intensiva do universo social, para realização, enquanto objeto elaborado pelo ser humano, de certa finalidade: instituir a disciplina da conduta nas relações intersubjetivas, para orientá-las na direção dos valores que a sociedade anela. O objetivo deste curso é instigar o bacharel a operar o Direito Tributário a partir de modelos consagrados na Filosofia do Direito, na Teoria Geral do Direito, no Direito Constitucional e no Direito Administrativo. Nesse passo, o participante desenvolverá o labor constitutivo da Dogmática, cotejando seus institutos com a totalidade da ordem normativa. Tudo isso, visando à pronta aplicação prática, naquela dinâmica que entreviu o Prof. Lourival Vilanova, na qual o jurista é o ponto de intersecção entre a teoria e a prática, entre a Ciência e a experiência. Esta, aliás, é a advertência que há de manter viva a atenção do cientista do Direito e do jurista prático, no sentido de buscar, incessantemente, a operacionalidade das construções dogmáticas perante a contingência das situações cotidianas, no exercício da atividade acadêmica, pública ou liberal. 3. DINÂMICA DO CURSO O curso compõe-se de aulas expositivas e seminários. Os seminários terão a participação dos Professores Assistentes, que dirigirão as turmas no debate e na problematização da matéria em foco, municiando-as com os subsídios teóricos e metodológicos necessários para a tarefa conjunta de resolver as questões propostas. As matérias indicadas para estudo serão as mesmas desenvolvidas nos seminários (quintas) e nas aulas expositivas (terças), conforme o programa. Requer- se, ainda, que, desde logo, os participantes programem-se para dedicar, pelo menos, 10 horas semanais à pesquisa e reflexão dos temas propostos. Cada turma elegerá um RELATOR que terá por função expor ao conferencista as conclusões deduzidas, consignando os pontos de divergência verificados em seu grupo. Tal exposição ocorrerá na terça-feira subsequente, por ocasião da aula expositiva. 4. RESOLUÇÃO DE QUESTÕES Todas as quintas-feiras os alunos deverão entregar devidamente respondidas as questões teóricas e práticas do seminário respectivo. Afora a bibliografia indicada, os participantes são livres para trazer à colação outras obras de boa doutrina que julguem interessantes. As respostas deverão ser objetivas, porém fundamentadas, totalizando aproximadamente 7 (sete) laudas por seminário (uma lauda para cada questão), dando-se sua entrega em folha sulfite comum, preferencialmente em letra dactiloscópica, com nome, título do tema e data de entrega. EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Esse conjunto (resolução de questões) tem peso 1 (um) na composição da média final, devendo, para tanto, ser entregue na data indicada. Trabalhos atrasados NÃO serão aceitos. É critério objetivo. Composição da nota de cada conjunto parcial (Nrq) e da nota final (Nf): Nrq = Nota de Resolução de Questões (0 a 10) Nrq = Nrq1 + Nrq2 + ... + Nrq11 = (0 a 10) 11 5. AVALIAÇÃO FINAL No final do módulo será efetuada uma avaliação. A prova será individual, sem qualquer consulta a texto de lei ou doutrina, e terá duas horas de duração. 6. COMPOSIÇÃO DA MÉDIA FINAL DE APROVEITAMENTO A média final de aproveitamento será o resultado aritmético da seguinte operação: Média Final = Nrq + Naf + Npt 3 em que: Npt = nota de participação nos seminários (de 0 a 10); Nrq = nota final de entrega dos trabalhos (de 0 a 10); Naf = nota da avaliação final (de 0 a 10). 7. MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO É obrigatória a apresentação de monografia para obtenção do certificado de especialização. Apresentação e forma do trabalho: A apresentação e a forma do trabalho devem estar em conformidade com as regras da ABNT, com resumo, abstract, introdução, sumário, subdivisão em capítulos, com itens e, se for o caso, subitens (desenvolvimento), conclusão e bibliografia. Devem encerrar tomo de pelo menos 20 e não mais que 30 páginas de texto, da introdução à conclusão (espaço 1,5), em folha A4 e fonte “Times New Roman 12”, encadernação capa dura azul, em uma via, e cópia eletrônica em Word (disquete ou cd, com nome do aluno e título do trabalho). O aluno deverá entregar, também, declaração de que se trata de trabalho original, que não possa configurar plágio, e de autorização para divulgação do trabalho em acervo da COGEAE, físico e digital. A entrega do arquivo eletrônico (funcionando devidamente) e da declaração de originalidade configuram requisitos essenciais para a aceitação e correção do trabalho. Tema do trabalho: qualquer assunto tratado, direta ou indiretamente, no curso, lembrando-se que o aluno deverá desenvolver matérias de direito positivo, não EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ devendo as monografias, portanto, dissertarem, única e exclusivamente, de temas de sociologia do direito ou história do direito. Na mesma linha, é importante que o aluno tenha em mente que os trabalhos devem levar em consideração a lei, não podendo simplesmente elucidar sua opinião sem embasamento legal. O desenvolvimento de teses será aceito na mesma medida em que esteja dentro dos conceitos admitidos pelos enunciados jurídicos em análise. Data de entrega: 90 (noventa) dias contados do término do Módulo Orientação de Monografia. Em vista disso, e considerando que o Módulo Orientação de Monografia tem duração de um semestre, os prazos para entrega das monografias ficam assim estipulados: Módulo Orientação de Monografia cursado no 1º semestre letivo do ano: 30 de outubro Módulo Orientação de Monografia cursado no 2º semestre letivo do ano: 31 de março Trabalhos atrasados não serão aceitos. O aluno que deixar de entregar o trabalho não terá direito ao certificado de conclusão do curso. Os critérios de avaliação da monografia são: (i) adequação à forma do trabalho científico; (ii) coerência interna no desenvolvimento e nas conclusões, e (iii) bibliografia pesquisada. A nota mínima para aprovação no trabalho de conclusão de curso é 7,0 (sete). A monografia não será submetida a apresentação em banca examinadora. Ao aluno que for reprovado na Monografia será dada uma única oportunidade para reformulá-lo, no prazo de 60 (sessenta) dias da ciência do resultado, sendo que a nota máxima atribuída será 8,0 (oito). Para que se formalize a orientação, o aluno deve preencher o respectivo formulário, em duas vias, e nele coletar a assinatura (aceite) do professor orientador. Uma via do formulário deverá ser entregue na Secretaria de Monografias, por ocasião da matrícula no Módulo Orientação de Monografia. A outra via deve ser entregue ao professor orientador. _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 6 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Direito Tributário FORMULÁRIO PARA ORIENTAÇÃO DE MONOGRAFIA Para efetivar a matrícula no módulo de monografia o aluno deverá: Definir o tema e escolher seu Prof. Orientador. Preencher o formulário abaixo (com letra legível) contendo o visto de aceitação do Orientador escolhido. Entregar o formulário preenchido no balcão de atendimento da COGEAE – Unidade Consolação – no ato da matrícula. NOME DO ORIENTANDO: _____________________________________________ Nº de matrícula: _____________________________________________________ E-mail: _____________________________________________________________ Tel. contato: ________________________________________________________ NOME DO ORIENTADOR: _____________________________________________ TEMA DA MONOGRAFIA: _____________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ________________________________________ ACEITAÇÃO DO ORIENTADOR: _______________________________________ DATA: ____________________________________________________________ OBS. Este formulário deverá ser preenchido e entregue, apenas por alunos que queiram e preencham os requisitos para iniciar o Processo de Orientação e Elaboração de http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 7 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE TRIBUTO Leitura obrigatória CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Capítulo I e itens 1 a 3 do Capítulo II. ________. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015. Itens 1 a 5. ________. Direito tributário, linguagem e método. 6ª ed. São Paulo: Noeses, 2015. Segunda Parte, Capítulo 2, item 2.2.1. Leitura complementar ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. Primeira parte (“noções introdutórias”). BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 6ª ed. São Paulo: Noeses, 2013. Itens 3 (Sistema dos fundamentos óbvios), 10 (O maior equívoco), 11 (Diagnóstico da demência e terapêutica), 12 (Doutrina do direito tributário e des raisons que la raison ne conntait pas), 16 (Ciência do Direito), 17 (Lei científica e lei jurídica. Ser e dever-ser. Causação e normatividade), 18 (Crítica aos críticos da teoria normativa do direito [Kelsen]), 19 (Direito é instrumento) e 71 (Conceito de tributo). CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito (o constructivismo lógico-semântico). 4ª ed. São Paulo: Noeses, 2014. Capítulos III e V. SOUSA, Rubens Gomes de; ATALIBA, Geraldo; CARVALHO, Paulo de Barros. Comentários ao Código Tributário Nacional. 3ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2007. Artigos 3º, 4º e 5º. Questões 1. Que é direito positivo? E Ciência do Direito? Quais as diferenças existentes entre suas linguagens? 2. Que é norma jurídica? Existe diferença entre texto de lei, enunciado prescritivo e norma jurídica? Qual(is)? 3. Identificar o (i) suporte físico, (ii) o significado e (iii) a significação, nos planos da linguagem do Direito Positivo e da Ciência do Direito. 4. Analise criticamente o art. 3º do Código Tributário Nacional e proponha uma definição pessoal para o vocábulo “tributo”. Com base em sua definição, identificar quais dessas hipóteses são consideradas tributos, fundamentando cada resposta: a) seguro obrigatório de veículo; b) multa decorrente do atraso no pagamento do tributo; c) FGTS; d) estadia e pesagem de veículos em terminal alfandegário; e) locação de imóvel público; f) locação de espaço público (estacionamento rotativo http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 8 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ "zona azul"); g) custas judiciais; h) prestação de serviço eleitoral; i) imposto sobre a renda de atividade ilícita; e j) taxa de ocupação em terreno de marinha. 5. Tributo cobrado indevidamente é tributo? Emitir opinião sobre o posicionamento do STJ no AGRESP 429413-RJ (Anexo I). O que seria mais correto dizer: (i) repetição do indébito tributário ou (ii) repetição do indébito “não-tributário”? Analisar a questão considerando os seguintes momentos: (a) do pagamento do tributo, (b) do pedido de restituição e (c) da decisão de defere o pedido. 6. O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em infrações de trânsito é uma utilização do tributo como sanção de ato ilícito? E a progressividade do IPTU e do ITR em razão da função social da propriedade? Considerando que o tributo não pode ser oriundo de sanção de ato ilícito, pode haver majoração de tributo substituindo a multa administrativa? 7. Dada a lei (fictícia) a seguir transcrita, responda aos questionamentos: Lei estadual nº 5.777, de 15 de dezembro de 2010. Art. 1º - É instituído, no Estado de São Paulo, o imposto sobre a propriedade de veículos automotores, devido no primeiro dia de cada ano pelos proprietários de veículos automotores registrados e licenciados nesta Unidade da Federação. Parágrafo único - O valor do imposto será recolhido diretamente pelo contribuinte na rede bancária autorizada, até o dia 10 do mês de março. Art. 2º - A base de cálculo do imposto é o valor venal do veículo automotor. § 1º - Para a fixação do valor venal deveráser levado em consideração o preço usualmente praticado no mercado do Estado de São Paulo, os preços médios aferidos por publicações especializadas, a potência, a capacidade máxima de tração, ano de fabricação, o peso, a cilindrada, o número de eixos, tipo de combustível, a dimensão e o modelo do veículo, devendo o contribuinte prestar tais informações por meio de preenchimento do formulário adequado, entregue na ocasião da renovação do registro do veículo automotor, que deve ocorrer até o 1º dia do mês de fevereiro. § 2º - A alíquota do imposto sobre a propriedade de veículos automotores é de 7% (sete por cento). Art. 3º - Não havendo o recolhimento do imposto no prazo previsto, deverá a autoridade fiscal lavrar Auto de Infração com imposição de multa de 50% (cinquenta por cento), calculada sobre o valor do imposto corrigido monetariamente. Parágrafo único – Havendo ausência de renovação do registro do veículo automotor e da entrega do formulário previsto no § 1º do art. 2º da presente lei, fica a autoridade fiscal também obrigada a lavrar Auto de Infração impondo multa de R$ 500,00. Pergunta-se: a) Quantas normas jurídicas são veiculadas nessa lei? Identifique-as. b) Qual das normas jurídicas identificadas institui o tributo? c) Qual(is) dessas normas são estudadas pela Ciência do Direito Tributário? Por quê? http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 9 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Anexo I AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 429.413-RJ (2002/0044542-2) RELATOR : MINISTRO FRANCIULLI NETO AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : CÉSAR MACIEL RODRIGUES E OUTROS AGRAVADO : M SARAIVA PUBLICIDADE LTDA. ADVOGADO : JOSÉ OSWALDO CORRÊA E OUTRO EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COMPENSAÇÃO. PIS. COFINS. PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. CONTAGEM A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROVIMENTO NEGADO. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora de um tributo altera a natureza jurídica dessa prestação pecuniária, que, retirada do âmbito tributário, passa a ser de indébito para com o Poder Público, e não de indébito tributário. Com efeito, a lei declarada inconstitucional desaparece do mundo jurídico, como se nunca tivesse existido. (grifamos) Afastada a contagem do prazo prescricional/ decadencial para repetição do indébito tributário previsto no Código Tributário Nacional, tendo em vista que a prestação pecuniária exigida por lei inconstitucional não é tributo, mas um indébito genérico contra a Fazenda Pública, aplica-se a regra geral de prescrição de indébito contra a Fazenda Pública, prevista no artigo 1º do Decreto 20.910/32. A declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal não elide a presunção de constitucionalidade das normas, razão pela qual não estava o contribuinte obrigado a suscitar a sua inconstitucionalidade sem o pronunciamento da Excelsa Corte, cabendo-lhe, pelo contrário, o dever de cumprir a determinação nela contida. (grifamos) A tese que fixa como termo a quo para a repetição do indébito o reconhecimento da inconstitucionalidade da lei que instituiu o tributo deverá prevalecer, pois, não é justo ou razoável permitir que o contribuinte, até então desconhecedor da inconstitucionalidade da exação recolhida, seja lesado pelo Fisco. Ainda que não previsto expressamente em lei que o prazo prescricional/decadencial para a restituição de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal é contado após cinco anos do trânsito em julgado daquela decisão, a interpretação sistemática do ordenamento jurídico pátrio leva a essa conclusão. Cabível a restituição do indébito contra a Fazenda, sendo o prazo de decadência/prescrição de cinco anos para pleitear a devolução, contado do trânsito em julgado da decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou inconstitucional o suposto tributo. Agravo regimental a que se nega provimento. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, vencida a Sra. Ministra Eliana Calmon, negar o provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencido, preliminarmente, o Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Paulo Medina, e Francisco Peçanha Martins votaram com o Sr. Ministro-Relator. Brasília (DF), 19 de setembro de 2002 (Data do Julgamento). MINISTRO FRANCIULLI NETTO, Relator http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 10 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº429.413-RJ (2002/0044542-2) VOTO EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator): A egrégia Primeira Seção desta Corte desenvolveu tese segundo a qual, para as hipóteses de devolução de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, admite-se, como dies a quo para a contagem do prazo para repetição/compensação do indébito pelo contribuinte, a aludida declaração. Conforme dispõe o artigo 3º do Código Tributário Nacional, “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora de um tributo, entretanto, altera a natureza jurídica dessa prestação pecuniária, que, retirada do âmbito tributário, passa a ser de indébito para com o Poder Público, e não de indébito tributário. Com efeito, aquela lei declarada inconstitucional desaparece do mundo jurídico, como se nunca tivesse existido. Diante da observação de que a prestação pecuniária não constitui tributo a ser restituído, por ter sido declarada inconstitucional, mas simples indébito contra a Fazenda Pública, é equivocado, a rigor, falar-se em restituição de tributo, como faz o Código Tributário Nacional. Cuida-se, na verdade, de restituição de pagamento indevido. O ordenamento jurídico pátrio não prevê expressamente um direito à repetição do indébito fundado na inconstitucionalidade da lei que o instituiu... http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 11 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ SEMINÁRIO II – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Leitura obrigatória BARRETO, Paulo Ayres. Contribuições: regime jurídico, destinação e controle. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2011. Capítulos II (itens 2.6 e 2.7.1), VIII, IX e X. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário.26a ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Capítulo II, itens 4 a 9. ________. Direito Tributário – Linguagem e Método, de Paulo de Barros Carvalho, 6ª ed., São Paulo: Noeses, 2015. Itens 2.2.2. e 2.2.4. do Capítulo II da Segunda Parte. CARVALHO, Paulo de Barros. Tema X (Concessão de serviço público e tarifa municipal de esgoto) do livro Derivação e positivação no direito tributário, volume I. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2014. Leitura complementar ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006. Terceira parte (Classificação jurídica dos tributos). FAVACHO, Fernando Gomes. Impossibilidade de repetição quando ocorre a tredestinação das contribuições sociais. In: Revista de Direito Tributário 112. São Paulo: Malheiros, 2011. HORVATH, Estevão. As contribuições na Constituição brasileira: ainda sobre a relevância da destinação do produto da sua arrecadação. In: Revista de Direito Tributário 100. São Paulo: Malheiros, 2008. MARQUES, Márcio Severo. Espécies tributárias. In: Curso de especialização em direito tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2005. MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Classificação dos tributos: uma visão analítica. In: IV Congresso Nacional de Estudos Tributários: Tributação e Processo. São Paulo: Noeses, 2007. TOMÉ, Fabiana Del Padre. Contribuições para a seguridade social à luz da Constituição Federal. Curitiba: Juruá, 2ª ed., 2013. Capítulo IV. ________. O destino do produto da arrecadação como requisito constitucional para a instituição de contribuições. In: V Congresso Nacional de Estudos Tributários: Direito Tributário, linguagem e método. São Paulo: Noeses, 2008. Artigo: “As distorções da contribuição de melhoria no Brasil”, de Denise Lucena Cavalcanti, in Tributação, democracia e liberdade, Betina Treiger Grupenmacher (Coord.). São Paulo: Noeses, 2014. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 12 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Questões 1. Efetue, de forma fundamentada, proposta de classificação jurídica dos tributos, evidenciando os critérios classificatórios adotados (considerar o disposto no art. 167, IV, da CF/88 e no art. 4º, I e II do CTN). 2. Cotejar, preenchendo o quadro comparativo que segue, a hipótese de incidência, base de cálculo, destinação do produto da arrecadação e restituibilidade nos (i) impostos, (ii) taxas, (iii) contribuições de melhoria, (iv) contribuições, (v) empréstimos compulsórios e (vi) contribuição para custeio da iluminação pública. Preenchido o quadro comparativo, pergunta-se: há identidade entre algumas dessas “figuras jurídicas”, de modo que possam ser consideradas da mesma espécie tributária? Imposto Taxa Contribuição de melhoria Contribuição Empréstimo compulsório Contrib. Ilumina- ção pública Hipótese de incidência Base de cálculo Destinação legal Previsão legal de restituição 3. Quais as características da contribuição de melhoria que a diferencia das outras espécies tributárias? Quais os requisitos e limites à cobrança da contribuição de melhoria? Pode-se instituir lei geral e abstrata para sua cobrança ou deve ser produzida lei para cada obra pública em concreto? A Lei que a institui deve ser produzida antes do início da obra ou pode ser posterior à sua conclusão e à valorização imobiliária? Nesta última hipótese haveria violação ao princípio da irretroatividade? 4. Qual espécie tributária foi instituída pela Lei nº 9.998/2000? Há inconstitucionalidades no referido Diploma Legal? Lei nº 9.998, de 17 de agosto de 2000. Art. 1º Fica instituído o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – Fust, tendo por finalidade proporcionar recursos destinados a cobrir a parcela de custo exclusivamente atribuível ao cumprimento das obrigações de universalização de serviços de telecomunicações, que não possa ser recuperada com a exploração eficiente do serviço, nos termos do disposto no inciso II do art. 81 da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. (...) Art. 6º Constituem receitas do Fundo: (...) IV – contribuição de um por cento sobre a receita operacional bruta, decorrente de prestação de serviços de telecomunicações nos regimes http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 13 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ público e privado, excluindo-se o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS, o Programa de Integração Social – PIS e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins; (...) Parágrafo único. Não haverá a incidência do Fust sobre as transferências feitas de uma prestadora de serviços de telecomunicações para outra e sobre as quais já tenha havido o recolhimento por parte da prestadora que emitiu a conta ao usuário, na forma do disposto no art. 10 desta Lei. (...) Art. 13. As contribuições ao Fust serão devidas trinta dias após a regulamentação desta Lei. Art. 14. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de trinta dias da sua publicação. Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 5. A Prefeitura de São Paulo, com fundamento na Emenda Constitucional nº 39/2002, por meio da Lei nº 13.479/2002, instituiu que espécie tributária? (vide Anexo I - RESP 573675/SC). Lei nº 13.479, de 30 de dezembro de 2002. Art. 1° Fica instituída no Município de São Paulo, para fins do custeio do serviço de iluminação pública, a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública — CCSIP. Parágrafo único. O serviço previsto no “caput” deste artigo compreende a iluminação de vias, logradouros e demais bens públicos e a instalação, manutenção, melhoramento e expansão da rede de iluminação pública, além de outras atividades a estas correlatas. Art. 2° Caberá à Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Município de São Paulo proceder ao lançamento e á fiscalização do pagamento da Contribuição. Art. 3° Contribuinte é todo aquele que possua ligação de energia elétrica regular ao sistema de fornecimento de energia. Art. 4° O valor da Contribuição será incluído no montante total da fatura mensal de energia elétrica emitida pela concessionária desse serviço e obedecerá à classificação abaixo: I – R$ 3,50 (três reais e cinquenta centavos) para os consumidores residenciais; II – R$ 11,00 (onze reais) para os consumidores não-residenciais. Parágrafo único. O valor da Contribuição será reajustado anualmente pelo mesmo índice utilizado para o reajuste da tarifa de energia elétrica. Art. 5° Ficam isentos da Contribuição os contribuintes vinculados às unidades consumidoras classificadas como “tarifa social de baixa renda” pelo critério da Agência Nacional de Energia Elétrica — ANEEL. Art. 6° A concessionária de energia elétrica é responsável pela cobrança e recolhimento da Contribuição, devendo transferiro montante arrecadado para a conta do Tesouro Municipal, especialmente designada para tal fim, sob pena de responder civil e criminalmente pelo não- cumprimento do aqui disposto. § 1° A eficácia do disposto no “caput” deste artigo fica condicionada ao estabelecimento de convênio a ser firmado entre a Prefeitura Municipal e a concessionária de energia elétrica, respeitadas, no que couber, as determinações da ANEEL. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 14 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ § 2° O convênio definido no § 1° deste artigo será celebrado no prazo máximo de 90 (noventa) dias e disporá sobre a forma e operacionalização da cobrança a que se refere o “caput”. Art. 7°. A concessionária deverá manter cadastro atualizado dos contribuintes que deixarem de efetuar o recolhimento da Contribuição, fornecendo os dados constantes naquele para a autoridade administrativa competente pela administração da Contribuição. Art. 8° O montante arrecadado pela contribuição será destinado a um Fundo especial vinculado exclusivamente ao custeio do serviço de iluminação pública, tal como definido no parágrafo único do art. 1° desta lei, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo no prazo de 90 (noventa) dias. Parágrafo único. O Poder Executivo fica obrigado a encaminhar, à Câmara Municipal de São Paulo, programa de gastos e investimentos e balancete anual do Fundo Especial a ser criado, para custear o serviço de iluminação pública. Art. 9° As despesas decorrentes da implantação desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias suplementadas, se necessário. Art. 10º O Poder Executivo regulamentará a presente lei em 30 (trinta) dias. Art. 11. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 6. O desvio ilícito na destinação de uma contribuição social descaracteriza-a como tal? E o desvio de finalidade (o quantum arrecadado por uma contribuição de iluminação pública é utilizado para a manutenção de prédios públicos)? E a mera não utilização do quantum arrecadado? É possível repetir o "indébito" nestes casos? 7. Os empréstimos compulsórios são tributos vinculados? Em que sentido? Pode o legislador, ao instituir imposto de sua competência, determinar que este será restituído dentro de determinado prazo, ou há alguma vedação constitucional acerca da restituibilidade dessa espécie tributária? O art. 31, caput e §§ 1º e 2º da Lei nº 8.212/91 institui empréstimo compulsório? Caso positiva sua resposta, tal instituição viola o art. 148 da CF/88? (analise os trechos do RE nº 393946/MG, Rel. Min. Carlos Velloso – Anexo II). Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. § 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. § 2o Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 15 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ Anexo I RESP 573675 / SC - SANTA CATARINA Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RE INTERPOSTO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - COSIP. ART. 149-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR 7/2002, DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA. COBRANÇA REALIZADA NA FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA. UNIVERSO DE CONTRIBUINTES QUE NÃO COINCIDE COM O DE BENEFICIÁRIOS DO SERVIÇO. BASE DE CÁLCULO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO O CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA E O CONSUMO DE ENERGIA. PROGRESSIVIDADE DA ALÍQUOTA QUE EXPRESSA O RATEIO DAS DESPESAS INCORRIDAS PELO MUNICÍPIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INOCORRÊNCIA. EXAÇÃO QUE RESPEITA OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO IMPROVIDO. I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva. III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. V - Recurso extraordinário conhecido e improvido. Anexo II RE nº 393946/MG, Rel. Min. Carlos Velloso “(...). O recurso não tem condições de prosperar. Não há falar, no caso, que haja sido criada uma nova contribuição, com ofensa ao art. 195, § 4º, da Constituição Federal. Como salientado no acórdão recorrido, a alteração introduzida pela Lei 9.711, de 1998, objetiva, apenas, simplificar a arrecadação do tributo e facilitar a fiscalização do seu recolhimento. No caso, nem há falar que o fato gerador do tributo ocorreria posteriormente ao recolhimento. Não. Aqui, simplesmente está o sujeito passivo obrigado a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mão-de-obra, observado o disposto no § 5º do art. 33 e as disposições inscritas nos parágrafos do citado art. 31. Prevê a lei, inclusive, a restituição de saldos remanescentes, na impossibilidade de haver compensação integral na forma do § 1º do art. 31 (art. 31, § 2º). A Constituição autoriza coisa maior: a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. C.F., art. 150, § 7º. E o Código Tributário Nacional, art. 128, prescreve que, "Sem prejuízo do disposto neste Capítulo (Capítulo V - ResponsabilidadeTributária), a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação." No caso, entretanto, registra Fábio Zambitte Ibrahim, com propriedade, que, "mutatis mutantis, é possível comparar a obrigatoriedade da retenção dos 11% com o desconto do imposto de renda na fonte. Em ambas as situações, a fonte pagadora tem dever legal de efetuar determinada retenção, diminuindo o valor pago. É um facere, isto é, uma prestação positiva imposta a determinada http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 16 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ pessoa, no interesse da arrecadação de exações devidas." (Fábio Zambitte Ibrahim, "A Retenção de 11% Sobre a Mão-de-Obra", LTr Editora, 2000, pág. 23). Não se tem, portanto, contribuição nova. Tem-se, sim, "mera obrigação acessória." (Fábio Zambitte Ibrahim, ob. cit., pág. 32). Aqui, repete-se, o tomador do serviço, ou o contratante de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra, fica obrigado a reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subsequente. Não há falar, portanto, vale repetir, em contribuição nova, ou contribuição decorrente de outras fontes - C.F., art. 195, § 4º. Não há falar, em consequência, em ofensa à técnica da competência residual da União - C.F., art. 154, I. Não se tem, também, no caso, hipótese de empréstimo compulsório - C.F., art. 148. Os valores retidos em montante superior ao devido pela empresa contratada deverão ser restituídos (art. 31, § 2º, da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.711/98). Também por isso inocorre a hipótese do art. 150, IV, da C.F.: utilização de tributo com efeito de confisco. Do exposto, conheço do recurso e lhe nego provimento”. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 17 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ SEMINÁRIO III – TAXAS E PREÇOS PÚBLICOS Leitura obrigatória Item 3.4 do Capítulo 3 da Segunda Parte do Direito Tributário, Linguagem e Método de Paulo de Barros Carvalho, 6ª ed., Noeses, 2015. Itens 7 e 8 do Capítulo II do Curso de Direito Tributário de Paulo de Barros Carvalho, 26ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014. Capítulo II da terceira parte do livro Hipótese de Incidência Tributária, de Geraldo Ataliba, 6ª ed., São Paulo: Malheiros, 2009. TOMÉ, Fabiana Del Padre. Anotações sobre os requisitos para instituição de taxas no sistema tributário brasileiro. Revista de Direito Tributário (São Paulo: Malheiros), n. 120, p. 59-71, 2013. Leitura complementar Artigo “Base de cálculo como fato jurídico e a taxa de classificação dos produtos vegetais”, de Paulo de Barros Carvalho, in Revista Dialética de Direito Tributário nº 37. Livro I, Capítulo II (“As taxas e os preços no ordenamento jurídico brasileiro”, de Luiz Alberto Pereira da Silva Filho) do Curso de Especialização em Direito Tributário: Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho, Coord. Eurico Marcos Diniz de Santi, Rio de Janeiro: Forense, 2005. Itens 106 a 108 do livro Teoria Geral do Direito Tributário de Alfredo Augusto Becker, 6ª ed., São Paulo: Noeses, 2013. Questões: 1. Sobre as taxas, responder: a) Quais as características da taxa e o que a diferencia das outras espécies tributárias? b) Qual a definição do conceito de serviço público e o que caracteriza aquele ser remunerado pela mesma? Responder tratando dos conceitos de divisibilidade, especificidade, efetividade e potencialidade, compulsoriedade, essencialidade e interesse público. c) Que é poder de polícia? Para cobrança de taxa, ele precisa ser efetivamente realizado ou também pode ser potencial? Responder levando em consideração a ementa do AgR no RE 361009 abaixo: RE 361009 AgR / RJ - Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. EFETIVO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. AUSÊNCIA EVENTUAL DE FISCALIZAÇÃO PRESENCIAL. IRRELEVÂNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidência de taxa pelo http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 18 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ exercício de poder de polícia pressupõe ao menos (1) competência para fiscalizar a atividade e (2) a existência de órgão ou aparato aptos a exercer a fiscalização. 2. O exercício do poder de polícia não é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de instrumentos e técnicas que permitam à administração examinar a conduta do agente fiscalizado (cf., por semelhança, o RE 416.601, rel. min. Carlos Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE 588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado em 16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 3. Dizer que a incidência do tributo prescinde de “fiscalização porta a porta” (in loco) não implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar a atividade pública e a privada às balizas estabelecidas pelo sistema jurídico. Pelo contrário, apenas reforça sua responsabilidade e a de seus agentes. 4. Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrução probatória. Súmula 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega provimento. Julgamento: 31/08/2010. 2. A respeito da diferenciação entre taxa, tarifa e preços público, responder: a) Quais critérios jurídicos que a informam? Incluir nesta resposta o fundamento constitucional de cada um deles. b) O regime de direito utilizado (público ou privado) é relevante para esta distinção? Responder sobre este também tratando da aplicabilidade do CDC aos serviços públicos e a necessidade de manutenção do equilíbrio econômico financeiro dos contratos de concessão. c) E o fato de ser compulsória sua utilização afeta tal distinção? (Vide Anexo I) d) Finalmente, qual a relevância jurídica desta distinção? Tratar nesta resposta sobre a diferença entre a prescrição e decadência tributárias e cíveis mencionando a súmula 412 do STJ: Ação de Repetição de Indébito - Tarifas de Água e Esgoto - Prazo Prescricional - A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. 3. A respeito das relações contraprestacionais entre o poder público e as empresas concessionárias, responder: a) Qual a natureza jurídica do pagamento realizado pela concessionária de serviços públicos ao poder público emcontraprestação à possibilidade de exploração de serviço público? Ex.: pagamento realizado pelas empresas de telefonia ao poder público para explorar o serviço público de telefonia celular. b) No caso de pagamento do poder público para empresa concessionária prestar o mesmo? Ex.: taxa de coleta de resíduos e as empresas privadas que recolhem o lixo. 4. Determinada concessionária pratica serviços públicos de captação, adução e distribuição de água, bem como coleta, tratamento e disposição de esgoto sanitário em todo o território do município X. Em razão de exercer essas duas atividades, cobra dois preços: um para o consumo de água; outro, pelo serviço de coleta de esgoto. Os munícipes estão contestando judicialmente a exigência de remuneração pelo serviço de coleta de esgoto, baseados no argumento de que referido serviço deveria ser exigido como “taxa”. Pergunta-se: http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 19 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ a) Levando-se em conta os critérios de distinção entre taxa, tarifa e preço público, é legítima a cobrança da “tarifa de esgoto” por parte da empresa ou a mencionada cobrança encontra algum óbice no ordenamento jurídico? (Vide Anexo I): b) Quais os argumentos passíveis de serem enumerados pelos contribuintes da tarifa instituída pelo Município X, para a caracterização da cobrança como taxa? c) Os serviços públicos prestados por meio de concessão ou permissão devem ser remunerados por taxa ou preço público? d) Há alguma diferença se este valor for arrecadado pelo poder público e o serviço for realizado por concessionário? 5. Identificar se as hipóteses a seguir configuram taxa ou preço público, justificando sua resposta: (a) valor pago pelo bilhete de ônibus; (b) pedágio; (c) custas judiciais; (d) ingresso para utilização de parques públicos; (e) aluguel de imóvel público; (f) valor pago pela utilização de energia elétrica; (g) custo para enviar correspondências pelo correio; (h) valor pago para retirar carteira de habilitação. 6. A respeito da base de cálculo das taxas e analisando as ementas dos REs 346.695 e 503350, abaixo transcritas, responda: “TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA. MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. BASE DE CÁLCULO. COINCIDÊNCIA COM A DO IPTU. ARTIGO 145 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A corte de origem deliberou sobre a correspondência entre as bases de cálculo do IPTU e da taxa de limpeza pública, mesmo não tendo se referido expressamente ao art. 145, § 2º, da Constituição Federal. Questão devidamente prequestionada. 2. A posição adotada pelo Tribunal a quo, contudo, encontra-se coerente com o decidido pelo Plenário desta Corte, que, no julgamento do RE 232.393 (Sessão de 12/08/1999) fixou entendimento no sentido de que "o fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU - a metragem da área construída do imóvel - que é o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de cálculo igual à do IPTU." 3. Falta de prequestionamento do disposto no inciso II do mesmo artigo 145 da Constituição. Controvérsia referente à especificidade e divisibilidade da taxa de limpeza pública não dirimida pelo Tribunal a quo. Súmulas STF nºs 282 e 356. 4. Agravo regimental improvido”. (Ac. U. da 2º Turma do STF, RE nº 346.695 AgR/MG, Rel. Min. Ellen Gracie, julg. em 02.12.2003, publ. no em 02.12.2003, publ. No DJ de 19.12.2004, pág. 83). RE 503350 AgR / AL – ALAGOAS - Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI EMENTA: TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 283 DO STF. TAXA DE AUTORIZAÇÃO. QUEIMADA CONTROLADA. IBAMA. PODER DE POLÍCIA. UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE IMPOSTOS. CONSTITUCIONALIDADE. I - Incumbe ao agravante o dever de impugnar, de forma específica, cada um dos fundamentos da decisão atacada, sob pena de não conhecimento do recurso. Incidência da Súmula 283 do STF. II - Taxa de autorização cobrada em razão do exercício regular do poder de polícia. Precedentes. III - Constitucionalidade de taxas que, na apuração do montante devido, adotem um ou mais dos elementos que compõem a base de http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 20 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ cálculo própria de determinado imposto, desde que não se verifique identidade integral entre a base de cálculo da taxa e a do imposto. IV - Agravo regimental improvido. Julgamento: 25/08/2009 a) A utilização, para o cálculo da taxa, de um elemento componente da base de cálculo de imposto, configura violação ao disposto no art. 145, II, §2º da CF/88? b) Quais os critérios jurídicos que devem ser utilizados para a conformação da mesma? Responder tratando do custo do serviço público prestado e da possibilidade ou não de serviços públicos remunerados através de taxas poderem gerar lucros ou superávits? 7. A outorga onerosa configura alguma espécie de taxa em razão do exercício do poder de polícia? Responder tratando especificamente da distinção entre tributo, preço público, tarifa e ônus mencionados no julgamento do RE 387047 cuja ementa segue abaixo: RE 387047 / SC - SANTA CATARINA - Relator(a): Min. EROS GRAU EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI N. 3.338/89 DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS/SC. SOLO CRIADO. NÃO CONFIGURAÇÃO COMO TRIBUTO. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO. DISTINÇÃO ENTRE ÔNUS, DEVER E OBRIGAÇÃO. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. ARTIGOS 182 E 170, III DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. SOLO CRIADO Solo criado é o solo artificialmente criado pelo homem [sobre ou sob o solo natural], resultado da construção praticada em volume superior ao permitido nos limites de um coeficiente único de aproveitamento. 2. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO. PRESTAÇÃO DE DAR CUJA SATISFAÇÃO AFASTA OBSTÁCULO AO EXERCÍCIO, POR QUEM A PRESTA, DE DETERMINADA FACULDADE. ATO NECESSÁRIO. ÔNUS. Não há, na hipótese, obrigação. Não se trata de tributo. Não se trata de imposto. Faculdade atribuível ao proprietário de imóvel, mercê da qual se lhe permite o exercício do direito de construir acima do coeficiente único de aproveitamento adotado em determinada área, desde que satisfeita prestação de dar que consubstancia ônus. Onde não há obrigação não pode haver tributo. Distinção entre ônus, dever e obrigação e entre ato devido e ato necessário. 3. ÔNUS DO PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL URBANO. Instrumento próprio à política de desenvolvimento urbano, cuja execução incumbe ao Poder Público municipal, nos termos do disposto no artigo 182 da Constituição do Brasil. Instrumento voltado à correção de distorções que o crescimento urbano desordenado acarreta, à promoção do pleno desenvolvimento das funções da cidade e a dar concreção ao princípio da função social da propriedade [art. 170, III da CB]. 4. Recurso extraordinário conhecido, mas não provido. Julgamento: 06/03/2008 Anexo I REsp nº167.489-SP (1998/0018591-7) RELATOR : O EXMO. SR. MINISTRO JOSÉDELGADO RECORRENTES : BRIDGESTONE FIRESTONE DO BRASIL IND.E COMÉRCIO LTDA. ADVOGADOS : EUGÊNIO CARLOS DELIBERATO E OUTROS RECORRIDO : SERVIÇO MUNICIPAL DE ÁGUA E SANEAMENTODE SANTO ANDRÉ - SEMASA http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 21 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ ADVOGADOS : CARLA A. BASSETO DA SILVA E OUTROS EMENTA TRIBUTÁRIO. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. TAXA. NATUREZA TRIBUTÁRIA. 1. O serviço de fornecimento de água e esgoto é cobrado do usuário pela entidade fornecedora como sendo taxa, quando tem compulsoriedade.(grifamos) 2. Trata-se, no caso em exame, de serviço público concedido, de natureza compulsória, visando atender necessidades coletivas ou públicas. 3. Não tem amparo jurídico a tese de que a diferença entre taxa e preço público decorre da natureza da relação estabelecida entre o consumidor ou usuário e a entidade prestadora ou fornecedora do bem ou do serviço, pelo que, se a entidade que presta o serviço é de direito público, o valor cobrado caracterizar-se-ia como taxa, por ser a relação entre ambos de direito público; ao contrário, sendo o prestador do serviço público pessoa jurídica de direito privado, o valor cobrado é preço público/tarifa. (grifamos) 4. Prevalência no ordenamento jurídico das conclusões do X Simpósio Nacional de Direito Tributário, no sentido de que “a natureza jurídica da remuneração decorre da essência da atividade realizadora, não sendo afetada pela existência da concessão. O concessionário recebe remuneração da mesma natureza daquela que o Poder Concedente receberia, se prestasse diretamente o serviço.” (RF, julho a setembro, 1987, ano 1987, v. 299, p. 40). (grifamos) 5. O art. 11, da Lei nº 2.312, de 3.9.94 (Código Nacional de Saúde) determina: “É obrigatória a ligação de toda construção considerada habitável à rede de canalização de esgoto, cujo afluente terá destino fixado pela autoridade competente”. 6. “No Município de Santo André/SP, as Leis Municipais nºs 1.174/29.11.56 e 2.742/21.03.66 obrigam que todos os prédios se liguem à rede coletora de esgotos, dispondo, ainda, que os prédios situados em locais servidos de rede de distribuição de água devem a ela ser ligados, obrigatoriamente” (Memorial apresentado pela recorrente). 7. Obrigatoriedade do serviço de água e esgoto. Atividade pública (serviço) essencial posta à disposição da coletividade para o seu bem-estar e proteção à saúde, no Município de Santo André/SP. 8. “A remuneração dos serviços de água e esgoto normalmente é feita por taxa, em face da obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede pública” (Helly Lopes Meirelles, in “Direito Municipal Brasileiro”, 3ª ed., RT – 1977, p. 492). (grifamos) 9. ”Se a ordem jurídica obriga a utilização de determinado serviço, não permitindo o atendimento da respectiva necessidade por outro meio, então é justo que a remuneração correspondente, cobrada pelo Poder Público, sofra as limitações próprias de tributo” (Hugo de Brito Machado, in Regime Tributário da Venda de Água, Rev. Juríd. da Procuradoria-Geral da Fazenda Estadual/Minas Gerais, nº 05, p. 11). 10. Adoção da tese, na situação específica examinada, de que a contribuição pelo fornecimento de água é taxa. Aplicação da prescrição tributária, em face da ocorrência de mais de cinco anos do início da data em que o referido tributo podia ser exigido. 1. Recurso especial provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs. Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Ministros Demócrito Reinaldo, Humberto Gomes de Barros e Milton Luiz Pereira. Ausente, justificadamente, o Exmo. Sr. Ministro Garcia Vieira. Brasília, 12 de junho de 1998 (Data do Julgamento). MINISTRO MILTON LUIZ PEREIRA, Presidente. MINISTRO JOSÉ DELGADO, Relator. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 22 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ SEMINÁRIO IV - FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO Leitura obrigatória CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Capítulo III. ________. Direito tributário, linguagem e método. 6ª ed. São Paulo: Noeses, 2015. Segunda Parte, Capítulo I, item 1.1, e Capítulo II, item 2.1, 2.3 e 2.4. MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do direito tributário. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2006. Capítulos 7 (a enunciação da atividade criadora do direito) e 9 (fontes do direito tributário e análise de casos concretos). ________. Artigo: Fontes do direito tributário. In: IBET Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (http://www.ibet.com.br/?p=5938). Leitura complementar CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito (o constructivismo lógico-semântico). 4ª ed. São Paulo: Noeses, 2014. Capítulo XVI. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: fundamentos jurídicos da incidência. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015. Capítulo I, item 14 (a prescritividade constitutiva do direito). __________. Tema I (O Preâmbulo e a prescritividade constitutiva dos textos jurídicos), in Derivação e positivação no direito tributário, volume I. São Paulo: Noeses, 2014. IVO, Gabriel. Norma jurídica, produção e controle. São Paulo: Noeses, 2006. Item 6 da Introdução e Capítulo I, itens 1.2.3.2 a 1.2.4. __________. Artigo: “A relação entre lei complementar e lei ordinária, in X Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. SOUZA, Priscila de (Coord.). São Paulo: Noeses, 2013. Questões 1. Que é direito positivo? O que são e quais são as suas fontes? Conceituar e exemplificar fonte formal e fonte material do direito tributário. Como nascem, de que modo ingressam e de que modo são retirados do ordenamento positivo os enunciados prescritivos? 2. A Emenda Constitucional nº 42/03 previu a possibilidade de instituição da PIS/COFINS importação. O Governo Federal editou a Lei nº 10.865/04 instituindo tal exação. (a) Identificar as fontes materiais e formais da Constituição Federal, da Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operação importação em 11/08/05; este fato é fonte material do direito? (c) O ato de ele http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 23 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ formalizar o crédito tributário no desembaraço aduaneiro e efetuar o pagamento antecipado é fonte do direito? 3. Qual é a utilidade do estudo das fontes do direito tributário? Podemos identificar alguma irregularidadeligada às fontes do direito quando consideramos que a EC 20/98 não foi votada pelo Senado Federal, após o Substitutivo à PEC 33/96 ter sido modificado na Câmara dos Deputados? 4. Conceituar e distinguir os instrumentos introdutórios primários e secundários de normas. Relacionar a estrutura hierarquizada do ordenamento jurídico com os instrumentos introdutores de normas. Que se entende por “fundamento de validade”? Há distinção entre fundamento de validade e fonte do direito? Qual? Exemplificar. 5. Os costumes, a doutrina, a jurisprudência e o fato gerador da obrigação tributária são fontes do direito? O CTN, em seu art. 100, III, prescreve, como espécie de “normas complementares”, as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas. Este dispositivo credencia o costume como fonte do direito tributário? Considerando o Recurso Extraordinário nº 177.137-2 (ANEXO II), em que o STF reconheceu a constitucionalidade do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante - AFRMM, identifica-se, em diversas passagens, a referência a exposições doutrinárias e à própria jurisprudência do Tribunal. Neste caso, pode- se falar que a doutrina foi fonte do direito tributário? E a jurisprudência? Por quê? (ANEXO I e ANEXO II). 6. Relacionar os conceitos de enunciação, enunciação-enunciada e enunciado-enunciado com os processos de produção normativa típicos realizados pelos Poderes Legislativo (lei), Executivo (ato administrativo) e Judiciário (sentença). 7. Identificar quando possível, no fragmento de direito positivo abaixo, os seguintes elementos justificando os que não forem encontrados: (i) enunciação; (ii) enunciação-enunciada; (iii) enunciado-enunciado; (iv) veículo ou instrumento introdutor de norma; (v) fonte material; (vi) fonte formal; (vii) procedimento; (viii) sujeitos competentes; (ix) preceitos gerais e abstratos, e (ix) norma geral e concreta: LEI No 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, cujo objetivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 24 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ § 1o Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 2o A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput deste artigo. § 3o A alíquota da contribuição será de dez por cento. (...) Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de janeiro de 2001. Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179o da Independência e 112o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ANEXO I Número do Recurso: 015452 Câmara: QUARTA CÂMARA Número do Processo: 10680.010593/92-83 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: IRPF Recorrente: Recorrida/Interessado: DRJ-BELO HORIZONTE/MG Data da Sessão: 19/08/1998 00:00:00 Relator: Roberto William Gonçalves Decisão: Acórdão 104-16520 Resultado: DPPU - DAR PROVIMENTO PARCIAL POR UNANIMIDADE Texto da Decisão: DAR PROVIMENTO PARCIAL POR UNANIMIDADE, para excluir do acréscimo patrimonial relativo ao exercício de 1998, o valor de Cz$ 2.500.000,00; II - excluir o acréscimo patrimonial relativo ao exercício de 1991; III - excluir da exigência o encargo da TRD anterior a agosto de 1991. Ementa: IRPF - AUMENTO PATRIMONIAL - APURAÇÃO - A partir do exercício de 1990, ano calendário de 1989, a apuração de eventual aumento patrimonial a descoberto é mensal, computadas todas as disponibilidades do sujeito passivo até a data do evento. Não cabível a apuração anual. IRPF - AUMENTO PATRIMONIAL - MÚTUOS ENTRE ASCENDENTES E DESCENDENTES - Mútuos entre terceiros, como justificadores de acréscimos patrimoniais, devem ser comprovados por documentação, não bastando constarem das declarações de rendimentos de mutuante e mutuário. Entretanto, quando envolvem ascendentes e descendentes diretos, principalmente pai e filho, e valores obtidos parceladamente, o costume evidencia que nem sempre tais operações são documentadas por contratos, notas promissórias ou outras avenças, devendo ser aceitos como dívidas e ônus reais do mutuário, uma vez que o mutuante também os declare e disponha de condições para efetivar as operações, ao descendente, quando de sua realização. TRD - Inexigível a TRD, como encargo moratório anteriormente a primeiro de agosto de 1991. Recurso parcialmente provido. ANEXO II RECURSO EXTRAORDINARIO N. 177137-2/RS RELATOR MIN. CARLOS VELLOSO RECORRENTE: ADUBOS TREVO S/A GRUPO LUXMA ADVOGADO : JOAO DODSWORTH CORDEIRO GUERRA ADVOGADOS : ANTONIO CARLOS GARCI.A DE SOUZA E OUTROS RECORRIDA : UNIAO FEDERAL ADVOGADO : PFN - LUIS INACIO LUCENA ADAMS EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇAO DA MARINHA MERCANTE - AFRMM: CONTRIBUIÇAO PARAFISCAL OU ESPECIAL DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. C.F. art. 149, art. 155, § 2º, IX . ADCT, art. 36. 1. - O ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE – AFRM M - é uma contribuição parafiscal ou especial, contribuição de intervenção no domínio econômico, terceiro gênero tributário, distinta do imposto e da taxa. (C.F., art. 149) http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 25 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ II. - O AFRMM não é incompatível com a norma do art. 155, § 2º, IX, da Constituição. Irrelevância, sob o aspecto tributário, da alegação no sentido de que o Fundo da Marinha Mercante teria sido extinto, na forma do disposto no art. 36, ADCT. III. - R.E. não conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Plenário, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por decisão unânime, não conhecer do recurso extraordinário. Votou o Sr. Presidente. Ofereceu parecer, oralmente, o Dr. Moacir Antônio Machado da Silva, Vice-Procurador-Geral da República. Falaram, pelo recorrente, o Professor Geraldo Ataliba e, pela recorrida, o Dr. César Saldanha Souza Júnior. Brasília, 24 de maio de 1995.SEPÚLVEDA PERTENCE - PRESIDENTE CARLOS VELLOSO - RELATOR 24/05/95 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINARIO N 177.137-2 RIO GRANDE DO SUL VOTO O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO (Relator) - O acórdão recorrido decidiu no sentido de que o AFRNN não é um imposto, mas uma contribuição e, como tal, recebida pela Constituição vigente. É uma contribuição de intervenção no domínio econômico. Por isso, a sua incidência não é ofensiva ao disposto no art 155, § 2, IX, da Constituição. Sustenta-se, no recurso extraordinário, ofensa ao art. 155, § 2, IX, da Constituição, por isso que o acórdão legitimou a invasão de competência da União, mediante a cobrança do AFRMM sobre o frete de transporte marítimo internacional porto a porto, no campo de incidência do ICMS. Sustenta-se, também, ter sido violado o art. 36 ADCT, dado que, não tendo o Congresso Nacional ratificado, no prazo de dois anos, o Fundo da Marinha Mercante, este extinguiu-se. Abrindo o debate, esclareça-se que o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante - AFRMN - sempre foi uma contribuição parafiscal, ou especial. Quer dizer, sob o pálio da CF/67, o AFRNM era uma contribuição parafiscal e, sob a Constituição vigente, a sua natureza jurídica não se modificou. Sob o pálio da CF/67, julgando, no antigo Tribunal Federal de Recurso, o RR l.517-SP, de que fui relator, sustentei a tese, com o apoio dos meus eminentes pares de então, assim resumida na ementa do acórdão: “TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE E ADCIONAL AO FRETE DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE. NATUREZA JURÍDICA. Lei n’ 3.381, de 1958; Decreto-lei n° 1.142, de 1970. 1. A TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE (Lei o’ 3.381, de 1958) e o ADICONAL AO FRETE DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE têm o mesmo conteúdo, e sempre tiveram o mesmo suporte fático, tendo havido, com a substituição da TRMM pelo AFRMM, mera mudança de nome. II. A TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE, tal como ocorre com o ADICIONAL AO FRETE DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE, constituía-se em tributo, classificando-se como contribuição parafiscal, ou especial, pelo que não era abrangida pela imunidade prevista no art. 19, III, “d”, da Constituição Federal. III. Aplicabilidade, no caso, da Súmula o’ 553, da CORTE SUPREMA. IV. Precedentes do T.F.R. V. Recurso de revista deferido.” (“DJ” 21.05.81, p. 4648). Destaco do voto que proferi por ocasião do julgamento do citado RR l.5l7-SP: “No mérito, cumpre indagar se a TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE seria, em realidade, imposto com aplicação especial, tal como decidiu o acórdão revisando, assim abarcada pela imunidade inscrita no art. 19, III, “d”, da Constituição Federal. A questão não comporta, a esta altura, discussão, dado que a jurisprudência já se pacificou no sentido oposto à tese do v. acórdão recorrido (RR n’ 1.815, Relator Ministro JORGE L.4FAYRTTE; RR nº 1.603, Relator Ministro JOSÉ NÉRI DA SILVERIRA). No RR nº 1.836-SP, Relator Ministro TORREÃO ERAS, decidiu este Egrégio Tribunal, pelo seu Plenário: ‘Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante. Sendo contribuição parafiscal, criada com fundamento nos arte. 21, § 2’, e 163 da Constituição, não está abrangida pela imunidade de que cogita o art. 19, inciso III, letra “d”, do mesmo diploma. Recurso de revista provido. Ao votar, por ocasião do julgamento do mencionado RR l.836-SP, disse eu que o referido tributo deve ser classificado como contribuição parafiscal, ou especial, não abrangida pela imunidade constitucional, que diz respeito a imposto, tão-somente. No voto que http://www.pucsp.br/cogeae mailto:cogeae@cogeae.pucsp.br _______________________________________________________________________________________________ COGEAE – COORDENADORIA GERAL DE ESPECIALIZAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXTENSÃO Rua da Consolação, 881 - Cep: 01301-000 - São Paulo - SP – Fone: (11) 3124-9600 – Fax: (11) 3124-9612 www.pucsp.br/cogeae – E-mail: infocogeae@pucsp.br 26 EDUCAÇÃO CONTINUADA _______________________________________________________ _ ______________________ proferi por ocasião do julgamento do incidente de uniformização de jurisprudência na AMS o’ 77.729-RS, tive ensejo de dizer: ‘Sr. Presidente, fixemos, inicialmente, a natureza jurídica do AFRMM, que a SUNAMAN sustenta não ser um tributo. “Data venia”, não concordo com tal entendimento. O AFRMM tem natureza tributária, dado que exigido compulsoriamente, assim ajustando-se à definição de tributo (CTN, art. 3º). Conceituado como tributo, genericamente, ou como contribuição parafiscal, ou contribuição especial, sujeita-se o AFRMM às regras legais atinentes ao tributo. Os tributos, no sistema constitucional brasileiro, podem ser classificados da seguinte forma: a) não vinculados: impostos (C.F., art. 18; CTN, art. 16); b) vinculados: b.l) taxas (C.F., art. 18, I); b.2) contribuições, que podem ser: b.2.l) de melhoria (C.F., art. 18, II); b.2.2.) parafiscais, ou especiais (C.F., art. 21, § 2°, 1); c) especial: empréstimo compulsório (C.F arts. 18, § 3° e 21, § 2°, II; CTN, art. 15). GERALDO ATALIBA entende, com o apoio de outros tributaristas, que “as contribuições não se confundem com as taxas, nem com os impostos, mas também não constituem gênero que a eles se oponha. São espécies de tributo vinculado, ao lado da taxa. Desta se distingue por um quid plus na estrutura da materialidade da h.i”. (“Hipótese de Incidência Tributária”, p. 193). Para ATALIBA, as contribuições parafiscais, ou especiais, ou são taxas ou são impostos. Sem embargo, penso que não é desarrazoada a tripartição do gênero tributo nas espécies: imposto, taxa, contribuições. O saudoso RUBENS GOMES DE SOUZA, que acolhe a concepção tripartida, entende que “a contribuição é um gênero de tributos suscetível de subdivisão em várias espécies. E isto em face do que dispõem (genericamente) a Constituição Federal no art. 21, § 2°, 1 e (especificamente) a mesma Constituição Federal nos arts. 163, § único, 165, XVI e 166, § 1°, o CTN no art. 217, n°s I a V”. (RDA, 112/39; RDP, 17/314). Ao que sustentamos, na linha do raciocínio de RUBENS SOMES DE SOUA, as contribuições não são somente as de melhoria. Estas, as contribuições de melhoria, são, apenas, espécie do gênero contribuição; ou unia subespécie da espécie contribuição. Assente-se, pois, com referência à contribuição discutida nestes autos, como premissa fundamental, que é ela um tributo. Alguns autores, como GERALDO ATALIBA, tem-na ou como imposto, ou como taxa, já falamos, presente a divisão dos tributos em vinculados e não vinculados (ob. cit., p. 193; “Sistema Const. Trib. Brasileiro”, 1.968, ps. 184 e segs.). Tais autores, ao que penso, não estão errados. A conclusão a que chegam embasa-se em dados científicos. Entretanto, “data venia”, acho que, face ao que dispõe o direito positivo brasileiro (C.F., artigo 21, § 2º, I; CTN, art.217), as contribuições, que são tributos, podem e devem ser classificadas com “status” próprio, ou como contribuições, ou como contribuições parafiscais, ou como contribuições especiais, observada, todavia, e lição de CERALDO ATALIBA: “A designação contribuição parafiscal não retira a um tributo seu caráter tributário. Qualquer que seja o nome com que se batise, “toda obrigação pecuniária “ex lege” em benefício de pessoa pública ou com finalidade de utilidade pública” é tributo e se submete ao chamado regime tributário...” (“Hipótese de Incidência Tributária”, p.201). O Egrégio SUPREMO TRIRUNAL FEDERAL, no RE nº 75.972-SP, Relator o Sr. MINISTRO THOMPSON FLORES, decidiu que o AFRMM é uma contribuição. É tributo, portanto. Essa contribuição, o AFRMM, substituiu a antiga TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE, que era tratada na Lei nº 3.381, de 1.958; o Decreto-lei nº 1.142, de 1.970, que o regulou e disciplinou. (...) ‘. Em verdade, houve mera mudança de nome:
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