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GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS AULA 1 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá querido aluno! Seja muito bem-vindo à nossa primeira aula de Gestão de Custos Logísticos. Fique bem a vontade para estudarmos juntos. Mantenha sua mente relaxada e aberta aos novos conhecimentos. Esta rota tem como objetivo geral demonstrar os conceitos fundamentais de custos e da contabilidade de custos. Por isso iniciaremos abordando os fundamentos sobre custos e conversaremos sobre terminologias e conceitos. Na sequência faremos uma análise sobre a classificação dos gastos. Além disso, aprenderemos a respeito da contabilidade de custos e seus objetivos. E, para finalizarmos esta aula, estudaremos a respeito dos custos que envolvem a logística em uma organização. Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessante durante as aulas, pois podemos criar associações e, consequentemente, gerar novas ideias. Desejo um ótimo estudo! CONTEXTUALIZANDO Nos últimos anos, com as mudanças ocorrendo cada vez mais rapidamente, a complexidade dos negócios aumentou devido à globalização, fusão, redução de custos, aumento da competitividade e clientes mais exigentes. Isso fez com que o profissional de logística também evoluísse. Você já trabalhou com custos? Não? Com certeza sim, pois lidamos diariamente com isso com relação aos nossos gastos. Quando fechamos o mês no vermelho quer dizer que nossos gastos (custos e despesas) foram maiores do que nossas receitas (normalmente nosso salário). E, em alguns casos, devemos controlar todos esses gastos a fim de conhecermos no que estamos gastando nossos recursos, e assim, tomarmos melhores decisões objetivando o futuro aspirado. No cenário corporativo isso não é diferente. Com a globalização, competição acirrada entre empresas e a redução das margens de lucro, gerenciar custos se tornou uma atividade obrigatória. Por isso, a gestão de custos pode auxiliar os gestores das empresas a tomarem decisões com base em informações e visando o objetivo traçado pela organização. “Ah professor, mas por que estudar sobre isso?” 3 Conhecer e controlar custos pode ser a diferença competitiva entre uma empresa e seu concorrente, pois quando se conhece e controla qualquer coisa fica mais fácil de ser melhorada. Portanto, podemos tornar a empresa mais eficiente, ou seja, fazendo mais com menos (conceito minimalista). Por exemplo, se uma empresa não conhece os custos para fabricação de um produto ou prestação de um serviço, não terá como conhecer seu lucro, inclusive não terá como saber se está “perdendo” dinheiro vendendo seu produto/serviço, pois seus gastos podem ser maiores do que as receitas. Atualmente, o tema é de tamanha importância para as empresas, pois está diretamente relacionado com a competitividade e, consequentemente, com a perenidade das organizações. Por isso, a própria revista Exame possui uma categoria sobre corte de custos em seu site de notícias: <http://exame.abril.com.br/topicos/cortes-de-custo-empresariais>. TEMA 1: FUNDAMENTOS DE CUSTOS Primeiramente vamos compreender o que é custo. Que tal? Custos são gastos, os quais adquirimos com um produto ou serviço que será utilizado para a produção do produto ou prestação do serviço que nossa empresa oferece. Segundo Megliorini (2011), os custos de uma organização refletem inúmeras variáveis internas e externas, podendo ser resultado da combinação de vários fatores, entre os quais estão a capacitação tecnológica e produtiva referente aos processos, produtos e gestão, o nível de atualização da estrutura operacional e gerencial e a qualificação dos colaboradores. Vamos pensar em uma analogia bem simples. Quando você trabalha e se desloca de casa ao trabalho de carro o valor gasto em combustível é um custo. Por exemplo, se no emprego X eu gasto R$350,00 por mês em combustível e recebo um salário de R$2500,00, e no emprego Y eu gasto R$50,00 e recebo R$2300,00 de salário, será mais rentável trabalhar no emprego Y, pois sobrará do salário retirando o custo do combustível R$2250,00 frente a R$2150,00 no emprego X. Claro que essa simples avaliação só é possível pois controlamos os gastos com combustível. 4 Toda empresa precisa comprar serviços e produtos, contratar pessoas e utilizar máquinas e equipamentos para realizar sua atividade. Esses gastos, como vimos, são chamados de custos. Usualmente uma organização pretende gerir seus custos para ou atender às exigências legais com relação à apuração de resultados e de estoques ou para se controlar e gerar informações utilizadas para a tomada de decisões assertivas. No passado, as empresas não se preocupavam tanto com o controle e a apuração dos custos. Isso acontecia porque a concorrência não era tão acirrada, o que resultava em maiores margens de lucro para as organizações. Mas o mundo mudou... A gestão e os gestores também devem mudar. O cenário atual é bem diferente, visto que a concorrência cresceu, o acesso à informação cresceu, o ciclo de vida dos produtos diminuiu, resultando em margens de lucro menores. Por isso, hoje os custos determinam as margens de lucro, assim como a competitividade de uma empresa. Caso eu consiga entregar um produto similar com custos menores que minha concorrência, posso vendê-los com preços mais reduzidos e manter a mesma margem de lucro ou ainda, vender ao mesmo preço que meu concorrente e aumentar minha margem. Pensando pelo outro lado, caso minha empresa tenha custos maiores do que a concorrência, corremos um grande risco de ter o negócio inviabilizado. Vale lembrar que todas as empresas devem gerir seus custos, tanto micro e pequenas, quanto médias e grandes organizações. Além disso, essa gestão independe de sua atuação, indústria, comércio ou prestadora de serviço. #ficaadica – Como controlar seus próprios gastos: Existem diversas planilhas e inclusive apps, como o Guiabolso, de controle de gastos pessoais, que podem auxiliar você a entender melhor onde está gastando mais e bolar estratégias para redução de custos e aumento do seu resultado. Faça isso em sua vida pessoal, que facilitará a sua compreensão com relação às organizações. 5 TEMA 2: TERMINOLOGIAS E CONCEITOS EM CUSTOS Quando falamos em custos, o que nos vem à mente? Todas as contas pagas por uma empresa, certo? Entretanto, existem diferentes nomes para certos tipos de gastos, ou seja, nem todos os pagamentos acontecem para quitar apenas os custos. Podemos visualizar as diferenças entre gasto, investimento, despesa, custo, perdas e desperdício conforme o diagrama a seguir: Figura 1: Tipos de gastos Gasto – Aquisição de um bem ou serviço que gera um sacrifício financeiro, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos. Investimento – São gastos na aquisição de bens ou serviços registrados no ativo da empresa para baixa quando de sua venda, consumo ou desvalorização. Exemplos: máquinas, prédios, veículos, etc. Custo – Gastos realizados em bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Exemplos: mão de obra direta, matérias-primas, etc. Despesa – São gastos na aquisição de bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas e que não estão envolvidos com a atividade de produção ou prestação de serviço. Podem ser despesas administrativas, operacionais, financeiras, comerciais, etc. Por exemplo: materiais de expediente, salário do pessoal administrativo, etc. Perda – É um gasto de um bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Por exemplo: perdas com enchentes, incêndios, obsolescência, deterioração, etc. Desperdício – São gastos que possuem relação com as atividades e processos que não geram valor ao cliente, ou seja, existe um gasto de tempo e recursosdesnecessários aos produtos ou serviços. Por exemplo: retrabalhos. 6 Leitura obrigatória do livro da disciplina, páginas 99 a 101. Além dos termos anteriormente descritos e visualizados na figura 1, existem outras nomenclaturas relacionadas diretamente ao nosso tema e que valem ser definidas neste momento: Desembolso – Representa o pagamento (saída de caixa) resultante da aquisição de um bem ou serviço. Custo de oportunidade – Representa o desejo mínimo de remuneração do investidor para o capital investido. Efeitos econômicos – São valores registrados na demonstração do resultado do exercício que não representarão desembolso no fluxo de caixa, ou seja, não haverá saída de dinheiro da conta bancária. Por exemplo: depreciação, amortização e exaustão. Depreciação – Conceito que busca a preservação de receitas, no patrimônio da empresa, para a reposição dos bens consumidos pela operação. Representa a perda de valor dos bens tangíveis (que são palpáveis, concretos), sujeitos a desgaste, pelo uso ou obsolescência. Amortização – Envolve a perda de valor do capital aplicado na aquisição de bens intangíveis (abstratos, de difícil mensuração). Por exemplo: marcas, patentes e direitos autorais. Exaustão – Corresponde à perda do valor que sofrem as imobilizações de recursos da natureza quando recebem exploração e que se acabam com o passar do tempo. Por exemplo: reservas minerais e reservas vegetais. Coprodutos – São produtos da empresa, com representatividade no faturamento, que se originam da mesma matéria-prima e recebem alocação de custos. Como exemplo, podemos considerar os vários cortes de carne de gado, em que a matéria-prima é a mesma (gado) e a picanha e a alcatra são coprodutos. Subprodutos – São materiais ou resíduos resultantes do processo de manufatura de um produto principal e que possui valor de venda que é deduzido do custo de produção. Sucatas – São materiais gerados no processo de produção, mas que não possuem valor certo de venda. 7 Existem alguns conceitos relacionados à produção e prestação de serviços, também importantes para nossa compreensão futura dos temas: Capacidade produtiva – É a capacidade máxima que uma fábrica consegue produzir em seu atual estado, sem considerar novos investimentos. Produção boa – Parte da produção total que poderá ser comercializada, ou seja, em perfeito estado para comercialização, sem possuir defeitos. Ociosidade – É representada pelos custos associados à diferença entre a capacidade produtiva e a utilização pelos funcionários. Ociosidade = Capacidade – Utilização Ineficiência – É representada pela diferença entre a capacidade produtiva utilizada pelos funcionários e a produção boa resultante do processo de manufatura. Ineficiência = Utilização – Produção Boa #ficaadica - Como solucionar problemas de ociosidade: • Trabalhar a diversificação e inovação; • Criar preços e condições especiais e promoções para determinados clientes. Como solucionar problemas de ineficiência: • Capacitar a equipe; • Desenvolver o ambiente organizacional; • Motivar a equipe. TEMA 3: CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS Queridos alunos, agora que já conhecemos as diferenças entre custos, despesas, gastos, etc., que tal pensarmos na classificação de cada uma dessas categorias? “Como assim professor?”. Pois é. Cada uma delas pode ser classificada de formas diferentes. Por exemplo, podemos classificar custos como sendo diretos ou indiretos, fixos ou variáveis ou até mesmo semivariáveis. Essa classificação e o controle dos gastos são fundamentais para que a empresa conheça a si mesma. Custo direto - São custos identificados de forma econômica e lógica com a produção de determinado produto ou prestação de serviço. Por exemplo, a matéria-prima e a mão de obra que trabalha na linha de produção. Ou seja, se nós fabricamos mouses, todas as peças do mouse e as pessoas envolvidas 8 diretamente na montagem do mouse são consideradas custos diretos. É fácil mensurar quanto de matéria-prima e a relação homem/hora gasta no processo de fabricação. Custo indireto - São custos de difícil identificação dentro de uma linha de produto ou serviço, e, por isso, dependem de taxas de rateio para se lançar na produção. Em muitos casos, o produto ou serviço é utilizado em mais de uma linha de produção, sendo difícil calcular quanto foi gasto em cada uma das linhas. Por exemplo, quanto do aluguel da fábrica será custo do produto A, do B e do C? Ou seja, isso não é facilmente identificado, pois os custos são indiretos. Sendo assim, é preciso realizar o rateio desse aluguel para que A absorva uma parte, B outra e C outra. Outro custo indireto seria o salário de supervisores, pois esses trabalham supervisionando mais de uma linha de produto. Além disso, existem os materiais indiretos, que também são custos indiretos, tais como: graxa, lixas e combustível. Custos imputados - São custos decorrentes do uso de um recurso, como por exemplo, a depreciação. Custo de fabricação - Mão de obra direta + matéria-prima + custos indiretos de fabricação. Custo primário - Mão de obra direta + matéria-prima. Custo de transformação - Mão de obra direta + custos indiretos de fabricação. Agora vamos à classificação mais famosa e que vocês já devem ter ouvido falar. Tanto o custo como a despesa podem ser classificados em fixos ou variáveis: Figura 2 Fixo - São custos ou despesas que não se alteram em função da produção. Por exemplo, o aluguel da fábrica (custo fixo) e o aluguel do escritório administrativo (despesa fixa) terão o mesmo valor independente se produzirmos 0 unidades ou 1000 unidades de um produto, ou mesmo se 9 prestarmos 0 serviços ou 100 serviços. O valor do aluguel mensal não se alterará. Variável - São custos ou despesas que se alteram proporcionalmente de acordo com o volume de produção e vendas. Exemplificando, tenhamos que a matéria-prima é um custo variável, pois o consumo de matéria-prima se altera à medida que a produção aumenta ou diminui. Para facilitar o raciocínio sobre gastos fixos e variáveis, podemos imaginar uma situação na qual a fábrica passe um mês parada. Quais gastos serão necessários e não variam? Esses serão fixos. Além disso, a título de curiosidade, existem os gastos semivariáveis, como por exemplo, a água e a luz que possuem uma taxa fixa mínima e outra para o consumo acima da taxa mínima, conforme o gráfico a seguir: Figura 3 Além disso, podemos visualizar graficamente também as variações dos custos de uma empresa, ou seja, custos fixos, custo variável e custo total. 10 Figura 4 Existe também uma classificação de custos quanto ao tipo de empresa: Custo de produto vendido (CPV) – Custo dos produtos fabricados por uma indústria. Custo de mercadoria vendida (CMV) – Custos dos produtos adquiridos de um fornecedor ou fabricante por um atacadista ou varejista. Custo de serviço prestado (CSP) – Custos de mão de obra e materiais diretos de uma prestadora de serviços. Então, em resumo desta aula, podemos ter como exemplos: Custo direto: estocagem de matéria-prima e serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços; Custo indireto: graxa, combustível e energia elétrica utilizados na fábrica; Custo fixo: salários da equipe da fábrica, assim como o aluguel da fábrica; Custo variável: matéria-prima; Despesa fixa: salário da equipe do administrativo, telefone e energia elétrica do administrativo; Despesa variável: comissão sobre vendas e fretes de entrega do produto vendido. 11 Conhecendo e utilizando as classificações conseguimos ter uma melhor visão sobre os gastos das empresas. TEMA 4: CONTABILIDADE DE CUSTOS Agora que já conhecemos diversas classificações de gastos e conceitossobre custos, vamos ao nosso novo tema? A contabilidade de custos é um segmento da contabilidade gerencial e possui técnicas que podem ser aplicadas em organizações comerciais, industriais e de serviço. “Qual é a novidade disso, professor?”. Bem, vou continuar explicando e vocês tirem suas próprias conclusões. É uma contabilidade que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos estoques, dos serviços, dos componentes da empresa, dos planos operacionais e das atividades de distribuição para, segundo Megliorini (2011), determinar o lucro para controlar as operações e para auxiliar o administrador na tomada de decisões e de planejamento. Existe muita dificuldade em controlar o que não se mensura, assim como gerenciar aquilo que não se controla. E, por isso, a importância da contabilidade de custos. “Então professor, mas por que gerir custos?” Imagine que relevante os gestores poderem verificar os produtos ou serviços que geram lucro ou prejuízo? Ou ainda, verificar quais são os clientes que proporcionam maior e menor lucro? Isso será possível por meio da gestão de custos que está diretamente atrelada à contabilidade de custos. Fazendo a gestão adequada de custos podemos ter uma base de informações para tomar diversas decisões importantes na empresa, como por exemplo: Determinar o preço de venda; Mensurar estoques; Apurar e maximizar os resultados; Definir o ponto de equilíbrio; Avaliar o desempenho, Promover um processo de melhoria contínua; Analisar a alavancagem operacional; Calcular a margem de contribuição, inclusive por produto/serviço; Mensurar a eficiência da força de trabalho e dos materiais; Implantar a gestão de desempenho; 12 Planejamento estratégico e controle das operações. Essa gestão e contabilidade de custos é muito boa mesmo, não é? Olhem quanta coisa ela pode fazer! Ela ainda nos proporciona identificar desperdícios e ociosidades, definir investimentos, determinar o custo do estoque, estabelecer orçamentos e reduzir gastos com fatores de produção, atividades ou áreas. A redução de custos não implica, necessariamente, na perda de qualidade. Ela pode permitir, inclusive, que a empresa invista em treinamento ou em modernização. Por isso a preocupação de reduzir custos deve estar sempre presente em todas as empresas. “Ué professor, que pão-duro!”. Ah, querido aluno, isso se faz necessário, pois a redução de custos pode ser vista como gastar melhor os recursos existentes. Como mencionamos, nem sempre a redução de custos significa em perda de qualidade. Calcular custos gerenciais nada mais é do que entender a realidade da empresa. O sistema de custos gerenciais se torna cada vez mais importante nas organizações, visto que a concorrência é cada vez mais acirrada e, principalmente, os clientes querem reduzir os preços pagos por cada produto e/ou serviço. Para realizar a organização dos gastos de uma empresa, a contabilidade se utiliza do plano de contas. Segundo Schier (2013), o plano de contas é uma ferramenta da contabilidade que sugere uma conduta nos registros das operações contábeis, em que constam os títulos das contas de origem e de destino dos lançamentos, suas descrições, funções e funcionamento. A contabilidade de custos nos auxilia a apropriar para algum produto, os custos relativos a um bem ou serviço que a fábrica consumiu. Atualmente, com a evolução dos sistemas de informações, é de extrema importância a utilização de tais sistemas, visto que otimizam e automatizam diversas tarefas, além de darem acesso rápido às informações da empresa. As justificativas para a utilização de um sistema são inúmeras, tais como: A ação gerencial deve ser praticada com base em dados e fatos reais; A tomada de decisão empresarial prescinde de sistemas de informações gerenciais; Não se decide baseando-se em suposições; Integração entre contabilidade, custos, logística, produção e finanças. 13 Então, mais uma vez ressaltamos a importância da utilização de um sistema e da contabilidade de custos. O que nos leva a concluir também que a gestão de custos é tão importante, pois gerenciando os custos a empresa consegue calcular seu resultado (lucro). Para finalizar nosso assunto de contabilidade de custos, é muito interessante conversarmos sobre o DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício). O DRE possui uma função muito especial dentro da gestão da empresa. Ele é o relatório que apresenta as receitas (vendas), os custos e despesas, assim como o resultado da organização (lucro ou prejuízo). Por isso, é considerado um importante demonstrativo para os gestores, pois fornece um suporte de informações para a tomada de decisões, principalmente no que tange o desempenho econômico da empresa. Normalmente, o DRE tem a estrutura conforme o desenho a seguir: Figura 5 TEMA 5: OS CUSTOS LOGÍSTICOS Aprendemos anteriormente sobre os gastos das empresas e sua contabilidade de custos de uma forma geral. E que para a organização definir seu lucro, é necessário a gestão dos custos. Agora, afunilaremos os gastos empresariais apenas na área logística. Como vocês sabem, toda empresa seja comércio, indústria ou serviço necessita de atividades logísticas para garantir o perfeito funcionamento de sua operação. Alunos, na logística uma das principais funções está no controle e administração de seus custos. É um grande desafio organizacional administrar a relação entre custos e o nível de serviço desejado pelos clientes. Por isso, a 14 logística possui uma grande importância, pois representa um diferencial competitivo da organização, traduzido no nível de serviço. "Como assim professor?". Notem que a logística influencia em aspectos que podem gerar valor aos olhos dos clientes. Por exemplo: Redução no prazo de entrega; Entrega com hora marcada; Disponibilidade de produtos; Facilidade em receber pedidos. Nós, como gestores da operação logística, com certeza gostaríamos de oferecer tudo isso listado anteriormente, todavia cada um dos itens representa custo adicional, resultando em um maior preço para o cliente, e ainda reduz a competitividade da empresa. Mas, afinal, quais são os custos logísticos? Normalmente associamos a logística apenas ao transporte dos produtos, entretanto os custos logísticos vão além dos custos com transportes. Os custos logísticos são divididos conforme a imagem a seguir: Figura 6 O custo logístico, normalmente, é o segundo custo com maior relevância, sendo superado apenas pelo custo da mercadoria ou produto. O gestor logístico deve buscar a simplificação das operações logísticas com o objetivo de obter o menor custo. E devido à globalização, se os gastos para se produzir no Brasil estiverem muito altos, é possível produzir em outros 15 países (grande destaque para a Ásia) e apenas importar o produto acabado. Claro que existirão custos maiores com o transporte e impostos, porém se o custo do produto for baixo, poderá compensar. Para atingir a excelência em custos, o gestor logístico deve sempre buscar: Diminuir custos por meio da simplificação e integração de processos; Buscar e utilizar novas tecnologias; Eliminar as atividades e processos que não gerem valor; Reduzir as necessidades de estoques utilizando sistemas de planejamento, gerando menores tempos de ciclo e outros; Melhorar a flexibilidade, a disponibilidade e a conformidade conforme os anseios do mercado. A realidade logística brasileira possui certas diferenças quando comparada com a realidade de outros países, principalmente os desenvolvidos. Essas diferenças têm relação com a infraestrutura existente dentro do país, pois faz com que os custos logísticos tenham representatividade diferente perante o PIB (Produto Interno Bruto) de cada um dos países.O gráfico a seguir apresenta o percentual dos custos logísticos em relação ao PIB, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos. Figura 7 Como o percentual do PIB utilizado para custos logísticos é bastante expressivo no Brasil, as empresas enxergam a logística cada vez com mais importância e expressividade. E elas fazem isso com razão, pois essa informação demonstra que temos uma parte logística no chamado “custo Percentual dos custos logísticos em relação ao PIB – Brasil x Estados Unidos 16 Brasil”, devido à nossa falta de infraestrutura adequada e altos preços de combustíveis. Leitura sugerida: livro da disciplina p. 72 a 74 livro da disciplina p. 138 a 140 – exercício resolvido livro Custos: análise e gestão de Evandir Megliorini, p. 14 e 15 TROCANDO IDEIAS É importante destacar que para se gerir qualquer empresa é necessário tomar decisões com base em informações. Essas informações devem estar disponíveis para que os tomadores de decisões possam traçar suas estratégias. Mas em médias e grandes empresas, devido ao maior número de processos internos, sistemas de qualidade e controle e burocracia, as decisões não são tão rápidas. E, por isso, empresas menores devem explorar sua capacidade de tomar decisões rapidamente, principalmente na área de gastos, pois poderá ser um diferencial competitivo, para tentar compensar uma parte dos ganhos de escala das grandes empresas. Já pararam para pensar nisso? NA PRÁTICA A empresa familiar Family S.A., uma fábrica de papel, buscando a profissionalização da gestão de suas atividades contratou você recentemente. Mesmo que você tenha sido contratado para atuar na área logística, você foi selecionado para atuar em uma equipe para realizar a gestão dos custos de toda a empresa, assim como a formação do preço de venda. Nesse contexto, inicialmente, será necessário realizar o levantamento e a classificação dos gastos como forma de aplicar o controle dos gastos. Por isso, seguem alguns gastos necessários que necessitam de classificação: Comissão de vendedores; Matéria-prima; O seu salário; Frete para entrega do produto final; Frete para entrega de matéria-prima; 17 Aluguel da fábrica; Material do escritório. Proposta da prática Classificar os gastos em custos e despesas e de acordo com a variação em relação ao nível de atividade, fixo ou variável. Lembretes: Lembrar que a diferença entre custos e despesas consiste na finalidade do gasto; Os gastos variáveis se alteram quando se varia a produção e venda, já os fixos não. Comissão de vendedores: Matéria-prima: O seu salário: Frete para entrega do produto final: Frete para entrega de matéria-prima: Aluguel da fábrica: Material do escritório: Custos (gastos relacionados com o processo produtivo ou prestação do serviço): matéria-prima, frete para entrega da matéria-prima e o aluguel da fábrica. Despesas (gastos que apoiam a geração de receita): comissão de vendedores, o seu salário, frete para entrega do produto final e material de escritório. Classificação de acordo com a variação do gasto em relação ao nível de atividade, fixo ou variável: Comissão de vendedores: despesa variável; Matéria-prima: custo variável; O seu salário: despesa fixa; Frete para entrega do produto final: despesa variável; Frete para entrega de matéria-prima: custo variável; Aluguel da fábrica: custo fixo; Material do escritório: despesa fixa. 18 SÍNTESE Como vimos, se uma empresa não controlar seus gastos não saberá qual é o seu resultado (lucro). Isso é um grande problema, pois em alguns casos o empresário nem sabe que está perdendo dinheiro a cada venda. E para controlar seus gastos, o primeiro passo é conhecê-los e identificá-los. Após a identificação, torna-se importante realizar a classificação dos gastos em custos, despesas, fixos ou variáveis. Ou seja, será necessário aplicar a contabilidade de custos, com seus planos de contas e sistemas de gestão para auxiliar os gestores de qualquer operação a conhecer seu negócio. Lembrando que uma parte dos custos de uma empresa é custo logístico, pois todas as empresas gastam com transportes e algumas com armazenagem, estoque e outros gastos logísticos. Por isso, uma boa gestão poderá reduzir custos, gerando o aumento dos resultados e contribuindo para a perenidade da organização. REFERÊNCIAS SCHIER, C. U. C. Gestão de custos. Curitiba: Intersaberes, 2013. GONÇALVES, P. S. Logística e cadeia de suprimentos - o essencial. Barueri: Editora Manole, s/d. JORGE, R. K. Gestão de custos, riscos e perdas. São Paulo: Pearson, 2016. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3 ed. São Paulo: Pearson, 2011. PEREZ JÚNIOR, J. H. Gestão estratégica de custos: textos e testes com as respostas. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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