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1 CÁLCULO VETORIAL INTRODUÇÃO A história da matemática raramente apresenta eventos altissonantes. As formulações inicialmente tênues e difusas percorrem um espinhoso trajeto até atingir a magnitude de seu desenvolvimento. O conceito de vetor surgiu na Mecânica com o engenheiro Simon Stevin - o "Arquimedes holandês". Em 1586 apresentou em sua Estática e Hidrostática, o problema da composição de forças e enunciou uma regra empírica para se achar a soma de 2 forças aplicadas num mesmo ponto. Tal regra, a conhecemos hoje, como regra do paralelogramo. Os vetores aparecem considerados como "linhas dirigidas" na obra Ensaio Sobre a Representação da Direção publicada em1797 por Gaspar Wessel, matemático dinamarquês. A sistematização da teoria vetorial ocorreu no século XIX com os trabalhos do irlandês William Hamilton (notavelmente precoce: aos 5 anos lia grego, latim e hebraico), do alemão Hermann Grassmann e do físico norte-americano Josiah Gibbs. 3.1 – REVISANDO RETA ORIENTADA - EIXO: Uma reta r é orientada quando fixamos nela um sentido de percurso, considerado positivo e indicado por uma seta. r Capítulo 33 2 SEGMENTO ORIENTADO: Um segmento orientado é determinado por um par ordenado de pontos, o primeiro chamado origem do segmento, o segundo chamado extremidade. A AB B AB x A BA B BA x SEGMENTOS OPOSTOS: Se AB é um segmento orientado, o segmento orientado BA é oposto de AB . A B AB A B BA DIREÇÃO E SENTIDO: Dados dois segmentos orientados AB e CD , como os mostrados abaixo, dizemos que eles têm a mesma direção quando os segmentos AB e CD são paralelos ou coincidentes. A B AB D C CD Com relação ao seu sentido, dizemos que dois segmentos possuem o mesmo sentido quando, além de terem a mesma direção possuem a mesma orientação. Quando a orientação é oposta, dizemos que os segmentos são opostos. 3 SEGMENTO EQUIPOLANTES: Dizemos que dois segmentos orientados AB e CD são equipolentes quando eles possuem o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido. A B AB C D CD 3.2 – VETORES Existem grandezas físicas que ficam completamente especifcadas por um único número (e a unidade correspondente) chamadas escalares. Exemplos familiares de escalares são densidade, volume e temperatura. Matematicamente, escalares são tratados como números reais comuns. Eles obedecem a todas as regras algébricas regulares de adição, subtração, multiplicação, divisão e assim por diante. No entanto, outras precisam mais do que isso. Tais grandezas necessitam uma direção, um sentido e uma intensidade (módulo). Estas grandezas são chamadas vetores. Assim, usamos vetores quando queremos trabalhar com grandezas que possuem módulo e orientação, como: força, velocidade e deslocamento. Também podemos associar ao conceito de vetor as soluções de sistemas lineares ou de equações diferenciais, por exemplo. VETOR: Considere o segmento orientado AB na figura abaixo. B A Observe que o segmento orientado AB é caracterizado por três aspectos bastante definidos: • comprimento (denominado módulo ou norma) • direção ( AB ) • sentido (de A para B ) v 4 Assim, chama-se vetor ao conjunto infinito de todos os segmentos orientados equipolentes a AB , ou seja, o conjunto infinito de todos os segmentos orientados que possuem o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido de AB . ETIMOLOGIA: Provém do verbo latino vehere: transportar, levar. Vetor é o particípio passado de vehere, significando transportado, levado. Apesar de primitiva e até bizarra, a palavra vetor é pertinente: o ponto A é "transportado" até B . VETORES NO PLANO: Desenhando um vetor no plano cartesiano, ele deve apresentar uma origem e uma extremidade. Dados dois pontos P e Q quaisquer no plano, podemos considerar o segmento de reta orientado PQ , com ponto inicial P e final Q . x Note que, embora como conjunto de pontos os segmentos PQ e PQ sejam iguais, como segmentos orientados eles são distintos. Dizemos que eles são segmentos opostos. Dois segmentos orientados são equivalentes se tiverem mesmos comprimento, direção e sentido. Por exemplo, na figura a seguir: x os únicos segmentos com orientação equivalentes são PQ e RS . y Q P o y S Q N V R M P U o 5 y Q P A PQ o x Para qualquer segmento orientado no plano existe outro equivalente a este cujo ponto inicial é a origem. é equivalente a OA Os segmentos orientados cuja origem é o ponto (0, 0) são chamados de vetores no plano, e são muito mais fáceis de trabalhar. Vamos passar a considerar agora, somente os segmentos orientados com ponto inicial na origem. Para representá-lo, basta indicar o par ordenado que corresponda à sua extremidade. Assim, para cada ponto do plano P (a, b), está associado um único vetor v = OP . Para representar um vetor v = OP com ponto inicial na origem, usa-se a notação de coordenadas v = (a, b), mas também existe a notação de matriz coluna a b e matriz linha v = a b. OBS.: a definição serve para vetores no espaço, caso em que a origem dos vetores é o ponto (0, 0, 0), e assim por diante. Exemplo: v = (1, 4, 5) y x Com essas notações, a soma de vetores e a multiplicação do vetor por um escalar são operações que ficam bem mais simples. z 4 P v 5 1 v = 6 PRATICANDO: 1. Traçar 4 vetores equivalentes a v = (2, 2). MODULO DE UM VETOR: O módulo ou norma (comprimento) do vetor não negativo, definido por: v = v = (a, b) é um número real Ex.: Considere o vetor v = v = (1, = 3), calcule seu módulo: = PRATICANDO: 2. Determine o módulo do vetor: a) v = (4, 2) b) v = (5, 3) c) v = (3, 4) d) v = AB , tal que A = (1, 4) B = (3, − 2) e) v = CD , tal que C = (− 6, 5) B = (2, −1) f) v = (1, 5, 2) g) v = (4, − 5, 3) Respostas............................................................................................................................................. 2. a) 2 5 b) 34 c) 5 d) 2 10 e) 10 f) 30 g) 5 2 VETORES IGUAIS: Dois vetores AB e CD são iguais se e somente se, tiverem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento (equipolentes). Vetor Origem Extremidade v (0, 0) (2, 2) t r s u a2 + b2 a2 + b2 12 + 32 10 7 u1 u2 VETOR NULO: O vetor nulo ou vetor zero é o vetor representado por um segmento nulo. Indica-se o vetor nulo por 0 , ou (0, 0). VETORES OPOSTOS: ou por Dado um vetor − v . v = AB , o vetor BA é oposto a AB e se indica por − AB VETOR UNITÁRIO: Um vetor v é unitário se v = 1. Então: v = 1 VERSOR: O versor de um vetor v não nulo é o vetor unitário que tem a mesma direção e o mesmo sentido de v . v Os vetores u1 e u2 da figura são vetores unitários, pois ambos têm módulo 1. No entanto, apenas u1 este é o versor de v . tem a mesma direção e o mesmo sentido de v . Portanto, v − v v 1 8 u v w u v w VETORES COLINEARES: Dois vetores u e v são colineares se tiverem a mesma direção. Em outras palavras u e v são colineares se pertencerem a uma mesma reta ou a retas paralelas. A B C D A B u v u C D v VETORES COPLANARES: Os vetores u , v e w são coplanares se tiverem imagens geométricas paralelas ao mesmo plano. Cumpre enfatizar: dois vetores são sempre coplanares, enquanto que três vetores podem ou não ser coplanares. u , v e w são coplanares. u , v e w não são coplanares. 3.3 –OPERAÇÕES COM VETORES MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR ESCALAR: Multiplicar um vetor v 0 por um número k 0 é considerar um novo vetor w = kv , que possui a mesma orientação de v e tem como comprimento k vezes o comprimento de v . Se k v . k 0 o vetor w = kv é igual ao oposto do vetor 9 • k 0 Os vetores v e 1 v 2 kv são equiversos. v (dado) 3v • k 0 Os vetores v e kv são contraversos. v (dado) − 2v Observe que a multiplicação de um número por um vetor corresponde à multiplicação da matriz-linha (ou coluna) por esse número. Assim, se temos: v = (a, b), w = kv = k(a, b) = (ka, kb) Ex.: Se v = (1, 2), calcule w = 3v e u = −v : w = 3v = 3(1, 2) = (3, 6) u = −v = −(1, 2) = (−1, − 2) PRATICANDO: 3. Dado os vetores u = (6, 2) e v = (3, − 4), encontre o vetor w , tal que: a) s = 3u b) s = −5v c) s = 1 u 2 y 6 w = 3v 2 -1 u = −v v 1 3 x -1 10 F2 F1 3 d) s = −2u e) s = − 2 v 3 f) s = −v Respostas............................................................................................................................................. 3. a) (18, 6) b) (−15, 20) c) (3, 1) d) (−12, − 4) e) − 2, 8 f) (− 3, 4) ADIÇÃO DE VETORES: Consideremos dois vetores u e v e um ponto qualquer A . Quando se toma o ponto A , e a ele se soma o vetor u obtemos um segundo ponto, que aqui vamos chamar de B . Quando se soma ao ponto B o vetor v , encontramos um terceiro ponto, que chamaremos de C . Podemos dizer que existe um terceiro vetor w que ao ser somado ao ponto A encontramos o ponto C . Podemos dizer, então que o vetor w é soma do vetor u com o vetor v . B Podemos escrever então que: w = u + v C Supondo, agora, que temos duas forças F1 e F2 atuando no mesmo objeto. Podemos representar graficamente o resultado (soma) destas duas forças por uma única força R , usando a regra do paralelogramo: A força resultante é representada R pelo vetor diagonal do paralelogramo construído a partir dos vetores F1 e F2 . Denotada por R a força resultante da soma de F1 com F2 , temos: R = F1 + F2 A u w v 11 y R b + d d F2 b F1 O c a a + c A u v k y y Se F1 = (a, b) e F2 = (c, d ) as coordenadas da força resultante são: R = (a + c, b + d ) OBS.: A diferença entre dois vetores u e v , pode ser entendida como a soma do primeiro com o oposto do segundo vetor. u − v = v + (− w) Quando se toma o ponto A e a ele se soma o vetor u , obtemos o ponto B . Quando se soma ao ponto A o vetor v , encontramos um terceiro ponto, que chamaremos de D . Observa-se, que existe um vetor k que somado ao vetor v fornece um vetor u . B Podemos, então, escrever: D v + k = u → k = u − v Assim, podemos dizer que o vetor k é a diferença entre o vetor u e o vetor v . Ex. 1: Dados os vetores u e v , conforme a figura, determine o vetor y tal que: v u a) y = u + v b) y = u − v 12 Ex. 2: Sendo v = (1, 2) e w = (3, 5), calcule v + w : v + w = (1, 2)+ (3, 5) v + w = (1+ 3, 2 + 5) v + w = (4, 7) PRATICANDO: 4. Dados os vetores u , v e w , conforme a figura, determine o vetor k tal que: a) k = u + v b) k = u + w c) k = w + v d) k = u − v e) k = v − u f) k = w − u g) k = v − w 5. Dados os vetores u , v , w e z , conforme a figura, determine o vetor k tal que: a) k = 3u + w b) k = u + 2v c) k = v + w + z d) k = u + w + v + z 6. Dado os vetores u = (1, − 4) e v = (2, 0), encontre o vetor w , tal que: a) s = u + v b) s = v + u c) s = 1 v + 2u 2 d) s = u − v e) s = −3v + 2u Respostas............................................................................................................................................. 6. a) (3, − 4) b) (3, − 4) c) (3, − 8) d) (−1, − 4) e) (− 4, − 8) u v w u v w z 13 3.4 – PROPRIEDADES DOS VETORES PROPRIEDADES DA ADIÇÃO: • Comutativa: u + v = v + u • Associativa: (u + v )+ w = u + (v + w ) • Existência do elemento neutro: u + 0 = u • Qualquer que seja o vetor v , existe um só vetor − v tal que: v + (− v ) = 0 . PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR: • Associativa: (v ) = ( )v • Distributiva em relação à adição de escalares: ( + )v = v + v • Distributiva em relação à adição de vetores: a(u + v)= au + av • Identidade: Iv = v INTRODUÇÃO 3.1 – REVISANDO RETA ORIENTADA - EIXO: SEGMENTO ORIENTADO: A AB B SEGMENTOS OPOSTOS: A B DIREÇÃO E SENTIDO: A B SEGMENTO EQUIPOLANTES: A B 3.2 – VETORES VETOR: ETIMOLOGIA: VETORES NO PLANO: x x y MODULO DE UM VETOR: VETORES IGUAIS: VETOR NULO: VETORES OPOSTOS: AB AB VETOR UNITÁRIO: VERSOR: v VETORES COLINEARES: u v u v VETORES COPLANARES: 3.3 – OPERAÇÕES COM VETORES MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR ESCALAR: u v 1, ADIÇÃO DE VETORES: D v v w 1 3, 2 5 3.4 – PROPRIEDADES DOS VETORES PROPRIEDADES DA ADIÇÃO: PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR:
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