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Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOVERNO DO BRASIL 
 
Presidente da República 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
 
Ministro da Educação 
FERNANDO HADADD 
 
Secretário de Educação a Distância 
CARLOS EDUARDO BIELSCHOWSKY 
 
Reitor do IFRN 
BELCHIOR DA SILVA ROCHA 
 
Coordenador da DETED 
ERIVALDO CABRAL 
 
Coordenadora da UAB 
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE 
 
Coordenadora Adjunta da UAB 
ILANE CAVALCANTE 
 
Coordenadora do Curso de Tecnologia 
em Gestão Ambiental 
NARLA SATHLER MUSSE 
 
 
 
 
 
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
– AULA 15 
 
Professor Pesquisador/Conteudista 
ROBERTO PEREIRA 
 
Coordenação da Produção de Material 
Didático 
ARTEMILSON LIMA 
 
Design Instrucional 
ILANE CAVALCANTE 
 
Coordenação de Tecnologia 
ELIZAMA LEMOS 
 
Revisão Linguística 
KLÉBIA DE SOUZA 
ELIZETH HERLEIN 
 
Formatação Gráfica 
CLEYTON MENEZES 
EDICLEIDE PINHEIRO 
EDIEL TEIXEIRA 
LUCIANA DANTAS 
MARCELO POLICARPO 
RAFAEL ARNAUD 
 
Ilustrador 
CLEYTON MENEZES 
EDICLEIDE PINHEIRO 
EDIEL TEIXEIRA 
LUCIANA DANTAS 
MARCELO POLICARPO 
RAFAEL ARNAUD 
 
 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
2 
 
Aula 15 
 
 
Conteúdo: O VALOR ECONÔMICO DA ÁGUA 
 
 
APRESENTANDO A AULA 
 
Poderíamos iniciar esta aula perguntando o que 
acontece com o valor de um produto agrícola na safra e na 
entressafra. Certamente diríamos que na safra ele diminui de 
preço e na outra situação aumenta seu preço, obedecendo a 
lei da oferta e da procura, ou seja, a lei de mercado. 
Acrescentaríamos mais ainda que se ele passasse a existir 
em abundância ele perderia o seu valor, não é mesmo? 
Pois bem, analisando a situação no Brasil, até pouco 
tempo, o tratamento dispensado ao tema da água colocava 
esse recurso natural como um elemento quase que 
incondicionalmente abundante sem uma preocupação maior 
com sua possível exaustão. Então, perguntamos: se 
considerarmos a água como um recurso escasso, conforme a 
aula 01, como os economistas passariam a analisar esse 
recurso natural? É o que vamos ver nesta aula. 
 
 
DEFININDO OBJETIVOS 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
- diferenciar bem livre de bem econômico; 
- compreender as dificuldades de valorar a água e as 
consequências da indefinição do direito de propriedade; 
- compreender que o ingrediente econômico é uma forma 
eficiente de mudar o comportamento dos usuários de água. 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
3 
 
A ÁGUA COMO UM BEM LIVRE 
 
Até bem pouco tempo, a água de mananciais, por ser 
um recurso natural constantemente renovável e estocável, era 
considerada como “bem livre”, cuja definição foi apresentada 
na aula 12 (CANO, 2007). Assim sendo, um bem livre é 
oferecido abundantemente pela natureza de forma qualitativa 
e quantitativa e, portanto, sem valor econômico. Nesse 
sentido, o uso da água guardava 
associação apenas com os custos 
privados decorrentes da sua 
captação. 
Segundo Carrera – 
Fernandez e Garrido (2002), os 
próprios manuais de economia, ao 
exemplificar bens livres, citavam o 
ar que as pessoas respiram e a 
água de mananciais, como bens 
sem valor econômico. Entre os 
argumentos utilizados para 
classificar a água como bem livre, 
esses manuais citavam a abundância de chuvas e a sua 
constante renovação na natureza, além da existência de rios 
caudalosos e perenes, de grandes lagos naturais e artificiais, 
bem como a disponibilidade de imensas quantidades de água 
no subsolo. 
Entretanto, muitas regiões do mundo já sofrem sérios 
problemas de escassez e no Brasil isso ocorre principalmente 
nos grandes centros urbanos e nas regiões do semiárido 
nordestino, conhecido como polígono das secas, com chuvas 
menores que 800 mm. Além disso, o homem ainda não dispõe 
de tecnologias para alterar significativamente o regime das 
águas meteóricas (chuvas). (BARTH, 1987). 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
4 
 
Portanto, apesar de sua constante renovação na 
natureza e da possibilidade de estocagem em grandes 
quantidades, a água é de fato um recurso natural escasso. A 
menos que sejam realizados progressos notáveis no campo 
da pesquisa e da sua aplicação econômica aos processos de 
reciclagem e tratamento das águas residuárias impróprias 
para o abastecimento humano e animal e para a irrigação de 
culturas. A água tende a se tornar 
a cada dia um recurso natural 
cada vez mais valioso. 
De qualquer forma, muitas 
tecnologias existem que podem 
contribuir tanto para reduzir o 
consumo, como para aumentar a 
oferta (ROGERS, 2008). No 
primeiro caso, destacam-se 
técnicas eficientes de irrigação, 
os sanitários ecológicos, entre 
outros. Na segunda situação, 
poderia se aproveitar a grande oferta de água salgada (cerca 
de 97%) através da utilização de instrumentos de 
dessalinização, utilização de recargas artificiais para aumentar 
as reservas subterrâneas e, além disso, reparação e 
modernização da infraestrutura hídrica. 
Diante desse quadro, felizmente já existe um consenso 
entre os economistas e a sociedade no sentido de considerar 
a água não mais como um bem livre, mas sim como um “bem 
econômico”, ou seja, com valor econômico em função da sua 
escassez. Desse modo, em função de se lidar com uma coisa 
escassa, a tomada de decisão em relação ao uso da água 
passou a ser regida pelas leis da ciência da economia, que 
procura estabelecer critérios de repartição, com base em 
normas, leis e princípios próprios, de modo que possa 
compatibilizar as disponibilidades com as demandas. 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
5 
 
 
 
A ÁGUA COMO UM BEM ECONÔMICO 
 
O entendimento de que a água é um recurso natural 
limitado, dotado de valor econômico já é universalmente 
aceito, e foi explicitado na Declaração de Dublin, Irlanda, de 
janeiro de 1992, que tratou de questões atinentes aos 
recursos hídricos (BRASIL, 2002,). (Ver aula 03). 
A própria Lei 9.433/97 afirma no artigo 1°, 
do capítulo 1, inciso II, onde estão dispostos os 
fundamentos em que se baseia a Política 
Nacional de Recursos Hídricos, que: “a água é 
um recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico”. 
Ainda em seu art. 19, afirma que a 
cobrança pelo uso de recursos hídricos 
objetiva: a) reconhecer a água como bem 
econômico e dar ao usuário uma indicação de 
seu real valor. 
Portanto, trata-se da consagração, na 
lei, do entendimento de que os recursos hídricos 
são esgotáveis e vulneráveis, assim como da compreensão 
da água como um bem econômico (SANTILLI, 2009). 
Então, cobrar pelo uso da água é apenas uma 
extensão do conceito do valor econômico já reconhecido em 
relação a outros bens, como os recursos minerais, o alimento, 
o solo e outros mais, pois todos esses bens são insumos 
básicos para as atividades humanas e estão sujeitos ao 
fenômeno da escassez. 
O princípio do uso múltiplo (Aula 14) é também um 
exemplo de como a água é, de fato, um bem econômico, pois 
estabelece da mesma forma uma saudável competição entre 
os distintos tipos de usuários dos recursos hídricos. 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
6 
 
Por fim, sempre que as demandas por água 
aumentarem relativamente a sua disponibilidade, gerando 
balanços hídricos desconfortáveis ou críticos, surgirão 
conflitos entre usuários pelo seu uso. Ela passa a ser 
escassa, necessitando, portanto, ser tratada como bem 
econômico, dotado de valor.Valor de uso e valor de troca 
Então, se a água é um bem econômico, isso significa que 
todo bem econômico tem um valor de uso e um valor de troca, 
além de que poderá pertencer a proprietários e/ou titulares 
que disporão de seu uso. Em nosso 
caso, o titular é o Poder Público (Aula 
12). 
Sobre essas características, 
Carrera – Fernandez e Garrido 
(2002) comentam que o valor de 
uso é variável, pois depende da 
utilidade daquele bem ou da 
satisfação das necessidades 
que os diversos usuários lhe 
atribuem. Já o valor de troca 
depende das condições de 
oferta e demanda, o qual é 
regulado por preços, que na economia moderna são 
expressos em termos monetários. O valor de troca de um bem 
está relacionado com seu poder de compra de outros bens. 
Para melhor compreender esse conceito, esses 
autores fazem uma comparação entre a água e o diamante. 
Observemos então que os bens que têm o maior valor de uso, 
em geral são aqueles que têm o menor valor de troca. A água, 
por exemplo, tem um grande valor de uso, só comparado ao 
ar puro, mas você raramente poderá comprar alguma coisa 
em troca. Por outro lado, o diamante tem um valor de uso 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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muito pequeno, mas comanda um valor de 
troca muito grande. Se a água fosse 
bastante escassa, um copo cheio dela 
poderia ser trocado por diamantes. 
Portanto, a discussão 
em torno da escassez é a 
chave da contradição do 
valor de troca da água e do 
diamante. Isso quer dizer que, embora o 
valor de uso seja uma pré-condição do valor de um bem, é a 
escassez que comanda o seu valor de troca. 
 
 
VALOR E PREÇO DA ÁGUA 
 
 A doutrina econômica neoclássica defende, em 
resumo, que o valor de troca de um bem, o qual se materializa 
em um preço, é resultado do livre jogo entre a oferta e a 
demanda, emanado do mercado. Assim, quanto mais escassa 
for a água e quanto maior a valoração subjetiva para os vários 
usuários (Valor de uso), maior será o seu preço e vice-versa. 
Tomando-se, então, por base essa doutrina, a qual 
privilegia o princípio da opção preferencial pela consideração 
de um preço de mercado, pode-se estimar o valor da água em 
qualquer uso. Assim, segundo Carrera – Fernandez e Garrido 
(2002), o valor da água em cada modalidade de uso pode ser 
quantificado através do ajustamento de uma curva de 
demanda para cada uso, a qual relaciona uma certa 
quantidade de água ao valor econômico que lhe é atribuído 
nesse uso. 
É claro que esse valor depende de uma série de 
parâmetros, tais como renda dos usuários, possibilidades de 
substituição da água e capacidade tecnológica existente, 
entre outros. Isto é, se ela é utilizada diretamente como bem 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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de consumo (e serviço) final ou como bem de consumo (e 
serviço) intermediário, sendo este último também chamado de 
matérias-primas (insumos) e serviços insumidos. É o que 
vamos explicar a seguir de acordo com a água no processo 
de formação de bens capital (Figura 01). 
 Pois bem, os recursos naturais disponíveis, na forma 
de terra, água, minérios, clima etc., somados ao trabalho da 
população, representado pelo esforço humano na organização 
e execução do processo produtivo, geram, segundo seu 
destino ou finalidade, bens (e serviços) de consumo e bens de 
capital (CANO, 2007). 
 
Figura 01 – Processo de formação de capital 
Fonte: Lana (1993). 
 
 
Como foi dito anteriormente, os bens (e serviços) de 
consumo podem ser classificados em final ou intermediário. 
No primeiro caso, como o próprio nome indica, a produção 
dos mesmos visa satisfazer, diretamente, necessidades do 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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homem, como alimentos, roupas, medicamentos, bebidas, 
turismo, educação, segurança pública etc. No segundo grupo, 
trata-se como bens e serviços que ainda não atingiram uma 
característica de utilização final, mas cujo consumo faz parte 
do processo produtivo, quando sofrerá certas alterações e 
resultará no aumento da disponibilidade de bens e serviços de 
consumo final ou de capital para a sociedade. 
Os bens de capital, que também são produtos finais, 
são aqueles que, produzidos em determinado momento, 
deverão ser utilizados em fase posterior para produção futura 
de mais bens de consumo ou outros bens de capital. Nesse 
sentido, o bem de capital tem a finalidade de diminuir o 
esforço e aumentar a eficiência do homem no processo 
produtivo. 
De alguma forma, representam a acumulação de 
trabalho humano passado. São exemplos de bem de capital: 
máquinas; veículos; equipamentos em geral; instalações 
industriais, agrícolas e comerciais; estradas; ferrovias; 
aeroportos; portos; canais; edifícios públicos; moradias; 
escolas; hospitais; barragens etc. 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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Observe que certos bens, dependendo da utilidade 
imediata, podem ter mais de uma dessas características 
discutidas. A água, por exemplo, pode ser classificada tanto 
como um recurso natural para a integração do processo de 
formação de capital e, conforme o uso que lhe é destinado, 
como bem de consumo intermediário ou final, por exemplo, 
quando usada para irrigação ou usos domésticos, 
respectivamente. 
 Voltando, então, à questão da definição do valor da 
água. Nesse caso específico, a definição de seu valor não é 
trivial, não tanto por se tratar de um recurso natural escasso, 
mas porque, conforme Carrera – Fernandez e Garrido (2002): 
- Inexiste o seu mercado, onde se possa transacionar 
o direito de propriedade da água ou mesmo o 
certificado do seu direito de uso (Ver aula 12); 
- o conceito de que „a água é grátis‟ está 
profundamente enraizado na cultura de alguns países. 
Não se costuma imaginar, quando se abre a torneira 
de casa e dela verte água, o trabalho e o custo 
agregados em seu armazenamento, captação, 
tratamento e distribuição; 
- é utilizada por uma gama de diferentes usos, com 
diferentes custos de oportunidade (valor da água em 
um uso alternativo) e variadas e subjetivas formas de 
valorização, o que significa que ela tem diferentes 
valores de uso e, portanto, admite diferentes valores 
de troca ou preços; 
- a água sendo um bem público, os direitos de uso não 
estão claramente definidos. Isso quer dizer que 
quando o uso de um bem é compartilhado (ou seja, 
não exclusivo) e se enquadra no grupo de bens 
públicos, os seus usuários, quando questionados 
sobre o seu valor, não revelam completamente suas 
preferências e tendem a subestimar esse valor. Nesse 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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caso especifico, não é possível apropriar o valor de 
uso de qualquer um desses usuários da água. Esse 
problema não aconteceria se os usos da água fossem 
concorrentes (ou seja, exclusivos) e se enquadrassem 
no grupo de bens privados, pois estariam submetidos à 
lei de mercado. É por isso que na sua grande maioria 
os bens públicos são ofertados pelo Estado, 
financiados através de impostos ou outras formas de 
obrigação, tendo em vista que os usuários potenciais 
não estariam dispostos a cobrir seus custos de forma 
voluntária. 
Assim, no próximo tópico trataremos das 
consequências da indefinição do direito de propriedade da 
água, pois sendo ela pública é como se fosse de ninguém, e 
todos tendem a fugir da responsabilidade do seu uso racional. 
 
 
 
 
ATIVIDADE 01 
Com base no que você estudou até agora sobre o valor 
econômico da água, responda: 
01. Por que a ciência econômica consideravaa água como 
um bem livre? Explique. 
02. O que significa considerar a água como um bem 
econômico? 
03. Por que o princípio do uso múltiplo é um exemplo de que a 
água é um bem econômico? 
04. Em qual circunstância o valor de troca da água poderia ser 
igualado ao valor de troca do diamante? 
 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
12 
 
A INDEFINIÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE E O 
CUSTO SOCIAL 
 
A indefinição do direito de propriedade faz com que os 
usuários subestimem o valor da água. Em consequência, todo 
bem subestimado tende a ser super utilizado. Isso significa 
que, ao decidir quanto consumir, cada usuário dos recursos 
hídricos não toma em consideração o efeito que suas 
decisões de consumo provoca sobre os demais usuários do 
sistema. Isto é, o usuário dos recursos hídricos estabelece um 
padrão de consumo ineficiente, visto que a sua decisão de 
consumir afeta o nível de utilização dos demais usuários do 
sistema hídrico. 
Nesse sentido, cada usuário causa um efeito externo 
(negativo) aos demais usuários do sistema, quando não leva 
em conta as suas decisões individuais de consumo, sendo 
chamado de externalidade negativa, custo (marginal) social ou 
externalidade tecnológica (LANA, 1993; CARRERA – 
FERNANDEZ; GARRIDO, 2002). 
Esse efeito fica bem evidente quando a água, ao ser 
cotada a preço zero em uma bacia hidrográfica, induz 
qualquer usuário a não levar em consideração o custo social 
que a sua decisão particular de consumir um metro cúbico a 
mais de água causa aos outros usuários do sistema hídrico. 
 
 
Custo marginal privado e custo marginal 
social 
Para que o usuário possa 
compreender e internalizar melhor o efeito 
desse consumo ineficiente, anteriormente 
citado, é necessário diferenciar os conceitos 
de custo marginal privado e custo marginal 
social, conforme o gráfico 01. Em seu eixo 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
13 
 
horizontal, mede-se o volume de água (xj) consumido no uso 
(j), e sobre o eixo vertical, o seu preço(p)j, ou seja, o seu 
benefício marginal. 
O custo marginal privado (CMgp) de captação de 
água é o custo de oportunidade da água nesse uso, avaliado 
em termos de mão de obra, equipamentos e outros insumos 
necessários a sua captação, tratamento e distribuição. 
 No entanto, não se pode deixar de considerar o fato de 
que cada metro cúbico adicional de água captado causa um 
custo adicional à sociedade, uma vez que outros usuários 
dispõem agora de um metro cúbico a menos de água para 
outros usos. Desse modo, o custo marginal social (CMgs) 
inclui, além do custo de oportunidade privado de captar um 
metro cúbico de água, esse custo implícito adicional imposto à 
sociedade. 
 Considere ainda, no gráfico 01, a curva de demanda 
ou função de demanda por água no uso j como pj(xj), a qual 
especifica o benefício marginal para cada nível de utilização 
desse recurso. 
 A condição necessária para uma alocação ótima da 
água no consumo é que cada usuário fundamente sua 
decisão de consumo igualando o benefício marginal (preço) 
ao custo marginal social (ponto B na função de demanda do 
gráfico 01). Portanto, nesse ponto B estará sendo incluso o 
custo adicional imposto à sociedade pela privação dessa 
quantidade de água. Isso não se verifica com o consumo xpj, 
correspondendo ao ponto A da função de demanda. 
Então, como mudar o comportamento dos usuários e 
reduzir o nível de consumo de forma mais racional? 
Encontraremos essa resposta, a seguir, na mudança de 
comportamento. 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
14 
 
 
Gráfico 01– Relação entre o custo marginal privado (CMg
p
), custo marginal 
social (CMg
s
) e a função de demanda (pj(xj)) em um determinado uso 
(CARRERA – FERNANDEZ; GARRIDO, 2002). 
 
Este gráfico mostra que uma tomada de consciência 
faria com que o usuário de água reduzisse o seu desperdiço 
para uma situação ideal (ponto B), quando então o preço a ser 
cobrado incluiria o custo marginal social. 
 
 
Mudança de comportamento 
Para conscientizar os usuários da necessidade de um 
uso mais racional da água e evitar futuros problemas de 
escassez, costuma-se tomar medidas no campo das políticas 
públicas que possam afetar o comportamento do cidadão e, 
quando acertadamente tomadas, essas medidas são capazes 
de multiplicar os resultados esperados. 
Essas medidas geralmente estão associadas à 
elaboração de um conjunto de normas, regulamentos, leis, 
decretos e portarias, campanhas educativas para mostrar o 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
15 
 
que vem a ser, entre outras coisas, social e economicamente 
correto. Entretanto, Carrera – Fernandez e Garrido (2002) 
destacam que esses instrumentos, embora tradicionalmente 
utilizados, não se têm mostrado tão eficazes sobre o 
comportamento do usuário, isso porque não são capazes de 
chamar a atenção do usuário da água para o senso de 
responsabilidade social. 
Por isso, é justamente nesse ponto que deve entrar o 
ingrediente econômico, com a arrecadação, pelo Poder 
Público, de imposto, taxas, cobranças pelo uso da água, 
justamente considerando a diferença entre o custo marginal 
privado e o custo marginal social, pois isso poderia conter o 
desperdício de água e o nível de consumo seria reduzido para 
xsj no gráfico 01. 
Dessa forma é que o órgão gestor de recursos hídricos 
pode e deve intervir como forma de fazer com que cada 
usuário internalize esse custo social nas suas decisões 
individuais de consumo final ou na sua produção. 
 
 
 
ATIVIDADE 02 
Com base no que você estudou sobre a indefinição do direito 
de propriedade da água, responda: 
01. Por que os usuários tendem a subestimar o valor da 
água? 
02. Qual a consequência de subestimar o valor da água? 
03. Qual o consumo ótimo que o usuário deveria ter em uma 
função de demanda? 
04. Que forças seriam capazes de promover mudanças 
importantes nos comportamentos do ser humano, induzindo-
os a uma utilização racional da água? 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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RESUMINDO 
Nesta aula, você aprendeu que devido aos problemas de 
escassez a água deixou de ser um bem livre e passou a ter 
um valor econômico, portanto regida pela ciência econômica. 
Aprendeu, ainda, que todo bem econômico tem um valor que 
é convertido em preço, mas que isso não é uma tarefa fácil 
por ser um bem público, não sujeito à lei de mercado e pelas 
diversas formas de uso, além de variadas e subjetivas formas 
de valorização. Por fim, aprendeu, também, que a indefinição 
do direito de propriedade da água, por ser um bem público, 
gera um padrão ineficiente de consumo, mas que 
mecanismos econômicos de cobrança são, provavelmente, 
capazes de reduzir esse custo imposto à sociedade. 
 
 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A leitura do texto “Mercado de Água (Envasada) no 
Brasil e no Mundo” permitirá que você compreenda que neste 
mercado não se negocia certificados de direito de uso da 
água e nem muito menos títulos de propriedade, mas o preço 
cobrado relacionado, exclusivamente, ao custo privado de 
captação. 
Disponível em: 
<http://http://www.bndes.gov.br/conhecimento/Bnset/set1107.
pdf>. Acesso em: 19 jun. 2009. 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 15 – O valor econômico da água 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
17 
 
 
AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS 
 
 
A bacia hidrográfica, além de constituir a unidade básica da 
hidrologia (Aula 08), unidade físico-territorial de gestão (Aula 
13),poderia vir a configurar-se também como mercado das 
águas, propiciando aos seus múltiplos usuários interagirem 
através da negociação de, pelo menos, certificados de direito 
de uso da água? Explique como se daria esse processo. 
 
 
 
 CONHECENDO AS REFERÊNCIAS 
 
 
BARTH, F. T. et al.. Modelos para gerenciamento de 
recursos hídricos. São Paulo: Nobel: ABRH, 1987. 
 
 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos 
e da Amazônia Legal. Agência Nacional de Águas - ANA. 
Evolução da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil. 
Brasília: ANA, 2002. Também Disponível em: <http:// 
www.ana.gov.br>. Acesso em: 19 jun. 2009. 
 
 
CANO, Wilson. Introdução à economia. 2. ed. Cidade: São 
Paulo. Editora UNESP, , 2007, 296 p. 
 
 
CARRERA-FERNADEZ, J. & GARRIDO, R. J. . Economia 
dos Recursos Hídricos. Salvador: Edufba, 2002. 
 
 
LANA, Antonio Eduardo. Gestão dos recursos hídricos. In 
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ILUSTRAÇÕES POR PÁGINA 
 
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Página 04: 
http://roquegameiro.com.sapo.pt/TP%200%200%20Alfredo/Or
la%20Maritima/TP00%20Chuva%20no%20mar%20c.jpg 
 
Página 05: 
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Página 06: 
http://www.franciscanos.org.br/ecologia/luaeestrelas/noticias2
007/imagens/agua_g1401.jpg 
 
Página 07: 
http://inusitatus.blogtv.com.pt/img/Image/Inusitatus/2007/Agost
o/diamantes_personalizados.gif 
 
 
 
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Página 09: 
http://www.amparo.sp.gov.br/noticias/agencia/2008/04_abril/i
magens/180408_irrigacao.jpg 
 
Página 12: 
http://maeterra.info/images/consumo-de-agua-carne-de-
bovino.jpg

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