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DISCIPLINA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS AULA 01 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS AUTOR ROBERTO PEREIRA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS AULA 01 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS AUTOR ROBERTO PEREIRA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL GOVERNO DO BRASIL Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF Ministro da Educação JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES Diretor de Educação a Distância da CAPES JOÃO CARLOS TEATINI Reitor do IFRN BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação JOSÉ YVAN PEREIRA LEITE Coordenador da Editora do IFRN PAULO PEREIRA DA SILVA Diretor do Campus EaD/IFRN ERIVALDO CABRAL Diretora Acadêmica do Campus EaD/IFRN ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora Geral da UAB /IFRN ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenadora Adjunta da UAB/IFRN MARLI TACCONI Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS – AULA 01 A necessidade da gestão dos recursos hídricos Professora Pesquisadora/Conteudista ROBERTO PEREIRA Direcão da Produção de Material Didático (em substituição eventual) LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Coordenação de Produção de Mídia Impressa (em substituição eventual) WAGNER RAMOS CAMPOS Coordenação de Revisão WAGNER RAMOS CAMPOS Revisão ABNT FRANCISCO DE ASSIS NOBERTO Revisão Linguística KLÉBIA DE SOUZA ELIZETH HERLEIN Revisão Pedagógica ANDRESSA LENUSKA SOUSA DE MACEDO Projeto Gráfico BRENO XAVIER Diagramação YANN VALBER 5 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS APRESENTANDO A AULA Você já parou para pensar que a água está cada vez mais escassa em nosso planeta e mesmo ao nosso redor? Pois bem, tais questões serão discutidas nesta aula, tendo em vista que o gerenciamento desse bem se constitui em um desafio para a sociedade como um todo, já que o modelo anterior de se considerar a água como um recurso inesgotável não mais se sustenta. Assim, nesta aula você terá a oportunidade de compreender os diversos motivos que levam à escassez e, consequentemente, à necessidade de gestão dos recursos hídricos. DEFININDO OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: • entender a necessidade de ações governamentais de segurança e oferta da água para evitar a crise dos recursos hídricos; • compreender o reflexo da escassez da água no trato dos recursos hídricos pela sociedade; • analisar as consequências do aumento de demanda por água em relação ao declínio de sua qualidade. 6 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS NO MUNDO E OS PROBLEMAS DE ESCASSEZ Você sabe como é a distribuição dos recursos hídricos na hidrosfera, camada líquida da Terra? Pois é, hidrosfera compreende as águas dos oceanos e mares, dos rios, dos lagos e a água subterrânea (Tabela 01). A distribuição de água na Terra, dentro do ciclo hidrológico, revela que as águas salinas ocupam, aproximadamente, cerca de 97% do total, ficando 3% para as águas continentais (doces), sendo que desse percentual, 2% referem-se às geleiras e calotas polares, que são economicamente inviáveis para o consumo humano, já que são de difícil acesso. Como você já percebeu, somente uma pequena parcela aproximada de 1,0% encontra-se disponível para o homem como água doce, sendo que mais de 98% da água doce disponível é água subterrânea, o que excede, em muito, as águas superficiais. Tabela 01 - Distribuição das águas no mundo Distribuição (%) Oceanos e mares 97,07526 Águas não-oceânicas (2,92474 %) Geleiras (1,91523) Águas subterrâneas (0,98828) Lagos (0,01646) Umidade do solo (0,00366) Atmosfera (0,00095) Rios (0,00009) Organismos (0,00007) Total 100% Fonte: (VON SPERLING, 2006) 7 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Bem, será que essa quantidade, aparentemente pequena, dá para atender à demanda dos habitantes da Terra? Se sua resposta foi sim, acertou. Mesmo considerando que especialistas estimam que, em média, cada pessoa necessita, no mínimo, mil m3 – 1 milhão de litros – de água por ano, ou seja, o equivalente a dois quintos do volume de uma piscina olímpica – para beber, higiene e cultivo de alimento para sustento. Entretanto, a escassez de água está se tornando cada vez mais comum. Isso pode ser verificado tendo em vista que o processo histórico de desenvolvimento econômico pela expansão urbana, industrialização e crescimento das atividades agrícolas certamente desconsiderou a água como elemento finito e essencial à sobrevivência da humanidade e à manutenção dos sistemas ecológicos. Consequentemente, os mananciais de águas encontram-se cada vez mais comprometidos pelo seu uso irracional em virtude de diversas atividades impactantes. Para se ter uma ideia, o Informe das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos (2003) estima que, atualmente, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões ao saneamento básico. Isso significa que, hoje, uma entre seis pessoas, mais de um bilhão de pessoas na Terra, se ressente de acesso inadequado à água potável. Do total de água doce disponível, 54% já estão sendo utilizados e, em 2025, esse índice poderá alcançar 70%. Além disso, um terço da população mundial vive em regiões de moderado a alto estresse hídrico, ou seja, com um nível de consumo superior a 20% da sua disponibilidade de água. Então, se mantivermos os atuais padrões de consumo, as previsões indicam que, em meados do século, cerca de sete bilhões de pessoas, em sessenta países, serão afetadas pela crise de água (SZTIBE; SENA, 2004). 8 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Diante desse quadro, muitos cientistas e organizações fazem previsões nada otimistas de que os próximos conflitos políticos, econômicos e ambientais ocorrerão por conta da escassez da água. Outros chegam a apontar a água como a moeda mais forte do século XXI, sendo um capital ecológico, ou seja, com valor econômico e ambiental. Assim, você estudará, agora, os principais fatores determinantes da crise de escassez de água que a humanidade terá de enfrentar no decorrer do século XXI, os quais estão parcialmente citados em (ROGERS, 2008). Perda da qualidade: boa parte das fontes já se encontra comprometida pelos problemas de poluição e doenças de veiculação hídrica causados por dejetos, despejos de poluentes industriais, escoamentos de fertilizantes, defensivos agrícolas, avanços da cunha salina à medida que ocorre uma superexplotação das águas subterrâneas na zona costeira e, dentre outros aspectos, a degradação dos ecossistemas que sustentam a sua qualidade, seja pelos motivos supracitados ou pela diminuição da quantidade de água necessária à sua sobrevivência. Estima-se, pelas Nações Unidas (2003, apud SZTIBE; SENA, 2004), que a produção global diária aproximada de águas residuais, incluindo resíduos industriais, agrícolas e domésticos, pela ausência de saneamento básico e estações de tratamentos de esgotos, é de 1.500 km3. Como cada litro de resíduos pode contaminar oito litros de água doce, a carga mundial de contaminação pode chegar a 12 mil km3; 9 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Distribuição irregular: nem sempre a oferta está disponível no tempo e no espaço onde é necessária, dada a aleatoriedade dos fenômenos hidrológicos; Aumento de demanda: o consumo aumenta com a taxa de crescimento da população, haja vista que também aumenta a dessedentação humana (e animal), o saneamento, a produção de alimentos e a indústria; Aumento da renda: o consumo tende a subir com o nível de renda, pois grupos mais ricos geralmente consomem mais água; Desperdício: devido à falta de conscientização das pessoas, sobretudo quando o preço da água é baixo, e a manutenção é deficiente em redes de distribuição com vazamentos; Falta de ordenamento territorial: que possa conservar as áreas de recargas de aquíferos, lagos e rios e evitar sérios problemasde assoreamentos; Falta de investimentos em infraestrutura hídrica: que possa melhorar a oferta através de, por exemplo, barragens, poços, adutoras em transposição de bacias, usos de dessalinização, recargas induzidas e utilização de tecnologias de baixo consumo de água, como a irrigação agrícola por “gotejamento” e a adoção de sanitários ecológicos que funcionam como compostadores de resíduos orgânicos, pois o sistema separa o excremento da urina, usada como fertilizante agrícola líquido, e o restante é reciclado em fertilizante por micro-organismos em uma caixa de compostagem, entre outras técnicas; Mudança climática: a mudança climática global está ampliando, em algumas áreas, a aridez e reduzindo as reservas em muitas regiões. Os efeitos das mudanças climáticas também devem ser considerados no agravamento da oferta, uma vez que podem acarretar na diminuição de 20% na água doce disponível 10 TECNOLOGIA DE ENERGIA ATIVIDADE 01 Agora, pare um pouco e responda a atividade a seguir. Ela deve ser feita antes de prosseguir nos estudos da aula. Caso você não se sinta seguro(a) para resolvê-la, retome a leitura do con- teúdo ao qual ela se refere. Com base no que estudamos sobre os problemas de escassez, responda: 01 A água potável pode ser considerada um recurso inesgotável? 02 Quais as previsões assustadoras das Nações Unidas sobre o acesso das pessoas à água potável? 03 Por que a escassez se tornará mais comum? 04 Diante das previsões perturbadoras de escassez, por que a demora em agir é uma ameaça com amplas e graves consequências? 05 Por que a água será considerada um capital ecológico? (UNESCO, 2003, apud SZTIBE; SENA, 2004)). Nesse caso, uma solução comercial do envio de “água virtual” seria interessante, pois a importação de determinado alimento faz com que seus habitantes não tenham que gastar a água para a sua produção, reduzindo a pressão sobre as reservas locais. Portanto, para lidar com essas situações contrastantes, políticas adequadas de gestão de recursos hídricos (G.R.H.) têm indiscutível valor estratégico para que esses recursos sejam utilizados de forma racional em uma determinada região, objetivando o não comprometimento dos mananciais. Essa preocupação já se verifica, em nível nacional, com a criação da Política e Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei Federal N0 9.433 de 08/01/97). 11 ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA DEMANDA E DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO BRASIL Você sabia que estudiosos apontam, em termos quantitativos, que o Brasil encontra- se em posição privilegiada, porquanto detém aproximadamente 10% a 12% de toda água doce existente em nosso planeta? Mas isso nos deixa tranquilos? É claro que não, pois essa situação seria confortável se não fosse a sua má distribuição pelo território nacional, tendo em vista que 75% de toda essa água se encontra na região amazônica e atende a 5% da população do Brasil, sendo que os outros 25% se espalham pelo resto do país, atendendo ao restante da população (BRASIL, 2002a). Nesse sentido, a situação do Nordeste é bastante contrastante com a abundância amazônica, o que tem gerado políticas de interligação de bacias em nível estadual e, recentemente, regional, com a intenção da transposição das águas do rio São Francisco para atender aos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Para você ter uma ideia, o Semiárido brasileiro é outra região afetada pela distribuição hídrica. Abrangendo 86,5% da Região Nordeste, 11% do Norte de Minas Gerais e 2,5% do Espírito Santo, no semiárido os índices de pluviosidade não ultrapassam os 800 milímetros anuais. Segundo dados do IBGE, nessa área vivem mais de 19 milhões de pessoas e se concentra o maior contingente de pobres do Brasil. Veja que o estado do Rio Grande do Norte é um exemplo típico da má distribuição das chuvas, porquanto é caracterizado por apresentar 90% do seu território em condições de semiaridez, onde os recursos hídricos são escassos, sendo os superficiais submetidos a uma taxa de evaporação da ordem de 2.500 mm anuais ou mais e os subterrâneos limitados. Somente no litoral Leste do RN as condições são mais favoráveis com precipitações acima de 1000 mm. Daí o motivo de se chamar de “Vales úmidos”. Tomando como base esse 12 TECNOLOGIA DE ENERGIA fato, o governo do estado iniciou a implantação de um sistema de abastecimento de água, a partir de 1996, através de adutoras destinadas a suprir as necessidades das concentrações urbanas do interior do Rio Grande do Norte, todas no semiárido. Em resumo, como índice indicador da necessidade de gestão dos recursos hídricos, o balanço entre disponibilidade e demandas de recursos hídricos nas doze regiões hidrográficas do Brasil, de acordo com a figura 01, foi realizado com base na razão entre a vazão média e a população (Tabela 02). 13 ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA Utilizada para expressar a disponibilidade de recursos hídricos em grandes áreas, a vazão média por habitante é expressa pelo quociente entre a vazão média e a população (m3/hab/ano). Embora muito utilizado, esse indicador não reflete a real disponibilidade hídrica, ou seja, a efetiva quantidade de água disponível para uso permanentemente, uma vez que a vazão média não está disponível em todas as circunstâncias. Tabela 02 - Vazão média por habitante (BRASIL, 2005) m3/hab/ano Necessidade de gestão <1.000 Muito pobre (até 500) Situação de escassez 1.000 a 1.700 Pobre (entre 500 e 1000) Regular Situação de estresse Total Suficiente (entre 1.700 e 4.000) Rico (entre 1.700 e 10.000) Muito rico Situação confortável Fonte: (BRASIL, 2005) Uma segunda maneira de análise, dentre outras, é a razão entre a vazão de retirada para os usos consuntivos e a vazão média (Tabela 03). Esse índice adota a seguinte classificação: 14 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS INTERDISCIPLINARIDADE Com tantas particularidades que caracterizam os recursos hídricos, seria possível uma única pessoa formular um modelo de gestão? Impossível. Isso não é algo que possa ser executado isoladamente por um único profissional. Trata- se, em essência, de um trabalho de equipe no qual a humildade e a sensibilidade dos membros que a compõem são fundamentais para o sucesso da tarefa. Assim, uma lista de conhecimentos envolvidos na atividade de gestão dos recursos hídricos é apresentada no quadro 2, abaixo. Tabela 03 - Razão entre vazão de retiradapara os usos consultivos e a vazão média (BRASIL, 2005) % da vazão média Necessidade de gestão < 5% Excelente. Pouca ou nenhuma atividade de gerenciamento é necessária. A água é um bem livre. 5 a 10% A situação é confortável, podendo ocorrer necessidade de gerenciamento para solução de problemas locais de abastecimento. 10 a 20% Preocupante. A atividade de gerenciamento é indispensável, esigindo a realização de investimentos médios. 20 a 40% A situação é crítica, exigindo intensa atividade de gerenciamento e grandes investimentos. > 40% A situação é muito crítica. Fonte: (BRASIL, 2005) 15 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Tabela 03 - Razão entre vazão de retiradapara os usos consultivos e a vazão média (BRASIL, 2005) Não-técnicas Semitécnicas Técnicas Economia Administração Direito Ciências Políticas Sociologia Psicologia Comunicação Planejamento Meteorologia Oceanografia Engenharia Minas Geografia Biologia Botânica Zoologia Piscicultura Recreação Saúde Pública Antropologia Geologia Agronomia Quimica Ecologia Domínio Principal Hidráulica Hidrologia Saneamento Ambiental Saneamento Básico Tratamento de esgoto Estruturas hidráulicas Erosão e Sedimentação Domínio Conexo Computação Modelagem Matemática Análise Numérica Instrumentação Sensoriamento Remoto Estatística Análise de Sistemas Fonte: Conforme Goodmam (1976, apud LANA, 1993) O quadro mostra ser impossívelpara uma única pessoa, ou mesmo um pequeno grupo de pessoas, ter o domínio necessário dessas disciplinas. Isso leva, necessariamente, à formação de grupos interdisciplinares para a execução da gestão dos recursos hídricos. Como consequência, surge o problema de inter- relacionamento de profissionais com conhecimentos distintos. Para possibilitar isso, há a necessidade de que cada profissional, atuante em uma equipe de gestão de recursos hídricos, tenha conhecimentos básicos em diversas outras disciplinas que não aquela que domine. Isso permitirá a formação de equipes interdisciplinares de gestão de recursos hídricos. 16 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS HAVERÁ, NO FUTURO, PRESSÕES SOBRE OS R.H.? Então, diante do que foi comentado, por que você acha que é necessário, cada vez mais, estudos interdisciplinares e aperfeiçoamento da gestão dos recursos hídricos? A necessidade decorre da sua complexidade, a qual deverá ser aumentada substancialmente com as pressões que o futuro trará. Essas serão motivadas por diversas causas, algumas das quais são listadas a seguir (LANNA, 1993): Desenvolvimento econômico: ocasiona o aumento das demandas de água, seja como bem de consumo intermediário ou final; Aumento populacional: traz a necessidade direta de maior oferta de água para consumo final e, consequentemente, o desenvolvimento econômico; Expansão da agricultura: aumenta o consumo regional de água para irrigação e, quando a água é escassa, gera conflitos com outros usuários; Pressões regionais: acabam pressionando os recursos hídricos no sentido do atendimento de reivindicações de uma maior equidade nas condições inter-regionais de desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e bem-estar social; Mudanças tecnológicas: trazem demandas específicas sobre os recursos hídricos, além de possibilitar novas técnicas construtivas e de utilização da água, permitindo um aumento físico dos sistemas de uso e controle da água e, consequentemente, um aumento da abrangência de seus efeitos, espacial e temporal; Mudanças sociais: trazem novos tipos de demandas ou modificam o padrão das demandas atuais das águas, em função da modificação dos hábitos e costumes da sociedade; 17 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Urbanização: provoca maior concentração espacial das demandas sobre os recursos hídricos, além das alterações do ciclo hidrológico devido aos efeitos impermeabilizando o solo com o consequente agravamento dos alagamentos, das enchentes urbanas e diminuição das recargas; Demandas ambientais: resultam de novas exigências relacionadas com uma melhor qualidade ambiental e de saúde, motivando a aprovação de legislação mais rigorosa relacionada com o uso dos recursos hídricos e seus impactos ambientais; Incertezas do futuro: exigem do planejador de recursos hídricos exercícios imprecisos de futurologia, para que as demandas futuras, supracitadas, sejam previstas com antecedência suficiente a fim de que possam ser supridas quando ocorrerem. ATIVIDADE 02 Essa atividade ajudará a sistematizar as informações que você acabou de conhecer. Lembre-se: se você não conse- guir respondê-la, retome a leitura do conteúdo ao qual ela se refere. 01 Por que, apesar do Brasil se encontrar em posição privilegiada em termos de quantidade, a situação é meio desconfortável? 02 Você conhece algum programa de transposição de bacias no RN? Descreva-o. 03 Como é a distribuição das chuvas no RN? 04 Cite um indicador da necessidade de gestão dos recursos hídricos. 05 Você seria capaz de dominar todos os conteúdos relacionados à ges- tão dos recursos hídricos? 18 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS RESUMINDO Nesta aula, você aprendeu um pouco sobre as principais causas da escassez dos recursos hídricos. Aprendeu, ainda, que a crise da água é um problema global de consequências perturbadoras para toda a humanidade e que parte do Brasil já convive com os problemas de falta d’água. Você também percebeu que o profissional de recursos hídricos tem que ter a humildade para trabalhar em equipe, pois fica impossível dominar tantos conhecimentos. Por fim, viu que é necessário ter uma visão de futuro para compreender as necessidades urgentes de agir agora. Ao final desta aula convido você a uma reflexão sobre o que destaca a Declaração de Dublin, Irlanda, em 1992 (BRASIL 2002 b): A escassez e o desperdício da água doce repre- sentam sérias e crescentes ameaças ao desen- volvimento sustentável e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem-estar do Homem, a garantia de alimentos, o desenvolvimento in- dustrial e o equilíbrio dos ecossistemas estarão sob risco se a gestão da água e do solo não se tornarem realidade na presente década, de for- ma bem mais efetiva do que tem sido no pas- sado. 19 A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS LEITURAS COMPLEMENTARES Na leitura do texto Enfrentando a Crise da Água, você encontrará um panorama geral sobre os problemas de escassez e a necessidade urgente de ação por parte dos gestores públicos, bem como a mudança de atitude da sociedade. Disponível: ROGERS, P. Enfrentando a Crise da Água. Scientific American Brasil, 76, Setembro, 2008. Pág. 60 – 67. Disponível em: <www.sciam.com.br>. AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS Considere os conhecimentos adquiridos nesta aula e utilize seus próprios conhecimentos a respeito da realidade do lugar onde você mora, para realizar esta atividade. Elabore um texto relatando os principais problemas de escassez, atuais ou futuros, para a sua cidade. Admitindo, também, que os gestores de políticas têm grande poder sobre a administração dos recursos hídricos, como tem sido e como deve ser o uso desse poder na sua cidade? Nesse contexto, considere, inclusive, os vícios de desperdícios de água em sua residência. 20 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 20 ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA CONHECENDO AS REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Águas. Regiões hidrográficas do Brasil. Brasília: ANA, 2002 a. Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009. ———. Agência Nacional de Águas. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Brasília : ANA, 2002 b. Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009. ______. Agência Nacional de Águas. Disponibilidade e Demandas de Recursos Hídricos no Brasil. Estudos Técnicos - PNRH: Caderno Técnico de Recursos Hídricos. Brasília: ANA, 2005. Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009. LANA, Antonio Eduardo. Gestão dos recursos hídricos. In: TUCCI, Carlos E. M.. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Ed. da Universidade: ABRH; EDUSP, 1993. SZTIBE, Rosely; SENA, Lúcia Bastos Ribeiro. Gestão participativa das águas. São Paulo : SMA/ CPLEA, 2004. 96 p.. VON SPERLING, E.. Afinal, quanta água temos no planeta? Revista Brasileira de Recursos Hídricos (RBRH), 2006. v. 11, n.4. Out/Dezembro. p. 189-199. UNESCO. The United Nations World Water Development Report. Water for people, wa- ter for life. 2003. Disponível em: < http://www.unesco.org/water/wwap/wwdr/wwdr1/pdf/ chap1.pdf >. Acesso em: 28 de maio de 2009.
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