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A Necessidade da Gestão de Recursos Hídricos

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DISCIPLINA
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
AULA 01
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
AUTOR
ROBERTO PEREIRA
TECNÓLOGO 
EM GESTÃO 
AMBIENTAL
DISCIPLINA
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
AULA 01
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
AUTOR
ROBERTO PEREIRA
TECNÓLOGO 
EM GESTÃO 
AMBIENTAL 
GOVERNO DO BRASIL
Presidente da República
DILMA VANA ROUSSEFF
Ministro da Educação
JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES
Diretor de Educação a Distância da CAPES
JOÃO CARLOS TEATINI
Reitor do IFRN
BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA
Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação 
JOSÉ YVAN PEREIRA LEITE
Coordenador da Editora do IFRN
PAULO PEREIRA DA SILVA
Diretor do Campus EaD/IFRN
ERIVALDO CABRAL
Diretora Acadêmica do Campus EaD/IFRN
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE
Coordenadora Geral da UAB /IFRN
ILANE FERREIRA CAVALCANTE
Coordenadora Adjunta da UAB/IFRN
MARLI TACCONI 
Coordenadora do Curso 
de Tecnologia em Gestão Ambiental
MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS – AULA 01 
A necessidade da gestão dos recursos hídricos
 
Professora Pesquisadora/Conteudista
ROBERTO PEREIRA
Direcão da Produção de Material Didático
(em substituição eventual)
LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA
Coordenação de Produção de Mídia Impressa
(em substituição eventual)
WAGNER RAMOS CAMPOS
Coordenação de Revisão
WAGNER RAMOS CAMPOS
Revisão ABNT
FRANCISCO DE ASSIS NOBERTO
Revisão Linguística
KLÉBIA DE SOUZA 
ELIZETH HERLEIN
Revisão Pedagógica
ANDRESSA LENUSKA SOUSA DE MACEDO
Projeto Gráfico
BRENO XAVIER
Diagramação 
YANN VALBER
5
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
APRESENTANDO A AULA
Você já parou para pensar que a água está cada vez mais escassa 
em nosso planeta e mesmo ao nosso redor?
Pois bem, tais questões serão discutidas nesta aula, tendo 
em vista que o gerenciamento desse bem se constitui em 
um desafio para a sociedade como um todo, já que o modelo 
anterior de se considerar a água como um recurso inesgotável 
não mais se sustenta. Assim, nesta aula você terá a oportunidade 
de compreender os diversos motivos que levam à escassez 
e, consequentemente, à necessidade de gestão dos recursos 
hídricos.
DEFININDO OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
•	 entender a necessidade de ações governamentais de 
segurança e oferta da água para evitar a crise dos recursos 
hídricos;
•	 compreender o reflexo da escassez da água no trato dos 
recursos hídricos pela sociedade;
•	 analisar as consequências do aumento de demanda por água 
em relação ao declínio de sua qualidade.
6
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS NO MUNDO E OS 
PROBLEMAS DE ESCASSEZ
Você sabe como é a distribuição dos recursos hídricos na hidrosfera, camada líquida 
da Terra? Pois é, hidrosfera compreende as águas dos oceanos e mares, dos rios, dos
lagos e a água subterrânea (Tabela 01).
A distribuição de água na Terra, dentro do ciclo hidrológico, revela que as águas 
salinas ocupam, aproximadamente, cerca de 97% do total, ficando 3% para as águas 
continentais (doces), sendo que desse percentual, 2% referem-se às geleiras e calotas 
polares, que são economicamente inviáveis para o consumo humano, já que são de 
difícil acesso. Como você já percebeu, somente uma pequena parcela aproximada 
de 1,0% encontra-se disponível para o homem como água doce, sendo que mais de 
98% da água doce disponível é água subterrânea, o que excede, em muito, as águas 
superficiais.
Tabela 01 - Distribuição das águas no mundo
Distribuição (%)
Oceanos e mares 97,07526
Águas não-oceânicas (2,92474 %)
Geleiras (1,91523)
Águas subterrâneas (0,98828)
Lagos (0,01646)
Umidade do solo (0,00366)
Atmosfera (0,00095)
Rios (0,00009)
Organismos (0,00007)
Total 100%
Fonte: (VON SPERLING, 2006)
7
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Bem, será que essa quantidade, aparentemente pequena, dá para atender à 
demanda dos habitantes da Terra? Se sua resposta foi sim, acertou. Mesmo 
considerando que especialistas estimam que, em média, cada pessoa necessita, 
no mínimo, mil m3 – 
1 milhão de litros – de água por ano, ou seja, o equivalente a dois quintos do 
volume de uma piscina olímpica – para beber, higiene e cultivo de alimento para 
sustento.
Entretanto, a escassez de água está se tornando cada vez mais comum. Isso pode ser 
verificado tendo em vista que o processo histórico de desenvolvimento econômico 
pela expansão urbana, industrialização e crescimento das atividades agrícolas 
certamente desconsiderou a água como elemento finito e essencial à sobrevivência 
da humanidade e à manutenção dos sistemas ecológicos. Consequentemente, os 
mananciais de águas encontram-se cada vez mais comprometidos pelo seu uso 
irracional em virtude de diversas atividades impactantes.
Para se ter uma ideia, o Informe das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos 
recursos hídricos (2003) estima que, atualmente, cerca de 1,1 bilhão de pessoas 
não têm acesso à água potável e 2,4 
bilhões ao saneamento básico. Isso 
significa que, hoje, uma entre seis 
pessoas, mais de um bilhão de pessoas 
na Terra, se ressente de
acesso inadequado à água potável.
Do total de água doce disponível, 54% 
já estão sendo utilizados e, em 2025, 
esse índice poderá alcançar 70%. 
Além disso, um terço da população 
mundial vive em regiões de moderado 
a alto estresse hídrico, ou seja, com um nível de consumo superior a 20% da sua 
disponibilidade de água. Então, se mantivermos os atuais padrões de consumo, 
as previsões indicam que, em meados do século, cerca de sete bilhões de pessoas, 
em sessenta países, serão afetadas pela crise de água (SZTIBE; SENA, 2004).
8
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Diante desse quadro, muitos cientistas e organizações fazem previsões nada otimistas 
de que os próximos conflitos políticos, econômicos e ambientais ocorrerão por conta 
da escassez da água. Outros chegam a apontar a água como a moeda mais forte do 
século XXI, sendo um capital ecológico, ou seja, com valor econômico e ambiental.
Assim, você estudará, agora, os principais fatores determinantes da crise de escassez 
de água que a humanidade terá de enfrentar no decorrer do século XXI, os quais 
estão parcialmente citados em (ROGERS, 2008).
Perda da qualidade: boa parte das fontes já se encontra comprometida pelos 
problemas de poluição e doenças de veiculação hídrica causados por dejetos, despejos 
de poluentes industriais, escoamentos de fertilizantes, defensivos agrícolas, avanços 
da cunha salina à medida que ocorre uma superexplotação das águas subterrâneas 
na zona costeira e, dentre outros aspectos, a degradação dos ecossistemas que 
sustentam a sua qualidade, seja pelos motivos supracitados ou pela diminuição da 
quantidade de água necessária à sua sobrevivência.
Estima-se, pelas Nações Unidas (2003, apud SZTIBE; SENA, 2004), que a produção 
global diária aproximada de águas residuais, incluindo resíduos industriais, agrícolas 
e domésticos, pela ausência de saneamento básico e estações de tratamentos de 
esgotos, é de 1.500 km3. Como cada litro de resíduos pode contaminar oito litros de 
água doce, a carga mundial de contaminação pode chegar a 12 mil km3;
9
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Distribuição irregular: nem sempre a oferta está disponível no tempo e no espaço 
onde é necessária, dada a aleatoriedade dos fenômenos hidrológicos;
Aumento de demanda: o consumo aumenta com a taxa de crescimento da 
população, haja vista que também aumenta a dessedentação humana (e animal), o 
saneamento, a produção de alimentos e a indústria;
Aumento da renda: o consumo tende a subir com o nível de renda, pois grupos mais 
ricos geralmente consomem mais água;
Desperdício: devido à falta de conscientização das pessoas, sobretudo quando o 
preço da água é baixo, e a manutenção é deficiente em redes de distribuição com 
vazamentos;
Falta de ordenamento territorial: que possa conservar as áreas de recargas de 
aquíferos, lagos e rios e evitar sérios problemasde assoreamentos;
Falta de investimentos em infraestrutura hídrica: que possa melhorar a oferta 
através de, por exemplo, barragens, poços, adutoras em transposição de bacias, usos 
de dessalinização, recargas induzidas e utilização de tecnologias de baixo consumo de 
água, como a irrigação agrícola por “gotejamento” e a adoção de sanitários ecológicos 
que funcionam como compostadores de resíduos orgânicos, pois o sistema separa o 
excremento da urina, usada como fertilizante agrícola líquido, e o restante é reciclado 
em fertilizante por micro-organismos em uma caixa de compostagem, entre outras 
técnicas;
Mudança climática: a 
mudança climática global 
está ampliando, em algumas 
áreas, a aridez e reduzindo as 
reservas em muitas regiões. 
Os efeitos das mudanças 
climáticas também devem ser 
considerados no agravamento 
da oferta, uma vez que podem 
acarretar na diminuição de 
20% na água doce disponível 
10
TECNOLOGIA DE ENERGIA
ATIVIDADE 01
Agora, pare um pouco e responda a atividade a seguir. 
Ela deve ser feita antes de prosseguir nos estudos da aula. 
Caso você não se sinta seguro(a) para resolvê-la, retome a leitura do con-
teúdo ao qual ela se refere.
Com base no que estudamos sobre os problemas de escassez, responda:
01 A água potável pode ser considerada um recurso inesgotável?
02 Quais as previsões assustadoras das Nações Unidas sobre o acesso 
das pessoas à água potável?
03 Por que a escassez se tornará mais comum?
04 Diante das previsões perturbadoras de escassez, por que a demora 
em agir é uma ameaça com amplas e graves consequências?
05 Por que a água será considerada um capital ecológico?
(UNESCO, 2003, apud SZTIBE; SENA, 2004)). Nesse caso, uma solução comercial do 
envio de “água virtual” seria interessante, pois a importação de determinado alimento 
faz com que seus habitantes não tenham que gastar a água para a sua produção, 
reduzindo a pressão sobre as reservas locais.
Portanto, para lidar com essas situações contrastantes, políticas adequadas de gestão 
de recursos hídricos (G.R.H.) têm indiscutível valor estratégico para que esses recursos 
sejam utilizados de forma racional em uma determinada região, objetivando o não 
comprometimento dos mananciais. Essa preocupação já se verifica, em nível nacional,
com a criação da Política e Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(Lei Federal N0 9.433 de 08/01/97).
11
ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA
DEMANDA E DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO BRASIL
Você sabia que estudiosos apontam, em termos quantitativos, que o Brasil encontra-
se em posição privilegiada, porquanto detém aproximadamente 10% a 12% de toda 
água doce existente em nosso planeta? Mas isso nos deixa tranquilos? É claro que não, 
pois essa situação seria confortável se não fosse a sua má distribuição pelo território 
nacional, tendo em vista que 75% de toda essa água se encontra na região amazônica 
e atende a 5% da população do Brasil, sendo que os outros 25% se espalham pelo 
resto do país, atendendo ao restante da população (BRASIL, 2002a).
Nesse sentido, a situação do Nordeste é bastante contrastante com a abundância 
amazônica, o que tem gerado políticas de interligação de bacias em nível estadual 
e, recentemente, regional, com a intenção da transposição das águas do rio São 
Francisco para atender aos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do 
Norte.
Para você ter uma ideia, o Semiárido brasileiro é outra região afetada pela distribuição 
hídrica. Abrangendo 86,5% da Região Nordeste, 11% do Norte de Minas Gerais e 2,5% 
do Espírito Santo, no semiárido os índices de pluviosidade não ultrapassam os 800 
milímetros anuais. Segundo dados do IBGE, nessa área vivem mais de 19 milhões de 
pessoas e se concentra o maior contingente de pobres do Brasil.
Veja que o estado do Rio Grande do Norte é um exemplo típico da má distribuição 
das chuvas, porquanto é caracterizado 
por apresentar 90% do seu território em 
condições de semiaridez, onde os recursos 
hídricos são escassos, sendo os superficiais 
submetidos a uma taxa de evaporação da 
ordem de 2.500 mm anuais ou mais e os 
subterrâneos limitados.
Somente no litoral Leste do RN as condições 
são mais favoráveis com precipitações acima 
de 1000 mm. Daí o motivo de se chamar de 
“Vales úmidos”. Tomando como base esse 
12
TECNOLOGIA DE ENERGIA
fato, o governo do estado iniciou a implantação de um sistema de abastecimento de 
água, a partir de 1996, através de adutoras destinadas a suprir as necessidades das 
concentrações urbanas do interior do Rio Grande do Norte, todas no semiárido.
Em resumo, como índice indicador da necessidade de gestão dos recursos hídricos, 
o balanço entre disponibilidade e demandas de recursos hídricos nas doze regiões 
hidrográficas do Brasil, de acordo com a figura 01, foi realizado com base na razão 
entre a vazão média e a população (Tabela 02).
13
ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA
Utilizada para expressar a disponibilidade de recursos hídricos em grandes áreas, 
a vazão média por habitante é expressa pelo quociente entre a vazão média e a 
população (m3/hab/ano). Embora muito utilizado, esse indicador não reflete a real 
disponibilidade hídrica, ou seja, a efetiva quantidade de água disponível para uso 
permanentemente, uma vez que a vazão média não está disponível em todas as 
circunstâncias.
Tabela 02 - Vazão média por habitante (BRASIL, 2005)
m3/hab/ano Necessidade de gestão
<1.000 Muito pobre (até 500)
Situação de escassez
1.000 a 1.700
Pobre (entre 500 e 1000)
Regular Situação de estresse
Total
Suficiente (entre 1.700 e 4.000)
Rico (entre 1.700 e 10.000)
Muito rico
Situação confortável
Fonte: (BRASIL, 2005)
Uma segunda maneira de análise, dentre outras, é a razão entre a vazão de retirada 
para os usos consuntivos e a vazão média (Tabela 03). Esse índice adota a seguinte 
classificação:
14
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
INTERDISCIPLINARIDADE
Com tantas particularidades que caracterizam os recursos hídricos, seria possível 
uma única pessoa formular um modelo de gestão? Impossível. Isso não é algo que 
possa ser executado isoladamente por um único profissional. Trata- se, em essência, 
de um trabalho de equipe no qual a humildade e a sensibilidade dos membros que a 
compõem são fundamentais para o sucesso da tarefa.
Assim, uma lista de conhecimentos envolvidos na atividade de gestão dos recursos 
hídricos é apresentada no quadro 2, abaixo.
Tabela 03 - Razão entre vazão de retiradapara os usos consultivos e a vazão média 
(BRASIL, 2005)
% da vazão média Necessidade de gestão
< 5%
Excelente. Pouca ou nenhuma atividade de gerenciamento 
é necessária. A água é um bem livre.
5 a 10%
A situação é confortável, podendo ocorrer necessidade 
de gerenciamento para solução de problemas locais de 
abastecimento.
10 a 20%
Preocupante. A atividade de gerenciamento é 
indispensável, esigindo a realização de investimentos 
médios.
20 a 40%
A situação é crítica, exigindo intensa atividade de 
gerenciamento e grandes investimentos.
> 40% A situação é muito crítica.
Fonte: (BRASIL, 2005)
15
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Tabela 03 - Razão entre vazão de retiradapara os usos consultivos e a vazão média 
(BRASIL, 2005)
Não-técnicas Semitécnicas Técnicas
Economia
Administração
Direito
Ciências
Políticas
Sociologia
Psicologia
Comunicação
Planejamento
Meteorologia
Oceanografia
Engenharia
Minas
Geografia
Biologia
Botânica
Zoologia
Piscicultura
Recreação
Saúde Pública
Antropologia
Geologia
Agronomia
Quimica
Ecologia
Domínio Principal
Hidráulica
Hidrologia
Saneamento Ambiental
Saneamento Básico
Tratamento de esgoto
Estruturas hidráulicas
Erosão e Sedimentação
Domínio Conexo
Computação
Modelagem
Matemática
Análise Numérica
Instrumentação
Sensoriamento Remoto
Estatística
Análise de Sistemas
Fonte: Conforme Goodmam (1976, apud LANA, 1993)
O quadro mostra ser impossívelpara uma única pessoa, ou mesmo um pequeno grupo 
de pessoas, ter o domínio necessário dessas disciplinas. Isso leva, necessariamente, 
à formação de grupos interdisciplinares para a execução da gestão dos recursos 
hídricos.
Como consequência, surge o problema de inter- relacionamento de profissionais 
com conhecimentos distintos. Para possibilitar isso, há a necessidade de que 
cada profissional, atuante em uma equipe de gestão de recursos hídricos, tenha 
conhecimentos básicos em diversas outras disciplinas que não aquela que domine. 
Isso permitirá a formação de equipes interdisciplinares de gestão de recursos hídricos.
16
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
HAVERÁ, NO FUTURO, PRESSÕES SOBRE OS R.H.?
Então, diante do que foi comentado, por que você acha que é necessário, cada 
vez mais, estudos interdisciplinares e aperfeiçoamento da gestão dos recursos 
hídricos? A necessidade decorre da sua complexidade, a qual deverá ser aumentada 
substancialmente com as pressões que o futuro trará. Essas serão motivadas por 
diversas causas, algumas das quais são listadas a seguir (LANNA, 1993):
Desenvolvimento econômico: ocasiona o aumento das demandas de água, seja 
como bem de consumo intermediário ou final;
Aumento populacional: traz a necessidade direta de maior oferta de água para 
consumo final e, consequentemente, o desenvolvimento econômico;
Expansão da agricultura: aumenta o consumo regional de água para irrigação e, 
quando a água é escassa, gera conflitos com outros usuários;
Pressões regionais: acabam pressionando os recursos hídricos no sentido do 
atendimento de reivindicações de uma maior equidade nas condições inter-regionais 
de desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e bem-estar social;
Mudanças tecnológicas: trazem demandas específicas sobre os recursos hídricos, 
além de possibilitar novas técnicas construtivas e de utilização da água, permitindo 
um aumento físico dos sistemas 
de uso e controle da água e, 
consequentemente, um aumento 
da abrangência de seus efeitos, 
espacial e temporal;
Mudanças sociais: trazem novos 
tipos de demandas ou modificam 
o padrão das demandas atuais das 
águas, em função da modificação 
dos hábitos e costumes da 
sociedade;
17
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Urbanização: provoca maior concentração espacial das demandas sobre os 
recursos hídricos, além das alterações do ciclo hidrológico devido aos efeitos 
impermeabilizando o solo com o consequente agravamento dos alagamentos, das 
enchentes urbanas e diminuição das recargas;
Demandas ambientais: resultam de novas exigências relacionadas com uma melhor 
qualidade ambiental e de saúde, motivando a aprovação de legislação mais rigorosa 
relacionada com o uso dos recursos hídricos e seus impactos ambientais;
Incertezas do futuro: exigem do planejador de recursos hídricos exercícios imprecisos 
de futurologia, para que as demandas futuras, supracitadas, sejam previstas com 
antecedência suficiente a fim de que possam ser supridas quando ocorrerem.
ATIVIDADE 02
Essa atividade ajudará a sistematizar as informações que 
você acabou de conhecer. Lembre-se: se você não conse-
guir respondê-la, retome a leitura do conteúdo ao qual ela 
se refere.
01 Por que, apesar do Brasil se encontrar em posição privilegiada em 
termos de quantidade, a situação é meio desconfortável?
02 Você conhece algum programa de transposição de bacias no RN? 
Descreva-o.
03 Como é a distribuição das chuvas no RN?
04 Cite um indicador da necessidade de gestão dos recursos hídricos.
05 Você seria capaz de dominar todos os conteúdos relacionados à ges-
tão dos recursos hídricos?
18
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
RESUMINDO
Nesta aula, você aprendeu um pouco sobre as principais 
causas da escassez dos recursos hídricos. Aprendeu, ainda, 
que a crise da água é um problema global de consequências 
perturbadoras para toda a humanidade e que parte do 
Brasil já convive com os problemas de falta d’água. Você 
também percebeu que o profissional de recursos hídricos 
tem que ter a humildade para trabalhar em equipe, pois fica 
impossível dominar tantos conhecimentos. Por fim, viu que 
é necessário ter uma visão de futuro para compreender as 
necessidades urgentes de agir agora.
Ao final desta aula convido você a uma reflexão sobre o que 
destaca a Declaração de Dublin, Irlanda, em 1992 (BRASIL 
2002 b):
A escassez e o desperdício da água doce repre-
sentam sérias e crescentes ameaças ao desen-
volvimento sustentável e à proteção ao meio 
ambiente. A saúde e o bem-estar do Homem, 
a garantia de alimentos, o desenvolvimento in-
dustrial e o equilíbrio dos ecossistemas estarão 
sob risco se a gestão da água e do solo não se 
tornarem realidade na presente década, de for-
ma bem mais efetiva do que tem sido no pas-
sado.
19
A NECESSIDADE DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
LEITURAS COMPLEMENTARES
Na leitura do texto Enfrentando a Crise da Água, você 
encontrará um panorama geral sobre os problemas de 
escassez e a necessidade urgente de ação por parte dos 
gestores públicos, bem como a mudança de atitude da 
sociedade.
Disponível: ROGERS, P. Enfrentando a Crise da Água. 
Scientific American Brasil, 76, Setembro, 2008. Pág. 60 – 
67. Disponível em: <www.sciam.com.br>.
AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS
Considere os conhecimentos adquiridos nesta aula e utilize 
seus próprios conhecimentos a respeito da realidade do 
lugar onde você mora, para realizar esta atividade. Elabore 
um texto relatando os principais problemas de escassez, 
atuais ou futuros, para a sua cidade. Admitindo, também, 
que os gestores de políticas têm grande poder sobre a 
administração dos recursos hídricos, como tem sido e 
como deve ser o uso desse poder na sua cidade? Nesse 
contexto, considere, inclusive, os vícios de desperdícios 
de água em sua residência.
20
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
20
ENERGIAS RENOVÁVEIS: HIDRÁULICA, SOLAR, EÓLICA E BIOMASSA
CONHECENDO AS REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Regiões hidrográficas do Brasil. Brasília: ANA, 2002 a. 
Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009.
———. Agência Nacional de Águas. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. 
Brasília : ANA, 2002 b. Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009.
______. Agência Nacional de Águas. Disponibilidade e Demandas de Recursos Hídricos 
no Brasil. Estudos Técnicos - PNRH: Caderno Técnico de Recursos Hídricos. Brasília: ANA, 
2005. Disponível em: <www.ana.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2009.
LANA, Antonio Eduardo. Gestão dos recursos hídricos. In: TUCCI, Carlos E. M.. Hidrologia: 
ciência e aplicação. Porto Alegre: Ed. da Universidade: ABRH; EDUSP, 1993.
SZTIBE, Rosely; SENA, Lúcia Bastos Ribeiro. Gestão participativa das águas. São Paulo : SMA/
CPLEA, 2004. 96 p..
VON SPERLING, E.. Afinal, quanta água temos no planeta? Revista Brasileira de Recursos 
Hídricos (RBRH), 2006. v. 11, n.4. Out/Dezembro. p. 189-199.
UNESCO. The United Nations World Water Development Report. Water for people, wa-
ter for life. 2003. Disponível em: < http://www.unesco.org/water/wwap/wwdr/wwdr1/pdf/
chap1.pdf >. Acesso em: 28 de maio de 2009.

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