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TCC - Direito Processual Civil

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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI - FISIG
CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JÚLIO CÉSAR MOREIRA
SÚMULA VINCULANTE NO ÂMBITO DO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL.
Belo Horizonte-MG
2018
RESUMO
Objetivou-se analisar a legalidade do instituto da súmula vinculante no direito
brasileiro, mormente com relação às questões que dizem respeito a eventuais
ofensas à Constituição, bem como verificar se o instituto contribui para melhoria de
desempenho do poder judiciário. Foram verificadas as inovações trazidas pelo
Código de Processo Civil de 2015, que passou a tratar formalmente do instituto,
ajudando a fortalecer a jurisprudência dos tribunais e inovando os mecanismos de
“julgamento por massa” tendo em vista a previsão de vinculação das decisões
proferidas pelos tribunais superiores. Foram verificados, também, números relativos
a quantidade de processos a espera de julgamento nas mais diversas esferas do
poder judiciário brasileiro, além do quantitativo de novos casos e processo baixados.
Os resultados obtidos demonstram que o instituto da súmula vinculante funciona
como uma importante ferramenta para o controle do aumento do passivo de
processos, nas diversas esferas do poder judiciário. Restou evidenciado, ainda, que
as argumentações que defendem a inconstitucionalidade do instituto carecem de
bases sólidas para se manterem.
Palavras-chave: Súmula Vinculante, Celeridade Processual, Código de Processo
Civil.
 ABSTRACT
The objective was to verify the legality of the institute of the binding precedent in
Brazilian law, especially with the right to respond to a case of offenses to the
Constitution. The innovations brought by the Code of Civil Procedure of 2015 were
verified, which were formally instituted, supporting the jurisprudence of the courts and
innovating the mechanisms of judgment by mass. higher. The numbers of decision-
making processes in practice in the different spheres of the Brazilian judiciary were
also verified, as well as the number of new cases and cases that were dropped. The
results obtained demonstrate that the method of the binding summary appeared as
an important tool to increase the liability of lawsuits, especially in the first instances of
state justice. It was also evidenced that the arguments that defend the institute's
unconstitutionality lack solid foundations to maintain
 
Keywords: Binding Summary, procedural celerity, Code of Civil procedure.
1 – INTRODUÇÃO
O número de processos nas diversas esferas da justiça brasileira vem
aumentando de maneira expressiva ao longo dos anos. Aumento populacional,
desenvolvimento social e econômico além da maior conscientização da população
ajudam a explicar o fenômeno. Neste contexto, o poder judiciário encontra-se cada
vez mais assoberbado devido à grande demanda de casos. Em estudo realizado
pelo Conselho Nacional de Justiça, verificou-se que existiam, em 2017, mais de 80
milhões de processos a espera de uma decisão.
O problema acima mencionado não é novo, assim como seu enfrentamento.
De fato, algumas tentativas de minimizar o problema foram pensadas e executadas
ao longo do tempo. Como exemplo, podemos citar o esforço do Conselho Nacional
de Justiça com o desenvolvimento do projeto “Justiça em Números” que faz um
mapeamento do número de processos existente em todas as comarcas do país,
bem como do surgimento de novos processos judiciais, tudo com vistas a identificar
e atacar os gargalos que emperram o andamento dos processos. Além disso, o CNJ
busca o diálogo permanente com os maiores litigantes do país, com vistas a
incentivar a mediação, encerrando processos antigos e inibindo o surgimento de
novos.
Ainda sobre o Conselho Nacional de Justiça, cabe destacar que sua criação é
fruto da chamada “reforma do judiciário”, ocorrida em 2004 com a aprovação da
Emenda Constitucional 045. O objetivo do órgão é coordenar e planejar as
atividades administrativas dos vários órgãos jurisdicionais. Com isso, tem-se a
adoção de políticas estratégicas, como a mencionada acima, que visam aumentar a
eficácia do poder judiciário em todo país. Além da criação do CNJ, a EC 045/2004
trouxe mudanças quanto a admissibilidade do recurso extraordinário, que passou a
ser examinado à luz da repercussão geral da questão constitucional verificada.
Verifica-se que a chamada “reforma do judiciário” buscou, dentre outras
coisas, enfrentar o problema relativo à morosidade da justiça brasileira e à crescente
demanda de litígios levada ao judiciário. Neste sentido, a Emenda Constitucional
45/2004 trouxe, além das inovações acima, o instituto denominado Súmula
Vinculante, objeto do presente trabalho e que será abordado a seguir.
Pode-se dizer que a Súmula Vinculante teve como antecedente histórico a
Súmula da Jurisprudência Dominante do Supremo Tribunal Federal, surgida em
1963 e idealizada pelo então ministro do STF Victor Leal Nunes. Seu objetivo foi o
de formalizar o entendimento do STF sobre questões que apresentavam
controvérsias e sobre as quais o STF havia uniformizado interpretação. O instituto foi
pensado para desafogar os trabalhos da corte que se via diante de inúmeros casos
idênticos a espera de julgamento.
As súmulas persuasivas, como ficaram conhecidas, passaram a ser editadas
em diversos tribunais país afora. Cabe ressaltar que estas súmulas servem de fonte
para que os julgadores balizem suas decisões, inexistindo a obrigatoriedade de
segui-las, o que permite autonomia para os magistrados decidirem de maneira
diferente do que dispõe o enunciado de determinada súmula. Já as Súmulas
Vinculantes, trazidas pela “reforma do judiciário”, como o próprio nome sugere, são
consideradas obrigatórias.
A Súmula Vinculante está regulamentada pela lei 11.417/2006 e encontra-se
em vigor desde 20 de março de 2007. Referida lei disciplina o art.103-A da
Constituição de 1988, incluído pela Emenda Constitucional 45/2004. Trata-se de
uma inovação processual, na época saudada por operadores do direito de todo o
mundo. Cabe destacar que o Brasil adota o sistema jurídico Civil Law, no qual os
preceitos escritos são as principais fontes do direito e que a prevalência de decisões
anteriores como fonte primeira do direito é tradição do sistema denominado
Common Law.
Os esforços envidados pelo legislador brasileiro no sentido de dar maior
agilidade ao poder judiciário, historicamente altamente demandado, merecem nosso
reconhecimento. Não obstante, devemos lembrar da heterogeneidade existente em
nosso país, com dimensões continentais e que apresenta diversas culturas e
costumes diferentes. As padronizações trazidas pelas súmula vinculante, neste
contexto, podem não considerar as peculiaridades regionais percebidas nos casos
concretos.
O objetivo do presente trabalho é verificar em que medida o instituto da
Súmula Vinculante, tal como foi proposto e vigora em nosso ordenamento jurídico,
interfere no regular andamento processual, em especial se existe
inconstitucionalidades na sua concepção à luz do princípio do devido processo legal,
ao princípio do livre convencimento do juiz, ao princípio da ampla defesa e outros.
Além disso, buscou-se verificar a contribuição do instituto para a efetividade do
andamento dos trabalhos do judiciário. 
Cabe informar que a pesquisa a ser realizada no presente trabalho será do
tipo bibliográfica eis que serão utilizados livros, textos legais, materiais
disponibilizados na internet e teses científicas. A pesquisa será de natureza aplicada,
na medida em que se pretende gerar conhecimento para a aplicação prática dirigido
a solução de problema específico. 
 
 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os debates e as divergências acerca do institutoda súmula vinculante estão
presentes no meio acadêmico e em alguns setores da sociedade. Nos meios
acadêmico e científico surgem trabalhos que enriquecem as discussões e
proporcionam uma análise crítica acerca da contribuição desta inovação trazida pela
emenda constitucional 045/2004. Pretende-se apresentar aqui quatro conceitos,
como destaque, além de outras referências, na sequência do trabalho, de autores
que contribuem de maneira importante para o debate.
Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil entre os anos de 1963 e 1969,
o eminente jurista Evandro Cavalcanti Lins e Silva, quando tratou do instituto da
súmula vinculante, abordou uma das principais questões causadoras de
controvérsias, qual seja, a devida separação das atribuições dos poderes do estado.
Segue um trecho que merece destaque: 
"Em nosso sistema, a fonte primária do direito é sempre a lei, emanada do
Poder Legislativo, para isso eleito pelo povo diretamente. Os juízes não têm
legitimidade democrática para criar o direito, porque o povo não lhes
delegou esse poder. A sua função precípua, na organização estatal, é a de
funcionar como árbitros supremos dos conflitos de interesse na aplicação
da lei. (Silva, 1997).
 De fato, na doutrina brasileira temos diversos autores a afirmar que o Poder
Judiciário extrapola suas funções ao editar súmulas vinculantes, tendo em vista que
estas regulam as futuras decisões jurisdicionais e até mesmo os atos da
Administração Pública, invertendo nosso modelo jurídico-político.
 Vale ressaltar que as críticas dirigidas ao instituto da súmula vinculante dizem
respeito não só a possível invasão do Poder Legislativo por parte do Poder
Judiciário, que comprometeria a necessária divisão dos poderes, conforme
vislumbrada por Montesquieu. Elas dizem respeito, também, ao eventual
engessamento do direito e quebra da autonomia do juiz.
Argumentando contrariamente à implementação da súmula vinculante, por
entender que o direito deve ser flexível e se amoldar às novas realidades, o
eminente professor Estevão Mallet já vislumbrava, anos antes da Emenda
Constitucional 45/2004, o perigo de se engessar o direito:
“Ademais, como prevalece o entendimento de que a sentença não cria
direito novo, apenas interpreta direito já existente, acabará a jurisprudência
obrigatória, forçosamente, por ser invocada mesmo de modo retroativo,
para situações ocorridas antes até de sua consolidação, o que – não é difícil
perceber – compromete consideravelmente a estabilidade das relações
sociais e mesmo a segurança dos cidadãos. De outra parte, parece
inegável que decisões judiciais obrigatórias enrijecem, ainda mais, o
sistema legal, por natureza pouco flexível, tornando mais complexas as
inevitáveis e necessárias adaptações da lei às novas realidades.” (Mallett,
1997).
 Na contramão das contundentes críticas ao instituto em tela, vários autores
defendem a súmula vinculante, atribuindo-lhe importante papel para desafogar o
poder judiciário brasileiro, assoberbado nos diferentes graus de jurisdição.
Raciocinando de maneira totalmente oposta aos críticos, os defensores argumentam
que decisões padronizadas garantem maior segurança ao jurisdicionado tendo em
vista o elevado grau de previsibilidade do resultado das decisões judiciais. Neste
sentido escreve o professor e advogado Rodolfo Camargo Mancuso:
“A utilidade maior que se pode alcançar através da súmula vinculante é a da
realização prática do binômio justiça-certeza, que constitui o cerne do
próprio Direito e a razão de ser da atividade judiciária do Estado. Se não foi
para eliminar a incerteza, e se não houver uma razoável previsibilidade no
julgamento, a partir dos parâmetros que o próprio Direito oferece, então não
se compreende a existência de tão vasto ordenamento jurídico, nem tão
pouco se justifica a manutenção do dispendioso organismo judiciário do
Estado. Assim, se dá porque, ao contrário da filosofia, onde os grandes
temas são abordados abstratamente, e até hipoteticamente, já ao Direito
não basta a singela digressão teórica, sendo absolutamente necessária
uma política de resultados, em que o Estado-juiz desempenhe o poder-
dever de outorgar, em tempo razoável, e de modo isonômico, a cada um o
que é seu.” (MANCUSO, 2001).
Conforme já mencionado, a súmula vinculante é objeto de constantes
debates. Há os que defendam sua existência não só pela previsibilidade do Direito
que traz segurança aos jurisdicionados mas, também, pela possibilidade de maior
celeridade dos julgamentos, na medida em que impedem novas ações e recursos
sobre questões sedimentadas no STF. Sai em defesa da súmula vinculante o
procurador de Justiça aposentado Diomar Bezerra Lima:
“Com o respeito à jurisprudência sumulada do STF e dos tribunais
superiores, busca-se efetivar a uniformidade jurisprudencial, indispensável à
boa distribuição da justiça, representada pela estabilidade jurídica e a pronta
solução das demandas, poupando-se as partes de ônus injustificáveis e de
prestação jurisdicional que se poderia e deveria evitar. A consciência do
dever de imprimir celeridade ao processo, sem sacrifício da segurança
jurídica, por si só já justificaria o acatamento, pelos magistrados das
instâncias inferiores, aos precedentes judiciais como forma de solucionar
rapidamente o litígio. Se, contudo, à orientação fixada pelos tribunais
superiores são recalcitrantes e não se curvam, espontaneamente, os juízes,
no cumprimento do dever de 'velar pela rápida solução do litígio' (artigo 125,
II, do CPC), que se criem, pela via legislativa, os meios adequados à
consecução desse objetivo, e a súmula com efeito vinculante cresce em
importância e utilidade para a solução do grave problema que tanto tem
gerado perplexidade com acentuado desprestígio ao Poder Judiciário diante
da sociedade.(LIMA, 2000, p. 53), 
Ao revisar o que já foi escrito acerca do tema da pesquisa, deparamo-nos
com críticas bem fundamentadas que reconhecem a importância da súmula
vinculante no Direito brasileiro sem, contudo, esquecer que os objetivos pensados
por ocasião da reforma do judiciário ainda estão longe de serem alcançados.
Entendemos que o instituto em tela não põe em risco a necessária tripartição dos
poderes, tampouco a independência funcional do juiz. Conforme veremos a seguir,
as súmulas vinculantes não causam o engessamento do direito mas sim seu
desenvolvimento.
DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.
Após detida análise acerca do instituto da súmula vinculante no direito
brasileiro, considerando os questionamentos relativos a sua constitucionalidade
além da análise de sua fundamentação e, ainda, após buscar eventuais benefícios
advindos desta inovação no nosso direito, passamos a apresentar os resultados
obtidos e descrevê-los brevemente:
– Análise de eventual inconstitucionalidade da súmula vinculante.
As críticas à súmula vinculante são de tal sorte abundantes que tornou-se
imprescindível uma análise dos principais pontos controversos a fim de se verificar
eventuais inconstitucionalidades do instituto. A conclusão obtida é de que a súmula
vinculante não põe em risco a necessária tripartição dos poderes, não fere os
princípios da independência funcional do juiz, da legalidade, do acesso ao Poder
Judiciário ou devido processo legal. Enfim, o instituto da súmula vinculante é
constitucional.
 – Aplicação das súmulas vinculantes no processo civil.
Neste item verificou-se que o Código de Processo Civil de 2015 passou a
tratar formalmente do instituto da súmula vinculante. De fato, o artigo 927 elenca o
que deve ser observado pelos juízes e tribunais a fim de se evitar demandasque já
foram tratadas pelos tribunais superiores. O inciso II do artigo citado explicita a
necessária observância da súmula vinculante, restando demonstrado que o
legislador considerou esta ferramenta criada na reforma do judiciário importante
protagonista para a racionalização das demandas levadas àquele poder. Oportuno
ressaltar que a observância da jurisprudência busca evitar "aventuras jurídicas”
patrocinadas sem que exista o mínimo razoável de fundamentação para as
demandas
– Apresentação de estatísticas acerca de processos em tramitação, novos
casos e processos baixados, nas diversas esferas da justiça brasileira.
Considerando que um dos principais motivos ensejadores da criação da
súmula vinculante foi a busca por maior celeridade no andamento dos processos,
foram levantados dados estatísticos com vistas a verificar eventuais impactos da
súmula vinculante nos números de processos em tramitação no judiciário brasileiro. 
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos na pesquisa que ora se apresenta permitem concluir
que a súmula vinculante foi uma importante e legítima inovação trazida para o direito
brasileiro, que repercute de maneira positiva na medida em que impede aventuras
jurídicas no poder judiciário, entretanto, sua missão de diminuir significativamente o
número de demandas ainda não foi alcançada. 
De início, cabe ressaltar que o enfrentamento do problema relativo à
morosidade da justiça brasileira torna-se cada vez mais difícil, principalmente em
razão do aumento do número de novos processos, distribuídos diariamente. Todos
conhecemos histórias de “processo que demorou demais para o juiz dar uma
decisão” e já ouvimos falar de alguma empresa que “ficou anos respondendo
processo na justiça”. A morosidade é um fato reconhecido pelo próprio poder
judiciário. Não obstante isso, o último relatório do CNJ denominado Justiça em
números, referente ao ano de 2017, apresenta alguns bons resultados como
veremos mais adiante.
Percebe-se que existe uma concentração de esforços para resolver os
processos em tramitação no Brasil. Apesar de não resolver o problema da
morosidade da justiça, a súmula vinculante é, sim, uma importante ferramenta para
ajudar a amenizar a situação. Cerca de 81 milhões de processos encontram-se
pendentes nas instâncias da justiça brasileira. Estes números seriam maiores não
fossem os esforços concentrados. 
Com relação à alegada inconstitucionalidade do instituto da súmula
vinculante, forçoso apresentar algumas ponderações. No que se refere a necessária
e imutável tripartição dos poderes do Estado (art.60, §4º, inciso III da CF), a súmula
vinculante não fere este princípio tendo em vista que sempre houve o
entrelaçamento da atuação dos poderes, devido à complexidade das demandas
sociais do estado moderno. Neste contexto, o Poder Legislativo, precipuamente,
exerce a função de legislar e, subsidiariamente, julga e administra. O Poder
Judiciário, em primeiro lugar, julga, e o Poder Executivo, na mesma linha de
pensamento, primordialmente, administra. Entretanto, todos os poderes exercem
funções subsidiárias. Ademais, a súmula vinculante é norma de interpretação de
uma lei, não uma lei propriamente dita, haja vista que não há processo de criação de
lei na edição de súmula vinculante, mas sim a formalização de entendimentos
acerca de determinadas matérias aplicados pelo próprio poder judiciário. Desta
forma, também não há que se falar em ofensa ao princípio da legalidade.
Tratando-se da independência funcional do juiz, cabe ressaltar que o
magistrado é intérprete qualificado que, no entanto, não pode fugir das fontes do
direito. A independência e a liberdade do juiz não são absolutas. De fato, o
profissional em questão está subordinado à ciência jurídica. O direito apresenta
múltiplas fontes de conhecimento, da qual fazem parte a jurisprudência e as súmulas
vinculantes, que derivam de decisões tomadas repetidas vezes pelo próprio poder
judiciário e visam dar mais celeridade ao processo. Consideramos impertinentes
todas as alegações acerca da inconstitucionalidade do instituto, das mais
controversas, abordadas acima, até as mais absurdas como as que sugerem ofensa
ao devido processo legal e impedimento de acesso ao judiciário. Ora, se a demanda
já está esclarecida, para que litigar?
Superadas as questões relativas à constitucionalidade da súmula vinculante,
passemos a abordar a importância do instituto no Direito Processual Civil. De início,
cabe destacar que a Constituição de 1988 trouxe novos paradigmas para o direito
brasileiro, eis que passou a condicionar a legislação, a jurisprudência, a doutrina e a
política. O advento da Constituição também fez aumentar o acesso dos cidadãos ao
direito, ocasionando o aumento do número de ações sobre matérias repetidas.
Desta forma, a jurisprudência alcançou novo patamar dentro das fontes do direito e
a aproximação com o pensamento jurídico do Common Law virou realidade.
O Código de Processo Civil de 2015 ajudou a fortalecer a jurisprudência dos
tribunais. Além disso, inovou os mecanismos de “julgamento por massa” tendo em
vista a previsão de vinculação das decisões proferidas pelos tribunais superiores. De
fato, a legislação processual formalizou o dever dos tribunais de uniformizar sua
jurisprudência (art. 926), com decisões que se submeterão a efeitos vinculantes (art.
927). Percebe-se que o diploma legal possui a clara intenção de concentrar o poder
jurisdicional nas mãos dos tribunais superiores:
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la
estável, íntegra e coerente.
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento
interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua
jurisprudência dominante.
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às
circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução
de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e
especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados.
Importante frisar que a aplicação do precedente, por analogia, a casos
semelhantes, deve ser balizada pelas razões que fundamentaram a decisão. As
partes e os magistrados devem ter o cuidado de não invocarem os precedentes de
maneira desconexa com as circunstâncias que lhe deram origem. Neste ponto o
CPC dispõe acerca da fundamentação das decisões judiciais. Nos incisos V e VI, do
§ 1º do art. 489 está previsto que:
Art. 489. (...)
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
A crescente necessidade de se conferir maior celeridade às demandas
repetitivas figura como uma das principais causas de convergência entre o Civil Law
brasileiro e o Common Law, sendo a súmula vinculanteum importante exemplo.
Conforme mencionado anteriormente, a súmula vinculante presta um importante
papel na racionalização das demandas levadas ao judiciário. No gráfico abaixo são
apresentados os números referentes a casos novos e processos baixados na justiça
brasileira, nas suas diversas esferas e segmentos
No final do ano de 2017 o judiciário contabilizava 80,1 milhões de processos
em andamento. A boa notícia é que o último ano apresentou o menor crescimento do
passivo de processos desde 2009. No gráfico é possível verificar que o número de
casos novos foi menor do que processos finalizados. Outra boa notícia diz respeito à
produtividade dos magistrados. Houve uma aumento de processos julgados pelos
juízes brasileiros. Na média, cada magistrado decidiu 1819 processos, o que
equivale a mais 7 ações por dia.
 A divulgação dos dados referentes à justiça brasileira é bastante importante
para que a sociedade perceba a evolução do poder judiciário. Neste sentido,
informações relativas aos motivos da litigância em nosso país merecem um
tratamento mais direcionado. Instituições do poder público municipal, estadual e
federal; bancos; instituições de crédito e prestadoras de serviços de telefonia e
comunicações são os órgãos que mais aparecem nos processos. Para que
tenhamos um melhor desempenho da justiça, é preciso que o poder público esteja
melhor estruturado para cumprir com sua missão, evitando o litígio. A judicialização
da política é uma realidade que precisa ter suas causas tratadas de maneira
eficiente. A súmula vinculante veio pra ajudar a tornar a justiça mais eficiente,
entretanto, está longe de ser a solução para os problemas do judiciário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O instituto da súmula vinculante foi pensado para evitar que demandas
repetidas abarrotem o poder judiciário. Entendemos tratar-se de uma importante e
legítima medida para o melhor desempenho deste poder. Ocorre que o instituto em
tela não pode ser considerado a solução para o problema mas sim uma ferramenta
que ajuda a racionalizar os casos levados à justiça. 
Tendo em vista as constatações feitas, torna-se imprescindível nos
conscientizarmos, cada vez mais, da importância de se contar com instituições
funcionando de maneira plena e eficiente. O grande número de demandas levadas
ao poder judiciário se deve, em parte, à incompetência do Estado em cumprir os
preceitos constitucionais. Os cidadãos estão recorrendo cada vez mais à justiça para
terem seus direitos respeitados. Além disso, grandes empresas prestadoras de
serviços frustram direitos dos usuários que, insatisfeitos, recorrem à justiça.
Decisões padronizadas garantem maior segurança ao jurisdicionado tendo
em vista o elevado grau de previsibilidade do resultado das decisões judiciais. No
âmbito do processo civil, a súmula vinculante ganhou força e importância ao ser
tratada formalmente no Código de 2015. O Brasil precisa se estruturar para se evitar
enxurradas de ações judiciais. A súmula vinculante, neste contexto, é importante
mas insuficiente.
REFERÊNCIAS
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Súmula Vinculante no Brasil. Disponível em: <
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/180414/historico_processo_legi
slativo.pdf?sequence=1> Acesso em 04 de abril de 2018.
PINHEIRO, Rodrigo Paladino. A súmula Vinculante. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2375> Acesso em 05 de abril de 2018.
MENDES, Gilmar. A reforma do sistema judiciário do Brasil: elemento
fundamental para garantir segurança jurídica ao investimento estrangeiro no
país. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/portalStfAgenda_pt_br/an
exo/discParisport1.pdf> Acesso em 10 de abril de 2018.
SILVA, Evandro Lins e . Crime de Hermenêutica e súmula vinculante. Consulex nº
5, 1997. Disponível em: <http://campus.fortunecity.com/clemson/493/jus/m05-
011.htm>. 
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Divergência Jurisprudencial e súmula
vinculante. 2.ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. 
MALLET, Estevão. Algumas linhas sobre o tema das súmulas vinculantes.
Revista Consulex, nº 11, 1997. 
LIMA, Diomar Bezerra. Súmula Vinculante: uma necessidade. In:Revista Síntese 
de Direito Civil e Processual. n. 05, p. 53, mai./jun. 2000. 
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http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/08/44b7368ec6f888b383f6c3de40c
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MENDES, Maria Cristina Barbosa . Súmula Vinculante. Análise do regime
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https://jus.com.br/artigos/35339/sumula-vinculante/4> Acesso em 25 de agosto de
2018.
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/08/44b7368ec6f888b383f6c3de40c32167.pdf
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/08/44b7368ec6f888b383f6c3de40c32167.pdf
FARIA, Marcelo Pereira. Súmula vinculante: argumentos contrários e a
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PEDRO, Bruno Lessa Pedreira São. Reflexões acerca da súmula vinculante no
Brasil. Disponível em <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11962> Acesso em 18 agosto de 2018.
CÁRMEN Lúcia Antunes Rocha. Sobre a Súmula Vinculante. Revista de
Informação Legislativa; Brasília a. 34 n. 133 jan./mar. 1997 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/24503/sumula-vinculante-argumentos-contrarios-e-a-favoraveis-do-instituto-marcelo-pereira-faria
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