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TCC LICENCIATURA - ANDRESSA LUIZA DE OLIVEIRA E TAMIRES DO CARMO DE OLIVEIRA

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ANDRESSA LUIZA DE OLIVEIRA
TAMIRES DO CARMO OLIVEIRA
 
 
A INSERÇÃO DE UM ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO DE CASO
 
 
Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso da Escola Superior de Cruzeiro como um dos requisitos para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física. 
Orientadora: Prof.ª Esp. Marcela Avellar 
 
 
 
 
 
 ESC - Cruzeiro 2020 
ANDRESSA LUIZA DE OLIVEIRA 
TAMIRES DO CARMO OLIVEIRA
 
A INSERÇÃO DE UM ALUNO COM PARASILIA CEREBRAL 
NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso da Escola Superior de Cruzeiro como um dos requisitos para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Orientadora: Prof.ª Esp. Marcela Avellar 
Cruzeiro, aprovado em de Junho de 2020.
BANCA EXAMINADORA
Profª Esp. MARCELA AVELLAR
Escola Superior de Cruzeiro
Profª. Me. TAÍSE ELEN LOPES
Escola Superior de Cruzeiro
Prof. Dr. EMÍLIO CIPOLLI
Escola Superior de Cruzeiro
Dedico esse trabalho primeiramente à Deus, que me deu forças para que minha meta de conclusão deste curso fosse obtida com êxito. Em especial dedico a minha família, que mesmo diante de muitas dificuldades, sempre me apoiou nessa realização. Dedico também a todos que de alguma forma fizeram parte desse longo processo que foi minha graduação. 
(Andressa Luiza de Oliveira) 
Primeiramente agradeço a Deus por abençoar ao decorrer desta caminhada, pois é não fácil, mais com muita força e fé está aqui concluindo o curso de licenciatura. Em especial aos meus pais que me deram todo o apoio, é para eles que decido esse trabalho.
(Tamires do Carmo Oliveira)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Só sei que nada sei, 
aceitar que és ignorante é o primeiro passo para a sabedoria.” 
(Sócrates) 
OLIVEIRA, Andressa Luiza de. OLIVEIRA, Tamires do Carmo. A Inserção de um aluno com paralisia cerebral na aula de Educação de Física. 2020. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em Educação Física, Escola Superior de Cruzeiro, Cruzeiro, 2020. Orientadora: Prof. Esp. Marcela Avellar. 
 
A Paralisia Cerebral (PC) não é considerada uma doença, e sim, um distúrbio ligado a vários tipos de anomalias motoras, e suas manifestações se iniciam nos períodos natal e pós-natal. A principal característica da PC é a disfunção motora, causada por lesões que comprometem desde o córtex motor até o neurônio motor da medula espinhal. Quanto à inclusão, é preciso que seja compreendido o grau de deficiência de cada portador, e que essa inclusão seja benéfica no seu crescimento social e educacional, e que a escola traga meios de infraestrutura para ajudar ainda mais esse portador quanto à sua acessibilidade. Neste contexto, o presente estudo teve o objetivo de verificar como ocorre a inserção de um aluno com Paralisia Cerebral na aula de Educação Física, em uma escola municipal localizada no município de Itatiaia/RJ. Para tanto, foi realizada uma entrevista semiestruturada com questões abertas direcionadas a cada um dos integrantes da amostra selecionada, a qual foi composta pela comunidade escolar sendo 01 aluno com paralisia cerebral inserido no ensino fundamental 1, a diretora, a professora de Educação Física, a cuidadora, professora de AEE (acompanhamento educacional especializado), 01 colega de classe e também o responsável legal pelo aluno. Para a diretora a instituição é uma escola de inclusão, e que ao receber um aluno com PC é como se estivesse recebendo uma criança normal. Os professores de Educação Física e de AEE identificaram possibilidades de ação conjunta, tendo em vista que o conhecimento e a prática andam juntos para melhor atender o aluno. Por fim, foi possível refletir que a inclusão por sua vez se encontra engatinhando em uma longa caminhada, pois no caminho a ser percorrido, encontram-se muitas dificuldades. Mesmo assim, a busca de melhores condições educacionais não pode cessar. 
 
Palavras-chave: Educação Física escolar; inclusão; paralisia cerebral. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
AEE: ACOMPANHAMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 
BNCC: BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 
EF: EDUCAÇÃO FÍSICA 
LDB: LEI DE DIRETRIZES E BASES 
PC: PARALISIA CEREBRAL 
PCN: PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	8 
REVISÃO DE LITERATURA	10 
1 Educação Física: Breve Histórico	10
1.1 Tendências que influenciaram o surgimento da Educação Física	11
2 A Educação Física Inclusiva	16
3 Paralisia Cerebral	20 
3.1 Definição de Paralisia Cerebral	20 
3.2 Etiologia e implicações da Paralisia Cerebral	22 
3.3 Implicações motoras da Paralisia Cerebral	23 
OBJETIVOS	26 
METODOLOGIA	27 
RESULTADOS E DISCUSSÃO	29
CONSIDERAÇÕES FINAIS	36 
REFERÊNCIAS	37 
APÊNDICES	40
ANEXO	42 
 
INTRODUÇÃO
 
Segundo Limongi (1998), a paralisia cerebral (PC) é uma incapacidade neurológica causada por uma lesão no cérebro que não ocasiona somente a perda do controle muscular e sua funcionalidade, ela também provoca uma série de problemas na parte sensorial da pessoa; problemas estes que ocorrem até os dois anos de idade, em um período de extrema importância na maturidade neurológica, onde as principais referências motoras e perceptivas se afloram. Essa lesão não é progressiva, mas no decorrer do desenvolvimento físico da criança com paralisia cerebral, modificações podem sim ocorrer em seus padrões motores, denominados de ‘anormais’, ocasionando sequelas para a vida toda. 
Anos passados os deficientes eram excluídos, renegados e inferiorizados. Nos dias de hoje, com mais oportunidades de participação, nota-se também grande progressão e maior integração dos mesmos á vida em sociedade. Acredita-se que em daqui a alguns anos, diferentes formas de limitação serão realmente respeitadas e compreendidas dentro de sua complexidade, visando assim, o desenvolvimento de respeito mútuo e um sentimento de solidariedade em relação ao próximo. 
A escola, portanto, tem um papel fundamental neste cenário, em especial, quando consideramos a disciplina Educação Física e suas possibilidades de adaptação a Indivíduos diferenciados. Segundo Cidade e Freitas (2002), a Educação Física Adaptada dentro da Educação Física tem como objetivo a incluir pessoas com deficiência, aplicando metodologias de ensino coerentes de acordo com a característica de cada indivíduo e respeitando suas limitações. A inclusão nas aulas de Educação Física é de extrema importância para todos, pois tal disciplina apresenta diversas contribuições essenciais para o desenvolvimento dos alunos. 
Sendo assim o presente estudo em seu primeiro capitulo abordará as constantes evoluções da Educação Física através de um breve histórico. 
 Já o segundo capítulo cita a Educação Física inclusiva relevando as importâncias das adaptações as conquistas, benefícios e a contribuição da inclusão através das aulas de Educação Física. 
Finalizando com o terceiro capítulo que tratará o conceito de Paralisia Cerebral abordando sua etiologia e implicações. 
 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
1 Educação Física Escolar: Breve histórico 
A história da Educação Física não se faz sozinha, ela caminha de braços dados com momentos históricos do país, ou seja, influenciada pelas dimensões políticas, sociais e econômicas do mesmo. A Educação Física aplicada ao contexto escolar enfrentou ao longo dos anos, uma série de mudanças e transformações. Tais mudanças impactaram de modo significativo nos conteúdos, objetivos e estratégias para o ensino desta disciplina no Brasil. No ano de 1851 a Educação Física teve sua inserção na escola com a Reforma Couto Ferraz que a tornou obrigatória nas escolas dos municípios da corte (BETTI, 1991). 
Segundo Betti (1991) já no ano de 1920, estados da federação começaram a realizar suas reformas educacionais incluindo a Ginástica na escola. Ginástica era como a atual Educação Física era chamada na época. Entre as décadas de 1920 até 1950 foram criados osprimeiros cursos de formação em Educação Física, pois houve necessidade de criar especialista com formação específica para assim compreender melhor no que essa disciplina se constitui e com isso, conseguir atender a todos da sociedade já escolarizada. 
Passado os anos, Darido e Rangel (2005) citam que em 1882 O Projeto 224- Reforma Leôncio de Carvalho, relatado por Rui Barbosa, buscava instituir a prática da Ginástica em todas as escolas de ensino normal e estender a obrigatoriedade de tal prática para ambos os sexos. Uma resistência se inicia nesse processo com pais de alunos do sexo feminino que repugnavam qualquer participação de suas filhas em exercícios físicos, dizendo não ser condizente tal prática para “moça direita”. Daólio (1995) confirma tal fato citando que havia alunas que repudiavam a prática de exercícios físicos por se considerarem 
[...]“desengonçadas”, inaptas (elas e seus corpos “de antas”). Desta forma, esses comportamentos praticados todos esses anos cria-se uma naturalização social onde a participação de “homens” na Educação Física é mais comum do que a participação de mulheres. (p. 99). 
A Educação Física já estava sendo relacionada logo na primeira lei de nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 da LDB (Lei de diretrizes e bases) e era obrigatória nos cursos até 18 anos (BRASIL, 1961). Apoiada fortemente nas instituições médica e militar, a Educação Física entra nessas escolas com uma proposta de educar a população através da educação corporal, ou seja, disciplinar o comportamento social (atitudes, hábitos, valores etc), a partir do controle do corpo, da prática de atividades físicas, desportivas e lúdicas para a produção e para o desenvolvimento do país. 
Em 1988, a Constituição Federal trouxe mudanças efetiva nos aspectos sociais, Neves diz que: 
A Constituição de 1988 tentou dar conta das profundas mudanças ocorridas em nosso país na economia, nas relações de poder e nas relações sociais globais, nos últimos 20 anos, introduzindo temas, redefinindo papéis, incorporando às instituições sociais segmentos historicamente marginalizados, sem, no entanto, alterar substantivamente as relações sociais vigentes. (1999, p. 99) 
No ano de 1996, a LDB, em seu artigo 26º, parágrafo 3º determinou que “A Educação Física integrada à proposta pedagógica escolar é componente obrigatório do currículo da Educação Básica”. (BRASIL, 1998)
 
1.1 Tendências que influenciaram o surgimento da Educação Física 
A Educação Física tem sido influenciada desde o século retrasado por tendências que contribuíram para estabelecer seu papel juntamente às demais disciplinas escolares. Na tendência militarista, Ramos (1982) cita que a Educação Física escolar tinha como foco formar militares. Com intenção de sistematizar a ginástica nas escolas, surgem os métodos gímnicos (ginástica). Vindos de escolas suecas, francesas e alemãs o método militarista e higienista tinham como foco a utilização de exercícios físicos para aquisição e manutenção da higiene física e moral (Higienismo), e o preparo dos indivíduos fisicamente para o combate (Militarismo) (DARIDO; RANGEL, 2005). 
Ambas as tendências estavam baseadas em princípios anátomofisiológico com foco da construção de um homem submisso e acrítico a realidade do Brasil daquela época. A tendência Higienista que ocorreu de 1850 a 1930 tinha como finalidade melhoria das funções orgânicas e formação das qualidades motoras através de aulas práticas de ginástica, a elite da época usava a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas no sentido de promover e fiscalizar a higiene corporal dos mesmos. 
Ramos (1982) cita que após a 2º Guerra Mundial (1964, início da Ditadura no Brasil), a Educação Física tinha caráter calistênico e gímnico do Brasil república. 
Uma das importantes medidas que impactaram a EF no período contemporâneo é a obrigatoriedade da Educação Física/Esporte no ensino do 3º grau, por lei nº 705/69 (BRASIL, 1969). 
Para Castellani Filho (1998), esse decreto lei nº 705/69 (BRASIL, 1969), tinha como propósito favorecer o regime militar desconstruindo o movimento estudantil que era resistência contra esse mesmo regime. 
E com isso, Darido e Rangel (2005) ainda citam que o esporte era usado como forma de distrair os cidadãos para os assuntos políticos da época, ou seja, quanto mais tempo usado para prática de exercícios físicos menos tempo para buscar conhecimento da vida política do país. 
Na década de 1970, o modelo esportivista, também chamado de mecanicista, tradicional e tecnicista começou a ser criticado. O modelo esportivista ainda está presente nas escolas atuais. (DARIDO, RANGEL, 2005). 
Já o Higienismo foi uma tendência pedagógica delineada no final do século XIX. No período da Guerra Mundial, o nível de saneamento básico era precário. 
Segundo Ghiraldelli Júnior (1988), o desenvolvimento da Educação Física higienista estava preocupado com problemas que tais condições poderiam trazer a população trabalhadora na época em que a indústria crescia no país. A indústria teve um grande impulso, porém a urbanização não conseguiu acompanhar a infraestrutura das grandes cidades trazendo assim um cenário com muitas doenças, altos índices de mortalidade infantil e uma série de problemas com o saneamento básico. Assim, a população foi removida para o interior das capitais com intuito de evitar proliferação de doenças. 
Segundo Soares (2004) “O que tornava o povo miserável, doente, degenerado mentalmente e fisicamente eram condições de vida e de trabalho impostas pela capital”. A Educação Física foi considerada de certa forma um instrumento de reverter à situação atual com influência de médicos-higienistas. (VAGO, 1999) 
Ainda segundo Soares (2004) tanto os médicos quanto os pedagogos acreditavam na regeneração da sociedade através da educação, pois o âmbito educacional é capaz de formar hábitos de vida saudável. 
Os instrumentos da Educação Física, corpo e movimento são responsáveis pelo desenvolvimento físico e moral a partir do exercício (DARIDO; RANGEL, 2005). 
No século XX surge a tendência Tecnicista com meta de programar um modelo empresarial na escola. Esse modelo busca ensinar os alunos por meio de treinamento. Na década de 70 a Educação Física sofre influências políticas. O governo militar investiu nessa disciplina em função do nacionalismo com o objetivo de formação de um exército composto por jovens fortes e saudáveis. 
Castellani Filho (1988) diz que as atividades esportivas foram consideradas importantes como melhoria da força do trabalho para o “milagre econômico brasileiro”. Temos como exemplo o uso da campanha da seleção brasileira de futebol em 1970 onde houve grandes crimes políticos. 
Em 1964 o Brasil era governado pelos militares que puniam rigorosamente pessoas que não concordavam com o governo da época e que de alguma forma expusessem contrariedade. Nesse período o Brasil tinha resultados expressivos no esporte, foi quando surgiu a tendência Esportivista. 
A Seleção Brasileira de futebol comemorava o tricampeonato no México em 1970. A Educação Física passa a ser sinônimo de esporte e pessoas menos habilidosas são excluídas de competições. Ferreira (2009) diz que a relação de professor e aluno passa a ser de técnico-atleta. 
Com as críticas ao modelo Esportivista na década de 70, surge uma tendência na qual o professor demonstra passividade contrastando com o estilo militarista, autoritário e que tinha o esporte como conteúdo principal. O modelo recreacionista surge por duas razões: a primeira porque passou anos discutindo sobre o que não fazer nas aulas de Educação Física e não foram apresentadas propostas de melhoria da mesma. A segunda é a falta de política pública que facilite o trabalho dos professores. (DARIDO, 2005). 
O professor passou a ser apoio apenas, permitindo que o aluno escolha a atividade a ser feita durante a aula e o professor cuidando apenas dos aspectos burocráticos como fornecer material e tempo da aula. 
No ano de 1997 surge o PCN (Parâmetro Curricular Nacional) que tem comoobjetivo auxiliar o professor na execução de seu trabalho ajudando assim as crianças obter o conhecimento necessário para seu desenvolvimento na sociedade. 
Constitui um referencial de qualidade na educação fundamental de todo o país. Tem propostas flexíveis, de acordo com as regiões e programas da realidade educacional, compreendidos pelo governo, escola e pelos professores locais. Sendo assim, não configuram um currículo impositivo e homogêneo. O mesmo busca organizar e garantir respeito às diversidades culturais, regionais, religiosas e politicas para que a educação possa atuar na construção de cidadãos com igualdade de direitos seguindo os princípios democráticos. Os Parâmetros curriculares nacionais (1998) trazem para reflexão e discussão três aspectos fundamentais que são os seguintes: Principio da inclusão, Principio da diversidade e Exploração da categoria de conteúdos:
 	O principio da inclusão é a sistematização voltada à inclusão do aluno na cultura corporal de movimento por meio da participação efetiva. Tem proposito de reverter à valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. Principio da diversidade orienta a escolha de objetivo e conteúdos, com proposito de ampliar conhecimentos da cultura corporal. Busca diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com as considerações afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. E Exploração da categoria de conteúdos é apresentada segundo sua categoria conceitual (princípios, fatos), procedimental (fazer, pratica) e atitudinal (valores, atitudes). O conceitual e procedimental tem uma grande proximidade. (BRASIL, 1998)
Já a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi elabora a luz do que diz o PCN, porém é mais específica (GUIMARÃES; SEMIS, 2017). A mesma começou a ser constituída em 2015 com finalidade de estabelecer conteúdos a serem aprendidos na Educação Básica. A BNCC como objetivo promover a equidade na educação, garantindo acesso aos mesmos conteúdos em todas as escolas do país revertendo assim à histórica exclusão social. Com proposito de melhorar a qualidade da educação a BNCC busca garantir o direito a uma educação que promova desenvolvimento com foco na formação de cidadãos participativos e críticos. 
Este documento se define da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional §1º do Artigo 1º (LDB, Lei nº 9.394/1996). No capítulo seguinte continuaremos a falar sobre a Educação Física e a importância da integração de todos que é dever da escola e direito do aluno, independente de qual deficiência o mesmo seja acometido, frequentar e ter uma educação de qualidade. É um benefício do cidadão e protegido por lei. 
 
2 A Educação Física Inclusiva 
 
Segundo Sassaki (1997) o conceito de Inclusão atualmente discutido passou por um processo de transformação sendo antes nomeado de Integração ou Mainstreaming. 
No decorrer deste processo de transformação, anterior ao estabelecimento do termo “Inclusão”, as políticas criadas não consideravam completamente a importância de incluir todos os alunos no processo educativo, gerando pequenas mudanças (SASSAKI, 1997). 
O corpo deficiente é a prova viva literal de como tratamos o que não é apto aos nossos padrões, para Marques (2001), existe uma forte tendência em se avaliar uma deficiência unicamente sobre o prisma biológico. Sendo assim, precisamos urgentemente reconfigurar as lentes com as quais olhamos o corpo. O corpo precisa ser visto a partir de sua complexidade, precisa criar uma sensibilidade a fim de percebermos que o deficiente é apenas diferente, e que o peso que carregou historicamente nos ombros foi por ser vítima de uma ciência que o taxou como “falhado”, como um corpo defeituoso, “uma peça quebrada”. 
Contudo, passado esse período, muitas ações se configuraram em prol da inclusão. São propostas de capacitação dos professores, adequação de estrutura física, iniciativas interdisciplinares com centro de apoio aos professores e família, entre outras, que tendem para um conjunto de ações que vêm, mesmo que precariamente, respaldando o processo de inclusão da pessoa com deficiência na rede regular de ensino. (CHICON, 2011; RODRIGUES, 2011). 
E todos os alunos sem exceção devem frequentar as salas de aula do ensino regular, por isso ela implica em uma mudança de perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. (MANTOAN, 1995)
O que se conceituava antes como “Integração” é caracterizado pelo momento em que a escola aceitava apenas as deficiências mais adaptáveis, sem que precisasse se reestruturar e sofrer modificações, apenas aceitando o deficiente e se mantendo invariável (SASSAKI, 1997). As pessoas com deficiência buscam na sociedade – nos moldes da Integração – um caminho próprio para que possam se desenvolver. 
A ideia de integração dos portadores de deficiência ganhou força em nosso país nas últimas décadas a partir da Constituição Federal de 1988, e tal fato abriu espaço para uma luta em prol da universalização do ensino, quando propõe no artigo 205, a educação como direito de todos e dever do Estado e da família e, adiante, no artigo 206, discorre sobre igualdade de acesso e permanência na escola. (BRASIL, 1988).
Para desenvolver um programa de inclusão, utilizando como meio a Educação física adaptada é de extrema importância que o professor de Educação Física tenha conhecimentos básicos relativos ao seu aluno como: tipo de deficiência que o aluno apresenta, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é transitória ou permanente e as funções e estruturas que estão prejudicadas. O professor deve também se atentar a diferentes aspectos do desenvolvimento humano biológico (físico, sensorial e neurológico), levando em conta interação social e afetivo-emocional (CIDADE, FREITAS; 1997). 
Fernandes (2007) observa que, paralela e contraditoriamente ao avanço da inclusão, uma rede de escolas especializadas, de caráter segregacionista, cresceu e se consolidou durante o último século em muitos países, inclusive no Brasil, mantendo acesa uma importante discussão a respeito do processo de seleção ou avaliação das deficiências e das potencialidades desse aluno. 
A Educação Física é caracterizada como uma área onde, fazendo-se pequenas adaptações, a participação de todos é possível e, independente das limitações apresentadas pelo aluno com deficiência, proporciona a interação entre os alunos e, consequentemente, a inclusão (DUTRA; SILVA; ROCHA, 2006). 
 	A prática de segregar as pessoas com deficiência foi constituída historicamente a partir das necessidades de sobrevivência de um meio hostil, mas se efetivou, de fato, entre as comunidades que adotaram uma estrutura de classes, privilegiando alguns de seus membros considerados mais eficientes no acúmulo de bens materiais (FERNANDES, 2007). 
 É importante ressaltar que a comunidade toda deve promover essa inclusão, ou seja, não parte só dos professores, mas também da direção, funcionários e comunidade onde a escola se localiza. Esse ato promove a inclusão social do ser independente de suas capacidades e com isso o mesmo se prepara para assumir seu papel na sociedade. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a diversidade no âmbito escolar é importante, pois garante o acesso a escola visando o ensino de qualidade. A escola tem o papel de tornar mais forte o respeito à diversidade, e a não aceitação da desigualdade, pois as diferenças devem ser vistas como um incentivo para que se cumpra uma educação de qualidade. 
Os PCNs também têm importante papel no processo de inclusão, pois foram criados com o objetivo de criar um vínculo entre a escola e a sociedade, além de ser um fator de extrema importância para a educação. No século atual, há uma expectativa que a escola forme cidadãos críticos, que participem das atividades dentro da sociedade, e que respeitem as diferenças (BRASIL, 1998). 
Souza (2019) diz quea escola com a educação Inclusiva, entende que é uma escola que atende as especificidades de todos os perfis de alunos, independentemente de suas condições físicas, sociais, econômicas ou capacidade. Mas infelizmente, muitos equívocos e erros são cometidos prejudicando a perspectiva inclusiva. Os equívocos partem da compreensão de conceitos básicos, como o de que a educação inclusiva se refere a todos e que a educação especial é voltada para os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Portanto, a educação especial deve acontecer na perspectiva inclusiva, mas a educação inclusiva abarca a inclusão de todos da escola, e não apenas a dos alunos público-alvo da educação especial. 
O planejamento do programa de educação física nas escolas inclusivas, adequado ao projeto político-pedagógico, deve ocorrer respeitando os princípios do desenvolvimento humano, atingindo a inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas regulares, por meio de amparo legal e com a responsabilidade social de não negligenciar a educação para essas pessoas de maneira adaptada. (SHAFFER, 2005)
Mazini Filho e colaboradores (2009) dizem que para atingir também a este público, a escola que se propõe inclusiva precisar sofrer uma readaptação dos papéis tradicionais dos professores e da equipe técnica. A pessoa portadora de deficiência, segundo esta autora, precisa de uma maior proximidade dos professores e que estes estejam aptos a perceber e a trabalhar com suas maiores dificuldades. Portanto, o suporte aos professores da classe comum é essencial para o bom andamento do processo de ensino-aprendizagem. A escola inclusiva precisa estabelecer uma nova infraestrutura de serviços, onde ela gradativamente irá criando uma rede de suporte para a superação das maiores dificuldades do deficiente. Para isto, ela precisa também de um ambiente educacional flexível, que vise o processo de aprendizagem das pessoas com deficiências. 
Segundo Ribeiro (1987), a educação física deve favorecer a qualquer criança, incluindo as com deficiências, o pleno desenvolvimento tendo como parâmetro a capacidade de cada um. Sendo assim o aluno deficiente deve ser incluído também nas aulas de educação física por apresentar necessidade de desenvolvimento motor. Afinal não devemos perder de vista que é uma das principais funções dessas aulas favorecerem o desenvolvimento social e afetivo do qual nenhuma criança pode ser privada.
 
 
 
 
 
 
 
3 Paralisia Cerebral 
 
A Paralisia Cerebral diz respeito a uma patologia que acarreta desordens físicas em crianças, durante os seus primeiros anos de vida e cujas sequelas permanecem ao longo dos anos. Embora não seja considerada progressiva, sua ocorrência afeta o ser humano de modo a ser necessário melhor defini-la, para que se possa compreender o presente estudo (MONTEIRO, 2011). 
 
3.1 Definição de Paralisia Cerebral 
 
Na Ciência, a primeira menção ao que se conhece atualmente por Paralisia Cerebral data de 1843, quando o cirurgião e ortopedista inglês doutor William John Little, observou uma desordem médica em crianças desde os seus primeiros anos de vida, que atingia o sistema nervoso causando espasticidade dos membros inferiores e superiores, sendo que nestes últimos em menor grau (ASSIS-MADEIRA; CARVALHO, 2009). 
Monteiro (2011, p. 27) destaca que “as crianças com Paralisia Cerebral habitualmente também tinham deficiência intelectual, distúrbio visual e convulsões”, além das consequências motoras dessa patologia. Percebe-se, assim, a grande extensão dessa patologia na vida da criança e do adulto, em termos de complicações derivadas dessa condição. 
O médico inglês, Dr Litlle, assinalou ainda que essa desordem do sistema nervoso dificultava movimentos tais como engatinhar ou andar, bem como a capacidade de segurar objetos, embora não tenha notado, ao longo dos anos, piora ou melhora no quadro. Estas mesmas complicações, hoje, são conhecidas como displegia espástica e se constituem uma das formas clínicas da Paralisia Cerebral, conforme apontam Assis-Madeira e Carvalho (2008). 
Em 1959, durante o Simpósio de Oxford, determinou-se que a expressão Paralisia Cerebral diz respeito a uma agressão ao sistema nervoso, caracterizando se, como consequência, por se tratar de um transtorno persistente, da postura, do tônus muscular, e do movimento, reafirmando-se seu surgimento durante a primeira infância e como diretamente secundário a lesão não evolutiva do encéfalo, influenciando na maturação neurológica. (MASSI, 2009). 
Nos dias atuais, a Paralisia Cerebral é denominada pela Ciência como uma “encefalopatia crônica não progressiva da infância”. Sua ocorrência se dá após uma lesão estática no período pré, peri ou pós nascimento da criança. Apresenta-se, portanto, na fase de maturação do sistema nervoso afetando-o. (MONTEIRO, 2011). 
Rosenbaum et al (2007) igualmente apontam a Paralisia Cerebral ocorrendo durante o desenvolvimento cerebral e que pode acontecer na fase fetal ou durante a infância e promove limitações significativas na funcionalidade do indivíduo. 
A Paralisia Cerebral acarreta na pessoa um conjunto de desordens em nível de postura e de movimento, desencadeando as limitações funcionais conforme a área afetada. Embora os distúrbios não sejam progressivos, ou seja, não se agravam com o tempo, eles podem ser mutáveis em razão das lesões no cérebro em formação. De acordo com Assis-Madeira e Carvalho (2009), em termos motores, na maior parte dos casos, os atrasos atingem alterações na fala, prejudicando a comunicação, cognição, assim como abrangem o comportamento, as funções sensoriais e abrigando também a possibilidade de crises convulsivas. 
Questões relacionadas à mobilidade e funcionalidade são importantes para o professor de Educação Física, visto que o seu trabalho todo está ligado à parte motora do corpo humano. Embora os distúrbios não obrigatoriamente estejam presentes em todos os casos de Paralisia Cerebral, não sendo encontradas evidências de correlação direta entre os repertórios neuromotor e o cognitivo, Rosenbuam et al (2007) apontam a possibilidade de se minimizar as sequelas dessa patologia com o emprego de tecnologia assistiva adequada a cada caso, incluindo aqui, o trabalho de atividade física individualizado e aplicado por um profissional devidamente habilitado na área. 
Com relação à prevalência e incidência de Paralisia Cerebral, são poucos os estudos realizados no Brasil. Fonseca (2011) projetou dados de acordo com pesquisas de países desenvolvidos dimensionando a sua presença em países em desenvolvimento. Enquanto no chamado primeiro mundo se encontra entre 1,5 a 5,9 casos de Paralisia Cerebral, para cada mil indivíduos nascidos vivos, no terceiro mundo a estimativa é de 7 portadores da patologia para a mesma proporção de nativivos. Atribui-se a diferença da magnitude da prevalência pelas condições precárias ou insuficientes de cuidados pré-natais e atendimento primário às gestantes. 
 
3.2 Etiologia e implicações da Paralisia Cerebral 
Em sua etiologia, a Paralisia Cerebral é observada como tendo causas múltiplas, sendo uma patologia multifatorial e cujo desenvolvimento comprovadamente ocorre nos períodos pré, peri ou pós natalidade. Esclarecendo melhor estas condições, Piovesana et al (2012), as condições presentes na Paralisia Cerebral englobam um grupo diversificado, quanto à etiologia, aos sinais observados clinicamente e ainda quanto à severidade dos comprometimentos possíveis. 
Enquanto fator pré-natal, estes autores citam falta de oxigênio e as infecções congênitas, por exemplo; na fase perinatal, eles observaram eclampsia e anorexia neonatal, entre outros e como fatores pós-natalinos foram encontrados traumas e infecções entre os principais eventos etiológicos. 
Assis-Madeira e Carvalho (2009) especificam como fatores pré-natais também as parasitoses, como a rubéola, toxoplasmose, herpes e HIV, assim como as intoxicações por drogas, de modo geral, traumatismos e doenças crônicas maternas (como hipotensão eanemia graves). Na fase perinatal, os autores apontam a precocidade da mãe, anomalias de placenta e do cordão umbilical, desproporção céfalo-pélvica, narcose e anestesia, já como fatores fetais se observam primogenidade, dismaturidade, má formações fetais, entre outros. No momento do parto, atesta-se para a Paralisia Cerebral o parto instrumental, duração do trabalho de parto e anomalias na posição do bebê. Após o precisam se considerados os distúrbios metabólicos, a exemplo da hipoglicemia e hipomagnesemia e as infecções, como a meningite por germes gramnegativos, os traumatismos craniencefálicos, as intoxicações e a desnutrição. 
Cans et al (2007) destacam entre os sinais clínicos observados na Paralisia Cerebral as alterações de tônus, a distribuição topográfica dos comprometimentos e a presença de movimentos atípicos. Considera-se a severidade do comprometimento de acordo com as limitações das atividades associadas à patologia e ainda deve-se considerar as prováveis comorbidades existentes. 
Outros pontos relevantes observados nos casos de Paralisia Cerebral dizem respeito a baixa idade da gestante, ao peso do recém-nascido ser considerado muito baixo, à hipóxia perinatal, à hemorragia intraventricular grave, assim como a isquemia cerebral, lesionando profundamente o cérebro e a leucoma lácia Peri ventricular ou subcortical, como fatores apontados por Himpens et al (2010). 
Dentre as implicações principais da Paralisia Cerebral, além do comprometimento motor, Rosenbaum et al (2007) detectaram distúrbios envolvendo a sensação, percepção e cognição, afetando visão, tato, audição e a capacidade do indivíduo interpretar as informações sensoriais ou cognitivas. Estas últimas consequências, entretanto, podem estar associadas tanto ao quadro da paralisia em si, como a distúrbios considerados secundários, como ocorre na limitação em atividades relacionadas ao aprendizado e ao próprio desenvolvimento sensorial. 
 
3.3 Implicações motoras da Paralisia Cerebral
Considerando-se a importância da motricidade para o profissional de Educação Física, que tem no corpo humano o seu principal instrumento de trabalho, seguem nesta seção considerações mais detalhadas acerca das complicações que podem atingir a parte motora do individuo acometido de Paralisia Cerebral. 
É possível classificar a Paralisia Cerebral, em relação aos distúrbios motores, em dois casos: pela disfunção motora presente, originária do quadro clínico, na qual se percebe os tipos extrapiramidal ou discinético, atáxico, misto e espástico e ainda também pela área afetada no corpo, observável através dos prejuízos, situação que inclui a quadri ou tetraplegia, monoplegia, diplegia ou paralisia e a hemiplegia. 
Sabe-se que a forma espástica é a mais presente na Paralisia Cerebral, compreendendo 88% dos casos. (CANS et al., 2007). 
Conforme descreve Fonseca (2011), na forma espástica, a Paralisia Cerebral apresenta tônus elevado, conhecido como “sinal de Babinski”, no qual os reflexos miotáticos, clônus e reflexo cutâneo plantar em extensão estão aumentados. Esse caso é mais freqüente em paralisias conseqüentes do nascimento prematuro já as formas discinéticas e atáxicas aparecem mais em crianças com nascimento a termo. (HIMPENS, 2010). 
Rosenbaum (2007) afirma que a forma discinética da paralisia cerebral consiste de movimentos e posturas atípicas quando a criança inicia um movimento voluntário. Neste caso, a tonicidade muscular apresenta-se muito variável, sendo desencadeada pelo movimento. Também é possível se observar a coreotetose, ou seja, o tônus instável e a presença de movimentos involuntários, derivados de lesão extrapiramidal especialmente nos núcleos da base. 
Já a coordenação dos movimentos é afetada na forma atáxica da paralisia. A criança apresenta aqui distúrbios de coordenação ocasionados pela dissinergia dos movimentos, traduzidos em marcha com aumento da base de sustentação e tremor intencional. Esse caso traduz uma lesão do cerebelo (FONSECA, 2011). 
Na Paralisia Cerebral que compromete a espasticidade, é preciso atentar para a distribuição anatômica. Quando unilateral, afeta as mono ou hemiplegias; se bilateral, engloba as diplegias, triplegias e a quadri ou tetraplegia, de acordo com Rosenbaum et al (2007). 
Ainda em respeito à distribuição anatômica, Himpens et al (2010) atestam que a paralisia cerebral espástica bilateral é mais frequente, quer seja em crianças prematuras (prevalência de 73% bilateral contra 21% unilateral), quanto entre os nascidos a termo (a paralisia bilateral ocorre em 48,5% dos casos e a unilateral afeta 36,5%). 
Monteiro (2011) relata que, em termos motores, a Paralisia Cerebral frequentemente é acompanhada de distúrbios de comportamento, epilepsia, percepção, entre outros, além dos problemas musculoesqueléticos. Dentre estes últimos, o autor aponta contraturas tendíneas e musculares, deslocamento de quadril, rigidez das articulações, e deformidades na coluna vertebral que podem se apresentar ao longo da existência e diretamente ligadas ao crescimento físico. 
Para Cohen (2007), os padrões anormais de postura e de movimentos, relacionados a um tônus postural anormal são manifestações da deficiência motora. 
Estas consequências dizem respeito à lesão que atingiu o cérebro ainda em formação, vindo a interferir no desenvolvimento normal da parte motora da criança. 
Entendendo a importância do desenvolvimento funcional da pessoa, recentemente, se percebeu uma mudança importante na área da saúde, que deixa de focar na doença para atentar-se para o impacto que a paralisia pode causar no indivíduo (MANCINI, 2012). 
Diante desta nova maneira de se estudar e trabalhar com a Paralisa Cerebral, resulta novos modelos de classificação, intervenções e instrumentos de avaliação funcional, com vistas a incorporar pessoa e ambiente, objetivando a ampliação do atendimento e da atenção dispensados à saúde da pessoa afetada (ROSENBAUM et al., 2007; MANCINI et al., 2012). 
Destaca-se, nesta seção, a caminhada de estudos resultando na visão atualizada que coloca o indivíduo antes da doença, viabilizando assim formas novas e, provavelmente, mais eficazes de se lidar com as complicações derivadas da Paralisia Cerebral e que podem contribuir para o desenvolvimento do ser como um todo. 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo Geral 
Compreender como ocorre a inserção/integração de um aluno com PC à aula de Educação Física de uma escola localizada no município de Itatiaia/RJ. 
Objetivos Específicos 
a) Identificar quais estratégias pedagógicas e adaptações são utilizadas pela comunidade escolar; 
b) Compreender as contribuições e benefícios que os professores percebem para o desenvolvimento do aluno com PC a partir das aulas de educação física; 
c) Averiguar as dificuldades que podem vir a se apresentar durante esse processo, bem como é a aderência da criança a esta proposta; 
d) Investigar se existe algum tipo de preparo ou formação especifica para auxiliar os profissionais nesse processo.
 
 
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de um ‘estudo de caso’, envolvendo membros da comunidade escolar de uma instituição pública que possui um aluno com PC inserido no 4º ano do Ensino Fundamental (anos iniciais) no município de Itatiaia/RJ. O projeto de pesquisa foi encaminhado ao CEP e foi aprovado sob o parecer número 15302819.6.0000.5431. 
Amostra 
Para a composição da amostra relativa ao presente estudo, foi entrevistada a Diretora de uma escola municipal, 01 responsável pelo aluno, 01 Professor de Educação Física, 01 Professor de AEE (Acompanhamento Educacional Especializado), a cuidadora do aluno e 01 colega de classe. 
Materiais 
Foram utilizados um aparelho celular (J5 Galaxy Samgung) com gravador de áudio, caneta esferográfica de cor azul e 01 caderno de 10 matérias. 
Instrumentos 
Como instrumentos foram utilizadas 06 entrevistas semiestruturadas produzidas pelas próprias pesquisadoras com auxílio da orientadora. Cada segmento da amostra contou com um tipo de questões específicas. 
ProcedimentosForam encaminhados termos de autorização e de consentimento livre e esclarecido à direção da escola e a todos os entrevistados (Anexo A e B), a fim de se elucidarem os objetivos, o método de desenvolvimento da pesquisa e obter autorização para a realização da mesma. As entrevistas foram gravadas com um aparelho celular, tendo sido realizadas pelas pesquisadoras na própria instituição no horário acordado entre entrevistador e entrevistados, para a retirada de possíveis dúvidas. 
Coleta de Dados
Foram transcritas de forma literal, as opiniões e declarações que se fizerem mais relevantes para comparação e análise dos resultados, sendo estas apresentadas por meio de quadros a fim de serem discutidas com base na revisão de literatura realizada no presente estudo, conforme exposto a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
 
Nesta seção, foram apresentadas as entrevistas realizadas com a Comunidade Escolar acerca do processo de inserção de um aluno com Paralisia Cerebral numa instituição educacional, bem como a posterior discussão dos depoimentos coletados, tomando-se por base o levantamento de estudos similares desenvolvidos sob esta temática. 
Foi adotado como elemento norteador deste estudo, o conceito de “Comunidade Escolar” proposto por Teixeira (2010), onde o termo refere-se aos seguimentos que participam de alguma maneira do processo educativo desenvolvido em uma escola. Na maioria dos casos em que a expressão é mencionada, agrupa professores, funcionários, pais e alunos. 
Assim sendo, seguem-se as entrevistas, iniciando-se pela exposição da fala do responsável legal pela criança. 
Quadro 01: Entrevista com o Responsável pela criança 
	1. Houve dificuldades para inserir seu filho nesta escola? Se sim, de que tipo?
	Resposta: “Não no sentido da inserção através da matrícula, mais sim na mudança de rotina dela, pois ela sempre foi acostumada com o ambiente familiar e algumas vezes isso atrapalhou.”
	2. Como vocês classificam o tipo de acompanhamento educacional que este aluno recebe? É satisfatório? 
	Resposta: “O acompanhamento é bom, mas se possível, pode ser melhorado [...].” 
	3. Vocês percebem constantes evoluções na aprendizagem de seu filho? 
	Resposta: “Nós percebemos a evolução da criança ao mostrarmos elementos utilizados nas aulas de Educação Física e no tempo com AEE.” 
	4. Como este aluno é recebido na aula de Educação Física? Você acredita que a Educação Física é importante para o desenvolvimento de seu filho? 
	Resposta: “Ele é muito bem recebido nas aulas de Educação Física e há o contato direto com os coleguinhas. As formas e as atividades que a professora de Educação Física faz, ajuda incluir minha filha.” 
Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
 	Foi percebido que os responsáveis estão satisfeitos com a instituição em relação do que é proporcionado ao seu filho, com isso fazendo valer ainda mais os direitos desse aluno. 
A Constituição Federal, art. 227 (1998) cita que: 
É dever da família, da sociedade e do estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, a educação, a cultura, ao lazer, e a profissionalização, a liberdade, ao respeito, a dignidade, e a convivência familiar e comunitária, além de coloca-lo a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Percebe-se assim que a criança com PC ou outro tipo de deficiência também se encaixa nesse artigo, mesmo que às vezes algumas famílias entendam que uma criança em tais condições não necessita ter acesso à escola e outros benefícios, por conta de suas limitações. 
Quadro 02: Entrevista com a Diretora da Escola
	1. Como é para a escola receber um aluno com PC? 
	Resposta: “Nossa escola é uma instituição de inclusão, e ao recebermos um aluno com PC ou qualquer outro tipo de deficiência é como se estivesse recebendo uma criança normal, apesar de se ter um cuidado maior e principalmente mais preparado. Nossa preocupação é saber se não estamos atendendo essa criança da forma correta. Pois fazemos o possível para atendê-la dentro de suas necessidades. Uma criança com PC inspira cuidados e necessita de um local apropriado para que se garanta sua acessibilidade [...].” 
	2. Foram necessárias adaptações para que isto ocorresse? Se sim, de que tipo? 
	Resposta: “A escola passou por pequenas reformas desde obras, para que se colocassem rampas, barras entre outros até a chegada de novos instrumentos para ser trabalhados com essa criança através da sala de recursos onde ela fica com o professor de AEE [...].” 
	3. Como ocorreu o processo de inserção do aluno na escola? Ele é indicado por algum órgão? 
	Resposta: “Esse aluno foi inserido através da descoberta da junta de orientação de AEE da Secretaria de Educação, pois outra instituição próxima teve também uma inserção de aluno com PC. A mãe foi orientada a matricular com total garantia de direitos benéficos a criança. A Secretária de Educação, portanto, que foi o responsável por encontrar este aluno e trazê-lo para nós. A escola não recusa aluno, independente das condições que a instituição se encontra.” 
Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
 	A escola, por sua vez, deve aprimorar seus conhecimentos para atender a demanda desse público que vem crescendo, dando ênfase as condições estruturais atendendo as necessidades básicas dos alunos, para que não haja somente uma inserção do aluno deficiente com a escola. Mas também a inserção dos outros alunos com o aluno deficiente, mais exato com paralisia cerebral. A comunidade escolar sendo assim pode criar um vínculo sem discriminação ou preconceito. 
Segundo Frias e Menezes (2008), a instituição tem o direito a escolarização com base inclusiva. Onde a escola deve adaptar-se as necessidades do aluno com deficiência, mesmo diante das dificuldades encontradas, proporcionando assim sua frequência e permanência na escola e se dedicando para que haja um desenvolvimento no aluno. 
Se a escola oferece total apoio e a família do aluno também, a integração do mesmo se torna mais fácil. Lembrando que infelizmente nem sempre toda assistência organizada pela escola é válida, por conta do zelo da familiar, há ausência frequente desse aluno nas aulas. Mas mesmo com isso, a escola tem o dever de acolher este aluno para que ele crie uma rotina escolar, mesmo que difícil, de forma a garantir seus direitos como cidadão.
Quadro 03: Entrevista com o Professor de Educação Física
	1. Como é para você professor, receber um aluno com PC em suas aulas? 
	Resposta: “No primeiro momento preocupante e ao mesmo tempo desafiador.” 
	2. Foram necessárias adaptações nos conteúdos, métodos ou forma de avaliação nesta disciplina? Foram criadas condições especiais para este aluno? 
	Resposta: “Foi necessário rever os conteúdos, planejar os métodos que seriam trabalhados para melhor atendê-lo e incluí-lo no ambiente escolar.” 
	3. Você se sente preparada para lidar com alunos com paralisia cerebral ou outros tipos de deficiência? 
	Resposta: “Me sinto preparada para lidar com alunos com PC, afirmo dizer que ainda estou engatinhando, porém, não me falta boa vontade em estar sempre lendo, pesquisando e buscando me aprimorar no assunto para melhor atendê-lo [...].” 
	4. Houve dificuldades encontradas no processo de inserção deste aluno nas aulas? 
	Resposta: “Tanto na adequação da estrutura física através das aulas de Educação Física, na inclusão através também da ajuda dos coleguinhas e na frequência da mesma em vir à escola, já que em muitos casos, os pais acham que essa criança não precisa frequentar o ambiente escolar com frequência.” 
Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
Foi observado que o professor levou um susto, porém se mantêm firme perante as dificuldades em inserir esse aluno, e que também se propõe a sempre buscar novos conhecimentos para colocá-los em prática. 
Apesar de sabermos que na realidade atual a questão é que a educação não proporciona condições, tanto estruturaisquanto psicológicas de forma que venha atender alunos com problemas motores como está previsto na constituição. Gerando assim uma necessidade maior de competência profissional e carência em projetos educacionais de resultados eficazes. (FRIAS E MENEZES, 2008) 
Com isso vemos o quão importante é a capacitação tanto do professor de Educação Física como dos outros docentes da comunidade escolar para um melhor desempenho geral do aluno acometido com algum tipo de deficiência. A junta escolar deve trabalhar em conjunto para que haja uma melhor integração de todos os alunos e suas diversidades. 
Quadro 04: Entrevista com o Professor de Acompanhamento Educacional Especializado
	1. Qual sua opinião quanto à política de inclusão com ênfase em paralisia cerebral no contexto educacional? 
	Resposta: “Acho bem legal, pois a criança é vista como um ser de direito e igualdade de oportunidade. É durante as aulas de Educação Física que acontece a interação entre os pares e a criança paralisada não se sente diferente dos demais [...].” 
	2. A conciliação das aulas de Educação Física e o AEE contribuem para o desenvolvimento desse aluno? Cite algum momento marcante. 
	Resposta: “Houve um momento em que a criança atendida participava da aula e durante o jogo um coleguinha colocava a bola em seu pé e ela simplesmente executava o movimento de chute. E nisso percebemos que ela se sentiu muito a vontade na aula e também feliz em participar com os colegas.”
 Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
Percebe-se diante das respostas do professor de AEE, que a conciliação de ambas as disciplinas contribuem e muito uma com a outra e sim, pois ambas visam inserir, incluir e principalmente gerar uma política educacional onde não se encontre nos valores de uma sociedade, o preconceito ou discriminação. Há uma lei que diz:
[...] aprendam juntos sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentam. Essas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas de seus estudantes adaptando-se vários estilos e ritmos de aprendizados, de modo a garantir um bom nível de educação para todos através currículos, de organização escolar, de estratégias pedagógicas, utilização de recursos e de cooperação com as respectivas comunidades. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: CORDE, 1994). 
O processo de inclusão é algo que necessita de colaboração para que os alunos através de um currículo bem elaborado pela unidade escolar venham aprender de uma maneira acessível para todos, enfatizando os valores de cidadão para cidadão. Principalmente para que haja respeito mútuo perante as dificuldades e as diferenças do outro. 
Marchesi (2008) cita que o professor em sua atividade docente deve ser respeitoso com as alternativas sociais, morais, políticas e religiosas que venham a se apresentar na sociedade e que seus alunos vivenciem isto e que o professor ajude os discentes a raciocinar e ser com coerentes com a mesma. Sendo assim, é visto que a presença do aluno com PC trás para o ambiente escolar uma ação solidária e respeitosa tanto da junta escolar como dos demais alunos desta instituição. A reposta da professora de AEE deixa bem claro que os demais alunos inclui o aluno com PC em seus momentos na aula de Educação Física e ambos, tanto o aluno com PC como os demais se sentem felizes em realizar as atividades da disciplina juntos. Nesse ato percebe-se que valores como respeito e empatia estão sendo ensinados para os discentes desta instituição através da presença do aluno deficiente. 
Quadro 05: Entrevista com um colega de classe
	1. Como é pra você ter um colega que precisa de muita ajuda nas aulas de Educação Física, como o colega X? Ele participa das aulas? Você o ajuda de que maneira? 
	Resposta: “É bom porque ajuda o colega a sorrir e eu gosto. Ele faz a aula e tudo que a tia pede para eu fazer eu faço pra ajudar ele. Eu passo a bola, danço e converso para ele não ficar sozinho.” 
Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
 	Através do relato acima é visto que a resposta do colega de sala define claramente uma postura onde não existe discriminação e preconceito. Uma abordagem mais suavizada foi aplicada para que ele respondesse a questão diante de tantos nomes complexos, como “Paralisa Cerebral, deficiência ou até mesmo inclusão”. Tal forma acarretou uma resposta satisfatória com um pensamento transformador onde observamos também o respeito mútuo e o companheirismo. 
Barcellos (2013) cita que as aulas de Educação Física têm que ser trabalhadas de forma prazerosa onde a cooperação, através do estímulo gere a inclusão, pois é nesse momento que os alunos entram em mais contato uns com os outros. 
	Diante dessa colocação do colega de sala de aula fica nítido que esse aluno com PC é bem recebido nas aulas de Educação Física e que ele se diverte e se envolve com os demais discentes desta instituição. Esse tipo de encontro é um dos fatores que geram a socialização e dentro desta há ensinamento de valores que ambos necessitarão para vida adulta. O respeito, a empatia e o coleguismo são valores indispensáveis em qualquer época da vida já que na vida em sociedade estamos sempre precisando um do outro. 
Quadro 06: Entrevista com a Cuidadora
	1. Como é pra você acompanhar uma criança com PC? 
	Resposta: “De início foi muito difícil trabalhar com ela, pois é complicado chegar uma criança que será totalmente dependente de você, como é o caso desse aluno. Mas desde o início, via que isso não a impedia de desenvolver algo de bom e benéfico para ela, mesmo com muita dificuldade e falta de preparo da minha parte [...]. Não temos nenhuma capacitação oferecida pelo governo, e isso nos deixa com uma dificuldade ainda maior. Acho que se tivesse algo para nos ajudar a lidar em com certos casos, o trabalho teria resultados melhores.” 
Fonte: entrevista desenvolvida pelas próprias autoras 
Observa-se diante dessa resposta, que a falta de capacitação da cuidadora gera certa dificuldade dela para com o aluno, mas isso não a impediu de tentar ajudar no desenvolvimento do mesmo. Um curso, uma forma de qualificação para tal resolveria grande parte dessas dificuldades, ajudando assim a melhorar o desempenho do aluno com PC em suas rotinas escolares e em casa. Lopes e Valdés (2003) citam que:
Há uma necessidade veemente por parte dos professores e de quem participa do processo de inclusão no ambiente escolar em participar de um programa de capacitação para atuar juntos com os alunos deficientes [...]
Para obter melhores resultados no desenvolvimento dos discentes em geral, é necessário que haja didática para tal, sendo assim, para o mesmo objetivo com alunos deficientes também se faz necessário o conhecimento do que o mesmo precisa para assim auxilia-lo da melhor forma, criando assim uma didática capaz de envolvê-lo nas aulas e promover o conhecimento de forma que esse aluno com deficiência venha absorvê-lo.
 E para que todo esse processo obtenha resposta positiva é necessário que haja preparação de todas as partes envolvidas nesse processo. Os pais, professores, cuidadora e até mesmo a compreensão dos colegas de sala de aula.
	A Constituição Federal, art. 227 (1998) cita que: 
É dever da família, da sociedade e do estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, a educação, a cultura, ao lazer, e a profissionalização, a liberdade, ao respeito, a dignidade, e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
 	A criança com PC ou outro tipo de deficiência também se encaixa nesse artigo, mesmo que muitas famílias tenham em suas mentes que esse processo de socialização não tenha muita importância na vida desse ser. Por conta das limitações físicas ou psíquicas os próprios familiares podem não ver esse deficiente como uma pessoa que ocupará um papel na sociedade e por isso vem o achismo de que esse processo de inclusãoé dispensável. É fato que essa mentalidade é decrépita já que não é de hoje que há leis que garante o acesso de deficientes em escolas de ensino regular e os mesmos estão sim ocupando lugares na vida em sociedade sendo eles no mercado de trabalho, na política entre outros. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Existem leis que garantem a inclusão de indivíduos deficientes no sistema regular de ensino, independente de sua raça, cor e limitações. A escola tem o dever de fornecer educação de qualidade, e para que isso aconteça, é necessário que haja engajamento comunitário, composto pela escola e pela família. 
Neste sentido, o presente estudo buscou compreender como ocorre a inserção/inclusão de um aluno com PC na aula de Educação Física de uma escola pública. Em relação aos objetivos da pesquisa, foi possível identificar que existem estratégias pedagógicas através de aulas onde o aluno com PC participa através do uso de materiais adequados e com a ajuda dos colegas, além, é claro, de contar com as adaptações que ocorreram na escola para facilitar esse processo de inclusão. 
Mesmo assim, as dificuldades não se extinguem e infelizmente, identificamos que não existe a oferta de uma formação mais específica oferecida pelo governo para o professor de Educação Física ou para a cuidadora, para que tais profissionais venham a contribuir ainda mais para o desenvolvimento desse aluno. O professor recorre aos seus próprios meios para que as aulas aconteçam, assim como a cuidadora. 
Também foi possível identificar com base no relato do professor de Educação Física, que mesmo diante de algumas dificuldades, as contribuições para o desenvolvimento desse aluno nas aulas de Educação Física ocorrem, principalmente na parte motora e intelectual. E assim foi percebido que a aderência do aluno com PC às aulas e sua interação com os colegas de sala é satisfatória, fazendo com que este participe das atividades propostas de forma prazerosa.
A base para o desenvolvimento e formação de todo cidadão é a educação, portanto, ao incluir indivíduos com deficiência, estamos gerando uma sociedade transformadora, garantindo o respeito e a possibilidade de desenvolvimento de suas limitações.
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VAGO, T. M. Início e fim do século XX: maneiras de fazer Educação Física na escola. Cadernos Cedes, Campinas, v. 19, n. 48, p. 30-51, ago, 1999. 
XAVIER, C. C.; PIANETTI, G. Compêndio de neurologia infantil. 2. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2011. 
APÊNDICES
Entrevista direcionada ao Responsável pela criança:
1. Houve dificuldades para inserir seu filho nesta escola? Se sim, de que tipo? 
2. Como vocês classificam o tipo de acompanhamento educacional que este aluno recebe? É satisfatório? 
3. Vocês percebem constantes evoluções na aprendizagem de seu filho? 
4. Como este aluno é recebido na aula de Educação Física? Você acredita que ela é importante para o desenvolvimento de seu filho? 
Entrevista direcionada à Direção da escola: 
 
1. Como é para a escola receber um aluno com PC? 
2. Foram necessárias adaptações para que isto ocorresse? Se sim, de que tipo? 
3. Como ocorreu o processo de inserção do aluno na escola, ele é indicado por algum órgão? 
 
 Entrevista direcionada ao Professor de Educação Física: 
 
1. Como é para você professor, receber um aluno com PC em suas aulas? 
2. Foram necessárias adaptações nos conteúdos, métodos ou forma de avaliação nesta disciplina? Foram criadas condições especiais para este aluno? 
3. Você se sente preparada para lidar com alunos com paralisia cerebral ou outros tipos de deficiência? 
4. Houve dificuldades encontradas no processo de inserção deste aluno nas aulas? 
Entrevista direcionada à Cuidadora da criança
 
1. Como é para você acompanhar uma criança com PC? 
 
Entrevista direcionada à colega de classe 
1. Como é pra você ter um colega que precisa de muita ajuda nas aulas de Educação Física, como o colega X ? 
2. Ele participa das aulas? Você o ajuda de que maneira? 
Entrevista direcionada ao Professor de AEE 
1. Qual sua opinião quanto a política de inclusão com ênfase em paralisia cerebral no contexto educacional? 
2. A conciliação das aulas de Educação Física e o AEE contribuem para o desenvolvimento desse aluno? Cite algum momento marcante. 
ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa – A INSERÇÃO DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL À AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. No caso de você concordar em participar, favor assinar o “consentimento de participação” ao final do documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o(s) pesquisador (es) ou com a instituição. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço do(s) pesquisador (es), podendo tirar dúvidas do projeto e de sua participação. 
Nome da pesquisa: A INSERÇÃO DE UM ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. 
Pesquisador (a) Responsável: Prof. Espª Marcela Avellar 
Telefone: (12) 9 8147-1232 
E-mail: prof.marcelavellar@hotmail.com 
Pesquisadores participantes: 
Acadêmicos: Andressa Luiza de Oliveira; Tamires do Carmo de Oliveira. 
Telefone: (35) 9 9208-1609; (12) 98273-1522.
E-mail: andressaaoliver96@gmail.com ; tamires.valentin23@gmail.com. 
OBJETIVOS: Verificar a inserção de um aluno com PC na aula de Educação Física. 
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: As pesquisadoras comparecerão uma vez por semana nas aulas de Educação Física para observar o aluno participante da pesquisa aplicando um questionário ao professor e a junta escolar (diretor, cuidador, professor especializado em educação especial e pais). 
RISCOS E DESCONFORTOS: O possível constrangimento seria da escola apresentar uma falha no método inclusivo do aluno nas aulas de Educação Física, pois o questionário abordará o desenvolvimento do aluno com paralisia cerebral. 
BENEFÍCIOS: A escola terá a plena convicção que realiza um trabalho através de um método de boa índole abrangendo um dos princípios do PCN, a inclusão. Os pais terão a oportunidade de expressar a mudança de comportamento do filho em casa e também no meio social perante os trabalhos realizados pela escola. 
CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Não haverá custos para nenhuma das partes. 
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todo conteúdo da pesquisa será confidencial, não incluindo nomes, apenas cargos para identificação nos resultados da pesquisa. Mantendo assim em sigilo a identidade dos participantes. 
	CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO 
	 
	Eu, ______ ___ RG ___________ CPF ____________ declaro que li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informado(a) pelo pesquisador(a) – Andressa Luiza de Oliveira; Tamires do Carmo de Oliveira - dos procedimentos que serão utilizados, riscos e desconfortos, benefícios, custo/reembolso dos participantes, confidencialidade da pesquisa, concordando ainda em participar da pesquisa. Foi me garantido que posso retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade. Declaro ainda que recebi uma cópia do Termo de Consentimento. 
	Nome:______________________________________________________________ 
RG: ______________ Telefone: ___________________ 
E-mail:____________________________________________________ 
Assinatura: __________________________________________ 
Local e data: _________________________________, ________/_________/ 2019. 
 
ANEXO B - Termo de Autorização
TERMO DE AUTORIZAÇÃO 
Ilmo(a). Sr(a). ______________________________________ 
Diretor de ensino ________________________ 
Venho por meio desta solicitar a autorização para realizar uma pesquisa de campo junto aos professores de Educação Física desta instituição. Esta pesquisa se trata do Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física do curso de licenciatura da Escola Superior de Cruzeiro realizado pelo(s) aluno(s) Andressa Luiza de Oliveira; Tamires do Carmo de Oliveira sob minha orientação. A pesquisa tem como tema: 
“A inserção de alunos com paralisia cerebral na aula de Educação Física” e tem como objetivo, identificar a forma de adaptação elaborada pelo professor de Educação Física para incluir a criança com paralisia cerebral nas aulas de Educação Física. Ressaltando os pontos positivos e negativos mediante o decorrer da pesquisa. Para isso os professores terão que dar autorização para os pesquisadores participarem de suas aulas, com intuito de que haja observação dos pesquisadores para com o aluno em questão e a metodologia de ensino do professor. 
A participação da junta escolar, do aluno e da família será voluntária e sigilosa e só ocorrerá após os mesmos assinarem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com todos os detalhes da pesquisa. As informações fornecidas serão utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa e será permitida a retirada do consentimento a qualquer momento da pesquisa sem prejuízo do participante. 
Agradeço antecipadamente a compreensão e aguardo deferimento. 
Profª. Espª. Marcela Avellar Professora responsável 
E-MAIL: prof.marcelavellar@hotmail.com 
	 
 
_____________________________________autorizo a realização da pesquisa. 
 
 
 
 
 
 ______ de ___________ de 2019. 
 
 
 
(carimbo e assinatura),,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 
 
Trabalho muito bom, tema relevante e interessante para ser discutido na atualidade.
Foi bem contextualizado e organizado. Parabéns orientadora e alunas.
Gostei muito da pesquisa, achei ótimo ter esse contato com todas as partes envolvidas,principalmente com os coleguinhas.
(Frase introdução) No ponto de vista de vocês, o que falta para isso acontecer? Profissionais estão preparados para o processo de inclusão?

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