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INTERAMERICANA FACULTAD DE POSTGRADOS
MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: Currículo e interdisciplinaridade
ESTUDANTE: Vanusa Santos de Jesus
ORIENTADOR: Dr. Raphael Fontes Cloux
 
ASSUNCIÓN/Paraguay
Julho/2020
SWOT DO PROJETO SOLETRANDO NO MUNICÍPIO DE TUCANO-BA
1. INTRODUÇÃO
Com este trabalho, busca-se fazer uma análise do Projeto de leitura, cujo título é Soletrando no Município de Tucano-BA, com base na matriz SWOT (Strentghs, Weaknesses, Opportunities  and Threats ), uma estratégia de origem inglesa que, quando traduzida para a Língua Portuguesa, significa: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, construindo para a instituição um retrato de como se encontra, a fim de manter e aprimorar o que é bom (forças), melhorar onde há fragilidade e, consequentemente, dar mais qualidade e credibilidade no serviço prestado à sociedade. Para a consecução deste objetivo, inicia-se pelo estudo do texto base, assistindo à videoaula da disciplina Currículo e interdisciplinaridade, realizando pesquisa bibliográfica referente a esta temática, expor a matriz swot do Projeto de leitura, Soletrando.
2. O PROJETO DE LEITURA
A sociedade atual, globalizada, vive a era da internet, na qual é indispensável aos sujeitos ter a competência de decodificar sons e letras, mas principalmente, ter o domínio da leitura, o letramento, ferramenta essencial para o pleno exercício da cidadania, em que pese a condição para realizar-se como pessoa, como cidadão e como profissional na sociedade contemporânea. Na concepção de Kleiman, ensinar a ler é: 
Criar uma atitude de experiência prévia com relação ao conteúdo referencial do texto, [...] é ensinar a criança a se autoavaliar constantemente durante o processo para detectar quando perdeu o fio; é ensinar a múltipla fonte de conhecimentos – linguísticas, discursivas, enciclopédicas – para resolver falhas momentâneas no processo; é ensinar, antes de tudo, que o texto é significativo, e que as sequências discretas nele contidas só têm valor na medida em que elas dão suporte ao significado global. (2008, p. 151-152).
O projeto de leitura (Soletrando) vem sendo desenvolvido na rede pública municipal de Tucano-BA há dez anos, em uma pequena escola, situada na zona rural. Em 2017, a secretária municipal da educação, esteve presente em uma das etapas, percebeu o quanto o prazer pela leitura pode ser incentivado através dele, ao conversar com profissionais da instituição (de todos os setores), estudantes, professores, familiares e comunidade em geral. Desse modo, convocou toda a equipe pedagógica da referida secretaria para debater sobre a importância daquela ação, realizar um planejamento, a fim de que esse projeto fosse desenvolvido em toda a rede, o que foi aceito prontamente. Em seguida, realizou pesquisa de interesse dos coletivos das unidades escolares, que também foi concordado. No ano 2018, já na Jornada Pedagógica, foi inserido esse projeto[footnoteRef:1] no calendário do Plano de Ação Anual de todas as escolas da rede. Envolvendo todos os estudantes do Ensino Infantil, entendendo que nesta etapa da escolaridade brasileira não se dá o ensino da alfabetização. Também envolvidos os estudantes do 1º ao 5º ano com a leitura dos livros e estudos dos autores selecionados; seguida de campeonato de soletração por etapas, cujos participantes competem no mesmo ano escolar: primeiro de sala de aula, seguida da etapa da escola inteira, para então a etapa final com as representações de cada unidade escolar, por núcleo, na sede da Secretaria Municipal da Educação, obtendo os três primeiros estudantes do 1º ao no município, outros do 2º ano e assim sucessivamente, os quais recebem medalhas e prêmios. [1: Forma-se uma comissão organizadora com representantes da SEME, de diretores escolares, coordenadores pedagógicos de escolas e professores de cada etapa, ano de escolaridade para construir o projeto, escolher o tema/autor, bem como estabelecer as regras de competição e premiação.] 
Importa ressaltar que essa iniciativa contempla, no Plano Nacional de Educação:
META 5- Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental. [...] META 7- Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Índice de desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
Magda Soares preconiza que:
[...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que saber ler e escrever, já o indivíduo letrado, indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita. (SOARES 1998, p.39,40)
O projeto aqui debatido tem esse propósito de alfabetizar letrando, como a estudiosa explicou anteriormente e também, por reconhecer que a escola é responsável por promover momentos onde ocorra a prática de letramento, portanto, cabe a ela criar condições de uso real da leitura e da escrita que não sejam mecânicos, mas dinâmicos, lúdicos, significativos para os educandos, com intuito de colaborar na formação de sujeitos capazes de se comunicar nas diferentes esferas da sociedade de acordo com suas necessidades.
 
3. MATRIZ SWOT
Construir a matriz/ SWOT compreende a realização de um levantamento minucioso, no que se refere às forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma empresa ou instituição, com vistas a melhorar a qualidade dos serviços proporcionados à sociedade em que se insere. 
	FORÇAS
	OPORTUNIDADES
	- Envolvimento de todos os profissionais da educação e comunidades escolares no território municipal.
- Motivação dos estudantes em relação à leitura e atividades escolares.
- Motivação dos professores em seu labor cotidiano.
- Interdisciplinaridade.
	- Melhorar o IDEB da rede.
- Promover formação continuada de professores, em alfabetização e letramento, e apropriação do Currículo Municipal (por meio de seminários, simpósios, jornadas pedagógicas, entre outros) como também, em relação às metodologias ativas e o uso das TICs na Educação.
- Garantir tempo adequado para o planejamento dos professores, com vistas à interdisciplinaridade.
- Investir nas tecnologias digitais – TIC – instrumentalizando as unidades escolares/núcleos com aparelhos necessários, bem como dar suporte técnico, a fim melhorar a qualidade do ensino ofertado.
- Transformar em Política Pública Municipal, com vistas a garantir e subsidiar este evento na rede municipal.
	FRAQUEZAS
	AMEAÇAS
	- Pouca participação da maioria dos professores na etapa final, acompanhando e apoiando os estudantes.
- Espaço físico pequeno para comportar as famílias na etapa final, acompanhando e apoiando os estudantes.
- Premiação apenas para os estudantes que finalizam entre os três primeiros colocados.
	- Dificuldade do poder público em garantir (subsídios financeiros) para aquisição de exemplares e premiação de todos os estudantes.
- Ausência de parceria com editoras de livros infanto-juvenis.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n.13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2014. 
BRASIL. Ministério da Educação – Lei 9394/96, Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Brasília: MEC, 1996. 
IBS. Instituto Brasil Solidário. Soletrando na escola. PDE. Programa de Desenvolvimento da Educação.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. 41ª ed, São Paulo: Cortez, 2001.
______, P. & HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. 4 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2003. 
KLEIMAN, Ângela. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas SP: Pontes, 3ªed, 2008.
MORAIS, Arthur Gomes. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo; Ática, 1998. 
______. Sistema de escrita alfabética: como eu ensino. São Paulo: Melhoramentos, 2012.
SACRISTÁN, J. Gimeno.Plano do currículo, plano do ensino: o papel dos professores/as. In: SACRISTÁN, J. Gimeno e GÓMEZ, A. I. Pérez. Compreender e Transformar o Ensino. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
PROGRAMAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
Ano letivo 2020
Cadeira dos professores: Alfabetização e letramento
Carga horária semanal (horas): 08 horas
Dia: Terça-feira	 Horas: 04h 			Dia: Sexta-feira 	Horas: 04h
	Mês: março
	Tópico
	Estratégias metodológicas
	1ª semana
	Teorias do Letramento e Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
	- Apresentação do programa da disciplina:
- Discussão a partir do vídeo: Rubem Alves - A Escola Ideal - o papel do professor (https://www.youtube.com/watch?v=qjyNv42g2XU&t=209s)
- Divisão de grupos para estudar os temas e apresentar, sob forma de seminário, na próxima aula:
Métodos de alfabetização.
1. Perspectiva histórica 
2. Sintético: Alfabético, Silábico e Fônico 
3. Analítico: Palavração, Sentenciação e Global dos Contos 
4. Métodos globais
	2ª semana
	Teorias do Letramento e Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
	Apresentação dos grupos através de seminário acerca do tema Métodos de alfabetização.
Avaliação e autoavaliação dos trabalhos e aprendizagens.
	3 ª semana
	Aspectos teóricos metodológicos da ação do professor nas práticas de leitura.
	- Exibição de vídeo: Alfaletrar - Psicogênese da Língua Escrita
(https://www.youtube.com/watch?v=aovD7Kq-Dmg)
-Explanação do tema com slides.
Divisão da turma em grupos para leitura e discussão de artigo: 
- Cecília Goulart: A organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento como eixos orientadores.
- Entrevista com Telma Weisz sobre alfabetização inicial. Revista Nova Escola, mar. 2009.
- Magda Soares: Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 
	4 ª semana
	Atividade prática
	Oficina de jogos para alfabetizar.
	
	Mês: abril
	Tópico
	Estratégias metodológicas
	1ª semana
	Literatura Infanto Juvenil
	- Exibição (vídeo) da entrevista: Ana Maria Machado: referência na literatura infanto-juvenil brasileira. (https://www.youtube.com/watch?v=Hw5St2-YK34)
- Estudo de texto: 
FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. 15. ed. São Paulo:Cortez, 2004.
 ______. Alfabetização e cultura escrita. Nova Escola, nº 162, maio\2003. Disponível em: http://novaescola.abril.com.br/ed/162-ai03/html/falamestre.htm. 
 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
- Produção e apresentação de Júri simulado, no qual o réu é a alfabetização.
	2ª semana
	Reflexões sobre a Prática Pedagógica Formas de organização do trabalho e das atividades de alfabetização e letramento: ambiente alfabetizador 
	- Oficina de contação de histórias.
- Oficina sobre o uso da música como ferramenta para alfabetizar. 
	3 ª semana
	Dificuldades de Aprendizagem da Leitura e da Escrita 
	- Exibição do filme: Narradores de Javé, seguida da leitura do artigo: Avaliação da aprendizagem no processo de alfabetização: analisando a prática de professoras alfabetizadoras.
- Roda de conversa com base no filme e no artigo, acerca do tema em questão.
- Produção escrita individual traçando paralelos entre o filme e o artigo.
	4 ª semana
	Estudos sobre avaliação 
	- Os participantes serão divididos em 5 grupos; cada grupo realizará o estudo sobre avaliação – texto de Jussara Hoffman
Grupo 1- Os objetivos norteadores da análise do desenvolvimento da criança transparecem no relatório?
Grupo 2- Evidencia-se a inter-relação entre objetivos socioafetivos e cognitivos a serem alcançados, áreas temáticas trabalhadas e realização de atividades pela criança?
Grupo 3- Percebe-se o caráter mediador do processo avaliativo? 
Grupo 4 – Privilegia-se, ao longo do relatório, o caráter evolutivo do processo de desenvolvimento da criança?
 
Grupo 5- Percebe-se o caráter individualizado no acompanhamento da criança?
Grupo 6- Relatórios diários e relatórios gerais: um exercício de reflexão sobre a ação. 
- Cada grupo socializará os estudos realizados. 
- Reflexões, por meio de slides, sobre avaliação no ciclo de alfabetização. 
	
REFERÊNCIAS
ANDRADE, L. Entrevista com Telma Weisz sobre alfabetização inicial. Revista Nova Escola, mar. 2009. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/934/entrevista-com-telma-weisz-sobre-alfabetizacao-inicial
CAGLIARI, L. Alfabetização e Linguística. Petrópolis: Vozes, 2001 
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. Editora Cortez, 
__________. Alfabetização em processo. São Paulo, 2013. 
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 
FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização – Leitura do Mundo. Editora Paz e Terra, 2011. 
GOULART, Cecília. A organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento como eixos orientadores. In: BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: MEC/SEB, 2006.
LERNER, Delia. Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário. Artmed, 2018.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. Jan.‐abr. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever: perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo: Ática, 2002.

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