Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. Escrituração Digital Em sst (Esocial) Elaboração Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ..................................................................... 11 CAPÍTULO 1 SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO – SAT ................................................................................. 11 CAPÍTULO 2 FINANCIAMENTO DA APOSENTADORIA ESPECIAL - FAE ............................................................ 25 CAPÍTULO 3 ELEMENTOS ESSENCIAIS À APOSENTADORIA ESPECIAL ............................................................. 36 CAPÍTULO 4 AUTOS-DE-INFRAÇÃO PARA CAT, PPP E LTCAT .......................................................................... 50 CAPÍTULO 5 GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL - GFIP .............. 68 UNIDADE II eSOCIAL ............................................................................................................................................. 78 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÕES GERAIS, DESAFIOS E VANTAGENS ........................................................................ 83 CAPÍTULO 2 EVENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR ........................................................... 93 CAPÍTULO 3 FLUXOS E EVENTOS RELACIONADOS À SST NO ESOCIAL .......................................................... 96 CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASOS - REPERCUSSÕES FINANCEIRAS .............................................................. 134 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 144 ANEXOS ........................................................................................................................................ 145 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução O dia-a-dia das pessoas é regulamentado por normas e princípios advindos da Constituição da Republica Federativa do Brasil - CRFB, que define a organização administrativa, financeira e política do Estado concomitantemente com os direitos e deveres do cidadão. Ela tem entre as suas características a generalidade, ou seja, ela é aplicada genericamente à sociedade e a todos os cidadãos e a ninguém é dado o direito de desconhecê-la como também de desobedecê-la, para que não sofra sanções, pelo descumprimento das obrigações das normas. Para conferir a efetividade ao mandamento constitucional do dever do Estado e direito de todos, a Saúde do Trabalhador deve ser custeada por todos e em especial pelas empresas, no tocante ao seguro acidentário , expressamente definido na Carta Magna, para cujo cometimento depende diretamente do complexo e amplíssimo Sistema Tributário Nacional por ela engendrado e estabelecido. Em alinhamento com essa lógica, discorre-se a seguir acerca da tributação sobre meio ambiente de trabalho, especificamente as contribuições sociais incidentes sobre a folha de pagamento com destaque àquelas relacionadas ao Seguro Acidente do Trabalho – SAT e seus derivativos Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE e Fator Acidentário de Prevenção - FAP. Nesse bojo, se possibilita uma correta interpretação sobre documentação fiscal, dentre elas a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – GFIP e a Escrituração Digital Fiscal – Social (eSocial) como obrigações acessórias iniciação nuclear à prevenção, dado que o tributo constitui verdadeira alavanca argumentativa e impositiva à melhora das condições do meio ambiente do trabalho. O tributo como verdadeiro instrumento de transformação social. De pronto, registre-se que toda vez que aparecer neste caderno qualquer alusão à GFIP, deve-se considerar como relacionada ao eSocial, pois este substituirá aquela, conforme cronograma de implementação do eSocial. A ideia do eSocial é unificar a forma de prestação das informações trabalhistas, previdenciárias, fiscais e tributárias relativas à contratação e utilização de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício. Essas informações constarão de um repositório nacional e ficarão disponíveis aos órgãos participantes do projeto para apuração, fiscalização e estudos para produção de políticas públicas nas áreas relacionadas, além de possibilitar um maior controle social por parte de todos os atores das relações de trabalho. 8 São três objetivos básicos do eSocial, a saber: 1) viabilizar a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas aos trabalhadores brasileiros; 2) simplificar o cumprimento de obrigações; e 3) aprimorar a qualidade de informações das relações de trabalho, previdenciárias e fiscais. Quantoao objetivo ao primeiro objetivo, podemos entender como viabilizar a garantia de direitos dos trabalhadores a efetiva e confiável prestação das informações trabalhistas por parte dos empregadores, em tempo hábil, pois sem elas não tem como o poder público identificar, analisar e garantir qualquer benefício a que fez jus o empregado na sua longa e árdua vida laborativa. Um exemplo bastante comum e de fácil entendimento é a situação vexatória pela qual passam vários segurados da Previdência Social que procuram o INSS e pleiteiam a prestação de algum benefício ou serviço e descobrem que seus dados não foram enviados pelos seus patrões ou foram enviados de forma errada. A resposta “você não tem direito” recai sobre o INSS que recebe e se atribui indevidamente a culpa, quando na verdade tal negativa é de exclusiva responsabilidade do patrão por não envio ou envio incorreto. Já com relação ao segundo objetivo, os principais ganhadores serão as empresas, pois deixarão de cumprir diversas obrigações acessórias atuais e que demandam bastante tempo para utilizar uma única ferramenta capaz de absorver todas as informações necessárias. O Livro de Registro de Empregados, a GFIP, o CAGED, o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) e a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) são exemplos de obrigações que serão substituídas pelo eSocial. Vale lembrar que só perceberá essa facilidade de imediato a empresa que já cumpre à risca com suas obrigações perante o Estado, pois instituição desorganizada terá que se adaptar à legislação que vige há bastante tempo. É isso mesmo, o eSocial surgiu sem criar qualquer tipo de obrigação, apenas para exigi-las de forma unificada e digital. Por fim, o terceiro objetivo tem a ver com a qualidade das informações, já que, atualmente, muitas delas são repassadas pelas empresas de forma incorreta ou até mesmo incompleta. Um exemplo característico é a GFIP, em que algumas não têm todos os seus campos preenchidos, sendo deixados em branco; em outros casos o empregador coloca o número do CNAE constante de uma lista desatualizada do decreto 3.048/1999, resultando em uma equivocada arrecadação do Seguro de Acidente do Trabalho – SAT. 9 Este material foi estruturado para permitir ao cursista uma visão geral do sistema tributário nacional, com ênfase ao meio ambiente do trabalho, concatenando a documentação fiscal pertinente. Objetivos » Compreender as nuances relacionadas ao eSocial; » Entender o evento S-1000 – Informações do Empregador/Contribuinte/ Órgão Público » Entender o evento S-1005 – Tabela de Estabelecimentos, Obras ou Unidades de Órgãos Públicos » Entender o evento S-1010 – Tabela de Rubricas » Entender o evento S-1060 – Tabela de Ambientes de Trabalho » Entender o evento S-1065 - Tabela de Equipamentos de Proteção » Entender o evento S-1200 – Remuneração de trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social » Entender o evento S-1210 – Pagamentos de Rendimentos do Trabalho » Entender o evento S-2200 – Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador » Entender o evento S-2210 – Comunicação de Acidente de Trabalho » Entender o evento S-2220 – Monitoramento da Saúde do Trabalhador » Entender o evento S-2230 – Afastamento Temporário » Entender o evento S-2240 - Condições Ambientais do Trabalho - Fatores de Risco » Entender o evento S-2245 - Treinamentos e Capacitações » Entender o evento S-5001 - Informações das contribuições sociais consolidadas por trabalhador » Entender o evento S-5011 - Informações das contribuições sociais consolidadas por contribuinte 10 » Permitir acoplamento entre os programas de gestao existenes e o eSocial » Contribuir na tomada de decisão quanto à gestão e desenvolvimento de sistemas de gestão de saúde do trabalhador; » Instrumentalizar-se para proceder à gestão do meio ambiente do trabalho sob a égide da nova ordem jurídico-contábil da Saúde do Trabalhador; » Intervir nos ambientes de trabalho de forma a prevenir acidentes e doenças do trabalho; » Oferecer capacidade crítica que suporte tomadas de decisão quanto custo x benefício das soluções saneadoras do meio ambiente do trabalho. 11 UNIDADE I VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Existem três espécies de tributos relacionados ao meio ambiente do trabalho com efeitos fiscais e parafiscais que estão no cerne desta disciplina: Seguro Acidente do Trabalho – SAT e seus derivativos: Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE e Fator Acidentário de Prevenção - FAP. Nesse tópico faz-se um apanhado conceitual dessas espécies, para nos tópicos subsequentes reexaminá-los, concatenando-os à GFIP (eSocial) no bojo da documentação fiscal, conforme figura a seguir. Figura 1. Esquema com tributos relacionados ao meio ambiente do trabalho: SAT, FAE e FAP. Fonte: próprio autor. CAPÍTULO 1 Seguro Acidente do Trabalho – SAT Inicialmente explicite-se que a CRFB-88 expressamente criou o seguro contra acidente do trabalho1 e Lei no 8.212/1991, art. 22 ao disciplinar a matéria definiu: os contornos dessa exação ao incluí-la no rol das contribuições previdenciárias patronais, a base de 1 Inciso XXVIII do Art. 7 - seguro contra acidentes de trabalho (SAT), a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 12 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO cálculo, a gradação e alíquotas a partir do Grau de Incidência de Incapacitante Laboral decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho (GIILDRAT), entre outros elementos. O GIILDRAT, portanto, é efetivação material dada por lei ao instituto jurídico criado pela CRFB, constitucionalmente nominado por SAT, como espécie de tributo com natureza jurídica de imposto. SAT não se confunde com GIILDRAT, pois este gradua e instrumentaliza aquele. No contexto histórico, o SAT evoluiu conforme cronologia apresentada a seguir Figura 2. Cronologia do Seguro Acidente do Trabalho no Brasil Histórico do Seguro contra Acidente do Trabalho - Brasil Decreto 3.724 de 1919 Decreto 24.637 de 1943 Decreto-Lei 293 de 1967 Lei 6.367 de 1967 CRFB- 1988 EC 20 de 1998 Marco inicial regulatório. Pagamento de indenização pelo empregador Contratação de seguro ou realização de depósito para garantia de indenização Possibilidade do seguro até então privado ser operado concorrentemente pelo INPS Operação do seguro exclusiva pelo INPS Operação do seguro exclusiva pelo INPS Possibilidade do seguro ser operado concorrentemente entre INSS e seguradoras mediante LC. Fonte: próprio autor. A matéria acidentária quanto aos benefícios é regulada pela Lei no 8.213/1991 que disciplina o funcionamento do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, compreendendo diversas prestações, inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho (art. 18, caput). Já o custeio do SAT consta no art. 22, II, da Lei no 8.212/1991. Os benefícios acidentários têm fontes de recursos respectivas, assim como as prestações previdenciárias em geral possuem custeio próprio. Figura 3. Esquema com fontes custeio do SAT. Fonte: próprio autor. Figura 4. Custeio do SAT. Fato Gerador Pagar ou creditar remuneração Base de Cálculo Valor da Remuneração mensal paga ou creditada Alíquota 1%, 2% ou 3% 6%, 9% ou 12% Fonte: próprio autor. 13 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Lei no 8.212, de 1991 Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: .... II - Para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre ototal das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei no 9.732, de 1998). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. O SAT possui peculiaridades, quais sejam: I. Presta-se a um custeio para as incapacidades consumadas acidentárias (SAT estrito senso); II. Constitui um subsistema do RGPS, pois possui administração tributária, regras, contribuintes, beneficiários, benefícios e custeios próprios que de per si o qualificam como autônomo. III. Instrumenta-se pela presunção dinâmica de risco coletivo atribuído a um grupo homogêneo de exposição sintetizado pela Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE cujos patamares definidores de alíquotas são produzidos pela epidemiologia acidentária das empresas do mesmo segmento; IV. Serve como ferramenta de melhoria do meio ambiente do trabalho ao passo que funciona como externalidade positiva por intermédio do FAP por distinguir à empresa (CNPJ) um risco individual em comparação ao risco coletivo dado pelo CNAE ao qual pertence; 14 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO V. Embasa o acréscimo, a si mesmo, relativo ao FAE que custeia a aposentadoria precoce por tempo de contribuição, decorrente de condições especiais do meio ambiente do trabalho (Aposentadoria Especial) segundo a qual não há incapacidade consumada, mas sim uma compensação social para atividades, que pelos riscos intrínsecos e inalienáveis, deveriam ser banidas. Tal banimento não acontece por uma imposição social de levar a holocausto alguns, dada a inexorável imolação a que são submetidos os trabalhadores dessa atividade para o bem maior da coletividade. Parece cruel, mas é disso que se trata. Sacrificam-se alguns em benefício de todos. Até que essa sociedade entenda de modo diverso e extinga tais atividades, a exemplo que aconteceu a escravidão (do ponto de vista social) ou aquelas que faziam uso de organoclorados (do ponto de vista biológico). Dessas peculiaridades, se depreende que o SAT possui natureza fiscal, arrecadatória, adstrito ao orçamento da seguridade social, sob a égide constitucional, tratado de modo inespecífico e geral. É a Lei 8.212/1991 quem define seus contornos materiais, subjetivos, obrigacionais e quantitativos da matriz de incidência tributária. A quantificação se dá por graus de risco que adota a presunção do risco como princípio filosófico, segundo o qual a verificação de incidências incapacitantes diferenciais, decorrentes do meio ambiente do trabalho, permitem inferir o seguinte corolário: se relativamente à população exposta, o CNAE acidentou proporcionalmente mais no passado, eis o motivo pelo qual esse CNAE deve pagar mais no presente! Incidência Entre os Expostos – IEE, considerados os trabalhadores de um determinado CNAE, deve ser entendida como o somatório de acidentes (casos novos) dividido pela quantidade de trabalhador-ano; e, igualmente a Incidência Entre os Não-Expostos – IENE, considerados os trabalhadores dos demais CNAE. O universo populacional é formado pelos trabalhadores de todos os CNPJ de todos os CNAE. A razão entre essas incidências denota estimação de Risco Relativo - RR, ao universo populacional, dado por RR = IEE ÷ IENE. Com base nesse RR é possível graduar, estabelecer o GIILDRAT, por técnicas estatísticas de classificação (clusters) os CNAE em leve, médio e grave. Portanto não se deve confundir GIILDRAT com alíquota, pois esta é definida rigidamente por lei em função do CNAE, em patamares de 1%, 2% e 3% para os GIILDRAT de leve, médio e grave, respectivamente. 15 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Assim a alíquota do SAT não pode ser outra por CNAE, que não 1%, 2% e 3%, definidas pelo art. 22, II da Lei no 8.212/1991, todavia é o poder executivo federal, via decreto, que estabelece o GIILDRAT de cada CNAE. Essa alocação de risco coletivo é que é dinâmica em função dos RR desses CNAE apurados periodicamente. Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:(grifado) a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (grifado) b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Apesar de serem fundamentos distintos, tem-se um pelo outro, GIILDRAT termina sendo expresso em 1%, 2% e 3% ao invés de leve, médio ou grave! Isso foi induzido pelo próprio governo via diplomas legais publicados. O anexo V na versão original de 1999 aprovada pelo Dec. 3048, trazia a redação coerente à lei, indicando expressamente no cabeçalho do Anexo V a Relação De Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco (Conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE): » Grau 1, Corresponde Ao Risco Leve - Alíquota 1,00%; » Grau 2, Corresponde Ao Risco Médio - Alíquota 2,00%; » Grau 3, Corresponde Ao Risco Grave - Alíquota 3,00% 16 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Com as redações dadas pelo Decreto no 6.042/2007 e a atual redação dada pelo Decreto no 6.957/2009, a indicação de GIILDRAT foi suprimida, apresentando apenas a alíquota, conforme figura abaixo. Figura 5. Esquema Legal para presunção do risco do meio ambiente do trabalho pelo CNAE. Fonte: próprio autor. Percebe-se no Anexo V fragmentado acima que se faz uma imprópria linha direta entre grau leve e alíquota de 1%; médio e 2%; e, grave com 3%, como se ao CNAE fosse atribuído um peso tributário de modo direto, apenas por definição política do Presidente da República, sem a instrumentação e participação da epidemiologia e da estatística, ciências das quais se estimam e classificam os RR, atribuindo-lhes o GIILDRAT. Notadamente pelo comando da Lei 8212/1991 que determina apuração estatística para esses fins. Registre-se que o CNAE do estabelecimento da empresa deve guardar relação com aquele no qual há mais empregados ou trabalhadores avulsos expostos, pois esse é critério que define a preponderância à qual a lei faz menção para estabelecer a relação entre GIILDRAT e alíquotas. Esclarecido isso, avança-se para informar que o SAT, regra geral, incide sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, sendo as alíquotas (art. 22, II da Lei no 8.212/1991): 17 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I a) 1% para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. A hipótese de incidência legal é o credito jurídico, remunerações pagas, devidas e creditadas, nos moldes das demais contribuições previdenciárias. O sujeito passivo é a empresa que remunerou trabalhador (fato gerador) cujo quantum é calculado aplicando a alíquota correspondente ao GIILDRAT, definido pelo CNAE preponderante do estabelecimento,à base de cálculo, conjunto das remunerações, que devem declaradas em GFIP (eSocial) com o respectivo pagamento bancário, via Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, utilizado pelas pessoas físicas e jurídicas para pagamentos de impostos, contribuições e taxas, no âmbito federal. Assim após a identificação da atividade preponderante do estabelecimento, encontra-se o grau de risco e, por conseguinte a alíquota. O GIILDRAT, como contribuições sociais, é lançado por declaração, cabendo ao sujeito passivo quantificar o valor devido e efetuar o recolhimento. Por isso é responsabilidade da empresa identificar corretamente sua atividade preponderante e localizar sua alíquota de contribuição. Figura 6. Esquema da Relação Jurídica Tributária – SAT. Natureza Jurídica – Taxa: utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis – Contrapartida Aposentadoria especial, pro rata. Obrigações Principais Pagar, mensamente, 6%, 9% ou 12% sobre a remuneração daqueles trabalhadores com direito a aposentadoria especial de 25, 20 ou anos de contribuição. Fato Gerador – Remunerar trabalhador submetido ao meio ambiente do trabalho nocivo de modo permanente Fonte: próprio autor. 18 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Figura 7. Esquema das obrigações acessórias relacionadas ao SAT. SAT Fato Gerador Obrigações Principal Lançamento Acessórias Declaração De Ofício Remunerar trabalhador pertencente a CNPJ de um determinado CNAE – Risco Presumido Pagar à RFB • Escriturar Contabilidade • Declarar GFIP • Enviar eSocial • Preencher CAT/ASO/PPP • Apresentar Resultados Monitoramento Biológico • Apresentar Avaliação Ambiental • Apresentar Controles de EPI/EPC • Assegurar rastreabilidade da Documentação Fiscal GFIP/eSocial Lavratura de Auto-de-Infração pelo AFRFB Crédito: fato gerador; a matéria tributária; o montante (valor) do tributo devido; o sujeito passivo (o contribuinte ou responsável); eventual penalidade cabível caso o contribuinte não cumpra a sua responsabilidade tributária. Fonte: próprio autor. Alíquota SAT por estabelecimento da empresa com base na atividade preponderante Conforme definido pela RFB, o enquadramento é feito mês-a-mês pela empresa, por estabelecimento, via programa SEFIP/GFIP da RFB (eSocial) considerando as quantidades de trabalhadores avulsos e empregados que definirão para cada estabelecimento a alíquota SAT2. 2 Instrução Normativa RFB no 971, de 13 de Novembro de 2009. Seção IV - Das Contribuições da Empresa. Art. 72. I - o enquadramento nos correspondentes graus de risco é de responsabilidade da empresa, e deve ser feito mensalmente, de acordo com a sua atividade econômica preponderante, conforme a Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na CNAE, prevista no Anexo V do RPS, que foi reproduzida no Anexo I desta Instrução Normativa, obedecendo às seguintes disposições: a) a empresa com 1 (um) estabelecimento e uma única atividade econômica, enquadrar-se-á na respectiva atividade; b) a empresa com estabelecimento único e mais de uma atividade econômica, simulará o enquadramento em cada atividade e prevalecerá, como preponderante, aquela que tem o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos; c) a empresa com mais de 1 (um) estabelecimento e com mais de 1 (uma) atividade econômica deverá apurar a atividade preponderante em cada estabelecimento, na forma da alínea “b”, exceto com relação às obras de construção civil, para as quais será observado o inciso III deste parágrafo. d) os órgãos da Administração Pública Direta, tais como Prefeituras, Câmaras, Assembleias Legislativas, Secretarias e Tribunais, identificados com inscrição no CNPJ, enquadrar-se-ão na respectiva atividade, observado o disposto no § 9o; e e) a empresa de trabalho temporário enquadrar-se-á na atividade com a descrição “7820-5/2000 Locação de Mão de Obra Temporária” constante da relação mencionada no caput deste inciso; II - considera-se preponderante a atividade econômica que ocupa, no estabelecimento, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, observado que na ocorrência de mesmo número de segurados empregados e trabalhadores avulsos em atividades econômicas distintas, será considerada como preponderante aquela que corresponder ao maior grau de risco; III - a obra de construção civil edificada por empresa cujo objeto social não seja construção ou prestação de serviços na área de construção civil será enquadrada no código CNAE e grau de risco próprios da construção civil, e não da atividade econômica desenvolvida pela empresa; os trabalhadores alocados na obra não serão considerados para os fins do inciso I; 19 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Note-se que esse cálculo deve ser dinâmico devido à flutuação interna de mão-de- obra por entre os estabelecimentos e por isso a empresa deve refazê-lo mensalmente. Sugere-se, inclusive, que empresa monte um programa de computador auxiliar ao de folha de pagamento para assegurar do atendimento contínuo mês-a-mês dessa obrigação acessória tributária, muitas vezes inadimplida pelo sistema contábil da empresa devido ao raciocínio errôneo de fazer isso - calcular a preponderância e enquadrar o grau de risco - uma única vez. Com o julgado do STJ que acatou a tese de atribuição de preponderância por estabelecimento ao invés de por empresa. Alinhado a essa interpretação a Instrução Normativa RFB no 1453 de 24/2/2014 estabeleceu que a empresa com mais de 1 (um) estabelecimento e com mais de 1 (uma) atividade econômica deverá apurar a atividade preponderante em cada estabelecimento . Como consequência e colocando ponto final, veio Resolução CNPS no 1.327, de 24 de setembro de 2015, que definiu FAP por estabelecimento34. A partir da data de entrada em vigor do eSocial os empregadores serão identificados apenas pelo CNPJ, se pessoa jurídica, e CPF, se pessoa física. Por isso considerando que o FAP é calculado por estabelecimento, o eSocial considera, inclusive, o calcula para pessoas físicas que sejam empregadoras, por intermédio do Cadastro de Atividades Econômicas da Pessoa Física - CAEPF, número sequencial vinculado ao CPF, que substituiu o Cadastro Especifico do INSS - CEI de pessoas físicas. Para as obras de construção civil, que possuem responsáveis pessoas físicas ou jurídicas, a matrícula CEI passa a ser substituída pelo Cadastro Nacional de Obras - CNO5. O FAP calculado para as matrículas CEI e CAEPF consta do evento S-1005. Outro ponto diz respeito à implantação dos órgãos públicos no eSocial, pois é necessário calcular o FAP por estabelecimento e não mais de forma agregada por ente federativo. 3 Resolução Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS no 1.327 DE 24/9/2015. D.O.U.: 25/9/2015. Dispõe sobre o Fator Acidentário de Prevenção - FAP de empresas com mais de 1 (um) estabelecimento. O Presidente do Conselho Nacional de Previdência Social, no uso da atribuição que lhe confere o inciso V do art. 21 do Regimento Interno, aprovado pela Resolução no 1.212, de 10 de abril de 2002, torna público que o Plenário, em sua 2ª Reunião Extraordinária, realizada em 24 de setembro de 2015; Considerando a Súmula do Superior Tribunal de Justiça - STJ no 351, de 19/3/2008; Considerando o Ato Declaratório da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN no 11/2011, de 20/12/2011; Considerando a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil - RFB no 1.453, de 24/2/2014; e Considerando a Solução de Consulta da Coordenação-Geral de Tributação - COSIT/RFB no 180, de 13/7/2015, Resolve: Art. 1o O Fator Acidentário de Prevenção - FAP da empresa com mais de 1 (um) estabelecimento será calculado para cada estabelecimento, identificado pelo seu CNPJ completo. Art. 2o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 4 RESOLUÇÃO No 1.329, DE 25 DE ABRILDE 2017 5 Fonte: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/direitos-e-deveres/educacao-fiscal/folhetos-orientativos/arquivos- e-imagens/cno.jpg/view>. 20 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Regimes especiais de tributação do SAT Por força de lei especificas há formulação distinta às contribuições do SAT. Nessas as situações se incluem os empregadores trabalhadores domésticos, empresas optantes pelo simples, agroindústria e produtor rural (pessoa física e jurídica) e segurado especial6. O segurado especial é o único tipo segurado que contribui diretamente para o custeio do SAT, pois as demais exações estão ocupadas no polo passivo pelas empresas (art. 22-A e 25, ambos da Lei no 8.212/1991 com a redação dada pela Lei no 10.256/2001, e art. 25 da Lei no 8.870/1994). As figuras seguintes resumem tais situações. Figura 8. Custeio do SAT para empregador doméstico. SAT – EMPREGADOR DOMÉSTICO – REMUNERAÇÃO Fato Gerador – Base de Cálculo – Alíquota Lei Complementar no 150, de 2015 Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico, e dá outras providências. “Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes valores: III – 0,8% (oito décimos por cento) de Contribuição Social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho”; Fato Gerador Pagar ou creditar remuneração Base de Cálculo Valor da Remuneração mensal paga ou creditada Alíquota 0,8% Fonte: próprio autor. 6 São segurados especiais as seguintes pessoas físicas (naturais), desde que exerçam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, com ou sem auxílio eventual de terceiros (art. 12, VII da Lei no 8.212/1991 c/c art. 9o, VII do RPS): produtor rural; parceiro rural; meeiro rural; arrendatário rural; pescador artesanal: aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: não utilize embarcação; ou utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro; ou na condição, exclusivamente, de parceiro outorgado, utilize embarcação de até dez toneladas de arqueação bruta (art. 9o, § 14 do RPS); os assemelhados aos segurados acima arrolados. Como assemelhados podemos apontar o comodatário rural e o mariscador, este assemelhado ao pescador artesanal. Também são segurados especiais os respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade (em virtude da EC no 20/1998 que alterou a idade mínima para o trabalho, exceto para o caso do aprendiz) ou a eles equiparados, desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo. 21 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Figura 9. Custeio do SAT para Empresas Optantes pelo Simples. SAT – EMPRESA SIMPLES - RECEITA BRUTA Fato Gerador – Base de Cálculo - Alíquota Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006 Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: ... VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no § 5o-C do art. 18 desta Lei Complementar; Fato Gerador Base de Cálculo Alíquota Obter Receita Receita Bruta 2,75% a 4,60%, a depender da faixa de receita, em substituição à alíquota patronal e à alíquota do SAT. Fonte: próprio auto.r 22 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Figura 10. Custeio do SAT para equipe de Futebol. SAT – EQUIPE DE FUTEBOL - RECEITA BRUTA Fato Gerador – Base de Cálculo - Alíquota Lei no 8.212, de 1991 Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: .... II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei no 9.732, de 1998). § 6o A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional destinada à Seguridade Social, em substituição à prevista nos incisos I e II deste artigo, corresponde a cinco por cento da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos. (Parágrafo acrescentado pela Lei no 9.528, de 10/12/1997). Obter Receita com Espetáculo Desportivo Receita Bruta Fato Gerador Base de Cálculo Alíquota 5%, em substituição da alíquota patronal e alíquota do SAT Fonte: próprio autor. 23 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Figura 11. Custeio do SAT para Agroindústria SAT – AGROINDÚSTRIA - RECEITA BRUTA Fato Gerador – Base de Cálculo - Alíquota Lei no 8.212, de 1991 Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Art. 22A . A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de: (Incluído pela Lei no 10.256, de 2001). I - dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social; (Incluído pela Lei no 10.256, de 2001). II - zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade. (Incluído pela Lei no 10.256, de 2001). Fato Gerador Base de Cálculo Alíquota Comercialização da Produção Rural Receita Bruta 0,1% Fonte: próprio autor. Considerando os grandes números divulgados pelo governo federal, via AEPS, têm-se: 24 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Figura 12. Resumo SAT. Base de Cálculo Remuneração. Alíquota Específica para o SAT: 1%, 2% ou 3% x FAP, com adicional de 6%, 9% ou 12% para a aposentadoria especial. Receita Bruta Sociedade desportiva que mantém equipe de futebol. Alíquota indefinida para o SAT. A alíquota de 5%. É única para a contribuição patronal e para o SAT. Agroindústria. Alíquota específica para o SAT. 0,1%. O FAP somente se aplica às alíquotas de 1%, 2% ou 3% incidentes sobre a remuneração. Empresa do SIMPLES. Alíquota indefinida para o SAT. A alíquota de 2,75% a 4,60%. É única para a contribuição patronal e para o SAT. Seguro Contra Acidentes de Trabalho - SAT Remuneração Empregador Doméstico. Alíquota específica para o SAT. 0,8%. Fonte: próprio autor. 25 CAPÍTULO 2 Financiamento da Aposentadoria Especial - FAE Há atividades produtivas que deviam ser extintas dada a alta exposição às quais submetem o trabalhador que nela labuta, pois tais atividades são prejudiciais à saude e a integridade física devido aos seus riscos intrísecos, inalienáveis e indissociáveis. Tal banimento não acontece por uma imposição socialde levar a holocausto alguns, dada a inexorável imolação a que são submetidos os trabalhadores dessa atividade para o bem maior da coletividade. Parece cruel, mas é disso que se trata. Sacrificam-se alguns em benefício de todos. Até que essa sociedade entenda de modo diverso e extinga tais atividades, a exemplo que aconteceu a escravidão (do ponto de vista social) ou aquelas que faziam uso de organoclorados (do ponto de vista biológico), há que se compensar. Uma das formas de compensação social é estabelecer uma aposentadoria precoce por tempo de contribuição, decorrente de condições especiais do meio ambiente do trabalho (Aposentadoria Especial). Esse benefício previdenciário não é marcado pela incapacidade consumada, como aqueles custeados pelo SAT, mas sim uma compensação social ao dimuir a carga de anos de trabalho, que ao invés de 35 anos, para homens, reduas para 15, 20 ou 25 anos, em função da nocividade do meio ambiente do trabalho. Em contrapartida, a empresa que engendrar tais ambientes, arcará com acréscimo ao SAT para custear tais antecipaçoes de aposentadorias. A isso se denomina Financiamento da Aposentadoria Especial - FAE. A Lei 9.732/1998 trouxe a obrigação tributária à empresa que possuir trabalhador em condições especiais (fatores de risco) que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Basicamente esta lei elegeu quatro categorias de fatores de riscos, a saber: 1. Químicos: substâncias 2. Físicos: energias 3. Biológicos: microorganismos 4. Associação fatores de riscos: além dos acima, aqueles relacionados à psicoergonomia e mecanicos ou acidentes. O FAE nasceu como acréscimo de SAT para custeio da aposentadoria especial, todavia, apesar de ser um tributo, se distingue do SAT e com ele não se confunde, pois tem 26 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO natureza jurídica de taxa, por se tratar fato gerador específico e divisível, efetivamente prestado em contrapartida àquele trabalhador. Enquanto que o SAT tem caráter geral sem contrapartida especifica. Ambos possuírem natureza arrecadatória (fiscal). A redação dada pela Lei no 9.732/1998 define como base de cálculo do FAE a remuneração do segurado empregado ou trabalhador avulso, enquanto a Lei no 10.666/2003 (art. 1o), vincula essa base à nota fiscal de cooperativas de trabalho (e sobre a retenção de 11% sobre notas fiscais ou faturas de prestação de serviço. A aposentadoria por tempo de contribuição exige 35 anos de contribuição para homem e 30 anos para mulher, salvo situações específicas como a de parte dos professores. A aposentadoria especial é entendida como uma aposentadoria por tempo de contribuição, com prazo reduzido, devido ao fato de a atividade laboral do segurado tê-lo exposto à agente nocivo prejudicial à sua saúde ou integridade física, via de regra, por exposição crônica. O benefício aposentadoria especial implica, na maioria das vezes, 10 anos de trabalho a menos para o segurado. Assim, a RFB não só deixa de arrecadar a contribuição correspondente a esse período, tanto a parte da empresa quanto a cota do trabalhador, mas também tem de pagar o benefício por 10 anos a mais, conforme visto na Figura6 . Conforme definido no artigo 64 do decreto no 3.048, de 06 de maio de 1999, a aposentadoria especial será devida – uma vez cumprida a carência exigida – ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual (este somente quando cooperado filiado a uma cooperativa de trabalho ou de produção) que tenha trabalhado, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos (conforme o caso) em condições especiais, definidas como prejudiciais à sua saúde ou à sua integridade física. No seu § 1o, o referido decreto dispõe que a concessão de aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional, nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física durante o período mínimo fixado. No seu § 2o, consta que o segurado deverá comprovar efetiva exposição aos agentes químicos, físicos, biológicos ou a associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. O artigo 68 do decreto no 3.048/1999 traz a relação desses agentes nocivos (e associações), considerados para fins de concessão da aposentadoria especial, relação esta contida no anexo IV desse mesmo decreto. Esse anexo contém quatro subdivisões, denominadas códigos, quais sejam: 27 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I a. Código 1.0.0: relaciona os agentes químicos que caso entrem em contato com o trabalhador ensejarão a concessão de aposentadoria especial, desde que estejam acima dos limites de tolerância determinados pela legislação, ou atinjam um valor teto estabelecido. Existem, porém, alguns agentes químicos que não necessitam de avaliação quantitativa e sua simples presença já implica o direito ao benefício. O rol de agentes químicos existentes no código 1.0.0 do decreto no 3.048/1999 é exaustivo e somente as substâncias contidas neste código dão direito ao benefício. Vale observar que a relação de atividades apresentadas é apenas exemplificativa. A maioria dos agentes químicos enseja concessão da aposentadoria especial com 25 anos de trabalho, exceto o amianto que prevê aposentadoria após 20 anos de labor. b. Código 2.0.0: relaciona os agentes físicos que dão direito à percepção do benefício, destacando-se entre eles o agente que, entre todos os demais, é responsável pela maior quantidade de benefícios concedidos – o ruído. Esses agentes também devem estar presentes nos ambientes de trabalho em níveis de exposição superiores aos limites de tolerância estabelecidos. Assim como acontece em relação aos agentes químicos, existem agentes físicos cuja avaliação é apenas qualitativa, como a exposição à pressão atmosférica anormal. c. Código 3.0.0: exposição a agentes biológicos. Neste caso, não existe um rol de agentes nocivos. Como estes agentes são apenas qualitativos, este código contém atividades específicas que, se desenvolvidas pelo trabalhador, lhe darão direito ao benefício implicando obrigação principal ao patrão. d. Código 4.0.0: associação de agentes. Este código relaciona as condições em que a associação de agentes nocivos no ambiente de trabalho (presença de mais de um agente) permite ao trabalhador ter direito à aposentadoria especial após 15 ou 20 anos nas atividades de mineração subterrânea. Para o caso de haver associação de agentes em outra atividade, que não a mineração subterrânea, o tempo necessário para obtenção do benefício será aquele estabelecido para o agente que requerer menor tempo de exposição Para caracterização da associação, os agentes presentes podem ser do mesmo código ou de códigos diferentes. No caso do código 3 (agentes biológicos), para cada agente nocivo ou atividade relacionada, estipula-se um tempo de exposição para o trabalhador ter direito à aposentadoria especial. Este prazo pode ser de 15, 20 ou 25 anos. A grande maioria dos trabalhadores expostos tem direito ao benefício após 25 anos de exposição. 28 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO A legislação ainda garante que, caso o segurado tenha exercido duas ou mais atividades sujeitas a condições especiais prejudiciais à sua saúde ou integridade física, sem completar em qualquer dessas atividades o prazo mínimo exigido para obtenção da aposentadoria especial, os respectivos períodos serão somados, e, após conversão, aplica-se a tabela que está contida no artigo 66 do decreto no 3.048/1999. A legislação também permite a conversão do tempo de atividade em condições especiais em tempo de atividade comum, no caso de o trabalhador não exercer, durante todo o seu tempo, uma atividade especial. O artigo 70 do decreto no 3.048/1999 contém uma tabela estabelecendo os coeficientes de conversão. Entretanto,a legislação não permite a conversão de tempo de atividade comum em especial. Até o período de competência 3/1999, a legislação não estabelecia uma contribuição específica para financiar o referido benefício. A partir da competência 4/1999, através da lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998, foram implementados adicionais a serem recolhidos pelas empresas que expõem seus trabalhadores a agentes nocivos que ensejam a concessão da aposentadoria especial. Esses percentuais foram escalonados quando se efetivou a sua implementação, sendo de 2, 3 ou 4% do valor da remuneração paga, exclusivamente, aos segurados com direito à aposentadoria especial aos 25, 20 ou 15 anos de trabalho, respectivamente. Esses valores percentuais vigoraram da sua instituição, em abril de 1999, que na competência 3/2000, passaram a ser de 6, 9 ou 12%. Em abril de 2003, através da lei no 10.666/2003, o direito a esse benefício foi estendido para os trabalhadores filiados às cooperativas de trabalho ou de produção, com implementação do pagamento dos adicionais com os percentuais de 5, 7 ou 9% no caso das cooperativas de trabalho e 6, 9 ou 12%, no caso das cooperativas de produção. Estudos desenvolvidos pelo MPS demonstram que as alíquotas estabelecidas são bem menores que as necessárias ao financiamento da aposentadoria especial. Conforme já mencionado, no momento da implementação da cobrança desses adicionais, o principal objetivo do MPS foi estimular as empresas a investirem na melhoria de seus ambientes de trabalho. Houve a preocupação de que os percentuais estabelecidos não onerassem em demasia os custos de produção ou dos serviços prestados, para evitar que uma parte das empresas nacionais perdesse em competitividade no comércio mundial globalizado em que se vive. Segurados empregados e avulsos Para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213/1991 (aposentadoria especial), as empresas devem contribuir mediante alíquotas adicionais 29 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I aplicadas sobre uma base de cálculo que é a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados e trabalhadores avulsos sujeitos a condições de trabalho que os dê direito à aposentadoria especial. Tal contribuição é exigida das empresas de forma progressiva no tempo, todavia a partir de 1/3/2000 é devida a alíquota de 12%(exposição de 15 anos), 9% (exposição de 20 anos) e 6% (exposição de 25 anos). As alíquotas de contribuição são definidas a partir das informações sobre a existência de agentes nocivos previstos no Anexo IV do RPS (Decreto no 3.048/1999) e a atividade desenvolvida pelo segurado. Essas informações deverão constar do LTCAT - Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – de responsabilidade da empresa e expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, podendo ser substituido pelo PPRA e PGR. A empresa também é obrigada a elaborar e manter atualizado, com base no LTCAT, o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento. A IN 77/2009 estabelece duas formas de enquadramento para aposentadoria especial, ou seja: » de forma qualitativa, quando a nocividade do agente se dá de forma presumida e independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constantes nos Anexos 6 (Trabalho sob condições hiperbáricas), 13 (agentes químicos, exceto aqueles relacionados nos Anexos 11 e e 12) , 13- A(Benzeno) e 14 (agentes biológicos) da NR 15 da Portaria 3214/1978 do MTE ; » de forma qualitativa, quando a nocividade do agente se dá de forma presumida e independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante no Anexo IV do RPS, para os agentes iodo e níquel; » de forma quantitativa, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, dispostos nos Anexos 1 (Ruído intermitente ou contínuo), 2 (ruído de impacto), 3 (Calor), 5 (radiações ionizantes), 8 (vibrações), 11 (agentes químicos) e 12 (Poeiras minerais – asbesto, manganês e seus compostos) da NR 15 da Portaria 3214/1978 do MTE. » Na associação de agentes nocivos, apesar do anexo IV referir-se ao que exigir menor tempo de exposição, cabe um exemplo prático concernente a este assunto. 30 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Figura 13, Exemplo de aplicação FAE (agentes ruído e asbesto, todos acima do LT). Sejam vários trabalhadores exercendo uma determinada atividade durante toda a jornada de trabalho, expostos, simultaneamente, aos agentes ruído e asbesto, todos acima do LT. Anexo IV do RPS Ruído: 25 anos de exposição para a obtenção da aposentadoria especial; Asbesto: 20 anos de exposição para a obtenção da aposentadoria especial; Neste caso, o enquadramento será realizado pelo agente Asbesto que permite uma exposição de 20 anos, com o acréscimo de alíquota do SAT de 9 % sobre a folha de pagamento dos trabalhadores que atuam na referida atividade e local de trabalho. Fonte: próprio autor. Outro exemplo que poderia suscitar dúvidas é quando existem atividades cujas avaliações para o enquadramento no Anexo IV do RPS se dá de forma qualitativa, porém no ambiente de trabalho há agentes químicos que possuem limites de tolerância constante da NR 15. A NR 15 estabelece que nestes casos, devem-se avaliar a insalubridade sob a ótica quantitativa, como por exemplo, na fabricação de material refratário, a avaliação da sílica cristalizada deve ser feita de forma quantitativa na zona de respiração do trabalhador. Como a IN 77/2009 reporta ao Anexo 13 da NR 15, para fins de enquadramento para aposentadoria especial, deve-se entender que se houver limite de tolerância para o agente químico, a avaliação quantitativa deve prevalecer. Figura 14. Exemplo de aplicação FAE (Ruído com Sílica Livre). Trabalhador exercendo uma atividade permanente em uma mina de subsolo exposto aos seguintes agentes: Ruído = 95 dB(A); Sílica Livre de 4,90 mg/m3 (LT = 1,33 mg/m3) Avaliação qualitativa – Anexo IV do RPS – Trabalhos em atividade permanente no subsolo de minerações subterrâneas em frente de produção - tempo de exposição 15 anos. Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Ruído acima do LT - tempo de exposição 25 anos. Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Sílica livre acima do LT - tempo de exposição 25 anos. Neste caso, se considerarmos a NR 15 que se refere, especificamente, ao adicional de insalubridade, sendo um ônus para o empregador, mas que não protege o trabalhador exposto ao agente nocivo, deve-se optar pela avaliação quantitativa e o tempo de exposição de 25 anos. Se enfocarmos somente a preservação da saúde do trabalhador que é o objetivo do escopo da legislação previdenciária, devemos optar pela avaliação qualitativa e assim, teremos um tempo de exposição de 15 anos. Fonte: próprio autor. 31 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I O Anexo IV do RPS considera, na associação de agentes, aquele que se encontra acima do LT e com menor tempo de exposição, considerando 15, 20 ou 25 anos de exposição dos trabalhadores. Para a associação de agentes, como a legislação previdenciária se reporta à NR 15, esta deve ser atendida nas auditorias fiscais, podendo se chegar a resultados que não são os objetivos da legislação previdenciária, conforme o exemplo citado acima. Os agentes químicos que não possuem limites de tolerância pela NR 15 e que não foram inseridos no Anexo IV do RPS e, portanto, em virtude do rol desses agentes serem exaustivos pelo referido Anexo, eles não estão relacionados com os fatos geradores das contribuições previdenciárias para os riscos ambientais. Cooperado - Cooperativa de trabalho A partir de 4/2003, é devida pela empresa tomadora de serviçouma contribuição adicional aos 15% incidente sobre o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviço de cooperados intermediados por Cooperativa de Trabalho, quando o exercício de atividade na empresa tomadora os sujeitem a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou a sua integridade física e permita a concessão de aposentadoria especial. É devida a alíquota de 9%(exposição de 15 anos), 7% (exposição de 20 anos) e 5% (exposição de 25 anos). Cabe à empresa contratante informar mensalmente à Cooperativa de trabalho a relação dos cooperados a seu serviço que exercem atividades que permitam a concessão de aposentadoria especial. A Cooperativa deverá emitir nota fiscal ou fatura de prestação de serviços específica para os serviços prestados pelos cooperados cuja exposição a agentes nocivos permita a concessão de aposentadoria especial. Na ausência da relação acima, para a apuração da base de cálculo sob a qual incidirá a alíquota, deverá ser considerado o valor total do serviço prestado por cooperados e, caso seja possível identificar os cooperados envolvidos ou não com as atividades especiais, deverá haver o devido rateio.Na impossibilidade da obtenção da base de cálculo para incidência adicional e constando em contrato a previsão para utilização de cooperados na execução de atividades em condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física, sem a discriminação do número de trabalhadores envolvidos nestas atividades, ou ainda, caso a contratante desenvolva atividades especiais, a base de cálculo será o total da nota fiscal, fatura ou recibo, cabendo à contratante o ônus da prova em contrário. 32 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO A Cooperativa de Trabalho deverá elaborar o PPP com base nos LTCATs emitidos pela empresa contratante, por seu intermédio, de cooperados para a prestação de serviços que os sujeitem a condições especiais, quando o serviço for prestado em estabelecimento da contratante. Figura 15. Exemplo de aplicação FAE (em cooperativa de trabalho). Uma Cooperativa de Trabalho é contratada por uma empresa metalúrgica para a realização de determinado serviço que expõem seus cooperados de forma permanente as agentes: Ruído = 89 dB(A) e LT = 85 dB(A) ; Tolueno LT = 78 ppm e concentração de 55 ppm. No de cooperados expostos = 20 N o de cooperados não expostos = 20 Valor do serviço = R$ 100.000,00 A Cooperativa não emitiu NF específica para o serviço em condições especiais. Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Ruído acima do LT - tempo de exposição 25 anos . Neste caso, a base de cálculo por rateio será R$ 50.000,00. Contribuição da tomadora de serviço para a aposentadoria especial dos cooperados = 5% de R$50.000,00 = R$ 5.000,00 Fonte: próprio autor. Cooperado - Cooperativa de Produção A partir de 04/2003, é devida pela Cooperativa de Produção uma contribuição adicional aos 20% incidente sobre o valor da remuneração pagas, devidas ou creditadas ao cooperado filiado, quando o exercício de atividade na Cooperativa o sujeite a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou a sua integridade física e permita a concessão de aposentadoria especial. É devida a alíquota de 12% (exposição de 15 anos), 9% (exposição de 20 anos) e 6% (exposição de 25 anos). A Cooperativa de Produção, cuja atividade exponha os trabalhadores a agentes nocivos de forma a possibilitar a concessão de aposentadoria especial, deverá elaborar o PPP dos seus segurados empregados e dos seus cooperados. 33 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Figura 16. Exemplo de aplicação FAE (em cooperativa de produção). Uma Cooperativa de Produção produz determinados artefatos cerâmicos e produtos de fibrocimento, expondo seus cooperados e empregados de forma permanente aos seguintes agentes nocivos.: Ruído = 92 dB(A) e LT = 85 dB(A) ; Sílica Livre LT = 1,33 mg/m3 e concentração de 4,90 mg/m3; Asbesto LT = 2,0f/cm3 (fibras por centímetro cúbico), concentração = 3,0f/cm3. No de cooperados expostos = 25 N o de empregados expostos = 4 Remuneração dos cooperados = R$ 46.000,00 Remuneração dos empregados expostos = R$ 4.600,00 Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Ruído acima do LT - tempo de exposição 25 anos Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Sílica acima do LT - tempo de exposição 25 anos Avaliação quantitativa – Anexo IV do RPS – Asbesto acima do LT - tempo de exposição 20 anos Neste caso, como existe associação de agentes, usa-se o menor tempo de exposição que é 20 anos, com alíquota de 9% sobre o valor da remuneração dos cooperados e empregados expostos aos agentes nocivos. Contribuição da Cooperativa para aposentadoria especial dos seus cooperados e empregados = 9% de R$50.600,00 = R$ 4.554,00 Fonte: próprio autor. Agroindústria A agroindústria é o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica é a industrialização de produção própria ou a industrialização de produção própria e da adquirida de terceiros, desenvolvendo duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. O fato gerador das contribuições previdenciárias ocorre na comercialização da produção rural pela agroindústria, de produção e da adquirida de terceiros, industrializada ou não, a partir de 1o se novembro de 2001, excluídas as agroindústrias de psicultura, carcinicultura, suinocultura e a de avicultura. A base de cálculo de tais contribuições é a receita bruta proveniente da comercialização da produção e 34 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO dos respectivos subprodutos ou o valor do arremate da produção rural ou o preço de mercado da produção rural dada em pagamento, permuta, ressarcimento ou em compensação. Para a agroindústria aplica-se a contribuição previdenciária substitutiva, ou seja, as contribuições das empresas em geral (20% sobre a FP total; 1,2 ou 3% sobre a FP total; 6,9 ou 12% sobre a FP dos empregados expostos a agentes nocivos) é substituída por uma contribuição incidente sobre a receita bruta da produção rural. Contudo, há casos em que tal agroindústria paga as contribuições das empresas em geral, inclusive sobre aqueles referentes aos riscos ocupacionais. Assim, não se aplica o regime substitutivo mencionado acima para: As operações relativas a prestação de serviços a terceiros realizadas pela agroindústria, cujas contribuições previdenciárias são apuradas com base na folha de pagamento dos segurados envolvidos na respectiva prestação de serviço. No caso do acréscimo do SAT, caso tal serviço seja considerado especial, envolvendo os agentes nocivos do Anexo IV do RPS; As agroindústrias de psicultura, carcinicultura, suinocultura, avicultura e a que se dedique apenas ao reflorestamento e florestamento como fonte de matéria-prima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica(esta constitui exceção a partir de 1o de setembro de 2003) que devem contribuir com base na folha de pagamento de seus empregados. No caso do acréscimo do SAT, caso tal serviço seja considerado especial, envolvendo os agentes nocivos do Anexo IV do RPS; Produtor Rural Pessoa Jurídica Produtor Rural Pessoa Jurídica é a empresa legalmente constituída que se dedica à atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, em área urbana ou rural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais. O produtor rural pessoa jurídica que beneficia sua produção rural não se enquadra como agroindústria. Considera-se ainda produtor rural pessoa jurídica o que produz ração exclusivamente para alimentação dos animais de sua própria produção. Se produzir ração também para fins comerciais, caracterizar-se-á agroindústria. O fato gerador das contribuições previdenciárias ocorre na comercialização da produção rural de produtorrural pessoa jurídica, exceto daquele que além da atividade rural exerce qualquer outra atividade econômica autônoma. A base de cálculo de tais contribuições é a receita bruta proveniente da comercialização da produção e dos 35 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I respectivos subprodutos ou o valor do arremate da produção rural ou o preço de mercado da produção rural dada em pagamento, permuta, ressarcimento ou em compensação. Para o produtor rural pessoa jurídica aplica-se a contribuição previdenciária substitutiva, ou seja, as contribuições das empresas em geral (20% sobre a FP total; 1,2 ou 3% sobre a FP total; 6,9 ou 12% sobre a FP dos empregados expostos a agentes nocivos) é substituída por uma contribuição incidente sobre a receita bruta da produção rural. Contudo, há casos em que tal pessoa jurídica paga as contribuições das empresas em geral, inclusive sobre aqueles referentes aos riscos ocupacionais. Assim, não se aplica o regime substitutivo mencionado acima para: O produtor rural pessoa jurídica, que, além da atividade rural, explorar também outra atividade econômica autônoma, quer seja comercial, industrial ou de serviços, no mesmo ou em outro estabelecimento distinto, independentemente de qual seja a atividade preponderante, hipótese em que as contribuições previdenciárias devem ser apuradas com base na folha de pagamento dos segurados a seu serviço, para todas as suas atividades. No caso do acréscimo do SAT, se suas atividades envolverem os agentes nocivos do Anexo IV do RPS; Cooperativas de Produtores Rurais A cooperativa de produtores rurais é a sociedade organizada por produtores rurais pessoas físicas, de produtores rurais pessoas jurídicas ou por produtores rurais pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de comercializar ou de industrializar ou de industrializar e comercializar a produção rural dos cooperados. A contribuição da empresa correspondente a 20%, devida à Previdência Social e a contribuição de 1, 2 ou 3%, acrescida, quando for o caso, de 6, 9 ou 12%, destinada ao financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa dos riscos ambientais, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados contratados pela cooperativa de produtores rurais para realizarem, exclusivamente, a colheita da produção de seus cooperados, são substituídas pelas contribuições incidentes sobre a receita bruta da comercialização devidas pelos cooperados, pessoa física ou jurídica, que utilizarem dos serviços daqueles.. Assim, quando as cooperativas contratarem empregados que não seja exclusivamente para trabalhar na colheita da produção dos cooperados elas devem recolher as contribuições das empresas em geral, inclusive aquelas decorrentes de riscos ambientais. 36 CAPÍTULO 3 Elementos essenciais à aposentadoria especial O núcleo da hipótese de incidência tributária da contribuição social para custeio da aposentadoria especial concedida pelo RGPS pressupõe para a sua concessão o cumprimento de dois requisitos cumulativos, conforme determina o art. 57 da Lei no 8.213/1991, em articulação com da IN RFB 971/2009 e IN INSS 77/2015, quais sejam: I. nocividade: a exposição a agentes nocivos durante a prestação de serviços; e, II. permanência: o tempo de duração dessa exposição - 15, 20 ou 25 anos. Art.57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. [...] §3o A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. §4o O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. [...] §6o O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria 37 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. Esse dispositivo legal determina que a concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado do “tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente” (ou seja, exige-se a permanência da exposição) “em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física ...” (é dizer, essa exposição deve ser danosa à saúde). Como visto acima, a RFB expediu Instrução Normativa 971/2009 norteando que existem dois requisitos cumulativos, quais sejam: I. a exposição a agentes nocivos durante a prestação de serviços (nocividade); e, ii) o tempo de duração dessa exposição - 15, 20 ou 25 anos (permanência). Mais especificamente no art. 292, percebe-se que há uma articulação entre as IN da RFB e do INSS, esta última como complemento da primeira. Assim, tem-se: Art. 292. O exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador, com exposição a agentes nocivos de modo permanente, não-ocasional nem intermitente, conforme disposto no art. 57 da Lei no 8.213, de 1991, é fato gerador de contribuição social previdenciária adicional para custeio da aposentadoria especial. (...) § 2o Não será devida a contribuição de que trata este artigo quando a adoção de medidas de proteção coletiva ou individual neutralizarem ou reduzirem o grau de exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância, de forma que afaste a concessão da aposentadoria especial, conforme previsto nesta Instrução Normativa ou em ato que estabeleça critérios a serem adotados pelo INSS, desde que a empresa comprove o gerenciamento dos riscos e a adoção das medidas de proteção recomendadas, conforme previsto no art. 291. Portanto a União Federal teve o cuidado de compatibilizar os textos infralegais de modo conferir a funcionalidade de cada entidade, respeitando, porém as respectivas competências. Novamente de forma cruzada, há disposições sobre a matéria nas duas IN (RFB e INSS) como prova da subsunção dupla do fato gerador às duas dimensões. Quanto ao INSS a IN de regência é Instrução Normativa INSS/PRES no 77, de 21/1/2015 que em seu art. 278 explicita didaticamente, os elementos que compõem o núcleo da 38 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO hipótese de incidência tributária das contribuições previdenciárias, que financiam o benefício da aposentadoria especial. Veja o que diz o citado dispositivo: Art. 278. Para fins da análise de caracterização da atividade exercida em condições especiais por exposição à agente nocivo, consideram-se: I - Nocividade: situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador; e II - Permanência: trabalho não ocasional nem intermitente no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do contribuinte individual cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. § 1o Para a apuração do disposto no inciso I do caput, há que seconsiderar se a avaliação de riscos e do agente nocivo é: I - Apenas qualitativo, sendo a nocividade presumida e independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos Anexos 6, 13 e 14 da Norma Regulamentadora no 15 - NR-15 do MTE, e no Anexo IV do RPS, para os agentes iodo e níquel, a qual será comprovada mediante descrição: a) das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada; b) de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados na alínea “a”; e c) dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato; II - Quantitativo, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, dispostos nos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR-15 do MTE, por meio da mensuração da intensidade ou da concentração consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de trabalho. 39 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I § 2o Quanto ao disposto no inciso II do caput deste artigo, não descaracteriza a permanência o exercício de função de supervisão, controle ou comando em geral ou outra atividade equivalente, desde que seja exclusivamente em ambientes de trabalho cuja nocividade tenha sido constatada. Permanência No que tange ao primeiro requisito, a permanência, o inciso II do art. 278, transcrito acima, ao regulamentar o art. 65 do RPS, na redação dada pelo Decreto no 4.882, de 2003, definiu que se deve entender como trabalho permanente o trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica à qual se submete. A exposição aos agentes ambientais somente será considerada permanente quando não houver grau de liberdade ao trabalhador dizer não à exposição. Em outras palavras o trabalhador para cumprir as determinações do empregador e prepostos (de produzir bens ou prestar serviços) - aos quais se submete por subordinação jurídica - tem que se expor aos agentes prejudiciais à saúde ensejadores da aposentadoria especial. Das duas uma: ou descumpre ordem para não se expor e se sujeita a dispensa motivada por insubordinação ou cumpre ordem e se sujeita peremptoriamente à exposição agressora de sua saúde. A permanência tem a ver com inexistência de grau de liberdade à exposição. Serão não permanente, não ocasional ou intermitente, todas as outras situações. O legislador não as definiu, também não precisava fazê-lo, dado que a definição de permanência está posta. O trabalho prestado pelo segurado (empregado, trabalhador avulso ou cooperado de cooperativa de trabalho ou de produção) é permanente quando a exposição aos agentes nocivos for inafastável e intrinsecamente vinculada ao desempenho das suas funções, independentemente do tempo e da frequência de exposição. Quando o trabalhador está na base da pirâmide hierárquica fica clara e inescusável a permanência, todavia à medida que se sobe na pirâmide, aumenta-se a necessidade da empresa discriminar o grau de liberdade à exposição, dentro das possibilidades desse trabalhador se afastar da fonte geradora no âmbito do limite de competência. 40 UNIDADE I │ VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Por exemplo, se um pintor (só recebe ordem) tem zero grau de liberdade para se esquivar da inexorável exposição aos vapores orgânicos voláteis exalados pelo processo de pintura, é patente a aplicação imediata do conceito de permanência. Agora pode restar dúvida quanto ao seu supervisor, pois a este remanesce liberdade de movimentação tendente a se livrar da exposição. Restaria dúvida se a empresa não indicasse a necessidade de que este supervisor venha a ficar geograficamente circunscrito ao ambiente de pintura. Nessa condição sobrevém a figura da restrição hierárquica à exposição, de tal ordem que limita o grau de liberdade ao ponto de também submeter o supervisor à permanência. Nocividade Para a análise do segundo requisito, a nocividade, impõe-se verificar o disposto no § 1o, do mesmo art. 278 da IN INSS no 77/2015, notadamente os seus incisos I e II, pois para a apuração da nocividade há que se considerar se o agente nocivo é: a. apenas qualitativo, pois nesse caso a nocividade é presumida e independe de mensuração, já que é constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos Anexos 6, 13, 13-A e 14 da Norma Regulamentadora no 15 (NR-15) do Ministério do Trabalho e Emprego-MTE, e no Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/1999, para os agentes iodo e níquel; b. quantitativo, quando a nocividade é considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, conforme disposto nos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR-15 do MTE, por meio da mensuração da intensidade ou da concentração, consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de trabalho. Do exposto, conclui-se que a caracterização da nocividade depende do agente nocivo ao qual o trabalhador está exposto. É dizer, os agentes prejudiciais a saúde foram divididos pela legislação previdenciária e trabalhista em dois grupos. Existem agentes que somente se tornam nocivos quando sua intensidade ou concentração se fazem presentes no ambiente de trabalho acima de determinados limites. Esses são os agentes caracterizados pela quantidade e estão dispostos nos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR-15 do MTE, aprovado pela Portaria MTE no 3.214, de 8/6/1978. E, existem outros agentes que pelo simples fato de estarem presentes no ambiente de trabalho, dado o elevado grau de prejudicialidade à saúde, já são considerados nocivos. 41 VISÃO TRIBUTÁRIA SOBRE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE I Tais agentes são caracterizados pela qualidade e a nocividade é presumida e independe de mensuração. Esses agentes estão dispostos nos anexos 6, 13, 13-A e 14 da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e no Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048/1999, para os agentes iodo e níquel. Assim é possível resumir os agentes nocivos conforme a seguir esquematizado no seguinte quadro: Figura 17. Esquema dos Fatores de Riscos e suas naturezas Anexos da NR-15 Agentes Nocivos Natureza do agente nocivo 1 Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Quantitativo 2 Limites de tolerância para ruídos de impacto Quantitativo 3 Limites de tolerância para exposição ao calor Quantitativo 4 Revogado 5 Radiações ionizantes Quantitativo 6 Trabalho sobre condições hiperbáricas Qualitativo 7 Radiações não ionizantes 8 Vibrações Quantitativo 9 Frio 10 Umidade 11 Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho Quantitativo 12 Limites de tolerância para poeiras minerais Quantitativo 13 Agentes químicos Qualitativo 13-A Benzeno Qualitativo 14 Agentes biológicos Qualitativo Fonte: próprio autor. À primeira vista, pode parecer irrazoável que a simples exposição do trabalhador a determinado fator de risco tenha natureza qualitativa - independe da concentração (químico) ou intensidade (físico) - possa ensejar a concessão da aposentadoria especial. Mas em verdade, tem-se aqui o instituto da presunção combinado com o principio da prudência. Para melhor elucidar, faz-se a seguir um aprofundamento, a titulo de exemplo, em dois comuns fatores de riscos: Hidrocarbonetos (benzeno) e Ruído. Hidrocarbonetos (benzeno): Fator de Risco de Natureza Qualitativa Para melhor esclarecer a matéria, optou-se por explicitar o entendimento do autor a partir de perguntas frequentes que nos chegam e que representam o núcleo dos questionamentos
Compartilhar