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Esquema BENS JURÍDICOS

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1 
 
Esquema: 
1. Bens Jurídicos (noções gerais) 
2. Tratamento Legal e Jurisprudencial do Bem de Família: Visão Jurídica Aplicada STF 
3. Fato Jurídico - Introdução (Parte 01) 
 
 
AULA ESPECIAL COMPLEMENTAR 
DIREITO CIVIL 
PARTE GERAL 
PROF.:LUIZ CARLOS CORREA 
 
PARTE GERAL – AULA 
 
TEMAS: BENS JURÍDICOS (NOÇÕES GERAIS), O TRATAMENTO LEGAL E 
JURISPRUDENCIAL DO BEM DE FAMÍLIA: VISÃO JURÍDICA E FATO JURÍDICO 
(PARTE 01). 
 
TEMA 01 – BEM JURÍDICO 
 
1. Bens Jurídicos: Conceito 
Os bens jurídicos podem ser definidos como toda a utilidade física ou ideal, que seja 
objeto de um direito subjetivo. 
 
Preferimos, na linha do Direito Alemão, identificar a “coisa” sob o aspecto de sua 
materialidade, reservando o vocábulo aos objetos corpóreos. Os “bens”, por sua vez, 
compreenderiam os objetos corpóreos ou materiais (coisas) e os ideais (bens 
imateriais). Dessa forma, há bens jurídicos que não são coisas: a liberdade, a honra, a 
integridade moral, a imagem, a vida. 
 
2. conceitos básicos 
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS OU DE ACORDO COM A MOBILIDADE. 
 
Bens imóveis – são aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro 
sem alteração de sua substância (um terreno). 
Bens móveis – são os passíveis de deslocamento, sem quebra ou fratura (um 
computador, v.g.). Os bens suscetíveis de movimento próprio, enquadráveis na noção 
de móveis, são chamados de semoventes (um cachorro, v.g.). 
 
 Bens móveis e imóveis 
1 Bens móveis - Os bens móveis são aqueles que, sem deterioração na substância ou 
na forma, podem ser transportados de um lugar para outro. Enquadram-se ainda 
nessa classe os bens dotados de movimento próprio, são os chamados semoventes (os 
animais), e aquele que se movem também por força alheia também estão inclusos 
2 
 
nessa classificação (coisas inanimadas ). Vejamos a seguir as subclasses dos bens 
móveis. 
- Móveis por sua própria natureza 
- Móveis por antecipação - Bens móveis por antecipação são bens imóveis que a 
vontade humana mobiliza em função da finalidade econômica; ex: árvores, frutos, 
pedras e metais, aderentes ao imóvel, são imóveis; separados, para fins humanos, 
tornam-se móveis; ex: são móveis por antecipação árvores convertidas em lenha. 
- Móveis por determinação legal - Os bens móveis por determinação legal são os 
direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, os direitos de 
obrigação e as ações respectivas e os direitos de autor. Estão classificados por força 
legal no art. 83 de CC, que assim dispõe: 
- Semoventes: Os semoventes são bens que se movem de um lugar para outro por 
movimento próprio, como é o caso dos animais. Sua disciplina é a mesma dos bens 
móveis por sua própria natureza, sendo-lhes aplicáveis todas as suas regras 
correspondentes, ou seja, aquelas previstas no art. 82 do Código Civil. 
2 Bens imóveis 
- Imóveis por sua própria natureza: Entende-se que os bens imóveis por sua natureza 
conforme são o solo com sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, 
compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. 
- Imóveis por acessão física, industrial ou artificial : Previstos no art.79 do Código 
Civil, nesta classe incluem-se tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao 
solo, como a semente lançada a terra, os edifícios e construções, de modo que não se 
possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou causar dano. 
- Imóveis por acessão intelectual: Estes bens podem ser definidos como tudo quanto 
no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado na sua exploração 
industrial, aformoseamento ou comodidade. 
- Imóveis por determinação legal: Para fins legais são bens imóveis aqueles 
compreendidos no art. 80 do CC, como vemos:- 
QUANTO A SUA FUNGIBILIDADE - Bens fungíveis e infungíveis: 
Fungíveis são os bens móveis que podem ser substituídos por outros de mesma 
espécie, qualidade e quantidade. Tomemos o seguinte exemplo: Quando você 
empresta dinheiro a alguém, você não irá receber aquelas mesmas cédulas de volta, 
mas sim, outras cédulas que podem estar dispostas de diversas formas ou até mesmo 
em moedas, mas corresponderão ao valor emprestado. 
Infungíveis são os insubstituíveis, por existirem somente se respeitada sua 
individualidade. A título exemplificativo vejamos: Uma obra de arte exclusiva ou uma 
3 
 
jóia de valor original e única. Esta obra de arte e esta jóia jamais poderão ser 
substituídas, pois não existem outras com o mesmo valor e da mesma espécie. 
 
DE ACORDO À CONSUNTIBILIDADE 
- Bens consumíveis e inconsumíveis: Consumíveis são os que se destroem assim que 
vão sendo usados (alimentos em geral); inconsumíveis são os de natureza durável, 
como um livro. 
DE ACORDO COM A SUA DIVISIBILIDADE 
- Bens divisíveis e indivisíveis: Bens divisíveis e indivisíveis: divisíveis são aqueles que 
podem ser fracionados em porções reais; indivisíveis são aqueles que não podem ser 
fracionados sem se lhes alterar a substância, ou que, mesmo divisíveis, são 
considerados indivisíveis pela lei ou pela vontade das partes. 
 
No Código Civil: 
 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente. 
 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II – o direito à sucessão aberta. 
 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local; 
II – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por 
força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I – as energias que tenham valor econômico; 
II – os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III – os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os 
provenientes da demolição de algum prédio. 
 
Bens fungíveis – são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade (dinheiro). 
4 
 
Bens infungíveis – por sua vez, são aqueles de natureza insubstituível. Exemplo: uma 
obra de arte. 
No Código Civil: 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. 
 
Bens consumíveis – são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da 
própria substância, bem como aqueles destinados à alienação (um sanduíche). 
Bens inconsumíveis – são aqueles que suportam uso continuado (um avião). 
 
No Código Civil: 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da 
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
 
Bens divisíveis – são os que se podem repartir em porções reais e distintas, formando 
cada uma delas um todo perfeito (uma saca de café). 
Bens indivisíveis – não admitem divisão cômoda sem desvalorização ou dano (um 
cavalo). 
No Código Civil: 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes. 
 
Bens singulares – são coisas consideradas em sua individualidade, representadas por 
uma unidade autônoma e, por isso, distinta de quaisquer outras (um lápis, um livro). 
Bens coletivos ou universalidades – são aqueles que, em conjunto, formam um todo 
homogêneo (universalidade da fato – um rebanho, uma biblioteca; universalidade de 
direito – o patrimônio, a herança). 
No Código Civil: 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais. 
Art.90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de 
relações jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma 
pessoa, dotadas de valor econômico. 
 
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
 
Principal - é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (a árvore em 
relação ao fruto). 
Acessório – é o bem cuja existência supõe a do principal (fruto em relação à árvore) 
São bens acessórios: 
5 
 
a) os frutos – trata-se das utilidades renováveis, ou seja, que a coisa principal 
periodicamente produz, e cuja percepção não diminui a sua substância (café, soja, 
laranja). 1 Voltaremos ao tema, especialmente no que tange à classificação dos frutos, 
em nossas aulas de Direitos Reais. 
 
Classificam-se em: 
Quanto à sua natureza: 
a) naturais – são gerados pelo bem principal sem necessidade da intervenção humana 
direta (laranja, café); 
b) industriais – são decorrentes da atividade industrial humana (bens manufaturados); 
 
c) civis – são utilidades que a coisa frugífera periodicamente produz, viabilizando a 
percepção de uma renda (juros, aluguel). 
 
Quanto à ligação com a coisa principal: 
a) colhidos ou percebidos – são os frutos já destacados da coisa principal, mas ainda 
existentes; 
b) pendentes – são aqueles que ainda se encontram ligados à coisa principal, não 
tendo sido, portanto, destacados; 
c) percipiendos – são aqueles que deveriam ter sido colhidos mas não o foram; 
d) estantes – são os frutos já destacados, que se encontram estocados e armazenados 
para a venda; 
e) consumidos: que não mais existem; 
b) os produtos – trata-se de utilidades não-renováveis, cuja percepção diminui a 
substância da coisa principal (carvão extraído de uma mina esgotável). 
c) os rendimentos - são frutos civis, como os juros e o aluguel. 
d) as pertenças – trata-se das coisas que, sem integrarem a coisa principal, facilitam a 
sua utilização, a exemplo do aparelho de ar condicionado (art. 93 do CC). 
e) as benfeitorias – trata-se de toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma 
coisa, com o propósito de conservá-la (benfeitoria necessária – ex.: reforma em uma 
viga), melhorá-la (benfeitoria útil – abertura do vão de entrada da casa) ou embelezá-
la (benfeitoria voluptuária – uma escultura talhada na 
parede de pedra do imóvel). Vide arts. 96 e 97 do CC. 
f) as partes integrantes – integra a coisa principal de maneira que a sua separação 
prejudicará a fruição do todo, ou seja, a utilização do bem jurídico principal (ex.: a 
lâmpada em relação ao lustre). 
 
BENS PÚBLICOS E PARTICULARES 
 
Quanto ao titular do domínio, os bens poderão ser públicos (uso comum do povo, uso 
especial e dominiais) ou particulares. 
 
Os bens públicos são estudados pelo Direito Administrativo. 
 
No Código Civil: 
 
6 
 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de 
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive 
os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de 
direito privado. 
 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são 
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências 
da lei. 
 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme 
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
BEM DE FAMÍLIA 
 
O bem de família voluntário, disciplinado a partir do art. 1711 do CC, é aquele 
instituído por ato de vontade do casal ou da entidade familiar, mediante registro 
público. 
 
Já o bem de família legal é reconhecido pela Lei n. 8009 de 1990, independentemente 
de inscrição em cartório. 
 
Essa espécie legal, disciplinada pela Lei n. 8009/90, traduz a impenhorabilidade “do 
imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, isentando-o de dívidas 
civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de qualquer natureza, contraída pelos cônjuges 
ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, ressalvadas as 
hipóteses previstas em lei”. 
 
Tal isenção “compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as 
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os 
de uso profissional, ou móveis que guarneçam a casa, desde que quitados” (art. 1°, 
parágrafo único). 
 
7 
 
A impenhorabilidade, como dispõe o art. 3° da Lei n. 8009/90, é oponível em qualquer 
processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista, ou de outra natureza, 
salvo se movido (exceções à impenhorabilidade legal): 
 
a) em razão de créditos de trabalhadores da própria residência (trabalhadores 
domésticos ou contratados diretamente para pequenas reformas pelo dono do imóvel) 
e das respectivas contribuições previdenciárias; 
b) pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à 
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do 
respectivo contrato; 
c) pelo credor de pensão alimentícia; 
d) para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em 
função do imóvel familiar; 
e) para a execução de hipoteca sobre o imóvel, oferecido como garantia real pelo casal 
ou pela entidade familiar; 
f) por ter sido adquirido com produto de crime ou para a execução de sentença penal 
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; 
g) por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
 
 
Vale lembrar que, o STF reputou inconstitucional a penhora do bem de família do 
fiador na locação: RE 352.940-4 São Paulo, Relator: Min. CARLOS VELLOSO. 
 
Confira, abaixo, a notícia, seguida da respectiva decisão: 
 
26/04/2005 - 18:46 - Ministro considera inconstitucional penhora de imóvel familiar 
para o 
pagamento de fiança 
 
O imóvel residencial é um bem de família, portanto, impenhorável mesmo que seja 
para a quitação de uma dívida contraída por meio de fiança. A decisão foi tomada pelo 
ministro Carlos Velloso, ao julgar o Recurso Extraordinário (RE 352940) de um casal de 
São Paulo que recorreu ao Supremo para não ter a casa da família penhorada para 
pagamento de dívida. O casal era fiador em contrato de locação de imóvel. 
 
Ao acolher o recurso do casal, o ministro Carlos Velloso observou que, embora a Lei 
8.245/91 permita a penhora de imóvel de família por "obrigação decorrente de fiança 
concedida em contrato de locação", o artigo 6º da Constituição federal impede a 
penhora. Segundo o ministro, esse impedimento se deu a 
partir da Emenda Constitucional nº 26, promulgada em 14 de fevereiro de 2000, que 
incluiu a moradia 
entre os direitos sociais garantidos pela Constituição. 
Leia, abaixo, a íntegra da decisão do ministro Carlos Velloso. 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 352.940-4 SÃO PAULO 
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO 
8 
 
RECORRENTES : ERNESTO GRADELLA NETO E OUTRA 
ADVOGADOS : ARISTEU CÉSAR PINTO NETO E OUTRO 
RECORRIDA : TERESA CANDIDA DOS SANTOS SILVA 
ADVOGADOS : BENEDITO RODRIGUES DE SOUZA E OUTRAS 
 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CIVIL. FIADOR: BEM DE FAMÍLIA: IMÓVEL RESIDENCIALDO CASAL OU DE ENTIDADE FAMILIAR: IMPENHORABILIDADE. Lei nº 8.009/90, arts. 1º 
e 3º. Lei 8.245, de 1991, que acrescentou o inciso VII, ao art. 3º, ressalvando a penhora 
“por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação”: sua 
nãorecepção pelo art. 6º, C.F., com a redação da EC 26/2000. Aplicabilidade do 
princípio isonômico e do princípio de hermenêutica: ubi eadem ratio, ibi eadem legis 
dispositio: onde existe a mesma razão fundamental, prevalece a mesma regra de 
Direito. Recurso extraordinário conhecido e provido. 
 
DECISÃO: - Vistos. O acórdão recorrido, em embargos à execução, proferido pela 
Quarta Câmara do 
Eg. Segundo Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, está assim ementado: 
 
“A norma constitucional que inclui o direito à moradia entre os sociais (artigo 6º do 
Estatuto Político da República, texto conforme a Emenda 26, de 14 de fevereiro de 
2000) não é imediatamente aplicável, persistindo, portanto, a penhorabilidade do bem 
de família de fiador de contrato de locação imobiliária urbana. 
A imposição constitucional, sem distinção ou condicionamento, de obediência ao 
direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada é inarredável, ainda que se 
cuide, a regra eventualmente transgressora, de norma de alcance social e de ordem 
pública.” (Fl. 81) 
 
Daí o RE, interposto por ERNESTO GRADELLA NETO e GISELDA DE FÁTIMA GALVES 
GRADELLA, fundado no art. 102, III, a, da Constituição Federal, sustentando, em 
síntese, o seguinte: 
 
a) impenhorabilidade do bem de família do fiador em contrato de locação, dado que 
o art. 6º 
da Constituição Federal, que se configura como auto-aplicável, assegura o direito à 
moradia, o que elidiria a aplicação do disposto no art. 3º, VII, da Lei 8.009/90, 
redação da Lei 8.245/91; 
b) inexistência de direito adquirido contra a ordem pública, porquanto “(...) a norma 
constitucional apanha situações existentes sob sua égide, ainda que iniciadas no 
regime antecedente” (fl. 88). 
 
Admitido o recurso, subiram os autos. 
A Procuradoria-Geral da República, em parecer lavrado pela ilustre Subprocuradora-
Geral da República, Drª. Maria Caetana Cintra Santos, opinou pelo não-conhecimento 
do recurso. 
 
Autos conclusos em 15.10.2004. 
9 
 
Decido. 
 
A Lei 8.009, de 1990, art. 1º, estabelece a impenhorabilidade do imóvel residencial do 
casal ou da entidade familiar e determina que não responde o referido imóvel por 
qualquer tipo de dívida, salvo nas hipóteses previstas na mesma lei, art. 3º, inciso I a 
VI. 
 
Acontece que a Lei 8.245, de 18.10.91, acrescentou o inciso VII, a ressalvar a penhora 
“por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.” 
 
É dizer, o bem de família de um fiador em contrato de locação teria sido excluído da 
impenhorabilidade. 
Acontece que o art. 6º da C.F., com a redação da EC nº 26, de 2000, ficou assim 
redigido: 
 
“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, a segurança a 
previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na 
forma desta Constituição.” 
 
Em trabalho doutrinário que escrevi  “Dos Direitos Sociais na Constituição do Brasil”, 
texto básico de palestra que proferi na Universidade de Carlos III, em Madri, Espanha, 
no Congresso Internacional de Direito do Trabalho, sob o patrocínio da Universidade 
Carlos III e da ANAMATRA, em 10.3.2003  registrei que o direito à moradia, 
estabelecido no art. 6º, C.F., é um direito fundamental de 2ª geração  direito social  
que veio a ser reconhecido pela EC 26, de 2000. 
 
O bem de família  a moradia do homem e sua família  justifica a existência de sua 
impenhorabilidade: Lei 8.009/90, art. 1º. Essa impenhorabilidade decorre de constituir 
a moradia um direito fundamental. 
 
Posto isso, veja-se a contradição: a Lei 8.245, de 1991, excepcionando o bem de família 
do fiador, sujeitou o seu imóvel residencial, imóvel residencial próprio do casal, ou da 
entidade familiar, à penhora. 
 
Não há dúvida que ressalva trazida pela Lei 8.245, de 1991,  inciso VII do art. 3º  
feriu de morte o princípio isonômico, tratando desigualmente situações iguais, 
esquecendo-se do velho brocardo latino: ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio, 
ou em vernáculo: onde existe a mesma razão fundamental, prevalece a mesma regra 
de Direito. 
 
Isto quer dizer que, tendo em vista o princípio isonômico, o citado dispositivo  inciso 
VII do art. 3º, acrescentado pela Lei 8.245/91, não foi recebido pela EC 26, de 2000. 
Essa não recepção mais se acentua diante do fato de a EC 26, de 2000, ter estampado, 
expressamente, no art. 6º, C.F., o direito à moradia como direito fundamental de 2ª 
geração, direito social. Ora, o bem de família  Lei 8.009/90, art. 1º  encontra 
10 
 
justificativa, foi dito linha atrás, no constituir o direito à moradia um direito 
fundamental que deve ser protegido e por isso mesmo encontra garantia na 
Constituição. 
 
Em síntese, o inciso VII do art. 3º da Lei 8.009, de 1990, introduzido pela Lei 8.245, de 
1991, não foi recebido pela CF, art. 6º, redação da EC 26/2000. 
Do exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento, invertidos os ônus da 
sucumbência. 
 
Publique-se. 
Brasília, 25 de abril de 2005. 
 
Ministro CARLOS VELLOSO 
- Relator – 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
TEMA 02 – DO FATO JURÍDICO 
1. Fato Jurídico: Introdução 
 
O fato jurídico pode ser definido, em sentido, amplo, como sendo todo acontecimento 
apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. 
Sem querer pôr fim à controvérsia, apresentamos o nosso quadro classificatório a 
respeito do tema, embora exista variação na doutrina: 
Ou, 
Qualquer acontecimento natural ou conduta humana que a norma jurídica que lhe 
outorga efeitos jurídicos. 
 
Fato Jurídico é dividido em: 
• Fato Jurídico em sentido estrito, que se divide em: Ordinário e Extraordinário; 
• Ato-Fato Jurídico 
• Ação Humana ( ato jurídico em sentido lato), que divide em: 
- de efeitos lícitos (atos jurídicos lícitos em sentido amplo), que divide em: 
a) ato jurídico sentido estrito (não negocial), e 
b) Negocio Jurídico. 
- de efeitos ilícitos → Ato Ilícito 
 
1) Conceito: 
- Acontecimento natural ou uma conduta humana que a norma jurídica lhe outorga 
efeitos. 
- Fato + norma _ Fato jurídico. 
 
2) Classificação: 
1ª Corrente - Majoritária _ Francesa: 
a) Fatos Jurídicos em Sentido Estrito. 
b) Atos Jurídicos. 
 
2ª Corrente - Pontes de Miranda _ influência da escola germânica. 
a) Fatos Jurídicos em sentido Estrito 
b) Atos-Fatos (Não consta na corrente majoritária). 
 
 
EXPLANAÇÃO DA CORRENTE DO PONTES DE MIRANDA: 
1. Fatos jurídicos em sentido estrito : acontecimentos naturais, sem intervenção do 
homem. 
Fatos jurídicos Ordinários : decorre do simples decurso do tempo – frequência do ato 
Ex. nascimento, morte, decurso do tempo (prescrição e decadência). 
Fatos jurídicos Extraordinários : qualquer ato que altere a ordem normal, fato 
imprevisto. Não existe intervenção humana. Ex. Caso fortuito, força maior. 
 
2. Atos - Fatos Jurídico : Condutas humanas avuditivas, é aquela cujo efeito jurídico 
independe da vontade. 
Exemplos : a) achado de tesouro; b) especificação (transformação de matéria prima 
em um produto / obra de arte); c) responsabilidade civil dos incapazes (art. 928 do 
CC). 
 
Obs.: Os atos-fatos não possuem qualquer sanção por invalidade. 
 
12 
 
3. Atos Jurídicos : Conduta humana volitiva (voluntária, ou seja, o núcleo é a 
vontade), que serão divididos em: 
 
Lícitos: 
Ato jurídico em sentido estrito : Vontade de praticar, mas os efeitos já estão na Lei, 
ou seja, se este ato for iniciado suas condições estarão descritos em Lei, pré-
estabelecido em lei. 
Nos atos em sentido estrito, os efeitos não podem ser alterados por vontade das 
partes. Ex. união estável, reconhecimento de filiação, fixação domiciliar, atos 
processuais. 
Negocio jurídico : Vontade para determinar a formação e delinearos efeitos. Tem 
autonomia de vontade. Ex. contratos. 
A regularidade do negocio jurídico depende da observância de requisitos legais 
(requisitos de validade). 
 
Atenção: os requisitos de validade são cinco, sendo que três deles estão elencados 
no art. 104 CC. 
 
Requisitos de validade do negócio jurídico: 
1. Exteriorização da vontade , que serão: 
 
a) Por formas : 
Declaração: ocorre de forma solene. 
Manifestação de vontade: forma espontânea. 
 
b) Por espécies : 
Expressa : ocorre por sinais de linguagem . A compreensão da linguagem não é 
requisito para manifestação da linguagem. 
Tácita : manifestação tácita (comportamento dedutível). 
 
 
Pergunta : Silêncio é forma de manifestação tácita? 
R. O silêncio não é forma de manifestação, porém poderá ter efeitos da anuência, nos 
casos permitidos pelos usos e costumes, onde não for necessário a manifestação 
expressa (Art. 111, CC). Ex. Ata de Assembleia. 
 
2. Capacidade do agente , negócio jurídico em geral: 
Atos do incapaz (nulo) art. 166 CC. 
Relação incapaz (anulável) art. 171 CC. 
 
3. Legitimidade : é uma aptidão / restrição de uma determinada pessoa para a prática 
de um negocio específico. 
 
Principais hipóteses de legitimidade: 
Art. 1.521, CC - impedimentos 
Art. 496 e 497, CC - compra e venda 
 
4. Objeto negocial : sinômino de interesse – interesse jurídico: 
Lícito : permissão do ordenamento civil envolve legalidade e moralidade; 
Possibilidade : que pode ser física e jurídica; 
Determinabilidade : Objeto determinado é aquele especificado, o determinável tem 
uma especificação mínima, gênero e quantidade. Sem gênero e quantidade ele será 
indeterminado. É a identificação do interesse. 
 
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Observações : 
1. A licitude difere da possibilidade jurídica, especialmente no momento de sua 
análise. A licitude ocorre quando o negócio é realizado (é a validade na formação do 
negócio), já a possibilidade no momento de seu cumprimento. 
2. Licitude, possibilidade e determinabilidade: devem ser características cumulativas. 
 
5. Forma : suporte físico da vontade, ou seja, LIVRE: 
Artigos 108 e109 – Parte Geral do CC. 
Regras especiais da lei: 
 
Art. 108 do CC: A lei para negócios imobiliários, apenas no caso de valores 
superiores a 30x o salário mínimo precisam de escritura pública. 
 
Art. 109 do CC : Escritura pública decorrente por vontade das partes. 
Obs. Todos os negócios jurídicos realizados possuem uma presunção de validade 
facilitando nesta forma o trânsito legal. 
 
4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Espécies : 
Nulidade: interesse do Estado, nunca se confirma, pode ser alegado a qualquer 
momento. 
Anulabilidade : Interesse das partes. 
 
Hipóteses : 
 
Nulidade: art. 166,CC 
Nulidade textual: esta no texto da lei; 
Nulidade virtual: “é proibido”, “vedado”, “é defeso” 
Nulidade declarada: interessados, MP, Ofício 
 
A nulidade não dependo de reconhecimento por sentença judicial. 
 
Anulabilidade: art. 171, CC 
Interesses (partes) – Sentença Judicial. 
Na omissão, o prazo geral para anular-se o ato é de 02 anos. 
 
Efeitos : 
Nulidade : “ex tunc”. O negócio nulo não pode ser confirmado e não convalida, pois 
não existe prazo para alegação da nulidade no civil. 
Art. 170 – A nulidade autoriza o fenômeno da conver são substancial. 
 
Anulabilidade : “ex nunc”, pois a anulabilidade pode ser confirmada e convalida. 
 
Prazos : 
04 anos para incapacidade relativa – vício, depois convalida. No caso de absoluta está 
previsto no art. 66 – nulo. 
02 anos na hipótese de omissão do texto legal. 
 
2.1 Fato em Sentido Estrito 
- São os acontecimentos naturais. Sem intervenção humana, ou seja, vontade direta. 
 
- Divisão baseado na frequência: 
a) Ordinário = acontece a todo momento. Ex: nascimento; morte; decurso do tempo. 
b) Extraordinário = acontece pouco. Ex: caso fortuito ou força maior. 
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3ª Corrente - Ato-Fato. (corrente francesa não reconhece) 
- Se traduz por uma conduta humana avolitiva. (independente da vontade) 
- Principais exemplos de ato-fato: 
a) Achado de tesouro; 
b) Especificação; 
c) Responsabilidade civil de incapaz; 
 
3. ATOS JURIDICOS 
3.1 - Conceito: É uma conduta humana volitiva. 
3.2 - Divisão do ato: 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
 
DINIZ, Maria Helena Diniz. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002. 
 
FIÚZA, Cezar. Direito Civil: Curso Completo. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona, Novo Curso de Direito 
 
Civil, Parte Geral, 8º edição. Volume 1. Saraiva. São Paulo, 2007 
 
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 18. ed. Atualizada por Humberto Theodoro Júnior. 
Rio de Janeiro: Forense, 2001. 
 
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. V.1: parte geral. 40. ed. Ver. e atual. 
Por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. V.1. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2001

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