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COLÉGIO 24 DE MAIO - SÃO MIGUEL PAULISTA - UNIDADE 2 REBECA BRASILEIRO MARQUES PRONTO-SOCORRO Doenças atendidas no pronto-socorro Parte 2. São Paulo 2020 Sumário PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA, PARADA CARDÍACA E PARADA RESPIRATÓRIA. ........................................................................................................................ 3 TÉCNICA PCR (RCP). .............................................................................................................. 5 DESFIBRILADOR. ...................................................................................................................... 8 QUEIMADURAS. ........................................................................................................................ 9 INTOXICAÇÃO. ........................................................................................................................ 14 FRATURAS INTERNAS E FRATURAS EXTERNAS. ........................................................ 17 CHOQUES: NEUROGÊNICOS, SEPTICOS, CARDIOGÊNICOS, ANAFILÁTICO E HIPOVOLÊMICO. ..................................................................................................................... 19 FAF (FERIMENTO POR ARMA DE FOGO) E FAB (FERIMENTO POR ARMA BRANCA). .................................................................................................................................. 21 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA, PARADA CARDÍACA E PARADA RESPIRATÓRIA. Entende-se por PCR a cessação de atividades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente inconsciente. É o evento final de uma série de quadros clínicos que podem resultar em lesões cerebrais irreversíveis, caso não sejam tomadas as medidas necessárias como as manobras de reanimação. Já a PC é a perda repentina de circulação sanguínea em resultado da incapacidade do coração em bombear sangue. Os sintomas incluem perda de consciência e respiração ausente ou anormal. Algumas pessoas podem sentir dor no peito, falta de ar ou náuseas antes da parada cardíaca. Quando não é tratada no prazo de minutos, geralmente leva à morte. A causa mais comum de parada cardíaca é a doença arterial coronária. Entre as causas menos comuns estão hemorragias abundantes, falta de oxigénio, níveis muito baixos de potássio, insuficiência cardíaca e exercício físico intenso. Existem também uma série de distúrbios hereditários que podem aumentar o risco, entre os quais síndrome do QT longo. O ritmo cardíaco inicial mais comum é fibrilação ventricular. O diagnóstico é confirmado pela ausência de pulsação. Embora uma parada cardíaca possa ser causada por um enfarte do miocárdio ou insuficiência cardíaca, trata-se de condições distintas. PR é a ausência de fluxo de ar nos pulmões, por ausência de movimentos respiratórios, seja pelo colapso dos pulmões, paralisia do diafragma ou outras causas. Geralmente coincide, é precedida ou leva a parada cardíaca (por hipoxemia). É uma emergência médica. Sinais de parada respiratória: inconsciência, lábios, língua e unhas azuladas (cianose); ausência de movimentos do peito (movimentos respiratórios). Cuidados de enfermagem no atendimento em paradas cardiorrespiratória, cardíaca e respiratória: - Conversar com paciente para verificar o estado de consciência; - Verificar se o tórax se expande; - Ouvir se a algum ruído de respiração; - Verificar se há saída de ar, se o paciente está respirando; - Verificar a pulsação através das artérias caróticas; - Depois de reconhecer se o paciente está sofrendo de PCR, PC ou PR, deve manter o desfibrilador preparado e próximo ao leito; - Colocar a vítima em decúbito (deitado) dorsal horizontal em uma superfície plana e dura; - Manter a cabeça e o tórax no mesmo plano; - Solicitar, caso não tenha, um desfibrilador externo semiautomático (DEA); - Iniciar o suporte básico de vida: as manobras utilizadas no suporte básico de vida visam a estabelecer as condições mínimas necessárias para manter ou recuperar a oxigenação e a perfusão cerebral, já que é a viabilidade neurológica que define, em grande parte, o prognóstico da vítima. Portanto, as atitudes terapêuticas devem ser adotadas de acordo com sua prioridade, ou seja, de acordo com o impacto terapêutico da eficácia sobre o paciente; - Avaliar o nível de consciência (responsividade); - Solicitar ajuda, pedindo o desfibrilador; - Fazer a reanimação cardiopulmonar (RCP); - Realizar a desfibrilação elétrica; - Realizar o suporte vital cardíaco avançado (SACV) com controle definitivo das vias respiratórias e do ritmo: no suporte avançado, a identificação do ritmo cardíaco é realizada pelas pás do desfibrilador/monitor cardíaco, cabendo ao médico a interpretação do ritmo encontrado. O emprego direto das pás tem o objetivo de poupar tempo durante o atendimento, permitindo a rápida desfibrilação, caso indicada. Com a identificação do ritmo cardíaco, é possível dividir a PCR em duas modalidades: PCR em fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso (FV/TV) e PCR não FV/TV (atividade elétrica sem pulso e assistolia). * Se a pessoa continuar em parada cardíaca após o uso de um DEA, são iniciadas outras medidas, como abrir as vias respiratórias, iniciar a reanimação cardiopulmonar (RCP) e administrar naloxona ou epinefrina. Os medicamentos mais utilizados nas paradas PCR, PC e PR são: epinefrina (1 mg a cada 3 a 5 min, IV/IO); vasopressina em uma única dose de 40 UI; a amiodarona é o primeiro antiarrítmico a ser utilizado (300 mg EV/IO), podendo ser aplicada a segunda dose (150 mg IV/IO), se não houver reversão da arritmia após o próximo choque; a lidocaína (nível de recomendação indeterminado) é aceita como antiarrítmico na dose de 1 a 1,5 mg/kg, na dose máxima de 3 mg/kg; o sulfato de magnésio (1 a 2 g EV/IO) pode ser benéfico quando há hipomagnesemia precipitando a arritmia. Na ausência de hipomagnesemia, o sulfato de magnésio não traz benefício ao doente. A introdução das drogas durante a PCR ocorre durante os ciclos de 2 minutos de RCP, de acordo com a prioridade e o intervalo das drogas. Nesta condição, após a primeira desfibrilação, epinefrina ou vasopressina é administrada; no próximo ciclo, há tempo para emprego da amiodarona e assim por diante. TÉCNICA PCR (RCP). A checagem de pulso carotídeo por 5 a 10 segundos é passo importante no atendimento da vítima, pois é a sua ausência que define a parada cardíaca. Definida a PCR, as manobras de RCP devem ser iniciadas de imediato, com 30 compressões torácicas alternadas com 2 ventilações assistidas enquanto o paciente não for intubado. Após a intubação, não existe mais a necessidade de sincronismo. As compressões torácicas devem ser aplicadas numa frequência acima de 100 compressões por minuto, de forma contínua, rápida e com deformação do tórax de no mínimo 5 cm de profundidade. Após a compressão, deve-se permitir que o tórax retorne à posição de repouso. Após 30 compressões torácicas, deve-se aplicar 2 ventilações assistidas, completando 1 ciclo de RCP. Os ciclos de RCP não devem ser interrompidos até que a equipe de suporte avançado assuma a RCP, o paciente apresente sinais de retorno da circulação ou seja colocado o DEA para análise do ritmo cardíaco. Para as ventilações, as vias aéreas (VA) devem ser abertas elevando-se a mandíbula e hiperestendendo a coluna cervical. Tal hiperextensão é contraindicada em casos de suspeita de lesão cervical, aplicando-se apenas tração/elevação da mandíbula. A abordagem da VA é necessária porque o rebaixamento do nível de consciência desencadeia o relaxamento da musculatura que sustenta a posição correta da língua e da faringe, sendo a queda da língua a causa mais comum de obstrução da ventilação. As ventilações devem ser aplicadas pelo conjunto máscara-bolsa-reservatório(AMBU), de forma a promover elevação do tórax e duração de 1 segundo. Nas diretrizes anteriores, a sequência de abordagem da PCR demandava a abertura das vias aéreas (VA), 2 ventilações assistidas e a checagem de pulso central, seguida de compressões torácicas (A-B-C). A checagem da presença de ventilação (ver-ouvir-sentir) também não é mais recomendada por retardar o início da RCP. Atualmente, recomenda-se inverter as prioridades, sendo um ciclo de 30 compressões torácicas a primeira medida a ser aplicada, seguida da abertura de vias aéreas e de 2 ventilações assistidas (C-A-B). Esta inversão se deve sobretudo ao retardo no início das compressões torácicas quando a VA era prioridade; além disso, o leigo aplica de forma inadequada a abertura da VA. Assim, a recomendação atual para o leigo resgatista é realizar apenas as compressões torácicas, pois quando a RCP é realizada sem ventilações, a mortalidade da vítima não se eleva. A RCP é uma das poucas atitudes terapêuticas com nível I de recomendação durante o atendimento da PCR, devendo ser aplicada com o maior rigor possível, assim como a desfibrilação precoce. As interrupções das compressões devem ser evitadas ao máximo e a qualidade da compressão torácica, sempre garantida. Após a reversão da PCR, alguns cuidados são necessários para impedir a deterioração da vítima e possibilitar a melhor condição possível para a sua recuperação. A reabordagem do ABC deve ser realizada periodicamente, sobretudo após o menor sinal de deterioração clínica do doente. A verificação do correto posicionamento da cânula e da adequação das ventilações assegura a boa oxigenação do paciente. Após a reversão da PCR, o paciente pode ser colocado em ventilação mecânica. A colocação de um oxímetro de pulso permite avaliar a adequação da oxigenação. A verificação do correto funcionamento do acesso venoso disponível e dos dados vitais – pressão arterial por meio de um monitor de pressão arterial não invasiva e da monitoração da FC e do ritmo de base – permite avaliar e manipular a condição hemodinâmica do paciente com infusão de volume, drogas vasoativas e antiarrítmicos, quando necessários. Após a estabilização do paciente, pode-se providenciar o seu transporte para recursos mais adequados (unidade de terapia intensiva, sala de hemodinâmica etc.). O controle glicêmico, a estabilidade hemodinâmica e evitar hiperoxia são medidas que contribuem para um melhor prognóstico, assim como a intervenção hemodinâmica precoce para os pacientes com infarto do miocárdio com supradesnivelamento de ST. Outra medida terapêutica que deve ser aplicada no período pós-PCR é a hipotermia induzida (temperatura central de 32 a 34 °C) por 12 a 24 horas. Os pacientes que se beneficiam são aqueles com sinais e sintomas de encefalopatia anóxica grave após recuperação da circulação espontânea (postura patológica ao estímulo doloroso, coma arreativo, midríase fixa, crises convulsivas, ausência de reflexos de troco encefálico) e aqueles que já demonstram recuperação neurológica significativa (movimentação espontânea, abertura ocular, resposta a ordens, localização de estímulo doloroso). Quando iniciada até a 6ª hora após o restabelecimento da circulação espontânea, a hipotermia determina melhor prognóstico neurológico, bem como de mortalidade, por alterar a evolução natural da lesão cerebral associada à hipóxia, além de ser a única medida que reduz a mortalidade dos sobreviventes à PCR. DESFIBRILADOR. O desfibrilador é o aparelho usado para, no caso de uma parada cardiorrespiratória, restabelecer o ritmo cardíaco do paciente. Esse aparelho tem o objetivo de emitir uma carga elétrica moderada no coração que está sofrendo algum tipo de arritmia. Este choque tem o objetivo de reorganizar as células do organismo e estimular o órgão a bombear o sangue e voltar ao seu funcionamento normal. Funcionamento do desfibrilador: primeiramente, o paciente não pula quando recebe a carga elétrica. O procedimento inclui outras etapas além de simplesmente pedir espaço para a aplicação do choque. A composição visual do desfibrilador é bem retratada. Ele é composto por duas pás, uma positiva e uma negativa. Essas devem ser dispostas no tórax do paciente de modo a garantir o órgão seja completamente coberto. São elas que fecham o circuito e que liberam a energia que está armazenada no paciente em questão. De fato, é necessário afastar as pessoas ao redor da aplicação. Então, é preciso ajustar a voltagem do choque (no caso de desfibriladores não automáticos), que normalmente varia entre 100 e 300 joules, de acordo com o peso e altura do paciente. Já no caso de Desfibrilador Automático Externo (DEA) esse cálculo é feito pelo próprio sistema inteligente automatizado. Após a primeira tentativa de uso, é preciso fazer uma avaliação. Se o problema for corrigido, é preciso avaliar o grau de consciência do paciente e a sua necessidade de receber oxigênio. Caso contrário, pode ser aplicada a massagem cardíaca para levar sangue ao cérebro. E, assim, preparar o corpo para a próxima aplicação. No caso de Desfibrilador Automático Externo (DEA) essa análise também é feita pelo próprio sistema inteligente automatizado, e caso seja necessária a massagem cardíaca, o sistema irá orientar o socorrista a realizar a massagem, conhecida como RCP. E o DEA ainda pode conter um dispositivo, conhecido como Feedback de RCP, que é capaz de avaliar e orientar as compressões da RCP em tempo real de acordo com a frequência e profundidade recomendada pelos procedimentos médicos. O princípio para o funcionamento do desfibrilador: então, o desfibrilador é praticamente um botão de “reset” do coração. Por exemplo: em casos de arritmia, o aparelho deve transmitir o choque em um intervalo que seja de acordo com a arritmia. Assim, ele dá a chance do corpo se recuperar. Ele alcança esse objetivo, fazendo com que o coração pare completamente de bater, por alguns segundos, e depois reinicie seu ciclo normal. Isso porque ele aproveita a capacidade totalmente independente do sistema cardíaco de operar. Após parar por alguns instantes, o próprio sistema estimula o seu batimento, fazendo com que ele retorne ao ritmo mais normal. O desfibrilador mais clássico é um equipamento que deve apenas ser manejado por médicos, já que deve haver uma interpretação do quadro do paciente. Já os Desfibriladores do tipo DEA, pode ser operado até mesmo por leigos, é de extrema importância para salvar tantas vidas. Afinal, ele possibilita um socorro imediato que possibilita que o paciente posso sobreviver até a chegada do socorro. QUEIMADURAS. Queimaduras são classificadas como injúrias decorrentes de trauma de origem térmica resultante da exposição a chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção. O tipo de queimadura depende da extensão do comprometimento tecidual e exposição ao agente agressor. Assim, a pessoa vítima desse acidente pode vir a óbito, ou ficar com sequelas irreversíveis, além do grande sofrimento físico e psicológico. Pacientes que sofreram algum tipo de queimadura apresentam intensa dor e grande impacto emocional, sendo, estes, alguns dos fatores que interferem em sua recuperação. É necessário conhecer a etiologia da queimadura, pois é um fator determinante nas medidas e intervenções terapêuticas que serão adotadas, direcionando os cuidados do enfermeiro e da equipe de saúde, assegurando, assim, melhora e evolução no quadro clínico do paciente. A gravidade da queimadura está diretamente relacionada com sua extensão e profundidade da lesão gerada no organismo. Comprometimento que causa vários distúrbios físicos, como, por exemplo, perda de volume líquido, mudanças metabólicas, deformidades corporais e risco de infecção, além das complicações advindas da queimadura, que podem ocasionar maiores complicações no estado de saúde do paciente. Por ser um trauma de grande complexidadee requerer tratamento eficaz, adequado e de caráter imediato, acidentes com vítimas por queimaduras apresentam alta taxa de morbidade e mortalidade. Além do comprometimento físico decorrente ao acidente de causa térmica, o paciente mostra-se, geralmente, muito abalado, até mesmo em estado de choque. As queimaduras podem ser classificadas da seguinte maneira: Quanto à profundidade: 1º grau: atinge a epiderme (camada superficial da pele). Apresentação com vermelhidão sem bolhas e discreto inchaço local. A dor está presente; 2º grau: atinge a epiderme e parte da derme (2ª camada da pele). Há presença de bolhas e a dor é acentuada; 3º grau: atinge todas as camadas da pele, músculos e ossos. Ocorre necrose da pele (morte do tecido), que se apresenta com cor esbranquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à profundidade da queimadura, que lesa todas as terminações nervosas responsáveis pela condução da sensação de dor. Quanto à extensão: a extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal queimada. Leves (ou "pequeno queimado"): atingem menos de 10% da superfície corporal; Médias (ou "médio queimado"): atingem de 10% a 20% da superfície corporal; Graves (ou "grande queimado"): atingem mais de 20% da área corporal; Duas regras podem ser utilizadas para "medir" a extensão da queimadura: Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele): Cabeça - 9% Tronco frente - 18% Tronco costas - 18% Membros superiores - 9% cada Membros inferiores - 18% cada Genitais - 1% Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”. As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e a área afetada As causas são classificadas da seguinte maneira: Agentes físicos Térmicos: líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor e através do fogo; Elétricas: corrente de baixa voltagem (eletrodomésticos), alta tensão e raio; Radiantes: resultam da exposição à luz solar ou fontes nucleares. Agentes químicos Substâncias químicas industriais, produtos de uso doméstico, como solventes, soda cáustica, alvejantes ou qualquer ácido ou álcalis. Agentes biológicos Seres vivos: como por exemplos, taturanas, “água viva”, urtiga. Cuidados de enfermagem: - Compete ao enfermeiro levantar informações necessárias, por meio da anamnese, para que possa estabelecer assistência de enfermagem que atenda às necessidades do paciente queimado e, assim, dar continuidade ao tratamento terapêutico iniciado no primeiro momento. A equipe de enfermagem deve prestar assistência na fase de emergência, monitorando a estabilização física e psicológica do paciente, além de intervir nas necessidades psicológicas também da família, pois as queimaduras geram respostas emocionais variáveis; - O profissional de enfermagem deve elencar as prioridades de ações ao paciente, planejando uma assistência adequada de acordo com as necessidades afetadas do queimado, deve analisar e acompanhar os exames com periodicidade. Também manter uma comunicação efetiva com o doente e seus familiares e com a equipe de saúde; - O exame físico é primordial na avaliação do paciente queimado, levando em conta suas limitações, pelas lesões que sofreu, deve ser realizado de forma criteriosa, atentando-se com frequência aos sinais vitais, dando ênfase aos pulsos periféricos em que, por sua vez, pode ser inviável a verificação, devido à presença de edema. A avaliação desses parâmetros permite ao enfermeiro amplo conhecimento da evolução no quadro clínico do paciente, pois, somente assim, será possível afirmar se o tratamento está tendo uma resposta efetiva; - Ao prestar assistência ao paciente queimado, o enfermeiro se depara com uma rotina de muito trabalho, dor e sofrimento, não apenas do doente, mas também de seus familiares, exigindo intervenção delicada por parte de toda a equipe. O enfermeiro terá de lidar com dor, depressão, padrão de sono perturbado, mobilidade física prejudicada e risco para infecção, e deve saber intervir em cada situação, de forma eficaz e ética; - O planejamento da assistência de enfermagem faz parte de um processo para identificar inferências e determinar intervenções necessárias para cada tipo de paciente, seja ele pequeno, leve e grande queimado, buscando sempre atingir resultados almejados e estabelecidos pela enfermagem, de acordo com o tratamento terapêutico. Para que seja implantado o plano de cuidados de enfermagem, devem-se estabelecer prioridades diárias, realizando mudanças necessárias conforme as alterações no quadro do paciente, sempre realizando o registro diário de todas as ações e intercorrências com o paciente assistido, além de buscar manter comunicação eficaz com a equipe; - O plano de cuidado deve atender às várias ameaças físicas que podem advir, além de oferecer amparo psicológico ao doente e a sua família. A ação dos cuidados de enfermagem, vai muito além da tecnicista, como, por exemplo, banho no leito/aspersão, desbridamento, curativos, momentos pré e pós cirúrgicos, entre outros; - Medidas executadas pela equipe de enfermagem são fatores que tendem a contribuir na recuperação do paciente internado, evitando sempre que ele apresente complicações procedentes da queimadura. Os cuidados gerais são basicamente procedimentos de rotinas; casos mais complexos necessitam de cuidados mais complexos, como higiene, alimentação, hidratação, posicionamento no leito e curativos, entre outros, - A equipe de enfermagem deve compreender a percepção que o paciente queimado tem das alterações que ocorreram no seu corpo. Cabe ao enfermeiro encorajar o doente e a família a expressar seus sentimentos, estabelecendo uma relação de confiança, o que permitirá um diálogo mais aberto, demonstrando sempre estar disposto a ouvir. É importante preparar o paciente para o que ele poderá ver, quando for se realizado algum cuidado ou procedimento nele, se possível descrever de uma forma tranquila, sem usar terminologias técnicas, a fim de amortizar o choque; - No processo de reabilitação, o enfermeiro tem que ajudar o paciente e seus familiares a enfrentar as mudanças corporais e as possíveis dificuldades e limitações em atividades diárias que fazia antes do acidente; orientar que isso acontece devido a retrações teciduais e dores, uma vez que são dificuldades que ele irá se deparar após a alta hospitalar. Portanto, o profissional de enfermagem deve começar durante o período de internação a ajudar o paciente a lidar com algumas situações que ele poderá vivenciar fora do ambiente hospitalar; - Prestar assistência de qualidade ao paciente queimado é uma tarefa árdua, sendo muito importantes a dedicação e a perseverança da equipe de enfermagem. Sendo assim, é preciso entendê-lo, levando-se em conta as características muito especiais consequentes da situação traumática vivenciada, partindo do pressuposto de que as queimaduras que sofreu podem deixar sequelas para a vida toda, seja incapacitando o indivíduo ou desfigurando-o irreversivelmente; - Alguns pacientes inalam fumaça ou substâncias tóxicas, o que pode levar a lesões ou até mesmo ao óbito, dependendo do tempo de exposição e do agente agressor. É muito comum pacientes vítimas de queimaduras apresentarem comprometimento respiratório, que vai desde pneumonia a embolia pulmonar. Mesmo após o atendimento inicial, no qual o paciente começa a receber o tratamento adequado, a equipe de enfermagem deve estar em alerta para sinais de hipoxemia, taquicardia, sudorese e cianose; - Ao controlar as respostas respiratórias e a dor, o enfermeiro deve estar atento aos sinais de choque hipovolêmico, e intervirde forma imediata com reposição de líquidos e eletrólitos, conforme indicação terapêutica adotada pelo médico. Umas das medidas que deve ser realizada pela enfermagem logo após admissão do paciente queimado é puncionar e manter um acesso venoso calibroso; - A comunicação efetiva com a equipe é um alicerce fundamental no tratamento e na melhora do paciente queimado. O enfermeiro deve orientar os familiares a ofertar alimentos nutritivos para o doente, de acordo com o aconselhamento do nutricionista. Quando as necessidades nutritivas não forem satisfatórias pela alimentação oral, o que acaba por comprometer o quadro clínico do paciente, o enfermeiro deverá introduzir uma sonda nasogástricas, conforme a prescrição do médico, estando atento se a nutrição prescrita está sendo adequada e eficaz, não causando nenhum mal-estar ao doente. Esses cuidados são de fundamental importância para ajudar no tratamento e cura do paciente; - Compete ao médico e ao enfermeiro executar medidas que controlem a dor do paciente queimado, atentando-se à causa e à intensidade, para que possam intervir, a fim de eliminar ou reduzir esse quadro com uso de medicação adequada. Em alguns casos, o paciente necessita de sedação, devido ao comprometimento corporal que sofreu. E, por sua vez, ao administrar o medicamento prescrito, o enfermeiro deve estar atento aos efeitos adversos e intercorrências ocasionadas pelo fármaco, comunicando ao médico e anotando os fatos presenciados; - Todo paciente que sofreu alguma lesão por causa térmica está sujeito à infecção. A medida que os resíduos se acumulam na superfície da ferida, podem retardar a migração dos queratinócitos, consequentemente afetando o processo de epitelizaçao. Em alguns casos, faz- se necessário o desbridamento das lesões por queimadura, a fim de remover o tecido contaminado por bactérias e corpos estranhos, protegendo o paciente contra a invasão de bactérias. Quando se fala em assistência de enfermagem com o paciente queimado, deve-se ter em mente que todos os cuidados deverão ser realizados com técnicas assépticas, evitando criar um ambiente favorável para crescimento e proliferação bacteriana, o que ocasionaria mais sofrimento e dor ao doente. As causas mais comuns de infecção em pacientes queimados são por bactérias, como Staphylococcus e Pseudomonas. A equipe de enfermagem deve ficar atenta a sinais de infecção no local da queimadura, observando os aspectos de coloração, secreções e sintomas sistêmicos, como hipertermia e contagem de leucócitos. INTOXICAÇÃO. A intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas que surgem pela exposição a substâncias químicas tóxicas para o organismo, como remédios em doses excessivas, picadas de animais venenosos, metais pesados, como chumbo e mercúrio, ou exposição a inseticidas e agrotóxicos. Uma intoxicação é uma forma de envenenamento, e, por isso, pode provocar reações locais, como vermelhidão e dor na pele, ou mais generalizadas, como vômitos, febre, suor intenso, convulsões, coma e, até, risco de morte. Assim, na presença de sinais e sintomas que possam levar a suspeitar deste problema, é muito importante ir ao pronto-socorro rapidamente, para que o tratamento seja feito, com lavagem gástrica, uso de remédios ou antídotos, prescritos pelo médico. Existem dois tipos principais de intoxicação, como: Intoxicação exógena: acontece quando a substância intoxicante está no ambiente, capaz de contaminar através da ingestão, contato com a pele ou inalação pelo ar. As mais comuns são o uso de medicamentos em doses elevadas, como antidepressivos, analgésicos, anticonvulsivantes ou ansiolíticos, uso de drogas ilícitas, picada de animais venenosos, como cobra ou escorpião, consumo de álcool em excesso ou inalação de produtos químicos, por exemplo; Intoxicação endógena: é causada pelo acúmulo de substâncias maléficas que o próprio organismo produz, como a ureia, mas que costumam ser eliminadas através da ação do fígado e filtragem pelos rins, e podem ser acumuladas quando estes órgãos apresentam uma insuficiência. Além disso, a intoxicação pode ser aguda, quando causa sinais e sintomas após um único contato com a substância, ou crônica, quando seus sinais são sentidos após acúmulo da substância no organismo, consumidos por muito tempo, como acontece nas intoxicações por medicamentos como Digoxina e Amplictil, por exemplo, ou por metais, como chumbo e mercúrio. A intoxicação mais comum a aparecer nos prontos-socorros e a gastroenterite, também conhecida como intoxicação alimentar, acontece devido à presença de micro-organismos, como vírus e bactérias, ou suas toxinas, em alimentos, principalmente quando mal- conservados, causando náuseas, vômitos e diarreia. Como existem diversos tipos de substâncias tóxicas, há uma grande variedade de sinais e sintomas que podem indicar uma intoxicação, e algumas da principais são: batimentos cardíacos acelerados ou lentificados; aumento ou queda da pressão arterial; aumento ou diminuição do diâmetro das pupilas; suor intenso; vermelhidão ou ferimentos na pele; alterações visuais, como borramento, turvação ou escurecimento; falta de ar; vômitos; diarreia; dor abdominal; sonolência; alucinação e delírio; retenção ou incontinência urinária e fecal; lentificação e dificuldade para realizar movimentos. Assim, o tipo, a intensidade e a quantidade de sintomas de intoxicação variam de acordo com o tipo de substância tóxica que é ingerida, quantidade e estado físico da pessoa que a ingeriu. Além disso, as crianças e os idosos são mais sensíveis a intoxicações. Cuidados de enfermagem: Abordagem inicial - Anamnese dirigida; - Verificar os sinais vitais; - Verificar o nível de consciência; - Verificar o tamanho da pupila; - Fazer oximetria de pulso; - Monitorização cardíaca continua; - Fazer o eletrocardiograma; - Realizar acesso periférico calibroso; - Testar a glicemia capilar; - Suporte de oxigênio (incluindo IOT); Cuidados de enfermagem imediatos: independente do produto de intoxicação, os primeiros cuidados de enfermagem serão: - Verificar os sinais vitais e comunicar as alterações; - Intervir nas complicações imediatas, como convulsões; - Manter o paciente com a cabeça lateralizada caso haja risco de vômitos; - Instalar um oxímetro; - Instalar cateter nasal ou máscara de oxigênio, se sat ≤90%, ou conforme protocolo; - Instalar monitoração cardíaca logo que possível; - Manter-se alerta quanto ao nível de consciência; - Manter as grades laterais do leito elevadas; - Aguardar a avaliação e a prescrição médica e realizar rigorosamente os procedimentos prescritos. Alguns procedimentos serão realizados após a prescrição médica, sendo determinados pelo tipo de substância ingerida, tempo e dose, por exemplo: - Indução de vômito (xarope de ipeca); - Lavagem gástrica - Instalação de via de acesso venoso para os casos de uso de medicamentos antagonistas; - Uso de carvão ativado. No caso do uso de carvão ativado, a dose recomendada é de 1 gt/kg de peso, podendo ser diluída em água ou refrigerantes na proporção de 1:4. A dose para crianças é 1/2 g/kg de peso. Em caso de substâncias ácidas ou alcalinas, corrosivos como derivados do petróleo, a indução ao vômito é contraindicada. Caso seja necessário o uso de SNG, esta deve ser colocada por endoscopia. FRATURAS INTERNAS E FRATURAS EXTERNAS. As fraturas podem ser definidas como uma ruptura parcial ou total do osso e podem ser classificadas em abertas ou fechadas, de acordo com o lesionamento da pele ou não. Uma fratura fechada é quando não ocorre o rompimento da pele, já a exposta é quando a pele é rompida e o osso apresenta-se exposto. Por existir maior possibilidade de infecção, a fratura exposta é considerada mais perigosa que a fratura fechada. As fraturas geralmente ocorrem em virtude de algum impacto, queda ou esmagamento, sendo essa última normalmente associadaà lesão de tecidos moles. Esses traumas não precisam ocorrer de forma violenta para que a lesão aconteça, pois pequenos tombos, por exemplo, podem gerar fraturas. Idosos são os mais propensos a apresentar ruptura dos ossos, principalmente em razão da sensibilidade dessas estruturas. Além das fraturas ocasionadas por traumas, existem as patológicas e as causadas por estresse. As fraturas patológicas são resultantes de esforços leves, que normalmente não causam alterações ósseas, e ocorrem, algumas vezes, de maneira espontânea. Elas acontecem em virtude da fraqueza dessa estrutura em consequência de uma osteoporose ou até mesmo de um câncer nos ossos. As fraturas por estresse, por sua vez, ocorrem como resultado de uma pressão frequente e repetitiva, sendo muito comuns em atletas. Elas comumente atingem os membros inferiores. Existe três tipos de fraturas que são identificados como: secundárias à exposição através do fragmento que perfura a pele, ou seja, de baixa energia (tipo I); secundárias a trauma externo de baixa energia que expõe o osso no local da violência, produz ferimento limitado (tipo II); e os mais graves, em que há extensa exposição, contaminação e/ou desvitalização (tipo III). Os principais sinais e sintomas da fratura são inchaço, ferimento, incapacidade total ou parcial de mexer o membro fraturado, dor intensa, deformidade do local, presença de hematomas, presença de ferimentos no local da fratura, diferença de temperatura entre o local fraturado e o sem fratura, dormência e formigamento da área, estralos. Quando houver fratura, não é indicado de forma alguma tentar colocar o osso ou o membro no lugar, pois pode causar ainda mais danos, além de ser bastante doloroso. Cuidados de enfermagem: - Na chegada do paciente ao hospital, a equipe de enfermagem deve transferi-lo para uma maca própria, protegendo o membro afetado; - Verificar o tipo de lesão, providenciar a retirada das vestimentas, puncionar acesso venoso, para colher amostra de sangue e para manter hidratação conforme orientação médica; - Verificar sinais vitais, dando atenção especial ao pulso do membro fraturado; - Realizar limpeza na área da lesão com SF 0,9% e manter a lesão coberta; - Manter o material de ortopedia em local de fácil acesso e aguardar orientação do enfermeiro responsável ou equipe atuante; - Providenciar a transferência do paciente, da sala de emergência para a sala de imobilização ou outro local predestinado. Cuidados de enfermagem para fratura interna: - Retire objetos que possam prejudicar a circulação do sangue (anel; pulseiras; relógios, etc.); - Imobilizar a fratura mediante o emprego de talas (jornais, revistas, pedaços de madeira), respeitando o alinhamento do osso; - Fixe a tala com faixas de pano, observando se está demasiadamente apertada. Caso seja nos braços, utilize tipoia; - Manter a vítima aquecida e em posição confortável; Cuidados de enfermagem para fraturas externas: - Retire objetos que possam prejudicar a circulação do sangue (anel; pulseiras; relógios, etc.); - Observar presença de hemorragia; - Lavar o local com água e sabão; - Colocar um pano limpo sobre o local; - Realizar a fixação com tala. CHOQUES: NEUROGÊNICOS, SEPTICOS, CARDIOGÊNICOS, ANAFILÁTICO E HIPOVOLÊMICO. Choque é a expressão clínica da falência circulatória aguda que resulta na oferta insuficiente de oxigênio para os tecidos. É uma condição de alta mortalidade que deve ser identificada e tratada imediatamente. Choque séptico: este tipo de choque, também conhecido como septicemia, surge quando uma infecção, que estava localizada em apenas um local, consegue chegar até o sangue e se espalha por todo o corpo, afetando vários órgãos. Geralmente, o choque séptico é mais frequente em pessoas com o sistema imune enfraquecido, como crianças, idosos ou pacientes com lúpus ou HIV, por exemplo. Possíveis sintomas: podem surgir sinais como febre acima de 40ª C, convulsões, frequência cardíaca muito elevada, respiração rápida e desmaio. Como tratar: o tratamento é feito com o uso de antibióticos, como Amoxicilina ou Azitromicina, diretamente na veia. Além disso, pode ser necessário usar soro na veia e aparelhos para ajudar o paciente a respirar. Choque anafilático: acontece em pessoas que têm uma alergia muito grave a alguma substância, como acontece em alguns casos de alergia a nozes, picadas de abelha ou pelo de cachorro, por exemplo. Este tipo de choque provoca uma resposta exagerada do sistema imune, gerando inflamação do sistema respiratório. Possíveis sintomas: é muito comum sentir a presença de uma bola presa na garganta, assim como apresentar inchaço exagerado do rosto, dificuldade para respirar e aumento dos batimentos cardíacos. Como tratar: é necessária uma injeção de adrenalina o mais rápido possível para parar os sintomas e evitar que a pessoa fique sem conseguir respirar. Dessa forma, é muito importante ir imediatamente ao pronto-socorro ou chamar ajuda médica, ligando o 192. Algumas pessoas com histórico de alergia ou choque anafilático podem transportar na bolsa, ou roupa, uma caneta de adrenalina que deve ser usada nestes casos. Choque hipovolêmico: surge quando não existe sangue suficiente para levar o oxigênio até aos órgãos mais importantes como o coração e cérebro. Normalmente, este tipo de choque aparece após um acidente quando existe uma hemorragia grave, que tanto pode ser externa como interna. É o tipo mais frequente de choque e é causado por débito cardíaco inadequado devido à redução do volume sanguíneo. Dividido em: Hemorrágico: pode ser relacionado ao trauma, em que há hipovolemia devido à perda de sangue e destruição tecidual. Ou não relacionado ao trauma, como ocorre no sangramento espontâneo por coagulopatia ou iatrogênico, hemoptise maciça e hemorragia digestiva. Não hemorrágico: perda de volume pelo trato gastrointestinal (diarreia, vômitos), rins (excesso de diurético, estado hiperosmolar hiperglicêmico), perda para o terceiro espaço (pancreatite aguda, obstrução intestinal), queimaduras, hipertermia. Possíveis sintomas: alguns sintomas incluem dor de cabeça leve, cansaço excessivo, tonturas, náuseas, pele pálida e fria, sensação de desmaio e lábios azulados. Como tratar: quase sempre é necessário fazer uma transfusão de sangue para repor a quantidade de sangue perdida, assim como tratar a causa que levou ao surgimento da hemorragia. Por isso, deve-se ir ao hospital se existir suspeita de uma hemorragia. Choque cardiogênico: este tipo de choque acontece quando o coração deixa de ser capaz de bombear o sangue pelo corpo e, por isso, é mais frequente após um caso de infarto, intoxicação por medicamentos ou infecção generalizada. No entanto, pessoas com arritmias, insuficiência cardíaca ou doença coronária também têm um risco elevado de sofrer um episódio de choque cardiogênico. Possíveis sintomas: normalmente surge palidez, aumento dos batimentos cardíacos, diminuição da pressão arterial, sonolência e diminuição da quantidade de urina. Como tratar: precisa ser tratado o mais rápido possível no hospital para evitar uma parada cardíaca, sendo necessário ficar internado para fazer medicamentos na veia ou fazer uma cirurgia cardíaca, por exemplo. Choque neurogênico: aparece quando existe uma perda repentina dos sinais nervosos do sistema nervoso, deixando de enervar os músculos do corpo e os vasos sanguíneos. Normalmente, este tipo de choque é sinal de problemas graves no cérebro ou na medula espinhal. Possíveis sintomas: podem incluir dificuldade para respirar, diminuição do batimento cardíaco, tonturas, sensação de desmaio, dor no peito e diminuição da temperatura corporal, por exemplo. Como tratar: o tratamento deve ser iniciado rapidamente no hospital com administração de remédios diretamente na veia para controlar os sintomas e cirurgia para corrigir lesões na medula ou cérebro, se necessário.Cuidados de enfermagem: - O paciente em estado de choque exige atenção total da equipe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de resposta exerce influência direta na recuperação do paciente. O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfermagem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo; A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedimentos: - Controlar a glicemia capilar; - Verificar o monitor multiparamêtrico; - Coletar exames laboratoriais; - Realizar oxigenoterapia; - Verificar a dor e realizar o controle; - Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de choque (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório); - Realizar acesso venoso calibroso. No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasionado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento concentram-se em três etapas: - Restaurar o volume intravascular; - Redistribuir o volume de líquidos corporais; - Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equipe médica tão logo for possível. - Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfermeiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, monitora o paciente e o protege de eventuais complicações; - O profissional deve conservar a atuação humanizada, que considera a questão emocional como parte integrante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da enfermagem não se resume à saúde física; - A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a aproximação com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propiciando controle e monitorização constantes. FAF (FERIMENTO POR ARMA DE FOGO) E FAB (FERIMENTO POR ARMA BRANCA). O crescimento exponencial da violência no Brasil nas últimas décadas vem ocupando cada vez mais espaço nos meios de comunicação e fazendo parte do cotidiano da população, tornando- se tema de várias discussões até mesmo no Congresso Nacional a respeito das armas de fogo, do estatuto do desarmamento, da impunidade, do aumento das penas e da diminuição da idade penal. A partir da década de 1980, as mortes por causas não naturais cresceram gradativamente, ocupando a segunda causa de morte no país, entre todas as demais, se comparadas com todas as faixas etárias, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Ao considerar-se a faixa etária compreendida dos 5 aos 45 anos, as mortes por causas externas, que se classificam como as causadas por acidentes automobilísticos, agressões em geral, ferimentos por arma de fogo, ferimentos por arma branca, envenenamentos, animais peçonhentos e suicídios, ocupam o primeiro lugar. Até a década de 1960, situavam-se em quarto lugar. O Brasil ocupa o segundo lugar em mortes por arma de fogo diante de 57 países pesquisados pela Unesco. As mortes por arma de fogo registradas no país, nos últimos dez anos, superaram o número de vítimas de 26 conflitos armados no mundo, entre eles a Guerra do Golfo e a disputa territorial entre Israel e Palestina, que fizeram 125 mil vítimas em 52 anos de ataques mútuos. Nesse período, morreram no Brasil 325.551 pessoas vítimas de violência por arma de fogo, uma média de 32.555 mortes por ano. De 1979 a 2003, 550 mil pessoas morreram no país, representando 100 vítimas por dia e boa parte delas são crianças. As taxas de mortalidade por arma de fogo no Brasil (incluindo homicídios, acidentes e mortes por intenção indeterminada) aumentaram três vezes de 1979 até 1999, passando de 6 para 18 por 100 mil habitantes. As mortes decorrentes de ferimentos por arma de fogo foram responsáveis por 27% dos óbitos por causas externas na população total e por 42% na população masculina de 15 a 19 anos de idade, sendo que, para cada mulher que morreu em decorrência dessa lesão, morreram 13 homens, no ano de 1999. A maior parte dos homicídios que ocorrem no país é provocada por arma de fogo (Souza, 2005). No Estado de São Paulo, em 2000, 90% do total de homicídios foram causados por perfurações por arma de fogo. As lesões por arma de fogo constituem, entre as internações por causas externas, a maior taxa de mortalidade, com aproximadamente 10 óbitos por 100 internações e com o custo 34% mais elevado em relação aos outros tipos de agressões. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), o custo da violência no Brasil foi, em 2004, de mais de 92 bilhões de reais, ou seja, 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no período. As lesões e óbitos de adolescentes e adultos jovens, por causas não naturais, penalizam o indivíduo, desamparam seus familiares, aumentam o número de anos potenciais de vida perdidos, minimizam a produtividade social e econômica, impõe ônus ao país, afetando a economia e o crescimento. Ressalta-se que os ferimentos por arma de fogo podem resultar em vítimas com lesões irreversíveis, inaptas ao trabalho ou que necessitem de cuidados com a saúde por meio de internação hospitalar, uso de medicações, reabilitação física e mental, enfim, acarretam em aumento do uso do Sistema de Saúde e da Previdência Social, elevando os custos com a saúde e prejudicando o desenvolvimento do país. Considerando que as causas externas são a segunda causa de morte no país, muitas vezes evitáveis quando o indivíduo recebe atendimento adequado, o Ministério da Saúde implementou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), visando melhorar a qualidade da assistência às vítimas de trauma de qualquer etiologia e, também, o atendimento especializado a pessoas que são acometidas por emergências clínicas em geral, proporcionando atendimento rápido e precoce, ainda no local do ocorrido, pelos profissionais de saúde que tripulam as viaturas do SAMU. Os traumas de ferimento por arma branca são pouco descritos quando comparados com ferimentos por projétil de arma de fogo, porém, não são menos importantes. Há um aumento na utilização de armas brancas devido ao crescimento populacional, a violência civil e os crimes passionais, associados também ao aumento do controle e dificuldade em se adquirir arma de fogo, sendo a arma branca de fácil acesso. Traz que as armas brancas se mantêm como instrumento constantemente utilizado em conflitos domiciliares. Para atendimentos às vítimas de natureza clínica, cirúrgica, psiquiátrica e traumáticas, onde inclui-se as violências por causas externas, como as agressões por armas branca e de fogo, existe a assistência pré-hospitalar, baseada na Política Nacional de Atenção às Urgências. Sendo a abordagem pré-hospitalar móvel realizada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) (BRASIL, 2002). O enfermeiro como integrante da equipe de assistência pré- hospitalar, é respaldado pela legislação para realizar procedimentos de enfermagem considerados de alta complexidade, baseando-se nas habilidades e conhecimentos técnicos- científicos, devendo implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), conforme a decisão COFEN-272/2000. Um dos itens da SAE, está o diagnóstico de enfermagem, sendo este um processo de interpretação e reunião dos dados coletados nas etapas anteriores a essa, resultando na 9 representação das respostas da pessoa, família ou coletividade em um dado momento do processo saúde e doença. Cuidados de enfermagem: - Verificar sinais vitais; - Devem-se utilizar condutas para ferimento fechados ou abertos dependendo do tipo de lesão causada pela arma de fogo ou arma branca, sendo exposto o ferimento para inspeção,controle do sangramento, limpeza de superfície da lesão e proteção com gaze estéril, os orifícios de entrada e saída do projétil/objeto igualmente protegido; - Avaliar a necessidade de reanimação da vítima, manter vias aéreas pérvias; - Prevenir estado de choque, ou tratar se já estiver instalado e imobilizar a coluna se o ferimento for na cabeça, pescoço, tórax ou abdômen. https://campanhard.secad.com.br/proenf-urg-artigo-lprd https://campanhard.secad.com.br/proenf-urg-artigo-lprd
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