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MÉTODO TEÓRICO-DIDÁTICO PARA VIOLÃO POPULAR Prof. Camilo Nascimento Beze Este material está protegido pela lei nº 9.610 de 19/02/98 de direitos autorais, não sendo permitida reprodução ou venda sem autorização prévia do autor. http://www.cultura.gov.br/legislacao/leis/ 2 Índice Assunto Página Introdução 3 Aula 1 (O instrumento) 4 Aula 2 (Notas musicais) 7 Aula 3 (Freqüência, onda e altura) 9 Aula 4 (Acidentes) 12 Aula 5 (Duração) 16 Aula 6 (Conceitos e definições) 19 Aula 7 (Notas no violão e afinação) 23 Aula 8 (Escalas) 25 Aula 9 (Modos gregos) 29 Aula 10 (Acordes; Tríades) 34 Aula 11 (Acordes; Tétrades) 36 Aula 12 (Transposição) 39 Aula 13 (Inversão) 40 Aula 14 (Campo Harmônico) 41 Aula 15 (Tablatura) 44 Aula 16 (Efeitos na Tablatura) 47 3 Introdução Parabéns! Você tem em mãos um método desenvolvido de maneira simples e eficaz. Ideal para quem quer aprender a tocar rápido, sem ignorar a teoria. Tudo o que você precisa saber, se tratando de um iniciante no mundo da música, se encontra aqui. Se você tiver ao final deste curso, entendido a maior parte do que foi estudado, estará pronto para o mundo da música. Lembre-se que a teoria sem prática não funciona, e prática sem teoria cria limites. Por isso é muito importante praticar os exercícios no instrumento, repetidas vezes. Tirar músicas também ajuda muito a adquirir técnica e confiança. 4 - AULA 1 – CONHECENDO O INSTRUMENTO Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® A primeira coisa a se pensar quando for tocar violão é a postura. Você precisa se sentir confortável com o instrumento antes de tudo. Depois você escolhe com qual mão vai dedilhar, se for necessário poderá trocar as cordas de posição(Caso seja canhoto). Depois disto você se senta e bota o violão na coxa do mesmo lado da mão que vai dedilhar e fazer as batidas. Exemplo: Mão direita toca, mão esquerda faz os acordes. No caso o violão fica na coxa direita. Estes são os nomes de cada uma das peças que compõem o instrumento. 1 Cabeça, mão ou paleta 2 Pestana 3 Tarrachas ou cravelhas 4 Trastes 7 Braço 8 Tróculo (Junta do braço) 9 Corpo 12 Ponte ou Cavalete 14 Fundo 15 Tampo 16 Lateral ou faixas 17 Abertura ou boca 18 Cordas 19 Rastilho ou ponte 20 Escala 5 Abaixo se tem a representação do braço de um violão, este esquema será constantemente consultado para posicionamento de acordes. ____________ / | 6ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 5ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 4ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| MÃO | 3ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 2ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 1ª -----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | \____________ | 9ª 7ª 5ª 3ª 1ª <- Casas As numerações verticais são relativas às cordas, onde a 1ª é a corda mais fina e a 6ª a mais grossa. As numerações horizontais são as casas. É como se você estivesse olhando de frente um violão na horizontal. As barras verticais são os trastes, que separam as casas ao longo do braço. Essa representação nos ajudará a entender um método muito simples de escrever músicas. Iremos utilizar um padrão de dois ou três números, onde o primeiro sempre faz referência à corda, e os outros dizem em qual casa do braço você deverá pressionar com seus dedos. Exemplo 51 = O “5” representa a 5ª corda e “1” representa a casa. Logo você deve tocar a 5ª corda segurando na 1ª casa. 35 = 3ª corda, 5ª casa 110 = 1ª corda, 10ª casa 20 = A segunda corda deve ser tocada solta. O zero indica que não existe casa a ser pressionada. _____________ / | 6ª-----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 5ª-----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-51-| | 4ª-----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| MÃO | 3ª-----|-----|-----|-----|----|-----|35-|-----|-----|-----|-----| | 2ª ----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | 1ª-----|-----|-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | | \____________ | 110 6 Exercício: Tocar as músicas Parabéns pra você 30 – 30 – 32 – 30 – 21 – 20 Parabéns pra você... 30 – 30 – 32 – 30 – 23 – 21 Nesta data querida... 10 – 10 – 13 – 10 – 23 – 21 – 20 Muitas felicidades... 11 – 11 – 10 – 21 – 23 – 21 Muitos anos de vida... Greensleeves Primeira Parte 32 – 21 / 23 – 10 / 11 – 10 – 23 / 20 – 30 / 32 – 20 – 21 / 32 – 32 – 31 – 32 – 20 – 31 – 42 32 – 21 / 23 – 10 / 11 – 10 – 23 / 20 – 30 / 32 – 20 – 21 / 20 – 32 – 31 – 44 – 31 – 32 Segunda Parte 13 – 13 – 12 – 10 / 23 – 20 / 30 – 32 – 20 / 21 – 32 - 32 – 31 – 32 – 20 – 31 – 42 13 – 13 – 12 – 10 / 23 – 20 / 30 – 32 – 20 / 21 – 32 - 32 – 31 – 32 – 20 – 31 - 42 7 - AULA 2 – NOTAS MUSICAIS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® NOTAS MUSICAIS Nota musical é o termo empregado para designar o elemento mínimo de um som, formado por um único modo de vibração do ar. Sendo assim, a cada nota corresponde uma duração e está associada uma frequência, cuja unidade mais utilizada é o hertz (Hz), a qual descreverá em termos físicos se a nota é mais grave ou mais aguda. Lembrando que o som fisicamente é uma onda (ou conjunto de ondas) que se propaga no ar com uma certa freqüência, sendo que se essas ondas estiverem com a frequência na faixa de 20 a 20.000 Hz, o ouvido humano será capaz de vibrar à mesma proporção, captando essa informação e produzindo sensações neurais, às quais o ser humano dá o nome de som. As ondas com frequência bem baixa (entre 20 e 100 Hz por exemplo, soam em nossos ouvidos de forma grave, e sons com frequência elevada - por exemplo acima de 400 Hz, soam de forma aguda). As frequências propagam-se em intervalos definidos de tempo que as notas tem capacidade de sugerir, podendo ser mais longas (maior duração) ou mais curtas (menor duração). A grande maioria das notas empregadas na música possui duração e frequência determinadas, mesmo assim, existem notas indeterminadas em um, ou nos dois sentidos, o que não as faz deixar de serem também notas musicais. As notas podem combinar-se sendo tocadas ao mesmo tempo (definindo a harmonia), ou em sequência (definindo a melodia), e se esses fatores, junto a alguns outros, forem combinados dentro de um determinado padrão lógico pelo intelecto humano, na forma de arte, dá-se a essa sequência o nome de música. O nome das notas (do re mi fa sol la si) O nome das notas (do, re, mi, fa, sol, la, si) tem a sua origem na música coral medieval. Foi Guido d'Arezzo, um monge italiano, que criou este sistema de nomear as notas musicais - o chamado sistema de solmização. Seis das sílabas foram tiradas das primeiras seis frases do texto de um hinoa São João Baptista, em que cada frase era cantada um grau acima na escala. As frases iniciais do texto, escrito por Paolo Diacono, eram: 8 Ut queant laxis, Resonare fibris Mira gestorum, Famuli tuorum, Solve polluti, Labii reatum. Tradução: "Para que os teus servos possam cantar as maravilhas dos teus atos admiráveis, absolve as faltas dos seus lábios impuros". Mais tarde Ut foi substituído por Do, sugestão feita por Giovanni Battista Doni, um músico italiano que achava a sílaba incômoda para o solfejo, e foi adicionada a sílaba Si, como abreviação de Sante Iohannes ("São João"). A sílaba sol chegou a ser mais tarde encurtada para so, para uniformizar todas as sílabas de modo a terminarem todas por uma vogal, mas a mudança logo foi revertida. Nomenclatura das notas em línguas anglo saxônicas Os países anglófonos (Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha etc.) mantiveram a utilização de letras para a nomenclatura das alturas musicais. As letras A, B, C, D, E, F e G são utilizadas para as alturas musicais la, si, do, re, mi, fa e sol, respectivamente. Os países de língua inglesa utilizam os sinais # (em português, sustenido; em inglês, sharp) e b (em português, bemol; em inglês, flat) para representar as alterações cromáticas dessas notas. 9 - AULA 3 – FREQUÊNCIAS, ONDAS E ALTURA Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Frequência Frequência é uma grandeza física ondulatória que indica o número de ocorrências de um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc) em um determinado intervalo de tempo. Alternativamente, podemos medir o tempo decorrido para uma oscilação. Este tempo em particular recebe o nome de período (T). Desse modo, a frequência é o inverso do período. Ondas 10 Em física, uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e periódica no tempo. A oscilação espacial é caracterizada pelo comprimento de onda e a periodicidade no tempo é medida pela frequência da onda, que é o inverso do seu período. Estas duas grandezas estão relacionadas pela velocidade de propagação da onda. Fisicamente, uma onda é um pulso energético que se propaga através do espaço ou através de um meio (líquido, sólido ou gasoso). Na figura acima, existem cinco ondas senoidais com diferentes frequências (a azul de baixo é a de maior frequência). Repare que o comprimento da onda é inversamente proporcional à frequência. Por isso f = 1/T Exemplos de ondas Ondas oceânicas de superfície são perturbações que se propagam através da água. Som - Uma onda mecânica que se propaga através dos gases, líquidos e sólidos. É uma freqüência detectada pelo sistema auditivo humano (Entre 20 hz e 20.000 hz). Acima de 20.000 Hz é o chamado ultra-som, abaixo de 20 Hz infra-som. Onda sísmica, presente nos terremotos, que podem ser dos tipos S, P e L . Essas ondas se propagam através de osciliações na crosta terrestre. Luz, Ondas de rádio, Raio X, etc. são ondas eletromagnéticas. Neste caso a propagação é possível através do vácuo (Comunicações com naves espaciais por exemplo) Altura Em música, altura é a propriedade que o som tem de ser mais grave ou mais agudo. Podemos diferenciar facilmente sons de alturas diferentes. Refere-se à forma como o ouvido humano percebe a frequência dos sons. As baixas frequências são percebidas como sons graves e as mais altas como sons agudos, ou os tons graves e os tons agudos. Tom é a altura de um som na escala geral dos sons (Escala cromática). 11 Como em vários outros aspectos da música, a percepção das alturas é relativa. Isso significa que a maioria das pessoas percebe as alturas em relação a outras notas em uma melodia ou um acorde. Algumas pessoas tem a capacidade de perceber cada frequência de modo absoluto. Diz-se que estas pessoas têm ouvido absoluto. Isto, em si, já é prova bastante para a explicação científica que seres humanos são capazes de ouvir um mesmo som, diferentemente; ou seja, os nossos ouvidos não escutam sons da mesma maneira. O que uma pessoa percebe num som produzido, outra pessoa percebe diferentes detalhes no mesmo som produzido, mesmo se as duas pessoas tiverem audição absoluta, ou relativa. Embora a altura esteja intimamente relacionada com a frequência, é mais comum, em música, que se utilizem os nomes das notas. E os nomes das notas são definidos de acordo com sua disposição dentro de uma escala musical. Existem muitas escalas possíveis, desde a escala pentatônica chinesa até as escalas microtonais indianas (Ragas). Na música ocidental costuma-se utilizar uma escala de 7 notas, a escala diatônica (Harmônica) que pode estar em modo maior ou menor. Na escala de Dó maior, por exemplo, as notas, correspondentes às alturas são: Do, Re, Mi, Fa, Sol, La e Si, após o que os nomes se repetem. A distância entre duas alturas percebidas é chamada de intervalo. A distância entre a nota Do e a próxima nota Do é chamada de intervalo de oitava (por ser a oitava nota a partir do primeiro Do). A percepção dos intervalos pelo ouvido humano é logarítmica. Isso significa que uma progressão exponencial de frequências é percebida pelo ouvido como uma progressão linear de intervalos. Vejamos um exemplo: a nota La acima do Da central do piano (normalmente chamada La4, La padrão ou La de diapasão) tem freqüência de 440Hz. A nota La uma oitava abaixo (La3) tem exatamente a metade da frequência (220Hz). A nota La uma oitava acima (La5) tem o dobro da frequência da primeira (880Hz). Embora a diferença de frequências entre La3 e La4 (220Hz) seja a metade da diferença entre La4 e La5 (880Hz) os intervalos são percebidos como sendo iguais. A mínima frequência que o ouvido humano pode perceber está em torno de 20 Hz e a máxima, por volta de 20.000 Hz. Normalmente se utiliza cerca de oito ou nove oitavas na composição musical padrão. Se tomarmos a afinação padrão adotada atualmente em que o La da oitava 4 tem 440 Hz, a oitava 0 se inicia em uma frequência de aproximadamente 23Hz (Do0). As notas mais agudas normalmente usadas situam-se nas oitavas 7 ou 8 e suas frequências não ultrapassam os 5000Hz. Frequências tão graves como as da escala 0 ou tão agudas como as da escala (oitava) 8 não são utilizadas normalmente na composição musical, pois sua execução correta por instrumentos musicais comuns é dificil e porque situam-se nas zonas em que a percepção sonora é menos sensível. Embora frequências muito baixas não possam ser ouvidas, suas vibrações podem ser sentidas pelas cavidades do corpo. 12 - AULA 4 – ACIDENTES Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Acidentes Acidentes ou alterações são símbolos utilizados na notação musical para modificar a altura da nota imediatamente à sua direita e de todas as notas na mesma posição da pauta até o final do compasso corrente, tornando-as meio tom mais graves ou meio tom mais agudas, são representadas pelo símbolo # - sustenido ou b - bemol sendo que o sustenido representa o aumento da nota em um semi-tom e o bemol a diminuição da mesma. Esses símbolos, na partitura musical, aparecem ao lado esquerdo da nota a ser alterada. Existem também os sustenidos duplos e os bemois duplos. Os primeiros representados pelo símbolo X, fazem a frequência do som, em que estão aplicados, subir 1 tom. Os segundos, os bemóis duplos, representados pelo símbolo bb, fazem a altura do som, frequência, descer 1 tom. Existem também os bequadros que anulam as alterações provocadas pelos sustenidos e pelos bemois. Os acidentes têm esse nome pois representam alterações que ocorrem de forma eventual ou acidental ao longo de uma música. Quando uma nota deve ser executada com afinação elevada ou reduzida ao longo de toda a partitura, não se utilizam acidentes, mas sim armaduras de clave que indicam a tonalidade da composição. Os símbolos utilizados na armadura de clave são os mesmos, mas somente quando ocorrem junto a uma nota são chamados de acidentes.Utilização Uma vez que um acidente tenha sido aplicado a uma nota, todas as notas na mesma posição da pauta manterão a alteração de altura até o fim do compasso. No compasso seguinte, todos os acidentes perdem o efeito e, se necessário, deverão ser aplicados novamente. Se desejarmos anular o efeito de um acidente aplicado imediatamente antes ou anular um sustenido ou bemol indicado na armadura de clave, devemos usar um bequadro, que faz a nota retornar à sua condição natural. Também neste caso, a anulação da alteração da armadura só dura até o fim do compasso quando voltam a valer normalmente. 13 É prática geral usar o mínimo de acidentes necessários junto às notas. Não se costuma utilizar como acidentes, as notas Mi# (que pode ser anotado como um Fa), o Fa♭ (igual ao Mi) , o Si# (igual ao Do) e o Do♭ (igual ao Si). No entanto em algumas tonalidades, essas alterações são usadas na armadura de clave para evitar que a mesma nota apareça duas vezes na escala, em forma natural e alterada. Por exemplo, na escala de F# maior: Fa#, Sol#, La# Si, Da#, Ra# e Mi#. Se não fosse usado o Mi#, a mesma escala teria o Fa natural e o Fa#. Isso tornaria a notação muito complicada e é por isso que se usa o Mi#, mesmo que ele soe como um Fa natural. Fora da armadura, no entanto, quando a tonalidade o permitir, é sempre melhor usar Mi, Fá, Si e Do do que Fa♭, Mi#, Do♭ e Si# respectivamente. No exemplo abaixo podemos notar que, no primeiro compasso, o La# se mantém pela segunda e terceira nota, mas o bequadro faz a quarta nota voltar a ser um La natural. O segundo compasso é semelhante a não ser pelo acidente aplicado que é um bemol. No terceiro compasso há uma nota Sol, um La dobrado bemol e um Fa dobrado sustenido. Embora tenham nome diferente e ocupem posições diferentes na clave, os acidentes aplicados fazem com que as três notas soem exatamente iguais (enarmonia). Acidentes simples Os acidentes mais utilizados são: Bemol Abaixa a altura da nota que se segue em um semitom. Sustenido Eleva a altura da nota que se segue em um semitom. 14 Bequadro Cancela qualquer acidente prévio na mesma nota e em todas as notas de mesmo tom (do e do, re e re...) existentes dentro do mesmo compasso. Acidentes duplos Muitas vezes é preciso aumentar a afinação em intervalos de tom e não de semitom. Para isso são utilizados acidentes duplos. Dobrado bemol Abaixa a altura da nota que se segue em um tom (dois semitons) em relação à sua altura natural. Dobrado sustenido Eleva a altura da nota que se segue em um tom (dois semitons) em relação à sua altura natural. 15 Origem dos acidentes Durante a Idade média, se utilizavam os modos eclesiásticos, não existiam as tonalidades, que só foram desenvolvidas após o século XV. Na música modal é a nota base da escala que muda. Isso faz com que a sequência de tons e semitons seja diferente em cada modo, mas as distâncias entre as notas adjacentes são sempre iguais. Isso significa que o intervalo entre a nota Sol e La sempre é uma segunda maior, mas nem sempre estas notas estarão no mesmo grau. Por exemplo, no modo Dórico, o Sol está no 4º grau e o La no quinto grau, mas no modo Lídio o Sol está no segundo grau e o La no terceiro. De forma semelhante, não importa qual o modo, o intervalo de Fa (F) e Si (B) sempre é uma quarta aumentada, ou trítono, um intervalo de três tons fortemente dissonante e indesejável na Música Sacra. Ouvir ou cantar o trítono era considerado perigoso pois a dissonância era associada ao diabo (O trítono era chamado de "Diabolus in musica" - o diabo na música). O intervalo de segunda menor, que pode ocorrer entre o Si e o Do, também é dissonante e deveria ser igualmente evitado. Para evitar a ocorrência dessas dissonâncias, o Si era rebaixado em meio tom. Dessa forma passava-se do hexachordum durum (o hexacorde "duro" Sol-La-Si-Da-Re-Mi) para o hexachordum molle (o hexacorde "mole" Sol-La-Sib-Do-Re-Mi). Como se utilizava a notação por letras, o Si era representado pela letra B. O B com afinação rebaixada era representado na notação neumática por uma letra B arredondada (chamada de B suave ou B molle), enquanto que o B sem alteração era desenhado como um B quadrado - B quadratum. Durante muito tempo o Si foi a única nota que podia ter sua altura modificada e os termos B mol e B quadratum se tornaram de uso corrente. Daí vem os nomes dos acidentes Bemol que posteriormente foi generalizado para rebaixar as outras notas e bequadro que indica uma nota não rebaixada. O B quadrado logo começou a ser notado de forma parecida a um H. Isso explica porque até hoje em países de língua alemã, a nota Si é representada por um H e o Si♭ por um B. Posteriormente, com o desenvolvimento de polifonias mais complexas no Canto gregoriano e após o desenvolvimento da música tonal, outras alterações se tornaram necessárias. Em alguns casos era preciso elevar um semitom no Fa ao invés de rebaixar o Si. O F elevado ganhou um quadrado (ou H) para indicar que era semelhante a um B quadrado. Quando outras notas passaram a necessitar um rebaixamento, um b era incluído para indicar o rebaixamento. O H ao lado das notas elevadas se tornou um # e o bequadro passou a ser utilizado para neutralizar o efeito de qualquer acidente. 16 - AULA 5 – DURAÇÃO E PAUSAS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Duração Duração é a quantidade de tempo durante o qual um determinado fenômeno persiste, ou simplesmente um intervalo de tempo. Em música a duração é o tempo em que uma nota é tocada ou o tempo entre duas notas (pausa). As durações são os elementos constituintes do ritmo. A duração de um fenômeno pode ser medida em unidades absolutas de tempo (segundos e seus múltiplos e submúltiplos). Isso é útil na descrição precisa deste evento. Em música, no entanto, a noção de duração é relativa. Em uma estrutura rítmica, é mais importante a relação entre as durações das notas do que sua duração absoluta. Na notação musical ocidental, as durações são representadas pelos símbolos utilizados na partitura, também chamados de figuras. Hoje em dia a maior figura é a semibreve. As tabelas abaixo mostram a duração das notas como frações da semibreve, a primeira com a semibreve correspondedno a 4 tempos e a segunda tabela com a semibreve correspondendo a 1 tempo: 17 Duração Nome da Figura 8 Máxima - Antiga 4 Longa - Também antiga 2 breve - Arcaica (não se usa desde a música medieval) 1 semibreve 1/2 mínima 1/4 semínima 1/8 colcheia 1/16 semicolcheia 1/32 fusa 1/64 semifusa * 1/128 quartifusa * * Observe que as semifusas e quartifusas são extremamente rápidas, assim sua execução é quase impossível. A duração de cada uma destas figuras depende da fórmula de compasso que define qual das notas será tomada como unidade de tempo (pulso) e quantas unidades existem em cada compasso. Em um compasso 4/4, por exemplo, a unidade de tempo é a semínima (1/4 de uma semibreve) e há 4 pulsos em cada compasso. Em um compasso 3/4, a mesma semínima é a unidade de tempo, mas só há três unidades por compasso. Outro fator que influencia a duração de uma nota é o andamento, ou seja, a frequência dos pulsos que define quanto tempo dura o pulso. Usando o mesmo exemplo anterior, se tocamos uma música em 4/4 com um pulso que dura cerca de 1s isso resulta em um ritmo lento. Se a unidade tiver metade dessa duração, o ritmo será duas vezes mais rápido. Por isso dizemos que, em música, as durações são relativas. Em uma estrutura rítmica, durações que não correspondam às frações mostradas na tabela ou durações maiores que um compasso podem ser representadas como ligações de duas ou mais notas (chamadas de ligaduras). 18 Observe a figura abaixo para entender a divisão exata das durações de cada figura, num quadro comparativo. Pausa Pausa é um intervalo de silêncio em uma peça de música, marcada por um sinal que indique a duração da pausa. Cada símbolo de pausa corresponde a uma determinadaduração. A combinação da pausa usada para marcar uma pausa segue as mesmas regras para as notas. 19 - AULA 6 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Música: sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. O que diferencia a música de um barulho? Basicamente o tipo de onda sonora, mas também o ritmo e a harmonia. A figura a seguir detalha dois exemplos, uma onda calma e outra pertubadora (Um afinador tipo tork e um martelo). O afinador, este instrumento em forma de U, quando acertado por outro objeto, emite as notas musicais puras, que são ondas bem definidas. Já o martelo provoca ondas mais agressivas e de caráter pertubador ao ouvido. O ritmo é uma sequencia de pulsos sonoros que se repetem num intervalo de tempo igual. O ritmo é popurlamente classificado de acordo com os bpm (batimento por minuto). Para se ter uma idéia, músicas com 50 bpm são lentas, já as com 180 bpm são rápidas. A harmonia é um conceito que relaciona às idéias de beleza, proporção e ordem. Na música é a emissão simultânea de diferentes frequências, ela trabalha com as sonoridades resultantes da sobreposição de diferentes notas. A sobreposição é harmônica quando as notas combinadas são consonantes (soam agradavelmente) ou dissonantes (soam desagradavelmente). A melodia é um ordenamento em sequência de notas musicais. É comum numa mesma música existirem melodias diferentes. Isso ocorre porque se todos os intrumentos da banda fizerem a mesma melodia, fica uma coisa muito igual e sem graça (Pense numa orquestra, onde cada um dos instrumentos faz linhas melódicas diferentes, porém todos dentro da mesma harmonia). 20 Assim podemos dividir as Melodias em Base e Solo. Alguns instrumentos são muito comuns nas bases das músicas, fazendo a estruturação harmônica (definindo o conjunto de notas a serem utilizadas). Os instrumentos mais comuns nesse tipo de acompanhamento, na música popular são: Violão, Guitarra, Teclado, Piano e Baixo. Já as melodias de solo, são as que vem por cima da base, fazendo uma nova camada, uma nova melodia. O exemplo mais significativo de melodia solo é a própria voz humana, que quase sempre faz solos e os outros instrumentos acompanham no ritmo, na mesma escala harmônica, porém fazendo melodias diferentes. Em alguns casos de grupos que utilizam-se só de vocalistas, a voz pode ser usada como instrumento de base também, porém é bem raro. Nota musical é o termo empregado para designar um som, formado por um modo de vibração do ar. Sendo assim, a cada nota têm uma frequência cuja unidade mais utilizada é o Hertz, a qual descreverá em termos físicos se a nota é mais grave ou mais aguda. Estas são as notas conhecidas na música ocidental: Do – Do # - Re – Re # - Mi – Fa – Fa# - Sol – Sol# - La – La # - Si # = sustenido Do – Reb – Re – Mib – Mi – Fa – Solb – Sol – Lab – La – Sib – Si b = bemol *Observe que: Do#=Reb Re #=Mib Fa#=Solb Sol#=Lab La #=Sib Nas notas Mi e Si não é comum usar sustenido, a não ser que esteja escrevendo em forma de partitura, onde isso pode ocorrer. Sustenido e bemol são os acidentes de cada nota. Quando se fala bemol, deve-se pensar na nota meio tom abaixo. No sustenido, meio tom acima. Um tom é uma altura específica, dentro da escala cromática ou uma determinada diferença de altura entre duas notas. É uma relação matemática de separação das frequências. Cada tom equivale a dois semitons (semitom = meio tom). No violão a distância de uma casa para a outra imediatamente próxima é de um semitom. Abaixo 21 pode se observar que cada intervalo (assinalado como um traço) corresponde a um semitom. Do – Do # - Re – Re # - Mi – Fa – Fa# - Sol – Sol# - La – La # - Si Timbre è a característica sonora, que nos permite distinguir se sons de mesma frequência foram produzidos por fontes sonoras conhecidas. O que nos permite diferenciá-las. Por exemplo uma nota tocada por uma flauta, é a mesma nota (Mesma frequência sonora) produzida por um violão. Podemos imediatamente identificar os dois sons como tendo a mesma frequência, mas com características sonoras muito distintas. A cifra é a representação universal de uma nota. Abaixo estão as notas naturais, a famosa esacala de Do maior, Do Re Mi Fa Sol La Si. Num teclado essas seriam todas as teclas brancas. C = Do F = Fa B = Si D = Re G = Sol E = Mi A = La Alem das que aparecem em cima, que são as mais conhecidas, existem outras 5 notas, os chamados acidentes. Que são os sustenidos e bemóis, representados pelos símbolos # e b , respectivamente. Note que todos os acidentes, são escritos de 2 formas diferentes, 1 com sustenido e outro com bemol, assim essas notas seguintes podem ser escritas de formas diferentes, porém na prática produzem o mesmo som, ou a mesma frequência em Hertz. 22 Exercícios: 1 – O que é um tom? 2 – De dois exemplos de notas iguais que são escritas de duas formas diferentes. 3 – Dizer quais são as notas correspondentes às cifras. G = ____ G# = ___ D = ____ D# = ___ F = ____ F# = ____ C = ____ C# = ____ A = ____ A# = ____ B = ____ E = ____ 23 - AULA 7 – AS NOTAS NO VIOLÃO E AFINAÇÃO Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® No violão, cada corda tocada solta representa uma nota. São elas: E B G D A E ou Mi Si Sol Re La Mi (Da mais aguda para a mais grave). ____________ / | E 6ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | A 5ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | D 4ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | G 3ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| MÃO | B 2ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | E 1ª-----|-----|----|-----|----|-----|-----|-----|-----| | \____________ | Para afinar o violão, você deve fazer o seguinte: Tocar a 6ª corda, na 5ª casa. O som dessa nota deve ser de mesma frequência da 5ª corda solta. A nota é o “A”. Tocar a 5ª corda, na 5ª casa. O som dessa nota deve ser de mesma frequência da 4ª corda solta. A nota é o “D”. Tocar a 4ª corda, na 5ª casa. O som dessa nota deve ser de mesma frequência da 3ª corda solta. A nota é o “G”. Aqui é diferente: Tocar a 3ª corda, na 4ª casa. O som dessa nota deve ser de mesma frequência da 2ª corda solta. A nota é o “B”. Tocar a 2ª corda, na 5ª casa. O som dessa nota deve ser de mesma frequência da 1ª corda solta. A nota é o “E”. Você pode usar também um diapasão, que é um instrumento próprio para isso. Existem também afinadores virtuais, para uso no computador. Ou pode-se também usar um truque muito interessante: A maioria dos telefones, em estado de espera emitem som contínuo, esse som é uma nota musical. É um 24 “A” ou Lá, então você afina a 5ª corda na altura igual a da nota que ouve no telefone! Exercício: Sabendo que cada casa ao longo do braço do violão representa uma nota e que, estas se encontram em sequência, assinale as notas que estão faltando: O primeiro número representa a corda, o segundo a casa. Exemplo: 10 = Corda 1 , casa 0 (Corda solta). 22 = Corda 2, casa 2 10 = E 11 = ___ 12 = F# 13 = G 14 = ___ 15 = A 20 = B 21 = ___ 22 = ___ 23 = ___ 24 = D# 25= E 30 = G 31 = ___ 32 = ___ 33 = A# 34 = ___ 35 = ___ 40 = D 41 =___ 42 = E 43 = ___ 44 = ___ 45 = ___ 50 = A 51 = ___ 52 = ___ 53 = ___ 54 = C# 55 = ___ 60 = E 61 = ___ 62 = ___ 63 = ___ 64 = ___ 65 = ___ 25 - AULA 8– ESCALAS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Uma escala musical é uma sequência ordenada pela frequência vibratória de sons (normalmente do som de frequência mais baixa para o de frequência mais alta). Iremos analisar três tipos amplamente utilizados: A escala cromática, a diatônica e a pentatônica. Cromática São todas as notas conhecidas na música ocidental. 12 notas utilizadas. Não é uma escala de caráter harmônico. Essa escala é à base de todas as outras, no contexto da música ocidental e de instrumentos temperados. Do – Do # - Re – Re # - Mi – Fa – Fa# - Sol – Sol# - La – La # - Si Diatônica Escala diatônica é uma escala de oito notas, com cinco intervalos de tons e dois intervalos de semitons entre as notas. Este padrão se repete a cada oitava nota numa sequência tonal de qualquer escala. A escala diatônica é típica da música ocidental e concerne à fundação da tradição da música européia. As escalas modernas maior e menor são diatônicas, assim como todos os sete modos tonais utilizados atualmente. Essas escalas podem ser maiores ou menores. Diatônicas Maiores e menores Nessas escalas, são eliminadas algumas notas reduzindo a quantidade para 7. Essa é a idéia da escala harmônica: Eliminar as notas dissonantes da escala cromática. São as escalas mais utilizadas na música popular. Foram descobertas na Grécia antiga e estabelecem uma relação de notas a partir da escala cromática. 26 A relação tem quatro variantes fundamentais e amplamente utilizadas. Você irá aplicar as fórmulas abaixo em cima da escala cromática, para obter as escalas (veja os exemplos logo abaixo). Escala Diatônica Maior TOM – TOM – SEMITOM – TOM – TOM – TOM – SEMITOM Escala Diatônica Menor Natural TOM - SEMITOM – TOM – TOM – SEMITOM – TOM - TOM Escala Diatônica Menor Harmônica TOM - SEMITOM – TOM – TOM – SEMITOM – (TOM + SEMITOM) – TOM + SEMITOM Escala Diatônica Menor Melódica TOM - SEMITOM – TOM – TOM –TOM – TOM - SEMITOM Exercício exemplo: Ache a escala diatônica de Dó Maior --- Resolução --- Primeiro aplica-se a fórmula de separação, depois elimina-se as notas que não pertencem a esta escala (lembre-se que um tom são dois semitons). T – T – ST – T – T – T – ST Observe como é feito: A partir do Dó, pulamos um Tom e chegamos a Ré, depois pulamos um tom e chegamos a Mi, depois meio tom e temos o Fá e assim por diante. C – C # - D – D # - E – F – F# - G – G# - A – A # - B - C E tem-se a escala de Dó Maior C – D – E – F – G – A – B - C 27 Faremos agora o mesmo para achar a escala de Dó Menor Natural Seguindo a fórmula T – ST – T – T – ST – T – T e eliminando as notas. Do – Do# - Re – Re# - Mi – Fa – Fa# - Sol – Sol# - La – La # - Si Tem-se a escala de Dó menor Natural C – D – Eb – F – G – Ab – Bb * Note que quando representamos as escalas maiores e menores, usamos sempre as 7 notas, por isso acima aparecem Eb, Ab e Bb em vez de D#, G# e A#, respectivamente. - Pentatônica maior e menor Para encontrar a escala pentatônica maior, basta achar a escala diatônica maior e eliminar o 4º e 7º graus(*). Esta escala é muito usada no Reggae e Blues. Exemplo: Escala pentatônica de Ré D – E – F# - G – A – B – C# D – E – F# – A – B Para encontrar a escala pentatônica menor é o mesmo processo, porém elimina-se o 2º e 6º graus. (*) Grau é a posição em que determinada nota se encontra em uma escala (também pode ser chamado de função). Exemplo: Na escala diatônica de Re, temos o 1º grau sendo o próprio Re, que pode ser chamado também de tônica. O 2º grau é Mi, o 3º Fa# e assim por diante. No caso de se mencionar um grau maior que 7, significa que o grau se encontra em oitavas(**) mais agudas. (**) Em música, uma Oitava é o intervalo entre uma nota musical e outra com a metade ou o dobro de sua frequência. Isso significa que a oitava acima da nota de Do, começa a partir do Do com o dobro da frequência, ou seja é uma oitava mais aguda. Exemplo: As notas na corda mais grave do violão estão numa oitava de frequência baixa, pois são graves. (Por isso que chamamos o Contra-Baixo de 28 Baixo, porque as notas estão em oitavas de frequência baixa). Já as cordas agudas estão algumas oitavas acima, por serem de frequência bem mais alta. ----------------------------------------------------------------------------------------- Exercícios 1 – Monte a escala Maior e menor natural da nota Mi. 2 – Monte a escala pentatônica maior de Fá. 3 – Quais são os 4º, 8º e 10º graus da escala de C maior? 29 - AULA 9 – MODOS GREGOS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Modos e escalas são formas diferentes de tratar do mesmo assunto: ordenamento de sons. Na Grécia antiga, as diversas organizações sonoras (ou formas de organizar os sons) diferiam de região para região, variando de acordo com as tradições culturais e estéticas de cada uma delas. Assim, cada uma das regiões da antiga Grécia deu origem a um modo (organização dos sons naturais) muito próprio, e que adaptou a denominação de cada região respectiva. Desta forma, aparece- nos o modo dórico (Da região da Dória), o modo frígio (da região da Frígia), o modo lídio (da Lídia), o modo jónio (da Jónia) e o modo eólio (da Eólia). Também aparece um outro — que é uma mistura dos modos lídio e dórico — denominado modo mixolídio. História Historicamente, os modos eram usados especialmente na música litúrgica da Idade Média, sendo que poderíamos também classificá-los como modos "litúrgicos" ou "eclesiásticos". Existem historiadores que preferem ainda nomeá- los como "modos gregorianos", por terem sido organizados, também, pelo papa Gregório I, quando este se preocupou em organizar a música na liturgia de sua época. No final da Idade Média a maioria dos músicos foi dando notória preferência aos modos jónio e eólio que posteriormente ficaram populares como Escala maior e Escala menor. Os demais modos ficaram restritos a poucos casos, mas ainda são observados em diversos gêneros musicais. O sétimo modo, o lócrio foi criado pelos teóricos da música para completar o ciclo, mas é de raríssima utilização e pouca aplicabilidade prática. De fato, o modo lócrio existe como padrão intervalar, mas não como modo efetivamente, visto que a ausência da quinta justa impede que haja sensação de repouso na tríade sobre a nota fundamental. Por outro lado, tanto a música erudita quanto a música popular do século XX (marcadamente o jazz) acolheram o uso da quarta aumentada (ou quinta diminuta), pois a tensão proporcionada pela dissonância pode ser aproveitada com finalidades expressivas. Fundamentação Os modos baseiam-se atualmente na escala temperada ocidental, mas inicialmente eram as únicas possibilidades para a execução de determinados sons. Desde a antiga Grécia os modos já se utilizavam caracterizando a espécie de música que seria executada. Os modos, bem definidos então, eram 30 aplicáveis de acordo com a situação, por exemplo: se a música remetia ao culto de um determinado deus deveria ser em determinado modo, e assim para cada evento que envolvesse música. Com o temperamento da escala e a estipulação de uma afinação padrão, os modos perderam gradativamente a sua importância, visto que a escala cromática englobava a todos e harmonicamente foi possível classificá-los dentro dos conceitos "maior e menor". O uso de frequências determinadas possibilitou o desenvolvimento das melodias na música juntamente com a harmonia e, com isto, na atualidade, os modos facilitam a compreensão do campo harmónico e sua caracterização, mas não possuem mais funções individuais. O fato de não mais estabelecermos diferença entre bemol e sustenido na escala cromática veio a restringir ainda mais o emprego de modos na música, senão como elemento teórico. Os modos podem ser entendidos com extensão da escala natural de dó maior. As notas dó ré mi fá sol lá si fazemparte de dó jônico. Se aplicarmos essas mesmas notas transformando a tónica em ré, teremos ré mi fá sol lá si dó, um ré menor dórico. Em mi menor temos mi fá sol lá si dó ré mi, um mi menor frígio, e assim por diante. Os modos Nada mais são que uma série de sons melódicos pré-definida. Ao todo são 7, mais 7 variações destes. Compreendendo Partimos da escala padrão diatónica (a que se forma pelas notas sem acidentes) dó - ré - mi - fá - sol - lá - si, e sobre cada uma destas notas criamos uma nova escala diatónica. Quando fazemos isto, a relação dos tons é alterada, consequentemente todo o campo harmónico também muda, visto que, ao estabelecer uma nota como a inicial, estabelece-se a tónica da nova escala. Para ser mais claro, na escala musical temos funções que classificamos como graus para cada uma das notas, de acordo com sua posição acerca da primeira. Portanto, (nota por nota) sendo os graus: tónica, super-tónica, mediante, sub- dominante, dominante, super-dominante e sensível (para, por exemplo: dó - ré - mi - fá - sol - lá e si), o que mudamos no sistema modal é esta função de cada uma, criando uma nova relação entre os graus e notas. Tudo isso deve-se unicamente por estabelecermos uma nova tônica mantendo os intervalos. Como são Da escala diatónica: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, extraímos a relação intervalar de tons (T) e semitons (st) seguinte: T - T - st - T - T - T - st. Sempre que existir esta relação intervalar, teremos o modo jônio ou escala maior (no caso, de dó). Se firmarmos como tónica o ré, usando a mesma escala diatónica, teremos: ré, mi, fá, sol, lá, si, dó: T - st - T - T - T - st - T. Sempre que esta relação existir, teremos o modo dórico, e assim por diante: 31 Modos Por tons e semitons: Fórmula Modo Tipo T - T - st - T - T - T - st Jônio Maior T - st - T - T - T - st - T Dórico Menor st - T - T - T - st - T -T Frígio Menor T - T - T - st - T - T - st Lídio Maior T - T - st - T - T - st - T Mixolidio Maior T - st - T - T - st - T - T Eólio Menor st - T - T - st - T - T - T Lócrio (ou diminuto) Menor Por intervalos: Fórmula Modo Tipo 1J 2M 3M 4J 5J 6M 7M Jônio Maior 1J 2M 3m 4J 5J 6M 7m Dórico Menor 1J 2m 3m 4J 5J 6m 7m Frígio Menor 1J 2M 3M 4+ 5J 6M 7M Lídio Maior 1J 2M 3M 4J 5J 6M 7m Mixolidio Maior 1J 2M 3m 4J 5J 6m 7m Eólio Menor 1J 2m 3m 4J 5° 6m 7m Lócrio (ou diminuto) Menor Exemplo: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si: Jônio ré - mi - fá - sol - lá - si - dó: Dórico mi - fá - sol - lá - si - dó - ré: Frígio fá - sol - lá - si - dó - ré - mi: Lídio sol - lá - si - dó - ré - mi - fá: Mixolídio lá - si - dó - ré - mi - fá - sol: Eólio si - dó - ré - mi - fá - sol - lá: Lócrio 32 Entendendo melhor Para sabermos utilizar tais sistemas na prática, devemos ter em mente que a escala musical atual é cromática, portanto, podemos estabelecer uma tonalidade e sobre esta (sem mover a nota da tónica) estabelecer cada uma das funções de um modo. Exemplo: (Partindo sempre da nota dó) Jônio: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si Dórico: dó - ré - mib - fá - sol - lá - sib Frígio: dó - réb - mib - fá - sol - láb - sib Lídio: dó - ré - mi – fá# - sol - lá - si Mixolídio: dó - ré - mi - fá - sol - lá - sib Eólio: dó - ré - mib - fá - sol - láb - sib Lócrio: dó - réb - mib - fá - solb - láb - sib Isso cria, para cada modo, um novo campo harmónico, uma tónica em escalas diferentes. 33 Classificação atual Atualmente, classificamos os modos como maiores e menores, de acordo com o primeiro acorde que formarão em seu campo harmônico. Modos maiores Jônio Lídio Mixolídio Modos Menores Dórico Frígio Eólio Lócrio (este podendo ser também classificado como diminuto) Aplicabilidade Para aplicarmos os modos praticamente, devemos ter conhecimento sobre harmonia para compreender os encadeamentos harmônicos que cada escala modal propõe. Na realidade, é muito simples: se, por exemplo, tocamos uma música na tonalidade de dó maior, cuja tônica (estabelecemos) é o sol, estamos trabalhando com o modo "sol mixolídio" (muito usado em músicas nordestinas). Se, harmonicamente, em uma música cujo tom está em dó maior, surge um acorde de ré maior, estamos no modo "dó lídio". Conhecer os modos facilita a interpretação e composição musical, desde que tenhamos bem óbvia a questão da harmonia. 34 - AULA 10 – TRÍADES: FORMAÇÃO BÁSICA DOS ACORDES Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® (Para consultar todos os acordes de violão, acesse http://www.cifraclub.com.br ou www.cifras.com.br e procure pelo dicionário de acordes. Quando acha-lo, você verá representações do braço do violão, as bolinhas são os dedos que deverá pressionar as cordas. Os números dentro das bolinhas dizem qual é o dedo a ser utilizado.) Pode-se comprar um dicionário de acordes impresso também, existem varios modelos no mercado. Acorde é sobreposição de duas ou mais notas simultaneamente. Os acordes são formados a partir da nota mais grave, onde são acrescentadas as outras notas constituíntes. Acordes podem ser harmônicos ou desarmônicos. Os acordes se formam resumidamente, a partir da sobreposição de 3 notas pertencentes a escala harmônica, daí o nome tríade. Para entender vamos achar o acorde de C (Do maior) seguindo a lógica das tríades. --- Resolução --- * Todos os acordes estão aqui representados como sendo formados a partir da nota Dó. Para ver as variações em outras notas cheque a aula 7, transposição. Acordes maiores Primeiro temos que ter a escala diatônica maior. C – D – E – F – G – A – B 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º O 1º, 3º e 5º graus formarão o acorde, assim o acorde C é formado pela tríade C , E e G. Representação do acorde em cifra: C Acordes menores Estes se formam também com o 1º, 3º e 5º grau, porém da escala menor. Vamos achar as notas contituintes do acorde de Do menor. Escala diatônica menor: C – D – Eb – F – G – Ab – Bb 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º Tríade: C – Eb – G Representação do acorde em cifra: Cm 35 Acordes com quinta ou “Power chords” Estes são os clássicos acordes do rock, são formados somente pelo 1º e 5º grau. Normalmente são tocados nas tonalidades mais graves na guitarra. Neste caso não são 3 notas, são apenas 2. 1º e 5º graus. Notas do acorde: C – G Representação em cifra: C5 Exercícios: 1 – Ache a tríade do acorde A. 2 – Ache a tríade do acorde Gm. 3 – Ache as duas notas que formam cada um dos acordes C5 , F5 e Bb5. 36 - AULA 11 – TÉTRADES: MAIS VARIAÇÕES DE ACORDES Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® A tétrade é uma combinação de 4 notas. Acorde diminuto Neste acorde as distâncias entre as notas são sempre de 1 tom e meio. Escreva a escala cromática e siga a indicação: C – C# - D – D# - E – F – F# - G – G# - A – A# - B C – D# - F# - A Representação do acorde em cifra: Cº Acorde com quarta. É o acorde maior acrescido do 4º grau. C – E – F – G Representação do acorde em cifra: C4 Acordes com sétima. Nestes casos o acorde é uma tétrade composta pelos 1°, 3°, 5° e 7º graus, sendo o ultimo (7º) grau da escala menor e os outros (1º, 3º e 5º) relativos à escala maior. Exemplo: O acorde de Dó com sétima é o acorde de Dó maior acrescido da sétima nota da escala de Dó menor. C = C + E + G C7 = C + E + G + Bb Representação do acorde em cifra: C7 Acordes com sétima aumentada. A única diferença para o acorde com sétima é que o 7º grau é da escala maior. C – E – G – B Representação do acorde em cifra: C7+ 37 Acordes com nona. São acordes maiores acrescidos do 9º grau. C – D – E – F – G – A – B – C – D C – E – G – D Representação do acorde em cifra: C9 Acorde com quarta com sétima. Acordes maiores acrescidos do 4º grau maior e 7º grau menor. C – E – F – G – Bb Representação do acordeem cifra: C4/7 Acorde com sétima e quinta diminuta C – F# - Bb – E Representação do acorde em cifra: C5-/7 ou C7(b5) Acorde com quarta com nona. Acordes maiores acrescidos do 4º e 9º graus. C – E – G – D – F Representação do acorde em cifra: C4/9 Acorde com sétima com nona Notas do acorde: C – E – Bb – D Representação do acorde em cifra: C7/9 Acorde com sétima com nona diminuta. Notas do acorde: C – E – Bb – C# Representação do acorde em cifra: C7/9- 38 Acordes menores com sétima. Estes são os acordes menores acrescidos do sétimo grau também da escala menor. C – Eb – G – Bb Representação do acorde em cifra: Cm7 Acorde menor com quarta com sétima. Notas do acorde: C – D – Bb – D# - F Representação do acorde em cifra: Cm4/7 Acorde menor com nona. Notas do acorde: C – D – E – G – Bb Representação do acorde em cifra: Cm9 Acorde menor com sétima e quinta diminuta: Notas do acorde: C – D# – F# - Bb Representação do acorde em cifra: Cm5-/7 39 - AULA 12 – TRANSPOSIÇÃO Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® A transposição é o ato de trocar a tonalidade dominante. Quando você toca uma música, normalmente está fazendo uma sucessão de notas que formam uma melodia. Essa melodia está em um tom determinado, por exemplo em C. isso significa que a escala predominante da música é Dó maior. Uma vez que a melodia existe, e você sabe as notas, é possível torná-la mais aguda ou mais grave, por diversas razões. Uma delas bastante usada é a adaptação a uma determinada voz, por exemplo a música original foi gravada no tom de C, mas o intérprete tem a voz afinada no tom de G. Assim a melodia principal é transposta para G, junto com todos os intrumentos que irão acompanhar. Para transpor, você precisa das referidas escalas das notas escolhidas. Por exemplo vamos transpor uma música de C para G, então precisamos das duas escalas maiores das respectivas notas. C – D - E – F – G – A – B G – A – B – C – D – E – F# Basta você botar as duas escalas do jeito que estão acima, com os respectivos graus alinhados verticalmente. Vamos supor que a primeira frase melódica da música seja (No tom de C): G – G – A – G – C – B Agora para transpor para o tom G, basta ir na comparação que você fez dos dois toms e substituir as notas. A frase transposta pra G ficaria assim: D – D – E – D – G – F# Exercícios: 1 – Transponha a frase, que está no tom de C , para o tom de D. (Dica: Ache as referidas escalas diatônicas e alinhe-as verticalmente) C – F – A – C – G – A – Bb – E 40 - AULA 13 – INVERSÃO DE ACORDES Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Este assunto é bem simples. A inversão de acordes se dá basicamente quando um acorde convencional tem o baixo (Nota mais grave) alterada, resultando assim em um outro acorde, chamado de invertido. Estes acordes são representados como a primeira nota sendo o acorde (A tríade ou tétrade primária), depois uma barra separando da outra nota, que é o baixo. As inversões mais usadas, são o 3º e 5º graus, por já fazerem parte da tríade fundamental do acorde, porém pode ser usada qualquer nota no baixo. Exemplos: A/E -> Acorde de A formado pela tríade A – C# - E, só que em vez da nota mais grave ser o A, será o E. Inversão de 5º grau. C/G -> Acorde de C com o baixo sendo o G. Inversão de 5º grau. Dm7/F -> Acorde de Ré menor com sétima, sendo o baixo um Fá. Inversão de 3º grau. Exercícios: 1 – Escreva em cifra as inversões pedidas. a) 3º grau para os seguintes acordes: A, D e F# b) Inversões de 5º grau para as notas Cm, Ebm e G#m. c) Inversões de 9º grau para as notas E e B. 41 - AULA 14 – CAMPO HARMÔNICO Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® Este é o assunto mais importante na introdução do estudante de música no grande universo de notas e suas combinações, pois o torna capaz de compor e entender composições. Uma vez entendido, é possível que se parta para um nível mais complexo. Como você já deve ter percebido ao longo das aulas, na música existem regras. Para que surja uma música, é necessário segui-las. Assim como observado nas escalas e formação de acordes, existem parâmetros matemáticos que indicam o caminho da música. Logo abaixo temos um quadro com todas as tríades dos acordes maiores, seus acordes relativos menores, inversões de 3º e 5º graus e os campos harmônicos maiores das notas. Mas o que é o campo harmônico afinal? É uma combinação de acordes harmônicos entre si, com base na escala harmônica. Note no campo de C maior (quadro abaixo), a sucessão de notas é igual à escala diatônica maior, porém na formação de acordes, existem variações maiores, menores e diminutas. Isto ocorre para que as tríades dos acordes não incorporem notas que não pertencem à escala harmônica. Por exemplo, no campo harmônico de Do maior, o Mi é menor porque se fosse maior, teria uma nota da tríade (Mi – Si –Sol#) que seria dissonante do conjunto por não estar na escala de Do maior, o Sol#. Assim substitui-se essa nota pelo Sol e a tríade fica sendo a de Mi menor (Mi – Si – Sol). Tônica Formação Relativa Inversão no baixo Campo Harmônico - Escala Maior I, III, V VI com III com V I II III IV V VI VII VIII Tríade menor Maior menor menor Maior Maior menor dim Maior C C, E, G Am C/E C/G C Dm Em F G Am Bº C C# C#, F, G# A#m C#/F C#/G# C# D#m Fm F# G# A#m Cº C# D D, F#, A Bm D/F# D/A D Em F#m G A Bm C#º D D# D#, G, A# Cm D#/G D#/A# D# Fm Gm G# A# Cm Dº D# E E, G#, B C#m E/G# E/B E F#m G#m A B C#m D#º E F F, A, C Dm F/A F/C F Gm Am A# C Dm Eº F F# F#, A#, C# D#m F#/A# F#/C# F# G#m A#m B C# D#m Fº F# G G, B, D Em G/B G/D G Am Bm C D Em F#º G G# G#, C, D# Fm G#/C G#/D# G# A#m Cm C# D# Fm Gº G# A A, C#, E F#m A/C# A/E A Bm C#m D E F#m G#º A A# A#, D, F Gm A#/D A#/F A# Cm Dm D# F Gm Aº A# B B, D#, F# G#m B/D# B/F# B C#m D#m E F# G#m A#º B 42 No campo harmônico maior, os acordes relativos aos graus são: Tônica: Maior 2º grau: menor 3º grau: menor 4º grau: Maior 5º grau: Maior 6º grau: Menor 7º grau: Diminuto Exemplo: Campo Harmônico de C. C – Dm – Em – F – G – Am – Bº Abaixo temos o quadro representativo do campo harmônico menor, com os acordes relativos e inversões. Tônica Formação Rela tiva Inversão no baixo Campo Harmônico - Escala Menor Natural I, III, V III com III com V I II III IV V VI VII VIII Tríade Maior menor dim Mai. men. men. Mai. Mai. Men. Cm C, D#, G D# Cm/D# Cm/G Cm Dº D# Fm Gm G# A# Cm C#m C#, E, G# E C#m/E C#m/G # C#m D#º E F#m G#m A B C#m Dm D, F, A F Dm/F Dm/A Dm Eº F Gm Am A# C Dm D#m D#, F#, A# F# D#m/F # D#m/A # D#m Fº F# G#m A#m B C# D#m Em E, G, B G Em/G Em/B Em F#º G Am Bm C D Em Fm F, G#, C G# Fm/G# Fm/C Fm Gº G# A#m Cm C# D# Fm F#m F#, A, C# A F#m/A F#m/C# F#m G#º A Bm C#m D E F#m Gm G, A#, D A# Gm/A# Gm/D Gm Aº A# Cm Dm D# F Gm G#m G#, B, D# B G#m/B G#m/D # G#m A#º B C#m D#m E F# G#m Am A, C, E C Am/C Am/E Am Bº C Dm Em F G Am A#m A#, C#, F C# A#m/C # A#m/F A#m Cº C# D#m Fm F# G# A#m Bm B, D, F# D Bm/D Bm/F# Bm C#º D Em F#m G A Bm 43 No campo harmônico menor, os acordes são: Tônica: Menor 2º grau: Diminuto 3º grau: Maior 4º grau: menor 5º grau: menor 6º grau: Maior 7º grau: Maior Exemplo: Campo Harmônico de Cm. Cm – Dº - Eb – Fm – Gm – Ab – Bb Exercício: Monte sequências com 4 acordes diferentes pertencentes aos campos harmônicos de C, D e A#. C = D = A# = 44 - AULA 15 – TABLATURAS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® A tablatura é a uma maneira de escrever ou transcrever músicas para instrumentos de cordas. É um método simples e prático, amplamente difundido na cultura ocidental. Existe uma pauta, onde são representadas as 6 cordas da guitarra e os números relativos das casas a serem pressionadas. Como ler uma tablatura? O conjunto de linhas, representam as cordas do instrumento. Sendo assim para uma guitarra ou violão comum você tem seis linhas, paraum baixo de quatro cordas terá quatro linhas, para um baixo de cinco cordas cinco linhas, para uma guitarra de sete cordas sete linhas e assim por diante. Nos exemplos mostrados aqui usaremos tablaturas de seis linhas para guitarra e violão, mas o principio é o mesmo para qualquer quantidade de cordas. Tablatura vazia de violão e guitarra de 6 cordas: e|-------------------------------------------| -> Corda mais aguda B|-------------------------------------------| G|-------------------------------------------| D|-------------------------------------------| A|-------------------------------------------| E|-------------------------------------------| -> Corda mais grave Tablatura de um baixo de 4 cordas, note que são as mesmas notas das 4 cordas mais graves do violão, porém em oitavas mais graves. G|-------------------------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| Tablatura de um baixo de 5 cordas, neste caso existe uma corda Sí mais grave que o Mi. G|-------------------------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| B|-------------------------------------------------| 45 Exemplo: e|--------------------------------------------------| B|--------------------------------------------------| G|--------------------------------------------------| D|--------------------------------------------------| A|--------------------------------------------------| E|--0-2-3-5-----------------------------------------| O exemplo acima demonstra as seguinte notas (uma de cada vez) na ordem: - corda E mais grossa deve ser tocada solta (0) - depois a mesma corda deve ser tocada na segunda casa (2) - depois a mesma corda deve ser tocada na terceira casa (3) - depois a mesma corda deve ser tocada na quinta casa (5) Exemplo 2: e|--------0-----------------------------------------| B|------0---1---------------------------------------| G|----0-------2-------------------------------------| D|--------------3-----------------------------------| A|--------------------------------------------------| E|--0-----------------------------------------------| - a corda E grave deve ser tocada solta (0) - depois a corda G deve ser tocada solta (0) - depois a corda B deve ser tocada solta (0) - depois a corda E aguda deve ser tocada solta (0) - depois a corda B deve ser tocada na primeira casa (1) - depois a corda G deve ser tocada na segunda casa (2) - depois a corda D deve ser tocada na terceira casa (3) Exemplo 3 G e|-------------3-----------------------------------| B|-----------0-------------------------------------| G|---------0---------------------------------------| D|-------0-----------------------------------------| A|-----2-------------------------------------------| E|---3---------------------------------------------| Neste exemplo, assim como no anterior, se percebe que a maneira de tocar é o dedilhado. As notas estão em sequência, em cordas diferentes e formam um acorde (G). Diferentemente do próximo exemplo, que mostra outra maneira de tocar. 46 Exemplo 4 G e|---3---------------------------------------------| B|---0---------------------------------------------| G|---0---------------------------------------------| D|---0---------------------------------------------| A|---2---------------------------------------------| E|---3---------------------------------------------| Aqui temos o acorde de G novamente, mas neste caso as notas são tocadas juntas, caracterizando a levada rítmica (Caso ocorra repetição das mesmas notas). Nesta maneira de tocar, é mais usada a cifragem convencional de acordes. Exemplo 5 e|--0--0------------------------------------------| B|--------2---------------------------------------| G|-----------2------------------------------------| D|--------0--2------------------------------------| A|-----0------------------------------------------| E|--0---------------------------------------------| Neste exemplo, temos ainda outra maneira de tocar. Duas ou mais notas são tocadas simultaneamente. Para isto você deve usar o polegar da mão que dedilha no baixo e os outros dedos nas notas mais agudas. Como um gancho. Observe: As pausas e intervalos não são especificamente definidos na tablatura. Por isso este método de leitura é realmente eficiente quando você já ouviu a música antes e tem idéia da melodia com todas suas pausas e intervalos. A tablatura também consegue representar as pausas, pela distância entre os números escritos. Porém um músico não conseguirá tocar uma obra que nunca ouviu apenas pela tablatura, pela partitura ele teria todas as informações necessárias de andamento, pausas, silêncios etc. Hoje em dia, no mundo moderno é muito mais comum às pessoas quererem aprender músicas que já são conhecidas. Por isso a tablatura vem tomando espaço da partitura na música popular, pela sua facilidade de leitura e fácil compreensão. 47 - AULA 16 – REPRESENTAÇÃO DE EFEITOS EM TABLATURAS Prof. Camilo N. Beze – Todos os direitos reservados - ® No violão e na guitarra, existe uma série de efeitos que quando introduzidos à música, criam sonoridades interessantes. A seguir temos exemplos e explicações de cada um. h - hammer-on Um hammer-on consiste em martelar com um dedo da mão que segura a corda, um traste fazendo soar a nota sem o auxílio da mão que toca. No exemplo abaixo, após tocar a corda E grossa solta duas vezes o músico deverá tocar a segunda corda na quinta casa e imediata e vigorosamente apertar a mesma corda, duas casas a frente (sétima casa), fazendo a corda soar apenas com a martelada e sem auxílio da mão direita. e|------------------------------------------------| B|------------------------------------------------| G|------------------------------------------------| D|------------------------------------------------| A|--------5h7---------5h7-------------------------| E|--0--0-------0--0-------------------------------| p - pull-off Pull-Offs são o inverso de um hammer-on e consistem em soltar rapidamente uma corda fazendo com que a mesma soe solta (ou apertada em um traste anterior). e|--3p0---------------------------------------------| B|--------3p0---------------------------------------| G|---------------2p0--------------------------------| D|--------------------4p2p0-------------------------| A|--------------------------------------------------| E|--------------------------------------------------| Exemplo de Hammer-on e Pull-off atuando juntos. e|-------------------------------------------------| B|-------------------------------------------------| G|--2h4p2h4p2h4p2h4p-------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| 48 b - bend Um bend consiste em empurrar uma corda para cima ou para baixo, aumentando a tensão e consequentemente gerando uma nota mais aguda. Quanto mais empurrada for a corda maior será o efeito. Um número é usado para indicar o quanto a nota deve ser aumentada. No exemplo abaixo a corda B deve ser tocada na sétima casa e empurrada para cima até que soe mais aguda como se estivesse apertada na nona casa (um tom acima). Note que o dedo do musico permanecerá na sétima casa. O bend será indicado como “b” e entre parenteses o número da casa que o bend irá alcançar. e|-------------------------------------------------| B|---7b(9)-----------------------------------------| G|-------------------------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| Um bend pode ser também de meiotom, 3 semitons, depende de quanto você vai empurrar a corda. rb - Reverse bend Soltar o bend, é deixar de empurrar a corda e desfazer o bend. e|-------------------------------------------------| B|---9rb(7)----------------------------------------| G|-------------------------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| / - slide para cima (pode ser usado s) Um slide consiste em fazer deslizar um dedo pelas casas do braço. Pode ser usado também um instrumento, chamado de Slide. e|------------------------------------------------| B|---7/9------------------------------------------| G|------------------------------------------------| D|------------------------------------------------| A|------------------------------------------------| E|------------------------------------------------| 49 \ - Reverse slide (pode ser usado s) e|------------------------------------------------| B|---9\7------------------------------------------| G|------------------------------------------------| D|------------------------------------------------| A|------------------------------------------------| E|------------------------------------------------| Vários slides podem ser usados seguidos como indicado abaixo. Apenas a primeira nota precisa ser tocada. e|-------------------------------------------------| B|---7/9/11\9\7\6\7vvvvv---------------------------| G|-------------------------------------------------| D|-------------------------------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| v - vibrato O vibrato é o efeito de vibrar a corda, conseguido através de pressão variável do dedo sobre a corda no braço do instrumento. Na guitarra pode se usar a alavanca e obter um efeito semelhante. e|-------------------------------------------------| B|-------------------------------------------------| G|-------------------------------------------------| D|-------2—5vvvvvvvv-------------------------------| A|---3---------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| t - tapping Tapping é uma técnica utilizada principalmente em guitarra elétrica, mas também em outros instrumentos de corda (como baixo, ou violão). Consiste em utilizar as duas mãos para "martelar" (tap) notas na escala, ligando-as, adquirindo assim efeito de grande velocidade e impressionismo. O guitarrista Eddie Van Halen foi um dos responsáveis por popularizar essa técnica, assim como Steve Vai, Dime Darrel, Stanley Jordan, Kirk Hammet entre outros. Tap ou tapping consiste em fazer soar notas tocadas com a mão que palheta ou dedilha apertando as cordas nos casas. A indicação de que uma nota deve ser tocada como tap consiste apenas em acrescentar a letra t à nota correspondente. Geralmente são realizadas combinando a escala mais aguda com as intermediárias e graves. t t t t e|--17p8p7p5---17p8p7p5---17p8p7p5---17p8p7p5------| B|-------------------------------------------------| G|-------------------------------------------------| D|--------------------—----------------------------| A|-------------------------------------------------| E|-------------------------------------------------| 50 p.m. - Palm Muting No Palm Muting, você deve abafar as cordas perto da ponte, para conseguir um som percussivo. Esse efeito é muito usado por bandas de rock. E-------------------------------------------------| B-------------------------------------------------| G---------------3--3--5--5------------------------| D---------------1--1--3--3------------------------| A---3--3--5--5------------------------------------| E---1--1--3--3------------------------------------| p.m..... p.m..... x – Abafamento Neste caso basta botar a mão que segura cordas, em cima das cordas, sem apertar em nenhuma nota. Vai sair um som abafado. E-------------------------------------------------| B-------------------------------------------------| G-------------------------------------------------| D-------------------------------------------------| A---x--x--x--x------------------------------------| E---x--x--x--x------------------------------------| 51 FIM Caro aluno(a), chegamos ao fim do método. Lembre-se: É necessário ler e reler inúmeras vezes aquilo que não compreendeu, para que possa adquirir confiança e clareza. Vibrações positivas e boa sorte!! Camilo do Nascimento Beze ® Tel: (61) 9219 7569 Email: violão.popular@hotmail.com MSN: champz_169@hotmail.com Youtube: /camilobeze 2010 Todos os direitos reservados ®
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