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Introdução
Após 9 anos da formação da sociedade, Ana decidiu dissolvê-la através de distrato, mas, não obteve sucesso. Essa decisão foi tomada por ela baseada em dissonâncias em relação a gestão da empresa.
Ana então decidiu, por si só, vender suas quotas à maior concorrência da sociedade sem que tenha havido nenhuma manifestação e deliberação por parte dos demais sócios.
Já não bastasse todo desgaste, Ana ainda se presta a divulgar falsas informações sobre a organização afetando a reputação da sociedade empresária.
Como se não bastasse, o faturamento da empresa tem caído consideravelmente levando ao desejo de se ingressar com pedido de Recuperação Judicial.
Para agravar a situação, um dos sócios veio a óbito e seu filho, legítimo herdeiro, tem 2 anos de idade, e, ao que tudo indica, não há cláusulas de sucessão no contrato social vigente.
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Fundamentação
Indique as medidas adequadas diante da inadimplência do sócio Maurício em relação ao aporte não realizado na sociedade;
Quanto a inadimplência do sócio remisso, cabe destacar que existem medidas nesse caso, conforme Código Civil, Arts. 1.004 e seu § único, e 1.058:
i) a cobrança (amigável ou judicial) do valor prometido juntamente do dano auferido pela mora;
ii) exclusão da sociedade de sócio remisso;
iii) redução proporcional do capital social do sócio remisso e,
iv) a tomada das quotas do sócio remisso pelos demais sócios ou cessão para terceiros estranhos ao quadro social da empresa.
Nota-se então que, conforme os itens citados anteriormente, o sócio inadimplente pode ser cobrado de forma judicial desde que esteja contido no contrato social tal disposição sobre a obrigação da integralização do capital dentro de prazo estabelecido, além de conter assinatura de todos demais sócios juntados ainda duas testemunhas. 
Existe também a possibilidade de exclusão do sócio remisso que pode ser uma alternativa para preservação da empresa e para tanto, todos sócios devem votar por essa opção. 
Os sócios podem optar também por reduzir as quotas do sócio remisso proporcionalmente ao valor aportado por ele.
Pode-se, ainda, tomar as quotas do sócio remisso para os demais sócios e transferi-las para outros interessados, incorrendo na devolução do aporte para o sócio remisso.
Analise a pretensão da sócia Ana no sentido de dissolver a sociedade pautada na insatisfação com os demais sócios, registrando se Ana deve ser forçada a retirar-se da sociedade;
A saída de algum sócio de uma sociedade, que claramente é a posição de Ana aqui, é possível e tem hipóteses previstas no Código Civil e no Código de Processo Civil:
· Modificação do Contrato Social;
· Saída imotivada de sociedade por prazo indeterminado;
· Saída motivada de sociedade por prazo determinado; e
· Saída judicial pelas situações acima.
É importante ressaltar que conforme o Art. 1029 do Código Civil, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; mediante notificação aos demais sócios.
Assim, com carência que varia de 30 e 60 dias, os demais sócios podem tomar medidas e colocar fim integralmente a sociedade se assim o desejarem.
Ana terá direito ao recebimento de sua participação societária, apurando o valor da soma de suas quotas.
Visto que a empresa não caminha muito bem financeiramente, esse pode ser um problema para o caixa.
Se as notificações de 30 e 60 dias como versam os Artigos 1.077 e 1.029 do Código Civil, não forem cumpridas e se ainda não ocorrer a alteração do contrato social garantindo o direito de retirada de Ana da sociedade, ela poderá entrar com ação no Poder Judiciário solicitando ao juízo que ocorra a dissolução parcial resgatando o valor de suas quotas.
Ainda assim, é possível excluir Ana se houver entendimento de que ela está pondo em risco a continuidade da empresa, pois seus atos ofensivos demonstram o que seriam as chamadas faltas graves. Nesse caso, a hipótese prevista pelo Código Civil pode ser exemplificada, como levantado por DUARTE (2016):
· Expor ou ofender a sociedade empresária de forma que prejudique a reputação e a história da sociedade perante terceiros;
Logo, os sócios devem realizar assembleia e deliberar sobre essa possibilidade, pois, é clara a posição difamatória de Ana frente a empresa comprovada através de mensagens eletrônicas com autoria assumida cujo conteúdo principal é a propagação de informações enganosas ao público em geral.
O Código Civil confere esta possibilidade de exclusão, conforme dispõe seu art. 1030: 
Ressalvado o disposto no art. 1004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou ainda, por incapacidade superveniente.
Para o caso do filho de 2 anos do Sr. Telêmaco há pouco falecido, deverá ser designado um representante legal para exercer seu direito de voto na sociedade.
Pontue a situação da não manifestação dos demais sócios em relação ao direito de preferência e aponte se Ana poderá alienar as suas quotas sem a prévia anuência desses sócios;
HENRIQUES (2009), resume com clareza que o direito de preferência é uma obrigação que se cria entre os sócios buscando preservar a empresa no sentido, assim, evita-se que terceiros sem qualquer afinidade com os demais sócios façam parte da empresa. Podemos inferir que essa ação protege os interesses da empresa bem como toda estrutura criada até aquele instante sem interferências por agentes externos ou desalinhados com as bases da sociedade.
Sobre a alienação quotas, temos o Artigo 1.057 do Código Civil:
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder total ou parcialmente a quem seja sócio, independentemente da audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social
Ainda que no contrato de uma sociedade podemos ter descritos a alienação de quotas de forma “livre”, nesse caso, como nada foi dito se tais clausulas abrangem essa possibilidade, Ana não poderia alienar suas cotas sem anuência de ¾ dos sócios como versa o Código Civil.
Considerando inverídicas as notícias propagadas por Ana por correio eletrônico, diga se, no cenário corporativo, as provas decorrentes do mundo virtual têm validade;
FACHINI (2015) esclarece bem quais são as 5 maneiras de prestar alegações no Direito Civil brasileiro: a inspeção judicial, a prova testemunhal, a prova documental, a confissão e a prova pericial. Pois bem, ter somente e-mails impressos não os validam como prova, visto que correio eletrônicos passam por diversos sistemas de informação, servidores etc e podem ser descaracterizados e, inclusive, forjados.
No entanto, existe a possibilidade de ser realizada perícia técnica comprovando a autenticidade das mensagens, incorrendo na acusação de Ana.
Respeitando que um cliente adquiriu um veículo 0 km na concessionária Velox, no início do mês, e que esse veículo apresentou vários vícios de qualidade, analise, com base nas normas de consumo, se o cliente poderá acionar a montadora para o efetivo conserto do veículo;
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante que o cliente seja ressarcido pelo bem que adquiriu e apresentou vício de qualidade. A garantia mínima prevista é de 90 dias podendo ser ampliada em sua maioria das vezes por liberdade do fabricante.
Analise se a rejeição de Ana em relação ao pedido de recuperação judicial inviabiliza a pretensão da sociedade e
A rejeição de Ana pode interferir no pedido de Recuperação judicial já que a ausência de deliberação prévia de todos cotistas incorre na extinção do pedido.
BROSSELIN (2011), é claro quando diz que quando a empresa requerente não satisfaça os requisitos legais da legislação societária quanto à necessária e indispensável deliberação social acerca dos assuntos que requeiram o crivo do quadro de quotistas ou acionistas, fica imediatamente prejudicada a prestação jurisdicional perseguida, dessa forma, o juiz deverá indeferir o pedido que se deseja de recuperação judicial.
Considerandoa omissão, no contrato social, em relação à sucessão das quotas diante de eventual falecimento dos sócios, enfrente a questão sobre a viabilidade jurídica de o filho do sócio falecido, Caio, assumir a posição de sócio na empresa por conta da herança recebida.
É grave a situação atual da empresa em nosso caso. Pode-se dizer que uma das cláusulas básicas no contrato social é exatamente como deve-se proceder a sucessão dentro da sociedade.
Normalmente em situações de impasse, existem duas formas de se proceder quando da ausência de clausulas de sucessão, comentadas por MARTINS (2018):
· Por meio do ingresso dos herdeiros na sociedade, circunstância em que os sucessores do falecido o substituem nas quotas correspondentes;
· Através do pagamento em dinheiro do equivalente à participação do falecido aos seus herdeiros, excetuando-se, obviamente, a hipótese em que a empresa está endividada e não há nenhum lucro a ser repassado.
Para a segunda opção, não há como efetuar pagamentos pois a empresa está em crise financeira.
Em nosso caso, o herdeiro é menor de idade, então a primeira opção deve ser escolhida designando um responsável pelo menor até que atinja a maioridade. Ficando assim, com o responsável legal a autonomia sobre as cotas do Sr. Telêmaco.
O trecho a seguir, segundo CONJUR (2001), descreve posição do Supremo Tribunal Federal, a respeito do assunto:
Legado de quotas de sociedade limitada a menor. Sua legitimidade. Não há confundir o legado, em si, com a participação societária do menor, que poderá adquirir capacidade, na forma do artigo 9º, parágrafo 1º, do Código Civil. Recurso Extraordinário não conhecido. (Recurso Extraordinário nº 87.090-3-PR - STF - 2ª Turma - j. 26/06/1979 - Relator Ministro Cordeiro Guerra)
Conclusão
· Para o caso do filho de 2 anos do Sr. Telêmaco há pouco falecido, deverá ser designado um representante legal para exercer seu direito de voto na sociedade.
· Para que ocorra a validação de e-mails de Ana como prova de sua conduta ofensora a sociedade, deve-se solicitar a realização de perícia técnica que ateste o destinatário, a autoria, e demais detalhes referentes ao correio eletrônico.
· É possível a participação do menor como sócio quotista na sociedade, mas ele não terá os mesmos privilégios de voto e gestão sobre a empresa até sua maioridade sendo então necessária o apontamento de um responsável legal.
Enfim, tais foram as contribuições para o caso da Sociedade Velox observando a legislação atual e casos encontrados similares no âmbito jurídico.
A busca pelo equilíbrio e sustentabilidade econômico-financeira de uma sociedade deve ser perene e constante. Problemas graves de gestão impactam consideravelmente na continuidade das sociedades por ocorrerem divergências de vários assuntos, o que de certa forma parece saudável e natural em relações humanas de qualquer esfera.
Referências Bibliográficas
CONJUR. Menores de idade podem participar de sociedades por quotas [S.I] [2001?]. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2001-nov-19/menores_podem_participar_nao_exercam_gerencia> Últim acesso em: 29 abr. 2020
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, 11 jan. 2002.
BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm
	
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