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Esportes de combate ou lutas Artes Marciais Mistas Aula 6

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AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPORTES DE COMBATE 
OU LUTAS: ENSINO – 
APRENDIZAGEM – 
TREINAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Adalberto Aparecido dos Santos Lopes 
 
 
2 
TEMA 1 – ELEMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E CULTURAIS DAS ARTES 
MARCIAIS MISTAS 
A arte da luta existe há milhares de anos, com referências à defesa da 
soberania de um povo ou mesmo das necessidades básicas, como alimentação e 
reprodução. Muitas modalidades foram desenvolvidas nos tempos em que as 
armas ou a prática direta de artes marciais eram proibidas ou restritas à 
preparação de exércitos. As raízes de muitas das artes de hoje remontam ao 
continente asiático (Terry, 2006). O ato de lutar deve ser estudado sob as óticas 
históricas, filosóficas, sociais e culturais. Uma vez que as artes marciais gozam 
de grande impacto social, a exemplo dos jogos olímpicos da era moderna e 
eventos que envolvem grande capital, movimentam economias no mundo, como 
é o caso do bem-sucedido Ultimate Fighting Championship (UFC). 
Os golpes desferidos nas distintas modalidades apresentam características 
temporais e espaciais bem definidas, podendo, assim, ser de fácil e rápida 
identificação à qual arte marcial se refere determinada ação. Obviamente, muitos 
pontos em comum podem ser observados em termos de técnica e metodologias 
de treinamento. Cada modalidade e cada escola dentro de uma modalidade 
provavelmente terão requisitos exclusivos. Alguns dos sistemas mais populares 
tiveram origem no Japão, Coréia, Tailândia, Brasil, dentre outras. 
Diferentes regiões e países deram origem a uma miríade de sistemas mais 
novos. O compartilhamento de técnicas e conceitos torna impossível detalhar 
completamente os sistemas, que estão em constante evolução. De forma 
generalizada, as modalidades podem ser divididas em quatro categorias: a) 
baseados em golpes traumáticos; b) baseados em arremessos e imobilizações; c) 
base baseados em armas; d) baseados na prática de exercício/atividade física. 
Cada modalidade pode também se transformar em elementos de outros 
sistemas ou até mesmo uma mescla destes. Por exemplo, algumas são baseadas 
em sistemas de ataque, aplicação de golpes traumáticos e incluem algumas 
armas, arremessos e imobilizações. Uma modalidade pode ser competitiva e 
centralizada em torneios ou pode se concentrar predominantemente na prática 
exclusiva de exercício ou atividade física, por meio de movimentos aeróbicos 
isolados. 
Algumas modalidades não permitem contato algum entre os praticantes, 
enquanto outras variam do contato físico leve ao contato total. A tabela 1 
 
 
3 
apresenta algumas das principais modalidades praticadas na atualidade, o país 
de origem e suas características majoritárias. 
Tabela 1 – Principais sistemas de lutas 
Modalidade Nome nativo País de origem Característica majoritária 
Aikido 合気道 Japão Movimentação harmoniosa; redirecionamento do ataque adversário 
Boxe 
(Pugilismo)* 
- Inglaterra Golpes de punho nas regiões do rosto e abdome do adversário 
Capoera - Brasil Chutes; musicalidade 
Esgrima* - Grécia Utilização de lâminas (florete, espada e sabre) 
Goju-Ryu 剛柔流 Japão Mescla de técnicas firmes, suaves e circulares 
Hapkido 합기도 Coreia Chutes, socos, torções e imobilizações; utilização da energia 
adversária 
Jeet Kune Do 截拳道 América/China Abordagem do Bruce Lee; modo de se interceptar o punho 
Judô* 柔道 Japão Caminho da suavidade; arremessos e imobilizações 
Jujutsu (Jiu-
Jitsu) 
柔術 Japão Alavancas, torções e pressões 
Karatê 空手 Japão Chutes, socos, bloqueios 
Kempo 拳法 Japão Chutes, técnicas de ataque, armas 
Kendo 剣道 Japão Uso da espada de treino 
Krav Maga מגע קרב Israel Torções, defesa contra armas de foco, bastões e facas; combate 
militar 
Kung-fu 功夫 China Movimentos baseados nas formas dos animais 
Luta 
olímpica* 
- Grécia/EUA/RU Sem golpes traumáticos; Greco-romana (troncos/baços); Livre (todo 
corpo) 
Muay thai มวยไทย Tailândia Combinação do uso dos punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés 
Ninjitsu 忍術 Japão Utilização de armas, mesmo com objetos comuns 
Savate - França Uso dos pés e das mãos para percutir o adversário 
Sumô 相撲 Japão Derrubar ou deslocar o adversário para fora de seu círculo 
T'ai Chi 太極拳 China Cultiva a energia interna do praticante 
Taekwondo * 태권도 Coreia Movimentos de ataque e defesa, com os pés e as mãos 
*: Modalidades pertencentes aos jogos olímpicos atuais; EUA: Estados Unidos; RU: Reino Unido; 
Fonte: Adaptado de Terry (2006). 
Apenas cinco modalidades estão presentes nos jogos olímpicos atuais, a 
saber: o Boxe (Pugilismo), a Esgrima, o Judô, a Luta Olímpica e o Taekwondo. 
Porém, quando se pauta em eventos como o UFC, a gama de lutadores com 
expertises em diferentes modalidades cresce exponencialmente nessa 
representação. Entretanto, devido às regras da competição, ações características 
de determinada modalidade não podem ser aplicadas, mas o traquejo e as 
experiências adquiridas podem ser úteis para aumentar as possibilidades de 
habilidade em um combate. 
As artes marciais mistas, ou Mix Martial Arts (MMA), como são mais 
conhecidas, são frequentemente referidas como o esporte de combate que mais 
cresce no mundo, justamente por reunir a prática de distintas modalidades, mas 
 
 
4 
que acabam por se complementar. Estima-se que o número de praticantes seja 
de 449 milhões em todo o mundo, segundo a International Mixed Martial Arts 
Federation (IMMAF) e a World MMA Association (WMMAA). Estas entidades, que 
se fundiram em 2018, são as responsáveis pela regulamentação do MMA e de 
suas competições, focadas em impulsionar o desenvolvimento e a criação de 
oportunidades para um movimento esportivo de lutas, de nível mundial. 
Ainda, é importante ressaltar que, apesar da crescente visibilidade que os 
esportes de combate apresentam, são poucas as evidências científicas a seu 
respeito. Pesquisas sobre esportes de combate, indexadas em periódicos 
científicos, representam quase 1% apenas da área de pesquisa em ciências do 
esporte. Estas pesquisas são publicadas principalmente em inglês (95,3%), na 
forma de artigo (75,1%), e nos Estados Unidos (27,8%). A principal justificativa 
desses dados é que esse campo de estudo ainda está começando a se consolidar. 
Parece que a conexão entre prática e pesquisa em esportes de combate, a 
indexação de mais periódicos especificamente dedicados ao estudo de esportes 
de combate e o aumento do número de pesquisadores em esportes de combate 
podem fortalecer o volume e o impacto das pesquisas que relacionam esporte de 
combate (Franchini; Gutierrez-Garcia; Izquierdo, 2018). 
Existe um crescente apelo midiático das artes marciais mistas ou Mix 
Martial Arts (MMA), obtido nos últimos anos, principalmente nos Estados Unidos, 
mas também em outros países, como Canadá, Brasil, Japão e Inglaterra. Outro 
ponto de interesse para a análise, e que se relaciona indissociavelmente com o 
apelo midiático, é a característica mercadológica dada ao MMA, especialmente 
em sua forma de expressão mais destacada, promovida pela organização 
chamada Ultimate Fighting Championship (UFC), que realizou seu primeiro evento 
em 1993 (Millen Neto; Garcia; Votre, 2016). 
De fato, o MMA se popularizou e passou a atingir o grande público, para 
além dos praticantes de artes marciais. Estudos afirmam que, em geral, aqueles 
que têm uma identificação com esse esporte reduzem a sensibilidade de 
percepção de investimentos dispendidos na compra de, por exemplo, 
transmissões pay-per-view de esportes de combate. Em outras palavras, níveis 
mais altos de identificação com esportes de combate podem diminuir os 
sentimentos de incerteza em relação a uma compra de pay-per-view (Shapiro; 
Reams; SO, 2019). 
 
 
5 
Assim, parece que o amplo conhecimento sobre determinada modalidade, 
ou conjunto delas, pode minimizar possíveis paradigmas ou preconceitos que 
estimulam sua prática, seu desenvolvimento e o mercadoque gira em torno de 
sua profissionalização. Todavia, para que a visibilidade se expanda ainda mais e 
atinja também os leigos, é necessário uma disseminação e um conhecimento 
aprofundado das diretrizes da modalidade, mostrando ao grande público que não 
se trata de uma modalidade sem regras ou desprovida de filosofia, disciplina e 
história. 
1.1 Consolidação das artes marciais mistas 
O MMA moderno é o esporte que mais cresce no mundo, principalmente 
ao considerar o início de sua consolidação há apenas 30 anos. Porém, sua 
derivação do vale-tudo começou anos antes. Com base em diversos relatos e 
fontes históricas, é possível perceber algumas inconsistências, principalmente 
quanto à origem do vale-tudo como disputa intermodalidades. Autores alegam que 
este surgiu somente nos primeiros anos da década de 1930, enquanto outros 
propõem a noção de que o surgimento do vale-tudo tenha ocorrido uma década 
antes. No entanto, se por um lado existem inconsistências e contradições, por 
outro existem alguns dados consensuais. Primeiramente, a reinvindicação do 
Brasil como a gênese dos confrontos intermodalidades. Outro dado refere-se ao 
fato de que tanto o jiu-jitsu quanto o vale-tudo tiveram suas origens relacionadas 
ao Konde Koma e à família Gracie (Lise; Capraro, 2018). 
Grande parte das publicações brasileiras, cientificas ou não, que tratam dos 
primórdios do jiu-jitsu no país considera Koma o introdutor dessa modalidade em 
1914. Três anos depois, após rodar o Brasil com apresentações de sua 
modalidade, fixou-se na região norte do país, onde o japonês passou a ministrar 
suas aulas para membros da família Gracie. Então, em 1925, foi inaugurada, no 
Rio de Janeiro, a Academia Gracie de jiu-jitsu, que se tornou relativamente ainda 
mais conhecida e difundida pela família, além de ser reconhecida como uma arte 
marcial extremamente eficiente em combates reais. 
A tradição dos desafios entre modalidades perdurou durante muitos anos, 
sempre envolvendo o jiu-jitsu, representado não só pela segunda geração da 
família Gracie, mas também por alunos graduados pela família Gracie. Enquanto 
os desafios entre modalidades de luta ocorriam no Brasil, no Japão nascia um 
movimento em direção a uma modalidade de luta que integrasse os mais diversos 
 
 
6 
estilos. O Japão sempre teve forte tradição no pro-wrestling, forma de arte 
performática, liderados pelos japoneses Akira Maeda e Masakatsu Funaki 
(Randall, 1984). Eles começaram a organizar lutas com a possibilidade de 
técnicas reais de submissão e, posteriormente, no início dos anos 1990, Funaki 
fundou o Pancrase, organização de lutas que permitia golpes com a mão aberta 
e chutes quando ambos lutadores estivessem em pé. 
No dia 12 de novembro de 1993, em Denver, nos Estados Unidos, as 
realidades brasileira e japonesa se chocaram na primeira edição do UFC. O 
evento, idealizado por Rorion Gracie, tinha a finalidade de divulgar e promover o 
Jiu-Jitsu nos Estados Unidos a fim de atrair mais adeptos, afirmando-a como a 
modalidade mais dominante. Uma das semifinais do evento aconteceu entre Ken 
Shamrock, campeão do Pancrase, e Royce Gracie, um dos expoentes do Gracie 
Jiu-Jitsu, o qual consagrou Gracie como campeão do evento. 
Apesar de todo o sucesso no início de sua existência, alguns problemas 
assolaram o evento e ocasionaram grandes reviravoltas. A brutalidade dos 
eventos iniciais do UFC gerou reação negativa de alguns segmentos da sociedade 
norte-americana, fazendo com que alguns estados da federação banissem os 
eventos em seus territórios. O UFC passou a ser marginalizado e acabou 
sustentado apenas por fãs que trocavam informações e vídeos das lutas em 
fóruns específicos na internet. Além disso, o surgimento e crescimento do Pride 
Fighting Championships, no Japão, começou a atrair os melhores lutadores, que 
abandonaram o UFC e tinham no Pride oportunidade de maiores retornos 
financeiros, fazendo merchandising de produtos no mercado japonês. O Vale-
Tudo não enfrentava no Japão a oposição encontrada nos Estados Unidos, 
justamente pela cultura japonesa de valorização das artes marciais (Lise; Capraro, 
2018; Millen Neto; Garcia; Votre, 2016). 
O ressurgimento do UFC se deu por meio da regulamentação do esporte 
pelas comissões atléticas norte-americanas, que, dentre outros pontos, aboliu o 
nome Vale-Tudo, posto que gerava uma ideia demasiadamente violenta do 
esporte, passando a adotar, então, a nomenclatura de Mixed Martial Arts. Ainda, 
após a venda da organização para Zuffa LLC, empresa formada pelos irmãos 
Frank e Lorenzo Fertitta, donos de alguns cassinos em Las Vegas, e Dana White, 
amigo de adolescência dos Fertitta, o UFC começou a realizar eventos em pay-
per-view. A organização não obtinha resultados satisfatórios e não gerava lucro 
aos proprietários, até que estes apostaram em um reality show chamado The 
 
 
7 
Ultimate Fighter, em parceria com o canal americano Spike TV. O programa 
consistia em mostrar 16 lutadores de duas categorias de peso distintas que se 
enfrentariam até que um campeão fosse obtido em cada categoria. 
A luta final conquistou tamanha audiência e apreço pelo grande público, 
que aumentou imediatamente o interesse pelo esporte no país. Isto o rentabilizou 
e posteriormente foi disseminado a outros países, batendo recordes de venda de 
pay-per-view. Além disso, graças a uma crise financeira provocada por supostos 
envolvimentos com organizações criminosas no Japão, o Pride acabou vendido 
para a Zuffa LLC e consigo angariou lutadores de renome, consolidando ainda 
mais a marca (Millen Neto; Garcia; Votre, 2016). 
TEMA 2 – FUNDAMENTOS TÉCNICOS DAS ARTES MARCIAIS MISTAS 
O enfoque da prática das artes marciais pode se delinear para exercício, 
atividade física, defesa pessoal, equilíbrio emocional, disciplina ou 
autorrendimento em virtude dos inúmeros benefícios e possibilidades que o 
treinamento das lutas pode propiciar. O que frequentemente atrai novos 
praticantes é a busca por desenvolvimento, não apenas físico, mas também 
psicológico e espiritual (Terry, 2006). Estudos sugerem que praticantes com 
constante vivência e vasta experiência em esportes de combate têm melhores 
resultados e desenvolvimento em habilidades de antecipação em cenários reais 
da vida cotidiana, além de melhor processo de atenção em comparação com os 
praticantes novatos ou não-praticantes (Russo; Ottoboni, 2019). 
Atualmente, devido à ampla gama de modalidades praticadas e 
disseminadas mundo afora, os principais atletas de MMA apresentam coleções de 
especialidades a fim de proporcionar maiores e melhores resultados frente aos 
desafios que os combates apresentam, com oponentes cada vez mais 
profissionalizados. Tanto no masculino como no feminino, o Jiu-Jitsu, a Luta 
Olímpica e o Judô estão entre as mais cotadas modalidades da categoria de 
domínio, enquanto o Muay Thai, o Boxe e o Taekwondo são as mais prevalentes 
dentre as modalidades de percussão. Cada uma com suas peculiaridades, 
somadas podem proporcionar um leque de opções de técnicas no momento do 
confronto, o que pode ser decisivo para se obter uma vitória nas competições. 
Um fator considerado importante para se obter os melhores resultados nos 
esportes de combate é identificar o mecanismo dos principais tipos de lesão e 
suas causas mais recorrentes, o que pode auxiliar na prevenção de ocorrência, 
 
 
8 
bem como no fortalecimento das musculares envolvidas nas ações realizadas, 
podendo, assim, evitá-las. Ainda, é possível aperfeiçoar movimentos e técnicas 
para minimizar os efeitos das lesões mais prevalentes por meio do melhor 
entendimento das estruturas musculoesqueléticas (Del Vecchio, F.B. et al., 2018). 
Deste modo, reconhecer os principais conceitos das técnicas utilizadas pelo MMA 
é imprescindível. 
Dentre as modalidades de domínio, as técnicas do Jiu-Jitsu mais 
recorrentes nas lutas de MMA são as finalizações,tidas como ponto-chave do 
combate pelo domínio no solo e, portanto, uma das mais requeridas para 
consagração da vitória. Técnicas como “estrangulamento da montada”, “chave de 
omoplata” e o “arm lock da guarda-fechada” estão entre as mais aplicadas. Na 
Luta Olímpica, as técnicas que visam deslocar o adversário de seu centro de 
gravidade têm como objetivo desestabilizar o oponente para aplicação de ações 
futuras que resultem em um desfecho vantajoso, como é o caso do “bate-estaca” 
e da “tesoura”. 
O Judô, também esporte olímpico, tem suas peculiaridades em termos de 
execução de técnica. Com um jogo estratégico e caminho suave, as projeções 
têm maior destaque nesta modalidade, baseando-se em fazer com que o 
adversário caia com as costas no solo ou que acabe por ser subjugado com uma 
manobra de aprisionamento. 
Figura 1 – Exemplos de aplicação de técnica de Jiu-Jitsu, Luta Olímpica e Judô 
 
Dentre as modalidades de percussão, as técnicas de Muay Thai, bastante 
aplicadas nas lutas de MMA, têm sua fundamentação na base inicial, a qual 
proporciona equilíbrio, firmeza e força necessária para aplicação de golpes, 
bloqueios e esquivas. Certamente, as joelhadas e cotoveladas são bem 
proeminentes da modalidade, pois podem surpreender o adversário durante um 
combate. 
No Boxe ou pugilismo, as técnicas que visam esquivas bem-sucedidas ou 
sucessivas aplicações de golpes com o punho fechado são recorrentes para 
 
 
9 
desestabilizar o adversário ou mesmo provocar um nocaute. Considerando que o 
boxe utiliza somente as mãos, há apenas cinco possibilidades de golpes, sendo o 
jab, direto, cruzado, gancho e uppercut. E, por fim, o Taekwondo, também esporte 
olímpico, tem golpes traumáticos que priorizam os pés. Chute frontal direto (ap 
chagi) ou os giratórios (furyo chagui / dwit chagi) são bastante eficazes e podem 
levar à nocaute. 
Figura 2 – Exemplos de aplicação de técnica de Muay Thai, Boxe e Taekwondo 
 
Apesar da vastidão de técnicas que cada modalidade apresenta, as 
competições de MMA têm sua nomenclatura e caracterização própria, adaptadas 
das modalidades isoladas para aplicação em contexto de mescla de modalidades. 
Estas podem ser classificadas em técnicas de nocaute (tabela 2), de finalização 
(tabela 3), de chão (tabela 4) e outros tipos (tabela 5). 
Tabela 2 – Classificação das principais técnicas de nocaute no MMA 
Trocação Geralmente, são as que mais animam o grande público, pois acontecem 
quando os lutadores estão em pé, como ocorreu na luta final do primeiro 
e clássico UFC, entre Forest Griffin e Stephan Bonnar; 
Soco limpo Acontece quando um lutador acerta um soco direto e em cheio no rosto 
de seu adversário, sem que haja defesa ou que o soco esbarre na 
guarda; 
Chute giratório Ao girar sobre o próprio eixo, com umas das pernas erguidas na direção 
do rosto adversário; 
Chute frontal Quando o lutador desfere um golpe frontal com o pé na direção do rosto 
do adversário, como realizado na épica luta entre Anderson Silva e Vitor 
Belfort no UFC 237; 
Ground and pound Ao desferir uma sequência de golpes traumáticos, que castigam o 
adversário com socos, marteladas e cotoveladas quando a luta estiver 
no chão. Geralmente essa técnica é aplicada por especialista em lutas 
 
 
10 
de domínio, por estes terem maior experiência em levar a luta ao solo 
e então iniciar as sequências de uma posição privilegiada. 
Fonte: O autor. 
Tabela 3 – Classificação das principais técnicas de finalização do MMA 
Kimura Ato de forçar a articulação do ombro e do úmero, obrigando o adversário 
a desistir. A técnica recebeu esse nome por ter sido aplicada por 
Masahiko Kimura em Hélio Gracie na década de 1930. 
Americana Semelhante ao Kimura, porém o encaixe ocorre no cotovelo. No UFC 
152, Jon Jones venceu Victor Belfort aplicado esta técnica; 
Guilhotina Para realização desta técnica, uma mão deve estar por de baixo do 
queixo do adversário enquanto a outra entra pela axila, ambas irão se 
juntar para realizar a pressão. Em seguida, puxa-se o adversário para a 
guarda ou meia-guarda e dificulta qualquer tentativa de libertação; 
Estrangulamento Triângulo Primeiramente, posiciona-se o pescoço e o braço do 
adversário entre as pernas, em seguida coloca-se a 
panturrilha sobre a nuca do adversário, e, por fim, 
coloca-se o pé da mesma perna sob o joelho da outra 
perna; 
 Katagatame Técnica característica do Judô e do Jiu-Jitsu, em que 
se posiciona um braço por debaixo do pescoço do 
adversário e outro por fora do braço esticado do 
oponente; 
 Mata-leão O mecanismo mais comum para a realização desta 
técnica é envolver, com o braço, o pescoço do 
adversário, segurando-o com o bíceps do outro 
braço. 
Fonte: O autor. 
Tabela 4 – Classificação das principais de chão/solo do MMA 
Montada Posição mais adequada para a realização do Ground and pound, em 
que se senta sobre a barriga do adversário, com ambos joelhos fletidos; 
Raspagem Inicia quando se está com as costas em contato com o chão e o 
adversário por cima, em seguida acontece uma inversão de posição e 
finaliza com a “montada”; 
Guarda Quando se mantém o adversário entre suas pernas ou tenta controlá-lo 
com elas; 
 
 
11 
Meia-guarda Partindo do mesmo princípio da “guarda”. Todavia, o adversário, que 
está no chão, está com uma de suas pernas sob domínio; 
Posição 100 quilos Tida como um controle lateral, em que o adversário está com toda sua 
extremidade lateral do corpo sob domínio no chão e o lutador distribui 
seu peso pelo peito do adversário para deixá-lo sem reação. Técnica 
adequada para se preparar para uma finalização, como uma chave de 
braço, por exemplo. 
Fonte: O autor. 
Tabela 5 – Classificação de outras técnicas principais do MMA 
Single leg Na tradução livre, essa técnica de “perna única” tem a finalidade de 
empurra ou trazer a perna do adversário, com as mãos, para perto do 
corpo para encaminhar a luta para o solo; 
Double leg Na tradução livre, essa técnica de “perna dupla” tem como objetivo 
derrubar o adversário, desestabilizando ambas pernas, tirando-o da 
base de apoio; 
Sprawl and brawl Método utilizado como defesa das técnicas de single e double leg, 
consistem em lançar a(s) perna(s) para trás, apoiando-se sobre às 
costas do adversário. Isto torna possível se manter em pé e continuar a 
“trocação”; 
Clinch Essa técnica tem funções distintas, a depender da situação e 
andamento da luta, podendo ser utilizada para: a) evitar golpes de longa 
distância, agarrando o adversário, b) aproximar-se do adversário com a 
finalidade de levá-lo ao chão, c) controlar o adversário, levando as mãos 
a sua nuca para desferir joelhadas e/ou cotoveladas, técnica 
característica do Muay-Thai. 
 
Fonte: O autor. 
TEMA 3 – FUNDAMENTOS TÁTICOS DAS ARTES MARCIAIS MISTAS 
A análise tática é uma ferramenta extremamente útil para entender os 
fatores que explicam o sucesso nos combates de MMA em níveis de auto 
rendimento. Independentemente de ter nascido com alguma característica 
específica, este geralmente não é fator determinante para vitória. Por exemplo, o 
fato de ser canhoto e, hipoteticamente, ter a vantagem do efeito surpresa sobre a 
maioria destra não traz evidências de reais resultados satisfatório (Pollet; Stulp; 
Groothuis, 2013). Assim, parece que o treinamento de técnicas e táticas são mais 
 
 
12 
eficazes no desenvolvimento de um esporte de combate. Estudos mostram que 
os princípios básicos de fundamentos táticos estão fortemente relacionados com 
as duas classificações de modalidades, percussão e domínio. Apesar de 
comumente aceitos como um dos pontos essenciais para o sucesso no MMA, 
poucas são as evidências científicas a respeito dessas demandas em ações 
específicas, restringindo-se geralmente a evidências práticas e isoladas (Bello et 
al., 2019). 
Uma comparação esquemática entre os tipos de resultados de 
desempenho para atletas de MMA pode ser útil para observardiferenças 
relacionadas a situações específicas e ações táticas. Além disso, dados de 
diferentes situações podem oferecer informações cruciais para melhorar os planos 
de treinamento personalizados e contextualizados com fatores-chave 
potencialmente desconhecidos. O mecanismo de percussão que resulta em 
melhores resultados, levando, por exemplo, a um nocaute direto, é 
predominantemente um golpe direto na cabeça em combates em pé. Estudos 
apontam que, entre atletas masculinos amadores, 57,7% dos combates terminam 
em nocaute (Bello et al., 2019). 
Embora a maioria dos atletas tenha uma modalidade específica como base 
inicial de treinamento e, existem muitas diferenças estratégicas entre elas, por 
exemplo, alguns atletas visam nocaute técnico, outros tentam finalizações de 
bloqueios ou estrangulamentos. Existem ainda aqueles que preferem tentar 
marcar maior pontuação ao longo do período de combate, o que pode levar a uma 
decisão unânime ou prevalente a seu favor. 
De acordo com a análise biomecânica de técnicas do Judô, ações 
realizadas com membros inferiores e executadas para a frente ou para o lado 
exigem grandes quantidades de toque e/ou velocidade antes do contato com o 
oponente, enquanto as executadas para trás, que envolvem rotação, necessitam 
de mais tempo para serem aplicadas. Com relação às ações de luta no chão, as 
estratégias de submissão para finalizar o combate demonstraram maior tamanho 
de efeito quando comparado ao nocaute (Bello et al., 2019). A tabela 6 apresenta 
algumas das principais táticas que devem ser consideras na preparação e no 
desenvolvimento de um combate. 
 
Tabela 6 – Principais táticas utilizadas no MMA 
 
 
13 
Tática Objetivo/ação esperada 
Distância Podendo variar entre curta, média e longa, sua escolha deve ser 
pautada de acordo com as características física do oponente, bem 
como suas principais modalidades de experiência, golpes mais 
excetuados e o ritmo que se quer impor ao combate. 
Contra-ataque Aproveitamento da fragilidade de uma ação do oponente, como guarda 
baixa, para aplicação de um contragolpe. 
Ritmo A diminuição do ritmo do oponente é idealizada para que haja uma 
exaustão física. 
Esquiva Recomendada quando se tem um oponente mais forte, evitando um 
golpe traumático e, opoente com maior envergadura, encurtando a 
distância para dificultar suas ações ou respostas. 
Finta Considera a emissão de vários estímulos em um pequeno espaço de 
tempo, pode ludibriar o oponente. Este pode fingir facilitar a execução 
de uma ação com o intuito de contra-atacar. 
Fonte: O autor. 
Ao longo dos anos, houve uma evolução na preparação física dos esportes 
de combate, tornando-se cada vez mais necessário o desenvolvimento de uma 
preparação física e técnico-tática específica para as competições (López Díaz-
De-Durana et al., 2018). Os atletas de elite geralmente apresentam menor 
percentual de gordura corporal, maior resistência da força abdominal e dos 
membros superiores, maior flexibilidade e força máxima absoluta em testes de 
supino (Ferreira Marinho et al., 2016). De fato, além das características físicas, a 
precisão da técnica é um indicador de particular importância para alcançar a vitória 
em competições de elite do MMA. Dessa forma, o aumento no volume de 
tentativas não contribui para um resultado vencedor (James et al., 2017). Isto não 
representa que o combate deva ser estagnado, mas as execuções precisam ter 
constância e assertividade. Habilidades técnico-táticas devem estar relacionadas 
a execuções contextualizadas, em que os nocautes estão associados a valores 
mais altos de ações de ataque constante, mas com variação de técnicas aplicadas 
de maneira estratégica. 
A repetição exaustiva de uma mesma aplicação pode, além de indicar ao 
adversário a intenção de realizar determinado golpe, levar a um desgaste físico 
desnecessário ao competidor (Miarka et al., 2016). A distância e utilização da 
perna dominante também parecem ser fatores cruciais em um combate. Estudos 
mostram que, na luta em pé, menores distâncias entre oponentes melhoram a 
 
 
14 
variação de tempo de resposta de um golpe em 24%, enquanto longas distâncias 
podem aumentar o impacto do golpe em 22% (Falcó et al., 2009). Na preparação 
para esportes de combate, treinadores devem enfatizar as técnicas em conjunto 
com as estratégias para se obter maior probabilidade de sucesso em 
competições, preferencialmente levando em consideração as técnicas-táticas de 
seus adversários. 
TEMA 4 – PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DAS ARTES MARCIAIS 
MISTAS 
O processo de ensino-aprendizagem das diferentes modalidades de lutas 
está baseado em uma intensa tradição oral, disseminada de geração em geração, 
com incipiente fundamentação teórica ou científica para sua otimização. Isto 
ocorre como forma de manutenção das diferentes habilidades apenas aos círculos 
de confiança de mestres e instrutores, inviabilizando sua disseminação e 
apropriação de técnicas por seus pares. No Oriente, de modo mais predominante, 
o ensino das lutas ocorria de modo secreto para os discípulos, que eram 
escolhidos com rigor após várias provações, a fim de se formarem pessoas aptas 
ao confronto (Franchini; Boscolo Del Vecchio, 2012; Junior, 2016). 
Atualmente, alguns periódicos indexados, associações de pesquisa, 
grupos de investigação e eventos científicos direcionados a esportes de combate, 
que precedem competições oficiais em busca de vincular o conhecimento 
intelectual com a prática, têm expandido a produção e o consumo de evidências 
na área de lutas (Franchini; Del Vecchio, 2011). Mecanismos de disseminação 
como estes auxiliam no embasamento do processo de ensino-aprendizagem, de 
iniciação esportiva e da criação de rotinas de treinamento. Todavia, é grande a 
necessidade de ampliar os investimentos em pesquisas nesta área, estimulando 
promoção de cursos de aperfeiçoamento profissional, pós-graduação e maior 
quantidade de relações entre universidade e entidades esportivas. 
No campo pedagógico, o modo de ensino vigente, pautado nas 
características de rigidez, passividade e hierarquização intensa, tem causado 
alguns problemas às lutas. Inicialmente, destaca-se uma baixa retenção de 
alunos, talvez provocada por uma inabilidade na diferenciação das faixas etárias 
e suas características no processo de ensino-aprendizagem. Assim, alguns traços 
são notoriamente recorrentes, como gestos específicos previamente 
padronizados que, na maioria das vezes, não são reproduzidos na situação real 
 
 
15 
das lutas. Ainda, a prática é pouco reflexiva, como os golpes demonstrados aos 
praticantes, em que estes assumem que tais ações são as mais adequadas e 
eficientes, sem investigar os motivos. Complementarmente, as aulas ou sessões 
de treino são previsíveis e monótonas. Por fim, os confrontos nas lutas de MMA 
expressam a capacidade de os indivíduos aplicarem um vasto repertorio de ações 
e tornarem o ambiente de luta o mais imprevisível possível para seus adversários. 
Estudos demonstram que lutadores mais bem-sucedidos apresentam maior 
variação de golpes ao longo dos combates (Calmet; Trezel; Ahmaidi, 2006). 
De fato, no ingresso às aulas de artes marciais, os indivíduos apresentam 
níveis de habilidades e de conhecimento variáveis, experiências corporais e de 
vida heterogêneas, aptidões e características pessoas diversas e variedade nas 
expectativas de aprendizagem (Bandura, 1986; Gallahue; Ozmun; Goodway, 
2019). Assim, é imprescindível que níveis distintos de motivação sejam 
proporcionados a cada indivíduo, e que, por se tratar de um esporte considerado 
jogo de oposição, o ensino seja composto da aplicação de habilidades e ações 
motoras abertas, que estimulam a aproximação ao ambiente real de combate. 
Não há execução de ações cíclicas nas lutas de MMA, mas são registradas 
ações discretas, com início e fim determinados, tendo os golpes característicastemporais e espaciais bem definidas. Por exemplo, para as ações que 
contemplam a projeção, a aplicação das técnicas pode ser dividida em três etapas: 
a) desequilíbrio; b) encaixe; c) projeção. Todavia, em algumas situações, atletas 
de elite não executam a primeira, mas se aproveitam do deslocamento de seus 
oponentes. Desse modo, é altamente recomendado que ações seriadas, 
compostas de duas ou mais ações discretas, sejam realizadas durante o processo 
de ensino. Tudo para que sejam estimulados a prática e o uso de golpes na 
intensidade próxima a competitiva, na frequência da ocorrência na luta, e com a 
qualidade esperada neste contexto. É fundamental privilegiar a vivência crítica e 
reflexiva das lutas de MMA, feita com base em situações-problema, aprimoradas 
de modo aberto e acíclico. 
 
 
TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS E ELABORAÇÃO DE TREINAMENTO PARA AS 
ARTES MARCIAIS MISTAS 
 
 
16 
Os profissionais envolvidos no treinamento dos esportes de combate 
geralmente atuam nos segmentos de preparação orgânica e funcional 
(preparação física), orientação técnica e tática, organização e gestão das 
diferentes modalidades (Franchini; Del Vecchio, 2011). De fato, integração e 
cooperação interprofissional e intersetorial podem auxiliar na maximização de 
resultados pelas inúmeras experiências que as diferentes áreas possuem. Por 
exemplo, profissionais de Educação Física têm maior inserção na segmentação 
de preparação física, enquanto no setor de orientação técnica e tática é muito 
comum a presença de ex-atletas e ex-praticantes. Contudo, a prescrição, a 
avaliação e o monitoramento das técnicas e táticas realizadas nos combates de 
MMA e das cargas de treinamento são essenciais para verificação do 
desempenho de atletas e necessitam ser realizadas por profissionais qualificados 
(I Lovell; Bousson; Mclellan, 2013). 
Lutadores, para garantir o sucesso no ringue do MMA moderno e reduzir 
incidência de lesões, precisam ser capazes de combinar diferentes técnicas de 
luta com um alto nível de condicionamento físico e força muscular de membros 
inferiores e superiores. Um programa de treinamento mal projetado e 
implementado momentos antes do evento pode ser prejudicial às adaptações 
técnicas induzidas pelo treinamento e provocar perda parcial ou completa das 
adaptações anatômicas e fisiológicas. Estudos mostram que existe uma redução 
nos picos de força média em membros superiores e inferiores durante as primeiras 
seis semanas de aumento da intensidade do treinamento. A sobrecarga acima 
dos níveis normais de treinamento parece afetar tanto a potência neuromuscular 
de curto prazo quanto a potência glicolítica (I Lovell; Bousson; Mclellan, 2013). 
Assim, para a elaboração de treinamentos eficazes de MMA, é preciso 
considerar fatores como a periodização em meso, micro e macroclico, compostos 
de treinamentos resistido, cardiorrespiratório, técnico-tático. Alguns mecanismos 
têm resultados bastante eficientes, com evidências científicas, e podem ser 
utilizados de acordo com os objetivos e prazos que o atleta apresenta. Uma 
revisão sistemática, realizada recentemente, observou que, entre os atletas de 
esportes de combate investigados, os protocolos de HIIT (High-Intensity Interval 
Training) geraram alterações resultantes em aumento no VO2max (capacidade 
máxima do corpo de um indivíduo de transportar e metabolizar oxigênio – O2 – 
durante um exercício físico), variando de 4,4 a 23,0%. No entanto, o benefício 
mais acentuado dos protocolos HIIT foi um aumento no condicionamento 
 
 
17 
anaeróbico (Franchini; Cormack; Takito, 2019). Ainda, identificar o método de 
treinamento mais adequado a cada situação e indivíduo pode evitar a ocorrência 
de lesões esportivas, que geralmente limitam os efeitos do treinamento, provocam 
condições de incapacidade e perda de competitividade (Hammami et al., 2018). 
Complementarmente, a avaliação e o monitoramento da aptidão 
cardiorrespiratória, aptidão neuromuscular/musculoesquelético são fundamentais 
para comprovação dos efeitos de determinado programa de treinamento que vem 
sendo implementado. Além disso, testes específicos para atletas de esportes de 
combate podem aumentar o detalhamento dos resultados, como o Special Judo 
Fitness Test, voltado para avaliar as habilidades de domínio (Agostinho et al., 
2018; Franchini; Vecchio; Sterkowicz, 2009), o Frequency Speed of Kick Test, 
voltado para avaliar as habilidades de percussão (Da Silva Santos; Franchini, 
2016; Santos; Franchini, 2018), e o teste de Paiva e Del Vecchio, específico para 
avaliar as habilidades características do MMA (Del Vecchio, Fabrício Boscolo; 
Ferreira, 2013). Essas tabelas classificatórias podem ser úteis para treinadores 
monitorarem o desempenho físico específico durante diferentes fases do processo 
de periodização. 
Por fim, outra característica relevante dos esportes de combate é que as 
competições são distribuídas em divisões de peso. As classes de peso têm o 
objetivo de promover a uniformidade em termos de tamanho corporal, força, 
velocidade e agilidade. Dessa forma, uma dieta saudável e equilibrada deve 
fornecer todos os nutrientes para atender aos requisitos de energia. A 
necessidade individual de cada nutriente varia de acordo com idade, sexo, 
presença de condições médicas e nível de aptidão física. Atletas geralmente têm 
maiores necessidades em termos de macronutrientes e, em alguns casos 
específicos, micronutrientes. O sucesso no suprimento dessas necessidades 
extras é um fator-chave para qualquer plano nutricional para apoiar regimes de 
treinamento intensivo e maximizar o desempenho competitivo. Assim, é 
indispensável o acompanhamento por um profissional de Nutrição na rotina de um 
atleta (Artioli et al., 2019). 
 
 
 
18 
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