Buscar

Diferentes abordagens dos esportes de combate ou lutas Aula 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPORTES DE COMBATE OU 
LUTAS: ENSINO – 
APRENDIZAGEM – 
TREINAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Katiuscia Mello Figuerôa 
 
 
 
2 
PLANEJANDO O ENSINO DAS LUTAS 
INTRODUÇÃO 
Sabemos que as lutas – que compreendem a organização e sistematização 
de técnicas voltadas à autodefesa, com ou sem uso de objetos ou fazendo do 
próprio corpo uma arma de combate – por conta de seus movimentos ricos, trazem 
muitos benefícios físicos. Entretanto, estes não ficam apenas nesse plano, já que 
a sua prática ainda colabora para o desenvolvimento motor, socioafetivo e 
cognitivo de seus praticantes. 
E o que e como devemos ensinar quando tratamos do conteúdo lutas? 
Essa é uma pergunta muito pertinente, pois as lutas englobam diversas 
modalidades, e cada uma tem técnicas específicas, regras, aspectos históricos e 
filosóficos. É um conteúdo muito amplo. Por essa razão, é preciso realizar um 
planejamento do que será abordado, indicando os objetivos propostos, os 
conteúdos a serem trabalhados, sua progressão pedagógica e as estratégias 
metodológicas que serão utilizadas durante as atividades. 
Nesta aula abordaremos o planejamento do ensino, iniciando com aspectos 
gerais, seguido da abordagem da elaboração do conteúdo (o que será ensinado), 
das etapas do processo de ensino-aprendizagem (quando será ensinado), da 
metodologia e estratégias de ensino (como será ensinado) e da avaliação 
(alcance dos objetivos pretendidos). 
TEMA 1 – PLANEJAMENTO 
O planejamento do ensino pode ser considerado uma tradução, por parte 
do professor ou profissional, do processo que possibilitará o aprendizado aos 
alunos. Ele deve incluir a seleção dos conteúdos, a sua divisão no decorrer do 
tempo, a antecipação da metodologia durante as aulas, estratégias que serão 
utilizadas e de que forma a avaliação irá acontecer. Assim, se torna possível que 
os conteúdos sejam pensados para o propósito do programa de ensino ou 
treinamento, permitindo o alcance dos objetivos estabelecidos. 
O planejamento deve ser construído com base na duração do programa de 
ensino ou treinamento. Nesse sentido, ele pode ser anual, semestral, 
bimestral/trimestral, mensal, semanal e diário. 
 
 
3 
Para cada grupo, deve-se desenvolver o planejamento considerando esses 
períodos. Isso permitirá que todos os conteúdos sejam contemplados, sem 
repetição, de forma adequada ao progresso dos alunos. Além disso, o 
planejamento deve estar condizente com o que se propõe no programa de ensino 
ou treinamento quanto aos objetivos a serem atingidos. Assim, conforme a 
modalidade, é preciso selecionar o conteúdo e destacar a forma pela qual será 
implementado. 
É necessário também realizar a escolha da modalidade a ser trabalhada e 
delimitar os objetivos, que devem ser claros quanto ao que se deseja ensinar. 
Devemos, ainda, colocar os(as) alunos(as) no centro do processo de ensino-
aprendizagem, considerando suas realidades e o que já sabem sobre o conteúdo, 
assim como ter conhecimento do contexto em que trabalhamos – infraestrutura e 
materiais disponíveis, por exemplo – para, então, decidir sobre o restante do 
planejamento. 
1.1 Escolha da modalidade 
A construção das bases do programa de ensino ou de treinamento 
acontece a partir de uma intenção prévia de trabalhar com uma ou mais 
modalidades de lutas já conhecidas. De forma geral na Educação Física, existe a 
relação entre a experiência individual do professor / profissional com a modalidade 
ou prática corporal em que ele pretende atuar (Costa; Nascimento, 2009), o que 
também se aplica às lutas. 
Embora essa seja a situação mais comum, não precisa ser a única. Há uma 
variedade de modalidades de esportes de combate que são praticadas no mundo, 
o que permite inúmeras opções de atividades a serem oferecidas nos programas 
de ensino ou de treinamento e que demonstram a diversidade do que pode ser 
compreendido no universo das lutas, artes marciais e modalidades esportivas de 
combate (Correia; Franchini, 2010). 
Um primeiro grupo de modalidades de luta são as olímpicas. Elas possuem 
relativa visibilidade, considerando sua exibição a cada quatro anos nos jogos 
olímpicos. São elas: judô, boxe, esgrima, taekwondo, wrestling (greco-romana e 
livre) e caratê. Embora não sejam tão populares como outras modalidades não 
olímpicas no Brasil, a visibilidade gerada pelos jogos olímpicos permite um mínimo 
de conhecimento prévio por muitas pessoas. 
 
 
4 
Um segundo grupo a ser considerado é o de modalidades de luta de criação 
nacional, em que se destaca a capoeira, mas também são relevantes a huka-huka 
e a luta marajoara, que são enfatizadas na Base Nacional Comum Curricular para 
o Ensino Fundamental. Essas modalidades, por serem consideradas de criação 
nacional, estão relacionadas com a área da cultura, o que amplia a possibilidade 
de multidisciplinaridade vinculada à realidade local. 
Um terceiro grupo pode ser destacado com base nas modalidades de 
outros países, como as de origem oriental, que incluem o judô, o taekwondo e o 
caratê (componentes do primeiro grupo, de modalidades olímpicas), assim como 
kung fu, aikidô, kendô, muay thai, boxe chinês e jiu-jitsu, por exemplo. 
Acrescentam-se as de origem africana, que também passam a ter destaque na 
Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental, como laamb e 
kush, além das técnicas de defesa pessoal israelense krav magá. 
Adicionalmente, é preciso reconhecer a visibilidade conquistada pelas 
Mixed Martial Arts (MMA) – ou Artes Marciais Mistas, por meio Ultimate Fighting 
Championship (UFC) nos últimos anos no Brasil. Assim, não apenas uma, mas a 
valorização de um conjunto de modalidades de combate acontece. Cria-se, então, 
uma demanda social a partir do espetáculo esportivo. 
TEMA 2 – CONTEÚDO 
Uma perspectiva muito trabalhada na Educação Física quando se propõe 
uma compreensão ampla do processo de ensino-aprendizagem, que não se limita 
ao “saber fazer” um movimento, e que também se aplica ao ambiente educativo 
não escolar (Rufino; Darido, 2012) é a de trabalhar os conteúdos em suas três 
dimensões: conceitual, procedimental e atitudinal. 
Zabala (2001) explica as três dimensões da seguinte forma: 
1. Conceitual (o que se deve saber?) – Requer estratégias que promovam a 
atividade cognoscitiva dos alunos, promovendo situações que 
potencializem essa dimensão; refere-se à aprendizagem de conceitos e 
princípios, por exemplo, regras, histórico, relação com conteúdos 
transversais etc.; 
2. Procedimental (o que se deve fazer?) – Ações coordenadas para que se 
alcance um objetivo, para que se aprendam procedimentos e ações; é o 
“saber fazer”, realizar as atividades práticas, aplicar técnicas, realizar 
 
 
5 
treinamento físico e tático, entre outras possibilidades; geralmente é a 
dimensão mais evidenciada nas aulas de Educação Física; 
3. Atitudinal (como se deve ser?) – Refere-se às atitudes, normas e valores e 
abrange os campos cognitivos, emocionais e comportamentais; sofre 
influência do que está socialmente estabelecido, mas também das relações 
entre as pessoas; como exemplo, podemos citar ética, respeito e disciplina 
em cada manifestação, questões que devem ser conhecidas e discutidas. 
Quanto aos conteúdos das lutas, há uma infinidade de possibilidades para 
relacioná-los às três dimensões comentadas durante os processos de ensino-
aprendizagem, como sugerem Rufino e Darido (2015): 
 Dimensão conceitual – aprendizagem para além das técnicas e golpes, 
ampliando a visão dos estudantes acerca do conteúdo, para que 
compreendam conceitos mecânicos e fisiológicos, aspectos socio-
histórico-culturais, informações sobre rituais, regras, análises referentes às 
lutas etc. Dessa forma, se possibilita uma leitura mais abrangente das lutas. 
 Dimensão procedimental – aprendizagem das ações, fazeres práticos, 
como a execução da técnicae da tática, sempre de forma significativa para 
os(as) alunos(as). 
 Dimensão atitudinal – geralmente é a mais complexa de se 
trabalhar/visualizar. Breda et al. (2010) comentam que as lutas envolvem 
valores e modos de comportamento relacionados à responsabilidade, 
dedicação, confiança, autoestima, o que visa à formação integral do ser 
humano. No âmbito delas, é possível trabalhar com condutas éticas, 
valores e princípios orientadores da prática, como respeito mútuo, 
solidariedade, controle da violência, levantar discussões sobre a 
diferenciação entre luta e briga, sobre termos como porrada, sobre a 
hierarquia imposta em algumas lutas, questões referentes aos limites do 
próprio corpo no que diz respeito a alguns golpes e posições, ética para 
não utilizar conhecimentos das lutas em outros ambientes etc. 
Essas sugestões evidenciam a possibilidade de uma apropriação ampla por 
parte dos alunos, a qual somente é possível a partir do planejamento do professor 
ou profissional responsável por ministrar as atividades. O conhecimento sobre 
esses aspectos deve ser levado em consideração durante toda a elaboração do 
programa de ensino ou de treinamento. 
 
 
6 
É importante destacar que as três dimensões podem ser trabalhadas em 
conjunto em uma mesma aula/sessão. 
TEMA 3 – ETAPAS DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM 
Ao se refletir acerca do conteúdo a ser ministrado, no preenchimento das 
informações do planejamento anual, é importante levar em conta a faixa etária. 
Ainda que não seja um parâmetro preciso em alguns casos, especialmente 
quando os alunos apresentam uma idade biológica diferente (mais avançada ou 
mais atrasada), o ano de nascimento é uma referência inicial para considerar o 
desenvolvimento humano e motor dos participantes. De toda forma, é preciso ter 
atenção, caso os alunos estejam em níveis muito diferentes entre si, e buscar 
adequar sua colocação em pares ou equipes equivalentes nas atividades que não 
são individuais, ou ainda realizar a mudança para uma turma mais apropriada ao 
nível de cada um. 
Assim, considerando os conhecimentos das áreas de desenvolvimento, 
controle e aprendizagem motora, o planejamento deve levar em conta as 
capacidades e habilidades dos alunos, ou seja, o que são capazes de executar, 
compreender e aprender. Isso se aplica de forma direta às crianças, mas também 
deve ser pensado no caso do ensino de jovens e adultos que não tenham tido 
experiências motoras significativas e/ou que sejam novatos nas lutas. Por essa 
razão, é importante planejar de maneira flexível e ter em mente a possibilidade de 
variação entre os níveis dos alunos. 
Para recordar os estágios do desenvolvimento motor, apresentamos o 
Quadro 1. 
Quadro 1 – Estágios do desenvolvimento motor 
Fase Idade Estágios 
Motora 
reflexiva 
Do útero a 1 
ano 
Codificação e decodificação (reflexos primitivos e reflexos 
posturais) 
Motora 
rudimentar 
Nascimento 
a 2 anos 
Inibição de reflexos e pré-controle 
Motora 
fundamental 
2 a 7 anos Inicial, elementar e maduro dos movimentos básicos 
Motora 
especializada 
Acima de 7 
anos 
Estágios transitório (7-10 anos), de aplicação (11-13 anos) 
e de utilização permanente (14 anos e acima) 
Devemos estar atentos à ponderação feita por Gallahue e Ozmun (2005), 
que dizem que, ainda que a forma mais indicada e utilizada para classificar um 
indivíduo quanto aos níveis de desenvolvimento motor seja a idade cronológica, 
 
 
7 
não devemos nos apoiar unicamente nesse aspecto, pois as medidas de 
maturação variam; portanto, para pensar em quando e como ensinar, os 
professores devem tomar como base a adequação ao nível do estudante, e não a 
determinado grupo etário. 
A seguir (Quadro 2), é apresentada uma proposta de atividades de lutas 
por faixa etária, suas principais características e possibilidades quanto ao seu 
ensino. Importante lembrar que há outros modelos de sistematização para o 
ensino do conteúdo lutas na literatura. 
Quadro 2 – Orientações de atividades de lutas por faixa etária e suas principais 
características 
Faixa 
etária 
Fase de 
desenvolvimento 
Principais 
características 
O que enfatizar no ensino 
das lutas 
5-7 anos 
Fase do movimento 
fundamental (estágio 
de proficiência) 
Habilidades fundamentais 
(correr, saltar, pular, rolar 
etc.) proficientes, 
coordenadas e 
controladas, construção 
de suas representações 
mentais 
Atividades básicas como 
brincadeiras gerais, 
atividades de empurrar, 
rolar, correr e pegar de 
modo lúdico, indo do 
abstrato para o concreto, 
ou seja, jogos mais gerais 
para jogos mais específicos 
7-10 anos 
Fase do movimento 
especializado (estágio 
de transição) 
Combinação de 
movimentos fundamentais 
em situações esportivas e 
criativas com maior 
precisão e controle e 
maior relação com os 
outros 
Início do processo de 
ensino dos aspectos 
gerais, brincadeiras de 
oposição, movimentos de 
distância curta, média e 
longa, diversidade de jogos 
de oposição em duplas e 
grupos 
11-13 
anos 
Fase do movimento 
especializado (estágio 
de aplicação) 
Maior tomada de decisão, 
ampliação da relação com 
a tarefa e o ambiente e 
maior ênfase na forma, 
habilidade e precisão, 
ampliando as atividades 
específicas e ampliação 
de sua autonomia 
Movimentos mais 
avançados como 
combinação de socos e 
chutes, aprendizagem de 
esquivas, movimentos de 
defesa e contragolpes, 
aplicação de movimentos 
como rolamentos, agarres 
e toques em situações de 
oposição direta, jogos 
especializados e algumas 
modalidades de luta 
adaptada 
14 ou 
mais 
Fase do movimento 
especializado (estágio 
de utilização ao longo 
da vida) 
Uso do repertório motor 
aprendido desde o 
nascimento, movimentos 
mais refinados e 
aplicados aos esportes e 
utilização ao longo da 
vida com maior criticidade 
e criatividade 
Ampliação dos movimentos 
e combinações, 
aprendizagem da lógica 
das diferentes 
modalidades, 
características 
semelhantes e diferentes 
entre as modalidades e 
aprendizagem das práticas 
de distância mista 
Fonte: Rufino, 2014. 
 
 
8 
TEMA 4 – METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS 
Para o ensino das lutas, assim como de outras práticas corporais, o método 
parcial é bastante utilizado (bem como questionado). Basicamente, trata-se da 
“prática de uma habilidade complexa realizada de forma mais simplificada, através 
da fracionalização, segmentação e simplificação” (Rufino; Darido, 2012, p. 294). 
Embora esse método facilite a aquisição das habilidades mais refinadas, o global 
é considerado mais motivante. Deste, é possível abordar duas formas de 
organização: em blocos e randômica. 
A prática em blocos supõe a repetição de um mesmo gesto, pois concentra-
se no bloco de um movimento antes de passar para outro. Ou seja, pratica-se por 
vários minutos um bloco de socos, depois um bloco de cotoveladas, em seguida 
um bloco de chutes, e assim por diante, conforme os movimentos específicos da 
luta que está sendo ensinada. Já a organização randômica supõe a prática de 
sequências, como soco, cotovelada e chute. Isso permite a combinação de 
gestos, bem como propõe uma aula mais dinâmica e menos repetitiva. 
Embora seja reconhecido que a repetição e a imitação de alguns gestos 
possam ser necessárias, nem todas as aulas ou atividades precisam ser 
baseadas nesse método. 
Podemos destacar, ainda, que a partir de uma brincadeira ou de um jogo, 
podemos trabalhar diversos aspectos das lutas e suas modalidades, como os 
socio-histórico-culturais, técnicos, táticos, filosóficos etc. É possível, por exemplo, 
ensinar técnicas, evitando a repetição e a reprodução, incluindo-as em algum jogo 
ou brincadeira, lançando desafios para que os alunos criem variações para as 
técnicas ou movimentos, para que desenvolvam as próprias sequências de 
movimentos etc., colocando-os no centro do processo de ensino-aprendizagem, 
fazendo com que identifiquem e resolvam problemas, sempre incentivando a 
criatividade.De maneira concisa, devemos considerar que o ensino das lutas deve se 
dar “por meio dos métodos, parcial e global, utilizando jogos, brincadeiras e muita 
repetição das técnicas, sequenciadas por práticas em bloco e, sobretudo, 
randômicas” (Rufino; Darido, 2012, p. 294). 
 
 
 
9 
TEMA 5 – AVALIAÇÃO 
Quando falamos em avaliação, geralmente pensamos sobre como os 
alunos são avaliados, identificando qual foi a aprendizagem. Entretanto, é preciso 
considerar que a avaliação também pode identificar problemas do ensino. Dessa 
maneira, para que a percepção de problemas não seja apenas do “produto”, ou 
seja, no fim do programa de ensino ou de treinamento, é necessário aplicar 
ferramentas que auxiliem na avaliação do processo de ensino-aprendizagem. 
É fundamental reconhecer o que os alunos aprenderam e identificar se os 
objetivos estabelecidos foram alcançados (eficácia). Vale verificar, também, se 
houve efetividade, que pode estar relacionada às três dimensões do conteúdo. 
No contexto das lutas, especialmente no âmbito não formal, um método de 
avaliação está na troca de graduação. A simbologia de cores das faixas, cordas, 
graus ou títulos indica o conhecimento agregado (principalmente o procedimental 
e, em alguns casos, também o conceitual e o atitudinal), atuando como uma meta 
para alguns praticantes (Rufino; Darido, 2012). Ainda que a graduação componha 
os rituais de algumas modalidades, devemos pensar para além dela. 
O primeiro passo para definir a avaliação é considerar o que avaliar, com 
base nos objetivos estabelecidos no planejamento e para cada uma das aulas, 
nas três dimensões. Feito isso, o segundo passo é identificar que ferramentas 
podem ser utilizadas para a avaliação, seja de maneira objetiva, como a contagem 
de presença, seja de maneira subjetiva, como a observação dos gestos técnicos 
ou do comportamento durante as atividades. Por último, é preciso identificar 
quando realizar a avaliação, que pode ser antes, durante e/ou depois. Essa 
escolha deve acontecer a partir da resposta às questões anteriores, conforme 
resumido no Quadro 3, a seguir. 
Quadro 3 – Aspectos a serem considerados na avaliação 
O que vou avaliar? Como vou avaliar? Quando vou avaliar? 
Qual é o objetivo do 
programa de ensino ou de 
treinamento? 
Qual é o objetivo da 
sessão/aula? 
Qual deve ser o aprendizado 
conceitual, procedimental e 
atitudinal? 
Existem ferramentas que 
posso utilizar? 
Preciso criar uma nova? 
O que vou avaliar tem um 
caráter objetivo ou subjetivo? 
É possível realizar uma 
avaliação inicial? 
É possível acompanhar em 
todas as sessões/aulas? 
Com que frequência é viável 
e necessário avaliar? 
A sugestão oferecida por Pereira (2018) para as lutas é a de pautar o 
processo avaliativo nas três dimensões do conteúdo: conceitual (o que se 
 
 
10 
sabe/entende), procedimental (o que se consegue fazer) e atitudinal (como é o 
comportamento). 
Especificamente nas lutas, pode-se analisar nos conteúdos: 
 Conceitual – O quanto aprenderam do histórico das manifestações 
abordadas, se compreendem as regras e rituais das manifestações, jogos 
ou brincadeiras, se entendem os comandos dados em aula, se 
sabem/relacionam os nomes dos golpes aos movimentos etc.; 
 Procedimental – Se conseguem realizar os movimentos, os jogos e as 
brincadeiras, se conseguem aplicar os conhecimentos técnicos e táticos 
durante as atividades etc.; 
 Atitudinal – Como lidam/agem perante questões de insegurança, medo, 
autocontrole, ética, fracasso e sucesso, competitividade durante as aulas, 
entre outros aspectos. 
Para que o tudo o que foi previsto no planejamento ocorra da melhor forma 
possível, é preciso ter uma compreensão mínima sobre as modalidades que serão 
trabalhadas. Como afirmam Breda et al. (2010), conhecer de maneira mais 
profunda o histórico, a filosofia, os elementos técnicos e táticos de cada luta pode 
ser uma tarefa árdua e demorada, mas é um trabalho necessário. E é esse o 
nosso objetivo para o que se segue: conhecer algumas modalidades mais 
detalhadamente para poder contar com essa base e poder usar a criatividade no 
momento de elaborar estratégias de ensino do conteúdo lutas. 
Vale lembrar que o ensino das lutas pode acontecer em clubes, academias, 
escolas especializadas, no ensino formal – nas aulas de Educação Física – e no 
contraturno escolar. Destacamos que este material irá sugerir alguns caminhos a 
serem percorridos para tratar o conteúdo lutas nesses diferentes espaços, mas 
que, com base nas reflexões de cada um sobre a própria prática pedagógica, 
podem surgir muitos outros. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BREDA, M.; GALATTI, L.; SCAGLIA, A. J.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte 
aplicada às lutas. São Paulo: Phorte, 2010. 
CORREIA, W. R.; FRANCHINI, E. Produção acadêmica em lutas, artes marciais 
e esportes de combate. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 01-09, jan./mar. 2010. 
COSTA, L. C. A. da; NASCIMENTO, J. V. do. O “bom” professor de Educação 
Física: possibilidades para a competência profissional. Revista da Educação 
Física/UEM, v. 20, n. 1, p. 17-24, 2009. 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o 
desenvolvimento motor: bebês, crianças adolescentes e adultos. Porto Alegre: 
AMGH, 2013. 
PEREIRA, M. C. M. C. As lutas na educação física escolar. São Paulo: Phorte, 
2018. 
RUFINO, L. G. B. Lutas. In: GONZÁLEZ, F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. 
B. de. (Org.). Lutas, capoeira e práticas corporais de aventura. Maringá: 
Eduem, 2014. p. 29-90. 
RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Pedagogia do esporte e das lutas: em busca de 
aproximações. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 
26, n. 2, p. 283-300, abr./jun. 2012. 
_____. O ensino das lutas nas aulas de educação física: análise da prática 
pedagógica à luz de especialistas. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, 
v. 26, n. 4, p. 505-518, 4 trim. 2015. 
ZABALA, A. Os enfoques didáticos. In: COLL, C. et al. O construtivismo em sala 
de aula. São Paulo: Ática, 2001.